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GESTÃO DE SISTEMAS E SERVIÇOS DE SAÚDE PROFª DEBORA ALVES 3) FUNÇÃO DO ENFERMEIRO NA GESTÃO DE MATERIAIS E EQUIPAMENTOS Enfermeiro como Gestor de UBS ▪ Sendo assim, na UBS, o enfermeiro assume algumas atribuições gerenciais junto à equipe de enfermagem, aos agentes comunitários de saúde e aos agentes de combate às endemias. Por isso, mesmo não sendo o gestor da unidade, o enfermeiro assume ações gerenciais que estarão baseadas, principalmente, na gestão de pessoas e conflitos. ▪ De todo modo, dentre os profissionais da área da saúde que possuem disponibilidade e vocação para atuarem como gestores das UBS, o enfermeiro é o profissional com maior ocorrência por sua formação mais generalista, com bases fortes sobre educação, administração e políticas públicas de saúde. Classificação dos materiais hospitalares ▪ De uma maneira geral, os materiais hospitalares podem ser classificados em permanentes ou de consumo. ▪ Os materiais permanentes não são estocáveis, eles permitem somente guarda temporária e apresentam vida útil mínima de 2 anos. ▪ Os materiais de consumo são estocáveis e apresentam duração máxima de 2 anos. Vale salientar que muitos materiais de consumo têm uso único, ou seja, devem ser descartados logo após o primeiro uso como, por exemplo, gazes e luvas de procedimentos. ▪ Para efeito de diferenciação e melhor compreensão, nesta aula adotaremos o termo equipamentos para os insumos permanentes e materiais para os materiais de consumo. Classificação dos materiais hospitalares Os materiais também podem ser classificados com base em outros critérios, a saber: ▪ Finalidade (uso a que se destina): cateterismo, cirurgia vascular, ultrassonografia transvaginal etc. ▪ Dimensões: pequeno, médio e grande ▪ Custo: baixo, médio e alto ▪ Matéria-prima: plástico, látex, silicone, vidro etc. ▪ Função do controle: perecível, explosivo, inflamável etc. ▪ Função da guarda: fixo, móvel, circulante etc. Classificação dos materiais hospitalares ▪ Há uma tabela de recomendação quanto à quantidade de material e ao direcionamento dos custos, conhecida como curva ABC. A curva ABC tem como objetivo principal relacionar o consumo do estoque de materiais, o investimento vinculado a esse estoque e sua quantidade de itens. Classificação dos materiais hospitalares ▪ Deve-se considerar também a criticidade de cada material, principalmente para evitar que os materiais mais críticos, ou seja, imprescindíveis para a assistência à saúde, não faltem na instituição. O mais comum é o modelo XYZ. Classificação dos materiais hospitalares Processo de gestão de materiais e equipamentos ▪ Em geral, a gestão de equipamentos e materiais está vinculada à administração e é responsabilidade dos setores de Compras e Almoxarifado a sua aquisição, com a participação direta de profissionais da área da Saúde que trabalham nesses setores e também profissionais das áreas afins como enfermagem, farmácia e laboratório, que têm a função de assessorar quanto aos aspectos técnicos mais específicos. Processo de gestão de materiais e equipamentos Para a gestão de equipamentos, recomenda-se desenvolver um plano de gerenciamento de manutenção que compreenda os seguintes pontos adicionais: ▪ Inventário ▪ Seleção e aquisição ▪ Recebimento e instalação ▪ Treinamento de usuários ▪ Manutenções preventivas ▪ Manutenções corretivas ▪ Avaliação tecnológica e desativação. Compra de materiais Para estimar a quantidade do material necessário em um determinado período, o enfermeiro pode controlar o consumo médio mensal desse material por, pelo menos, 3 meses, e considerar uma margem de segurança entre 10 e 20% do consumo médio mensal. Para que a estimativa de material seja elaborada adequadamente, deve-se frequentemente avaliar o acúmulo de materiais na unidade para reavaliar a quantidade pedida nas próximas solicitações. Compra de materiais O cálculo do CTR deve considerar o consumo de acordo com o tempo de reposição, ou seja, se são consumidas 200 seringas de 10 ml durante 30 dias, mas o tempo de reposição é de 15 dias, devem ser consideradas 100 seringas como CTR (100 seringas são consumidas em 15 dias). Se preferir, utilize a fórmula a seguir: Organização de materiais Com relação à organização dos materiais, sugere-se seguir alguns critérios: ▪ Por finalidade: materiais para uso em vias respiratórias devem ser de fácil acesso (sondas de aspiração, tubos traqueais, cânulas de traqueostomias) ▪ Por tamanho: materiais com diferentes tamanhos devem ser organizados um ao lado do outro em ordem crescente ▪ Por frequência: materiais com uso mais frequente devem ser de fácil visualização e acesso (normalmente na altura dos olhos ou mais baixos), enquanto os materiais de uso menos frequente podem localizar-se nas partes mais superiores das prateleiras e armários. 