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Tema 3 - Legislação sanitária e responsabilidades civil e penal do farmacêutico

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18/02/2022 12:33 Legislação sanitária e responsabilidades civil e penal do farmacêutico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02564/index.html#imprimir 1/55
Legislação sanitária e responsabilidades civil e
penal do farmacêutico
Profº. Eduardo Corsino
Descrição
A regulamentação sanitária e as responsabilidades civil e penal no âmbito da profissão
farmacêutica.
Propósito
Compreender as penalidades sanitárias no âmbito da profissão farmacêutica, além de entender as
penalidades civis e penais, são temas prioritários para a formação e atuação em diversas áreas da
profissão farmacêutica.
Preparação
Antes de iniciar o conteúdo, tenha em mãos um dicionário de termos técnicos em Saúde para
entender termos específicos da área.
Objetivos
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Módulo 1
Legislação federal e penalidades sanitárias
Identificar a legislação federal que trata das penalidades sanitárias.
Módulo 2
Código Penal brasileiro e o Sistema Nacional de Políticas
Públicas
Relacionar o disposto no Capítulo III do Título VIII do Código Penal brasileiro e o Sistema
Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas com a profissão farmacêutica.
Módulo 3
Crimes hediondos e o tratamento do trá�co ilícito
Reconhecer a evolução do direito sanitário no enquadramento de crimes hediondos e o
tratamento do tráfico ilícito de entorpecentes na área da saúde
Você sabia que profissão farmacêutica é uma das áreas mais reguladas pela legislação? Além
de toda a regulamentação realizada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) no âmbito de
atuação do farmacêutico, outras instâncias, como o Congresso Nacional, a Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa) e outros órgãos de controle também publicam legislações com
impacto na profissão farmacêutica.
Neste conteúdo, você visitará as legislações que discorrem sobre penalidades sanitárias, civis
e penais com impacto na profissão farmacêutica.
Introdução
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1 - Legislação federal e penalidades sanitárias
Ao �nal deste módulo, você será capaz de Identi�car a legislação federal que trata das
penalidades sanitárias.
Legislação sanitária federal
O debate sobre direito à saúde tem se ampliado tanto no poder judiciário quanto na sociedade civil.
Entretanto, uma discussão científica a respeito de seus contornos e um debate sobre ser mais um
ramo da área jurídica se fazem necessários. O direito sanitário tem sido analisado em todo o
mundo, principalmente em tempos de pandemias. Tendo em conta a magnitude dos direitos do
homem, o direito sanitário vem se construindo desde o século XX, tornando-se um dos ramos mais
importantes do Direito, no século XXI. Hoje, o direito sanitário no Brasil se apresenta consolidado,
de forma que o infrator, ou seja, aquele que descumpre as normas sanitárias, pode responder civil e
criminalmente por isso.
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Direito sanitário
A história relata que a primeira obra jurídica a tratar de direito sanitário surgiu em Milão, na Itália.
Essa obra descreveu um trattato di diritto sanitario, ou seja, um tratado de direito sanitário, em 1914,
conceituando-o e descrevendo suas características no sistema de saúde italiano.
No Brasil, uma tese de doutorado de 1972 retratava o direito sanitário como uma unidade
autônoma, com princípios, objetivos e conceitos próprios. Na literatura científica, você poderá
encontrar que leis ajudam a melhorar a saúde pública. Essas leis abrangem áreas como prevenção
de lesões, habitação, uso de tabaco, vacinação, violência, segurança alimentar e, principalmente,
proteção do indivíduo e da sociedade no que diz respeito às questões de saúde.
Re�exão
É por meio das leis que a sociedade demonstra e estabiliza os seus valores mais preciosos:
podemos nos aproximar do ideal de justiça e formalizar nossos ideais de valores em todas as
áreas, como a cultural, histórica, moral, política, econômica e sanitária, demonstrando os anseios
de uma sociedade viva.
O direito sanitário pode servir para auxiliar o poder público a formular políticas e medidas para
proteger a população e minimizar riscos de doenças e/ou agravos à saúde. Além disso, as leis, no
âmbito sanitário, orientam quanto às medidas a serem adotadas para essa proteção da população,
bem como o que deve ser efetuado em casos de transgressões dessas normas.
Para muito além das doenças contagiosas, epidemias e pandemias, a saúde das pessoas pode ser
comprometida por ações de pessoas físicas e jurídicas, e o Estado precisa de instrumentos legais
eficazes para coibir tais ações, no intuito de proteger a coletividade, como no caso das
fiscalizações da vigilância sanitária. Dessa forma, como descrito na Constituição Federal de 1988, a
saúde é um dever do Estado e direito de todos. Cabe aos gestores do poder público o papel de
executar o que é determinado pela legislação sanitária, por meio dos seus órgãos normatizadores e
fiscalizadores, como a Anvisa.
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Como você pode perceber, a legislação sanitária tem o objetivo de estabelecer
condições normativas para a garantia da promoção, recuperação e proteção da
saúde.
Fontes diretas da legislação sanitária
A legislação sanitária é composta por diversas normas jurídicas que se destinam à efetivação do
direito à saúde. Historicamente, as fontes do direito estão nos costumes, nas leis e na
jurisprudência, além de serem encontradas também na doutrina.
As fontes da legislação sanitária podem ser divididas em diretas e indiretas, sendo a direta
desempenhada pela lei. No Brasil regulam essa área o Congresso Nacional, as Assembleias
Legislativas estaduais e do Distrito Federal, e as Câmaras de Vereadores. Além disso, em nosso
país, as normas jurídicas assumem formas variadas, sendo aceitas também a normatização ou a
legislação estabelecidas por autoridades administrativas como a Anvisa e as Vigilâncias Sanitárias
(Visa) locais, bem como os Conselhos de Classe Profissional.
Em virtude do que consideramos fontes diretas da legislação sanitária, você deve identificá-las
como:
Jurisprudência
Forma como a lei é interpretada no meio jurídico para sua aplicação às situações de fato.
Doutrina
Abordagem científica feita por juristas para explicar as leis.
A Constituição da República de 1988 e suas emendas.
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As leis complementares.
As leis ordinárias.
Os decretos.
As portarias.
As resoluções.
Além das fontes diretas, no regramento que subsidia as decisões a respeito do direito sanitário
você encontrará o que se convencionou chamar de fontes indiretas ou materiais da legislação
sanitária. Entre os instrumentos dessa fonte, estão:
Os costumes.
A doutrina.
A jurisprudência.
A organização da sociedade civil.
Fontes especí�cas da legislação sanitária
A legislação sanitária apresenta uma grande transversalidade, com fontes diversas, diretas e
indiretas, no ordenamento jurídico nacional. Você verá a seguir as mais importantes no âmbito
federal. É importante salientar que existem outras, as quais podem estar esparsas e distribuídas
em regramentos diversos, principalmente em outras esferas federativas que não a federal.
Constituição Federal
A Constituição Federal de 1988 pode ser considerada uma fonte híbrida, pois apresenta fontes
diretas e indiretas de regramento sobre o direitosanitário. Entretanto, ela é, sem dúvida, a principal
fonte específica.
Mão na massa

Questão 1
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Qual o regramento sanitário disposto na Constituição Federal Brasileira de 1988 que determina que
a saúde é um direito fundamental e social, devendo ser protegido pelo Estado e sociedade?
A Art. 6
B Art. 23, II; 24, XII; e 30, II
C Art. 194 e 195
D Art. 196 a 200
E Art. 193
Parabéns! A alternativa A está correta.
Você pode consultar o conteúdo desse e dos outros artigos citados nas alternativas acessando o
texto integral da constituição no site do Senado Federal do Brasil.
Questão 2
Qual o regramento sanitário disposto na Constituição Federal Brasileira de 1988 que discorre sobre
a seguridade social?
A Art. 6
B Art. 23, II; 24, XII; e 30, II
C Art. 194 e 195
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D Art. 196 a 200
E Art. 193
Parabéns! A alternativa C está correta.
Você pode consultar o conteúdo desse e dos outros artigos citados nas alternativas acessando o
texto integral da constituição no site do Senado Federal do Brasil.
