Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Manual de Gestão de Conflitos e Negociações Manual do Curso de Licenciatura de Gestão de Recursos Humanos ENSINO ONLINE. ENSINO COM FUTURO ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos i Direitos de autor (copyright) Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), e contêm reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED). A não observância do acima estipulado, o infractor é passível a aplicação de processos judiciais em vigor no País. Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) Direcção Académica Rua Dr. Almeida Lacerda, No 212 Ponta - Gêa Beira - Moçambique Telefone: +258 23 323501 Cel: +258 82 3055839 Fax: 23323501 E-mail: isced@isced.ac.mz Website: www.isced.ac.mz mailto:isced@isced.ac.mz http://www.isced.ac.mz/ ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos ii Agradecimentos O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) agradece a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual: Autor Abiba Mamade Coordenação Design Financiamento e Logística Revisão Científica Revisão Linguística Ano de Publicação Local de Publicação Direcção Académica do ISCED Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) Instituto Africano de Promoção da Educação a Distancia (IAPED) XXXXX XXXXX ISCED – BEIRA XXXXX ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos iii ÍNDICE VISÃO GERAL 1 Benvindo à Disciplina/Módulo de Gestão de Conflitos e Negociação ............................. 1 Objectivos do Módulo....................................................................................................... 1 Quem deveria estudar este módulo ................................................................................. 1 Como está estruturado este módulo ................................................................................ 2 Ícones de actividade ......................................................................................................... 3 Habilidades de estudo ...................................................................................................... 3 Precisa de apoio? .............................................................................................................. 5 Tarefas (avaliação e auto - avaliação)............................................................................... 6 Avaliação ........................................................................................................................... 7 CONSIDERAÇÕES GERAIS DA DISCIPLINA – CONTEXTUALIZAÇÃO ................................... 9 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 11 OBJECTIVOS DA DISCIPLINA ............................................................................................ 12 UNIDADE I - CONCEPTUALIZAÇÃO .................................................................................. 13 SUMÁRIO ........................................................................................................................ 19 EXERCÍCIOS DE AVALIAÇÃO ............................................................................................ 20 EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO.................................................................................. 21 UNIDADE TEMÁTICA II - ANÁLISE DA SITUAÇÃO CONFLITUAL ....................................... 22 2.1. ORIGENS DO CONFLITO .................................................................................. 23 SUMÁRIO ........................................................................................................................ 36 EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO.................................................................................. 37 EXERCÍCIOS DE AVALIAÇÃO ............................................................................................ 38 UNIDADE TEMÁTICA III - EVOLUÇÃO DA SITUAÇÃO CONFLITUAL ................................. 40 EXERCÍCIOS DE AVALIAÇÃO ............................................................................................ 45 UNIDADE TEMÁTICA IV - ATITUDES COMUNICATIVAS ................................................... 46 4.1.AVALIAÇÃO ...................................................................................................... 48 4.2. SUPERIORIDADE ............................................................................................. 49 4.3.CERTEZA........................................................................................................... 49 SUMÁRIO ........................................................................................................................ 54 EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO.................................................................................. 55 EXERCÍCIOS DE AVALIAÇÃO ............................................................................................ 55 UNIDADE TEMÁTICA V - ESTRATÉGIAS PARA A RESOLUÇÃO DE CONFLITOS ................. 57 5. POSSÍVEIS SOLUÇÕES DOS CONFLITOS ............................................................. 58 5.1.GANHO / PERDA .............................................................................................. 58 5.2. PERDA/PERDA................................................................................................. 60 5.3. GANHO/GANHO ............................................................................................. 62 5.6. O QUE FAZER FACE A UM CONFLITO? ............................................................ 63 5.6.1. EVITAR ................................................................................................ 63 5.6.2. ACOMODAR ....................................................................................... 64 5.6.3. CONFRONTAR..................................................................................... 65 5.6.4. COLABORAR ....................................................................................... 66 5.6.5. O CAMINHO DA RECUSA – ESTRATÉGIA PASSIVA.............................. 67 5.6.6. CAMINHO DO CONFLITO DECLARADO – ESTRATÉGIA AGRESSIVA.... 69 5.6.7. A ESTRATÉGIA MANIPULADORA ........................................................ 70 ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos iv 5.6.7. A ESTRATÉGIA ASSERTIVA .................................................................. 71 5.7.7. TÉCNICA D.E.E.C. - DESCREVER, EXPRESSAR, ESPECIFICAR, CONSEQUÊNCIA72 5.8. COMO O GESTOR PODE GERIR OS CONFLITOS .............................................. 74 5.8.1 REPRESSÃO ................................................................................................... 74 5.8.2. DILUIÇÃO ..................................................................................................... 75 5.8.3. CONFRONTAÇÃO ......................................................................................... 76 SUMÁRIO ........................................................................................................................ 87 EXERCÍCIOSDE AUTO-AVALIAÇÃO.................................................................................. 87 EXERCÍCIOS DE AVALIAÇÃO ............................................................................................ 88 UNIDADE VI – NEGOCIAÇÃO ........................................................................................... 90 6.1. O QUE É NEGOCIAÇÃO? ................................................................................. 91 6.2. PREPARAÇÃO PARA A NEGOCIAÇÃO .............................................................. 92 6.3. TÁCTICAS COMPETITIVAS ............................................................................... 93 6.4. TÁCTICAS COOPERATIVAS .............................................................................. 94 SUMÁRIO ........................................................................................................................ 96 EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO.................................................................................. 97 EXERCÍCIOS DE AVALIAÇÃO ............................................................................................ 98 EXERCÍCIO DE DESENVOLVIMENTO RESOLVIDO ............................................................ 99 BIBLIOGRAFIA................................................................................................................ 