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Direito Processual Penal II - alunos (1)

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Direito Processual Penal II 
6º Semestre A 
Professor Adolfo Sakamoto Lopes 
e-mail: adolfolopes@umc.br, adolfolopes@mpsp.mp.br 
instagram: prof.adolfosakamoto 
 
Prova M1: 14 de abril de 2021 – até procedimento do júri 
Prova M2: 09 de junho de 2021 – recursos e nulidades 
 
Conteúdo programático: artigos 351 e seguintes do Código de 
Processo Penal 
 
1. Processos em espécie: 
 1.1. Processo: é a sequência de atos que se realizam e se 
desenvolvem no tempo, com a finalidade de aplicar o direito material ao fato 
concreto. Processo engloba, além do procedimento, a relação jurídica entre 
autor, juiz e réu. 
 1.2. Procedimento: é o meio pelo qual o processo se viabiliza ou se 
realiza; é a dinâmica de atos processuais realizados, incluindo desde o 
oferecimento da denúncia até a sentença. É o caminho a ser seguido. 
 1.3. Espécies de procedimentos: 
 a) ordinário: crimes com pena máxima igual ou superior a quatro 
anos (crimes chamados de grande potencial ofensivo ou de maior potencial 
ofensivo) – art. 396 a 405 do CPP; 
b) sumário: crimes com pena entre dois a quatro anos (chamados de 
crime de médio potencial ofensivo) – art. 396 a 399 e 531 a 538 do Código 
de Processo Penal; 
 c) sumaríssimo: crimes de menor potencial ofensivo (Lei n.º 
9099/95). Aplica-se para os delitos com pena máxima igual ou até 2 anos. 
 OBS: qualificadoras e causas de aumento ou de diminuição são 
levadas em consideração para estabelecer qual procedimento será aplicável. 
 agravantes e atenuantes não interferem, pois não alteram os 
limites das penas. 
mailto:adolfolopes@umc.br
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 havendo concurso de crimes com procedimentos distintos, 
aplica-se o procedimento do crime mais grave. 
 
 Como regra geral, aplica-se o procedimento ordinário de forma 
subsidiária na omissão dos outros procedimentos. 
 
 1.4. Instrução Criminal: conjunto de atos praticados com o fim e 
fornecer elementos para o julgador decidir a lide. Produção da prova. 
 1.4.1. Início: 
 a) recebimento ou não da denúncia ou queixa; 
 b) havendo recebimento, determina-se a citação do 
acusado para responder por escrito à acusação em dez dias; 
 c) apresentação da defesa escrita (momento para se 
alegar exceções, sob pena de preclusão – incompetência relativa do juízo, 
litispendência, coisa julgada), podendo ser juntados documentos, especificar 
quais provas pretende produzir e arrolar testemunhas (oito no ordinário e no 
rito do júri – artigo 401 do CPP - e cinco no sumário). A apresentação dessa 
defesa inicial escrita é obrigatória (artigo 396-A do CPP); 
 d) manifestação do MP ou querelante em cinco dias 
somente se houver preliminar ou juntada de documentos; 
 e) decisão mantendo ou rejeitando o recebimento da 
denúncia ou queixa (artigo 397 do CPP); 
 f) mantido o recebimento da denúncia ou queixa, 
designa-se audiência de instrução e julgamento, a ser realizada em até 60 
dias para o ordinário e 30 para o sumário; 
 g) audiência inicia-se com a oitiva do ofendido, inquirição 
das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, esclarecimentos de 
peritos, acareações e interrogatório. 
 O sistema para oitiva das pessoas obedece ao cross-
examination; diligências (artigo 402 do CPP) e debates orais (20 min, 
prorrogáveis por mais dez para cada parte. Se houver mais de um réu, cada 
defesa terá tal prazo. O assistente do MP tem 10 min), sentença. 
 Obs. Se a causa for complexa, o juiz poderá converter os 
debates orais em memoriais escritos a serem apresentados em cinco dias e 
prolatará sentença também escrita em dez dias. 
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 Se for procedimento do júri, o procedimento tem 90 dias 
para se encerrar (art. 412 do CPP). 
 Poderá ocorrer a inversão da ordem para oitiva das 
testemunhas em caso de carta precatória. 
 Princípio da identidade física do juiz: juiz que colhe a 
prova fica vinculado ao processo (art. 399, par. 2º). 
 
