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DPC III - Embargos de Divergência (1)

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL III
Segundo Bimestre
Prof. Rossana Teresa Curioni Mergulhão
RECURSOS EM ESPECIE[footnoteRef:1] [1: Material elaborado a partir da bibliografia principal indicada no Plano de Ensino: THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. 53ª edição. RIO DE JANEIRO: Forense, 2020. Vol. III, PGS. 1149-1155; GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil esquematizado, 9a edição. São Paulo: Saraiva, 2020; MONTENEGRO FILHO, Misael. Direito Processual Civil, 13ª edição, Editora Gen Atlas, 2018, item 21.17. e https://direitorio.fgv.br/sites/direitorio.fgv.br/files/u100/recursos_no_processo_civil_ii_2015-1_2.pdf
] 
10 EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA
10.1 LEGISLAÇÃO – CPC, Lei 13.105 de 16.03.2020 
Seção IV
Dos Embargos de Divergência
Art. 1.043. É embargável o acórdão de órgão fracionário que:
I - em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo os acórdãos, embargado e paradigma, de mérito;
II - (Revogado pela Lei nº 13.256, de 2016)
III - em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo um acórdão de mérito e outro que não tenha conhecido do recurso, embora tenha apreciado a controvérsia;
IV - (Revogado pela Lei nº 13.256, de 2016)
§ 1º Poderão ser confrontadas teses jurídicas contidas em julgamentos de recursos e de ações de competência originária.
§ 2º A divergência que autoriza a interposição de embargos de divergência pode verificar-se na aplicação do direito material ou do direito processual.
§ 3º Cabem embargos de divergência quando o acórdão paradigma for da mesma turma que proferiu a decisão embargada, desde que sua composição tenha sofrido alteração em mais da metade de seus membros.
§ 4º O recorrente provará a divergência com certidão, cópia ou citação de repositório oficial ou credenciado de jurisprudência, inclusive em mídia eletrônica, onde foi publicado o acórdão divergente, ou com a reprodução de julgado disponível na rede mundial de computadores, indicando a respectiva fonte, e mencionará as circunstâncias que identificam ou assemelham os casos confrontados.
§ 5º.     (Revogado pela Lei nº 13.256, de 2016)
Art. 1.044. No recurso de embargos de divergência, será observado o procedimento estabelecido no regimento interno do respectivo tribunal superior.
§ 1º A interposição de embargos de divergência no Superior Tribunal de Justiça interrompe o prazo para interposição de recurso extraordinário por qualquer das partes.
§ 2º Se os embargos de divergência forem desprovidos ou não alterarem a conclusão do julgamento anterior, o recurso extraordinário interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento dos embargos de divergência será processado e julgado independentemente de ratificação.
	10.2 DOUTRINA		
■	EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL E EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
■ Introdução 
Esse recurso foi introduzido em nosso ordenamento jurídico pela Lei n. 8.950/94. 
Suas hipóteses de cabimento vêm previstas no art. 1.043 do CPC. As hipóteses dos incisos II e IV do art. 1.043 foram revogadas ainda na vacatio legis do novo CPC. 
Sua finalidade é evitar divergências, tanto de natureza material quanto processual, no âmbito do STF e do STJ, uniformizando a jurisprudência. 
Pressupõe, no âmbito do STF, que haja divergência de entendimento entre uma e outra Turma, ou entre uma Turma e o Plenário; e, no âmbito do STJ, divergência entre uma Turma e outra, ou entre Turma e Seção, ou ainda entre a Turma e o Órgão Especial. Não basta que ela se manifeste entre ministros da mesma Turma, a menos que a sua composição tenha sido alterada em mais da metade de seus membros (art. 1.043, § 3º). 
É preciso, normalmente, que se estabeleça entre dois órgãos fracionários distintos desses Tribunais, ou entre um deles e o plenário. 
Vale lembrar que o STF tem duas turmas, compostas por cinco Ministros, e o Plenário, com onze. O STJ tem seis turmas, com cinco ministros cada. Cada Seção é composta de duas turmas e há o Órgão Especial, denominado Corte Especial, que, nos termos do art. 2º, § 2º, do Regimento Interno do STJ, é integrada pelos quinze Ministros mais antigos e presidida pelo Presidente do Tribunal. 
