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Litisconsórcio e Intervenção de terceiro - Direito Processual I - UFRJ

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Litisconsórcio
● É a pluralidade de sujeitos em um ou nos dois polos de uma relação jurídica processual;
● Está ligado à noção de economia e de celeridade processual;
● Quando é possível litigar no mesmo processo em conjunto? Art. 113 CPC
I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide;
II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir;
III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito.
● Existem diversas possibilidades e classificações de litisconsórcio; são elas:
➔ Quanto às partes:
a) Litisconsórcio ativo: dois ou mais autores. Pluralidade no polo ativo;
b) Litisconsórcio passivo: dois ou mais réus. Pluralidade no polo passivo;
c) Litisconsórcio misto: Pluralidade nos dois polos da relação processual.
➔ Quanto à obrigatoriedade de formação:
a) Litisconsórcio facultativo: é opcional haver o litisconsórcio;
b) Litisconsórcio necessário: é obrigatório haver o litisconsórcio, pois a lei exige ou a natureza
controvertida da relação jurídica de direito material impõe.
Obs! Didier traz a hipótese do litisconsórcio ser necessário quando as partes convencionam, por exemplo,
uma cláusula que obriga, em um contrato plurilateral, a participação de todos em eventual processo
judicial.
Obs! Modalidades especiais de litisconsórcio facultativo e cumulação de pedidos:
a) Litisconsórcio alternativo: é a possibilidade de cumulação alternativa de pedidos, de modo
que se formulem vários pedidos para que apenas um deles, qualquer deles, seja acolhido. é
possível fazer vários pedidos em que cada pedido seja dirigido a uma pessoa, mas somente
um deles possa ser atendido;
Obs! Cândido Dinamarco entende que pode existir litisconsórcio alternativo quando o autor possui dúvida
razoável sobre a identificação do sujeito legitimado passivamente. Nesse caso, é possível incluir dois ou
mais réus em sua demanda, com o pedido de que a sentença esteja endereçada a um ou outro conforme
venha a resultar da instrução do processo e da convicção do juiz > Ex: consignação em pagamento (art. 547
CPC) - quem devo pagar?
b) Litisconsórcio subsidiário/eventual: é a possibilidade de cumulação eventual de pedidos na
mesma ação, de modo que o segundo pedido somente possa ser examinado se o primeiro
não for acolhido;
c) Litisconsórcio sucessivo: é a possibilidade de cumulação sucessiva de pedidos na mesma
ação, de modo que o segundo pedido somente possa ser acolhido se o primeiro também o
for;
➔ Quanto ao momento de formação:
a) Litisconsórcio inicial: é, no geral, a regra. É o litisconsórcio formado no início do processo;
b) Litisconsórcio ulterior: exceção. Litisconsórcio formado no decorrer do processo.
Obs! São hipóteses de litisconsórcio ulterior:
1. Sucessão processual (art. 110 CPC): ocorre quando uma das partes do processo falece. Os
sucessores
2. Conexão de ações (arts. 55 e 58 CPC): o processo começa separado e as ações são reunidas
em somente um processo.
Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir.
§ 1º Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver
sido sentenciado.
§ 2º Aplica-se o disposto no caput :
I - à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico;
II - às execuções fundadas no mesmo título executivo.
§ 3º Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de prolação de
decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão entre
eles.
Art. 58. A reunião das ações propostas em separado far-se-á no juízo prevento, onde serão decididas
simultaneamente.
➔ Quanto à sentença:
a) Litisconsórcio simples: a sentença não é uniforme;
b) Litisconsórcio unitário (art. 116 CPC): a sentença deve ser igual para todas as partes.
Obs! E quando a sentença foi proferida e alguém deixou de ser incluído no litisconsórcio necessário?
➔ Se for litisconsórcio unitário a sentença não é válida para nenhuma das partes, a sentença é nula..
➔ Se for litisconsórcio simples, a sentença é válida somente para as partes presentes no processo.
Obs! E quando um dos autores não quer participar do processo?