1.5. Citação – artigos 351 e seguintes do CPP 
 Ato pelo qual se dá ciência ao acusado de que há contra ele uma 
acusação formal, cientificando-o de que poderá comparecer a juízo e para 
fazer sua defesa. 
 A citação contempla dois atos: cientificação do acusado acerca 
da acusação; chamamento para comparecer a juízo e se defender, caso 
queira. 
 Somente réu pode ser citado. Se a ré for pessoa jurídica, a 
citação deve recair sobre o representante legal. 
 O juiz é quem determina a citação e o oficial de justiça cumpre. 
A citação é ato processual indispensável para a formação da relação jurídica. 
Qualquer vício na citação importará em nulidade absoluta. 
 Se o réu citado não comparece a juízo para se defender, poderá 
ser declarado revel (art. 367 do CPP). A revelia tem a única consequência de, 
se o acusado não comparecer ao ato para o qual foi chamado, o processo 
prosseguirá em seus ulteriores termos mesmo na sua ausência. 
 1.5.1. Classificação 
 a) real ou pessoal: é aquela efetivada na própria pessoa do 
réu; 
 b) ficta ou presumida: quando não é encontrado 
pessoalmente e a citação ocorre mediante publicação de edital ou por hora 
certa (art. 362). 
 1.5.2. Citação do militar – artigo 358 do CPP 
 É realizada com a expedição de ofício pelo juiz, chamado de 
ofício requisitório, dirigido ao chefe do serviço onde o militar está lotado, 
cabendo a ele realizar a citação. É exceção à citação por oficial de justiça. 
 1.5.3. Citação do funcionário público – artigo 359 do CPP 
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 É realizada pelo oficial de justiça e o chefe da repartição onde 
trabalho deve ser notificado acerca do dia em que ele se ausentará. 
 1.5.4. Citação do réu no estrangeiro – artigo 368 do CPP 
 É expedida carta rogatória. Expedida a carta, a prescrição fica 
suspensa até que ela seja juntada nos autos. 
 1.5.5. Citação por edital – artigo 363, par. 1º do CPP 
 Ato que se realiza por meio da publicação de edital. Só pode ser 
realizada se os meios para localizar o réu foram esgotados. O oficial de justiça 
certificará que o acusado está em local incerto e não sabido (LINS). O prazo 
do edital será de 15 dias. 
 OBS: Citação circunduta é aquela realizada com vício e que deve 
ser anulada. Assim, a decisão judicial anulando o ato de citação denomina-se 
circundução. 
 1.5.6. Artigo 366 do CPP: ao réu citado por edital que não 
comparecer para responder à acusação e não constituir defensor, o processo 
e o prazo prescricional serão suspensos. Esse artigo é considerado uma 
norma híbrida, ou seja, com conteúdos penal e processual penal. 
 Tal dispositivo não se aplica para crimes da Lei n.º 9613/98 (Lei 
de Lavagem de Dinheiro – art. 2º, par. 2º) 
 Uma vez suspenso o processo e a prescrição, pode ocorrer a 
produção antecipada de provas consideradas urgentes. Podem ser 
consideradas urgentes perícias e testemunhos. 
 O prazo da prescrição não pode ser infinito, pois somente são 
imprescritíveis os crimes e racismo e ações de grupos armados (art. 5º, XLII 
e XLIV da CF). Disso decorre que lei infraconstitucional não pode ampliar o 
rol de crimes imprescritíveis, de competência da CF. 
 Assim, o prazo da suspensão da prescrição é o mesmo da 
pretensão punitiva, tal como previsto na súmula n.º 415 do STJ. 
 Ex: homicídio: 20 anos + 20 anos: 40 anos. 
 Embriaguez ao volante: 8 anos + 8 anos: 16 anos. 
 Com a suspensão, a prisão preventiva do réu também pode ser 
decretada, já que ele, com sua fuga do distrito da culpa, inviabiliza a aplicação 
da lei penal. 
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 1.6. Intimação é a ciência dada à parte acerca da prática de 
um ato processual, ou seja, refere-se à cientificação de um ato já ocorrido. 
 1.7. Notificação é a comunicação dada à parte acerca de um 
ato processual que está por vir, ou seja, refere-se à cientificação de um ato 
futuro. 
 1.8. Procedimento dos crimes contra a honra (artigos 138 
ao 140 do Código Penal) 
 Artigos 519 a 523 do CPP.Também se aplica aos crimes de difamação, apesar do art. 519 
não ser expresso nesse sentido. 
 Inicia-se: 
 1. com o oferecimento de queixa crime; 
 2. designa-se audiência de tentativa de conciliação (o não 
comparecimento do querelante pode acarretar o reconhecimento da 
perempção – art. 60, III do CPP. Também há entendimento, minoritário, no 
sentido de que o não comparecimento do querelante significa que não quer, 
de forma alguma, qualquer tipo de conciliação com o querelado); 
 3. se houver conciliação, a queixa é arquivada. Tecnicamente 
seria melhor extinção da punibilidade nos termos do artigo 107, V do CP; 
 4. se não houver conciliação, segue-se o rito sumaríssimo da Lei 
n.º 9099/95 se for crime de menor potencial ofensivo, ou sumário se for de 
médio potencial. 
 A apresentação da exceção da verdade ou da notoriedade 
poderá ser feita por ocasião da resposta escrita, logo após a citação. A 
primeira é a oportunidade do querelado demonstrar a verdade de suas 
afirmações, ao passo que a segunda é a possibilidade de demonstração de 
que as afirmações são do domínio público (se o fato já era notório e do 
domínio público, não há ofensa à honra). 
 O acolhimento das exceções acarreta a rejeição da queixa por 
atipicidade da conduta. 
1.9. Procedimento Sumaríssimo (artigos 60 e seguintes 
da Lei n.º 9099/95) 
 1.9.1 Fase pré-processual: 
 A Lei n.º 9099/95 deu eficácia à previsão do artigo 98, inciso I 
da CF. 
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 São considerados delitos de menor potencial ofensivo aqueles 
com preceito secundário máximo de até dois anos, ou somente a pena de 
multa. 
 Se o autor do fato não for encontrado para ser intimado ou 
citado, os autos são encaminhados para a Justiça Comum (art. 66, parágrafo 
único). 
 Ao procedimento sumaríssimo se aplica o princípio da 
discricionariedade regrada, em contraponto ao princípio da obrigatoriedade. 
 Por esse princípio, o MP poderá deixar de oferecer 
denúncia e propor um acordo penal, que recebe o nome de transação 
penal. 
 Ela é regrada porque deve obedecer requisitos legais para o 
oferecimento da transação penal, quais sejam: 
 a) não ter sido o autor do fato beneficiado com o mesmo 
instituto nos últimos cinco anos; 
 b) não ter sido o autor do fato condenado de forma 
definitiva a pena privativa de liberdade; 
 c) não indicarem os antecedentes, a conduta social e a 
personalidade do autor do fato, bem como os motivos e as circunstâncias, 
ser necessário e suficiente a adoção da medida; 
 d) aceitação do benefício pelo autor do fato e seu 
defensor. 
 Para delitos de menor potencial ofensivo, não é instaurado IP, 
mas sim termo circunstanciado. Ao autor do fato flagrado cometendo delito 
de menor potencial ofensivo, não será ele autuado em flagrante se ele 
assumir o compromisso de comparecer no Juizado Especial Criminal (artigo 
69, parágrafo único da Lei n.º 9099/95). 
 A aceitação do benefício da transação penal não significa assumir 
culpa ou responsabilidade pelo evento. 
 
 1.9.2. Fase processual: frustrada a transação penal e não 
sendo o caso de arquivamento, a denúncia é oferecida oralmente em 
audiência; uma cópia dela é entregue ao denunciado, sendo este o ato de 
citação; designa-se audiência de instrução e julgamento; podem ser 
arroladas até cinco testemunhas, em aplicação analógica ao artigo 532 do 
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CPP; aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor oferecer defesa; 
depois, segue para decisão judicial recebendo ou rejeitando a denúncia; 
recebida a denúncia, segue-se a audiência com oitiva da vítima, oitiva das 
testemunhas arroladas na denúncia, testemunhas arroladas pela defesa e 
interrogatório; debates orais por vinte minutos e sentença. 
 Da sentença caberá apelação no prazo de dez dias; também 
cabem embargos de declaração em cinco dias; o recurso é julgado por 
Turmas Recursais, composta por três juízes de primeiro grau. 
 