Questão 3
Quais os regramentos sanitários disposto na Constituição Federal Brasileira de 1988 que tratam
especificamente da saúde, fornecendo as bases jurídico-constitucionais do direito sanitário
brasileiro?
A Art. 6
B Art. 23, II; 24, XII; e 30, II
C Art. 194 e 195
D Art. 196 a 200
E Art. 193
Parabéns! A alternativa D está correta.
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Lei Orgânica da Saúde (Lei n. 8.080/1990)
No intuito de pôr em prática os ditames constitucionais referentes à saúde, os legisladores
propuseram diversas leis, entre as quais se destaca a chamada Lei Orgânica da Saúde (Lei n.
8.080/1990). Essa lei tem caráter de “norma geral”, para o Sistema Único de Saúde (SUS). Ela dita
as diretrizes e os limites de cada ente federativo ao elaborarem suas próprias normatizações
sanitárias.
Atenção
É importante destacar que esta lei determina diversas diretrizes para o Sistema Único de Saúde,
como as das vigilâncias em saúde, inclusive a vigilância sanitária.
Você pode consultar o conteúdo desses e dos outros artigos citados nas alternativas acessando
o texto integral da constituição no site do Senado Federal do Brasil.
Questão 4
Quais os regramentos sanitários dispostos na Constituição Federal Brasileira de 1988 que
determinam as obrigações referentes à saúde entre os entes federativos?
A Art. 6
B Art. 23, II; 24, XII; e 30, II
C Art. 194 e 195
D Art. 196 a 200
E Art. 193
Parabéns! A alternativa B está correta.
Você pode consultar o conteúdo desses e dos outros artigos citados nas alternativas acessando
o texto integral da constituição no site do Senado Federal do Brasil.
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Veja a seguir a principal citação sobre vigilância sanitária na lei:
Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de
Saúde (SUS):
I - a execução de ações:
a) de vigilância sanitária;
b) de vigilância epidemiológica;
c) de saúde do trabalhador; e
d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica.
(LEI Nº 8.080/1990)
As ações da vigilância sanitária, desenvolvidas para prevenir riscos e promover saúde, encontram-
se no âmbito do SUS. Um exemplo dessa atuação seria se, durante a pandemia da Covid-19, a
vigilância interditasse uma farmácia por vender um “medicamento” especificamente para tratar a
doença. Isso porque, na ausência de laudos que atestem a segurança e a qualidade do produto,
entende-se que tal comercialização coloca em risco a saúde pública.
Lei n. 5.991/1973
Essa lei é considerada uma fonte direta na normatização sanitária brasileira, e tem uma relação
fundamental com as atividades de profissionais farmacêuticos, por tratar do “controle sanitário do
comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos”.
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A referida legislação normatiza diversos aspectos das áreas de atuação farmacêuticas, desde o
comércio e dispensação de medicamentos em farmácias comunitárias, incluindo as homeopáticas,
até o controle de prescrições de medicamentos, bem como demais insumos farmacêuticos e
correlatos.
Pontos importantes para a área de atuação de farmacêuticos são determinados por essa lei. Mais
especificamente, você encontra pontos como:
Estabelecimentos que podem dispensar medicamentos de forma privativa.
Responsabilidade técnica desses estabelecimentos por profissionais registrados no CFF.
Presença do responsável técnico (RT) durante todo o horário de funcionamento.
Documentação necessária para o funcionamento do estabelecimento.
Teoria na prática
Você sabe elencar os pontos mais importantes da lei 5.991/1973?
Lei n. 6.437/1977
A vigilância sanitária, presente em todos os produtos ou serviços que possam causar algum risco à
saúde da população, deve ser entendida como uma atividade que desempenha papel de polícia
administrativa para se evitar riscos à saúde da população. Suas ações cotidianas promovem um
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Mostrar solução
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determinado controle baseado em normas sanitárias, a fim de prevenir contaminação e
transmissão de doenças que comprometeriam a saúde coletiva.
Saiba mais
A fiscalização realizada pela vigilância sanitária está pautada na Lei Federal nº 6.437/1977, que
trata das infrações sanitárias. O desrespeito a qualquer normativa, no âmbito de atuação da
vigilância sanitária, pode levar à autuação coercitiva do órgão, mediante o poder de polícia
administrativa que ela detém.
Mas o que é esse poder de polícia administrativa da vigilância sanitária?
Resposta
A vigilância sanitária tem o poder de restringir os direitos individuais em favor do interesse coletivo,
no intuito de evitar riscos à saúde da população.
E como se materializa esse poder?
Resposta
Esse poder se materializa quando a fiscalização da vigilância sanitária lavra autos de infração,
emite pareceres técnicos, emite multas, interrompe atividades de pessoas físicas ou jurídicas,
interdita e/ou encerra atividades de estabelecimentos. Um exemplo é quando um estabelecimento
comercializa medicamentos controlados sem a receita específica e a vigilância sanitária multa
esse estabelecimento.
O Art. 2º da Lei n. 6.437/1977 traz as sanções que podem ser aplicadas alternativa ou
cumulativamente.
Entre as sanções do Art. 2º destacam-se: termo de interdição, laudos
técnicos, auto de apreensão e/ou inutilização, notificação, formulário de
denúncia, entre outros.
Você pode verificar a seguir que as penalidades aplicáveis a quem desrespeita as normas
sanitárias, segundo a Lei n. 6.437/1977, são:
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Advertência.
Multa.
Apreensão de produto.
Inutilização de produto.
Interdição de produto.
Suspensão de vendas e/ou de fabricação de produto.
Cancelamento de registro de produto.
Interdição parcial ou total do estabelecimento.
A referida lei classifica as infrações, conforme seu Art. 4º, da seguinte forma:
Leves
Em que o infrator é beneficiado por circunstância atenuante.
Graves
Quando verificadauma circunstância agravante.
Gravíssimas
Quando verificada a existência de duas ou mais circunstâncias agravantes.
Há 42 tipos de infrações sanitárias na Lei nº 6.437/1977, caracterizados em seu Art. 10. Em seus
incisos XXIX e XXXI, você encontrará enquadramento genérico para as irregularidades contra a
saúde pública.
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O Executivo, Legislativo e o Judiciário estão envolvidos nas ações sanitárias.
Com o passar dos anos, foram necessárias atualizações da legislação sanitária, com o intuito de
adequar o sistema produtivo de bens e serviços de interesse à saúde, para proteção dos indivíduos
e da coletividade.
A fim de contribuir para a proteção da saúde da população, desde a produção até o consumidor
final, a interdisciplinaridade das ações sanitárias promove o envolvimento de diferentes setores,
requerendo a participação do Executivo, do Legislativo e do Judiciário, além da comunidade. Dessa
forma, articula, no âmbito do SUS, medidas para a participação social, aperfeiçoando relações,
tendo em vista que a vigilância sanitária exerce o papel de regulamentação e fiscalização das
cadeias de “produção, comercialização, prestação ou dispensação, prescrição e consumo”.
Assim sendo, com a Lei nº 9.695, de 1998, houve um aperfeiçoamento das regras sanitárias,
quando foram previstas novas situações em que a vigilância sanitária pode intervir, aplicando novas
penalidades aos estabelecimentos infratores, como as que se seguem:
Proibição de propaganda.
Cancelamento de autorização para funcionamento da empresa.
Cancelamento do alvará de licenciamento do estabelecimento.
Intervenção no estabelecimento que receba recursos públicos de qualquer esfera.
Imposição de mensagem retificadora, (incluída pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001).
Suspensão de propaganda e publicidade, (incluída pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001).
As infrações sanitárias podem gerar multas para os estabelecimentos, conforme a Lei nº
6.437/1977, e você pode conferir esses valores a seguir.
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Título da primeira aba
De R$ 2.000,00 (dois mil reais) a R$ 75.000,00 (setenta e cinco mil reais). Quando o autuado for
beneficiado por circunstância atenuante, como, por exemplo: um medicamento não é mais de
venda fora do balcão e o estabelecimento ainda não o retirou da gôndola, mas corrigiu o erro
quando foi sinalizado pela vigilância sanitária.
