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Licenciamentos Ambientais e os Estudos Prévios de Impacto Ambiental

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Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES
 Centro de Ciências Biológicas e da Saúde - CCBS
Curso de Ciências Biológicas Bacharelado
Licenciamentos Ambientais e os Estudos Prévios de Impacto Ambiental
Sabrina Medeiros Rodrigues
Shaiany Fantiny Rachel Cardoso
Tainá Mendes Cangussu
Thais Aparecida Souza Rodrigues
Montes Claros
Junho/2023
	A Lei n. 6.938 de 1981, prevê, junto à instituição da Política Nacional do Meio Ambiente, o licenciamento de atividades potencialmente poluidoras, atribuíndo, em seu 3º artigo, à poluição o significado de “degradação da qualidade ambiental que possa resultar em prejuízo”. Nesse sentido, encontra-se em consonancia com o artigo 225 da Constituição Federal que confere à coletividade o direito inalienável ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Entretanto, esta legislação tornou-se ponto de discordância e polêmica entre os órgãos ambientais componentes do Sisnama por não definir de forma inquestionável as competências comuns dos entes federados. Tornando-se comum o embargo de obras por um órgão que se achasse competente a isto após estas serem licenciadas por outro órgão ambiental.
	Ao tratar-se de licenciamento ambiental é importante definir alguns conceitos norteadores, os quais são tratados a seguir:
Impacto: Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população, as atividades sociais e econômicas, a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais.
Dano: Toda interferência antrópica infligida ao patrimônio ambiental capaz de desencadear perturbações desfavoráveis ao equilíbrio ecológico, à sadia qualidade de vida, ou quaisquer outros valores coletivos ou de pessoas.
Além disso, é necessário frisar a diferença entre licenciamento ambiental e licença administrativa através dos conceitos norteadores de permição, licença e autorização. A permissão refere-se ao ato administrativo negocial pelo qual o Poder Público faculta ao particular a execução de serviços de interesse coletivo nas condições estabelecidas pela Administração. Por outro lado, a licença é definida como o ato administrativo unilateral e vinculado pelo qual a Administração faculta àquele que preencha os requisitos legais o exercício de uma atividade, possuindo um caráter de definidade, havendo revogação apenas por interesse público ou por violação das normas legais, mediante indenização. E, por fim, a autorização faculta ao particular de desempenho de atividade material, ou a prática de ato que, sem esse consentimento, seriam legalmente proibidos, como exemplo o porte de armas.
O licenciamento ambiental, em contrapartida, deixa de ser um ato vinculado para ser um ato com discricionariedade sui generis, no sentido de há a dependencia da decisão de uma autoridade competente. Isto indica que um estudo de impacto ambiental pode mostrar que uma ação é desfavorável e indicar a autoridade competente para executar o licenciamento.
A resolução n. 237 de 1997 do CONAMA definie o licenciamento ambiental como “Procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso”. Além disso, define a licença como resultado do processo de licenciamento ambiental concedido ao particular.
Nesse sentido, o licenciamento ambiental se encontra em consonância com os princípios de prevenção e de equilíbrio, de forma que objetivo principal é conciliar o desenvolvimento econômico com a proteção ambiental, assegurando que projetos e atividades sejam realizados de forma sustentável. Dessa forma, ele busca evitar ou minimizar danos ao meio ambiente, prevenindo a degradação de recursos naturais, a poluição e outros impactos negativos.
Esta mesma resolução estabelece, em seu artigo 8º, os tipos de licenças expedidas pelo Poder público, sendo elas:
1. Licença Prévia (LP): é a primeira etapa do licenciamento e autoriza a viabilidade ambiental do empreendimento, estabelecendo as condições e os requisitos a serem cumpridos nas fases seguintes.
2. Licença de Instalação (LI): é concedida após a aprovação do projeto executivo e autoriza o início das obras e da instalação dos equipamentos.
3. Licença de Operação (LO): é a última etapa do licenciamento e permite o funcionamento regular do empreendimento, desde que estejam em conformidade com as exigências ambientais.