1) GESTÃO DO TRABALHO Tecnologias no trabalho em saúde ▪ Tecnologias duras: diz respeito aos equipamentos e materiais utilizados para prover o cuidado ao paciente. ▪ Tecnologias leve-duras: diz respeito ao saber técnico estruturado, ou seja, o conhecimento adquirido durante a vida e a formação do profissional. ▪ Tecnologias leves: diz respeito à relação com o outro. O trabalho na área da Saúde está baseado no cuidado com o outro, ou seja, o trabalho é o ato de cuidar, ouvir, dialogar, orientar e informar. Gerenciamento do trabalho em saúde ▪ Modelo Taylorista-Fordista, administração clássica e modelo burocrático ▪ Implementação de protocolos: condição importante para padronização de procedimentos e controle de qualidade assistencial. ▪ Democratização: participação dos profissionais na execução do trabalho e valorização do trabalho. Gerenciamento do trabalho em saúde ▪ Equilíbrio gerencial: optar por modelos nem muito burocráticos e nem muito democráticos, ou seja, possibilitar a participação dos trabalhadores em todas as fases do processo do trabalho, ainda que com papéis distintos dos administradores especialistas habilitados. ▪ Gestão estratégica: adequada às reais demandas do mundo do trabalho atual, com métodos de gestão mais flexíveis e participativos que também valorizem o trabalhador e seu trabalho com uma estrutura que ofereça condições mínimas para que os trabalhadores e seus gestores desenvolvam novas competências. 2) GERENCIAMENTO DE CONFLITOS Liderança Para que o líder influencie as pessoas de modo que as ideias e comportamentos estejam direcionados para as metas e desejos da empresa, ele deve estar envolvido nas decisões e atividades da instituição, de modo que entenda os valores culturais e metas da instituição e acredite nos resultados e consequências positivas para todos. Um líder influente é aquele que acredita no que faz. Liderança Gerenciamento de conflitos ▪ Apesar de parecer simples, deve-se considerar que o gestor, na figura de intermediador, deve evitar que seus próprios valores, crenças e percepções sejam determinantes durante um conflito; por isso, o gestor deve preparar-se e pensar em estratégias para lidar com os conflitos no mesmo nível de importância que ele se prepara para outras atividades gerenciais como, por exemplo, planejamento, motivação e tomada de decisão. ▪ Para gerenciar conflitos, o líder deve conhecer-se, reconhecer e refletir sobre as próprias tendências, padrões e crenças, para o reposicionamento adequado dos enfoques com os quais tende a lidar com os conflitos Gerenciamento de conflitos ▪ O conflito pode ser visto como negativo ou positivo, dependendo da maneira como o líder e sua equipe lidam com ele; ▪ Os conflitos devem ser tratados com equilíbrio entre o racional e o emocional; ▪ O gerenciamento de conflitos exige habilidades técnicas específicas que devem ser aplicadas em momentos oportunos e de acordo com a intensidade, a complexidade e o rumo do conflito; ▪ Nenhum conflito deve ser abafado, caso contrário, surgirão conflitos maiores e mais difíceis de serem gerenciados ▪ Para gerenciar um conflito,o gestor deve conhecer quais as situações que mais geram conflitos. Tipos de conflitos Origem dos conflitos e seus efeitos ▪ Atualmente, as instituições são ambientes propícios para o surgimento de conflitos, pois os profissionais vivem em constante relação de disputa por metas, recursos, reconhecimento e progresso na carreira. ▪ Além disso, é comum que suas expectativas não sejam satisfeitas em detrimentos das expectativas de outras pessoas; por exemplo, você estava esperando uma promoção, mas apenas seu colega foi promovido. Origem dos conflitos e seus efeitos ▪ Diferenças entre grupos: em instituições maiores formam-se grupos especializados em determinadas tarefas e relacionam-se com diferentes partes do ambiente, desenvolvendo diferentes maneiras de agir e pensar. Em outros momentos, os grupos podem desenvolver tarefas similares e, por isso, cria-se um ambiente competitivo e acirrado a ponto de se tornar conflituoso. ▪ Recursos compartilhados: no mundo moderno, qualquer organização trabalha com compartilhamento e escassez de recursos; por isso, caso uma pessoa ou grupo queira usufruir mais de um recurso do que outra pessoa ou grupo, poderá ter início um conflito pela disputa do recurso. ▪ lnterdependência de atividades: quando a realização de uma atividade depende da finalização de outra atividade por uma outra pessoa ou grupo, pode haver cobranças e pressões que causarão conflitos entre os interdependentes. Origem dos conflitos e seus efeitos ▪ Relações hierárquicas: quando o líder não recebe apoio dos seus subordinados ou vice-versa, pode haver dificuldades de relacionamento e tomada de decisão no dia a dia, ocasionando conflitos entre as partes. ▪ Metas distintas: quando pessoas ou grupos têm metas diferentes, pode haver tensão nas relações de trabalho porque cada um almeja suas próprias metas e