Título da segunda aba
De R$ 75.000,00 (setenta e cinco mil reais) a R$ 200.000,00 (duzentos mil reais). Quando o infrator,
embora tenha conhecimento de ato lesivo à saúde pública, deixa de tomar as providências de sua
alçada de modo a evitá-lo. Por exemplo, quando os responsáveis pelo estabelecimento
farmacêutico sabem da venda de medicamentos controlados sem receita por seus funcionários e
não fazem nada para evitar isso.
Título da terceira aba
De R$200.000,00 (duzentos mil reais) a R$1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais). Quando
ocorrer reincidência específica, ou seja, o infrator já foi condenado e multado por vender
medicamentos sem receita e continua vendendo. O pagamento em dobro também é previsto em
caso de reincidência do infrator, conforme relata o §2º da referida legislação: “As multas previstas
neste artigo serão aplicadas em dobro em caso de reincidência.”
Você deve estar se perguntando: como a autoridade sanitária avalia a gravidade
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da infração?
Resposta
A resposta está no Art. 6º da Lei nº 6.437/1977. Segundo o referido artigo, a fim de estabelecer a
pena e sua graduação, a autoridade sanitária considera as circunstâncias atenuantes e agravantes,
relacionadas adiante, a gravidade do fato e suas consequências para a saúde pública bem como os
antecedentes do infrator sobre as normas sanitárias, em razão da reincidência das infrações
cometidas.
Vale reforçar que só há reincidência quando já existe decisão condenatória definitiva, tendo sido ela
publicada nos meios oficiais. Somente as notificações emitidas ao autuado não caracterizam a
reincidência.
O que são consideradas circunstâncias atenuantes?
I - a ação do infrator não ter sido fundamental para a consecução do
evento;
II - a errada compreensão da norma sanitária, admitida como escusável,
quanto patente a incapacidade do agente para atender o caráter ilícito
do fato;
III - o infrator, por espontânea vontade, imediatamente, procurar reparar
ou minorar as consequências do ato lesivo à saúde pública que lhe for
imputado;
IV - ter o infrator sofrido coação, a que podia resistir, para a prática do
ato;
V - ser o infrator primário, e a falta cometida, de natureza leve".
(LEI Nº 8.080/1990, ART. 7)
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Quais circunstâncias a lei de�ne como agravantes?
I - ser o infrator reincidente;
II - ter o infrator cometido a infração para obter vantagem pecuniária
decorrente do consumo pelo público do produto elaborado, em contrário
ao disposto na legislação sanitária;
III - o infrator coagir outrem para a execução material da infração;
IV - ter a infração consequências calamitosas à saúde pública;
V - se, tendo conhecimento de ato lesivo à saúde pública, o infrator
deixar de tomar as providências de sua alçada tendentes a evitá-lo;
VI - ter o infrator agido com dolo, ainda que eventual, fraude ou má fé".
(LEI Nº 8.080/1990, ART. 8)
Atenção
Quando o caso é de reincidência da mesma natureza, o infrator pode ser enquadrado na penalidade
máxima e sua infração ser caracterizada como gravíssima. Contudo, se houver ao mesmo tempo
circunstâncias atenuantes e agravantes, serão consideradas, para aplicação da pena, aquelas que
forem preponderantes.
O processo administrativo, na esfera da administração pública, é semelhante ao processo judicial.
Nos dois há uma decisão na forma da lei e instâncias revisoras, que são a autoridade hierárquica
superior, no caso do processo administrativo, e os tribunais, no caso do processo judicial. Esses
procedimentos seguem um trâmite específico previsto em lei, mas podem abranger detalhes
acrescidos pelo órgão competente para instauração. Por fim, o processo administrativo sanitário
deve ser pautado em procedimentos determinados por lei, no caso, a Lei Federal nº 6.437/1977.
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Infrações sanitárias no âmbito farmacêutico
As infrações sanitárias se configuram como medidas de segurança para todo tipo de fabricação,
consumo e distribuição de drogas, fármacos e medicamentos, no território nacional. Não excluem,
no entanto, a responsabilidade pela apuração, sob o ponto de vista da legislação sanitária, de
possíveis crimes, contravenções, faltas éticas ou disciplinares, conforme a legislação civil, penal,
administrativa e normas ético-disciplinares, como, por exemplo, a falsificação de medicamentos.
Em virtude do que foi apresentado até agora, é importante descrever os principais pontos
considerados infrações sanitárias, com os quais você pode se deparar em sua futura atuação
profissional. Veja a seguir, de forma resumida, algumas práticas consideradas infrações sanitárias
no âmbito farmacêutico:
1. Operar laboratórios de produção, cujos produtos sejam de interesse da saúde pública, sem
registro, autorização ou licença.
2. Realizar operações (extração, produção, transporte, comercialização,entre outras) com
produtos de interesse da saúde pública, sem registro, autorização ou licença.
3. Divulgar (propaganda) produtos que estejam sob vigilância sanitária, em desacordo com sua
referida legislação.
4. Criar impedimentos ou dificuldades para medidas sanitárias em relação às doenças
transmissíveis e ao sacrifício de animais domésticos considerados perigosos.
5. Dificultar a fiscalização sanitária.
6. Preparar medicamentos ou efetuar receitas que contrariem prescrições médicas ou
determinações legais.
7. Operar com medicamentos, drogas e correlatos, descumprindo a exigência da observância de
prescrição médica.
8. Realizar procedimentos com sangue ou hemoderivados, contrariando a legislação.
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9. Reaproveitar embalagens em desacordo com a legislação.
10. Fabricar produtos para a saúde sem um responsável técnico habilitado.
11. Produzir hormônios a partir de animais não saudáveis.
12. Modificar a produção de medicamentos e produtos controlados, sem autorização.
13. Comercializar produtos imunobiológicos, ou similares, em condições inadequadas.
14. Atuar como profissional de saúde sem a devida habilitação.
15. Fraudar, falsificar ou adulterar qualquer produto sob vigilância sanitária.
16. Reduzir ou deixar de fornecer ao mercado medicamentos sem justificativa.
Infrações sanitárias no âmbito farmacêutico
Neste vídeo, o especialista Eduardo Corsino resolverá questões referentes a infrações sanitárias.
Vamos lá!
Exemplo na vida prática 1
Você pode estar pensando em como não ser enquadrado por um agente público em uma
infração sanitária. Entretanto, quando falamos em infrações sanitárias no âmbito farmacêutico, é
preciso entender que, segundo a legislação vigente, um farmacêutico só pode ser fiscalizado por
outro farmacêutico. Assim, você poderá atuar como um representante da vigilância sanitária, ou
outro órgão fiscalizador, e ter que se utilizar da legislação sanitária vigente para avaliar e
determinar se uma infração está ou não em curso.

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Vamos utilizar um exemplo de um estabelecimento farmacêutico (drogaria) em funcionamento
sem a presença de um profissional farmacêutico, em Mato Grosso do Sul. Você, como um fiscal
farmacêutico, deve adotar a seguinte ação ao se deparar com uma situação dessas: autuar esse
estabelecimento, começando pelo embasamento legal, levando em consideração toda a
legislação, federal, estadual e municipal que trata da infração observada e, em seguida, descrever
a infração no documento “Auto de Infração Sanitária” em duas vias e entregar uma via ao
estabelecimento, conforme se segue.
Embasamento legal:
Art. 15 da Lei nº 5.991/1973 e Art. 3º da Resolução-RDC Anvisa nº 44/2009. Art. 236, 246 e Art.
341, inciso XIII da Lei Estadual nº 1.293/1992 – Código Sanitário Estadual Tipificação: Art. 341
inciso XXIII, XXXII e XXXIII da Lei Estadual nº 1.293/1992 – Código Sanitário Estadual.
Descrição da infração:
Ao passo da constatação do estabelecimento farmacêutico (drogaria) estar funcionando sem
possuir a presença de um responsável técnico farmacêutico, infringindo assim os seguintes
dispositivos legais: Art. 15 da Lei nº 5.991/1973, Art. 3º da Resolução-RDC 44/2009 e Art. 236,
246 e Art. 341 inciso XIII da Lei Estadual nº 1.293/1992. Tal irregularidade está tipificada no
artigo 341 incisos XXIII, XXXII e XXXIII da Lei Estadual nº 1.293/1992, pelo que lavramos o
presente Auto de Infração Sanitária, devidamente assinado pelos servidores autuantes e pelo
autuado.