 1.9.3. Suspensão condicional do processo: artigo 89 da Lei 
n.º 9099/95, também chamado de sursis processual. 
 Trata-se de instituto que, apesar de estar previsto na Lei n.º 
9099/95, aplica-se para todos os crimes com penas mínimas não superiores 
ou iguais a um ano. 
 Requisitos: pena mínima não superior a um ano (leva-se em 
consideração causas de aumento e de diminuição); não estar o réu 
respondendo a nenhuma outra ação penal; não tenha sido condenado 
anteriormente. 
 Prazo: de dois a quatro anos. 
 Condições da suspensão: a) reparação do dano, salvo 
impossibilidade; b) proibição de frequentar determinados lugares; c) 
proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz; 
d) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar 
e justificar suas atividades; e) outras condições adequadas ao caso e à 
situação pessoal do acusado; 
 Revogação: facultativa: par. 4º 
 obrigatória: par. 3º. 
 Expirado o prazo do benefício, será declarada extinta a 
punibilidade do réu. Durante a suspensão, o prazo prescricional também é 
suspenso. 
 Obs: A Lei n.º 9099/95 não se aplica para crimes que 
envolvam a Lei n.º 11340/2006, artigo 41. 
 
 1.10. Procedimento da Lei n.º 11343/2006 
 a) procedimento: artigos 48 a 53 
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 1. comunicação da prisão em flagrante em 24horas; 
 2. determinação de destruição das drogas em 10 
dias; 
 3. incineração da droga em 15 dias pelo Delegado 
de Polícia, com a presença do MP e da autoridade sanitária; 
 4. 30 dias para encerrar o IP se o indiciado estiver 
preso e 90 dias se o indiciado estiver solto; 
 5. artigo 51, par. único: o prazo para encerramento 
do IP pode ser duplicado por autorização do juiz, após manifestação do MP e 
a requerimento do delegado. 
 
 b) instrução criminal: artigos 54 a 58 
 1. 10 dez dias para oferecimento da denúncia, seja 
para indiciado preso ou solto; 
 2. notificação do denunciado para oferecer defesa 
prévia escrita em 10 dias (é o momento para arrolar testemunhas); 
 3. se houver juntada de documentos ou se for 
alegada alguma exceção, manifestação do MP; 
 4. decisão judicial acerca do recebimento da 
denúncia em cinco dias; 
 5. podem ser arroladas até 5 testemunhas; 
 6. recebida a denúncia (artigo 56), determina-se a 
realização de audiência de instrução e julgamento e citação do réu; 
 7. audiência de instrução em 30 dias ou em 90 dias 
se houver determinação de instauração de incidente de dependência; 
 8. a audiência de instrução e julgamento segue o 
que está previsto no CPP (jurisprudência predominante) e não o 
procedimento previsto no artigo 57; 
 9. Debates orais e sentença oral, ou sentença 
escrita no prazo de 10 dias. 
 
2. SENTENÇA 
 2.1. Natureza jurídica: exteriorização da função jurisdicional 
estatal, que contém a manifestação formal do Estado, aplicando o direito 
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material ao caso concreto e com a finalidade de colocar fim a um conflito de 
interesses. 
 2.2. Classificação (em sentido amplo): 
 a) decisão interlocutória simples: decidem questões 
processuais, sem ingressar no mérito da lide. Ex: decretação de prisão; 
recebimento da denúncia, restituição de objeto apreendido. 
 b) decisão interlocutória mista: encerra uma etapa do 
processo, sem julgamento do mérito. Podem ser não terminativa, encerram 
uma etapa do processo, mas não colocam fim ao processo (ex: pronúncia), e 
terminativas, encerram uma etapa do processo e colocam fim ao processo 
(ex: rejeição de denúncia ou da queixa-crime). 
 2.3. Conceito: decisão definitiva oriunda do Poder Judiciário 
que põe fim ao processo, com ou sem julgamento do mérito. 
 2.4. Classificação (em sentido estrito – próprio): 
 a) condenatória: julga procedente o pedido, total ou 
parcialmente; 
 b) absolutória: julga improcedente o pedido. Se 
subdivide em: própria: não impõe nenhuma sanção ao réu; imprópria: 
reconhecem a prática da infração, mas impõem medidade segurança. 
 c) terminativa: julgam o mérito, mas não condenam ou 
absolvem. Ex: extinção da punibilidade por morte do agente. 
 2.5. Outras classificações: 
 a) subjetivamente simples: proferida por um único 
julgador; 
 b) subjetivamente plúrimas: proferidas por órgãos 
colegiados. Ex. acórdãos; 
 c) subjetivamente complexas: proferidas por mais de 
um órgão. Ex. decisão em julgamento do Tribunal do Júri. 
 2.6. Requisitos da sentença 
 a) relatório: art. 381, inciso I e II do CPP. Indicação do 
nome das partes e exposição relevante do processo. Exceção: art. 81, par. 
3º da Lei n.º 9099/95, dispensa-se o relatório; 
 b) fundamentação: também chamada de motivação. 
Art. 381, inciso III do CPP. Exposição dos motivos dos motivos de fato e de 
direito que levaram o julgador à proferir a decisão daquela maneira. Atende 
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ao disposto no artigo 93, inciso IX da CF. Deve apreciar toda a matéria 
alegada pelas partes, ainda que de forma sucinta. Fundamentação por 
relação é aquela em que o juiz adota como razões de decidir a motivação 
exposta por outro órgão judicial ou de alguma manifestação da parte ou do 
MP. 
 c) dispositivo: ou conclusão. Art. 381, incisos IV e V do 
CPP. É o parágrafo que condensa a decisão propriamente dita; 
 d) data e assinatura. 
 Obs. Sentença suicida é aquela que contém contradição entre a 
fundamentação e a parte dispositiva. Cabe embargos de declaração. 
 2.7. Efeitos da sentença 
 Uma vez prolatada ou proferida a sentença, encerra-se a 
atividade jurisdicional daquele juiz prolator. A sentença entrega a prestação 
jurisdicional. 
 O juiz prolator da sentença é obrigado a sair do processo, 
constituindo-se em impedimento (art. 252, II do CPP). 
 2.8. Princípio da correlação 
 Deve existir uma correlação entre o fato descrito na denúncia ou 
queixa e o fato pelo qual o réu é condenado. O magistrado não pode julgar o 
acusado de forma extra petita (fora do pedido), ultra petita (além do pedido) 
ou citra petita (aquém do pedido). Significa que o acusado deve ser julgado 
pelos fatos descritos na denúncia e não pela classificação dada na acusação. 
 
