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Técnicas e Procedimentos em Primeiros Socorros Prof. Esp. Sandro Sorrilha Souza Reitor Prof. Ms. Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino Prof. Ms. Daniel de Lima Diretor Financeiro Prof. Eduardo Luiz Campano Santini Diretor Administrativo Prof. Ms. Renato Valença Correia Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Coord. de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONPEX Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza Coordenação Adjunta de Ensino Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo Coordenação Adjunta de Pesquisa Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Coordenação Adjunta de Extensão Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves Coordenador NEAD - Núcleo de Educação à Distância Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal Web Designer Thiago Azenha Revisão Textual Kauê Berto Projeto Gráfico, Design e Diagramação Carlos Eduardo Firmino de Oliveira 2021 by Editora Edufatecie Copyright do Texto C 2021 Os autores Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi- tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP S729t Souza, Sandro Sorrilha Técnicas e procedimentos em primeiros socorros / Sandro Sorrilha Souza. Paranavaí: EduFatecie, 2022. 80 p. : il. Color. 1. Primeiros socorros. 2. Lesões esportivas. I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título. CDD : 23 ed. 617.12027 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333 Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Cândido Bertier Fortes, 2178, Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rodovia BR - 376, KM 102, nº 1000 - Chácara Jaraguá , Paranavaí, PR (44) 3045-9898 www.unifatecie.edu.br/site As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site Shutterstock. AUTOR Professor Esp. Sandro Sorrilha Souza ● Graduação – Educação Física (2007) FAFIPA; ● Pós Graduado – Personal Trainer (2010) FAFIPA; ● Especialista – Urgência e Emergência (2020) FUNIP Graduado e pós graduado na antiga FAFIPA atual Universidade Estadual do Paraná - UNESPAR, o professor Sandro, foi docente na Faculdade do Noroeste do Paraná - FACINOR, entre 2012 e 2019. Possuí curso de Socorrista pelo Corpo de Bombeiros do estado do Paraná. Além de ter sido Instrutor da EGON Life, empresa que presta treinamentos e atendimentos de primeiros socorros. CURRICULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/5931844961099729 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Seja muito bem-vindo (a)! Prezado (a) aluno (a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, isso já é o início de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de agora. Proponho, junto com você construir nosso conhecimento sobre as Técnicas e Procedimentos em Primeiros Socorros, ações estas fundamentas para você futuro educador físico. Além abordar a importância teremos noções das funções do corpo humano e das principais técnicas e procedimentos utilizados nas ações de primeiros socorros. Na unidade I começaremos nossos estudos conhecendo os principais conceitos do que é primeiros socorros abordados diretamente para o educador físico. Esse momento é fundamental para sua trajetória durante a disciplina, pois será a base de todo o conhecimento. Além disso, vamos explorar aqui a importância da dos primeiros socorros na educação física e relembrar algumas noções sobre anatomia e fisiologia para melhor compreendermos os procedimentos a serem executados e o que virá nas próximas unidades. Já na unidade II vamos direcionar nossos conhecimentos sobre as ações de primeiros socorros propriamente ditos, desde a segurança, prevenção de acidentes e avaliação inicial da vítima, progredindo assim nas unidades seguintes. Chegado na unidade III avançamos para ação mais importante dentro dos primeiros socorros, a identificação de uma Parada Cardiorrespiratória e a realização da reanimação cardiopulmonar. Por fim, na unidade IV fecharemos a disciplina com os reconhecimentos e classificação dos principais traumas e ferimentos entre eles as entorses, típicos de atividades esportivas. Sob essa ótica, questões pertinentes aos primeiros socorros tornam-se relevantes, e trataremos durante os próximos capítulos afim de que, além de professores possamos ser importantes multiplicadores do conhecimento, entre nossos amigos e seus familiares, em situações de risco cotidianas, visando estar preparados para tomarmos as medidas necessárias em situações de risco, as quais necessitem dos conhecimentos de primeiros socorros. Bons estudos! SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 4 Primeiros Socorros na Educação Fisica UNIDADE II ................................................................................................... 20 Protocolo de Avaliação da Vítima UNIDADE III .................................................................................................. 40 PCR E RCP UNIDADE IV .................................................................................................. 58 Reconhecimento e Classificação das Lesões 4 Plano de Estudo: ● O que são os Primeiros Socorros; ● Diretrizes de Primeiros Socorros na Educação Física; ● Importância dos conhecimentos de Primeiros Socorros para o Professor de Educação Física; ● Noções das funções anatômicas e fisiológicas do corpo humano. Objetivos da Aprendizagem: ● Compreender o que são os Primeiros Socorros; ● Identificar a importância do Profissional de Educação Física na atuação dos Primeiros Socorros; ● Estabelecer a importância da anatomia e fisiologia para a atuação nas emergências. UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica Professor Esp. Sandro Sorrilha Souza 5UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica INTRODUÇÃO O profissional de Educação Física deve ter o conhecimento básico em primeiros socorros, por ser um cidadão que, pela natureza de seu próprio ofício, convive com atividades diárias entre a população e tem consequentemente maior probabilidade de presenciar situações de emergência e urgência. Devido suas habilidades e estudos na área de saúde, fica sujeito a proporcionar o suporte básico de vida nas ações de primeiros socorros. A discussão a respeito de Primeiros Socorros no ambiente escolar ou de outras práticas esportivas é prescindível, já que com esse conhecimento pode-se minimizar os danos em caso de acidentes assim como o desconhecimento pode até mesmo acarretar danos ainda maiores. Na escola, jogos ou competições que provém diversão, é comum acontecer pequenos acidentes, e nesse sentido deveria ser uma prioridade que os professores tivessem um conhecimento básico de como proceder em casos de socorros de urgência. Sabe-se ainda, que dentro do ambiente escolar, principalmente nas aulas práticas de Educação Física, devido a dinâmica da mesma, em que os alunos realizam atividades físicas e esportivas, é comum ocorrer situações nas quais o professor deve prestar o primeiro atendimento, sejam elas derivadas de quedas, lesões esportivas, traumas, mal súbito, entre outras. Devido a abrangência das práticas esportivas, e a necessidade do conhecimento prévio dos profissionais de Educação Física em atuar nas situações de emergências, abordaremos nesta unidade a importância dos Primeiros Socorros na Educação Física e a necessidade de noçõesanatômicas e fisiológicas para as ações futuras em procedimentos 6UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica 1. O QUE SÃO OS PRIMEIROS SOCORROS Podemos definir primeiros socorros como sendo os cuidados iniciais que devem ser prestados rapidamente a uma pessoa, vítima de acidentes ou de mal súbito, cujo seu atual estado físico/clínico coloque em perigo a sua vida; com o fim de manter as funções vitais e evitar o agravamento de suas condições, aplicando técnicas e procedimentos até a chegada do socorro tecnicamente qualificado (BRASIL, 2003). Destaca-se que o Socorrista é a pessoa que, após capacitação, está habilitada a prestar os primeiros socorros utilizando os conhecimentos. Entretanto, normalmente, o Prestador de Socorro é o sujeito que presta o primeiro atendimento à vítima até a chegada da assistência médica especializada (CREF 7, 2006). Sendo assim, qualquer pessoa treinada pode prestar os Primeiros Socorros, comportando-se com serenidade, agindo com calma, agilidade, compreensão e confiança, pois manter a calma e o próprio controle emocional seu e de outras pessoas envolvidas é extremamente importante. Ações eficazes valem mais que as palavras, portanto, muitas vezes o ato de informar ao acidentado sobre seu estado, sua evolução ou mesmo sobre a situação em que se encontra deve ser avaliado com parcimônia para não causar ansiedade ou medo desnecessário. O tom de voz tranquilo e confortante dá à vítima da sensação de confiança na pessoa que o está socorrendo. 7UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica SAIBA MAIS Pode se dizer que, as primeiras ações envolvendo primeiros socorros foram registras em 1859, quando Dumant, um administrador em viagem de negócios, chegou a uma região da Itália (Solferino) que estava em guerra com a Áustria. Lá ele observou que a todo o momento, chegavam homens, muitos feridos vindos do campo de batalhar e sem assistência médica sem distinção de nacionalidade. Então Dumant mobilizou a comunidade local para atender os feridos. Surgi aí a Cruz Vermelha, uma organização internacional que visa prestar assistência médica ao redor do mundo de forma imparcial. Fonte: MARSHAL e BOTH, 2013. Primeiros Socorros são ainda definidos como os procedimentos de emergência que devem ser aplicados a uma pessoa em perigo de vida, visando manter os sinais vitais e evitando o agravamento, até que ela receba assistência de equipe especializada ou via definitiva intra-hospitalar. De acordo com o PHTLS (2019), ao socorrista cabe: • Realizar a avaliação primária, verificando a possibilidade de grandes hemorragias, as condições de vias aéreas, respiração, circulação e nível de consciência, e ainda decidir sobre a necessidade de convocar o Serviço de Atendimento Pré-hospitalar quando for o caso; • Levantar informações do paciente e da cena do acidente e observar sinais diagnósticos: respiração, pulso, cor da pele, nível de consciência, habilidade de se movimentar; • Manter vias aéreas pérvias; • Realizar manobras de reanimação pulmonar e cardiorrespiratória, caso necessário; • Conter hemorragias externas evidente, por pressão direta, elevação do membro ou uso de torniquete; • Remover para local seguro o traumatizado, com proteção da coluna cervical, quando e somente quando a posição da vítima impedir manobras de indispensáveis no local; caso haja risco real de incêndio, explosão ou desabamento; onde não houver serviço de atendimento pré-hospitalar. O trauma causa muitas mortes e sequelas que poderiam ser evitadas, e através da prevenção, atendimento de emergência, atendimento pré-hospitalar e atendimento hospitalar. 8UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica 2. DIRETRIZES DE PRIMEIROS SOCORROS NA EDUCAÇÃO FÍSICA As Diretrizes são recursos básicos para que os projetistas de programas de primeiros socorros desenvolvam seus materiais de primeiros socorros, como manuais, programas, cursos, produtos digitais e informações públicas. Através disso e a ocorrência de um fato curioso, surgiu a Lei Lucas (13.722/18). Ela obriga as escolas, públicas e privadas, de educação infantil e básica, a se prepararem para atendimentos de primeiros socorros. O objetivo é garantir que todos saibam agir nos primeiros socorros até que a assistência médica especializada chegue ao local. E é claro que dentre os professores das escolas, o teoricamente mais preparado pelo senso comum é sim o professor de Educação Física, pois este em sua formação estuda aspectos fisiológicos e anatômicos do corpo humano, além de ter uma carga psicológica e emocional mais tangível com o atendimento de uma vítima devido a sua exposição e trabalho corporal. É importante ainda ressaltar que o código Penal Brasileiro no decreto-lei Nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 em seu artigo de número 135 que: É obrigação todo cidadão a prestar os Primeiro Socorro (P. S) a todo e qual- quer indivíduo vítima de acidentes ou de males súbitos. Prevendo ainda pena para aquele que se omitir a prestação destes. Dessa forma os professores de E.F. subjugam possuir a obrigação de prestar os procedimentos de P.S. como qualquer outro cidadão, carregando consigo o compromisso maior por estar sempre à frente de um grupo ou numa posição a qual o coloca no encargo destes conhecimentos (BRASIL, 1940, Art. 135). Ademais, os Parâmetros Curriculares Nacionais da Educação (PCNs), a Saúde é vista como fator de promoção e proteção, além de uma estratégia para a conquista dos direitos de cidadania. 9UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica Já as responsabilidades com os alunos e beneficiários das atividades físicas perpassam os direitos constitucionais, civis, penais e, sobretudo, a ética profissional. Sendo assim, é de suma importância que os Profissionais de Educação Física estejam treinados, atualizados e preparados para os acidentes e fatalidades que venham a acontecer em seu trabalho e criem uma rotina de atendimento de socorros de urgência que envolva toda a equipe de trabalho (CONFEF, 2008). O contexto que surgiu tal preocupação foi quando Lucas, com apenas 10 anos, perdeu a vida em uma excursão da escola que frequentava, em Campinas. Segundo a matéria de Aline Dini publicada na revista digital Crescer (2018) do site globo, o motivo da asfixia foi considerado do tipo mecânica que ocorreu em questão de minutos, um engasgamento com um pedaço de salsicha do cachorro quente que serviram no lanche. Mas o aluno não recebeu os primeiros socorros de forma rápida e adequada. A matéria diz ainda que Lucas chegou a ser transferido em uma UTI móvel para o hospital, mas acabou falecendo. Durante todo o atendimento, ele sofreu aproximadamente sete paradas cardíacas em 50 minutos de tentativas de ressuscitação. Há suposições que, além das tentativas de desobstrução de vias aéreas, se houvesse tentativas de reanimá-lo antes da chegada da UTI móvel, talvez ele estivesse vivo - o tempo nesses casos é um dos mais importantes fatores para a sobrevivência do paciente, pois os primeiros minutos são decisivos. Nesse sentido, podemos observar as diretrizes da American Heart Association - AHA (2020) para ressuscitação cardiopulmonar (RCP) e atendimento cardiovascular de emergência (ACE) são uma revisão abrangente das diretrizes da AHA para os tópicos de ciência da educação em ressuscitação pediátrica, neonatal e para adultos e sistemas de tratamento. Essas diretrizes foram desenvolvidas para que profissionais e instrutores possam se concentrar na ciência e nas recomendações das diretrizes de reanimação que são controversas, ou naquelas que resultarão em mudanças no treinamento e na prática de reanimação, e para fornecer justificativas para as recomendações. Para CONFEF (2008), ao realizar o Atendimento Pré-hospitalar (APH), mais conhecido como: primeiros socorros, o Profissional de Educação Física deve, antes de tudo, atentar para a sua própria segurança. Os equipamentos de proteçãoindividuais: Luvas de procedimento, válvula de RCP, óculos de proteção e outros, são indispensáveis. O impulso de ajudar às outras pessoas não justifica a tomada de atitudes inconsequentes, que acabem transformando-o em mais uma vítima. É necessário na escola ter um kit de Primeiros Socorros com materiais necessários aos atendimentos de acordo com as modalidades praticadas e os riscos de lesões. 10UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica O primeiro socorro prestado de forma eficaz ao acidentado possibilita evitar o agravamento das lesões, boa recuperação e o retorno saudável e precoce as atividades diárias e esportivas, ponto extremamente importante ao aluno/atleta. As instituições de ensino superior devem preocupar-se com a qualidade do ensino, pois elas devem proporcionar aos futuros docentes uma preparação mais condizente com as necessidades atuais através deles surgirão novas propostas pedagógicas que contribuirão no desenvolvimento educacional. Nesse sentido, os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (1997) propõem que a saúde e os primeiros socorros sejam trabalhados de forma consciente, por meio da mediação do professor para a construção correta de procedimentos e conceitos. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997), o conhecimento e utilização de medidas de Primeiros Socorros são objetos de formação acadêmica ao longo da educação física. Assim, o ideal é o professor se preparar para obter conhecimentos sobre primeiros socorros e não busque atuar pelo método da tentativa e erro, ou seja, aprender quando for solicitado pela situação emergencial. 11UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica 3. IMPORTÂNCIA DOS CONHECIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS PARA O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA Acidentes podem ocorrer em qualquer lugar e a qualquer momento. Trata-se de situações nas quais se pratica atividade física em academias, nos parques e, principalmente, na escola, em que o risco de acidentes aumenta ainda mais. Em uma situação de emergência, os primeiros socorros não substituem o médico ou o serviço médico de urgência. Na verdade, um dos principais fundamentos dos primeiros socorros é a obtenção de assistência médica em todos os casos de lesão grave. Neste caso, os primeiros socorros são procedimentos básicos de urgência e emergência que devem ser aplicados a uma pessoa em situação de risco de vida, procurando preservar os sinais vitais e impedir o agravamento da vítima, até que essa receba assistência adequada. Sendo assim, o indivíduo que primeiro aborda a vítima e inicia o atendimento, geralmente é aquele que presenciou ou chegou instantes após o ocorrido. Este socorrista necessita manter a calma para agir sem pânico, procedendo de forma rápida e precisa, atento a outras condições que não coloquem em risco a vítima. Os primeiros socorros incluem o reconhecimento das condições que colocam a vida em risco e tomar as atitudes necessárias para manter a vítima viva e na melhor condição possível até que se obtenha atendimento médico (BRASIL, 2003). 12UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica Entre os principais aspectos importantes nos primeiros socorros, destacam-se a percepção sobre a dimensão e gravidade do acontecimento, solicitar auxílio de outra pessoa mais próxima e capacitada, comunicar entidades públicas competentes (órgãos de saúde – SAMU / 192, Corpo de Bombeiro / 193 e, se for o caso, a Polícia / 190), transmitir tranquilidade e confiança aos envolvidos em estado consciente, improviso e agilidade empregada aos conhecimentos básicos de primeiros socorros. Assim, um atendimento de emergência mal feito pode comprometer ainda mais a saúde da vítima. Pode-se dizer que todos os seres humanos são possuidores de um forte espírito de solidariedade e é este sentimento que os impulsiona a tentar ajudar as pessoas em dificuldades. E, nestes trágicos momentos após os acidentes, muitas vezes entre a vida e a morte, as vítimas são totalmente dependentes do auxílio de terceiros. Acontece que somente o espírito de solidariedade não basta. Para que se possa prestar um socorro de emergência correto e eficiente, é necessário que se dominem as técnicas de primeiros socorros. Desta forma, estas noções de primeiros socorros devem ser dadas, preferencialmente, por profissionais da área de saúde. REFLITA É importante que o profissional de Educação Física tenha o conhecimento básico em primeiros socorros. Por ser um cidadão que, pela natureza de seu ofício, convive com a diversas faixas etárias orientando e acompanhando as atividades físicas e esportivas diariamente da população que está inserido, e tem, consequentemente, maior probabilidade de presenciar situações de urgência e emergência, e delas participar. Tal fato justifica a necessidade de possuir a habilidade de proporcionar suporte básico de vida sem a necessidade de materiais e equipamentos especializados inicialmente. Incluímos neste grupo os demais agentes e profissionais da área da saúde. Fonte: O autor (2021). O desenvolvimento de atividades físicas, seja em ambiente privado ou público, pode oferecer riscos de acidentes ou lesões traumáticas, muitas vezes inesperados, sendo assim, os profissionais que atuam no desenvolvimento nas práticas corporais, em especial os profissionais de Educação Física, devem ter conhecimentos dos princípios básicos em primeiros socorros para prestar o primeiro atendimento, na maioria das vezes importantíssimo na redução da gravidade, auxilio a vítima e preservação da vida. 13UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica 4. NOÇÕES DAS FUNÇÕES ANATÔMICAS E FISIOLÓGICAS DO CORPO HUMANO Definições Anatomia é a ciência que estuda a forma e estrutura do corpo humano. REFLITA O conhecimento da anatomia e fisiologia do corpo humano é fundamental para a aplicação correta das técnicas de primeiros socorros, já que é necessário um bom entendimento o funcionamento do corpo uma para avaliar a real necessidade da vítima. Fonte: (PHTLS, 2019). Fisiologia é a ciência que estuda o funcionamento das diferentes partes do corpo humano. 4.1 Posições de estudo Ao estudar o corpo humano, o mesmo deve ser considerado na posição ereta, de frente para o observador, membros superiores ao longo do corpo e as palmas das mãos voltadas para frente. 14UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica FIGURA 1 - POSIÇÃO ANATÔMICA: DIVISÃO DO CORPO HUMANO. O corpo humano é dividido em cabeça, tronco e membros. • A cabeça é dividida em crânio e face. Uma linha imaginaria passando pelo topo das orelhas e pelos olhos separam as duas regiões. O tronco se divide em pescoço, tórax, abdômen e pelve. • O pescoço é sustentado pela coluna cervical e o tórax pela caixa torácica (coluna vertebral posteriormente e costelas anterior e lateralmente). • O tórax está separado do abdômen pelo músculo diafragma. • A pelve corresponde à porção inferior do abdômen. • O corpo humano possui um par de membros superiores divididos em ombro, braço, antebraço e mão e outro de membros inferiores que se dividem em quadril, coxa, perna e pé. SAIBA MAIS Todas as imobilizações e procedimentos utilizados nos primeiros socorros são adotados a partir da posição anatômica baseada: face voltada para frente (olhar para o horizonte), membros superiores estendidos ao lado do tronco com as palmas das mãos voltadas para frente, assim como os membros inferiores unidos e com as pontas dos dedos voltados para frente. Fonte: (SIATE, 2004). 15UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica 4.2 Aparelhos e sistemas O aparelho circulatório (cardiovascular) é o responsável pela circulação do sangue através de todo o organismo. Constituído por coração, vasos sanguíneos e sangue. A função do sistema circulatório é distribuir sangue a todas as partes do corpo, de forma que o O2 (oxigênio) chegue as células dos tecidos por difusão. Em contraste, o fluxo sanguíneoadequado também garante a retirada do CO2 (gás carbônico) que, quando acumulado, passam a ser tóxico para a célula diminuindo o ph sanguíneo, causando a acidose celular. Associado ao sistema cárdico vascular está o sistema respiratório, onde ocorres as trocas gasosas, hematose. A hematose ocorre nos alvéolos pulmonares, por difusão, e os gazes são transportados através dos vãos sanguíneos para todo o corpo. ● Os vasos sanguíneos são constituídos por artérias, veias e capilares. ● O Sangue é composto por uma parte líquida (plasma) e por outra de elementos celulares (hemácias, leucócitos e plaquetas). ● O volume de sangue de um adulto corresponde a 7 a 8% do peso corporal. Assim, uma pessoa de 70Kg tem cerca de 5 litros de sangue. FIGURA 2 – SISTEMA CIRCULATÓRIO 16UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica Já o aparelho respiratório é composto por: ● Vias aéreas superiores: boca, nariz, faringe e laringe. ● Vias aéreas inferiores: traqueia, brônquios, pulmões e alvéolos. Contendo ainda o diafragma, musculo responsável pela expansão e retração dos pulmões. FIGURA 3 – SISTEMA RESPIRATÓRIO O sistema nervoso é considerado o sistema mais importante do corpo humano, pois, comanda todas as outras funções do nosso organismo, sejam elas de voluntárias ou involuntárias. É o centro de inteligência que controla todas as funções do corpo humano. Como parte do sistema nervoso, a medula espinhal é considerada a ligação entre o encéfalo e o restante do corpo, abaixo do pescoço, em que possuem as terminações nervosas do sistema nervoso periférico. Estes nervos estão organizados em pares e passam entre as vértebras. De acordo com o PHTLS (2019) em qualquer acidente, grave ou não, a vítima pode apresentar lesões na medula espinhal (total ou parcial) ou simplesmente do esqueleto ósseo. Entende-se como lesão total da medula espinhal sua completa secção, sendo perdida a ligação com o encéfalo, e diz-se parcial quando parte da medula foi atingida. Suas funções são: regular e integrar o funcionamento dos diferentes órgãos; captar os estímulos do meio ambiente; ser sede das emoções. 17UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica FIGURA 4 – SISTEMA NERVOSO Já o aparelho locomotor é responsável por manter o formato, a postura e os movimentos do corpo humano conforme a anatomia humana. Ele é constituído de ossos, músculos e articulações. FIGURA 5 - REPRESENTAÇÃO MUSCULOESQUELÉTICA 18UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade apresentamos os conceitos sobre o que vem a ser primeiros socorros, sua importância para o Educador Físico, bem como as diretrizes e a legislação dos principais órgãos que norteiam a educação e a educação física em geral, além de um breve apontamento sobre as noções de anatomia e fisiologia, importantes para entender os segmentos do corpo, a posição anatômica e a funcionalidade dos principais órgãos. Ao longo desta disciplina, você entrará em contato com outros aspectos relevantes para o atendimento pré-hospitalar. Agora que você já sabe entende o que são os primeiros socorros e sua importância no campo da educação física, abordaremos mais a fundo as técnicas e procedimentos para a prestação dos socorros de urgência e emergência. Como leitura complementar, sugiro um livro que é resultado de um estudo do instituto Fio Cruz, um do órgão/instituições que abordaram essa temática e difundiram em âmbito nacional. Nesse material você encontrará um histórico sobre os primeiros socorros baseados na Cruz Vermelha e algumas abordagens e técnicas que utilizaremos nas próximas unidades. Neste sentido, antes de avançar para a próxima unidade convido você a ler sobre o assunto afim de se familiarizar com aspectos mais técnicos do ambiente pré-hospitalar. 19UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Manual de Primeiros Socorros Autor: Telma Abdalla de Oliveira Cardoso. Editora: NUBIO – Núcleo de Biossegurança. Sinopse: O livro traz um passo a passo sobre as técnicas e procedimento adotados em diferentes situações de emergência. FILME Título: Os Capacetes Brancos Ano: 2016. Sinopse: Um grupo de voluntários, mais conhecidos pelo codino- me de “Capacetes Brancos”, se mobiliza diariamente para prestar os primeiros socorros às vítimas de ataques aéreos na Síria. A equipe improvisada é composta por enfermeiros e civis que se arriscam entre escombros buscando por sobreviventes sírios e, independentemente do horário ou do local atingido, são sempre os primeiros a chegar. 20 Plano de Estudo: ● Segurança do Local; ● Protocolo XABCDE; ● Acionamento do suporte especializado; ● Desobstrução de vias aéreas. Objetivos da Aprendizagem: ● Compreender a importância de estabelecer um local seguro antes do atendimento inicial; ● Conhecer a sequência de avaliação primária diante do protocolo XABCDE; ● Saber distinguir a quem solicitar ajuda especializada; ● Identificar uma vítima como obstrução de vias aéreas e realizar manobras de desobstrução. UNIDADE II Protocolo de Avaliação da Vítima Professor Esp. Sandro Sorrilha Souza 21UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica 21UNIDADE II Protocolo de Avaliação da Vítima INTRODUÇÃO Olá, tudo bem? Nesta unidade iniciaremos a aplicação das técnicas e procedimentos propriamente ditos sobre primeiros socorros. O intuito é começar a prepará-lo para atuar em uma situação de emergência que possa vir a se defrontar. Após compreender sobre a importância dos conhecimentos de primeiros socorros para o profissional de educação física na unidade anterior, vamos iniciar o atendimento a vítima, desde a fase de reconhecimento e segurança do local, forma de abordagem e progredindo passo a passo dentro da avaliação primária, no protocolo conhecido como XABCDE. Preste muita atenção na sequência pedagógica (XABCDE) que utilizaremos para progredir esta unidade, pois será a base para todo procedimento envolvendo primeiros socorros; e terá continuidade na unidade seguinte. Feito isso você terá a base fundamental para uma avaliação primária bem-sucedida, diagnosticando a gravidade da situação e as reais necessidades da vítima em questão. Desejo a você um excelente estudo! . 22UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica 22UNIDADE II Protocolo de Avaliação da Vítima 1. SEGURANÇA DO LOCAL 1.1 Pré-atendimento Antes de mais nada é importante destacar que estabelecer a segurança da cena que envolve o acidente é obrigação da pessoa que atende a vítima. É fundamental identificar o que houve, mensurar os riscos, imaginar as possíveis lesões baseadas na física do trauma e qual o mecanismo de lesão envolvido, colher as informações e acionar órgão de segurança caso necessário, para só então abordar a vítima e iniciar a avaliação e prestar os primeiros socorros. 1.2 Analise do acidente e estabelecimento da segurança do local O primeiro a chegar no local afim de prestar o socorro deve examinar a cena da ocorrência e colher o maior número possível de informações, com familiares ou espectadores, sobre a física do trauma que produziu a lesão. Posteriormente, essas informações devem ser repassar para a equipe de atendimento pré-hospitalar ou para o médico que recebe a vítima no hospital. Simultaneamente a isso, deve-se identificar os riscos e estabelecer a devida segurança do local. Como exemplo podemos citar os acidentes automobilísticos onde a segurança deve ser feita com isolamento do local e sinalização com uso de cones ou triângulo de sinalização. Mas outras situações podem ser exemplificadas, como risco de choque eminente, piso escorregadio, pessoas agressivas envolvidas na situação entre outras. As medidas de segurança do local para esses exemplos deveriam ser respectivamente, isolamento da área e desligar a rede elétrica ou chamar companhia elétrica local para estabelecer a segurança, identificar o piso ou alertar a outras pessoas envolvidassobre as condições do local, e nos casso de agressões chamar órgão competente, polícia militar, para resguarda os demais na cena. 23UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica 23UNIDADE II Protocolo de Avaliação da Vítima FIGURA 1 – EXEMPLO DE SEGURANÇA DO LOCAL Analisar a física do trauma, corresponde a identificar o que houve, que tipo de mecanismo causou as lesões, supondo as possíveis lesões que as vítimas possam ter e estimar a gravidade dessas lesões. Embora existam vários mecanismos de lesão (queimaduras, afogamento, inalações tóxicas etc.), os mais comuns dentro das atividades físicas relacionam-se ao movimento, sendo: as entorses devido ao deslocamento e mudança de direção, contato ou choque contra outra pessoa, nos esportes coletivos, e as quedas que podem ser variáveis. REFLITA Antes de iniciar qualquer atendimento de emergência a vítima de um acidente, garanta condições de segurança para você, para a vítima e os demais presentes à cena. Lembre-se do velho jargão: “NÃO SE TORNE MAIS UMA VÍTIMA” Sinalize, acione serviços de apoio necessários, isole a área de risco, e somente após garantir segurança você se aproxima da vítima para iniciar o atendimento. Fonte: SIATE (2004). O Corpo de Bombeiros do Paraná, órgão de grande prestigio social e referência no atendimento ao trauma, enfatiza que antes de iniciar o atendimento propriamente dito, a equipe que irá prestar o socorro deve garantir sua própria condição de segurança, a das vítimas e a dos demais presentes no local do acidente. 24UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica 24UNIDADE II Protocolo de Avaliação da Vítima De nenhuma forma qualquer membro da equipe deve se expor a um risco com chance de se transformar em vítima (SIATE, 2004). Para o Instituto Fio Cruz a primeira etapa na prestação de primeiros socorros baseia-se em chegar local do incidente, e assumir o controle da situação, estabelecendo rapidamente a segurança do local. Paralelamente deve-se tentar obter o máximo de informações possíveis sobre o fato ocorrido. É importante também: evitar o pânico e procurar a colaboração de outras pessoas, dando ordens breves, claras, objetivas e precisas; seja ágil e decidido, observando rapidamente se existe algum perigo para a vítima do acidente, para você ou para quem estiver prestando o socorro; além de manter afastados os curiosos, ou as pessoas que tenham perdido o autocontrole, afim de evitar confusões e ter espaço, possibilitando trabalhar da melhor maneira possível (BRASIL, 2003). 1.3 Analise do risco e uso de EPIs Vale destacar ainda que, caso a segurança do local não seja possível imediatamente e o local ofereça riscos para os envolvidos; nessas situações os pacientes em situação de risco devem ser transferidos para uma área segura antes de iniciar a avaliação e o atendimento. Mas a preocupação quanto à segurança não é baseada apenas quanto ao local. Há preocupações quanto aos riscos de contaminação por fluidos corporais. Nestes casos, é recomendado que o profissional de educação física tenha sempre no ambiente de trabalho um quite de primeiros socorros com luvas, máscara e até óculos de proteção individual. Desta forma, a segurança do agente que irá prestar os primeiros socorros está estabelecida contra sangue, fluidos corporais e aerossóis. Esses equipamentos de proteção individual (EPIs) reduzem o risco de contaminação por contato. FIGURA 2 – KIT DE PRIMEIROS SOCORROS COM MATÉRIAS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL 25UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica 25UNIDADE II Protocolo de Avaliação da Vítima 1.4 Prevenção Estudante e Educadores físicos, nós que trabalham na comunidade com atividades que são expostas ao risco de acidentes, lesões ou traumas em geral temos a obrigação presar pela prevenção de acidentes e lesões, não apenas saber sobre primeiros socorros e tratar as lesões depois que eles ocorrem. Segundo o PHTLS (2019) a prevenção tem sido bem-sucedida nos países desenvolvidos, embora ainda tenha um longo caminho a percorrer nos países em desenvolvimento, onde infraestruturas mal desenvolvidas apresentam uma barreira aos esforços de educação e prevenção. A preparação inclui uma educação adequada e abrangente, com informações atualizadas, para fornecer cuidados de saúde mais atuais para professores e profissionais da área, além de visar uma posição crítica pessoal, alertando a estamos atentos a todos os riscos que envolva nossas atividades e assim, amenizá-los ou definitivamente evitá-los através de uma conduta preventiva. Observe na imagem abaixo, como exemplo, que uma sinalização adequada com um simples aviso pode ser uma medida preventiva, reduzindo os riscos e assim estabelecendo um local seguro. FIGURA 3 – PREVENÇÃO QUANTO A PISO ESCORREGADIO 26UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica 26UNIDADE II Protocolo de Avaliação da Vítima 2. PROTOCOLO XABCDE 2.1 Avaliação primária Após estabelecido a segurança do local, analisando as possíveis lesões e levantando as informações possíveis, é feito a avaliação primária. A avaliação é feita sem mobilizar a vítima de sua posição inicial, salvo condições especiais, como risco de explosão, incêndio, afogamento, desabamento. O objetivo da avaliação primária é identificar situações que ameaçam a vida e utilizar técnicas e procedimentos que possam revertê-la imediatamente. 2.2 Abordagem Primeiramente você deve se aproximar da vítima, sempre dentro do campo de visão da mesma, para que ela não se assuste, ou na tentativa de visualizar quem está a ajudando, movimente a cabeça e venha agravar alguma lesão cervical. Em seguida, mantendo uma das mãos sobre a cabeça da vítima, perguntar como ela está, ao mesmo tempo que imobilizar a cabeça da vítima, determine se ela está responsiva (consciente) ou não. Perguntas básicas como: Qual o seu nome? Idade? Sente dor em algum lugar? Tentou se movimentar? São eficazes para identificar se a vítima está responsiva e levantar informações sobre as possíveis lesões. Neste momento, tente tranquilizá-la e inicia o “protocolo XABCDE “. 27UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica 27UNIDADE II Protocolo de Avaliação da Vítima 2.3 XABCDE O XABCDE é um termo técnico tradicional usado para lembrar os passos na avaliação primária. É considerado uma sequência de avaliação sistemática das funções vitais em avaliação. Ele serve para identificar em ordem decrescente o risco de vida, ou seja, avalia-se primeiro o passo que estatisticamente fisiologicamente tem maior probabilidade de levar a vítima a óbito, segue-se assim, passo a passo sucessivamente após verificar o passo atual e constar normalidade ou resolve-lo, caso tenha alguma alteração. Porém, os aspectos da avaliação podem ser realizados simultaneamente e devem ser iniciados pelo passo X se houver sangramento massivo ainda mantendo a vítima na posição em que ela se encontra. SAIBA MAIS X = Verificar e conter a existência de algum sangramento exsanguinante; A = Avaliar e posicionar as via aérea juntamente com o controle cervical; B = Verificar se há boa respiração; C = Verificar a presença de circulação, D = Avaliar o estado neurológico; E = Expor, imobilizar e realizar controle de temperatura. Só se avança para o passo seguinte após completar o anterior. Fonte: (PHTLS, 2019). 2.4 “X” – Controle de Hemorragias exsanguinante A hemorragia é a principal causa de morte nas vítimas de trauma, embora possa ser plenamente avaliada e tratada segundo o PHTLS (2019). Nessa fase da avaliação, é necessário o controle os pontos de sangramento externo evidentes, mediante compressão direta dos ferimentos, a aplicação de curativos compressivos ou, se necessário, o uso de torniquete na base membro. O sangue é o transportador de oxigênio e nutrientes para o resto do corpo. Devido a isso, uma hemorragia exsanguinante deve ser controlada imediatamente no passo X, pois a perda excessiva de sangue levaráa uma serie de complicações, causando choque hipovolêmico, consequentemente causando uma parada cardiorrespiratória e levando a vítima a morte por falta de volume sanguíneo. 28UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica 28UNIDADE II Protocolo de Avaliação da Vítima FIGURA 4 – CONTROLE DE HEMORRAGIA COM USO DE TORNIQUETE 2.5 “A” – Vias aéreas com controle cervical Se a vítima não responde (está desmaiada) verifique se está respirando. Na vítima inconsciente, a queda da língua contra a faringe (fundo da garganta) é causa frequente de obstrução de vias aéreas segundo o SAMU (2016). Essa situação prejudica a passagem de ar, e consequentemente, impede a respiração. Neste passo, caso haja a obstrução das vias aéreas provocada pela queda da língua, o socorrista deve inclinar o mento suavemente permitindo a passagem de ar. Sangue, vômitos e corpos estranhos também podem ser causas de obstrução de vias aéreas, nestes casos, deve-se lateralizar a cabeça ou retirar os objetos com pinça respectivamente. É importante manter a permeabilidade das vias aéreas para garantir a respiração. Durante o exame e a manipulação das vias aéreas, tome muito cuidado para evitar a movimentação excessiva da coluna cervical. A cabeça e o pescoço da vítima não podem ser hiperestendidos, hiperfletidos ou racionados para facilitar a permeabilidade das vias aéreas, pois devemos considerar potencialmente portadores de lesão de coluna cervical todas as vítimas com trauma multissistêmico, com alteração do nível de consciência ou com qualquer ferimento acima do nível das clavículas. As funções vitais do corpo humano são controladas pelo Sistema Nervoso Central, fato que revela a importância de se preservar a o controle cervical no passo A, pois qualquer lesão na região da cervical pode levar a vítima a ter sequelas graves ou até mesmo a morte. 29UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica 29UNIDADE II Protocolo de Avaliação da Vítima FIGURA 5 – MANOBRA DE POSICIONAMETO DAS VIAS AÉREAS 2.6 “B” – Respiração O processo ventilatório, denominado respiração, através das trocas gasosas fornece oxigênio para as células, principalmente as cerebrais que são muito sensíveis a falta de O2. Esta falta de oxigênio leva a hipóxia, causando complicações para células e o corpo estabelecer suas funções vitais e levando o indivíduo a morte por falta de oxigênio. Para determinar a presença ou ausência de respiração espontânea na vítima, visualize a expansão torácica ou abdominal devido o movimento diafragmático. Na dúvida, pode-se aproximar o ouvido próximo a boca e nariz da vítima na tentativa de ouvir a respiração presente, ou ainda aproximar a face próximo a boca e nariz da vítima na tentativa de sentir a respiração. Esses conceitos são chamados de VER, OUVIR e SENTIR a respiração. FIGURA 6 – VER, OUVIR E SENTIR 30UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica 30UNIDADE II Protocolo de Avaliação da Vítima Estando presente a respiração, analise sua qualidade: lenta ou rápida, superficial ou ruidosa. Se observar sinais de respiração uma anormal, como por exemplo a vítima fazendo esforços para respirar, reavalie as vias aérea, desobstrua-as se necessário (veremos desobstrução no próximo capítulo) e mantenha-se atento, pois esta vítima pode parar de respirar a qualquer momento e será necessária iniciar uma ventilação artificial. Um complemento neste passo seria ainda verificar se o tórax está estável e as possíveis lesões torácicas, haja visto que um trauma direto no tórax pode comprometer seriamente a respiração. A frequência respiratória varia de pessoa para a pessoa, idade e nível emocional, atividade física entre outros fatores. Mas como padrão de referência normal para um indivíduo adulto adota-se a frequência de 10 a 20 respirações por minuto. 2.7 “C” – Circulação O objetivo principal do passo C é verificar sinais de circulação e a presença de hemorragias internas. Se não houver sinais de circulação deve-se iniciar a massagem cardíaca imediatamente (tema que será abordado na próxima unidade). Caso a vítima apresente sinais de circulação, verifique se o pulso está forte ou fraco, rápido ou lento, regular ou irregular e em seguida, passe para o próximo passo. A verificação da presencia de circulação é através do pulso, radial para vítimas conscientes e carotídeo para vítimas inconscientes. FIGURA 7 – PULSO RADIAL FIGURA 8 – PULSO CAROTÍDEO A Frequência também pode variar acordo com a idade, crianças tende a ter um pulso mais acelerado, enquanto idosos tendem a ter uma frequência cardíaca mais baixa, ou ainda quanto ao condicionamento físico, em que pessoas mais treinadas tendem a ter uma frequência mais baixa e indivíduos sedentários aumentem a frequência consideravelmente quando em atividades físicas. 31UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica 31UNIDADE II Protocolo de Avaliação da Vítima No entanto, fatores como estado emocional, estresse e ansiedade também podem alterar a frequência cardíaca. Contudo, para atendimento em estado normal, considera-se uma média entre 60 a 80 bpm em repouso, já em uma pessoa vítima de trauma esse ritmo tende a estar mais acelerado, acima de 100 bpm. Neste passo, caso note que a vítima de trauma apresente um pulso fraco e lento ou muito rápido e irregular, fique atento, pois essa vítima poderá entrar em uma parada cardiorrespiratória a qualquer momento. O complemento nesse passo seria analisar a suspeita de lesões em abdômen, pelve e ossos longos como fêmur, já que regiões como abdômen, quadril e coxa tendem a acumular muito sangue em caso de hemorragias internas. REFLITA Uma vítima só conseguirá falar se tiver consciente, respirando e com circulação presente. Portanto, se a vítima responder normalmente às suas perguntas é porque as vias aéreas estão permeáveis (A = resolvido) e a pessoa respira (B = resolvido) e a circulação está presente (C = resolvido). OBS: Vale lembrar que, ainda devemos observar os complementos de casa passo. Fonte: SIATE (2004). 2.8 “D” – Nível de consciência Tomadas às medidas possíveis para garantir o XABC, o importante neste passo é avaliar o nível de consciência da vítima, de maneira sucinta. Para os profissionais do Atendimento Pré-hospitalar (APH), bombeiros, Samu, médicos, enfermeiros e outros socorristas, é um passo mais abrangente que envolve a escala de Glasgow ou escala de trauma, baseado na abertura ocular, resposta verbal e resposta motora, além do exame de pupila. Para nós que atuaremos no atendimento básico e inicial, basta saber se a vítima está realmente consciente, orientada, confusa e desorientada, e se apresenta resposta a estímulos a dor, a voz, e se apresenta resposta motora satisfatória, ou seja, qual o nível de motricidade em função da dor ou lesão, se ela consegue movimentar algum membro, se identifica o local da dor e se consegue exercer força na mão por exemplo, são alguns indícios de haver ou não motricidade. 32UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica 32UNIDADE II Protocolo de Avaliação da Vítima Assim, qualquer pessoa consciente que apresente dificuldade ou incapacidade de sentir ou movimentar determinadas partes do corpo, está obviamente fora de seu estado normal. De acordo como o manual de primeiros socorros do instituto Fio Cruz (2003), a capacidade de mover e sentir partes do corpo são sinais que podem nos dar muitos indícios do estado da vítima. Quando há incapacidade de uma pessoa consciente em realizar certos movimentos, pode-se suspeitar de uma fratura local ou até uma paralisia dependendo do local da lesão. Por isso avaliamos a motricidade da vítima. 2.9 “E” – Exposição e controle de temperatura Finalmente, no passo E, deve expor a vítima, à procura de outras lesões não identificadas ou para iniciar a imobilização. No entanto, em nível pré-hospitalar, as roupas da vítima só serão removidas para expor lesões sugeridas por suasqueixas ou reveladas pelas avaliações anteriores, respeitando seu pudor no ambiente público. Já no hospital, ao contrário, provavelmente será exposta de forma mais uniforme, pois estará em ambiente controlado. Portanto, o objetivo nesse passo é manter a vítima confortada e aquecida, afim de preservar a temperatura corporal as funções vitais; aguarde o serviço pré-hospitalar ou exponha somente o necessário para imobilizá-la e transportá-la ao hospital (SIATE, 2004). FIGURA 9 – VÍTIMA IMOBILIZADA E AQUECIDA COM MANTA TÉRMICA 33UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica 33UNIDADE II Protocolo de Avaliação da Vítima 3. ACIONAMENTO DO SUPORTE ESPECIALIZADO Este capítulo será breve e tem a única finalidade de elencar quais os órgãos especializados no atendimento pré-hospitalar, quando e de que forma os acionar? E o que a pessoa que está realizando os primeiros socorros no local deve informar? Ao serviço espiralizado ao solicitar seu suporte no acidente. Primeiramente, o objetivo do profissional de educação física é conhecer sobre primeiros socorros, não é capacitar o educador físico a ser um ótimo socorrista e estar apto a todas as situações diversas, mas sim, compreender a dinâmica do trauma, das principais ações a serem tomadas, entender o básico de primeiros socorros e principalmente saber quais necessidades a vítima apresenta, tomando as decisões necessárias para chamar o socorro médico e ou especializado enquanto cuida da vítima garantindo-lhe maior chance de sobrevivência desse paciente. Lesões esportivas durante a prática de atividades esportivas ou recreativas, podem ser causados por desaceleração súbita ou forças de compressão excessiva, torções ou hiperex- tensão. Todavia, muitas vezes essas lesões não são tão urgentes e que podem ser tratadas no local sem necessariamente precisar acionar o suporte especializado. No entanto, caso o pres- tador dos primeiros socorros julgue necessário, este deverá acionar o serviço de atendimento ao trauma, muitas vezes prestado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - Samu ou, no caso do estado do Paraná também prestado, Sistema Integrado de Atendimento ao Trauma e Emergência - SIATE, este prestado pelo Corpo de Bombeiros do Paraná. Em alguns locais, ainda podemos contar com o serviço de empresas privadas que prestam esse suporte, como é o caso de algumas concessionárias que atuam em rodovias estaduais e federais. 34UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica 34UNIDADE II Protocolo de Avaliação da Vítima SAIBA MAIS O SAMU é acionado pelo telefone 192 e atende a emergências clínicas como: • Dores no peito que surgem repentinamente e que podem ser sintomas de problemas no coração; • Intoxicação com produtos de limpeza e envenenamento; • Perda de consciência / desmaio; • Hemorragia; • Crises de convulsão. O SIATE é acionado pelo telefone 193 e atende a traumas e ferimentos no corpo, em casos como: • Acidentes de trânsito com um ou mais feridos; • Ferimento por arma de fogo ou arma branca; • Agressão; • Quedas com ferimentos e fraturas; • Ataques de animais, como cães e abelhas; • Choques elétricos graves; • Afogamentos; • Queimaduras (calor, substâncias químicas etc.). Fonte: PARANÁ. Secretária de Segurança Pública, Governo do Paraná. Disponível em Acionar serviços de emergência - Samu e Siate | Secretaria da Saúde (saude.pr.gov.br). Acesso em: 13 jan. 2022. Os prestadores dos primeiros socorros devem tomar decisões rapidamente para a salvaguarda da vítima em questão. Por isso, reconhecer lesões e saber avaliar é fundamental para a tomada de decisão. Este conhecimento permite uma rápida avaliação das funções vitais e identificação de condições de risco de vida através da avaliação sistemática de XABCDE, e então, acionar o suporte específico imediatamente. Uma das responsabilidades mais importantes de um prestador de primeiros socorros é passar as informações com precisão. Ao acionar o serviço de emergência, deve se identificar, informar de forma calma clara e sucinta o que houve, local e ponto de referência do acidente e a situação da vítima. Enquanto aguarda o serviço de emergência, é necessário que preste os primeiros socorros no local e mantenha-se atento a evolução da vítima. 35UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica 35UNIDADE II Protocolo de Avaliação da Vítima 4. DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS A obstrução das vias aéreas, por qualquer que seja o motivo, impede a passagem de oxigênio até os pulmões e se não reconhecida e tratada precocemente pode levar o indivíduo a uma parada respiratória e posteriormente à morte. Dentre as principais causas de obstrução de vias aéreas estão: a queda da base da língua nas vítimas inconsciente (devido ao relaxamento da musculatura), regurgitação do conteúdo do estômago, corpo estranho (dentes, próteses e objetos menores quando em crianças), alimentos (pedaço de carne, chicletes, balas e até leite materno quanto de lactantes), ou trauma direto provocando desvio de traqueia e ou sangramento nas vias aéreas. Quanto ao tipo de obstrução das vias aéreas, pode ser parcial ou total. Na obstrução parcial, ainda passa certa quantidade de ar inalado pelas vias aéreas. Neste caso, a respiração será comprometida, com dificuldade e pode estar ruidosa, acompanhada de tosse. Enquanto a troca de ar se mantiver, a vítima deve ser encorajada a tossir, e até tapas nas costas pode ser recomendado. Caso a obstrução se agrave e a troca de ar se tornar insuficiente, a tosse passa a ser fraca e ineficaz para este caso; então, é indicado a realização da Manobra de Heimlich, pois evolui para uma obstrução total. Geralmente nestes casos, a vítima apresentará, por reflexo, o sinal considerado universal, que consiste em levar as mãos até o pescoço e inquietação aparente devido à falta de O2. Na obstrução total a vítima não consegue falar, respirar e começa a ficar cianótico (coloração da face mais roxa/azulada) e se permanecer neste estado, levará ao rebaixamento do nível de consciência, e se o atendimento não for rápido, a vítima pode chegar à morte. 36UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica 36UNIDADE II Protocolo de Avaliação da Vítima 4.1 Tratamento da obstrução de vias aéreas pela língua Vale lembrar que o tratamento para desobstrução de vias aéreas deve ser identificado e realizado durante o passo “A e B” da avaliação primária, que corresponde o posicionamento de vias aéreas e respectivamente a respiração. Nos casos da vítima inconsciente, por qualquer motivo, a língua obstrui a via respiratória, então o reposicionamento das vias aéreas já resolveria, se for apenas esta a causa. (ver a Figura 05, no passo “A”) 4.2 Tratamento da obstrução de vias aéreas por corpo estranho Nos casos de obstrução por corpos estranhos em que o objeto não possa ser visualizado e removido com pinças da cavidade oral, recomenda-se a realização da Manobra de Heimlich. 