É preciso que a divergência seja atual, não cabendo mais os embargos se a jurisprudência do Tribunal já se uniformizou em determinado sentido. É o que resulta da Súmula 168 do STJ: “Não cabem embargos de divergência, quando a jurisprudência do Tribunal se firmou no mesmo sentido do acórdão embargado”.
Havia controvérsia sobre a possibilidade de a divergência manifestar-se em acórdão proferido no julgamento do agravo interno, o que foi superado com a Súmula 316 do STJ: “Cabem embargos de divergência contra acórdão que, em agravo regimental, decide recurso especial”. 
■ Processamento 
 	É regulado pelos regimentos internos do STF e do STJ. 
 	O prazo para interposição é de quinze dias da publicação da decisão embargada. 
 	A petição de interposição deve vir acompanhada com a prova da divergência, sendo necessário que indique, de forma analítica, em que a divergência consiste. 
 	O relator poderá valer-se dos poderes que lhe atribui o art. 932 do CPC, não conhecendo, negando ou dando provimento ao recurso, em decisão monocrática. Contra essa decisão, caberá agravo interno para o órgão coletivo. 
 	O julgamento no STF será feito pelo Plenário. No STJ, se a divergência se der entre turmas da mesma Seção, o julgamento será feito pela Seção; se entre turmas de seções diferentes, ou entre uma Turma ou uma Seção com a Corte Especial, o julgamento será feito pela Corte Especial.
 	O recurso de embargos de divergência é adequado para atacar decisão proferida no julgamento do recurso especial e do recurso extraordinário, em processo de competência originária do STJ ou do STF, objetivando pacificar a jurisprudência interna do tribunal sobre determinada matéria jurídica, que não foi interpretada do mesmo modo por turmas distintas, por seção ou pelo órgão especial (Corte Especial), na situação que envolve o recurso especial, ou por turma ou pelo plenário, na situação que envolve o recurso extraordinário. 
 	Esse recurso tem por objeto o acórdão proferido no âmbito do STJ ou do STF que julga o recurso especial e o recurso extraordinário ou o processo de competência originária desses tribunais, e tem por objetivo a reforma ou a invalidação do pronunciamento atacado, a fim de que se adote o entendimento consolidado no julgamento de outro recurso ou de outro processo que apresente a mesma discussão jurídica, por outra turma, seção ou órgão especial, na situação que envolve o recurso especial; por outra turma ou pelo plenário, no caso do recurso extraordinário. 
 	O julgamento monocrático do recurso especial ou do recurso extraordinário não dá margem à interposição do recurso de embargos de divergência, pois esse recurso é interposto contra acórdão de órgão fracionário do STJ ou do STF. 
 	A fundamentação do recurso é a divergência jurisprudencial existente no âmbito do STJ ou do STF, provada através da comparação entre o acórdão proferido no processo que envolve o recorrente ou a parte e o(s) julgado(s) prolatado(s) por outra turma, seção, Corte Especial ou plenário do mesmo tribunal, ou pelo mesmo órgão fracionário, na situação identificada no § 3.º da norma reproduzida. 
 	O recurso de embargos de divergência não é cabível se o recorrente fundamenta a suposta divergência em julgado de outro órgão, modificado por entendimentos recentes, em decorrência da ausência de interesse recursal e pela inexistência da divergência. Segundo o § 1.º do art. 266 do RISTJ, a divergência deve ser comprovada na forma disposta nos §§ 1.º e 2.º do art. 255 do mesmo Regimento, como percebemos da transcrição daquele dispositivo regimental, bem como do art. 267: 
Art. 266. Cabem embargos de divergência contra acórdão de Órgão Fracionário que, em recurso especial, divergir do julgamento atual de qualquer outro Órgão Jurisdicional deste Tribunal, sendo:(Redação dada pela Emenda Regimental n. 22, de 2016) 
I – os acórdãos, embargado e paradigma, de mérito; (Incluído pela Emenda Regimental n. 22, de 2016) 
II – um acórdão de mérito e outro que não tenha conhecido do recurso embora tenha apreciado a controvérsia. (Incluído pela Emenda Regimental n. 22, de 2016) 
§ 1º Poderão ser confrontadas teses jurídicas contidas em julgamentos de recursos e de ações de competência originária. 