 2.8. Emendatio libelli – art. 383 do CPP (emenda da acusação) 
 O réu se defende dos fatos descritos na denúncia ou queixa, 
pouco importando a classificação dada na acusação. Assim, o julgador poderá 
dar classificação diversa daquela descrita na denúncia ou queixa, amoldando-
se a decisão de acordo com os fatos descritos na denúncia, ainda que venha 
a aplicar pena mais grave, sem prévia manifestação da defesa. 
 Assim, o mais importante é a correta descrição dos fatos, 
podendo o juiz emendar a acusação (dar classificação jurídica diversa – fazer 
referência ao artigo da Lei Penal). 
 Classificação diversa também pode ser dada em grau de recurso. 
No entanto, se houver apenas recurso por parte da defesa, não poderá aplicar 
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pena mais gravosa, em homenagem ao princípio da proibição à reformatio in 
pejus em razão de não haver recurso por parte da acusação. 
 Se a nova classificação jurídica do crime comportar o benefício 
do artigo 89 da Lei n.º 9099/95, marca-se audiência para a proposta do 
benefício. Ver súmula n.º 337 do STJ. 
 Se a nova classificação jurídica do crime importar no 
reconhecimento de competência de outro juízo, os autos serão remetidos 
para ele. 
 2.9. Mutatio libelli – art. 384 do CPP (mudança da acusação) 
 A mudança da acusação exige novo oferecimento de denúncia 
ou queixa pelo acusador. Não ocorre mais mera emenda, mas verdadeira 
mudança dos fatos descritos na acusação. 
 Significa o surgimento de prova nova, até então não existente 
por ocasião do oferecimento da denúncia ou queixa ou se já existia não era 
conhecida. 
 Caberá ao MP, uma vez encerrada a instrução, se for cabível 
nova definição jurídica do fato, aditar a denúncia ou o advogado do 
querelante aditar a queixa, em cinco dias. Assim, independentemente de ser 
o fato mais gravoso ou não, em homenagem ao princípio da correlação, 
deverá haver aditamento da acusação. O aditamento pode se dar em virtude 
de nova elementar ou circunstância não descrita na denúncia. 
 Se o membro do MP não aditar a denúncia, poderá ser aplicado 
o artigo 28 do CPP em analogia. Ocorrendo o aditamento, a defesa tem cinco 
dias para se manifestar e depois o processo segue para decisão do juiz. Cada 
parte poderá arrolar até três testemunhas. 
 Se houver recebimento do aditamento, o juiz designará 
audiência de instrução e novo interrogatório. Se não receber o aditamento, o 
feito segue normalmente. 
 OBS: 1. o aditamento é necessário, mesmo que o crime seja 
menos grave, sob pena de nulidade por infringência ao princípio da 
correlação. Ex: roubo para furto. 
 2. a súmula n.º 453 do STF, mesmo sendo anterior à Lei 
n.º 11719/2008, continua aplicável. Tem a finalidade de impedir a 
denominada “supressão de instância”. 
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 Perguntas: 1. o artigo 384 do CPP fala que incumbe ao MP 
aditar a denúncia e a queixa? É possível? Queixa aqui se refere à ação penal 
privada subsidiária da pública. 
 2. é possível o juiz condenar alguém mesmo o MP 
pedindo a absolvição? Sim, artigo 385 do CPP. 
 
 2.10. Sentença absolutória 
 São sete as hipóteses de absolvição do artigo 386 do CPP. Os 
incisos II, V e VII referem-se à falta de provas e autorizam responsabilização 
na esfera cível pelo mesmo fato. Os incisos I e IV impedem responsabilização 
cível. Os incisos III e VI não impedem a discussão na seara cível. 
 As consequências da absolvição estão previstas no parágrafo 
único. Ressaltar a hipótese do inciso III (aplicará medida de segurança). 
 
Fichamento: artigos 513 a 518 do Código de Processo Penal – 
Procedimento dos Crimes cometidos por Funcionários Públicos 
 artigos 524 a 530 – I do Código de Processo Penal – 
Procedimento dos Crimes Contra a Propriedade Imaterial 
Data de entrega: até 12 de abril de 2021 
Forma: escrito a caneta 
Entrega: digitalizado e encaminha por e-mail ou pelo teams 
Nota: até 1 ponto 
Obs: não esquecer de citar a bibliografia 
 
 2.11. Sentença condenatória 
 O juiz criminal, ao condenar alguém, deve observar o disposto 
no art. 387 do CPP. Os incisos V e VI estão revogados. 
 Para que a sentença surta efeitos para as partes e para terceiros, 
é necessário ela seja publicada. A publicação ocorre com a entrega da 
sentença nas mãos do escrevente. Considera-se publicada a sentença no dia 
em que é recebida no cartório ou disponibilizada no sistema eletrônico e não 
a data que dela constar. Se a sentença for oral, considera-se publicada em 
audiência. 
 2.11.1. Efeitos 
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 a) certeza da obrigação de reparar o dano 
resultante da infração: a sentença criminal é declaratória em relação ao 
direito de indenização na esfera civil (art. 91, inciso I do CP); 
 b) perda dos instrumentos ou produtos do crime: 
reflexo do disposto no art. 91, inciso II do CP; 
 c) imposição das penalidades do artigo 92 do CP: 
não são efeitos automáticos e devem ser motivados na sentença; 
 d) prisão do acusado: o juiz fundamentará sobre a 
necessidade ou não de manter o réu preso, decretar sua prisão ou qualquer 
outra medida cautelar. Explicar que a regra é se está solto, que assim 
continue; se está preso, que assim continue; 
 e) lançamento do nome do réu no rol dos culpados: 
em obediência ao disposto no art. 5º, LVII da CF. 
 2.11.2. Intimação da sentença 
 a) pessoal: ao MP, ao defensor dativo e ao defensor 
público, ao réu preso ou solto e ao seu defensor. Conta-se o prazo para 
recurso a partir da última intimação feita ao réu ou ao seu defensor - artigo 
392, incisos I e II do CPP; 
 b) edital: para o réu e defensor com paradeiros 
ignorados,quando o oficial de justiça assim o certificar, e ao acusado revel 
(artigo 392, IV do CPP). 
 OBS. Se o réu e seu defensor constituído não forem 
encontrados, o acusado será intimado por edital e o juiz nomeará defensor 
público ou dativo para patrocinar os interesses do réu, tudo em homenagem 
ao princípio da ampla defesa. 
 Prazo do edital: artigo 392, parágrafo 1º do CPP. 
 No Processo Penal, o prazo para 
recorrer/manifestar-se começa a correr da data da intimação e não 
da data da juntada do mandado no processo. 
 