4.3 Manobra de Heimlich Para adultos e crianças maiores de um ano, essa técnica consiste em: ● Posicionar-se por trás do paciente, com seus braços à altura da crista ilíaca; ● Posicionar uma das mãos fechada, com a face do polegar encostada na parede abdominal, entre apêndice xifoide e a cicatriz umbilical; ● Com a outra mão espalmada sobre a primeira, comprimir o abdome em movimentos rápidos, direcionados para dentro e pra cima (em j); ● Repetir a manobra até a desobstrução ou o paciente tornar-se não responsivo. Obs: em pacientes obesas e gestantes no último trimestre, realize as compressões sobre o esterno (linha intermamilar) e não sobre o abdome (SAMU, 2016). FIGURA 10 – OBSTRUÇÃO PARCIAL FIGURA 11 – OBSTRUÇÃO TOTAL 37UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica 37UNIDADE II Protocolo de Avaliação da Vítima FIGURA 12– PASSO A PASSO DA MANOBRA DE HEIMLICH Contudo, mesmo após realizar a manobra e objeto não for expelido e a vítima vir a ficar inconsciente, provavelmente estará em uma paradarespiratória e evoluirá rapidamente para uma parada cardiorrespiratória, neste caso, deite a vítima no solo e inicie a RCP (veremos na unidade III). 4.4 Tratamento da obstrução de vias aéreas em lactentes – até 1 ano de vida Quando em crianças de colo em até um ano de vida, o procedimento a ser adotado segundo a AHA (2020) consiste em: • Deitar a criança de bruços (com a face para baixo) sobre o antebraço do socorrista, segurando a cabeça do lactente firmemente, com as pernas separadas, uma de cada lado do braço do socorrista, com a cabeça mais baixa que o tronco; • Aplicar 5 golpes no dorso do lactente, entre as escápulas, usando a região hipotênar da mão; • Após os golpes no dorso, envolva o lactente entre suas mão e braços, segurando firmemente a cabeça; • Vire o lactente, suportando firmemente a cabeça e pescoço (uma mão do socorrista apoia cabeça e pescoço e a outra mandíbula e tórax); • Aplicar até 5 compressões torácicas, da mesma forma que RCP (2 dedos no esterno, logo abaixo da linha intermamilar). Tais medidas dever ser repetidas alternadamente (dorso e tórax) até o objeto ser expelido ou o lactente perder a consciência. Neste caso, deve-se iniciar ventilação artificial e em seguida realizar RCP. FIGURA 13 – COMPRESSÕES EM DORSO FIGURA 14 – COMPRESSÕES EM TÓRAX 38UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica 38UNIDADE II Protocolo de Avaliação da Vítima CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao fim desta unidade, aqui você conheceu as principais formas de avaliar a vítima e como iniciar os primeiros socorros, espero que com base neste conteúdo, caso você se depare com uma vítima que necessite de ajuda, você consiga estar pronto para intervir rapidamente, prestar os primeiros socorros, estabelecendo a segurança do local, avaliando a vítima e distinguir quais as necessidades dela e qual recurso solicitar. Claro que ainda precisamos aprofundar em algumas técnicas e procedimentos para completar o conhecimento sobre primeiros socorros e ampliar a possibilidade de ajuda durante o atendimento. Espero que tenha compreendido e aproveitado bem esse material, já que são a base dos primeiros socorros e o bom entendimento desta unidade será fundamental para a compreensão das próximas ações das unidades seguintes. Bons estudos e até breve! 39UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica 39UNIDADE II Protocolo de Avaliação da Vítima MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: PHATLS Autor: National Association of Emergency Medical Technicians – NAEMT. Editora: Intersistemas. Sinopse: O PHTLS é um livro/manual desenvolvido pela NAEMT, é considerado a referência de estudos e base do atendimento pré-hospitalar a nível mundial e os procedimentos e protocolos utilizados neste livro baseiam-se nas recomendações mais atuais de fontes médicas. É destinado a médicos, enfermeiros, auxiliares, bombeiros ou socorristas. SÉRIE/VÍDEO Título: Resgate 193 Ano: 2014. Sinopse: Bombeiros, médicos e socorristas correm contra o tempo para salvar as vítimas dos mais diferentes tipos de acidentes: incêndio, atropelamento, acidente de trânsito, afogamento… E cada segundo é importante e definitivo. Acompanhe as histórias dos mais diversos personagens, tanto daqueles que salvam, como dos que são salvos. 40 Plano de Estudo: ● Hemorragias; ● Parada Cardiorrespiratória - PCR; ● Reanimação Cardiopulmonar - RCP. Objetivos da Aprendizagem: ● Identificar, diferenciar e tratar uma hemorragia arterial exsanguinante; ● Reconhecer os sinais que indicam uma PCR e conhecer a cadeia de sobrevivência, afim de prestar o socorro rapidamente; ● Aprender a iniciar uma RCP. UNIDADE III PCR E RCP Professor Esp. Sandro Sorrilha Souza 41UNIDADE III PCR E RCP INTRODUÇÃO Nesta unidade vamos nos concentrar nos principais motivos que levam as pessoas a uma Parada Cardiorrespiratória e consequentemente a morte. Reconhecer precocemente os indicadores, atuar dentro da cadeia de sobrevivência e iniciar imediatamente a Reanimação Cardiopulmonar RCP são passos fundamentais para aumentar as chances de sobrevida dessa vítima. De mondo oposto, a negligência e a imperícia em prestar os primeiros socorros para as vítimas de uma PCR diminuem consideravelmente a chance de reverter a PCR. Portanto, esta unidade é tão importante quanto as demais, e necessita de muita atenção para compreender a importância da RCP. Já vimos sucintamente no passo X e no passo C indicadores para verificar a PCR e iniciar a RCP. Aqui, vamos aprofundar um pouco mais sobre estes assuntos. Após o estudo dessa unidade, espero que você esteja apto a auxiliar e intervir em qualquer situação que envolva um sangramento massivo, evitando a evoluir para PCR ou em situações clinicas e traumáticas de uma vítima em PCR. Bons estudos! 42UNIDADE III PCR E RCP 1. HEMORRAGIAS 1.1 Tipos de Hemorragia Por definição, hemorragia é todo extravasamento de sangue derivado da ruptura dos vasos sanguíneos, e segundo o Siate (2004) pode ser classificada em: Hemorragia Externa: é aquela visível porque extravasa para o meio ambiente, ao passo que é mais fácil de controlar. A hemorragia externa é facilmente reconhecida por se visível. Hemorragia Interna: o sangue extravasa para o interior do próprio corpo, dentro dos tecidos ou cavidades do corpo, gerando assim um problema no atendimento pré-hospitalar, impossibilitando o tratamento imediato. A hemorragia interna não é visível, sendo em alguns casos difícil de identificar o local da perda de sangue. Por isso, indícios de traumas severos em tórax, abdômen, ferimentos penetrantes e fraturas de pelve e fêmur são indicadores de possíveis hemorragias internas nestes respectivos locais. As hemorragias podem ainda ser classificada quanto ao tipo de vaso sanguíneo rompido: Hemorragia arterial: é aquela que a perda de sangue é consequência do rompimento de uma artéria. A artéria, é um vaso de maior diâmetro e maior espessura, para suportar a pressão que vem do coração. Esse sangue apresenta uma coloração viva, vermelho claro e derramado em jato devido à pressão sistólica, conforme o batimento cardíaco. A hemorragia arterial, geralmente é rápida e de difícil controle, considerada uma dá mais graves 43UNIDADE III PCR E RCP Hemorragia venosa: é quando a perda é devido ao rompimento de uma veia. As veias são vasos de espessura intermediária, que retornam o sangue para o coração, são menos espessas que as artérias e possuem válvulas que evitam o refluxo sanguíneo. O sangue extravasado apresentará uma coloração vermelho-escuro, em fluxo contínuo e fraco, devido ao retorno venoso ter baixa pressão. Neste caso, só apresenta risco grave quando a veia comprometida for de grosso calibre. Hemorragia capilar: quando o sangramento é lento devido a ruptura de um capilar. Os capilares são os vasos sanguíneos mais delgados, responsáveis pera difusão de nutrientes nos tecidos. As extremidades dos dedos, por exemplo, são regiões altamente vascularizada por uma rede de capilares. FIGURA 1 – TIPOS DE HEMORRAGIAS 1.2 Controle da hemorragia externa Como já abordado no passo X, as hemorragias são as principais causas de morte dentro dos traumas. Caso identificado inicialmente um sangramento massivo em uma vítima, principalmente do tipo arterial, deve ser realizado o controle imediatamente. O sangramento externo é geralmente de um controle mais fácil e podem ser usados os seguintes métodos: Pressão direta no local: Quase todos os casos de hemorragia externa podem ser controlados pela aplicação de pressão direta no local do sangramento, o que permite a interrupção do fluxo de sangue e favorece a formação de coágulo. No entanto, preferencialmente, deve utilizar compressa estéril, pressionando o firmemente por aproximadamente 10 minutos com uma pressão superior à que o sangue esteja extravasando. Em seguida, fixar a compressa com bandagem ou atadura. Caso esse procedimento não seja eficiente devido aovolumo de sangue ser excessivo, recomenda-se o uso de torniquete. 44UNIDADE III PCR E RCP FIGURA 2- PRESSÃO DIRETA Torniquete: é um dispositivo tático que impede a passagem de sangue abaixo do local aplicado. É muito recomendo para amputações e sangramentos massivos de difícil controle por pressão. De acordo com o PHTLS (2011), edição militar, o torniquete deve ser aplicado na virilha ou axila, (raiz do membro lesionado). Uma vez aplicado, o torniquete deve ser tracionado e ajustado até que o sangramento cesse. Anote o horário de aplicação e deixe descoberto para que possa ser facilmente visto e monitorado. SAIBA MAIS No passado, era recomendado que um torniquete fosse solto a cada 10 a 15 minutos para permitir algum fluxo sanguíneo de volta ao membro ferido, pois considerava-se que esse fluxo sanguíneo ajudaria a preservar o membro e evitar mais amputação. Hoje sabemos que essa prática só serve para aumentar a perda de sangue do paciente e não faz nada pelo próprio membro, pois o tecido muscular suporta até 6h sem fluxo sanguíneo. Uma vez aplicado o torniquete, deve permanecer no local até que não seja mais necessário. Fonte: (PHTLS, 2019). 45UNIDADE III PCR E RCP FIGURA 3 – TORNIQUETE TÁTICO FIGURA 4 – TORNIQUETE IMPROVISADO Elevação da área traumatizada: Quando se eleva uma extremidade, de tal forma que a fique acima do nível do coração, a gravidade ajuda a diminuir o fluxo de sangue. O manual do Siate (2004) recomenda aplicar este método simultaneamente ao da pressão direta, embora outros estudos indicam pouca eficácia neste método, pois as válvulas existentes nas veias já impedem o refluxo de sangue. Aplicação de gelo: O uso de compressas frias ou bolsas de gelo nas hemorragias de menor gravidade, principalmente do tipo capilar, causa uma vasoconstrição local reduzindo a perfusão sanguínea no local, conseguintemente reduzindo o sangramento. No entanto, deve-se evitar o uso prolongado, pois pode diminuir a circulação, causando lesões de tecido e até queimaduras. Vale destacar, que o tratamento de hemorragia interna só pode ser feito em ambiente hospitalar. As medidas de atendimento inicial e prestar os primeiros socorros nestes casos consistem em: • Abordar adequadamente a vítima, prestando atenção ao X- A-B-C-D-E; • Aquecer a vítima com cobertores, pois a perda excessiva de sangue reduz a temperatura corporal necessária para manter as funções vitais; • Não oferecer nada para ou beber, pois o aumento do volume de líquido pode aumentar o plasma sanguíneo e consequentemente a hemorragia; • Imediatamente acionar o Serviço de Atendimento Pré-Hospitalar, se existente, ou conduzir a vítima a um hospital. 46UNIDADE III PCR E RCP 2. PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA - PCR 2.1 PCR PCR é a cessação repentina dos batimentos cardíacos e dos movimentos respiratórios. É uma emergência relativamente frequente e a sobrevivência da vítima depende de um conjunto de medidas fundamentais, “a corrente da sobrevivência”, ou seja: reconhecimento imediato dos sinais, acionamento precoce de um serviço de emergência, início da reanimação cardiorrespiratória e chegada rápida do serviço de atendimento pré-hospitalar. Durante uma parada, a circulação sanguínea deve ser restabelecida o quanto antes, caso contrário se instalam alterações irreversíveis nos tecidos, principalmente o tecido nervoso, um dos mais sensíveis a falta de oxigênio. A oxigenação do cérebro é essencial para a realização de todas as funções do corpo humano. Sendo o coração, a “bomba”, responsável por bombear o sangue para o cérebro, e através da proteína hemoglobina, presente na hemácia do sangue, o oxigênio é transportado até o cérebro, o qual necessita de muito oxigênio para a obtenção de energia ATP para realizar as funções. Porém, se as células do cérebro ficarem aproximadamente mais que 5 min sem circulação e consequentemente sem oxigenação, pode começar a comprometer as funções e se isso for prolongado a vítima vem óbito. Por isso a importância de se preservar os movimentos circulatórios. 47UNIDADE III PCR E RCP A PCR é identificada quando a vítima estiver inconsciente, ausente de pulso e consequentemente com ausência de movimentos respiratórios. Verificar pulso da artéria carótida é o recomendado, tanto em crianças, como em adultos, pois esta artéria apresenta mais facilidade de verificar o pulso nas vítimas inconscientes. Esta artéria carótida, está localizada na porção lateral do pescoço da vítima, na altura da laringe entre o musculo do pescoço, esternocleidomastóideo, e a traqueia. FIGURA 5 – VERIFICAÇÃO DE PULSO CAROTÍDEO Os motivos que podem levar uma pessoa a ter uma PCR são diversões. Entres os principais, se destacam: Os traumas em tórax, afogamentos, hemorragias, choque anafilático, obstrução de vias aéreas, drogas e problemas cardíacos. Segundo o Manual de primeiros socorros da Fio Cruz (BRASIL, 2003), a rápida identificação da parada cardíaca e da parada respiratória, é essencial para o salvamento de uma vida potencialmente em perigo. REFLITA A AHA (2020), destaca em suas diretrizes há importância de cada vez mais se disseminar o conhecimento para leigos. Justamente para que possam intervir rapidamente em uma situação de emergência. Fonte: (AHA, 2020). 