➔ Para o STJ: não há como solucionar o conflito. (Recurso Especial nº 1.222.822/2014, j. → STJ
reconheceu o litisconsórcio ativo necessário entre mutuários divorciados). Segundo Freddie
Didier, a obrigatoriedade do litisconsórcio necessário ativo restringe-se aos casos de litisconsórcio
unitário. A única exceção prevista em lei no que tange a obrigatoriedade do litisconsórcio ativo
necessário é a ação de responsabilidade civil contra administrador de uma sociedade anônima. A
única forma de ajuizar este tipo de ação é a propositura por pelo menos cinco por cento do capital
social;
➔ Para parte da doutrina (Nelson Nery Jr. e Rosa Nery): é possível colocar o sujeito no polo passivo da
ação;
➔ Para Cândido Dinamarco: quando não houver expressa autorização legal para a atuação isolada de
um dos sujeitos da relação jurídica discutida, caberá ao magistrado, caso a caso, verificar se o
resultado que se espera do processo exige, ou não, a manifestação de vontade de todos os
beneficiários;
➔ Regime de tratamento dos litisconsortes | autonomia entre litisconsortes:
● Quando o litisconsórcio é simples cada litisconsorte pode ser tratado de forma distinta;
● Quando o litisconsórcio é unitário todos os litisconsortes devem ser tratados de forma uniforme;
● Para compreendermos como a conduta de um litisconsorte interfere no processo é preciso
entendermos que existe uma diferença entre condutas determinantes e condutas alternativas:
a) Condutas determinantes: é a conduta da parte que a leva a uma situação desfavorável. Ex:
confissão, revelia (o réu é comunicado do processo, mas não se defende), renúncia ao direito
sobre o qual se funda a demanda, etc;
b) Condutas alternativas: conduta da parte que não a prejudica, é realizada visando a melhora
da sua situação processual. Ex: recorrer, contestar, alegar, produzir prova, etc.
Art. 117. Os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes
distintos, exceto no litisconsórcio unitário, caso em que os atos e as omissões de um não prejudicarão
os outros, mas os poderão beneficiar.
● A conduta determinante de um litisconsorte não pode prejudicar o outro, qualquer que seja o
regime de litisconsórcio. No litisconsórcio unitário, a conduta determinante somente é eficaz nos
casos em que todos os litisconsortes consentem.
● No litisconsórcio simples, as condutas alternativas não são aproveitadas aos demais; exceções:
quando a prova produzida pode ser aproveitada pelo outro, se houver fato que se queira provar
comum a ambos ou quando a contestação apresentada por um litisconsorte elide as consequência
da revelia de outro litisconsorte;
● No litisconsórcio alternativo, as condutas alternativas tem o seu efeito estendido aos demais;
● Possibilidades:
Litisconsórcio necessário e
unitário
Litisconsórcio necessário e
simples
Litisconsórcio facultativo e
unitário
Litisconsórcio facultativo e
simples
Intervenção de terceiro
PARTE X TERCEIRO
Parte é aquele que é sujeito parcial do contraditório | Terceiro é aquele que nunca foi parte do processo ou
que deixou de ser emmomento anterior à pronúncia da decisão.
● O que é intervenção de terceiro? é um fato jurídico processual que ocorre quando o sujeito estranho
a determinado processo intervém de forma espontânea ou provocada;
● No geral, a intervenção de direito cabe no procedimento comum do processo de conhecimento.
Exceção: assistência, amicus curiae e o IDPJ cabem em execução;
● No CPC de 2015, as opções de intervenção são:
1. Assistência
2. Denúncia da lide
3. Chamamento ao processo
4. Incidente de desconsideração da personalidade jurídica
5. Amicus Curiae
Obs! Não é admitida intervenção de terceiro em procedimentos dos Juizados Especiais Cíveis. Há, porém, a
hipótese de permissão do IDPJ nos Juizados Especiais Cíveis;Obs! O CPC de 2015 revogou a hipótese de nomeação à autoria e transformou a oposição em procedimento
especial;
➔ Assistência (arts. 119 a 124)
● O terceiro tem interesse jurídico no sucesso de uma das partes; o interesse jurídico está relacionado
à potencialidade do provimento jurisdicional causar prejuízo juridicamente relevante ao direito
daquele que pretende intervir, não bastando o mero interesse econômico, moral ou corporativo;
● É intervenção de terceiro espontânea;
● Terceiro peticiona ao juiz, expondo o seu interesse jurídico > partes são intimadas a se manifestar >
a) Não havendo impugnação dentro de 15 dias > o pedido é deferido, se o magistrado
reconhecer a legitimidade do terceiro;
b) Havendo impugnação > o juiz decidirá o incidente, sem suspensão do processo.