 3. Embargos – artigo 382 do CPP 
 As partes poderão embargar a sentença no prazo de DOIS dias, 
sempre que ela contiver obscuridade, ambiguidade, omissão ou contradição. 
 a) Obscuridade: falta clareza na sentença; 
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 b) Ambiguidade: a sentença admite duas ou mais 
interpretações em relação a determinado ponto; 
 c) Contradição: afirmações feitas na sentença colidem com 
outras afirmações dela própria; 
 d) Omissão: a sentença deixa de dizer o que era indispensável. 
Ex: deixa de fixar regime prisional. 
 Os embargos interrompem o prazo para a interposição do 
recurso, em analogia ao CPC. 
 No Juizado Especial Criminal (Lei 9099/95), o prazo dos 
embargos é de cinco dias e haverá apenas suspensão do prazo do recurso e 
não interrupção – artigo 83, parágrafo 1º da Lei n.º 9099/95). 
 
 
Procedimento de competência do Tribunal do Júri – artigos 406 a 497 
do CPP 
 
 1. Introdução: instituição que vigora em nosso País de 1822, 
ocasião em que se julgava apenas crimes de imprensa. 
 Com a CF de 1824, sua competência foi ampliada para julgar 
determinadas causas cíveis e criminais; com a CF de 1891, manteve-se a 
soberania do Tribunal do Júri; A CF de 1937 silenciou a respeito da soberania, 
que foi resgatada pela CF de 1946, agora o prevendo como garantia 
individual, condição mantida até os dias de hoje (por que a garantia 
individual é importante – cláusula pétrea); por uma emenda à 
Constituição de 1967, datada de 1969, restringiu-se a competência do júri 
para crimes dolosos contra a vida. 
 O Tribunal do Júri, na CF de 1988, está previsto no art. 5º, 
XXXVIII da CF, inserido no capítulo dos direitos e garantias individuais. 
 Por ser garantia individual, não pode ser suprimido nem mesmo 
por emenda constitucional, em obediência à limitação material explícita do 
art. 60, par. 4º da CF. Pergunta: a competência do Tribunal do Júri pode ser 
ampliada? Sim, pois a CF traz a competência mínima. 
 2. Princípios: 
 a) plenitude de defesa: significa o exercício da defesa em grau 
maior que aquela garantia pela ampla defesa. Garante-se (i) a defesa por 
15 
 
profissional habilitado, feita por profissional habilitado e que não fica restrito 
à defesa técnica, podendo invocar razões outras de ordem moral, social, 
política criminal, emocional, religiosas. 
 Se a defesa técnica for ineficiente, o juiz presidente poderá 
dissolver o conselho de sentença e declarar o acusado indefeso (art. 497, V 
do CPP); (ii) a autodefesa, deduzida pelo próprio réu, durante o 
interrogatório, podendo explanar sua versão. Ainda que haja colidência entre 
a defesa técnica e a autodefesa, deverá ser quesitada a tese apresentada em 
autodefesa (art. 482, par. Único do CPP); 
 Questão: por ser a plenitude defesa um plus em relação à ampla 
defesa, então o acusado pode ele próprio sustentar sua defesa no Tribunal 
do Júri? 
 b) sigilo das votações: princípio específico do Tribunal do Júri, 
não se aplica a ele o disposto no art. 93, inciso IX da CF (publicidade das 
decisões do Poder Judiciário). Por isso, a Lei n.º 11689/2008 restringiu à 
abertura das cédulas dos votos até o teto de quatro, pois se a votação fosse 
7 X 0 o sigilo estaria quebrado; 
 c) soberania dos veredictos: significa a impossibilidade do 
Tribunal modificar o mérito da decisão dos jurados. Este princípio é 
relativizado primeiro porque é passível de recurso, segundo porque o Tribunal 
de apelação poderá, uma única vez, anular o julgamento pelo fundamento de 
decisão contrária à prova dos autos. 
 Em revisão criminal, tem-se entendimento que o Tribunal revisor 
pode anular a sentença condenatória e absolver o réu em caso de “decisão 
arbitrária”. Não há anulação, mas tão somente absolvição. O motivo dessa 
relativização se deve ao fato do Processo Penal ter por base o princípio da 
verdade real. 
 3. Formação do júri 
 O Júri é um órgão colegiado heterogêneo e temporário, formado 
por um juiz e 25 jurados. Os jurados que tiverem funcionado como jurado 
nos últimos 12 meses, fica excluído de funcionar novamente como jurado – 
artigo 433 do CPP. 
 O que é conselho de sentença? Juiz mais 7 jurados sorteados. 
 Para ser jurado, a pessoa precisa – artigo 437 do CPP: 
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 a) ser brasileiro nato ou naturalizado; 
 b) maior de 18 anos de idade; 
 c) notória idoneidade; 
 d) alfabetizado; 
 e) gozo dos direitos políticos; 
 f) residir na comarca. 
 
 O serviço do júri é obrigatório, podendo aquele que recusar se 
sujeitar ao crime de desobediência. Em caso de escusa de consciência, aplica-
se o artigo 438, par. 1º do CPP. Estão isentos aqueles indicados no art. 437 
do CPP. Privilégios dos jurados: art. 439 do CPP (prisão especial somente até 
o julgamento do crime). 
 