48UNIDADE III PCR E RCP Em seu guia de 2020 a American Heart Association traz a cadeia de sobrevivência. Essa cadeia apresenta elos fundamentais interligados para o atendimento rápido de uma vítima em PCR. Os elos da cadeia de sobrevivência são: Reconhecimento precoce da PCR; acionamento do serviço médico de emergência; iniciar a RCP rapidamente e Utilização do Desfibrilador externo automático - DEA, até a chegada do atendimento médico e acompanhamento no hospital. FIGURA 6 – CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA FONTE: AHA (2020). Fonte: AHA (2020). 49UNIDADE III PCR E RCP 3. REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR - RCP 3.1 RCP A Reanimação Cardiorrespiratória (RCP) é o conjunto de procedimentos utilizados nas vítimas em PCR com objetivo de restabelecer a ventilação pulmonar e a circulação sanguínea (SIATE, 2004). Aprendemos no capítulo anterior que os casos de PCP requerem ação imediata. Diante disso, vamos abordar como proceder para iniciar a RCP enquanto aguarda a chegado do socorro especializado, supostamente já acionado antes de iniciar a RCP. A sequência mais recomendada atualmente é: ● Coloque a vítima deitada sobre uma superfície firme (chão); ● Ajoelhe-se lateralmente junto a ela, posicionando seu tronco para o tórax da vítima; ● Confirme se a vítima está realmente inconsciente; ● Verifique a ausência de pulso e respiração (C-A-B) preferencialmente nesta ordem; 50UNIDADE III PCR E RCP FIGURA 7 – VERIFIQUE PULSO FIGURA 8 - VERIFIQUE RESPIRAÇÃO CHAME AJUDA ESPECIALIZADA, ou indique para que alguém, próximo e calmo, chame o socorro e informe com precisão a situação da vítima e o local; FIGURA 9 - CHAME AJUDA ● INICIE SEQUÊNCIA DE REANIMAÇÃO – RCP massagem cardíaca e se possível a respiração artificial, “boca a boca”. ● Solicite um DEA, se haver por perto, e continue principalmente com as compressões torácicas até a chegado do socorro. 3.2 Compressões torácicas As compressões torácicas, popularmente chamada de massagem cardíaca, consiste na aplicação rítmica de pressão direta no tórax. Para realizar efetivamente a massagem indica-se as seguintes ações: ● Já ajoelhado junto a vítima, com os cotovelos retos, de maneira que o peso do corpo ajude na compressão; 51UNIDADE III PCR E RCP FIGURA 10 – POSIÇÃO DO CORPO PARA REALIZAR RCP ● Coloque uma mão sobre a outra, no esterno da vítima, de forma que as mãos fiquem paralelas (os dedos podem estar estendidos ou entrelaçados, mas devem estar afastados da caixa torácica; ● Apoie a região hipotênar de uma das mãos no meio do peito da vítima (metade inferior do osso esterno), exatamente entre os mamilos;FIGURA 11 – POSIÇÃO DAS MÃOS ● Ao se tratar de adulto, o esterno deve ser deprimido de 4 a 5 cm para ter eficiência nas compressões; ● Liberar a pressão entre cada compressão, para facilitar o retorno venoso ao coração; 52UNIDADE III PCR E RCP FIGURA 12 – COMPRESSÕES DA RCP ● Mantenha uma frequência de 100 a 120 compressões por minuto continuamente até a chegado do socorro especializado; ● Cheque o pulso em intervalos não menores que 2 ou maiores que 5 min. Caso tenha material de suporte ventilatório, máscara de respiração, ou julgue prudente realizar a técnica “boca a boca” e esteja em duas pessoas prestando socorro, execute a técnica em uma relação compressão/ ventilação de 30:2 para adultos, ou seja, a cada 30 compressões torácicas o segundo socorrista realiza duas ventilações, e isso se repetirá até o fim do procedimento. Estas são as atuais recomendações da AHA (2020). 3.3 Desfibrilador Esterno Automático – DEA Desfibrilador Externo Automático (DEA) é um equipamento portátil, com função de reverter uma parada cardiorrespiratória através de correntes elétricas automatizada. Essas correntes elétricas afetam nódulo sinoatrial do coração, se este apresentar fibrilação, parando a arritmia, e fazendo com que o coração retome o ciclo cardíaco normal. Além dos profissionais das áreas da Saúde, o DEA, pode ser usado por leigos, por ser autônomo, aplicando o choque apenas se for estritamente necessário, e autoexplicativo quanto ao uso, indicando cada passo que o prestador dos primeiros socorros deve realizar. 53UNIDADE III PCR E RCP Para fins de conhecimento, a Lei 4050/04 (BRASIL, 2004) exige que os locais com aglomeração ou circulação de pessoas como estações rodoviárias, aeroportos, shopping centers, estádios, ginásios esportivos e eventos com expectativa de público superior a 2 mil pessoas possuam o DEA disponível para uso. FIGURA 13 – DEA 3.4 Ventilação A Respiração artificial ou ventilação deve ser realizada sempre que houver uma parada respiratória. Como nos casos de PCR, além da parada cardíaca, há também uma parada respiratória cujo é necessário este procedimento. No entanto, há várias maneiras de realizar a respiração artificial. As mais seguras são aquelas usadas com matérias e equipamentos que não necessitam de contato direto do socorrista com a boca da vítima, evitando assim a técnica de respiração boca a boca. Embora muito eficiente, principalmente nos casos de PCR por afogamento, a técnica de respiração boca a boca pode trazer prejuízos para o socorrista, uma vez que, não conhecendo a vítima, é impossível saber de seu histórico de saúde no momento do atendimento, além da possibilidade de se contaminar através de sangue, outras doenças transmissíveis por vias aéreas ou contato direto com saliva, há também a possibilidade de refluxo de alimentos devido as compressões torácicas. Portanto, a indicação da técnica de respiração boca a boca já foi objeto de críticas e dúvidas quanto sua utilização. A recomendação sempre é tentar utilizar equipamentos específicos para a ventilação da vítima, caso não os possua, avalie o risco e a pessoa que está atendendo. 54UNIDADE III PCR E RCP Atenção, não fique preocupado caso julgue não realizar a respiração boca a boca, pois a própria AHA (2020) relata ser mais eficiente uma boa massagem cardíaca (compressão) ininterrupta do que perder tempo e se expor a risco de uma respiração boca a boca que não seja tão eficiente. Lembre-se: os profissionais do APH sempre vão ter equipamentos e acessórios para este atendimento, não se exponha a risco desnecessários. Porém, caso necessite realizar tal técnica, siga os passos abaixo: ● Mantenha as vias aéreas desobstruídas (manobras de desobstrução); ● Pince o nariz da vítima usando o polegar e dedo indicador da mão que está na testa da vítima; ● Inspire e coloque seus lábios na boca da vítima, vedando-a completamente, impedindo vazamento de ar; ● Insufle duas vezes lentamente (cerca de 2 segundos para cada insuflação). 3.4 Técnica de Respiração Boca a Boca FIGURA 14 – PINÇANDO O NARIZ FIGURA 15 – INSUFLANDO AR 55UNIDADE III PCR E RCP O volume de ar deve ser suficiente para expandir o tórax da vítima. Observar se tórax subiu e desceu, manter as vias aéreas abertas para a expiração, e retome as compressões torácicas. Lembre-se das dicas anteriores, a cada trinta compressões realize duas ventilações 30:2, isso se estiver em dois socorristas, caso contrário, estando sozinho priorize sempre as compressões interruptas num ritmo de 100 a 120 compressões por minuto e reavalie. FIGURA 16 – TÉCNICA 30:2 COM USO DE MÁSCARA (TIPO AMBU) 3.5 Máscaras de respiração artificial Entre os mais diversos modelos, as principais máscaras de respiração artificial usadas para ventilação de vítimas em paradas respiratórias ou PCR são: Bolsa válvula máscara, popular “ambu” e a máscara de bolso, popular “pocket mask”. Ambas evitam o contato direto da boca do socorrista com a da vítima e possuem válvulas unidirecionais que impedem o refluxo do ar e direcionam a ventilação para via aérea superior da vítima. FIGURA 17 – MÁSCARA “AMBU” FIGURA 18 – POCKET MASK 56UNIDADE III PCR E RCP CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta unidade focou na PCR e RCP, termos muito utilizados nas práticas envolvendo primeiros socorros. Lembre-se sobre a cadeia de sobrevivência, onde identificar PCR, de chamar socorro especializado e iniciar a RCP precocemente, são atitudes que envolvem uma rápida tomada de decisão e é imprescindível para salvar a vida de alguém. Na próxima unidade, vamos abordar as lesões traumáticas, mais comuns dentro do âmbito da Educação Física, entre elas veremos as escoriações, contusões, luxações, entorse e fraturas. Acredito que após esta unidade, você já está muito mais preparado para prestar os primeiros socorros na maioria das situações e assim realmente poder ajudar uma vítima utilizando todos os conceitos discutidos até agora, então, caso tenha alguma dúvida, revise o material. A próxima unidade iremos lapidar o conhecimento e trabalhar os curativos de forma objetiva. Nos encontraremos lá! 57UNIDADE III PCR E RCP MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Diretrizes da RCP e AC Autor: American Heart Association. Editora: American Heart Association. Sinopse: O livro, é um guia abrangente e revisado sobre os tópicos de ciência da educação em ressuscitação e sistemas de tratamen- to. As diretrizes RCP são elaboradas pela AHA, é são considerados a referência sobre RCP e ACE a nível mundial. Os procedimentos e protocolos indicados neste livro baseiam-se nos estudos mais atuais da área, e é destinado à médicos, enfermeiros, auxiliares, bombeiros ou socorristas. FILME/SÉRIE Título: Parada Cardíaca Ano: 2017. Sinopse: Filme conta a história de um grupo de estudantes de medicina que fazem experimentos em si mesmos, para descobrir o que existe além da vida. Para isso, resolve entrar em uma parada cardíaca onde cada um fica clinicamente morto e é reanimado pelos colegas. O filme traz uma mistura de drama, suspense e ficção, más é possível observar os sinais de uma PCR e a forma de reverter com um cardioversor (desfibrilador de uso médico). 58 Plano de Estudo: ● Ferimentos; ● Fraturas, Luxações e Entorses; ● Queimaduras; ● Emergências Clínicas. Objetivos da Aprendizagem: ● Reconhecer e classificar os diferentes tipos de traumas; ● Aprender como proceder em cada situação de acordo com o tipo da lesão; ● Saber aplicar os primeiros socorros diante de lesões traumáticas diversas; ● Identificar as emergências clinicas e como proceder nas diferentes situações. UNIDADE IV Reconhecimento e Classificação das Lesões Professor Esp. Sandro Sorrilha Souza 59UNIDADE IV Reconhecimento e Classificação das Lesões INTRODUÇÃO Olá, tudo bem? Nesta unidade vamos identificar os tipos de lesões derivadas de traumas, para que você possa reconhecere aprenda a como proceder em cada caso, realizando curativos e ou imobilizações quando necessário. Focaremos nos ferimentos, fraturas, luxações e entorses que são mais comuns de acontecer no meio esportivo e no universo das práticas físicas. Na sequência veremos sobre as classificações de queimaduras e por fim uma breve noção sobre os principais casos clínicos que possa a vir a se defrontar. Até aqui abordamos as fases de estabelecer segurança, avaliar, solicitar suporte técnico e intervir imediatamente nos casos com maior risco de levar a vítima a morte. Sequencialmente, esta talvez seja a etapa que mais sem encaixe na intervenção básica de primeiros socorros, para leigos, por ser a última etapa e a de menor risco imediato. Bons estudos! 60UNIDADE IV Reconhecimento e Classificação das Lesões 1. FERIMENTOS Por definição, chama-se FERIMENTO, qualquer lesão da pele produzida por trauma, causado por um agente externo, em qualquer tipo de acidente. (SIATE, 2004). 1.1 Classificação dos ferimentos Os ferimentos podem apresentar dor e sangramento. E são classificados segundo o SIATE (2004) em: Ferimentos fechados: são aqueles que apresentam lesões produzidas por objetos e danificam o tecido subcutâneo com extravasamento de sangue, sem romper a pele. Podem ser do tipo: Contusão: é derivado do choque/contato de um objeto com uma parte do corpo com alta energia, porém sem romper a pele. Normalmente resultando em ferimentos com hematomas e edemas locais. Hematoma: geralmente derivado de uma contusão, presenta um sinal arroxeado com inchaço no local da lesão; exemplo: “pancada no braço”. Edema: é considerado o inchaço local por acumulo de líquido no processo inflamatório, podendo apresentar vermelhidão e dor. Quando derivado de lesões, está associado a diversos tipos de trauma como entorses, contusões, fraturas e luxações. 61UNIDADE IV Reconhecimento e Classificação das Lesões FIGURA 1 – HEMATOMA FIGURA 2 – EDEMA Ferimentos abertos: é considerado ferimento aberto quando se rompe a integridade da pele, expondo tecidos, normalmente com sangramento externo. E podem ser do tipo: Incisivos ou cortantes: geralmente produzidas por objetos cortantes, afiados, capazes de penetrar a pele, com bordas regulares. Exemplos: bisturi, faca, entre outros. Corte Contuso: resultante do choque/contato de um objeto com superfície da pele com alta energia. Capaz de romper a integridade da pele, resultando em feridas com bordas muito traumatizadas. Exemplos: paus, pedras, soco etc. Perfurantes: geralmente causados por objeto fino e pontiagudo, capaz de perfurar a pele e os tecidos, resultando em lesão cutânea puntiforme e profundas. Exemplos: ferimentos por arma de fogo e arma branca (ex. faca ou vergalhado usado para perfurar a vítima). Transfixantes: constituem uma variedade de ferida perfurante ou penetrante, porém neste caso o objeto é capaz de penetrar e atravessar os tecidos ou determinado órgão, podendo manter o objeto empalado. Escoriações: são geralmente produzidas pelo atrito de uma superfície áspera e dura contra a pele, popularmente chamados de “ralados”. Normalmente atinge somente a pele. E podem conter partículas sujeita e ou de como areia, terra, graça vidros, dependendo da superfície que esteve em contato. Avulsões ou amputações: é quando uma parte do corpo é cortada ou arrancada devido uma grande força externa (membros ou parte de membros, orelhas, dedo, mão etc.). Lacerações: normalmente é causado quando o há pressão ou tração exercida sobre o tecido, causando lesões irregulares e perda de tecido. 