O processo de licenciamento ambiental geralmente envolve a análise de estudos e relatórios técnicos, nos quais são avaliados os possíveis impactos ambientais da atividade proposta. São considerados aspectos como a qualidade do ar, a disponibilidade e o consumo de água, a geração e a destinação adequada de resíduos sólidos, o uso de recursos naturais, entre outros. Além disso, o licenciamento ambiental pode contemplar a consulta pública, permitindo que a sociedade e as partes interessadas participem do processo, apresentando suas preocupações, sugestões e contribuições. Isso contribui para a transparência e a legitimidade das decisões tomadas.
Com a promulgação da Lei Complementar Federal nº 140/2011 foi regulamentada a competência comum entre os entes federativos (União, estado, Distrito Federal e municípios), e fixada normas de cooperação entre eles, reduzindo assim as superposições e conflitos de atuação, além de tornar o processo de licenciamento ambiental menos oneroso e burocrático, além de mais ágil. De acordo com o Art. 9º da Lei Complementar 140/2011 foi definido que caberia aos municípios o licenciamento de atividades e empreendimentos que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, bem como os localizados em unidades de conservação instituídas pelo município, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APA’s) e daquelas delegadas pelo Estado por instrumento legal ou convênio. As atribuições do IBAMA, determinadas pelo Art. 4º da Resolução do CONAMA nº 237/1997, fundamentada no conceito de significância e abrangência do impacto ambiental direto decorrente do empreendimento ou atividade, foram complementadas e acrescidas da competência de novas ações administrativas, conforme Art. 7º da Lei Complementar 140/2011.
A competência dos estados e do Distrito Federal no processo de licenciamento ambiental, além das ações administrativas descritas no Art. 8º, passaram a ter competência licenciatória residual. Ou seja, os processos de licenciamento ambiental que extrapolam a competência e habilitação municipal, mas não são cabíveis à União, são de responsabilidade dos órgãos ambientais estaduais e do Distrito Federal. Inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no município, o estado deve desempenhar as ações administrativas municipais até a sua criação. Por sua vez, na ausência de órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no estado e no município, a União deverá desempenhar as ações administrativas até a sua criação em um daqueles entes federativos.
De acordo com a Resolução CONAMA n.237/1997, as licenças de operação possuem o prazo de validade de no mínimo 4 anos e no máximo de 10 anos. A solicitação para renovação da Licença Ambiental deve ser realizada 120 dias antes da expiração do prazo da validade final. Para isso,o empreendimento precisa cumprir todas as condicionantes da licença anterior, apresentando a realização dos programas de controle e monitoramento ambiental.
Anuência Ambiental é imprescindível, assim como é pré-requisito para a renovação do alvará emitido pela Vigilância Sanitária municipal. O licenciamento ambiental é um importante instrumento de gestão da Política Nacional do Meio Ambiente.
Os empreendimentos licenciados terãoum prazo máximo de 2 anos, contados a partir da data da emissão da Licença Prévia, para solicitar a Licença de Instalação e o prazo máximo de 3 anos para iniciar a implantação de suas instalações, sob pena de caducidade das licenças concedidas.
De acordo com o artigo da Constituição Federal de 1988, art. 225, § 1º, IV. É imprescindível um estudo prévio do meio ambiente com proposta de mitigação, proteção e restauração do para o pretendido empreendimento ou atividade na área proposta. Dessa maneira, o CONAMA tem como responsabilidade fiscalizar e aceitar tais declarações, a fim de que ocorra os licenciamentos de maneira segura. Assim, o n. 1/86, torna obrigatória a elaboração do Estudo de Impacto Ambiental – EIA e respectivo Relatório de Impacto Ambiental – RIMA. O segundo representa uma síntese prática do EIA, com o intuito de ser acessível ao público, sem conceitos muito técnicos, porém com todas as informações do empreendimento e, por consequência, seu impacto no meio. O EIA é um relatório para atividades com impacto significativo no espaço natural, no entanto, existem outras categorias de relatórios para aquelas que não representam grandes impactos ao meio ambiente como, por exemplo, o Plano de Controle Ambiental – PCA com menos complexidade. Ademais, também há portaria 420/2011 (Portaria revogada em 19-7-2013 e substituída pela Portaria Interministerial 289/2013), dispondo sobre procedimentos a serem aplicados pelo IBAMA para a regularização e o licenciamento ambiental de rodovias federais; b) Portaria 421/2011, dispondo sobre o licenciamento e a regularização ambiental de sistemas de transmissão de energia elétrica; c) Portaria 422/2011, dispondo sobre o licenciamento de atividades e empreendimentos de exploração e produção de petróleo e gás natural noambiente marinho e em zona de transição terra-mar; d) Portaria Interministerial 423, de 26-10-2011 (Substituída pela Portaria Interministerial 288/2013 e parcialmente alterada pela Portaria Interministerial 364/2014), do Ministério do Meio Ambiente e do Ministério dos Transportes, instituindo o Programa de Rodovias Federais Ambientalmente Sustentáveis – PROFAS para a regularização ambiental das rodovias federais; e) Portaria 425/2011, instituindo o Programa Federal de Apoio à Regularização e Gestão Ambiental – PRGAP, de portos e terminais portuários marítimos. rodovias federais;e) Portaria 425/2011, instituindo o Programa
Federal de Apoio à Regularização e Gestão Ambiental – PRGAP, de portos e terminais portuários marítimos.os projetos executivos de minimização dos impactos ambientais avaliados na fase da Licença Prévia.