Descrição da infração:
Notifico também, neste ato, o autuado, que responderá pelo fato em processo administrativo
(sanitário) e que terá o prazo de 15 (quinze) dias, a contar desta data, para apresentar defesa ou
impugnação perante a Coordenadoria de Vigilância Sanitária no seguinte endereço: XXXXXXX.
Fica o autuado sujeito às seguintes penalidades: advertência, pena educativa, interdição,
cancelamento da licença e/ou multa
Importante: Um caso como esse ocorreu em 2012, em Mato Grosso do Sul.
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Exemplo na vida prática 2
Você é um fiscal da vigilância sanitária e foi fiscalizar uma farmácia com manipulação, que está
sob suspeita de ter manipulado Secnidazol 500mg contaminado, fato que provocou a morte de
algumas pessoas que utilizaram o medicamento.
Durante a fiscalização, você constata que no mesmo dia foi manipulado um medicamento para
hipertensão: pode ter havido contaminação cruzada, não há validação dos métodos de controle
de qualidade, além de haver indícios de produção industrial, o que não é permitido nesses
estabelecimentos. Mediante a constatação desses fatos, cabe a você tomar as devidas
providências para evitar possíveis novos óbitos. De que forma você deveria atuar?
Primeiramente, é necessário basear suas ações na leis sanitárias vigentes, principalmente as
Leis Federais n. 5.991/1973 e n. 6.437/1977. Você deve se pautar nesta última para determinar a
ação necessária, de acordo com a situação constatada.
Entretanto, como ainda não há confirmação da correlação causal do uso do Secnidazol 500mg
com os óbitos (ainda é suspeita), você deve atentar para as infrações sanitárias detectadas
durante a fiscalização. Porém, como há um grande risco para a população caso a correlação seja
confirmada, você deverá tomar providências para evitar que novos casos de óbito possam surgir.
Assim, você deve considerar a aplicação de multa pelas infrações detectadas, apreensão dos
produtos suspeitos, interdição do produto suspeito, interdição da fabricação e venda do produto
suspeito e até mesmo a interdição do estabelecimento. Vale lembrar que as mortes associadas
ao produto constituem situação gravíssima, sendo um sério agravante a ser considerado na
determinação do valor da multa.
Importante: Um caso como este ocorreu em 2011, em Minas Gerais.
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Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
MÓDULO 1
Vem que eu te explico!
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A atuação do farmacêutico fiscal da vigilância sanitária requer o conhecimento do conjunto de
legislações e normas do direito sanitário, incluindo a Lei Federal nº 6.437/1977, que se refere a:
A
Configuração das infrações à legislação sanitária federal, estabelece as sanções
respectivas e dá outras providências.
B
Disposições sobre o controle sanitário do comércio de drogas, medicamentos,
insumos farmacêuticos e correlatos, e dá outras providências.
Alteração dos dispositivos das Leis nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999, que define
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C
o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária e cria a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária, e nº 6.437, de 20 de agosto de 1977, que configura infrações à
legislação sanitária federal e estabelece as sanções respectivas, e dá outras
providências.
D
Acréscimo dos incisos ao Art. 1° da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, que
dispõe sobre os crimes hediondos, e altera os Art. 2°, 5° e 10° da Lei nº 6.437, de
20 de agosto de 1977, e dá outras providências.
E
Disposições sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da
saúde, a organização e o funcionamento dos serviçoscorrespondentes e dá
outras providências.
Parabéns! A alternativa A está correta.
A Lei nº 6.437/1977 é a principal legislação federal que determina a tipificação das infrações
sanitárias; ela orienta a avaliação das infrações para o estabelecimento da penalidade e de
multas.
Questão 2
A vigilância sanitária, uma das vigilâncias em saúde, é a que detém o poder de polícia. Esse poder é
embasado por Lei, estabelecendo as sanções a serem aplicadas aos transgressores da legislação
sanitária. Essas sanções estão estabelecidas por qual Lei?
A Lei nº 5.991/1973
B Lei nº 8.080/1990
C Lei nº 6.437/1977
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2 - Código Penal Brasileiro e o Sistema Nacional de
Políticas Públicas
Ao �nal deste módulo, você será capaz de relacionar o disposto no Capítulo III do Título
VIII do Código Penal Brasileiro e o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas
D Lei nº 8.072/1990
E Lei nº 9.872/1999
Parabéns! A alternativa C está correta.
O poder de polícia da vigilância sanitária se dá mediante o cerceamento dos direitos individuais,
de forma que esse poder é reconhecido como poder administrativo. Assim, cabe à vigilância
sanitária, como braço administrativo do poder do Estado, aplicar as normas sanitárias previstas
em lei. Essas normas estão previstas na Lei Federal nº 6.437/1977.

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à pro�ssão farmacêutica.
Código Penal Brasileiro – crimes contra a saúde
pública e Sistema Nacional de Políticas Públicas
sobre Drogas
A saúde pública é um bem imaterial de uma população, e a sua manutenção deve se dar de forma a
garantir o bem de todos. Este tema tem uma grande importância não apenas para os profissionais
da saúde, mas também para toda a sociedade. Uma vez que a garantia das questões de saúde para
a população passa por um regramento jurídico bastante consolidado, torna-se necessário o
conhecimento desse arcabouço de leis e normas que disciplinam as atividades relacionadas à
saúde.
O conjunto dessa legislação destina-se não somente aos profissionais de saúde, mas também à
sociedade como um todo, em especial aos indivíduos que, de alguma forma, possam colocar a
saúde pública em risco. Você verá a seguir os principais pontos da legislação que trata dos crimes
contra a saúde pública e o Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas.
Crimes contra a saúde pública
Em tempos de surtos, epidemias e pandemias, crimes contra a saúde pública se repetem, daí a
importância da legislação, para garantir o combate às infrações cometidas pelo agente que não
cumpre as recomendações do poder público.
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A partir da Constituição de 1988, a saúde passou a ser reconhecida como um direito de todos,
dentro do ordenamento jurídico, tornando-se um bem de interesse social e com a garantia do
Estado, por meio de suas políticas sociais e econômicas, com acesso universal e igualitário.
Podemos entender, então, que a saúde é um bem jurídico coletivo e com clara relevância social,
cabendo ao Estado protegê-la. Por essa razão, existem previsões de criminalização para quem
coloque em risco ou pratique atividades com potencial dano à saúde coletiva.
A criminalização para quem atente contra a saúde pública é prevista no Código Penal brasileiro, e
você encontrará sua especificação no Título VIII (Dos Crimes Contra a Incolumidade Pública).
Incolumidade
Derivado do latim, incolumitas – diz respeito ao estado de segurança ou firmeza esperado referente
a vida, integridade física ou patrimônio da generalidade das pessoas.
Tipi�cação dos crimes
O Código Penal brasileiro apresenta, em seu Capítulo III do Título VIII, os tipos de crimes contra a
saúde pública. Você, por ser um futuro profissional de saúde, terá uma implacabilidade maior com
estes crimes caso os cometa e, por isso, é imprescindível que os conheça.
Epidemia
Epidemia vem do grego epidemein, e significa “espalhar-se pelo povo”. Apesar de a legislação
descrever epidemia, ela também se aplica aos casos de endemias e pandemias, como a da Covid-
19.
O Art. 267 do Código Penal implica que o agente “cause epidemia”, ou seja, alguém cujo
comportamento ativo promova a epidemia:
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Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação de germes
patogênicos:
Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
§ 1º - Se do fato resulta em morte, a pena é aplicada em dobro.
§ 2º - No caso de culpa, a pena é de detenção de um a dois anos, ou, se
resulta em morte, de dois a quatro anos.
(CÓDIGO PENAL, ART. 267)
Entretanto, de forma geral também cabe punição quando se verifica omissão imprópria, quando
esse alguém deveria ter a atitude de evitar ou proteger que a contaminação ocorresse, como é
retratado no Art. 13, § 2o, do mesmo código:
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e
podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do
resultado.