62UNIDADE IV Reconhecimento e Classificação das Lesões FIGURA 3 - INCISIVO FIGURA 4 – ESCORIAÇÃO FIGURA 5 - LACERAÇÃO FIGURA 6 – AMPUTAÇÃO 1.1 Cuidados e Procedimentos com os ferimentos No atendimento de primeiros socorros, devemos realizar curativos visando proteger o ferimento contra o trauma secundário, conter sangramentos, e proteger contra infecção. Curativos são procedimentos que consistem na limpeza e aplicação de uma cobertura estéril em uma ferida, com a finalidade de ajudar na cicatrização, bem como já mencionado, prevenir contaminação e infecção, conter o sangramento e até auxiliar na imobilização do membro. E o manual do Samu (2016) recomenda sempre que possível realizar o curativo seco. De maneira geral, nos ferimentos do tipo contusão, sejam eles com hematomas e/ ou edemas não há a necessidade de curativos, haja visto que são ferimentos fechados e não risco de contaminação com agentes externos. Todavia, o manual de primeiros socorros do Instituto Fio Cruz (BRASIL, 2003), recomenda aplicar bolsa de gelo ou compressas fria na região afetada. O gelo diminuis o inchaço local e reduz o processo inflamatório causador da dor. 63UNIDADE IV Reconhecimento e Classificação das Lesões FIGURA 7 - APLICAÇÃO DE GELO EM CONTUSÃO Como orientação geral do SIATE (2004), devemos lavar o ferimento aberto com água corrente ou soro fisiológico, para remover partículas de corpo estranho, e, em seguida, cobrir com gaze estéril. Entretanto, para o PHTLS (2019), já mais atualizado, os ferimentos só devem ser lavados quando houver risco de contaminação ou haver muita sujeira, evitando assim dor a vítima e realizando um curativo a seco, já que, no atendimento intra-hospitalar será realizada a limpeza correta do ferimento. Portanto, segundo o manual do Corpo de Bombeiros do Paraná, SIATE (2004) e o PHTLS (2019), as medidas a serem tomadas para casa ferimento são: Nas escoriações, lavar com água corrente ou soro fisiológico, sem provocar atrito se necessário. Após a limpeza, realizar com soro ou a seco, cubra a área escoriada com gaze estéril, fixando-a com fita adesiva (tipo crepe, ou esparadrapo). Nos ferimentos incisivos e corte contusos, uma as bordas e com uma gaze realize um curativo compressivo, utilizando atadura ou bandagem para tal. Nos ferimentos lacerantes, o importante é conter o sangramento e cobrir a ferida com uma gaze estéril de forma firmemente e levemente pressionada. Deve-se ficar atento quanto a esse tipo de leão, pois também podem necessitar de imobilização com tala na parte lesionada. Nos ferimentos perfurantes e transfixantes, cubra a área afetada e transporte imediatamente para o hospital. E devido a profundidade do ferimento, oriente qualquer vítima a procurar o serviço de saúde mais próximo, para atualizar sua imunização contra tétano, pois a bactéria causadora de tétano pode estar presente no objeto causador da lesão. 64UNIDADE IV Reconhecimento e Classificação das Lesões SAIBA MAIS Se o objeto causador da lesão estiver EMPALADO, ou seja, ainda estiver em contato direto ao interior do corpo da vítima, seja penetrante ou transfixante, em hipótese alguma remova-o. Ao retirar o objeto empalado, ele pode aumentar a ferida e provocar uma hemorragia severa. Portanto deve ser retirado apenas no âmbito intra-hospitalar. Fonte: PHTLS (2019). Nos ferimentos do tipo amputação, a recomendação do PHTLS (2019) é o controle da hemorragia, caso necessário, com torniquete e em seguida, proteger a ferida com compressas estéril e bandagens ou ataduras para fixar. Em relação ao membro amputado, envolvê-lo em saco plástico, colocar em recipiente térmico preferencialmente com gelo e encaminhar ao hospital junto a vítima. FIGURA 8 – COBRINDO O CURATIVO COM GAZES FIGURA 9 – FIXAÇÃO COM USO DE ATADURAS FIGURA 10 - ATADURAS Os materiais mais usados para realização dos curativos mencionados são as gazes e compressas cirúrgicas que devem ser estéreis, pois vão ter contato direto com o ferimento. E os de fixação são as e ataduras, este último como sendo o mais utilizado nos atendimentos de primeiros socorros e popularmente chamadas de “faixas” (SAMU,2016). 65UNIDADE IV Reconhecimento e Classificação das Lesões 2. FRATURAS, LUXAÇÕES E ENTORSES Chama-se fratura qualquer interrupção na continuidade do osso provocada por trauma (SIATE, 2004). Já de acordo com o Instituto Fio Cruz, (BRASIL, 2003) a Luxação é uma lesão em que a extremidade dos ossos e articulação, é deslocada de seu lugar provocando dor e limitação do o movimento da articulação afetada. Os casos mais comuns são as luxações de ombro e cotovelo. Enquanto na entorse há uma distensão dos ligamentos, mas não há o deslocamento completo dos ossos ou da articulação. A entorse popularmente conhecida como torção, é muito comum em tornozelos e falanges dos dedos. Fraturas e luxações, assim como as entorses, são lesões que envolvem diretamente o tecido ósseo e cartilaginoso, possuem características distintas, mas muitas vezes pode ser de difícil diagnostico a olho nu, necessitando do exame de raio x para ter a certeza do tipo de lesão. 2.1 Sinais e Sintomas Geralmente ambas as lesões mencionadas irão apresentar Dor local, porém com intensidades diferentes, e normalmente as fraturas apresentam uma dor mais severa devido ao atrito dos ossos em contato com a pele e terminações nervosas. Nas três situações, ainda pode ocorrer o Aumento de volume por edema local. Associado a dor nos casos das Fraturas e Luxações haverá a Impotência funcional, devido ao desalinhamento anatômico da estrutura óssea, o que impede movimentos do segmento fraturado. Ainda em ambos os casos, poderá apresentar deformidade do segmento fraturado, o que torna mais visível a identificação da lesão. O que dificilmente ocorre nos casos de entorse. 66UNIDADE IV Reconhecimento e Classificação das Lesões Por fim o que diferencia a Fratura para a Luxação, além da localidade, é que a última ocorre em locais de articulações, a Crepitação, causada pelo atrito dos fragmentos ósseos fraturados, a qual não deve ser aumentada ou provocada intencionalmente (PHTLS, 2019). FIGURA 11 – LUXAÇÃO DE OMBRO FIGURA 12 – ENTORSE DE TORNOZELO 67UNIDADE IV Reconhecimento e Classificação das Lesões 2.2 Classificação De acordo com o manual do SIATE (2004), as fraturas classificam-se em: Fraturas fechadas: nesse tipo de fratura pele se mantém íntegra, não havendo conexão entre o osso quebrado e a superfície externa do corpo, mantendo a parte óssea mesmo fratura contida na pelos tecidos. Fraturas abertas ou expostas: neste caso a fratura comunica-se com o meio externo, a pele é “rasgada” pela mesma força que quebra o osso que então perfura a pele. Em comparação com a fratura fechado, comparadas ao mesmo local, esse tipo é oferece mais atenção pelo risco de infecção. FIGURA 13 – TIPOS DE FRATURAS O PHTLS (2019), ressalta que tanto as fraturas abertas como as fechadas podem resultar em séria perda de sangue, pois ambas podem produzir hemorragias externas nas fra- turas abertas, e hemorragias internas, nas fechadas. Dependendo da quantidade de sangue perdido, há risco também de evoluir para um choque hipovolêmico, devido à grande perda de sangue para o meio externo ou nas cavidades, por exemplo, nas fraturas de quadril e fêmur. 68UNIDADE IV Reconhecimento e Classificação das Lesões 2.3 Cuidados Gerais no Atendimento das Fraturas As fraturas como as luxações devem ser imobilizadas antes de transportar a vítima para o hospital, e tal ação reduz a dor, favorece a circulação, melhora o transporte e facilita o atendimento intra-hospitalar. As imobilizações devem ser preferencialmente executadas por socorristas durante o atendimento pré-hospitalar, entretanto, não havendo um serviço de atendimento a emergências, o prestador de primeiros socorros pode imobilizar as lesões para transportar a vítima ao hospital de modo mais confortável e cuidadoso. O PHTLS (2019), orienta sobre os procedimentos a serem adotados nestes casos: Não mover a vítima até que as fraturas estejam imobilizadas, exceto se estiver em local com risco e ou, perigo eminente; Nas fraturas de ossos longos, executar manobras de alinhamento e tração delicadamente antes de imobilizá-los, pois as imobilizações devem ser feitas respeitando a posição anatômica do corpo. Se durante o movimento de alinhamento o membro oferecer resistência e aumento significativo da dor, mas houver perfusão distal, deve se manter a posição e imobilizar como está. Caso contrário, se aplica uma leve tração enquanto proceder a imobilização, mantendo-a até que a tala esteja fixada no lugar; A imobilização deve ser feita com talas rígidas o suficiente para manter a estabilidade e alinhamento, imobilizando as fraturas incluindo a articulação proximal e distal, ou seja, articulação acima e abaixo do local da lesão. Nas fraturas abertas, deve-se primeiramente controlar o sangramento e cobrir a ferida com curativo limpo e seco antes da imobilização. REFLITA Nos casos de luxação, o intuito é estabilizar a articulação, a redução deverá ser feita para alinhar o membro e colocá-lo no lugar, mas atenção, este é um procedimento médico. Fonte: PHTLS (2019). 2.4 Cuidados Específicos nas Fraturas de Coluna Fraturas de coluna acontecem por diversos acidentes e o conhecimento do mecanismo da lesão é importante na suspeita de fraturas da coluna. 69UNIDADE IV Reconhecimento e Classificação das Lesões Elas podem afetar a medula espinhal, responsável pela condução de impulsos nervosos do cérebro para as extremidades. Neste caso, a vítima irá apresentar a perda total ou parcial dos movimentos nas extremidades (paralisia ou paresia) e/ou perda total ou parcial da sensibilidade nas extre- midades (anestesia ou parestesia). É importante ressaltar que, na suspeita de lesão na coluna, a vítima não deve ser manipulada de maneira brusca. A imobilização deve ser feita em tábua rígida e transportada com cautela. Nas localidades em que exista Serviço de Atendimento Pré-hospitalar, este será o responsável pelo manuseio e a remoção da vítima com suspeita de lesão de coluna. A remoção desse tipo de vítima de maneira inadequada pode agravar a lesão e resultar em lesões irreversíveis. (SIATE, 2004). 70UNIDADE IV Reconhecimento e Classificação das Lesões 3. QUEIMADURAS As queimaduras são lesões frequentes e severas. Mesmo quando não levam a vítima óbito, as queimaduras produzem grande sofrimento físico e algumas vezes traumas psicológicos deixados pelas cicatrizes e requerem tratamento que duram longos períodos. As queimaduras se classificam de acordo com a causa, profundidade, extensão, localização e gravidade. E de acordo com a Sociedade Brasileira de Queimaduras (2008) e o SIATE (2004) são assim classificadas: 3.1 Quanto às Causas Térmicas: é o tipo de queimaduras causadas por gases, líquidos ou sólidos quentes, normalmente são as queimaduras mais comuns. Químicas: causadas por ácidos ou álcalis e outros agentes químicos derivados, podem ser graves; e necessitam de um correto de acordo com o tipo de agente químico envolvido, pois o manejo inadequado pode agravar as lesões. Por eletricidade: são geralmente ocasionadas por contato com corrente elétrica ou uma forte descarga elétrica através do organismo, são extensas, e apresentam áreas de entrada e saída da corrente elétrica na superfície cutânea. Essa particularidade pode levar a erros na avaliação da queimadura, que costuma ser gravíssimos. Levam a óbito rapidamente por lesionar os tecidos e órgãos internos. Por radiação: as mais comuns são as causadas por raios ultravioletas (UV). As lesões por raios UV são as conhecidas queimaduras solares, geralmente superficiais e de pouca gravidade. 71UNIDADE IV Reconhecimento e Classificação das Lesões Já as queimaduras por radiações ionizantes, são lesões raras. Neste caso, é importante atentar sobre a segurança e o risco da exposição a substâncias radioativas presentes no ambiente ou na vítima. 3.2 Quanto à Profundidade Queimaduras de Primeiro grau: queimadurasque atingem apenas a epiderme, parte mais superficial da pele. Apresentam ardência e vermelhidão. Queimaduras de Segundo grau: são queimaduras que atingem a epiderme e a derme, atingindo a segunda camada da pele. Apresentam dor severa, com bolhas e vermelhidão ao redor; gera intensa desidratação quando em áreas extensas. Queimaduras de Terceiro grau: são mais profundas e atingem toda a espessura da pele e chegam ao tecido subcutâneo. As lesões são secas, de cor esbranquiçada, com aspecto de couro, ou então preta, de aspecto carbonizado. Geralmente no local de terceiro grau não são dolorosas, porque destroem as terminações nervosas responsáveis pelo tato e dor, mas as áreas ao redor das lesões de terceiro grau podem apresentar queimaduras menos profundas, de segundo grau, portanto bastante dolorosas. FIGURA 14 – QUEIMADURA DE 1º GRAU FIGURA 15 – QUEIMADURA DE 2º GRAU FIGURA 16 – QUEIMADURA DE 3º GRAU 72UNIDADE IV Reconhecimento e Classificação das Lesões 3.3 Quanto à Extensão A extensão da queimadura, ou a porcentagem da área da superfície corporal queimada, é um dado importante para determinar a gravidade da lesão e o tratamento a ser instituído, tanto no local do acidente quanto no hospital. Sendo assim, queimaduras de pequena extensão deve-se aplicar água corrente no local, afim de diminuir o processo de queima. No entanto, se a área atingida for extensa, não é recomendado o resfriamento, mas sim a controle de temperatura e hidratação com soro, pois a vítima irá perder temperatura e sofrer desidratação. SAIBA MAIS Para mesurar a extensão do corpo que foi queimada, existe uma divisão por área corpórea (Figura 17), que indica a porcentagem do corpo queimado. Fonte: Sociedade Brasileira de Queimaduras (2008). FIGURA 17 – ÁREA QUEIMADA. 