103 ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 1 VISÃO GERAL Benvindo à Disciplina/Módulo de Gestão de Conflitos e Negociação Objectivos do Módulo Ao terminar o estudo deste módulo de Gestão de Conflitos e Negociação deverá ser capaz de: conhecer as principais formas de gestão de conflitos em diferentes frentes, quer laborais ou sociais, tendo em conta a realidade do contexto socioeconómico, político e cultural, especificamente, deve ser capaz de: Objectivos Específicos Analisar cenários e elaborar o planeamento estratégico de um processo de negociação; Desenvolver habilidades de negociação para alcançar soluções eficazes e consensuais; Gerir possíveis conflitos inerentes ao processo de negociação estratégica; Perceber e aprimorar as habilidades de comunicação e perceber a sua influência no processo negocial; Reconhecer o impacto de suas acções e comportamentos nos resultados e relacionamentos obtidos nas negociações; Compreender, perceber e tomar decisões sobre diferentes situações conflituais sejam estes de carácter laboral ou social. Quem deveria estudar este módulo Este Módulo foi concebido para estudantes do 3º ano do curso de licenciatura em Gestão de Recursos Humanos do ISCED e outros como, Administração pública, entre outros. Poderá ocorrer, contudo, que haja leitores que queiram actualizar e consolidar seus conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem-vindos, não sendo necessário para tal se inscrever. Mas poderá adquirir o manual. ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 2 Como está estruturado este módulo Este módulo de Gestão de Conflitos e Negociação, para estudantes do 3º ano do curso de licenciatura em Gestão de Recursos Humanos do ISCED, está estruturado como se segue: Páginas introdutórias Um índice completo. Uma visão geral e detalhada dos conteúdos do módulo, resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo, como componente de habilidades de estudos. Conteúdo desta Disciplina / módulo Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente unidades. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma introdução, objectivos, conteúdos. No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só depois é que aparecem os exercícios de avaliação. Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: puros exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e actividades práticas, incluído estudo de caso. Outros recursos A equipa dos académicos a e pedagógicos do ISCED, pensando em si, num cantinho, recóndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo para você explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na biblioteca do seu Centro de Recursos mais material de estudos relacionado com o seu curso, tais como: Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para além deste material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma digital Moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus estudos. ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 3 AUTO-AVALIAÇÃO E TAREFAS DE AVALIAÇÃO Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios de auto-avaliação, apresntam duas características: primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, exercícios que mostram apenas respostas. Tarefas de avaliação são essencialmente semelhantes às de auto- avaliação, mas sem mostrar os passos e obedecem a um grau crescente de dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras. Parte das terefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo a serem entregue aos tutores/docentes para efeitos de correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame do fim do módulo. Pelo que, se o caro estudante fizer todos os exercícios de avaliação será uma grande vantagem. Comentários e sugestões Use este espaço é dedicado para dar sugestões valiosas, sobre determinados aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza diadáctico-Pedagógica, etc, sobre como deveriam ser ou estar apresentadas. Pode ser que, graças as suas observações que em gozo de confiança classificamo-las de úteis, a próxima edição do módulo, venha a ser melhorado. Ícones de actividade Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. Habilidades de estudo O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a aprender. Aprender aprende-se. Durante a formação e desenvolvimento de competências, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 4 estudar. Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos, procedendo como se segue: 1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de leitura. 2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). 3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão. 5º Fazer TC (Trabalho de Campo) e algumas actividades práticas ou as de estudo de caso se exista. IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, respectivamente como, onde e quando estudar, como foi referido no iníciodeste item, antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada hora, etc. É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já domina bem o anterior. Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos conteúdos de cada tema, no módulo. Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama-se descanso à mudança de actividades). Ou seja que durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das actividades obrigatórias. Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando interferência entre os conhecimentos, perde sequência ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 5 lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente incapaz! Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que está a se formar. Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado não conhece ou não lhe é familiar. Precisa de apoio? Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, página trocada ou invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, sms, e-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando a preocupação. Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes (Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante – CR, etc. ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 6 As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED indigitada para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou administrativa. O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida em que permite situar, em termos do grau de aprendizagem com relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver hábito de debater assuntos relacionados com os conteúdos programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade temática, no módulo. Tarefas (avaliação e auto - avaliação) O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues duas semanas antes das sessões presenciais seguintes. Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da disciplina/módulo. Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do autor. O plágio1 é uma violação do direito intelectual do (s) autor (es), é considerado plágio, uma transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do texto de um autor, sem o citar a fonte é considerado plágio. A honestidade, humildade científica e o respeito pelos direitos autorais devem caracterizar a realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED). 1 Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização. ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 7 Avaliação Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, estando eles fisicamente separados e muito distantes do docente/tutor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma avaliação mais fiável e consistente. Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A avaliação do estudante consta detalhada do regulamentado de avaliação. Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de frequência para ir aos exames. Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) trabalhos e 1 (um) (exame). Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados como ferramentas de avaliação formativa. Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das referências bibliográficas utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. Os objectivose critérios de avaliação constam do Regulamento de Avaliação. ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 9 CONSIDERAÇÕES GERAIS DA DISCIPLINA – CONTEXTUALIZAÇÃO Os conflitos existem desde do início da humanidade, e a vida das pessoas constituem na prática uma sucessão de conflitos que carecem de resolução, na medida em que, as pessoas nas suas interacções estão de alguma forma envolvidas em conflitos, porque nem sempre têm objectivos e interesses das pessoas são iguais, e é nesta diferenciação que há possibilidade de ocorrência de conflito. Tradicionalmente, a ausência de conflito era encarada como sinónimo de um bom ambiente e de boas relações, e no ambiente organizacional, bem como de boa gestão. Devido a esta perspectiva, o conflito era percebido de forma negativa, sendo encarado como uma manifestação de um comportamento indesejável, associado à agressividade e a sentimentos negativos, considerados prejudiciais ao bom relacionamento entre as pessoas. Consequentemente, as pessoas evitavam cada vez mais a resolução dos mesmos acabando muitas vezes por ser ignorados e abafados. Nos dias de hoje o conflito é encarado de forma positiva sendo um espaço aberto e uma oportunidade que pode levar ao surgimento de ideias novas permitindo a exploração de diferentes pontos de vista. Portanto, o conflito é encarado como um fenómeno social que apresenta várias dimensões e faz parte da vida humana, sendo importante para o processo de transformação e evolução social, bem como oportunidade de crescimento pessoal e profissional, visto que, se bem geridos, consegue-se superar os obstáculos que afectam o desenvolvimento seja no âmbito familiar, político, social ou organizacional, sendo necessária à aplicação de alguns métodos que colaborem para solucionar e gerir os conflitos de forma eficaz. Devido a natureza humana, que está associada a diferenças individuais, em diversas áreas da nossa vida, quer seja no âmbito pessoal, económico ou empresarial, enfrentamos situações de negociação com outras pessoas. Importa referir que, como todo processo de interação humana, a negociação não pode ser vista friamente como uma técnica, porque requer atitudes e comportamentos que passam pela aquisição de algumas características de personalidade que, às vezes, a pessoa ainda não tem, como a paciência por exemplo. Apesar de ser uma exigência constante em nossas vidas, não é fácil conduzir bem esse processo. Neste módulo serão apresentadas algumas estratégias de negociação, bem como identificar as atitudes pessoais que inferem em um processo negocial e bem como, desenhar os métodos e plano de acção ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 10 para gestão de conflitos. Através deste módulo, ficará claro que, um conflito é mais que uma discordância entre os membros de um grupo: implica um elevado envolvimento na situação, a emergência de uma certa intensidade de emoções e a percepção da existência de oposição e de tensão entre as partes, visto que, cada pessoa encara o conflito de acordo com a sua própria percepção, o que depende também da forma como foi educada, da sua sensibilidade à volta do assunto em causa, da natureza do conflito e até do seu sentido de humor. Por isso, para ser um bom mediador de conflitos é necessário ter em conta as diferentes formas de agir fazendo com que as pessoas envolvidas se coloquem no lugar umas das outras (empatia) de forma a terem sucesso na mediação. Para que os conflitos sejam superados é necessário saber lidar com eles, o que implica saber gerir a própria situação conflitual. Para o efeito, carece de certa sensibilidade e talento. Embora estes atributos não sejam por si só suficientes para alcançar a solução eficiente e eficaz para todas as partes envolvidas. Nestes casos, deverão ser usadas algumas estratégias e tácticas e, na presente unidade, serão expostas as principais. Os procedimentos referidos não constituem regras a serem usadas por todas as pessoas, nem para todas as situações, sendo apenas princípios que devem ser levados em consideração. É importante referir que, nos dias de hoje, a gestão de conflitos é uma competência necessária para todas as pessoas, em especial os profissionais, visto que não estão isentos de ter conflituais no seu dia- a-dia. Isto é, onde há pessoas há probabilidade de ocorrência de conflitos. Saber gerir conflitos é uma vantagem competitiva, porque quando os conflitos são mal resolvidos provoca mal-estar e geram ambientes perturbados, desgaste nos envolvidos e consequentemente a desmotivação. Saliente-se que, se o conflito for visto de forma positiva pode gerar ganhos para as partes envolvidas, na medida em que, permite a expressão e exploração de diferentes pontos de vista, e evita que se alcancem níveis elevados, tal como é o caso da eclosão. Portanto uma boa gestão de conflitos pode ser fonte impulsionadora da mudança, na medida em que, em situações de tensão conflitual os diferentes interesses podem gerar oportunidades para o crescimento mútuo. O estudante como futuro gestor de conflitos deve tomar consciência que, para que haja um entendimento profundo sobre as dinâmicas conflituais, é preciso saber que existe um modo construtivo e um modo destrutivo para lidar com as situações conflituais. ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 11 INTRODUÇÃO A disciplina de Gestão de Conflitos e Negociação faz parte dos cursos ministrados pelo ISCED. Trata-se de uma disciplina necessária e importante porque dará a conhecer a origem e evolução dos conflitos, e dará oportunidade para conhecer as estratégias usadas na gestão e negociação de conflitos. Robbins (2005) acrescenta que cada pessoa encara o conflito de acordo com a sua própria percepção. Por isso, para ser um bom mediador de conflitos é necessário ter em conta as diferentes formas de agir fazendo com que as pessoas envolvidas se coloquem no lugar umas das outras (empatia) de forma a terem sucesso na mediação. Importa referir que, nos dias de hoje, em especial no contexto organizacional, o conflito é encarado de forma positiva sendo um espaço aberto que pode levar a ideias novas permitindo a exploração de diferentes pontos de vista, sendo encarado como um fenómeno social que apresenta várias dimensões e faz parte da vida humana, sendo importante para o processo de transformação e evolução social, apesar dos enormes danos a ele associados. As organizações modernas não mais se baseiam em estruturas homogêneas; ao contrário, estão repletas de pessoas de origens, formações, crenças e princípios diferentes. Tudo isso dividindo o mesmo espaço profissional gera uma grande tensão, que pode levar ao conflito. Aprender a negociar e gerir conflitos pode ser o diferencial para o líder chegar a um resultado interessante a todos. Esse módulo, aborda estratégias de maneira simples e direta, visando fornecer o que é necessário para o sucesso em negociações. No cenário actual, o papel do gestor é equilibrar todos os factores utilizando-se de técnicas e habilidades para mensurar a eficácia da solução e verificar a origem dos novos conflitos que dela decorrem. Para que as próximas decisões possam ser programadas e rapidamente solucionadas, pois determinadas situações surgem e se repetem com frequência no ambiente organizacional. Contudo, gerir conflitos significa compreender profundamente a sua natureza, a dinâmica e as variáveis existentes para optimizar o seu resultado através de um diagnóstico das situações conflituais para ser possível enfrentá-las adequadamente, bem como definir medidas que possam concorrer para a sua erradicaçãoou mitigação no futuro, focalizando deste modo a atenção dos trabalhadores no alcance das metas organizacionais, contribuindo deste modo para o sucesso organizacional bem como para a criação de um clima organizacional saudável e agradável. ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 12 OBJECTIVOS DA DISCIPLINA Ao completar este módulo, você deverá ser capaz de: Objectivos Específicos Definir o conflito; Definir a esfera individual; Conhecer os diferentes tipos de conflitos; Conhecer o ciclo de evolução conflitual; Conhecer a relação entre esfera individual e o conflito; Caracterizar os factores subjacentes aos conflitos; Descrever a evolução da situação conflitual; Conhecer as principais causas do conflito; Identificar as principais situações susceptíveis de gerar conflitos; Conhecer as principais técnicas e estratégias de gestão de conflitos; Conhecer as diferenças entre negociação, mediação e arbitragem de conflitos; Saber como a visão do conflito (positiva/negativa) pode influenciar no processo de evolução do mesmo, bem como no processo negocial; Saber preparar um plano de negociação; Conhecer a influência que as diferenças individuais podem ter no processo conflitual; Conhecer o papel que a educação e a cultura podem ter no processo de evolução conflitual, bem como no processo negocial; Conhecer o papel que o líder deve ter no processo de gestão de conflitos; Conhecer os factores subjacentes ao conflito; Reconhecer as potencialidades e limitações do conflito. ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 13 TEMA I - CONCEPTUALIZAÇÃO INTRODUÇÃO Organização é uma palavra originada do Grego "organon" que significa instrumento, utensílio, órgão ou aquilo com que se trabalha. De um modo geral, organização é a forma como se dispõe um sistema para atingir os resultados pretendidos. A organização é então, o resultado da combinação de todos estes elementos orientados a um objectivo comum. Robbins (2005) uma organização é uma combinação de esforços individuais que tem por finalidade realizar propósitos colectivos. Por meio de uma organização torna-se possível perseguir e alcançar objectivos que seriam inatingíveis para uma pessoa. Uma grande empresa ou uma pequena oficina, um laboratório ou o corpo de bombeiros, um hospital ou uma escola são todos exemplos de organizações. Dependendo do tipo de organização, há uma pessoa que exerce um papel fundamental nas funções de liderança, planeamento e controle dos recursos humanos e de outros recursos materiais, financeiros e tecnológicos disponíveis na empresa. Portanto, uma organização é formada pela soma de pessoas, máquinas e outros equipamentos, recursos financeiros e outros. Existe um conjunto de elementos que estão diretamente associados a uma organização, tais como: clientes, fornecedores, concorrentes, comunicação social, entre outros. Para melhor compreensão dos conteúdos deste módulo, iremos começar por definir os conceitos chave, concretamente o conflito e esfera individual, para permitir uma melhor assimilação dos conteúdos. A presente unidade tem como objectivos: Objectivos da Unidade: Concecer o conceito conflito; Relacionar e distinguir o conflito da esfera individual; Conhecer os principais tipos de conflitos; Conhecer a visão negativa e positiva do conflito. Os conflitos existem desde do início da humanidade. A vida das pessoas constitui uma sucessão de conflitos, na medida em que, as pessoas nas suas interacções estão de alguma forma envolvidas em ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 14 conflitos, porque nem sempre têm objectivos e interesses das pessoas são iguais. É nesta diferenciação onde surge possibilidade de ocorrência de conflito. UNIDADE TEMÁTICA 1.1. CONFLITO A palavra conflito provém do latim, que significa choque, embate, desordem, antagonismo, oposição, momento crítico. De acordo com Almeida (1995), um conflito é uma situação que se caracterizada por escassez de recursos e por sentimento de hostilidade. Praa Robbins (2005), na situação conflitual, dois ou mais objectivos, pertencentes ao indivíduo ou a mais pessoas, são mutuamente exclusivos. Segundo Chiavenato (2004), conflito é uma situação de tensão entre partes, percebida como um grau alto de pressão emocional em consequência discordância entre as partes. Albrecht (1995) define conflito como um processo que tem início quando uma das partes percebe que a outra parte afeta, ou pode afetar, de modo negativo, alguma coisa que ela considera importante. De Carvalho (2008), o conflito existe quando o indivíduo ou grupo tenta alcançar os seus próprios objectivos e estes interferem no alcance dos objectivos da outra parte. Lopes (2006) acrescenta que, trata-se de uma situação em que uma das partes, percebem que a outra afecta negativamente algo que a primeira considera importante. Face as definições acima apresentadas, podemos dizer que, entende- se o conflito como um processo no qual o esforço é propositadamente feito por “A” para destruir o esforço de “B”, com recurso a qualquer forma de bloqueio que resulte na frustração de “B” no que concerne à prossecução das suas metas e ao seu desenvolvimento dos seus interesses. No contexto empresarial consiste em qualquer desacordo que rompe o fluxo de trabalho. Pode ser aplicado a um conflito entre dois colaboradores integrados no mesmo ou em diferentes níveis hierárquicos, seja qual for o grau de responsabilidade que detenham na organização, como também a um conflito entre dois ou mais sócios, com um fornecedor, um cliente, ou, até mesmo, a um conflito entre duas empresas emergentes ou não de uma relação contratual. Tendo em conta as definições anteriormente referidas, percebe-se que o conflito é o estado de tensão interna acrescida que resulta da ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 15 incapacidade de satisfazer as necessidades. Por exemplo: se duas pessoas pretendem estacionar uma viatura, e querem o mesmo lugar no parque de estacionamento, o recurso (lugar para estacionar) é escasso, porque é só um, e as pessoas que querem são duas. Pelo facto de as duas quererem o mesmo espaço podem desenvolver uma atitude de competição que termine em hostilidade. Eis que podemos estar diante de um conflito. Importa referir que, quando se fala em escassez de recursos, referimo- nos ao facto de nunca se poderem realizar todos os objectivos ao mesmo tempo. Para que uns tenham algo é preciso que os outros não tenham ou para que o indivíduo alcance um objectivo deve prescindir do outro, ou para fazer algo é preciso prescindir de outras. Por isso, quando se trata de situações que se tem mais de uma pessoa envolvida podem ser desenvolvidas atitudes de hostilidade, e em situações de tensão interna (conflito que envolve a própria pessoa). Ex: o conflito interno pode-se dar quando a pessoa está indecisa entre ler um livro no momento ou sair com os amigos. “Será que vou ler ou vou antes divertir-me?”. Tendo em conta as definições acima apresentadas, o conflito pode ser entendido como incompatibilidade entre pessoas, grupos, organizações, ou até países. A palavra conflito pode ter significados diferentes para pessoas diferentes, em momentos diferentes e em contextos diferentes, porque a situação conflitual é subjectiva. Embora existam causas objectivas, o conflito surge quando as causas são sentidas pelo sujeito, isto é, quando afectaa sua esfera individual, conceito que será reatado de seguida. UNIDADE TEMÁTICA 1.2. ESFERA INDIVIDUAL Para se fazer uma boa análise da situação conflitual há necessidade de ter em conta a esfera individual. De acordo com Robbins (2005), a esfera individual refere-se a auto – definição e a auto – imagem. Isto é, resposta a pergunta: quem sou eu? Trata-se portanto dos atributos que definem a pessoa como uma individualidade. Almeida (1995) refere que a esfera individual é aquilo que a pessoa define como sendo seu, e esta definição engloba a existência física do indivíduo (o corpo), os bens individuais, (casa, carro, dinheiro entre outros) em relação aos quais as outras pessoas só podem usufruir com o consentimento do proprietário. Salientar que, para além dos bens materiais referidos anteriormente, também fazem parte da esfera individual os valores imateriais. Neste campo enquadram-se os projectos futuros, a esperança, os valores, as amizades, a auto-estima, as crenças ou expectativas. Todo o conjunto ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 16 de relações que o individuo considera parte integrante de si mesmo. Importa referir que, uma situação só passa a ser conflitual quando há uma interferência com a esfera individual, isto é, quando chocam com o que é nosso sem concordância ou consentimento. Ex (1): Quando um trabalhador é descontado o salário, e, o mesmo considere que o desconto não tem justa causa. O trabalhador visado foi atingido na sua esfera individual, isto é, algo seu. Esta situação pode gerar conflito. Ex (2): Quanto se está diante de uma pessoa com auto-estima elevada, e esta é repreendida em público, independentemente da repreensão ter sido justa ou não, a pessoa foi atingida na sua esfera individual, sua auto-estima, especificamente. Para a pessoa em causa, pode ter um valor muito elevado e gerar conflito. ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 17 UNIDADE TEMÁTICA 1.3.TIPOS DE CONFLITOS De acordo com Chiavenato (2004) existem quatro tipos principais de conflitos, nas organizações, que serão destacados de seguida: Conflito interpessoal: é o conflito que ocorre devido a existência de objectivos e interesses antagónicos. É o tipo de conflito que envolve duas ou mais pessoas com objectivos e interesses comuns. Ex: quando um ou mais funcionários causam tensões diretamente sobre algum indivíduo de opiniões divergentes, valores, raça, religião, cultura e estilos encontrados no grupo e também pode ocorrer pelas diferenças etárias, de gênero, por poucos recursos materiais, financeiros ou ainda por diferenças de papéis; Conflito intra-pessoal: é o tipo de conflito que ocorre dentro do próprio indivíduo, isto é, a pessoa vive confusa entre os seus próprios objectivos, interesses, sentimentos, valores, crenças e conhecimentos. Portanto é um conflito intrapsíquico que provoca dissonância cognitiva, gerando deste modo dificuldades no processo de tomada de decisão. Ex: quando a pessoa quer trabalhar numa empresa porque gosta do trabalho que faz, mas não gosta do ambiente de trabalho ou do salário; Intergrupal: aquele que ocorre entre dois ou mais grupos dentro da mesma organização; Inter-organizacional: aquele que ocorre entre organizações diferentes ou concorrentes; Organizacional: aquele que ocorre dentro da organização, independentemente da situação. UNIDADE TEMÁTICA 1.4. VISÕES DO CONFLITO De acordo com Chiavenato (2004), os conflitos podem ser vistos numa perspectiva positiva, ou negativa, podendo trazer resultados construtivos ou destrutivos. UNIDADE TEMÁTICA 1.4.1. VISÃO NEGATIVA Rosado (2011) afirma que, a visão negativa do conflito resulta em desânimo e posições rígidas entre as partes envolvidas, normalmente a emoção domina o pensamento, a percepção fica distorcida, maximizam-se as diferenças e minimizam-se as semelhanças. As pessoas ficam menos tolerantes e acabam por não definir claramente como é que o conflito começou. Os conflitos, quando encarados de forma negativa, podem ter as seguintes consequências: Perda de energia: o conflito desgasta a energia do indivíduo no ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 18 processo de resolução ou tentativa de resolução do mesmo. E pode gerar sequelas não saudáveis como úlceras, dores lombares, insónias, irritação, entre outros estados de destabilização psico-fisiológica; Decréscimo na comunicação: quando o conflito é encarado de forma negativa são levantadas barreiras a comunicação; Confronto: a cooperação é prejudicada pelo conflito, na medida em que, quando o conflito é encarado de forma negativa, coloca em causa a natureza de relações estabelecidas, desviando deste modo o foco dos objectivos; pela insatisfação ou frustração. Quando o conflito é resolvido e uma das partes se sente perdedora gera sentimentos de insatisfação, stress, hostilidade ou frustração. Deste modo, gera tensão entre os envolvidos, uma vez que vêm os seus esforços bloqueados. A visão negativa do conflito parte da visão clássica onde o conflito era visto como um evento pernicioso e que deveria ser evitado a todo o custo. UNIDADE TEMÁTICA 1.4.2. VISÃO POSITIVA De acordo com Nascimento e Kassem, (2007), os conflitos podem ser considerados positivos pelo papel que desempenham na vida do ser humano. Na medida em que, a visão que a pessoa tem do conflito influencia a sua manutenção ou não, desde que resolvidos de forma saudável, os conflitos podem se mostrar benéficos para os envolvidos. Eis alguns exemplos onde os conflitos podem ter resultados benéficos: Revelação: o conflito revela os problemas existentes; Inovação: o conflito pode gerar ideias novas e despertar sentimentos e energias nos membros envolvidos, estimulando a energia para descobrir meios eficazes na realização de determinadas actividades. Na medida em que pode levar à descoberta de novos factos ou informações; Mudança: o conflito pode ser um caminho para a mudança pessoal e social e pode servir como corrector; Desenvolvimento: o conflito quando encarado de forma positiva e facilitar o desenvolvimento dos envolvidos; Fortalecimento da relação, (aumenta a confiança que temos em que podemos resolver eficazmente os desentendimentos e que pode-se resolver conflitos futuros); Liberta: pode libertar a relação de mal-entendidos e ressentimentos; ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 19 Percepção: permite a percepção de quais são os problemas que são importantes para resolver (conflitos motivam-nos para resolver os problemas), bem como os que são fúteis; Conhecimento: permite o conhecimento da situação em si, ou da outra pessoa (o que é importante para ela, quais são os seus valores); Auto - conhecimento: permite conhecer a ti próprio (autoconhecimento), normalmente discute-se mais sobre temas e aspectos que são importantes para nós e que têm valor, também discute-se mais com pessoas que são verdadeiramente importantes, bem como através do conhecimento dos próprios limites em situações extremas; Liberta emoções: se o conflito não fosse expresso, os sentimentos ficariam recalcados e acabariam por prejudicar a relação através de um clima estranho, porém, sem o conhecimento das causas. Partindo do pressuposto que os conflitos fazem parte da natureza humana, é necessário reforçar os efeitos positivos e diminuir os negativos. Para que tal aconteça, existem estratégias específicas que serão abordadas nas unidadessubsequentes. Na visão contemporânea, o conflito é visto como uma fonte de inovação, necessária a organização moderna, pois de acordo com esta visão, um bom líder consegue transformar um conflito em resultados positivos para a equipe, bem como para a empresa. Portanto, o termo conflito, que antes demonstrava uma percepção de confronto, hoje, na área gestão pode demonstrar oportunidade. SUMÁRIO Sendo o conflito considerado um fenômeno incontornável, é preciso gerir com compreensão seja direccionada da forma ideal para que suas vantagens sejam percebidas e os aspectos negativos sejam reduzidos ou anulados, sendo entretanto, uma competência que permite ao profissional fortalecer suas relações com o firme objectivo de negociar e encontrar soluções. O conflito já foi considerado como prejudicial às organizações em modelos de gestão clássico, sendo ignorados ou simplesmente solucionados inadequadamente. Actualmente, a organização percebe os conflitos de forma diferente como algo inevitável e até benéfico, sendo usado como um instrumento de mudanças no ambiente corporativo e que necessita ser gerenciado de forma eficaz. Em certas ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 20 circunstâncias fomentam novas ideias e promovem inovações e mudanças, pois a consequência da existência de pontos de vista conflituosos compartilhados e discutidos abertamente promove soluções actuando directamente sobre as suas causas, uma vez que o conflito se torna potencialmente grave quando é desconhecido ou se encontra camuflado. Importa referir que, as organizações são compostas por grupos de pessoas com traços de personalidade distintos que interagem entre si. Estes discutem devido a discordância de ideias e as diferentes interpretações das ocorrências do quotidiano. As mudanças geradas pelos constantes conflitos exigem do gestor a obtenção de um profundo conhecimento que permita a revisão de conceitos e ferramentas gerenciais. Sendo o gestor responsável por integrar todos os colaboradores e subsistemas organizacionais de acordo com suas tarefas, contribuindo para que estes façam sua parte. A liderança e o poder cedidos ao líder deve ser aplicados para estimular sua equipe ou grupo em relação ao trabalho nas suas respectivas responsabilidades e também para influenciar o comportamento de modo a se tornar mais harmônico, produtivo e eficaz. O seu sucesso está profundamente ligado à capacidade de adaptação a um ambiente altamente competitivo que requer flexibilidade e agilidade. A existência de diferentes tipos de conflitos marca crises que se manifesta em angústia e desconforto, uma vez que depende da forma de como enxergamos o mundo. Os níveis altos ou inadequados de conflitos podem causar prejuízos tanto ao grupo quanto a organização, resultando em baixa satisfação dos respectivos membros, aumento da rotatividade dos funcionários, absenteísmo e por fim na redução da produtividade. EXERCÍCIOS DE AVALIAÇÃO 1.Qual é a relação existente entre a esfera individual e o conflito? (Em caso de dificuldades na resolução deste exercício vide os pontos 1.1 e 1.2 e veja a relação existente). 2.De que modo a visão que a pessoa tem do conflito (positiva ou negativa) pode contribuir para o seu surgimento? (em caso de dificuldade, releia os pontos 1.3.1 e 1.3.2) 3. Duas colegas de trabalho partilham a mesma sala e desempenham a mesma função, ambas são assistentes administrativas, o de uma complementa a outra. A Joana é a mais antiga, a Ana está há 1 mês na instituição. A Ana chega tarde, reclama pelo volume de trabalho, apesar de estar bem menos sobrecarregada do que a Joana. ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 21 A Joana está muito ressentida com a situação, porque percebe que a Ana recebe uma remuneração mensal superior a sua, apresar de ter menor volume de trabalho. O que pode estar a acontecer com a esfera individual da Joana? (Em caso de dificuldades na resolução deste exercício, vide o ponto 1.1). 