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ESCOLA POLITÉCNICA Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental PHA-3403 – Barragens e Estruturas Hidráulicas Prova P1B 2023-1 NUSP Nome Resolução comentada pelo prof Rodolfo Scarati Assinatura 1/6 Instruções: 1. Preencha o cabeçalho da prova à tinta com clareza. As resoluções das questões podem ser feitas à lápis. 2. Responda as questões no espaço apropriado. Não serão consideradas as respostas fora deste espaço. 3. Não é permitido o uso de calculadoras alfanuméricas, telefones celulares, palm-tops, notebooks ou qualquer outro dispositivo com capacidade de transmissão e armazenamento de dados. Será permitido o uso de calculadoras simples 4. Os telefones celulares devem ficar desligados e guardados. 5. Não será permitida a saída da sala sem a entrega da prova. 6. É obrigatório o preenchimento do quadro de respostas de cada questão. O não preenchimento do quadro de respostas implica em nota zero para a questão. 7. É obrigatória a apresentação da memória de cálculo detalhada da resolução de cada questão, destacando de modo claro e organizado todo o desenvolvimento até chegar na resposta. Caso a memória de cálculo não esteja clara, a resolução da questão será considerada incorreta, mesmo que o quadro de respostas esteja preenchido com os valores certos. 8. Não é permitido nenhum tipo de consulta, escrita, oral, apontamentos, livros e etc. Questão única. Uma barragem está sendo projetada para geração de energia elétrica e para controle de cheias no vale a jusante. Foi estabelecido como critério de projeto para proteção do vale a jusante, que o hidrograma da cheia com período de retorno de 25 anos precisa ser completamente absorvido pela barragem. Para os cálculos dos itens “a” e “b”, considere as seguintes informações: Curva Cota Volume do Reservatório 600 m V(hm³) e NA (m) 1,42 Cota da geratriz superior da Tomada d´Água 614,70 m Diâmetro da Tomada d´Água 900 mm Vazão máxima pela tomada d´água 2 m³/s Diâmetro médio do Sedimento 1 mm Condição de aproximação Assimétrica Volume de Regularização 60 hm³ Estimativa de Perdas (evaporação, fuga) 10 hm³ Pico da Cheia de Proteção a jusante (TR25) 650 m³/s Tempo de pico (TR25) 10 h Base do Hidrograma 24 h Pico da Cheia de Projeto (TR 10.000) 2750 m³/s Tempo de pico (TR 10k anos) 14 h Base do Hidrograma (TR 10k anos) 40 h Cota de restrição a montante 638,00 m Coeficiente de descarga do vertedouro 0,502 Item a (7,0 pontos). Supondo que esta barragem tenha um vertedouro de soleira livre, determine a cota da soleira do vertedouro, e a menor largura (extensão) efetiva possível para o vertedouro, de modo a atender a cheia de projeto (TR = 10.000 anos), respeitando a cota de restrição a montante. Considere no dimensionamento que a barragem deve respeitar o volume de espera na passagem da cheia de projeto. Preencha o quadro de respostas a seguir com as informações solicitadas (usar duas casas decimais): Nível d’água mínimo operacional (m) Volume de espera (hm³) Volume meta (hm³) Volume útil (hm³) Nível d’água máximo normal (m) ESCOLA POLITÉCNICA Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental PHA-3403 – Barragens e Estruturas Hidráulicas Prova P1B 2023-1 2/6 Nível d’água máximo maximorum (m) Cota da soleira do vertedouro (m) Vazão máxima efluente pelo vertedouro (m³/s) Largura (extensão) efetiva do vertedouro (m) Resolução Típica Item a Vamos iniciar esclarecendo alguns termos do enunciado: vertedouro de soleira livre: não tem comportas Cota da Soleira: neste caso, será o NA máximo normal Extensão da soleira: é o Lg ou extensão geométrica do vertedouro Respeitar a cota de restrição à montante: quer dizer que este deverá ser o NA máximo Maximorum, e que foi definido por outros critérios tais como a divisão de quedas feita na época dos estudos de inventário ou ainda uma restrição de ocupação a montante, que impede a inundação. Volume de espera: parcela do volume útil que deve ser mantida ‘vazia’ do reservatório, para reter em todo ou parte do volume da cheia de proteção do vale a jusante (cheias com frequências de TR 10 a 100 anos). A cota máxima do reservatório, para respeitar o volume de espera, é chamada de NA meta de operação. Com este pequeno esquema podemos entender os dados que foram fornecidos e a sequência de cálculos necessária. 