§ 2º A divergência que autoriza a interposição de embargos de divergência pode verificar-se na aplicação do direito material ou do direito processual. (Redação dada pela Emenda Regimental n. 22, de 2016) 
§ 3º Cabem embargos de divergência quando o acórdão paradigma for do mesmo Órgão Fracionário que proferiu a decisão embargada, desde que sua composição tenha sofrido alteração em mais da metade de seus membros. (Redação dada pela Emenda Regimental n. 22, de 2016) 
§ 4º O recorrente provará a divergência com certidão, cópia ou citação de repositório oficial ou credenciado de jurisprudência, inclusive em mídia eletrônica, em que foi publicado o acórdão divergente, ou com a reprodução de julgado disponível na internet, indicando a respectiva fonte, e mencionará as circunstâncias que identificam ou assemelham os casos confrontados. (Redação dada pela Emenda Regimental n. 22, de 2016) 
Art. 267. Admitidos os embargos de divergência em decisão fundamentada, promover-se-á a publicação, no Diário da Justiça eletrônico, do termo de vista ao embargado, para apresentar impugnação nos quinze dias subsequentes. (Redação dada pela Emenda Regimental n. 22, de 2016) 
Parágrafo único. Impugnados ou não os embargos, serão os autos conclusos ao relator, que pedirá a inclusão do feito na pauta de julgamento. 
 	
 	Além de o CPC/2015 prever a possibilidade de o recurso de embargos ter por base acórdão proferido pelo mesmo órgão fracionário que prolatou a decisão recorrida, adotou os mesmos critérios utilizados em relação ao recurso especial, para comprovar a divergência. 
MATERIAL DE ACORDO COM: 
Humberto Theodoro Junior, Curso de Direito Processual Civil. Vol.III, 51ª. ed., Forense, 2018;
§ 88. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NO STF E NO STJ
Sumário: 857. Embargos de divergência no STF e no STJ. 858. Alguns problemas superados pelo NCPC. 859. Procedimento no STJ. 860. Procedimento no STF.
Embargos de divergência no STF e no STJ 
I – Cabimento: 
 	Os embargos de divergência, já previstos no Código anterior (CPC/1973, art. 546), têm a função de uniformizar a jurisprudência interna das Cortes Superiores. Isto porque o seu cabimento se dá sempre que houver divergência de entendimento entre turmas ou outros órgão fracionários do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça. 
 	O NCPC, por outro lado, não só manteve esses embargos como ampliou as hipóteses de seu cabimento (art. 1.043, I e III),[footnoteRef:2] numa forma de desestimular os recursos para o STJ ou STF. Com efeito, a existência de teses jurídicas divergentes num mesmo tribunal é campo fértil para instigar a interposição de recursos. Assim, quanto maior a uniformidade na jurisprudência interna das Cortes Superiores, maior é a tendência de reduzir o número de recursos interpostos.[footnoteRef:3] [2: O texto original do NCPC admitia embargos de divergência em torno do juízo de admissibilidade (inc. II, do art. 1.043) e entre julgamentos de processos de competência originária (inc. IV , do referido art. 1.043). Esses elastérios do cabimento dos aludidos embargos foram revogados pela Lei nº 13.256/2016 em seu art. 3º, II.] [3: WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; CONCEIÇÃO, Maria Lúcia Lins; RIBEIRO, Leonardo Ferres da Silva; MELLO, Rogério Licastro Torres de. Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil. São Paulo: RT, 2015, p. 1.526-1.527.] 
 	Cabem os embargos de divergência quando no STJ ou no STF um órgão fracionário decide a mesma questão anteriormente enfrentada por outro órgão do mesmo tribunal, dando-lhe solução diferente. Para estes embargos, é irrelevante a existência ou não de unanimidade nas decisões confrontadas. 