3.4 Quanto à Localização As queimaduras variam de gravidade de acordo com a localização. Certas áreas, face, tórax e genitais, são consideradas críticas, principalmente as queimaduras que envolvam as vias aéreas, pois o ocasionam edema de glote provocando bloqueio das vias aéreas dificultando a passagem de ar. 73UNIDADE IV Reconhecimento e Classificação das Lesões 3.5 Atendimento ao Queimado O atendimento inicial de queimados segue a mesma sequência do atendimento a vítima de outras formas de trauma. Considerar o grande queimado como uma vítima de trauma multissistêmico (PHTLS, 2019). Segundo o SIATE (2004), durante o atendimento à vítima é necessário cessar o processo de queimadura e proceder da seguinte forma: ● Extinguir as chamas sobre a vítima ou suas roupas, preferencialmente usando cobertores como abafadores; ● Remover a vítima para ambiente limpo devido ao risco de contaminação; ● Remover as roupas que não estejam aderidas a seu corpo da vítima de maneira cuidadosa; ● Promover o resfriamento da lesão se estão não for de grande extensão; ● Envolver toda a parte queimado com gases secas e ou ataduras, tal atitude parece ser dolorosa, mas ao contrário do que se pensa, o atrito com o ar aumenta a sensação de dor, ao passo que, com a proteção feita, melhora o controle de temperatura e reduz o risco de contaminação. REFLITA No senso comum, pessoas tem o costume de passar creme dental nas regiões queimadas pela sensação de resfriamento e evitar bolhar, e ainda quando estas ocorrem, estouram as bolhas para evitar a dor. Tal atitude NÃO é indicada! Tanto o creme, como estourar a bolhar aumentam o risco de contaminação. Ademais, estourar as bolhar e passar pomadas são procedimentos somente por indicação médica após análise do ferimento e geralmente para melhorar o processo de cicatrização. Fonte: Sociedade Brasileira de queimaduras, (2008). 74UNIDADE IV Reconhecimento e Classificação das Lesões 4. EMERGÊNCIAS CLÍNICAS 4.1 Sincope ou Desmaio Síncope, popularmente conhecida como desmaios é uma das principais emergências clinicas que o agente prestador de primeiros socorros pode se deparar. Ela é definida por Souza et al. (2017) com uma perda repentina e transitória da consciência associada à hipoperfusão cerebral, geralmente de curta duração (poucos segundos) e recuperação espontânea. Já quanto a gravidade, dependente diretamente da causa do desmaio que, na maioria das vezes é benigna e autolimitada, mas também podem levar a casos mais graves que devem ser diagnosticados com exames clínicos. Sobre os fatores que levam a pessoa ter uma sincope, são vários, entre os principais estão: situações que provocam queda da pressão e/ou frequência cardíaca, como permanecer em pé por muito tempo, locais muito quentes e abafados, hipoglicemia, distúrbios neuropsicológicos, pancadas na cabeça até doenças do coração. E na maioria dos casos apresentam sintomas precedente de enjoo, mal-estar, palidez, sudorese, calor, visão embaçada e desequilíbrio. Já casos mais graves podem ser precedidos por palpitações e, futuramente, até gerar um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Agora quanto ao atendimento e intervenções de primeiros socorros não há muito o que se fazer, visto que, normalmente são situações simples e nos casos mais graves, o diagnóstico deve ser através de exames clínicos. 75UNIDADE IV Reconhecimento e Classificação das Lesões Então para o prestador de primeiros socorros segundo o Samu (2016) cabe a este: levantar as informações, anamnese, sobre o número de vezes que isso vem acontecendo e qual o intervalo de tempo? Qual o histórico clínico da vítima, uso de medicamentos, se está alimentada, se está passando por situações de estresse ou problemas psicológicos, e avaliar se apresenta lesões secundárias derivadas da queda. Ligar para a emergência, afrouxar as roupas para melhor circulação e deixar a vítima em local confortável e arejado, para melhorar a ventilação e oxigenação. O uso do tratamento feito no senso comum de fornecer sal e água para a vítima podem auxiliar pois tendem a aumentar a pressão arterial, mas este somente se a vítima apresentar hipotensão. REFLITA Caso os números de desmaios, seja consequente em um curto espaço de tempo, a vítima apresente amnésia e/ou o intervalo de tempo de inocência seja maior (minutos) o médico deve ser informado imediatamente. Fonte: Souza et al. (2017). 4.2 Crise Convulsiva Assim como a sincope, a crise convulsiva também denominada Epilepsia, quando em quadro crônico, é uma emergência clinica que leva a perda momentânea do nível de consciência. O Ministério da Saúde (BRASIL, 2004) define a convulsão como uma ação de contração involuntária da musculatura, que provoca movimentos desordenados, devido a uma a excitação, da camada externa do cérebro, que pode ser desencadeado por inúmeros fatores. E assim como a maior parte das emergências clínicas necessitam de exames para um diagnóstico mais preciso. Dentre as principais causas podemos destacar: febre alta, disfunções de equilibro iônico, traumas em crânio, hemorragias cerebrais, AVC, tumores, intoxicações medicamentosas entre outros. Para o Samu (2016), a recomendação nas ações de primeiros socorros é: Durante o período de crise proteja a cabeça da vítima, afaste objetos próximos evitando assim o risco de traumas secundários e lateralize a vítima caso tenha saliva, vômitos, ou sangramento excessivo na boca, este sangramento geralmente é causado por mordida involuntária da língua. 76UNIDADE IV Reconhecimento e Classificação das Lesões Passado o período convulsivo, normalmente dura poucos minutos, a vítima deve ser posicionada em uma posição confortável, arejada até que retome a consciência de forma lenta e gradual. A vítima poderá apresentar, neste momento, sudorese e certa confusão mental, em alguns casos até agressividade. Por isso, o importante é chamar por familiares e amigos para que a vítima se sinta mais confiante e confortável. Por fim, repita a anameses sugerida para os casos de síncope e informe o quadro ao médico. SAIBA MAIS Nunca tente conter avítima durante o momento de crise e jamais coloque o seu dedo na boca da vítima afim de “desenrolar” como muitos dizem. Isso é um mito! A vítima poderá involuntariamente morder seu dedo de forma agressiva. Fonte: Bras (2004). 77UNIDADE IV Reconhecimento e Classificação das Lesões CONSIDERAÇÕES FINAIS Estamos chegando ao final de nossa última unidade. Sabemos já da importância que tem os primeiros socorros para a salvaguarda da vida de uma pessoa e da relevância no âmbito que o profissional de educação física atua. Agora, é importante que você finalize esse material tendo a clareza de como proceder em situações de urgência e emergência que venham a necessitar da sua ajuda na prestação dos primeiros socorros a vítima, pois precisamos estar preparados para nos deparar com tais situações. O objetivo e os propósitos destas abordagens é informá-lo, mostrar como proceder e prepará-lo para agir da melhor forma possível. Ao longo dessa unidade, apresentamos diversos procedimentos ao realizar curativos nas principais lesões. Espero que nunca precise utilizá-los, mas agora você já tem uma boa noção de como proceder. Agora que você já tem bom conhecimento sobre as técnicas de primeiros socorros, pode ficar mais calmo e preparado para enfrentar uma situação adversa. Bom Trabalho! 78UNIDADE IV Reconhecimento e Classificação das Lesões MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Guia Prático Primeiros Socorros Autor: Drauzio Varela e Carlos Jardim. Editora: Claro enigma. Sinopse: Os médicos Drauzio Varella e Carlos Jardim escrevem esse guia prático, com os principais acidentes, e o que fazer quan- do eles ocorrem. O livro aborda pancadas na cabeça; cortes e machucados; queimaduras; insolação; choque elétrico; fraturas e entorses; distensões, torções e estiramentos. FILME Título: Até o último homem Ano: 2017. Sinopse: O filme, baseado em fatos reais, conta a história de Desmond T. Doss, um médico socorrista do exército americano que, durante a Segunda Guerra Mundial, se recusa a pegar em armas. Durante a Batalha de Okinawa ele trabalha na ala médica e salva cerca de 75 homens. Durante o filme nas cenas de socorro é possível observar algumas técnicas de socorros em combate para sanar os ferimentos. 79 REFERÊCIAS AHA (American Heart Association). Diretrizes da RCP e ACE. GUIDELINES. Edição em português. 2020. BRASIL, Ministro da Saúde. Manual de Primeiros Socorros. Fundação Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, 2003. BRASIL. Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual em Saúde. 2004. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Brasília: MEC/SEF,1997. Http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/saude.pdf. Acesso em: 22 dez. 2021 BRASIL. Projeto de Lei. Lei 4050/04. Câmara de deputados federais. Brasília-DF, 2004. BRASIL. Código Penal: Decreto- Lei 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm Acesso em: 20 dez. 2021. BRASIL. Lei Lucas: Decreto nº 13.722, de 04 de outubro de 2018. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br /ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13722.htm. Acesso em:20 dez. 2021. CONFEF. Socorros de urgência em atividades físicas. 2008. Disponível em: http://www. confef.org.br/confef/comunicacao/revistaedf/3730. Acesso em: 21 de.z 2021 CREF 7. Socorros de Urgência em Atividades Físicas. Revista EF. 2006. DINI, A. Revista Online Crescer. O globo. Disponível em: https://revistacrescer.globo.com/ Criancas/Saude/noticia/2018/09/engasgo-lei-que-determina-capacitacao-em-primeiros-so- corros-para-escolas-e-locais-de-recreacao-e-aprovada-pelo-senado.html Acesso em: 27 de dez. 2021 MARSHAL, A.; BOTH, J. O conteúdo de primeiros socorros nas aulas de educação física para estudantes do ensino médio. Cadernos PDE. Versão Online, 2013. 80 PARANÁ, Secretária de Segurança Pública. Corpo de Bombeiros. s/d. Disponível em: https://www.bombeiros.pr.gov.br/servicos/Saude/Servicos-de-Emergencia/Acionar-servi- cos-de-emergencia-Samu-e-Siate-JGoMvN0e. Acesso em: 11 jan. 22. PHTLS - National Association of Emergency Medical Techinicians. PHTLS: Suporte de Vida pré-hospitalar. 9ª ed. Rio de Janeiro-RJ, 2019. PHTLS. National Association of Emergency Medical Techinicians. PHTLS: Suporte de Vida pré-hospitalar. Edição Militar. Rio de Janeiro-RJ, 2011. SAMU, Mistério da Saúde. Protocolos de Suporte Básico de Vida. Brasília- DF, 2016. SIATE, Corpo de Bombeiros do Paraná. Manual de Atendimento Pré-hospitalar. Curitiba-Pr, 2004. Sociedade Brasileira de Queimaduras. Queimaduras: Diagnóstico e Tratamento Inicial. Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina, 2008. SOUZA, L. O et al. Síncope na Emergência. Revista Qualidade HC. Departamento de Clí- nica Médica. FMRP-USP. Ribeirão Preto –SP, 2017. 81 CONCLUSÃO GERAL Prezado (a) aluno (a), Neste material, busquei trazer para você as mais atuais técnicas e procedimentos a respeito de primeiros socorros. Acreditamos que foi possível apresentar a importância do conhecimento de primeiros socorros para o profissional de Educação Física, e mais que isso, possa ter aprimorado seu leque de conhecimentos não somente como educador físico, mas como pessoa que pode ajudar a salvar uma vida. Lembre-se que inicialmente apresentamos os conceitos, e a importância dos primeiros socorros para o profissional que atua na Educação Física, na sequência destacamos alguns procedimentos para a avaliação primária afim de levantar informações sobre o estado da vítima, gravidade e poder acionar o socorro especializado, pois muitos procedimentos necessitam de um conhecimento mais aprofundado além de recursos materiais. Apresentamos ainda as técnicas para atuar imediatamente em situações de risco, como: conter hemorragias, desobstrução de vias aéreas e RCP. Além dos procedimentos para realizar curativos após identificar o tipo de lesão. Diante de tudo isso indicamos alguns filmes e livros que podem ser utilizados para melhor compreensão do conteúdo e expansão do conhecimento. Destaco ainda que, este material foi baseado nos principais manuais, livros, e guias elaborados pelas principais entidades que estudam sobre primeiros socorros e atendimento pré-hospitalar na atualidade, como exemplo o PHTLS última atualização de 2019 que é a referência do APH em nível mundial e o Guia da RCP da Amerincan Heart Association de 2020 que são diretrizes reconhecidas internacionalmente quando o assunto é PCR. A partir de agora acreditamos que você já está preparado prestar o atendimento de primeiros socorros caso necessário. Até uma próxima oportunidade. Muito obrigado! +55 (44) 3045 9898 Rua Getúlio Vargas, 333 - Centro CEP 87.702-200 - Paranavaí - PR www.unifatecie.edu.br UNIDADE I Primeiros Socorros na Educação Fisica UNIDADE II Protocolo de Avaliação da Vítima UNIDADE III PCR E RCP UNIDADE IV Reconhecimento e Classificação das Lesões