1. Nível mínimo operacional Como foi dada a geratriz superior da tomada (614,70m) , basta calcular a submergência necessária para evitar vórtices com arraste de ar, e este dado fica definido. Para tal precisamos ter a velocidade na tomada d´água: V = (Q/A) = 2 /( 0,92 / 4) = 3.14 m/s Com a fórmula fornecida podemos calcular a altura de submergência; considerando também que foi informada aproximação assimétrica: 𝑆 𝐶 ⋅ 𝑉 ⋅ √𝐷5 = 0,7245 x 3,14 x 0,90,5 = 2,16m Desta forma, seguindo a regra geral, NA min oper = 614,70 + 2,158m = 616,86m 2. Volume de Espera É o reservado para conter o volume da cheia afluente correspondente à proteção do vale a jusante. Nesta situação, a cheia de TR 25 anos, hidrograma triangular com pico 650m3/s, base 24h e tempo de subida 10h, deve ser totalmente absorvida -> o que significa que nada deve escoar para jusante, ou seja existe uma restrição de vazão muito severa para jusante. Supondo que esta barragem tenha um vertedouro de soleira livre, determine a cota da soleira do vertedouro, e a menor largura (extensão) efetiva possível para o vertedouro, de modo a atender a cheia de projeto (TR = 10.000 anos), respeitando a cota de restrição a montante. Considere no dimensionamento que a barragem deve respeitar o volume de espera na passagem da cheia de projeto. ESCOLA POLITÉCNICA Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental PHA-3403 – Barragens e Estruturas Hidráulicas Prova P1B 2023-1 NUSP Nome Resolução comentada pelo prof Rodolfo Scarati Assinatura 3/6 Aproximando-se o hidrograma real pelo triangular, como pedido, neste caso temos que o volume de espera será a área abaixo da curva Vesp = 24 x 650 2 x 3600 = 28,08 hm3 3. Volume Meta Entende-se que é o volume do reservatório quando este está no nível meta, com toda a reserva de espera disponível O nível meta é estabelecido como sendo a cota de operação a ser perseguida para garantir a reserva hídrica e atuar na mitigação dos impactos das cheias nos vales a jusante. Foram dados: Vreg = 60 hm 3 e Vperdas = 10 hm 3. Logo o volume no nível meta será a soma do volume no NAmin oper com os valores dados: Vmin oper = (616,86 – 600) 1,42 = 55,23 hm3 VNA meta = 60 + 10 + 64,74= 125,23 hm 3 4. Volume Útil O Vútil é a soma das três parcelas: regularização, perdas e espera: Vútil = 60 + 10 + 28,08 = 98,82 hm 3 5. NA máximo Normal Obtém=se diretamente da curva cota volume, determinando-se volume total acumulado, ou seja o Volume operacional e o volume útil: Vmax nor = V oper + Vútil = 64,74 + 98,82 = 153,31 hm3 Curva Cota Volume V = (NA – 600)1,42 (hm3) -> NA = (163,56)1/1,42 +600 = 634,60 m 6. NA Máximo Maximorum Considerando que foi fornecida a cota de restrição a montante, neste estudo pode-se admitir que esta será o máximo a ser atingido NAmaxmax = 638,00m 7. Cota da soleira do Vertedouro Por ser uma soleira livre, a soleira é posicionada na cota do NA max nor , isto é NAsol= 634,60m 8. Vazão máxima efluente Este cálculo implica em considerar a passagem da cheia de projeto da crista da barragem (TR 10.000anos) pelo vertedouro. Considerando que o vertedouro é de soleira livre, na ocorrência da cheia de projeto haverá, inicialmente, o enchimento do reservatório desde o nível meta até a cota da soleira sem ocorrer vertimento. A partir daí o nível continua subindo até atingir o NAmaxmax , com vertimento. Como a subida do nível representa o 55,23 55,23 ESCOLA POLITÉCNICA Departamentode Engenharia Hidráulica e Ambiental PHA-3403 – Barragens e Estruturas Hidráulicas Prova P1B 2023-1 4/6 acúmulo do volume retido, ocorrerá o amortecimento desta cheia, resultando em uma vazão descarregada inferior ao pico da cheia afluente. Este amortecimento ocupará o volume chamado de Vpcp, ou volume de passagem da cheia de projeto, que forma uma parte do volume de segurança. Para isso devemos calcular qual é este volume: VNA max max = (638 – 600) 1,42 = 175,10 hm3 Vpcp = 21,79 hm 3 VNA max norm = – (634,60 – 600) 1,42 = 153,31 hm3 Esquematizando o funcionamento do vertedouro, os valores de Ts e