(CÓDIGO PENAL, ART. 13)
Para você entender melhor o § 2o do Art. 13, leia o exemplo a seguir:
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Exemplo
Um farmacêutico responsável técnico que atua em um laboratório com agentes patogênicos – e
deve garantir as normas de biossegurança – esquece de tomar os cuidados para evitar uma
contaminação do ambiente e o agente patogênico é liberado.
Esse tipo de crime se materializa com a efetivação da epidemia, declarada pelas autoridades
sanitárias. Se a epidemia resultar em morte (§ 1º), a pena é aplicada em dobro, e para isso basta
uma única morte.
Ainda pode ser caracterizada uma modalidade culposa de epidemia, devido à inobservância do
dever de cautela, regra necessária nessas ocasiões. Por exemplo, o uso de uma técnica não
adequada em um determinado procedimento que resulte em contaminação, como manipular
medicamentos estéreis sem os cuidados adequados.
A pena para esse crime é de reclusão de dez a 15 anos. Nos casos da forma
qualificada, como consta no § 1º, a pena será aplicada em dobro, ou seja, de
20 a 30 anos. Quando a forma for culposa, a previsão é de pena de detenção
de um a dois anos, ou, no caso de resultar em morte, de dois a quatro anos.
A epidemia com resultado de morte é considerada crime hediondo, devendo-
se aplicar as penalidades da lei específica.
Infração de medida sanitária preventiva
Quando uma pessoa não cumpre as determinações do poder público para impedir o surgimento ou
a propagação de uma doença contagiosa, pratica o crime previsto no Art. 268 do Código Penal:
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Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução
ou propagação de doença contagiosa:
Pena - detenção de um mês a um ano, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se o agente é
funcionário da saúde pública ou exerce a profissão de médico,
farmacêutico, dentista ou enfermeiro.
(CÓDIGO PENAL, ART. 268)
Portanto, toda pessoa que descumprir o referido artigo ou ato administrativo (normas do poder
público), desde que dolosamente (com a intenção defazer), incorre em crime de infração de
medida sanitária preventiva, mesmo que não cause nenhum resultado concreto. Isso porque se
trata de crime de perigo comum, o que quer dizer que a Lei presume o risco causado à sociedade
por causa da ação de alguém que descumpre normas do poder público, sendo a vítima a sociedade,
a coletividade.
A pena para esse crime é de detenção de um mês a um ano e multa. É preciso ficar atento a esse
ponto, como futuro profissional de saúde, uma vez que é previsto o aumento de um terço da pena
caso o crime seja cometido por farmacêutico, enfermeiro, médico ou dentista. Isso se deve ao fato
de que esses agentes têm a obrigação de zelar pelo cumprimento das normas sanitárias.
Atenção
Outro fato importante é que o estado é obrigado a tomar providências contra quem praticar esse
crime. Isto é: a polícia é obrigada a prender e o Ministério Público é obrigado a fornecer denúncia.
Agora vamos a um exemplo:
Exemplo
Incorre em crime previsto no Art. 268 do Código Penal aquele que desrespeita as recomendações
previstas pelo poder público para a prevenção e contenção da propagação do coronavírus. Ou seja,
quando alguém deixa de usar máscara e/ou deixa de evitar aglomerações.’
Omissão de noti�cação de doença
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Temos ainda o Art. 269, que prevê punição para o médico(a) que tenha se omitido, deixando de
comunicar às autoridades públicas as doenças de notificação compulsória:
Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja noti�cação é
compulsória:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
(CÓDIGO PENAL, ART. 269)
Um exemplo bem comum para a atual realidade brasileira é o médico que, após atender um
paciente com sinais e sintomas sugestivos do coronavírus, deixa de notificar à autoridade
competente, ou seja, à unidade de vigilância epidemiológica. Além disso, caso deixe de notificar o
eventual resultado positivo do diagnóstico, também infringe o Art. 269.
No caso desse artigo, só é crime se praticado por um profissional médico(a), não se aplicando a
outros profissionais da saúde, como, por exemplo, os farmacêuticos. Para aqueles aos quais se
aplica essa lei, a pena ao cometer esse delito é de detenção de seis meses a dois anos, e multa.
Charlatanismo
O Art. 283 do Código Penal protege a saúde pública ao punir a ação de sugerir, aconselhar, propor
ou anunciar curas de doenças de forma inverídica. Assim, esse artigo abrange inculcar ou anunciar
cura por meio secreto ou infalível, podendo o infrator sofrer detenção de três meses a um ano, e
multa:
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Inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou infalível: Pena - detenção, de
três meses a um ano, e multa.
(CÓDIGO PENAL, ART. 283)
Esse crime pode ser atribuído a qualquer pessoa, inclusive ao próprio médico, outro profissional da
saúde ou representante da sociedade e até mesmo ao governante. Isso acontece quando aquele
que esteja infringindo esse artigo tem dolo, isto é, a vontade livre e consciente de inculcar ou
anunciar cura por meio secreto ou infalível. Assim, com consciência da falsidade, da ineficácia dos
meios de cura prometidos, esse indivíduo promove, de forma mentirosa, eventuais curas.
Exemplo
Essa prática é uma fraude especial, não atingindo apenas o patrimônio da vítima, mas a saúde
pública como um todo. Temos como exemplo, casos recentes divulgados pela mídia de indicação
de feijões que previne a Covid-19, indicações de cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina para
cura também da Covid-19 e num passado recente, a indicação de fosfoetanolamina para cura do
câncer.
Perigo de contágio de moléstia grave
Quando há a finalidade de transmitir a outras pessoas uma moléstia (doença) grave pela qual um
indivíduo está contaminado, o Código Penal também trata essa infração como ato capaz de
produzir o contágio.
Esse ato está previsto no Capítulo II do referido código, em seu Art. 131, que trata da Periclitação,
da Vida e da Saúde, e tutela de forma geral a saúde e a incolumidade físicas dos indivíduos. A pena
prevista é de um a quatro anos de reclusão, e multa:
Periclitação
Ato ou ação de colocar alguém em perigo.
Praticar, com o �m de transmitir a outrem moléstia grave de que está
contaminado, ato capaz de produzir o contágio:
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Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa.
(CÓDIGO PENAL, ART. 131)
Para a configuração desse crime, é necessário que fique patente a intenção de transmitir o
patógeno. Não basta apenas saber que é portador, mas sim a concomitância do dolo. Um exemplo
para isso seria uma pessoa diagnosticada com Covid-19 não realizar o isolamento social, a fim de
ter contato com outras pessoas para que elas também se contaminem.
Perigo para a vida ou saúde de outrem
O Art. 132 diz que expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente pode gerar pena de
três meses a um ano, se o fato não configurar um crime mais grave. E que a pena pode ser
acrescida de um sexto a um terço, caso esse perigo seja por motivo de transporte de pacientes em
desacordo com as normas de biossegurança:
Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime
mais grave.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a
exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte
de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de
qualquer natureza, em desacordo com as normas legais.
(CÓDIGO PENAL, ART. 132)
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Como visto, para a configuração desse crime o risco deve ser direto e iminente, exigindo prova do
risco concreto contra uma ou mais pessoas, e deve haver uma determinada pessoa que esteja em
perigo.
Vamos aos exemplos:
Exemplo
Esse delito pode ser observado quando um hospital não realiza medidas adequadas de
biossegurança para evitar que pacientes “não Covid” sejam contaminados por pacientes com
Covid-19.
Um outro exemplo pode ser a não permissão da família para o uso de plasma sanguíneo em
paciente acometido com o Covid-19, como medida de emergência.
Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (Sisnad)
Para entender o Sisnad, é preciso começar a falar da dignidade da pessoa humana, que pode se
apresentar como valor, princípio e regra, na legislação brasileira. A Constituição de 1988, em seu
Art. 1°, inciso III, a apresenta como um fundamento do Estado brasileiro.
A dignidade humana nem sempre constou nas Declarações de Direito, e você deve compreendê-la
como uma construção histórica, elaboração cultural, sendo todos os seres humanos detentores
desse atributo intangível e irrenunciável.
A respeito da tutela constitucional penal, tendo como pressuposto a dignidade da pessoa humana e
dos direitos humanos, não se permite ameaça ou lesão à legalidade, ao processo legal e a todos os
direitos e respeitos devidos ao condenado na garantia dos seus direitos fundamentais, exceto
aqueles suprimidos para o cumprimento da pena.
