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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA COMARCA DE GUARAPUAVA/PR. Ana, (nacionalidade, (estado civil), sócia e detentora de 10% do capital social da sociedade empresária Ana Arquitetos Associados, cadastrada no CPF de nº (...) e portadora do RG de nº (...), residente e domiciliada no endereço (....) e com endereço eletrônico (...), vem por intermédio de seu advogado abaixo assinado, com fulcro no artigo 599 e seguintes do Código de Processo Civil, propor a presente AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE EMPRESÁRIA Em desfavor de Braga, (nacionalidade, (estado civil), (profissão), cadastrado no CPF de nº (...) e portador do RG de nº ( ...), residente e domiciliado no endereço (....) e com endereço eletrônico(...); Telêmaco, (nacionalidade, (estado civil), (profissão), cadastrado no CPF de nº (...) e portador do RG de nº ( ...), residente e domiciliado no endereço (....) e com endereço eletrônico(...); e Ana Arquitetos Associados, cadastrada no CNPJ de nº (...), com sede na Rua do Sul, nº 222, na cidade de Guarapuava/PR, no CEP xxxxx-xxx e endereço eletrônico (...), pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: 1. DOS FATOS 1.1. A sociedade Ana Arquitetos Associados é uma sociedade simples, com contrato arquivado no órgão público competente, possuindo sede na Comarca de Guarapuava/PR, na Rua do Sul, nº 222, CEP: [CEP], e capital social no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais). 1.2. A empresa foi constituída por prazo determinado de 10 anos, sendo compostas pelos sócios Ana, Braga e Telêmaco, cujo as quotas são divididas em 10%, 80% e 10% do capital social, respectivamente. A administração da sociedade é exercida, cumulativamente, pelos sócios Braga e Telêmaco. 1.3. Após nove anos da constituição da sociedade, foi realizada uma deliberação entre os sócios corréus desta ação em 01/04/2018, na qual foi aprovada a modificação do contrato social para incluir um novo ramo de atividade de beneficiamento e comercialização da palha do milho. Ademais, foi decidida a prorrogação do contrato social por mais 20 anos. 1.4. A sócia Ana manifestou sua discordância com a deliberação dos sócios, notificando-os por escrito em 03/05/2018 de sua intenção de retirar-se da sociedade em virtude de sua insatisfação pela modificação contratual realizada. 1.5. Os sócios Braga e Telêmaco informaram a Ana que a modificação contratual era a vontade da maioria da sociedade e, portanto, a situação permaneceria a mesma.Não obstante a medida adotada, os Requeridos não adotaram quaisquer medidas para que a retirada ocorresse, como é lhe é de direito. . 1.6. Além da incompatibilidade entre os sócios e do desaparecimento do affectio societatis em relação à Ana, o contrato social prevê a livre cessão de quotas, não contendo cláusula de regência supletiva da Lei da Sociedade Anônima para esse caso. 2. DO DIREITO 2.1. Conforme os fatos supracitados, a Requerente não estava de acordo com a última deliberação dos sócios e alteração contratual. Conseguinte, o artigo 1077 do Código Civil assegura a qualquer sócio o direito de retirar-se da sociedade quando esta deliberar sobre modificação do contrato social que prejudique seus interesses, in verbis: Art. 1.077. Quando houver modificação do contrato, fusão da sociedade, incorporação de outra, ou dela por outra, terá o sócio que dissentiu o direito de retirar-se da sociedade, nos trinta dias subseqüentes à reunião, aplicando-se, no silêncio do contrato social antes vigente, o disposto no art. 1.031. 2.2. Fábio Ulhoa Coelho em sua Obra cita o affectio societatis como o manifesto de uma pessoa ao ingressar em uma sociedade empresária, de lucrar ou suportar prejuízo em decorrência do negócio comum ([1] COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. 17 ed. São Paulo: Saraiva. V.2, p. 160). Dito isso, após a mutação contratual da sociedade, a manifestação de discordância de Ana quebra o affectio societatis que a mesma tinha ao início da sociedade. 2.3. A Requerente materializou sua vontade de se retirar da sociedade por escrito no dia 03/05/2018, e após a inércia dos Requeridos mediante esse pedido, vem por meio desta ação solicitar a sua dissolução da sociedade, conforme dispõe o artigo 600, IV do Código de Processo Civil que expressamente prevê: Art. 600. A ação pode ser proposta: IV - pelo sócio que exerceu o direito de retirada ou recesso, se não tiver sido providenciada, pelos demais sócios, a alteração contratual consensual formalizando o desligamento, depois de transcorridos 10 (dez) dias do exercício do direito; 2.4. Em virtude dos tópicos acima citados, e uma vez que se passaram 30 (trinta) dias da solicitação de retirada de Ana da sociedade sem retorno de seus sócios, não resta dúvidas sobre seu direito de se retirar da sociedade. Assim também também entende a Jurisprudência majoritária dos Tribunais do País, como nota-se nessa decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais TJ-MG: EMENTA: APELAÇÃO - PROCESSUAL CIVIL - PRETENSÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE - CONVERSÃO EM DISSOLUÇÃO TOTAL - POSSIBILIDADE - QUEBRA DA AFFECTIO SOCIETATIS - INEXEQUIBILIDADE DO FIM SOCIAL - INATIVIDADE EMPRESARIAL. I - Em ações de dissolução de sociedade por quebra da affectio societatis, não é extra petita a sentença que decreta a dissolução total da sociedade, a despeito de o pedido ter sido feito para que a dissolução fosse parcial, notadamente se o réu pugnou, na contestação, pela impossibilidade de continuação da atividade empresarial, que já não mais subsiste, não havendo, nesse caso, julgamento fora dos limites da lide. II - Havendo elementos suficientes nos autos que demonstrem conflitos e desarmonia entre os sócios, ocasionando a instabilidade dos seus interesses, é de se reconhecer a quebra da afecctio societatis e a conseqüente dissolução total da sociedade, notadamente quando inativa. (Tribunal de Justiça de Minas Gerais TJ-MG - Apelação Cível: AC XXXXX-88.2008.8.13.0024 Belo Horizonte). 2.5. A ausência de cláusula de regência supletiva da Lei da Sociedade Anônima para a livre cessão de quotas na sociedade Ana Arquitetos Associados implica que a retirada da sócia Ana deve ser regida pelas disposições do Código Civil aplicáveis às sociedades simples. 2.6. Nesse sentido, não há impedimentos justificáveis para sua retirada, trata-se de exercício de seu explícito direito. 3. DO PEDIDO Diante dos fatos narrados e com base nos fundamentos jurídicos expostos, requer-se a Vossa Excelência: 3.1. A citação dos réus Braga e Telêmaco para apresentarem contestação, em conformidade com o conteúdo do artigo 601 do CPC. 3.2. A procedência da presente ação, determinando a retirada do requerente da empresa Ana Arquitetos Associados e assegurando a apuração dos seus haveres na proporção de suas respectivas cotas no patrimônio societário líquido real, com fulcro no art. 604 e seguintes do Código de Processo Civil; 3.3. Condenação dos requeridos no pagamento das custas judiciais, honorários advocatícios a serem arbitrados por este juízo.] 4. DAS PROVAS 4.1. A produção de todas as provas admitidas em direito, em especial a prova documental e testemunhal. 5. DO VALOR DA CAUSA Dá-se à causa o valor de R$ …. (reais). .Nesses Termos, Pede Deferimento. (Local), (data) Advogado OAB
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