Qs podem ser calculados através das áreas sob os triângulos, sendo as incógnitas Qs e ts. Podem ser escritas duas equações 𝑡 𝑡 𝑡𝑝 𝑡 𝑄 ⋅ 𝑡 2 𝑄 𝑄 2 𝑥 𝑒𝑠𝑝 0 Resolvendo analiticamente resulta Ts = 14,97h e Qa = 2647 m3/s O gráfico final resulta 9. Largura (extensão) efetiva do vertedouro É a extensão utilizada no cálculo hidráulico (não é a extensão geométrica total ou útil). Este cálculo pode ser obtido pela expressão da vazão do vertedouro, que foi fornecida: Q = Cq Le (2g) 0,5 Hd 1,5 -> Le = 2647 0,502 4,42 3,401,5 = 190,26m ESCOLA POLITÉCNICA Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental PHA-3403 – Barragens e Estruturas Hidráulicas Prova P1B 2023-1 NUSP Nome Resolução comentada pelo prof Rodolfo Scarati Assinatura 5/6 Item b (3,0 pontos). Caso se optasse por uma solução com vertedouro controlado por comportas, refaça os dimensionamentos realizados no item a, supondo que, neste caso, a operação do vertedouro deve garantir que o nível d’água máximo maximorum seja coincidente com o máximo normal na passagem da cheia de projeto. Considere que as comportas do vertedouro têm altura igual a 10,0 m. Preencha o quadro de respostas a seguir com as informações solicitadas (usar duas casas decimais): Nível d’água mínimo operacional (m) Volume de espera (hm³) Volume meta (hm³) Volume útil (hm³) Nível d’água máximo normal (m) Nível d’água máximo maximorum (m) Cota da soleira do vertedouro (m) Vazão máxima efluente pelo vertedouro (m³/s) Largura (extensão) efetiva do vertedouro (m) Resolução típica do item b O uso de comportas permite reduzir a altura da barragem uma vez que a altura de segurança na situação de soleira livre pode ser eliminada desde que se adote uma comporta com altura apropriada. Neste caso tem-se: 1. Mínimo Operacional : Este nível não se altera porque a introdução da comporta irá afetar apenas o NAmax max 2. Volume de espera: será o mesmo 3. Volume meta: será o mesmo 4. Volume útil: será o mesmo 5. NA máximo Normal : será o mesmo e igual ao NA máximo maximorum 6. Cota da soleira do vertedouro: se a altura útil é 10m e o NA max normal será igual ao NA max max, a nova cota da soleira será Nsol = NA maxnorm – Hcomp = 634,60 – 10 = 624,60m ESCOLA POLITÉCNICA Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental PHA-3403 – Barragens e Estruturas Hidráulicas Prova P1B 2023-1 6/6 7. A vazão máxima efluente pelo vertedouro Considerando a operação normal (vide obs) das comportas, no início da cheia o nível do reservatório será igual ao nível meta de operação. Na passagem da cheia de projeto as comportas ficarão fechadas e o nível d´água irá se elevando até atingir o NA max norm, que é igual ao NA max max. Neste instante as comportas serão abertas para manter o nível nesta cota. A vazão logo na abertura será 1750,51 m3/s. Na medida em que a cheia progride, as comportas serão abertas progressivamente para manter o nível até atingir a abertura total. Neste instante a vazão será igual à máxima afluente, ou seja 2750 m3/s. 8. Para a situação descrita no item anterior, a extensão efetiva do vertedouro, mantido o mesmo coeficiente de descarga, será de Q = Cq Le (2g) 0,5 Hd 1,5 -> Le = 2750 0,502 4,42 101,5 = 39,11 m Observação: na operação normal de uma estrutura, a restrição de vazão para jusante é observada para qualquer cheia afluente, mesmo que as eventuais previsões indiquem a chegada de uma cheia maior do que a estabelecida para proteção do vale porque não há como saber se a previsão irá se concretizar. Na prática, a abertura da comporta quando se atinge o NA max Norm também não é instantânea. Algum tempo antes é iniciada a abertura gradual a uma taxa de aumento da vazão descarregada entre 10% a 30% por hora para evitar uma variação muito do escoamento para jusante em pouco tempo. FORMULÁRIO GERAL DE APOIO E INSTRUÇÕES: Submergência da tomada d’água 𝑆 𝐶 ⋅ 𝑉 ⋅ √𝐷 𝐶 0,7245 𝑎𝑝𝑟𝑜𝑥𝑖𝑚.𝑎𝑠𝑠𝑖𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 𝐶 0,5434 𝑎𝑝𝑟𝑜𝑥𝑖𝑚. 𝑠𝑖𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 Curva de descarga do vertedouro 𝑄 𝐶 𝐿 𝐻 , 2𝑔 Usar formato triangular simplificado para representar hidrogramas de cheia
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