Considerando essas premissas legais, a Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, conhecida como
Lei de Drogas, institui o Sistema Nacional de Políticas Sobre Drogas (Sisnad), promovendo avanços
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na tratativa do usuário, consumidor e dependentede drogas, destituindo as penas de privação de
liberdade e, principalmente, estabelecendo que:
O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator,
gratuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial,
para tratamento especializado.
(LEI Nº 11.343)
Essa lei traz uma harmonização com o que podemos chamar de tratamento digno e reabilitação do
condenado – e o Sisnad considera a dignidade humana incorporando o que se convencionou
chamar de justiça terapêutica. Além disso, essa lei também determina os crimes e penas
associados às drogas, caracterizando e tipificando as infrações, bem como determinando cada tipo
de pena. Como exemplo disso, você pode verificar o Art. 33, que trata de atividades que podem ser
consideradas ilegais, quando exercidas em desacordo com a legislação vigente, mas que
farmacêuticos são habilitados a realizar dentro das normas legais:
Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender,
expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo,
guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas,
ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar.
(CÓDIGO PENAL, ART. 33)
Princípios do Sisnad
O uso de substâncias entorpecentes e plantas psicoativas faz parte da cultura de diversos povos há
muito tempo. Essa utilização pode ser motivada por diversos fatores, tais como uso terapêutico,
lazer, rituais e até mesmo escambo.
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Neste sentido, o Sisnad prevê a formulação de políticas para prevenir o uso indevido de drogas e a
reinserção do usuário e dependentes; além disso, incentiva a promoção de normas com a finalidade
de repressão à produção ilegal e ao tráfico ilícito de drogas.
Dentre os princípios da Lei nº 11.343/2006, podemos citar: respeito aos direitos fundamentais;
respeito à diversidade e à especificidade da população; promoção aos valores éticos e culturais
brasileiros; responsabilidade compartilhada entre Estado e sociedade; intersetorialidade, integração
de estratégias nacionais e internacionais; entre outros.
Esses princípios integram a estratégia da política nacional para o alcance dos seguintes objetivos:
inclusão social e redução da vulnerabilidade dos indivíduos às drogas; promoção do conhecimento
sobre drogas; integração dos diversos entes federativos em relação às políticas sobre o assunto; e
garantia da coordenação das atividades.
Agora, você deve estar se perguntando: como o farmacêutico se insere nessa
temática?
Cabe ressaltar que o profissional farmacêutico é um profissional da saúde, componente da equipe
multidisciplinar, e, por isso, além de ter um papel fundamental em relação ao preparo, aquisição,
transporte, armazenamento e dispensação de substâncias psicotrópicas ou psicoativas, esse
profissional também participa do tratamento de indivíduos que fazem uso indiscriminado dessas
substâncias, bem como de substâncias ilícitas.
Resposta
Assim, o farmacêutico que compõe equipes multidisciplinares de instituições que tratam de
indivíduos usuários dessas substâncias contribui na elaboração do Plano Terapêutico Singular, bem
como na prestação de cuidados farmacêuticos aos indivíduos incluídos em programas previstos
pelo Sisnad.
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Essa participação fica clara no § 2º do Art. 23-A, conforme você pode verificar a seguir:
A internação de dependentes de drogas somente será realizada em
unidades de saúde ou hospitais gerais, dotados de equipes
multidisciplinares e deverá ser obrigatoriamente autorizada por médico
devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina - CRM do
Estado onde se localize o estabelecimento no qual se dará a internação.
(LEI Nº 11.343/2006, ART. 23-A)
Tipos de crimes contra a saúde pública
Neste vídeo, o especialista Eduardo Corsino apresenta exemplos práticos de crimes contra a Saúde
Pública. Vamos lá!
Exemplo na vida prática 1
O surgimento e a disseminação da Covid-19 provocaram uma emergência sanitária, fazendo com
que o Brasil declarasse estado de calamidade. Com isso, por meio de decretos ou portarias as
autoridades desenvolveram medidas para evitar a disseminação do vírus na sociedade.
Entretanto, por diversos motivos, parte da sociedade resolveu não seguir as recomendações
estabelecidas. Esse comportamento pode gerar consequências penais aos indivíduos, além das
consequências de saúde pública, pois essa infração também viola a legislação penal.
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Seguindo esse raciocínio, a pessoa que não cumpre as medidas de isolamento social e a
quarentena sanitária em caso de contágio responde criminalmente de acordo com o Art. 267 do
Código Penal, cabendo responsabilização pelo crime de pandemia.
Já em outra situação, a pessoa que mesmo não estando contaminada pelo coronavírus
igualmente desrespeita as medidas sanitárias para contenção da pandemia responde
criminalmente por infração de medida sanitária, prevista no Art. 268 do mesmo Código Penal.
Também constitui crime contra a saúde pública quando um farmacêutico orienta, indica,
promove e/ou dispensa um tratamento para Covid-19, sem comprovação científica. Cabe
ressaltar que, além de violar o Código de Ética Farmacêutica, esse profissional incorre no que o
Código Penal classifica como charlatanismo.
Exemplo na vida prática 2
O farmacêutico é o profissional legalmente habilitado para atividades como aquisição, síntese,
transporte, armazenamento, distribuição, dispensação, entre outras, com produtos, substâncias,
medicamentos e drogas, no território nacional. Embora esse profissional possua conhecimento
técnico-científico para operar essas substâncias, ele deve exercer tais atividades dentro de um
regramento jurídico bastante específico, como, por exemplo, a Lei Federal nº 11.343/2006; caso
não a cumpra de forma adequada, poderá ser enquadrado como transgressor do Capítulo II
dessa Lei, que define os crimes e as penas aplicáveis a quem a transgride.
Um exemplo disso ocorreu em Realengo, na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro. Em agosto
de 2021 a polícia fechou uma fábrica de medicamentos fitoterápicos que funcionava naquela
região sem as devidas autorizações sanitárias.
Se um farmacêutico estiver envolvido nessa produção, fica passível de ser julgado caso pratique
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o previsto no art. 33 da Lei nº 11.343/2006.
“Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda,
oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a
consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar”.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
MÓDULO 2
Vem que eu te explico!
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1
Um farmacêutico, como um profissional da saúde e cidadão comum, deve cumprir os ditames do
Código Penal brasileiro. Nesse sentido, com base na relação entre o Capítulo III do Título VIII –
referente aos crimes contra a saúde pública – e a profissão de farmacêutico, podemos afirmar que:
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A
Por ser um profissional da saúde e ter o dever de zelar pela legislação sanitária, a
pena aplicada a esse profissional é majorada.
B
Essa lei não se aplica aos profissionais da saúde, que sabem como agir
corretamente em saúde pública.
C
Aplica-se essa lei da mesma forma para qualquer cidadão, uma vez que todos
são iguais perante a Lei.
D
Aplica-se de forma extremamente desproporcional em relação aos demais
profissionais da saúde, já que o farmacêutico é o responsável por preparação de
drogas.
E Não se aplicam penas majoradas aos farmacêuticos; apenas aos médicos.
Parabéns! A alternativa A está correta.
Os farmacêuticos, como os demais profissionais da saúde, têm a obrigação legal e moral de
executar e garantir as normas sanitárias. Dessa forma, tanto o legislador como a sociedade
consideram como agravante a transgressão da legislação sanitária por esses profissionais,
justamente por considerarem que seu conhecimento técnico-científico é suficiente para entender
a importância dessas normatizações.
Questão 2
O profissional farmacêutico é habilitado a desempenhar atividades com drogas e substâncias
entorpecentes, dentro da norma legal brasileira. Entretanto, executar atividades como importar,
exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em
depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer
drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar, torna-se crime. Assinale a alternativa correspondente à legislação que prevê esse
crime:
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A Lei nº 11.343/2006
B Lei nº 6.437/1977
C Lei nº 5.991/1973
D Lei nº 8.080/1990
E Lei nº 8.072/1990
Parabéns! A alternativa A está correta.