 	Nesse contexto, o art. 1.043, com o texto decorrente da Lei nº 13.256/2016, prevê os embargos divergentes contra acórdão de órgão fracionário do STF ou do STJ, nas seguintes hipóteses, sempre em relação a julgamentos de recurso extraordinário ou especial: 
i) quando a divergência se estabelecer entre acórdãos de mérito(inciso I); ii) quando a divergência se manifestar entre um acórdão de mérito e outro que não conheceu do recurso, mas apreciou a controvérsia (inciso III).
 	A previsão de embargos de divergência em relação a julgamentos de processos de competência originária dos tribunais superiores, que chegou a constar do texto original do art. 1.043, IV, do NCPC, não vingou diante da revogação do dispositivo pela Lei nº 13.256/2016. 
 	Há uma novidade do Código de 2015 que merece destaque: enquanto o estatuto anterior se limitava a autorizar os embargos de divergência apenas para enfrentar conflitos ocorridos entre julgamento de recurso extraordinário e entre julgamento de recurso especial, por órgãos diversos do mesmo tribunal (CPC, 1973, art. 546), o novo Código é explícito em permitir a interposição do recurso não só quando a divergência se instala entre julgamentos de mérito, mas também entre acórdão de mérito e outro que, embora sem conhecer do recurso, tenha apreciado a controvérsia (NCPC, art. 1.043, I e III).[footnoteRef:4] [4: *****Observe-se que o texto foi modificado e somente se admite em matéria de mérito.] 
II – Prazo: 
 	O prazo para interposição dos embargos de divergência e para a prestação das contrarrazões é o geral, de quinze dias (art. 1.003, § 5º).
III – Comprovação da divergência: 
 	Ao opor esses embargos, o recorrente deve comprovar a divergência, por meio de certidão, cópia ou citação de repositório oficial ou credenciado de jurisprudência, inclusive em mídia eletrônica, onde foi publicado o acórdão divergente, ou com a reprodução de julgado disponível em rede de computadores, indicando a respectiva fonte (§ 4º, do art. 1.043). É indispensável, ainda, que mencione “as circunstâncias que identificam ou assemelham os casos confrontados”. Vale dizer, deverá o embargante demonstrar, de forma analítica, a similitude ou identidade do suporte fático.[footnoteRef:5] [5: STF, Pleno, AgRg nos EDiv. no AgRg no AgIn 646.081/SP, Rel. Min. Celso de Mello, ac. 22.10.2014, DJe 13.11.2014.] 
IV – Decisão de inadmissão do recurso: 
 	Na esteira da preocupação do novo Código com a fundamentação das decisões (NCPC, art. 489, § 1º), o tribunal não poderá inadmitir o recurso com base em fundamentação genérica de que as circunstâncias fáticas são diferentes. A norma do § 5º, do art. 1.043, em seu texto original, previa, literalmente, que, na espécie, a decisão de inadmissão dos embargos deveria demonstrar a existência da distinção. A Lei nº 13.256/2016 revogou o questionado § 5º, sem que isto, entretanto, representasse uma liberação para fundamento genérico de simples afirmação de inocorrência de base fática similar nos acórdãos cotejados. A razão da exigência de confrontação analítica é a mesma que já demonstramos no tópico relacionado com a inadmissão do recurso especial fundado em divergência de jurisprudência (ver, retro, o nº 837). Incide aqui, também, a regra que não considera fundamentada a decisão que se restringe genericamente a indicar, reproduzir ou parafrasear ato normativo, sem explicar sua relação com a questão decidida (art. 489, § 1º). Aliás, se se imputa ao recorrente a obrigação de mencionar “as circunstâncias que identificam ou assemelham os casos confrontados” (art. 1.043, § 4º), é lógico que a recusa do julgador em admitir tal identidade para inadmitir os embargos, só será legítima se procedida, também, mediante fundamentação analítica em sentido contrário.