● A assistência pode ser:
I. Simples: o assistente simples visa à vitória do assistido, tendo em vista o reflexo que a
decisão possa ter em relação jurídica existente entre eles; é a eficácia reflexa. O objeto
litigioso não lhe diz respeito diretamente. No processo não se discute relação jurídica da qual
faça parte esse terceiro, bem como não tem ele qualquer vínculo jurídico com o adversário
do assistido;
II. Litisconsorcial: o assistente não está subordinado ao assistido; o assistente poderia ter sido
parte no processo, pois existe uma relação jurídica entre ele e o adversário no processo. A
assistência litisconsorcial é hipótese de litisconsórcio unitário facultativo ulterior.
➔ Denunciação da lide
● Garante o direito de regresso (quem sofre o prejuízo tem direito de ser ressarcido) dentro de um
mesmo processo;
● Pode ser utilizada pelo autor ou pelo réu de um processo;
● É provocada;
● É uma demanda incidente (é um incidente que acrescenta ao processo já existente novo pedido),
regressiva (o denunciante visa ao ressarcimento pelo denunciado de eventuais prejuízos em razão
do processo pendente), eventual (somente há a análise da denunciação quando o denunciante
perder a ação regressiva) e antecipada (o denunciante se antecipa e, antes de sofrer qualquer
prejuízo e na hipótese de vir a sofrê-lo, propõe demanda em face de terceiro);
● Pode ser realizada em três casos:
a) Evicção: na evicção, isto é, quando o sujeito perde a propriedade de um bem em virtude de
uma sentença judicial, é possível requerer o direito de regresso dentro do mesmo processo
que determinou a perda da propriedade;
b) Previsão legal: a lei assegura o direito de regresso;
c) Previsão contratual: o contrato prevê o direito de regresso;
Obs! Não pode ser utilizada nas relações consumeristas;
Obs! Há o momento correto para realizar a denunciação da lide e ele varia conforme o sujeito:
I. Autor: na petição inicial. O denunciante requer que o denunciado assuma a posição de
litisconsorte. Após é que ocorre a citação do réu;
II. Réu: na contestação. Após o réu apresentar a contestação que ele irá citar o denunciado. Esse
denunciado pode ir contra o que o autor ou o réu está alegando;
➔ Chamamento ao processo
● Modalidade que só pode ser utilizada pelo réu do processo;
● O objetivo é a formação de um título executivo contra um co-obrigado;
➔ Incidente de desconsideração da personalidade jurídica
● Há hipóteses nas quais a personalidade jurídica da pessoa jurídica pode ser desconsiderada para
atingir o patrimônio da pessoa física que compõe a PJ;
● O CPC institui o procedimento para isso ocorrer;
● É necessário que tenha ocorrido desvio de finalidade da pessoa jurídica ou confusão patrimonial
entre PF e PJ;
● A desconsideração inversa é quando o sócio é o devedor da obrigação e, observada as hipóteses
acima, o objetivo é atingir o patrimônio da PF, deixando de lado o patrimônio da PJ;
➔ Amicus Curiae
● Auxilia o Juiz a proferir a decisão;
● Precisa comprovar o interesse institucional (o juiz que decide em cada caso; está ligado,
normalmente, a determinada classe ou categoria);
● É preciso que o processo aborde um tema relevante (direitos coletivos) ou muito específico (envolve
conceitos que o juiz não possui conhecimento);
● Pode ser determinada de ofício ou ser requerida;
● Não pode praticar atos processuais;

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