O Conselho Federal de Farmácia é o órgão regulamentador da profissão farmacêutica, cabendo-
lhe determinar as atribuições da profissão. Dentre elas estão as atividades como importar,
exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em
depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou
fornecer drogas, medicamentos ou insumos farmacêuticos. Entretanto, no Brasil a realização
dessas atividades em desacordo com a legislação vigente as torna crime, pois além do que é
regulamentado pelo CFF, os farmacêuticos também devem cumprir as regulamentações
sanitárias vigentes, como as da Lei nº 11.343/2006.

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3 - Crimes hediondos e o tratamento do trá�co
ilícito
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a evolução do direito sanitário
no enquadramento de crimes hediondos e o tratamento do trá�co ilícito de
entorpecentes na área da saúde.
Crimes hediondos e trá�co ilícito de entorpecentes
A legislação brasileira trata dos crimes hediondos como sendo os crimes mais graves que podem
ser cometidos em nosso país. Recebe a mesma tratativa penal o tráfico ilícito de entorpecentes.
Como muitas ações desenvolvidas no âmbito da saúde e dos medicamentos podem ser
configuradas como um desses crimes, é importante conhecer as leis que tratam do assunto, a fim
de evitar que durante a prática profissional você incorra em alguma das transgressões nelas
previstas.
Hediondo
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Que apresenta deformidade; que causa horror; repulsivo, horrível. Que provoca reação de grande
indignação moral; ignóbil, pavoroso, repulsivo.
Saiba mais
O Art. 5°, inciso XLIII, da Constituição Federal de 1988 considera crimes inafiançáveis e sem direito
a anistia ou graça a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo
e os definidos como crimes hediondos, sendo responsabilizados os mandantes e aqueles que se
omitirem, quando possível evitar esses tipos de crimes.
O que teria feito a Constituinte formular um artigo como esse?
Resposta
Certamente, o aumento da criminalidade, atingindo classes sociais que antes não conviviam com
esse tipo de problema. A expansão do tráfico ilícito de drogas assumia, na época, um crescimento
incomum, e os meios de comunicação pressionavam por uma resposta por parte do Estado.
Embora a Constituição Federal já previsse crimes hediondos, foi a aprovação da Lei nº 8.072/1990
que, de fato, implementou e caracterizou a ação do Estado contra esse tipo de crime. Além da
referida lei, houve também a aprovação da Lei n. 8.930/1994, que incluiu o homicídio qualificado no
grupo dos hediondos.
Você já parou para pensar o que é crime hediondo?
Resposta
Certamente, se você perguntar às pessoas fora do meio jurídico, elas irão responder que são os
crimes muito graves e que envolvem crueldade. Entretanto, legalmente, a definição de crime
hediondo é aquela constante no Art. 1º da Lei nº 8.930/1994, ou seja, esses crimes são hediondos
porque assim a lei determinou.
Quais crimes a lei classi�ca como hediondos?
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A Lei nº 8.930/1994 diz que os indivíduos que praticarem esses crimes receberão tratamento
processual, penal e penitenciário mais rígido, não sendo possível anistia, graça ou indulto. Além
disso, também não é possível fiança e/ou liberdade provisória. A prisão temporária é de 30 dias,
podendo de ser prorrogada por igual período. Em caso de condenação, o juiz decide se o réu pode
apelar em liberdade. O indivíduo ficará preso em presídios de segurança máxima e integralmente
em regime fechado. Essas considerações se aplicam aos seguintes crimes:
Homicídio simples, quando praticado em atividade típica de grupo, e homicídio qualificado.
Latrocínio.
Extorsão comum qualificada por morte.
Extorsão mediante sequestro nas formas simples e qualificada.
Estupro nas formas simples e qualificada.
Atentado violento ao pudor nas formas simples e qualificada.
Epidemia com resultado em morte.
Genocídio.
Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou
medicinais.
Latrocínio
É uma forma de tipificar um crime de roubo, aumentando a pena, por este ter resultado em morte.
Atenção
A prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e o terrorismo não são considerados
hediondos, mas têm o mesmo tratamento especial previsto nessa lei.
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A inclusão de alguns tipos de crime nessa categoria gerou grande embate entre os juristas no que
se refere à punição tratada no crime e a desproporcionalidade de sua ofensividade, como é o caso
do Art. 273 do Código Penal, quando trata da falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de
produtos terapêuticos ou medicinais, incluindo até mesmo cosméticos e produtos saneantes:
Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins
terapêuticos ou medicinais:
Pena - reclusão de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa.
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda,
tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega
a consumo o produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado.
§ 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os
medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os
cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico.
(CÓDIGO PENAL, ART. 273)
Esse crime está tipificado no TítuloVIII – Dos Crimes Contra a Incolumidade Pública –, no Capítulo
III – Dos Crimes Contra a Saúde Pública. Passou a ser hediondo com a publicação da Lei nº
9.677/1998, por se tratar de crime que causa repulsão social, qualquer que seja a ação ilícita e
repugnante do agente, observados sua gravidade e meios de execução; as penas podem ser
aumentadas pela qualificação negativa do executor.
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A referida lei diz que incorre em crime hediondo aquele que importa, vende, expõe à venda, tem em
depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto falsificado,
corrompido, adulterado ou alterado, podendo ser medicamentos, matérias-primas, insumos
farmacêuticos, cosméticos, saneantes e os produtos de uso em diagnóstico. Além disso, a lei
também considera que está sujeito às penas quem pratica as ações anteriormente citadas, estando
o produto:
Sem registro no órgão de vigilância sanitária competente.
Em contradição com a fórmula registrada.
Sem as características de identidade e qualidade reconhecidas para a comercialização.
Com seu valor terapêutico ou de sua atividade reduzido.
Com procedência desconhecida.
Com procedência de estabelecimento sem licença.
Além desses, também se aplica o invólucro ou recipiente com falsa indicação e emprego de
processo proibido ou de substância não permitida; nesses casos a legislação determina a
aplicação de pena de dez a 15 anos de reclusão, e multa.
Muitos países – desenvolvidos ou em desenvolvimento – convivem com o problema da falsificação
de medicamentos. Embora não existam dados exatos sobre a magnitude do problema, diversas
nações vêm desenvolvendo medidas para conter tais crimes. A tipificação em crime hediondo
garante a proteção ao bem jurídico tutelado que é a saúde pública, visando penalizar quem cometer
as ações previstas na lei.
Atenção
Os produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais “são as matérias preparadas ou
empregadas para prevenir ou curar enfermidades humanas, vendidas por farmacêuticos, de uso
interno ou externo, inscritas ou não inscritas na farmacopeia oficial” (MAGGIORE apud PRADO,
2002). Portanto, somente medicamentos para humanos poderão ser classificados como crime
hediondo, não cabendo os destinados para uso veterinário.
O Art. 1°, inciso VII-B, da Lei n. 8.072/1990, passou a conter o delito do Art. 273 do Código Penal no
rol legal dos crimes hediondos, inserindo o crime de falsificação, corrupção, adulteração ou
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alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais como crime hediondo, excluindo a
modalidade culposa; o objeto jurídico ainda continua sendo a saúde pública.
Além da questão da produção de medicamentos, a lei dos crimes hediondos aborda outra área de
atuação farmacêutica, que é o comércio de medicamentos controlados. A lei não traz em seu texto
de forma explícita os medicamentos controlados; entretanto, elencou o tráfico de entorpecentes,
possibilitando, dessa forma, um tratamento específico e trazendo o “peso da lei” de forma mais
rigorosa. Não podemos esquecer que o farmacêutico é responsável pela avaliação farmacêutica do
receituário, do qual constam os medicamentos sujeitos ao controle especial. O profissional deve
então estar atento aos requisitos a respeito de receituários específicos para que seja possível a
dispensação.
A Portaria SVS/MS nº 344/1998 é a legislação que aborda os critérios sobre a prescrição e
dispensação de medicamentos sujeitos a controle especial. Essa portaria traz diversas listas, nas
quais são classificadas as substâncias sob controle especial. Dentre as listas, podemos destacar:
A1 – Lista das substâncias entorpecentes (sujeitas à notificação de Receita
"A" –amarela) e A2 – Lista das substâncias entorpecentes de uso permitido
somente em concentrações especiais (também sujeitas à notificação de
Receita "A" – amarela).