 4. Rito (procedimento) 
 O procedimento do júri também é chamado de escalonado, em 
razão de existir duas fases delimitadas. A primeira começa com a denúncia e 
termina com a pronúncia, e a segunda começa com o recebimento dos autos 
pelo Juiz do júri, após o trânsito em julgado da pronúncia, até o julgamento 
pelo Tribunal do Júri. 
 São crimes de competência do tribunal do júri aqueles descritos 
no Capítulo I do Título I (artigos 121 a 126 do CP). 
 A primeira fase ou “judicium accusationis” ou sumário de culpa 
ou formação da culpa, começa com o oferecimento da denúncia e encerra-se 
com a decisão de pronúncia. 
 Denúncia com até oito testemunhas – citação - dez dias para 
apresentar defesa escrita (resposta à acusação) podendo ser arroladas oito 
testemunhas - vista ao MP por cinco dias se houver juntada de documento 
ou questões preliminares – designação de data para oitiva de testemunhas – 
audiência pelo sistema do cross-examination (as partes perguntam 
diretamente e depois o magistrado complementa) (testemunhas arroladas na 
denúncia, testemunhas arroladas pela defesa, esclarecimentos de peritos, 
acareações, reconhecimento de pessoas e coisas, interrogatório e debates – 
20 minutos + 10 min se for o caso – se for mais de um réu o prazo é 
individual) – decisão oral ou em dez dias. 
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 Prazo para encerramento do procedimento: 90 dias – art. 412 
do CPP. 
 5. Pronúncia (art. 413 do CPP): decisão de conteúdo 
declaratório, em que o magistrado admite a acusação e encaminha o feito 
para ser julgado pelo Tribunal do Júri. Há mero juízo de prelibação, ou seja, 
o juiz analisa apenas se a acusação é admissível, sem apreciar o mérito. 
Havendo prova da materialidade e indícios suficientes (juízo de probabilidade) 
de autoria, impõe-se a prolação da pronúncia. 
 Nesse momento processual, vigora o princípio do in dubio pro 
societate. 
 Se houver crime conexo e o juiz pronunciar o réu, não poderá 
absolvê-lo do crime conexo, já que os jurados é quem tem competência para 
analisá-lo. 
 6. Desclassificação: o juiz se convence da inexistência de 
crime doloso contra a vida, remetendo os autos para o Juízo competente. Se 
entender que é hipótese de desclassificação, não poderá apontar para qual 
crime está desclassificando, sob pena de prejulgamento. 
 7. Impronúncia (artigo 414 do CPP): o juiz não se convence 
da existência do fato ou dos indícios acerca da autoria. Não há prova da 
materialidade ou indícios mínimos de autoria. Não analisa o mérito da causa 
e, por isso, havendo prova nova o processo pode ser reaberto até que ocorra 
a prescrição. 
 8. Absolviçãosumária: absolvição do acusado nas hipóteses 
do art. 415 do CPP. Há análise do mérito e não há dúvida acerca da absolvição 
do réu. 
 Na hipótese do inciso IV do art. 415 do CPP, o juiz somente 
poderá absolver sumariamente o acusado por inimputabilidade, se esta foi a 
única tese defensiva. Assim, se a tese defensiva, independentemente da 
inimputabilidade, for de legítima defesa, deverá ser pronunciado para que o 
réu tente alcançar a absolvição plena perante os jurados. 
 9. Despronúncia: é a decisão do Tribunal que dá procedência 
ao recurso da defesa contra a decisão de pronúncia. 
 10. Judicium causae (ou juízo da causa): segunda fase do 
procedimento do júri, que se inicia com o trânsito em julgado da decisão de 
pronúncia (artigo 421 do CPP). 
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 Abertura de vista para o MP por cinco dias para arrolar 
testemunhas, juntar documentos e requerer diligências. Após, é abertura 
vista para a defesa por igual prazo e mesma finalidade – artigo 422 do CPP. 
 11. Desaforamento – artigo 427 do CPP: é o deslocamento 
da competência territorial do julgamento pelo Conselho de Sentença, para 
comarca próxima, sempre que: a) houver interesse da ordem pública (paz 
social); b) dúvida sobre a imparcialidade do júri (réu é pessoa odiada ou 
querida na comarca, ou há fundada suspeita de corrupção no corpo de 
jurados); c) dúvida sobre a segurança do réu; d) houver excesso de serviço 
e o julgamento não se realizar em seis meses a contar do trânsito em julgado 
da pronúncia (artigo 428 do CPP). 
 O desaforamento somente é cabível após o trânsito em julgado 
da decisão de pronúncia. 
 12. Reaforamento: retorno dos autos à comarca de origem. 
Não é possível como regra. A única possibilidade de reaforamento, seria da 
hipótese de na nova comarca surgirem os motivos do desaforamento. 
 13. Instalação da sessão de julgamento: juiz verifica se a 
urna contém as cédulas contendo o nome dos 25 jurados; faz-se a chamada 
nominal dos jurados; se houver ao menos 15 jurados declara instalado os 
trabalhos e diz o nome do réu e o número do processo que irá a julgamento; 
apregoamento das partes e testemunhas; após o pregão é o momento 
processual oportuno para alegar nulidades relativas posteriores à pronúncia; 
se não houver o número mínimo de jurados, sorteiam-se suplentes e o 
julgamento é redesignado para data próxima; leitura pelo juiz dos 
impedimentos, suspeição e incompatibilidades previstas nos artigos 448 e 
449 do CPP; advertência dos jurados de que uma vez sorteados não poderão 
se comunicar entre si e com terceiros sobre os fatos, nem dar opinião sobre 
o processo, sob pena de exclusão do Conselho de Sentença e multa de um a 
dez salários mínimos; sorteio dos sete jurados; as partes poderão apresentar 
três recusas injustificadas ou peremptórias; primeiro é a defesa quem tem a 
palavra para recusar ou não e depois o MP (assistente de acusação não tem 
direito a recusas); formado o conselho de sentença, os jurados fazem o 
juramento do art. 472 do CPP; a partir do juramento começa a valer o dever 
de incomunicabilidade; entrega das cópias obrigatórias (par. único do 472) 
realização da instrução em plenário com oitiva do ofendido e de testemunhas; 
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as perguntas obedecem ao sistema do cross-examination (perguntas 
diretas); mas quem inicia as perguntas é o magistrado, seguindo-se as 
partes; os jurados também poderão formular perguntas por meio do juiz 
presidente (sistema presidencialista) OBS. Por isso se fala que na segunda 
fase do tribunal do júri, o sistema adotado é misto – cross-examination e 
presidencialista; poderão ser requeridas acareações, reconhecimento de 
pessoas e coisas, esclarecimentos de peritos, bem como a leitura de peças 
que se refiram às provas colhidas por carta precatória e às provas cautelares, 
antecipadas ou não repetíveis (laudos); segue-se o interrogatório do 
acusado; o uso de algemas somente é possível no caso do par. 3º do art. 474 
do CPP; debates das partes, iniciando-se pela acusação; se for um único réu 
o tempo é de 1h30 para cada parte e mais uma hora para réplica e tréplica; 
se for mais de um réu, cada período de tempo é adicionado em uma hora; o 
assistente de acusação poderá dividir o tempo com o Promotor de Justiça; 
findos os debates e antes da réplica e tréplica, é possível reinquirição de 
testemunhas (art. 476, par. 4º do CPP); durante os debates, réplica e 
tréplica, as partes poderão pedir ao juiz que o orador indique a folha dos 
autos onde se encontra a peça por ele lida ou citada (art. 480 do CPP); 
durante os debates é vedada referência: a) à decisão de pronúncia, às 
decisões posteriores que julgaram admissível a acuação ou à determinação 
do uso de algemas como argumento de autoridade que beneficiem ou 
prejudiquem o réu; b) ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório 
por falta de requerimento, em seu prejuízo; durante o julgamento não é 
permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido 
juntado com a antecedência mínima de três dias úteis, compreendendo-se 
nessa proibição a leitura de jornais ou qualquer outro escrito, bem como a 
exibição de vídeos, gravações, fotografias, laudos, quadros, croqui ou 
qualquer outro meio assemelhado, cujo conteúdo verse sobre matéria de fato 
a ser submetida à apreciação e julgamento pelos jurados. 
 14. Quesitos 
 Encerrados os debates, réplica e tréplica, o juiz indaga os 
jurados se estão habilitados para realizar o julgamento ou se precisam de 
mais esclarecimentos. Os esclarecimentos somente poderão versar sobre 
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matéria de fato e não de direito. O juiz explica a significação dos quesitos e 
indaga das partes se tem alguma reclamação ou requerimento a fazer. 
 Se estiverem habilitados, o juiz lê os quesitos em plenário. Os 
quesitos devem ser redigidos em proposições afirmativas, simples e distintas, 
tendo por base a pronúncia, as alegações das partes, o interrogatório do 
acusado. 
 As partes seguem para a sala secreta. 
 A ordem dos quesitos é aquela estabelecida no artigo 483 do 
CPP. Se houver a desclassificação do crime doloso contra a vida, incumbe ao 
juiz presidente proferir sentença e declarar qual o crime cometido pelo réu. 
Se houver crime conexo, também há deslocamento de competência para o 
juiz presidente proferir sentença. 
 Para cada réu e para cada crime, serão feitas séries 
independentes de quesitos. 
 15. Votação 
 Distribuição de papel opaco para os jurados, um contendo a 
palavra “sim” e outra a palavra “não”. As decisões do tribunal do júri são 
tomadas por maioria de votos. 
 Se houver contradição entre a votação de quesitos, o juiz 
explicará aos jurados em que consistiu a contradição e submeterá à nova 
votação os quesitos contraditórios. 
 Encerrada a votação, lavra-se a respectiva ata contendo o 
resultado dela e com a assinatura do juiz, das partes e dos jurados. 
 16. Sentença observa-se o disposto no artigo 492 do CPP. 
 