objetivos. ▪ Papéis mal distribuídos: em uma equipe de trabalho, as pessoas podem desenvolver trabalhos semelhantes e até iguais, porém, quando assumem cargos diferentes e os papéis não estão claros, poderão ocorrer conflitos. Origem dos conflitos e seus efeitos ▪ Estrutura organizacional: quando o ambiente de uma instituição é excessivamente burocrático, podem surgir conflitos por parte de grupos ou pessoas que querem legitimar seu poder a partir de cobranças, pressões e processos de controles, muitas vezes voltados apenas para que haja um comportamento padronizado. Em uma organização, os conflitos, por mais que tenham um caráter ruim, promovem o amadurecimento das pessoas como indivíduos, grupo e atores sociais, a partir das crises vivenciadas e, com isso, propiciam uma mudança no ambiente em que essas pessoas estão inseridas, produzindo ambientes cada vez melhores de convivência Negociação e solução de conflitos ▪ O gestor, no papel de líder do grupo, deve procurar identificar precocemente o surgimento potencial de um conflito e intervir ativamente para evitar que do conflito inicial sucedam novos conflitos e situações insustentáveis para o grupo. ▪ Existem várias maneiras de negociar e solucionar um conflito e a escolha de um ou mais estilos pode ser uma estratégia positiva. Em determinadas situações, a decisão de simplesmente não solucionar o conflito pode ser aceitável, porém, o líder deve estar ciente de que, alguns conflitos, quando não resolvidos, podem não enveredar por caminhos positivos e, inclusive, gerar outros. Tipos de negociação e solução de conflitos ▪ Fuga/retirada: trata-se de um estilo que não é confrontador nem cooperativo, indicado para questões triviais, do dia a dia, ou para conflitos que poderão gerar mais benefício se não forem enfrentados naquele momento. Nesse caso, o gestor foge do conflito, retira-se ou afasta-se da sua origem, não dando abertura e oportunidade para que os envolvidos expressem suas impressões e proponham uma solução ▪ Impasse: o gestor se sente paralisado diante do conflito e estabelece um bloqueio, comportando-se como se ele simplesmente não existisse, por mais que os envolvidos queixem-se ou criem situações de atrito. Tipos de negociação e solução de conflitos ▪ Negociação ou colaborativo: estilo confrontador e cooperativo. Tentativa direta de deixar os interesses compatíveis entre as partes envolvidas, ou seja, deve-se encontrar uma solução na qual os dois lados tenham seus interesses preservados. Nesse caso, o gestor interfere diretamente, ouve todas as partes e encontra uma solução que seja compatível com todos. Esse estilo exige compromisso mútuo, tempo e esforço, por isso, não está indicado para solução de conflitos triviais Tipos de negociação e solução de conflitos ▪ Mediação ou contestador: estilo confrontador, indicado quando não há possibilidade de negociação, quando as situações exigem ações decisivas e rápidas, quando a situação não oferece tempo para que todos sejam ouvidos e para que haja consenso. Ao líder é indicado que identifique os interesses, pense em alternativas de solução e proponha a que parecer mais apropriada. ▪ O líder deve ter cuidado para que a mediação não se torne dominação, ou seja, no exercício pleno do poder, o líder impõe a solução que lhe parece mais adequada, levando a ressentimentos e sensação de desvalorização por parte das pessoas que se sentiram prejudicadas. Tipos de negociação e solução de conflitos ▪ Conciliação ou compromisso: o líder propõe concessões das expectativas e desejos de todos os envolvidos para minimizar perdas e encontrar uma solução para o conflito. Vale lembrar que cada um dos envolvidos deve ser flexível com sua ideia e expectativa para se chegar a um consenso. Isso exige certa maturidade das pessoas. A conciliação também pode ser denominada barganha, ou seja, cada parte cede um pouco com o intuito de se resolver o conflito. Tipos de negociação e solução de conflitos ▪ Aceitação: estilo cooperativo, indicado quando o interesse ou os argumentos de uma parte mostram-se mais importantes do que os da outra na situação de conflito ou quando se pretende obter crédito para uma negociação futura. Etapas que antecedem a resolução de conflitos ▪ Identificar claramente o conflito a ser resolvido; ▪ Listar todas as causas possíveis do conflito; ▪ Listar todas as consequências possíveis do conflito; ▪ Identificar os atores envolvidos diretamente; ▪ Definir o que se pretende negociar. ▪ Os estilos ou formas de lidar com os conflitos podem variar de acordo com a situação e não existe método certo ou mais adequado de um líder gerenciar um conflito, por isso, torna-se imprescindível analisar amplamente as circunstâncias e a melhor abordagem. OBRIGADA! DEBORA ALVES debora.alves@sereducacional.comPROFESSORA EXECUTORA Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31 Slide 32 Slide 33 Slide 34 Slide 35