As inobservâncias quanto ao disposto na Portaria nº 344/1998 podem ser enquadradas na Lei nº
8.072/1990, que trata de crimes hediondos. Dessa forma, o profissional farmacêutico deve estar
atento a toda regulamentação que trata de medicamentos controlados pela referida portaria.
Crimes hediondos em saúde pública
Por volta dos anos 1990, observou-se uma onda de roubo de medicamentos, devido à grande
lucratividade e à facilidade para distribuição em farmácias. Outro fato também importante é que as
seguradoras pararam de fazer o seguro de cargas de medicamentos, ou isso era feito a preços
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altíssimos. Assim, as transportadoras e os laboratórios adotaram o rastreamento por satélite e a
escolta armada dos caminhões.
Essas medidas contribuíram para aumentar a dificuldade de contraventores em conseguir roubar as
cargas, e isso fez com que a falsificação de medicamentos fosse uma solução para seus intentos.
Não foram observados grandes problemas sanitários enquanto eram distribuídos apenas
medicamentos roubados, por ainda se observar certa eficácia. Todavia, o produto falsificado
começou a ser percebido pela sociedade por não ter eficácia.
Nesse período surgiram várias denúncias de falsificação de diversos medicamentos. Esses casos
deixaram a população alarmada devido à possibilidade de seu tratamento medicamentoso não
fazer efeito. Veja os casos a seguir:
Microvlar
Um caso bastante expressivo na época foi o do anticoncepcional Microvlar, da empresa Schering
do Brasil. O fabricante desenvolveu o medicamento sem o princípio ativo – pois era um lote para
testes – e este acabou sendo distribuído no mercado. Nesse caso não houve falsificação (o
medicamento foi produzido dentro da fábrica), mas o fato de não conter o princípio ativo causou
muito temor na população.
A dúvida que ficou circulando foi: como numa empresa respeitável pode ocorrer um caso como
este? A população começou a questionar o que poderia estar ocorrendo nas diversas empresas
de medicamentos no país.
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Androcur
Outro problema foi o do medicamento Androcur, indicado para o tratamento de câncer, que foi
falsificado e teve um placebo vendido em seu lugar. Este caso foi ainda mais problemático, uma
vez que provocou a morte de uma pessoa.
Quando a população soube da falsificação do medicamento, duas questões vieram à tona: uma
delas foi a ação de quadrilhas organizadas, com um aparato bastante complexo envolvendo
gráficas, indústrias de embalagens, além de indústrias farmacêuticas não idôneas; a outra foi a
percepção da deficiência do controle da vigilância sanitária sobre a cadeia produtiva e de
distribuição de medicamentos.
Em função de casos como esses, entre outros, foi que o direito sanitário brasileiro evoluiu. E assim
é que hoje a legislação sanitária brasileira é considerada bastante rigorosa, sendo algumas das
infrações consideradas como crimes dos mais graves no país.
Os aspectos dos crimes hediondos e o trá�co ilícito
de drogas na pro�ssão farmacêutica
Neste vídeo, o especialista Eduardo Corsino demonstra como o aluno pode reconhecer exemplos
da prática profissional cotidiana que podem incorrer em crimes hediondos ou tráfico ilícito de
entorpecentes. Vamos lá!

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Exemplo na vida prática 1
Sabe-se que comercializar produtos terapêuticos ou medicinaisfalsificados, corrompidos ou
adulterados é ilegal. Entretanto, pouquíssimas pessoas sabem que importar e comercializar um
shampoo anticaspa pode fazer com que a pessoa que realiza essa prática responda por crime
hediondo. Você deve entender que esse tipo de crime não é apenas para medicamentos, mas
para qualquer produto com indicação terapêutica, como, por exemplo, os de tratamento capilar.
Dessa forma, importar e/ou comercializar um shampoo anticaspa, um cosmecêutico, um
medicamento ou um equipamento ou material médico-hospitalar, sem registro na Anvisa, pode
ser considerado um dos crimes mais graves no Brasil.
Foi nesse contexto que, em 2009, em uma das maiores feiras de produtos hospitalares de São
Paulo, 20 pessoas foram detidas por exporem em seus estandes produtos importados sem
registro na Anvisa.
Exemplo na vida prática 2
Um caso grave envolvendo adulteração da fórmula de um medicamento, o Celobar, teria
provocado a morte de pelo menos 21 pessoas em 2003. Pelo que pôde ser apurado, o laboratório
produziu o contraste radiológico com carbonato de bário em vez de sulfato de bário. O diretor-
presidente do laboratório e o chefe da divisão química receberam penas de 20 e 22 anos de
prisão, respectivamente, devido à contaminação do medicamento.
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O sulfato de bário é um sal pouco absorvido pelo organismo humano, tornando-o relativamente
seguro em exames de imagem para ressaltar o tubo digestivo. Porém, foi constatada a presença
de carbonato de bário, que é altamente tóxico para mamíferos, sendo usado na fórmula de certos
raticidas.
Casos como esse, de adulteração da fórmula de um medicamento sem a aprovação de órgãos
sanitários, são considerados crimes hediondos no Brasil.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
MÓDULO 3
Vem que eu te explico!
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
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Questão 1
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Uma clínica de estética utiliza alguns produtos no tratamento para rejuvenescimento da pele. Por
não contar com um farmacêutico responsável pelo controle, armazenamento e dispensação desses
produtos, a clínica deixou alguns produtos vencerem, porém utilizou-os inadvertidamente em seus
clientes. Essa ação pode ser considerada crime hediondo?
A Não, pois prazo de validade vencido não configura crime hediondo.
B
Sim, pelo fato de a clínica ter medicamentos sem responsável-técnico
farmacêutico.
C Não, pois não ter farmacêutico não representa crime hediondo.
D
Sim, por entregar para consumo produto com redução de seu valor terapêutico ou
de sua atividade.
E Sim, pelo fato de a clínica ter medicamentos vencidos em seu estoque.
Parabéns! A alternativa D está correta.
A Lei nº 9.677/1998 configura como crime entregar para consumo um produto com a sua ação
reduzida – no caso, medicamentos vencidos – já que o prazo de validade é dado de acordo com a
degradação do produto, o que reduz sua eficácia.
Questão 2
Um profissional químico, por não poder atuar na produção de medicamentos, uma vez que essa é
uma atribuição privativa de farmacêuticos, resolve montar uma pequena fábrica em sua casa. Por
não ser legalizada, ele não conseguiria vender os medicamentos produzidos lá. Dessa forma,
resolve inserir em seus produtos rótulos de uma empresa legalizada no mercado brasileiro e passa
a vendê-los. Esse profissional cometeu crime hediondo por qual motivo?
A
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Considerações �nais
Você deu seus primeiros passos no campo da legislação que trata das penalidades sanitárias e das
responsabilidades civil e penal no âmbito da profissão farmacêutica. Agora já sabe quais aspectos
são abordados por essa legislação e que influenciam o cotidiano de trabalho de um profissional
farmacêutico.
Diversos profissionais trabalham cotidianamente com os conceitos que aqui foram tratados: crimes
contra a saúde pública, crimes hediondos, penalidades sanitárias, entre outros. Conhecendo os
aspectos da normatização imposta pelo Estado, os profissionais farmacêuticos poderão atuar de
A Por exercício ilegal de uma farmácia.
B Por falsificar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais.
C Por ter uma fábrica de medicamentos num endereço residencial.
D Por não ter a permissão de utilizar o rótulo de outra empresa.
E Por não ter habilitação para produzir os medicamentos.
Parabéns! A alternativa B está correta.
A Lei nº 9.677/1998 configura crime falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a
fins terapêuticos ou medicinais.

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forma a não transgredir essa legislação, colaborando também na observância ao cumprimento de
diversas dessas normas estabelecidas pela legislação brasileira.
Podcast
Neste podcast, o especialista irá demonstrar os principais tópicos das legislações federais sobre as
penalidades sanitárias, civil e penal na área farmacêutica. Vamos lá!

Referências
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Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública. Departamento de Serviços de Saúde,
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ZANCHIN, J. T.; OLIVEIRA, W. F. Políticas de drogas: uma revisão a partir dos marcos legais dos
anos 2000. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental, 2014.
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