V – Interrupção do prazo para interposição de recurso extraordinário: 
 	A oposição de embargos de divergência interrompe o prazo para interposição do recurso extraordinário contra o acórdão proferidopelo STJ (art. 1.044, § 1º).[footnoteRef:6] Entretanto, se a parte contrária interpuser o extraordinário antes do julgamento dos embargos, não será necessário ratificá-lo, caso os embargos sejam desprovidos ou não alterarem a conclusão do julgamento anterior (art. 1.044, § 2º). A técnica é a mesma adotada para o recurso interposto antes de decididos os declaratórios (art. 1.024, § 5º). [6: CPC/1973, sem correspondência.] 
 	No entanto, havendo alteração das conclusões do julgamento anterior, motivada pela decisão dos embargos, “o recorrido que já tiver interposto o recurso extraordinário terá o direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação, no prazo de quinze dias”.[footnoteRef:7] [7: O prazo de quinze dias será contado da intimação da decisão dos embargos de divergência” (CEJ/I Jorn. Dir. Proc. Civ., Enunciado nº 83).] 
 	
Alguns problemas superados pelo NCPC 
 	O CPC/1973, como já visto, somente cogitava de embargos de divergência diante de acórdãos de recursos extraordinário e especial que contivessem resolução de mérito. O NCPC expressamente amplia o cabimento desse recurso para os casos de juízo de admissibilidade daqueles recursos. 
 	O conflito, porém, deve estabelecer-se entre o acórdão que decidiu o mérito e o outro que, não conhecendo do recurso, tenha também apreciado a controvérsia ventilada no conteúdo do primeiro aresto (art. 1.043, III). Sem que esse pressuposto se configure, o cabimento dos embargos de divergência que envolva acórdão que se limitou ao juízo de inadmissibilidade continua vetado.[footnoteRef:8]234 [8: “Não fica caracterizada a divergência jurisprudencial entre acórdão que aplica regra técnica de conhecimento e outro que decide o mérito da controvérsia” (STJ, 2ª Seção, AgInt nos EREsp 1.120.356/RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, ac. 24.08.2016, DJe 29.08.2016. Nota: o julgamento do STJ, embora acontecido na vigência do NCPC, apreciou os embargos de divergência “à luz do CPC/73”, conforme constou, expressamente, do acórdão).] 
 	Havia, na jurisprudência do STJ à época do Código anterior, uma posição firme no sentido de que os embargos de divergência teriam seu cabimento restrito aos casos em que ocorreu julgamento do mérito do recurso especial, de modo que seria inadequado para as hipóteses de recurso não conhecido por questões técnicas próprias do juízo de inadmissibilidade.[footnoteRef:9] Na doutrina, entretanto, o tema oferecia palco para divergências.[footnoteRef:10] Agora, com a nova legislação, não há dúvidas acerca do cabimento dos embargos em que o acórdão decidiu sobre a admissibilidade do recurso, embora a hipótese se subordine a algumas particularidades, como já advertimos. [9: “A Eg. Corte Especial desta Corte já possui pensamento reiterado no sentido de que não são pertinentes os Embargos de Divergência calcados em eventual inobservância de regras técnicas alusivas ao conhecimento do recurso especial” (STJ, Corte Especial, AgRg. nos EREsp 354.434/RS, Rel. Min. Gilson Dipp, ac. 17.11.2004, DJU 13.12.2004, p. 190). No mesmo sentido: STJ, Corte Especial, AgRg. na Pet. 6.146/RS, Rel. Min. Gilson Dipp, ac. 01.08.2008, DJe 06.10.2008; STJ, Corte Especial, Pet. 5.398/RJ, Rel. p/ acórdão Min. Fernando Gonçalves, ac. 04.06.2008, DJe 04.08.2008; STJ, 1ª Seção, AgRg nos EREsp 918.298/RN, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, ac. 11.02.2009, DJe 27.02.2009; STJ, Corte Especial, AgRg na Pet 6.146/RS, Rel. Min. Gilson Dipp, ac. 01.08.2008, DJe 06.10.2008.] [10: Em doutrina, Eduardo Ribeiro de Oliveira (Embargos de divergência. In: NERY JÚNIOR, Nelson; WAMBIER, Teresa Arruda Alvim (coord.). Aspectos polêmicos e atuais dos recursos cíveis. São Paulo: RT, 2006, v. 9, p. 148-149) endossa a posição do STJ. Admitem os embargos de divergência também em relação ao juízo de admissibilidade do recurso especial Barbosa Moreira (BARBOSA MOREIRA, José Carlos. Comentários ao Código de Processo Civil. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008, n. 340, p. 640), Nelson Nery Júnior e Rosa Maria Nery (NERY JÚNIOR, Nelson; NERY , Rosa Maria. Código de Processo Civil comentado e legislação extravagante. 10. ed. São Paulo: RT, 2007, p. 949-950) e Nelson Luiz Pinto (PINTO, Nelson Luiz. Recurso especial para o Superior Tribunal de Justiça. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 1996, p. 153).] 