4.Dê exemplo de um conflito interpessoal e intrapessoais inseridos no contexto organizacional. Em caso de dificuldades consulte o ponto 1.4, onde fala dos tipos de conflitos. 5. Faça análise crítica da seguinte afirmação: “o conflito existe quando o indivíduo ou grupo tenta alcançar os seus próprios objectivos e estes interferem no alcance dos objectivos da outra parte”. Chiavenato (2004). Em caso de dificuldade releia os pontos 1.1 e 1.2. EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO Das afirmações abaixo mencionadas, escolha a correcta e marque com X dentro 1. A principal diferença entre a visão positiva e visão negativa dos conflitos é a seguinte: a. A visão positiva defende que o conflito é inevitável, ao passo que a visão negativa defende que não devemos nos envolver em conflitos; b. A visão positiva assume que todo conflito é positivo, enquanto a visão negativa assume que todo o conflito é negativo; c. A visão positiva assume o conflito como natural, enquanto a visão negativa tenta encorajar a ocorrência de conflitos; d. Ocorrem em épocas diferentes, a visão positiva foi dominante na década 30, enquanto negativa na década 70. 2. Marta sabe que a Teresa está prestes a ser promovida por ter relações de amizade com o seu chefe fora do trabalho. A Marta começa sutilmente a destacar a Marta como sendo a principal responsável pelos seus erros no trabalho, durante o ano anterior. Essa situação descreve: a. Conflito de tarefa; Conflito de relacionamento; b. Conflito de processo; c. Conflito de trabalho. ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 22 3. No tocante a relação entre conflito e esfere individual, escolha a alternativa correcta: a. Não existe relação; b. Existe uma relação directa; c. Existe uma relacção indirecta; d. Nenhuma das alternativas anteriores. 4. No tocante ao conceito conflito, qual das alternativas abaixo é correcta: a. Só existe conflito intrapessoal; b. Só existe o conflito interpessoal; c. Existe tanto o interpessoal quanto o intrapessoal; d. Nehuma das respostas. 5. O só existe, caso, _____completa a frase com uma das alternativas abaixo: a. Quando as partes envolvidas tomam consciência; b. Quando as partes envolvidas começam a discutir; c. Quando uma das partes parte parte para a violência; d. Nehuma das alternativas anteriores. TEMA II - ANÁLISE DA SITUAÇÃO CONFLITUAL INTRODUÇÃO A situação conflitual é subjectiva. Com isto quer se dizer que, embora possam existir causas objectivas que, por si só, justifiquem o conflito, ele só surge se essas causas forem “sentidas” como tal pelos sujeitos. Exemplo: o João Campos, empregado no departamento de contabilidade de uma empresa de construção civil, é fraco no desempenho da sua função – ou é muito lento ou comete muitos erros. O seu chefe, o Santos, é uma pessoa que não gosta de confrontação direta, optando por corrigir-lhe o trabalho quando está mal feito ou completá-lo, quando incompleto. Em suma, está a intrometer-se diretamente no trabalho do João Campos. Será que esta situação pode originar conflito? Depende. Se o João Campos não gostar do que faz e não tiver nenhum empenho em melhorar a situação, provavelmente até agradece ao ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 23 chefe o fato de ele agir dessa maneira. Se, por outro lado, for um trabalhador empenhado e estiver com problemas de adaptação e até gostar da função, provavelmente entrará em choque com o chefe, uma vez que poderá achar que ele se está a seintrometer nas suas funções e que, ao invés de lhe corrigir ou completar o trabalho, devia era ajudá-lo a melhorar. Neste exemplo, a causa objetiva é uma intromissão na tarefa de outrem. Mas, como vimos, isso, por si só, pode não originar qualquer tipo de conflito. Porquê? Simplesmente porque o sujeito pode não valorizar a tarefa como algo que ele considera um direito seu, como pertencente à sua esfera individual. Esta unidade temática é de extrema importância ao nível do módulo, na medida em que, conhecendo as causas objectivas tanto quanto as objectivas subjacentes ao conflito, possibilida uma melhor condução e gestão do conflito. Visto que permite conhecer as raizes do problema. OBJECTIVOS DO CAPÍTULO No final do capítulo o estudante deve ser capaz de: Conhecer a natureza dos conflitos; Detectar os principais factores subjacentes ao conflito; Conhecer as principais situações que podem gerar conflitos. UNIDADE TEMÁTICA 2.1. ORIGENS DO CONFLITO Para melhor gerir os conflitos é importante conhecer a sua origem. De acordo com Rubbins (2005), podemos destacar as seguintes causas que podem estar na origem dos conflitos: Conflitos de interesse pelo acesso a recursos, que podem ser materiais ou imateriais. Ex: disputas por direitos, terras, verbas, negócios, petróleo, filhos entre outros; Conflitos políticos: luta por legitimação política, pela conquista do direito ao voto, movimentos de independência, entre outros; Conflitos ideológicos ou de religião: intolerância política ou religiosa; Conflitos culturais: entre etnias diferentes ou grupos culturais e sociais. Veja-se o seguinte exemplo: A Maria é directora financeira da empresa Câmbio Lda, a qual de acordo com as exigências do cargo, deve entregar o relatório mensal até ao dia 25 de cada mês ao director provincial. Ela é muito lenta no ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 24 desempenho das suas actividades e comete muitos erros. O director provincial, não gosta de ter confrontação directa com os seus colaboradores e opta por corrigir o trabalho quando está mal feito ou completa-o quando incompleto. Em suma, o chefe faz o trabalho da Maria. Será que esta situação pode originar conflito? Depende, o surgimento de um conflito não é linear, visto que, vai depender do significado que a Maria der ao comportamento do chefe, e da capacidade de tolerância que o chefe da Maria terá para manter a situação neste estado. Se a Maria não gosta do que faz e não tiver empenho nenhum em melhorar a situação, pode até agradecer ao chefe pelo facto de este agir desta maneira. Se por outro lado, for uma trabalhadora empenhada e estiver com problemas de adaptação e até gostar do trabalho, provavelmente entrará em choque com o chefe e que, em vez de fazer por ela, pediria para ajuda-la a fazer, isto é, orientar apenas. No exemplo acima referido, a causa objectiva é o cumprimento das metas, mas isso, por si só não pode gerar conflitos, depende da forma como o acontecimento é interpretado pelos envolvidos. Os motivos que podem estar na origem dos conflitos são vários. Por esta razão, reservamos este espaço para estudarmos o conflito de acordo com a sua natureza. De acordo com Almeida (1995), os conflitos podem surgir com base em: ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 25 UNIDADE TEMÁTICA 2.1.1.INTREPRETAÇÃO DIFERENCIADA DOS FACTOS A interpretação de um determinado facto, depende da percepção que o indivíduo tem da situação em causa, por esta razão, vária de pessoa para pessoa e muitas vezes o conflito surge devido a esta interpretação diferenciada do mesmo acontecimento. Exemplo: a empresa Publicidades de Moçambique Lda, tem como cultura atribuir prémios aos melhores trabalhadores do ano. Um trabalhador recebeu o prémio menor em relação aos colegas. Porque foi o único no departamento com um desempenho fraco, para não sair da festa do final do ano sem nada, o chefe directo propôs que a direcção geral da empresa lhe atribuísse algo simbólico. Para o trabalhador que recebeu o prémio a intenção do chefe directo pode ter sido negativa, tendo encarado o prémio como uma punição. Em sua opinião a intenção do chefe pode ter sido de humilhar ao público. Podia se dar o caso de o trabalhador acima referido perceber que o chefe directo foi gentil, visto que não merecia nada, visto que o desempenho foi fraco. Como vemos no exemplo acima, a diferente interpretação dos factos está na base de muitos conflitos no dia-a-dia das organizações, bem como ao nível social no geral. UNIDADE TEMÁTICA 2.1.2. DESACORDO EM RELAÇÃO AOS OBJECTIVOS Os objectivos norteiam a vida das pessoas. De Carvalho (2008) refere que, quando os objectivos entram em choque, há espaço para desacordos ou choques, porque todo o comportamento é motivado para a satisfação de alguma necessidade associada ao objectivo específico. Muitas vezes, ao atingir um objectivo a pessoa pode estar a frustrar os objectivos de uma outra pessoa ou abdicar-se ele mesmo de um outro. Este tipo de conflitos é frequente, na medida em que nem todas as pessoas têm os mesmos objectivos na vida. Ex: Um Director Geral de uma empresa anuncia os objectivos de vendas para o ano seguinte ao director comercial, e este não concorda com os