 
 Entre os princípios da Política Nacional do Meio Ambiente, estabelecida pela Lei n° 6.938/81, encontra-se o art. 2° a exigência da recuperação das áreas degradadas. No dia 10/04/1989 foi regulamentado o Decreto n° 97.632 que tornou obrigatória a apresentação do Plano de Recuperação de Área Degradada-PRAD, que é um plano com medidas que devem ser adotadas após a interrupção ou finalização de um empreendimento onde há a exploração de recursos minerais, visando o retorno do sítio degradado a condições ambientais favoráveis. Esse é um documento obrigatório e não pode ser substituído pelo IMA/RIMA, sendo entregue e analisado em conjunto com os estudos ambientais considerados para o licenciamento. 
Mesmo sendo obrigatório, a grande maioria dos empreendimentos após a finalização ou interrupção do empreendimento simplesmente abandona a área degradada e não cumpre com a recuperação estabelecida anteriormente. Por esse motivo, é obrigação do órgão ambiental que expediu o licenciamento exigir a recuperação da área e fiscalizar os empreendimentos.
Conforme as peculiaridades de alguns empreendimentos a serem licenciados, o órgão ambiental pode exigir estudos específicos para avaliar os riscos para o meio ambiente e para o homem. 
É de extrema importância se atentar a algumas singularidades do licenciamento ambiental. Sua expedição não está vinculada ao cumprimento das exigências normativas, ou seja, mesmo que todos os documentos sejam apresentados a autoridade pode indeferir a pretensão. Caso isso ocorra, é necessário a apresentação de uma justificativa, fundamentando-a com os elementos que levou o órgão a negar o licenciamento. 
O licenciamento ambiental é um processo, que em alguns casos, é composto por várias etapas não vinculadas entre si. O que significa que não há uma obrigatoriedade na emissão de uma licença após a emissão da licença anterior. 
 	A Resolução CONAMA n. 237/97, deixou claro a possibilidade da emissão de licença em etapas, mas é importante se atentar que a licença por etapas não é um fracionamento da licença, desse modo, somente atividades independentes podem ser licenciadas separadamente.
Por fim, algumas alternativas foram adotadas para garantir a recuperação de uma área degradada e evitar o abandono. Um município no Amazonas criou um fundo municipal para recuperação de área degradada. A norma em questão obriga os interessados em exploração a realizar um depósito prévio com o valor estimado no plano de repuperação. No Distrito Federal a medida adotada para a garantia de reabilitação ou recuperação da área foi mediante três modalidades – caução em dinheiro ou títulos da dívida pública, seguro-garantia ou fiança bancária. Mas conforme a gravidade dos danos ao meio ambiente, em vez da aplicação da multa prevista neste artigo, a autoridade ambiental deve optar, motivadamente, pela aplicação da pena do art. 66 do Decreto n. 6.514/08.
REFERÊNCIAS
TRENNEPOHL, T. Manual do Direito Ambiental. 8ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
RODRIGUES, M. A. Direito ambiental esquematizado. 5ª ed. São Paulo : Saraiva Educação, 2018.
BRASIL. Lei Nº 6.938, de 31 de Agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 1981.
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente, 1997. Resolução Nº 237, 19 de Dezembro de 1997. Ministério do Meio Ambiente, 1997.

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