 	O inc. III do art. 1.043 do NCPC traz uma inovação relevante, ao permitir os embargos de divergência diante de conflito entre acórdão que decide o mérito e outro que apenas tenha inadmitido o recurso. Mas para que tal ocorra será necessário que no julgamento de inadmissibilidade tenha sido apreciado o tema que o faz conflitar com o do acórdão de mérito. Dessa maneira, a divergência justificadora dos embargos de divergência nunca se dará em torno das regras técnicas de admissibilidade dos recursos, mas exigirá sempre uma controvérsia acerca de temas do mérito, ainda que se aplique o permissivo do inc. III do art. 1.043. O mérito de que se cuida, no entanto, não é o mérito da demanda, ligado quase sempre ao direito material, mas o do recurso, que tanto pode versar sobre direito material como processual (art. 1.043, § 2º). Por exemplo, o mérito do recurso pode travar-se sobre regras formais relativas à validade da citação, ao cerceamento de defesa, à nulidade de sentença não fundamentada, à distribuição do ônus da prova, e assim por diante, sempre no terreno das normas processuais. Em situações como estas, a controvérsia estabelecida entre os acórdãos confrontados para efeito dos embargos de divergência configurará divergência de mérito, mesmo girando em torno de regras processuais. 
 	O regime restritivo do CPC/1973 afinal prevaleceu, no que toca ao conflito entre acórdãos limitados ao juízo de admissibilidade dos recursos extraordinário e especial, conforme já decidiu o STJ:
“É vedada a utilização dos embargos de divergência para refutar a aplicação de regra técnica de admissibilidade do recurso especial, também após a vigência do CPC/2015, tendo em vista que o inciso II do seu art. 1.043, que previa essa possibilidade, foi revogado pela Lei nº 13.256/2016”.[footnoteRef:11]237 [11: STJ, Corte Especial, AgInt nos EREsp 1.473.968/RS, Rel. Luis Felipe Salomão, ac. 17.08.2016, DJe 30.08.2016.] 
 	O NCPC consignou, outrossim, que a divergência pode verificar-se na aplicação do direito material ou do direito processual (§ 2º). Outra novidade trazida pelo novo Código diz respeito à possibilidade de a divergência ser suscitada quando o acórdão paradigma for da mesma turma que proferiu a decisão embargada. Entretanto, é essencial que a composição da turma tenha sofrido alteração em mais da metade de seus membros (§ 3º). Nessa hipótese, em rigor, não será o “mesmo” órgão julgador.[footnoteRef:12] [12: WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Primeiros comentários cit., p. 1.528.] 
Procedimento no STJ 
 	O procedimento dos embargos de divergência observará o estabelecido no regimento interno do STJ (NCPC, art. 1.044, caput).[footnoteRef:13] [13: CPC/1973, art. 546, parágrafo único.] 
	 Pelo Regimento Interno, o julgamento é feito pela Seção, se a divergência se deu em seu interior; ou pelo Órgão Especial, se a divergência for entre Turmas de Seções diversas, ou entre Turma e outra Seção, ou com a Corte Especial. 