objectivos, porque em sua opinião, a prioridade no departamento não é o volume de vendas, o seu objectivo é aumentar a qualidade nos serviços oferecidos aos clientes. Apesar de o director comercial não concordar com os objectivos anunciados pela direcção geral, tem a missão de informar aos seus subordinados directos. Como ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 26 o director comercial não se identificar com os objectivos, ele não fala sobre os mesmos nem tenta motivar a sua equipe de trabalho, apenas anuncia as metas que cada trabalhador tem que cumprir. À medida que as metas individuais são anunciadas as reacções podem ser diversas. As reacções podem variar de acordo com os objectivos de cada interveniente. Entre as reacções possíveis podem-se referir os seguintes: Os mais antigos podem considerar que as metas são ambiciosas demais; Os mais novos podem dar benefício da dúvida e, conforme o desejo de serem mais aceites pelos chefes ou colegas, vão se posicionado mais, de um ou do outro lado. A visão partilhada dos objectivos e das metas é fundamental, visto que elas indicam a direcção e sentido das atitudes e do comportamento humano no alcance das mesmas. Caso não haja consenso, pode-se criar espaço para a ocorrência de conflitos em qualquer contexto onde o ser humano esteja inserido. UNIDADE TEMÁTICA 2.1.4. DESACORDO EM RELAÇÃO AOS MÉTODOS A USAR PARA ATINGIR OS OBJECTIVOS Por vezes os conflitos podem surgir mesmo havendo acordo entre os objectivos, se as metas, porém, se os caminhos ou métodos a usar para o alcance das metas e dos objectivos definidos, não forem de comum acordo para as partes envolvidas. Buyton (1994), chama atenção para a harmonia nos métodos, porque para ele, não é apenas o fim que interessa, mas sobretudo o caminho ou os caminhos a serem usados para o seu alcance. Ex: A empresa Chaves Perfeitas Lda, vocacionada em cópia de chaves, pretende seleccionar um gestor de stock, o gestor de recursos humanos pretende que os entrevistados passem por diversas etapas, uma das quais é a aplicação de testes psicotécnicos, em sua opinião, só assim é que se pode para seleccionar o candidato com o melhor perfil para o cargo. O Director Financeiro tem a opinião contrária em relação aos testes, porque no seu ponto de vista os testes são muito onerosos2e o processo de selecção irá levar muito tempo devido a esta nova etapa a qual os candidatos serão submetidos. Tendo em conta o exemplo acima referido, notamos que, apesar de a empresa no seu todo ter o mesmo objectivo, não há acordo em relação à metodologia a ser usada para o alcance dos objectivos, isto 2 Acarretam elevados custos, ou são caros ou não viáveis economicamente. ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 27 é, na forma de implementação do objectivo previamente acordado, e esta situação em si, pode ser susceptível ao desencadeamento de conflito. UNIDADE TEMÁTICA 2.1.5. DESACORDO EM RELAÇÃO AOS VALORES De acordo com Rubbins (2005), os valores são crenças pessoais ou individuais sobre o que é mais importante para ele mesmo bem como o que é certo ou errado, sendo que, o indivíduo valoriza tudo o que considera importante. Almeida (1995) acrescenta que, os valores são princípios que a pessoa tem em relação as coisas materiais ou imateriais que são significativas para ele. Tendo em conta as definições acima apresentadas, podemos considerar que os valores são crenças que o indivíduo usa para atribuir um grau de importância aos princípios que norteiam a sua vida. Importa salientar que, os valores são relactivamente estáveis e duradouros e que muitas vezes estruturados na socialização primária do indivíduo, isto é, a partir do núcleo doméstico, de vizinhos, de professores das comunidades religiosas, etc. Desta forma, os valores são subjectivos, variando de comunidade para comunidade, de família para família e de indivíduo para indivíduo. Os valores individuais são importantes na compreensão dos conflitos uma vez que, fornecem a base para a compreensão do comportamento dos indivíduos. Ex (1): a honestidade pode constituir um valor ensinado logo de tenra idade, através de uma educação que reprove a mentira e que apele ao cumprimento das normas. Ex (2): altruísmo (ajudar os outros desinteressadamente) pode ser um valor para uma determinada pessoa e não ser para outra. Ex (3): os bens matérias podem ser importantes para uma determinada pessoa e não ser para outra. Exemplo: O aborto deve ou não ser despenalizado? Este é um tipo de situação que pode trazer diferentes interpretações dependendo dos valores de cada um. Os valores estão relacionados com um outro conceito a que ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 28 chamamos de atitudes. As atitudes constituem predisposições para agir, que de facto são seriamente condicionadas pelos valores. Ao contrário dos valores, e ainda que sejam condicionadas por eles, as atitudes são menos estáveis, podendo variar de dia para dia. No caso de surgirem conflitos desta índole é muito difícil resolver ou prevenir, na medida em que existem dogmas (verdades que são consideradas inquestionáveis e que não necessitam de evidências). Os conflitos que envolvem valores são os mais difíceis de resolver porque os valores são subjectivos e estão muito associados à própria identidade dos indivíduos e fazem parte da própria pessoa. Importa referir que, a probabilidade de ocorrer conflitos aumenta conforme o tamanho do grupo ou da empresa, das afinidades do grau de descrição e de especificação das tarefas, bem como do nível de transparência das recompensas. Para Chiavenato (2004), os líderes têm o papel importante, o mesmo pode ter origem em uma destas três dimensões principais que são: Percepção: quando percebe que suas necessidades, desejos ou interesses tornam-se incompatíveis pela presença ou atitude de uma outra pessoa; Sensação: quando tem uma reacção emocional frente a uma situação ou interacção que aponta para um sentimento de medo, tristeza, amargura, raiva, etc. Acção: quando torna explícito para a outra parte, ou outras partes, as suas percepções, os seus sentimentos ou age no sentido de ter sua necessidade satisfeita, mas essa sua acção interfere na satisfação de necessidades de outras pessoas. É difícil um conflito ter uma única dimensão, na medida em que, frequentemente apresenta as três dimensões, e a intensidade de cada dimensão pode variar durante o processo de conflito. Importa salientar que, as principais causas dos conflitos podem ter origens diversas. A forma como é identificado e analisado pode acentuar o problema ou resolvê-lo sem ocasionar maiores danos. Destacam-se como principais causas, os choques de interesses individuais, organizacionais ou grupais, intriga, inveja, luta pelo poder entre outros aspectos. UNIDADE TEMÁTICA 2.2. SITUAÇÕES SUSCEPTIVEIS DE GERAR CONFLITOS Para melhor gerir conflitos, há necessidade de conhecer as situações ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 29 que podem criar conflitos quer ao nível inter-individual, quer entre grupos. De acordo com Chiavenato (2004), a indefinição das regras, a interdependência de recursos, a interdependência de funções, e a mudança, são factores que podem criar condições para a ocorrência de conflitos, em especial no contexto organizacional, tal como será descrito de seguida: UNIDADE TEMÁTICA 2.2.1. INDEFINIÇÃO DAS REGRAS Uma situação com maior probabilidade de gerar conflitos é a indefinição das regras. Quando as normas são ambíguas surge espaço para diferentes tipos de interpretações o que pode gerar conflitos. Se a situação estiver claramente definida, mesmo que as pessoas não concordem totalmente, dificilmente surgem conflitos. De acordo com Almeida (1995), os conflitos ligados à indefinição das regras surgem normalmente quando não se sabe exactamente quem deve fazer o quê. Este tipo de conflito surge em situações em que não se sabe ao certo de quem é a obrigação e é comum em todo o tipo de relacionamentos que envolvem duas ou mais pessoas, sendo mais frequente em empresas em rápido crescimento e envolvidas em ambiente turbulento. Ex: a empresa Sucatas Lda é especializada na compra de viaturas velhas para reciclagem, a mesma começou a operar no mercado com 3 trabalhadores, dois anos depois já contava com 16 trabalhadores, no quarto ano o número de trabalhadores passou a ser 270. A empresa Sucatas Lda, não estava preparada para gerir um elevado número de trabalhadores que em pouco tempo passou a ter, nem mesmo a gestão dos processos de trabalho. Porque a empresa necessita de mão-de-obra especializada para responder as demandas do