Recursos 
artigos 574 e seguintes do CPP 
 1. Conceito: é o meio processual de se obter nova apreciação da 
decisão (reexame da causa) com o fim de correção, modificação ou 
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confirmação. Pode ser obrigação imposta ao magistrado ou uma faculdade 
concedida à parte interessada que se sentir prejudicada. 
 2. Fundamentos: necessidade psicológica do vencido de que seja 
revista aquilo que foi decidido em seu desfavor ou que lhe prejudique. 
Também encontra fundamento no combate ao arbítrio e na falibilidade 
humana. 
 O juízo que proferiu a decisão é chamado de Primeiro Grau, Primeira 
Instância ou juízo “a quo” e o tribunal que revê a decisão é chamada de 
Segundo Grau, Segunda Instância ou juízo “ad quem”. 
 3. Pressupostos processuais 
 a) objetivos: cabimento, adequação, tempestividade, 
regularidade e inexistência de fato impeditivo ou extintivo.i. cabimento: o recurso deve ter previsão legal. 
 ii. adequação: o recurso interposto deve ser adequado 
para a decisão que se quer impugnar. Este pressuposto é flexibilizado pelos 
princípio da fungibilidade ou da teoria do recurso indiferente. Segundo 
esta flexibilização, a interposição equivocada de um recurso por outro não 
impede o seu conhecimento, desde que oferecido dentro do prazo do recurso 
correto (art. 579 do CPP). Como regra, toda decisão comporta apenas um 
recurso (princípio da unirrecorribilidade das decisões). Exceção: 
interposição de recursos especial e extraordinário de forma 
simultânea. 
 Pelo princípio da variabilidade dos recursos, é 
possível permitir a desistência de um recurso por outro, desde que o faça 
dentro do prazo legal. Tal princípio não se aplica ao MP (art. 576 do CPP). 
 
 iii. tempestividade: o recurso deve ser interposto dentro 
do prazo legal. Não há prazo específico para o recurso de ofício, pois não 
transita em julgado enquanto não determinada a remessa de ofício (súmula 
423 do STF). Segundo o art. 798 do CPP, os prazos recursais são fatais, 
contínuos e peremptórios, que começam a correr a partir do dia seguinte à 
intimação. Se a intimação ocorrer na sexta feira, o prazo começa a correr na 
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segunda feira imediata, salvo se for feriado (súmula 310 do STF). Se o prazo 
terminar em feriado ou em final de semana, o prazo é prorrogado até a 
segunda feira imediata. 
 É irrelevante a ordem de intimação do réu e de seu 
defensor, pois o prazo recursal será contado daquela que ocorrer por último. 
Havendo dúvida sobre a tempestividade, a dúvida se resolve em favor do 
recorrente, diante do princípio da pluralidade dos graus de jurisdição. 
 O prazo é contado da intimação e não da juntada do 
mandado, da carta precatória ou da carta de ordem nos autos (súmula 710 
do STF). 
 iv. regularidade: o recurso deve ser interposto por 
petição ou termo nos autos (art. 578 do CPP). Outra formalidade essencial 
são as razões de recurso, os fundamentos do pleito de reforma e nova análise 
da causa. 
 v. fatos impeditivos: impedem a interposição do recurso 
ou do seu recebimento. Ex: renúncia ao recurso; morte do réu. 
 Havendo divergência entre o réu e seu defensor em 
recorrer, prevalece a vontade daquele que pretende recorrer (súmula 705 do 
STF), já que não poderá ocorrer reformatio in pejus. 
 vi. fatos extintivos: impedem o conhecimento do 
recurso interposto. Ex: desistência e deserção. Desistência é a manifestação 
expressa da vontade de não recorrer. A desistência é posterior à interposição 
do recurso. O MP não poderá desistir (artigo 576 do CPP) e o defensor deve 
possuir poderes especiais. Deserção é a presunção de desistência do recurso. 
Ex: falta de pagamento de custas; antigamente a fuga era interpretada como 
deserção. 
 b) pressupostos subjetivos: são o interesse e a 
legitimidade. 
 i. interesse: somente tem interesse a parte que teve 
algum tipo de sucumbência (art. 577, par. único do CPP). Mesmo em caso de 
condenação, o MP tem interesse recursal em prol do réu, já que, além de 
23 
 