 	Na petição recursal, o embargante deverá demonstrar, de forma analítica, a divergência entre os acórdãos confrontados, evidenciando, outrossim, a identidade ou similitude do suporte fático em ambos (RI, art. 266, § 1º c/c art. 255, §§ 1º e 2º; NCPC, art. 1.043, § 4º, in fine). 
 	O relator sorteado terá poderes para indeferir os embargos, liminarmente, “quando intempestivos, ou quando contrariarem Súmula do Tribunal, ou não se comprovar ou não se configurar a divergência jurisprudencial” (RI, art. 266, § 3º). Se forem admitidos, o relator os porá em pauta de julgamento, independentemente de revisão, depois de ensejar oportunidade de impugnação à parte contrária (RI, art. 267 e parágrafo). 
 	Está assente na jurisprudência do STF que “nos embargos de divergência não servemcomo padrão de discordância os mesmos paradigmas invocados para demonstrá-la, mas repelidos como não dissidentes no julgamento do recurso extraordinário” (STF, Súmula nº 598); regra que se deve observar, também, em relação ao recurso especial, por força da Súmula nº 316 do STJ. 
 	De acordo com a Súmula nº 599, do STF, seriam incabíveis embargos de divergência de decisão de Turma, em agravo regimental, ou seja, quando o acórdão revisse decisão singular de relator. 
No entanto, depois das Leis nos 9.139/1995 e 9.756/1998, surgiu uma situação nova, que ampliou os poderes do relator do recurso especial e do extraordinário, o que levou o STJ a rever o alcance da Súmula nº 599 do STF. Eis a nova posição adotada frente ao tema: 
“1. Antes das reformas processuais impostas, notadamente pelas Leis nos 9.139/95 e 9.756/98, não havia julgamento monocrático do mérito do recurso especial. Daí a plena aplicação do enunciado da Súmula nº 599/STF. 
2. Atualmente, pode o relator do STJ julgar, monocraticamente, o mérito do recurso especial, cuja decisão poderá ser revista pelo Colegiado via agravo regimental. 
3. A aplicação da Súmula nº 599 do STF merece temperamentos. São cabíveis os embargos de divergência contra acórdão proferido em agravo regimental, se julgado o mérito do recurso especial em agravo de instrumento ou interposto o mesmo contra decisão monocrática do relator em recurso especial”.[footnoteRef:14] [14: STJ, 1ª Seção, EREsp 133.541/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, ac. 10.04.2000, DJU 21.08.2000, p. 89. No mesmo sentido: STJ, Corte Especial, EREsp 258.616/PR, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo, ac. 07.03.2001, DJU 12.11.2001, p. 121; STJ, Corte Especial, AgRg na Pet 3.312/RS, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, ac. 03.08.2005, DJU 26.09.2005, p. 161.] 
 	À vista das razões expostas, o STF, finalmente cancelou a Súmula nº 599 em 26/04/2007, no julgamento do AgRg dos RE 285.093. 283.240 e 356.069.
Procedimento no STF 
 	Para os embargos de divergência, o procedimento acha-se disciplinado pelos arts. 330 a 336 do Reg. Interno do STF, sendo de 15 dias o prazo para sua interposição (art. 334, caput). 
 	Os requisitos da demonstração da divergência são, segundo o art. 331, os mesmos exigidos pelo NCPC, art. 1.043, § 4º. 
Ao julgar os embargos de divergência, o Plenário julgará a matéria restante. Somente não haverá tal julgamento quando se tratar de agravo,[footnoteRef:15] caso em que se determinará a subida do recurso principal (Regimento Interno, art. 336, parágrafo único). [15: Art. 336, parágrafo único, RISTF: “Parágrafo único. Recebidos os embargos de divergência, o Plenário julgará a matéria restante, salvo nos casos do art. 313, I e II, quando determinará a subida do recurso principal”. Art. 313, RISTF: “Caberá agravo de instrumento: I – de decisão de juiz de primeira instância nas causas a que se refere o art. 6º, III, d, nos casos admitidos na legislação processual. II – de despacho de Presidente de Tribunal que não admitir recurso da competência do Supremo Tribunal Federal”.] 