mercado. Por outro lado, a empresa Sucata Lda, sentia-se pressionada pela quantidade de clientes que tinha e pela satisfação dos mesmos. Estando os gestores muito preocupados com os lucros, não tendo havido tempo para definir claramente as funções, nem o cronograma das actividades. Não tardou muito, no dia 30 de Abril, a Salva e a Sandra, duas amigas e colegas que tinham como função encaminhar os carros aos técnicos para reciclar, com a elevada demanda de clientes, a Salva ficou a espera da Sandra encaminhar o último carro, a Salva por sua vez ficou a espera da Sandra, acabando por ficar um carro sem ser encaminhado para a equipe técnica fazer a revisão. Passados 15 dias o cliente aparece para exigir o valor orçado pela venda das peças, aí começaram as acusações entre as duas, até que a Sandra acabou perdendo o ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 30 emprego porque a mesma não tinha capacidade de argumentação, tendo estado limitada a chorar, enquanto a Salva de defendia. UNIDADE TEMÁTICA 2.2.2. INTERDEPENDÊNCIA DE RECURSOS “A existência de interdependênciade recursos pode gerar conflitos, na medida em que sempre que existe escassez de recursos em relação ao desejado estão criadas as condições para a existência de conflitos”. Rubbins (2005:19) A interdependência de recursos é uma das situações susceptíveis de gerar conflitos, veja o exemplo que se segue. Ex (1): Duas colegas de trabalho, Marta e a Marilzia, trabalham no departamento comercial da empresa Jamila construtora Lda. No exercício das suas actividades partilham o mesmo computador e têm que entregar um relatório de vendas até ao dia 25 às 17:30h de cada mês. Ambas deixaram o trabalho para a última hora e, na manhã do dia 25 pelas 8:00h, resolveram fazer o relatório, para o efeito precisavam do computador. A existência de um único recurso (computador) para uma dupla necessidade (terminar dois relatórios) gerou um conflito entre as colegas de trabalho. Nota-se no exemplo acima apresentado, que a disponibilidade de recursos, pode facilmente desencadear um conflito. UNIDADE TEMÁTICA 2.2.3. INTERDEPENDÊNCIA DE FUNÇÕES As pessoas e os grupos dependem uns dos outros para desempenharem as actividades do dia-a-dia, bem como para a própria sobrevivência, tendo em conta que o ser humano é um ser eminentemente social, este depende dos outros para viver de forma saudável. Chiavenato (2004) defende que a interdependência ocorre quando um grupo ou um indivíduo não pode realizar determinada tarefa, sem antes o outro ter realizado a sua. Logo, quando o trabalho está dependente de outras pessoas há possibilidade do surgimento de conflitos. Ex: a empresa projectos Lda, contrata um consultor para desenhar um projecto, o qual tinha determinado prazos por cumprir e seguindo alguns critérios de qualidade. O projecto deve ser aprovado por uma equipa da empresa. No entanto, o consultor não entrega o projecto a tempo e nem cumpre com os padrões de qualidade pré-estabelecidos. Desta forma, a empresa Projectos Lda, perdeu tempo e dinheiro com a contratação da consultora em causa, e, consequentemente, os ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 31 restantes trabalhos da equipe responsável pela validação ficaram comprometidos, gerando deste modo um sentimento de revolta, dinheiro perdido bem como, o não cumprimento de metas devido ao atraso causado pelo consultor, tendo culminado a contratação da mesma em fortes desavenças. UNIDADE TEMÁTICA 2.2.4. MUDANÇA Rubbins (2005) define mudança como alteração ou transformação que pode trazer um impacto no estado inicial. De acordo com Almeida (1995), mudança é a passagem de um estado cristalizado, isto é, no qual se está habituado, e que requer um nível de energia mínimo para se manter, para um estado que para que se cristalize (volte a ser hábito) como o anterior necessita de muita energia. As mudanças provocam ansiedade na medida em que o ser humano quer dominar os acontecimentos, pelo que conseguir prever as consequências traz-lhe um sentimento de segurança. No entanto quando as mudanças ocorrem, a segurança vê-se ameaçada. Portanto, se não houver vontade para mudar estão criadas as condições para o surgimento de conflitos, uma vez mudar para fazer algo que não interessa, a resistência é maior. Quando não se sabe o que se espera de um determinado assunto, em especial quando não se tem informação a respeito gera-se incerteza o que cria um sentimento de ansiedade. Ex: com o avanço tecnológico as empresas passaram a usar o computador. Muitos trabalhadores ficaram ansiosos com a mudança, alguns dos quais podem ter cometido erros graves devido a esse sentimento negativo. Portanto, para que a mudança ocorra de forma positiva, a pessoa que deve estar preparada e com vontade de mudar. Salientar que, quando uma pessoa faz algo que está a correr mal, tem muita resistência para mudar, na medida em se sente responsável pela situação e encara a mudança como crítica. Nestes casos, nota-se uma atitude de resistência à mudança que pode desencadear conflito. ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 32 UNIDADE TEMÁTICA 2.3. FACTORES SUBJACENTES AO CONFLITO Depois de termos tido uma visão da natureza do conflito, é chegado o momento de conhecer os que pode estar subjacentes ao seu surgimento, isto é, factores que não se manifestam claramente no conflito, porém contribuem significativamente para a sua génese. UNIDADE TEMÁTICA 2.3.1. INFORMAÇÃO De acordo com Andrade (2004), uma das grandes causas subjacentes ao conflito é a informação que os intervenientes têm sobre a situação que desencadeia o conflito, uma vez que, se duas ou mais pessoas não têm a mesma informação à volta de um determinado assunto ou fenómeno poderão ter visões diferentes sobre o mesmo. Por esta razão, quando se pretende que mais pessoas estejam em acordo sobre um determinado ponto de vista há necessidade de fornecer informação acerca do mesmo, o até mesmo dar uma formação. Ex: a empresa Campeões Lda, vocacionada em edição de publicidades estava a atravessar um momento de crise no mercado com o ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 33 aparecimento de uma empresa concorrente e por sinal nova no mercado. O director geral da empresa enviou e-mail para todas as delegações provinciais a informar que no final do mês estava marcada uma reunião com todos os chefes de departamentos cuja agenda seria a definição de estratégias sustentáveis para contornar a crise. O e-mail não entrou, porque o director geral estava estressado e esqueceu-se de acionar o ícone de envio. Chegado o dia da reunião, ninguém apareceu, o director nacional pensou que foi propositado, tendo instaurado então um processo disciplinar aos convocados. Estes por sua vez reclamaram por estarem a ser sancionados sem culpa e sem informação prévia, tendo chegado a pensar que era uma estratégia do director geral sancionar para de seguida reduzir o efectivo da empresa, visto estarem a atravessar uma fase de crise. UNIDADE TEMÁTICA 2.3.2. PERCEPÇÃO “A percepção é a forma como a (s) pessoa (s) interpreta (m) os acontecimentos. Tendo em conta que a percepção é subjectiva e dependente da personalidade, da experiência e da motivação constitui um dos factores subjacentes no surgimento de conflitos” (Almeida, 1995: 140). A percepção é um dos factores subjacentes aos conflitos que tem aparecido com uma grande frequência e que tem um grande impacto, na evolução e condução dos conflitos. Ex: um trabalhador muito esforçado pode ser descrito de forma diferente pelos superiores hierárquicos. Para o chefe 1: ele é um bom trabalhador, sempre que necessário ele está disposto a resolver qualquer tipo de problema de forma autónoma, confiante e dinâmica; Para o chefe 2: ele é um trabalhador muito pouco respeitador, tomando as decisões por si próprio, sem pedir opinião, demonstrando elevada ambição e carácter intrometido, acho que quer levar o meu cargo na empresa. A percepção das pessoas é bastante influenciada pelos seus valores experiência de vida e expectativas, porque a percepção funciona como óculos para analisar as situações, e é através desta que o individuo sente a sua esfera individual violada ou não. ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos, 3º Ano, Disciplina/Módulo: Gestão e Negociação de Conflitos 34 Ex: Considere-se um director que tenha como valor fundamental o trabalho, ou seja o esforço e a dedicação de um trabalhador à empresa. Uma atitude que ele pode frequentemente adoptar é de insatisfação para com os trabalhadores que realizem um trabalho de uma forma mais pausada ou de satisfação
Compartilhar