parte, também atua como fiscal da lei. O MP somente não teria interesse em 
caso de pedir a condenação e depois recorrer para obter uma absolvição. 
 A sucumbência (perda ou prejuízo) pode ser única, 
quando apenas uma das partes teve prejuízo, ou múltipla quando ambas 
são atingidas. A sucumbência é paralela se os interesses forem idênticos e 
recíproca quando opostos. Será direta se atingir apenas os integrantes da 
relação jurídica, e reflexa se atingir alguém de fora do processo. 
 O prejuízo deve ser analisado apenas na parte dispositiva 
e não na fundamentação. 
 ii. legitimidade: tem legitimidade para a interposição de 
recurso o MP, o querelante, o réu ou seu defensor – artigo 577, caput do CPP. 
 4. Interposição 
 O recurso pode ser interposto por petição, peça subscrita pelo 
advogado ou pelo MP, ou pelo réu mediante termo nos autos (art. 578 do 
CPP). 
 A interposição por termo é a manifestação verbal de vontade em 
recorrer do réu ou querelado e que deve ser reduzida a termo pelo 
escrevente. 
 A apelação e o recurso em sentido estrito (RESE) podem ser 
interpostos por petição ou por termo nos autos, ao passo que os demais 
recursos somente por petição. 
 As razões de recurso, os fundamentos de fato e de direito em 
que o recurso se baseia, podem ser juntados posteriormente ao recebimento 
do recurso. 
 Exceção: apelação no âmbito do Juizado Especial Criminal, em 
que a petição de interposição deve obrigatoriamente se fazer acompanhar 
das razões de recurso (art. 82, par. 1º Lei 9099/95). 
 5. Recurso de ofício – artigo 574 do CPP 
24 
 
 Também chamado de obrigatório, necessário ou anômalo, é 
aquele obrigatoriamente interposto pelo próprio juiz. Trata-se de decisão que 
está sujeita, forçosamente, ao duplo grau de jurisdição. 
 São as seguintes hipóteses de recurso de ofício: 
 1. decisão do juiz de primeiro grau que concede habeas corpus 
(art. 574, I do CPP); 
 2. absolvição sumária (art. 574, II do CPP) – REVOGADO 
TACITAMENTE; 
 3. sentença que concede a reabilitação (art. 746 do CPP); 
 4. a decisão que determina o arquivamento ou que absolve réu 
em crime contra a economia popular (art. 7º Lei 1521/51). 
 
 6. Juízo de prelibação significa juízo de admissibilidade do recurso, 
em que se analisa os pressupostos objetivos e subjetivos dos recursos. 
 Esta análise é feita tanto pelo juízo “a quo”, quanto pelo juízo 
“ad quem”. 
 Juízo de delibação, por outro lado, é juízo sobre o mérito do 
recurso já recebido. 
 7. Efeitos dos recursos 
 a) devolutivo: é a transferência ao juízo “ad quem” sobre o 
conhecimento de determinada causa. É o reexame da matéria objeto da 
decisão impugnada pela Superior Instância. Todos os recursos têm esse 
efeito. 
 Se o reexame da matéria for do próprio juízo “a quo”, trata-se 
do chamado recurso iterativo. Ex: embargos de declaração. Se o reexame 
for pela superior instância, chama-se recurso reiterativo. Ex: apelação. 
Agora, se a análise do mérito for dos dois juízos, trata-se dos recursos 
mistos. Ex: agravo em execução e RESE. 
25 
 
 b) suspensivo: efeito segundo o qual a sentença não pode ser 
executada enquanto pender julgamento. No silêncio da legislação, o recurso 
não tem esse efeito. 
 c) extensivo: no caso de concurso de agentes, os efeitos da 
decisão do recurso sobre determinado réu, desde que não seja acerca de 
motivo pessoal, a todos se estenderão (art. 580 do CPP), desde que seja em 
benefício dos demais. 
 d) regressivo, iterativo ou diferido: efeito segundo o qual o 
juízo prolator da sentença tem possibilidade de se retratar sobre o quanto 
decidido. É o chamado juízo de retratação. Ex: recurso em sentido estrito e 
o agravo em execução. 
 8. Apelação – artigos 593 e seguintes do CPP 
 8.1. Conceito: recurso que é interposto contra sentença 
definitiva ou com força de definitiva, cuja análise do mérito é feita pela 
Segunda Instância em reexame daquilo que foi decidido. 
 8.2. Características 
 i) amplitude: devolve ou remete à Superior Instância a 
análise de tudo o que estiver sendo impugnado. 
 ii) residual: só tem cabimento se outro recurso não for 
cabível. 
 iii) preferência: goza de preferência se a decisão 
impugnada comportar mais de um recurso. Ex: apelação e recurso em sentido 
estrito contra sentença condenatória e que decretou prisão preventiva. 
 8.3. Apelação plena e limitada 
 Aos recursos também se aplica a regra da inércia da 
jurisdição, ou seja, o Tribunal não pode agir de ofício se não for acionado por 
meio de recursos. 
 Além disso, a Segunda Instância fica condicionada à 
análise da matéria impugnada, em homenagem à proibição de julgamento 
ultra ou extra petita. Assim, o Tribunal fica vinculado ao princípio tantum 
26 
 
devolutumquantum appellatum, previsto no art. 599 do CPP. Obs: súmula 
160 do STF. 
 Tourinho Filho entende que tal princípio não se aplica ao 
Processo Penal e é restrito ao Processo Civil, sob o fundamento da existência 
do princípio do favor rei. 
 O recurso, assim, pode se dirigir contra toda a sentença – 
apelação plena ou ampla, ou parte do que foi decidido – apelação limitada ou 
restrita. No silêncio do apelante, o recurso será recebido em sentido amplo. 
 8.4. Apelação subsidiária 
 É aquela interposta no caso de inércia do MP, em processo 
por crime de ação penal pública condicionada ou incondicionada. 
 Tem legitimidade para o recurso a vítima e o CADI. Deve 
ser interposto no prazo de 15 dias após o término do prazo do recurso do MP 
(súmula n.º 448 do STF), se o assistente de acusação não estiver habilitado 
nos autos. Se já estiver habilitado, terá o mesmo quinquídio do MP para a 
apelação a contar da intimação da sentença. 
 8.5. Sentenças definitivas ou com força de definitivas

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