	10.3 JURISPRUDÊNCIA
Processo
AgInt nos EREsp 1862689 / SP
AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL
2020/0040340-1
Relator(a)
Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA (1146)
Órgão Julgador
S2 - SEGUNDA SEÇÃO
Data do Julgamento
15/09/2020
Data da Publicação/Fonte
DJe 22/09/2020
Ementa
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM
RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE COTEJO ANALÍTICO. MERA CITAÇÃO DE
EMENTA. MENÇÃO AO DIÁRIO DA JUSTIÇA. IMPOSSIBILIDADE. DECISÃO MANTIDA.
1. A parte embargante limitou-se a citar a ementa do aresto
supostamente paradigma, sem demonstrar haver decisão discordante em
casos com semelhança fático-processual, o que impede o conhecimento
dos embargos de divergência (AgInt nos EAREsp 1.355.295/RJ, Relator
Ministro FRANCISCO FALCÃO, CORTE ESPECIAL, julgado em 26/5/2020, DJe
1º/6/2020).
2. "A mera menção ao Diário da Justiça em que teriam sido publicados
os acórdãos paradigmas trazidos à colação, sem a indicação da
respectiva fonte, quando os julgados encontram-se disponíveis na
rede mundial de computadores ou Internet, não supre a exigência da
citação do repositório oficial ou autorizado de jurisprudência, uma
vez que se trata de órgão de divulgação em que é publicada somente a
ementa do acórdão" (AgInt nos EREsp 1.543.286/DF, Relator Ministro
LUIS FELIPE SALOMÃO, CORTE ESPECIAL, julgado em 23/6/2020, DJe
1º/7/2020).
3. Agravo interno a que se nega provimento.
Processo
AgInt nos EREsp 1514561 / RS
AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL
2015/0020679-8
Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132)
Órgão Julgador
S1 - PRIMEIRA SEÇÃO
Data do Julgamento
15/09/2020
Data da Publicação/Fonte
DJe 22/09/2020
Ementa
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. REINTEGRA. BASE DE CÁLCULO. PIS E
COFINS. SISTEMA NÃO CUMULATIVO. POSSIBILIDADE ATÉ O ADVENTO DA LEI
12.844/2013. ACÓRDÃO EMBARGADO EM SINTONIA COM ORIENTAÇÃO PREVALENTE
NO STJ. INVIABILIDADE DOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA.
1. Por meio da decisão agravada não se conheceu dos Embargos de
Divergência sob o fundamento de que o acórdão embargado está em
sintonia com a compreensão do STJ de que, até o advento da Lei
12.844/2013, que incluiu o § 12 no art. 2º da Lei 12.546/2011, os
valores do Reintegra compõem a base de cálculo do PIS e da COFINS.
Nesse sentido: AgInt no REsp 1.782.172/CE, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, Segunda Turma, DJe 21.5.2019; AgInt no REsp. 1.660.801/RS,
Rel. Min. Francisco Falcão, Segunda Turma, DJe 31.10.2017; REsp.
1.598.604/SC, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe
19.4.2017; REsp 1.823.396/RS, Relator Min. Herman Benjamin, Segunda
Turma, DJe 19.12.2019; AgInt nos EDcl no REsp 1514561/RS, Relator
Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe 3.3.2020
2. Incidência da Súmula 168 do STJ: "Não cabem embargos de
divergência, quando a jurisprudência do Tribunal se firmou no mesmo
sentido do acórdão embargado."
3. O que se defende no Recurso não é a existência de divergência,
mas a tese de que haveria identidade entre os créditos apurados no
Reintegra e os créditos presumidos de IPI. Ocorre que os Embargos de
Divergência "são recurso de fundamentação vinculada, servindo à
finalidade de uniformizar a interpretação no âmbito das Cortes
Superiores, não se prestado a revisar o quadro fático delineado nas
instâncias ordinárias nem a tratar de questões jurídicas que não
façam parte do objeto recursal" (AgInt nos EDcl no AgInt nos EREsp
1.089.588/MS, Relator Ministro Benedito Gonçalves, Corte Especial,
DJe 14.6.2019).
4. Agravo Interno não provido. (G.N.)

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