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AULA 3 DIREITOS FUNDAMENTAIS E GARANTIAS CONSTITUCIONAIS

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LEGISLAÇÃO SOCIAL I
DIREITOS FUNDAMENTAIS E GARANTIAS 
CONSTITUCIONAIS
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Olá!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Conhecerá os direitos fundamentais do indivíduo;
2. estudará as garantias constitucionais que visam assegurar o exercício desses direitos;
3. identificará as formas de composição de conflitos, conciliação, mediação e arbitragem.
1 Direitos e Garantias Fundamentais
Para compreensão da nossa aula 3, precisamos conhecer dois aspectos essenciais. O primeiro deles é identificar
e delimitar os direitos fundamentais, enquanto que o segundo é diferenciar os direitos das garantias.
Os direitos fundamentais do homem são oriundos da própria condição humana e previstos no ordenamento
constitucional no artigo 5° e seus incisos de nossa Carta Magna. A lei regula as relações do homem em sociedade,
e o Estado tem o dever de amparar e proteger a todos, sejam eles brasileiros ou estrangeiros que aqui residem.
Por conseguinte, constitucionalmente, o Estado garante a todos:
• a vida (o Estado não pode tirar a vida do governado, o que talvez impeça a pena de morte no Brasil),
• a liberdade (proteção da liberdade, por exemplo, de locomoção, do exercício profissional, de reunião),
• a igualdade (todos são iguais perante a lei, sem distinção de sexo, raça, cor, trabalho, religião e 
convicções políticas),
• a segurança (proibição à tortura, inviolabilidade da moradia, da correspondência),
• a propriedade (proteção à propriedade - casa, carro, etc.).
Esses sãos direitos fundamentais descritos no caput do artigo 5° de nossa Constituição como podemos ver
abaixo:
"Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade nos termos seguintes".
Do texto constitucional, extraímos a característica essencial desses direitos que é a .inviolabilidade
Agora que conhecemos os direitos fundamentais, vamos distinguir duas espécies de normas: as que trazem os
direitos e as que os garantem. Para tanto, iremos buscar os ensinamentos de Ruy Barbosa que assim as
distinguiu:
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•
•
•
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"As disposições meramente declaratórias são aquelas que instituem direitos, são as que imprimem existência
legal aos direitos reconhecidos, ao passo que as disposições assecuratórias são as garantias, sendo aquelas que
em defesa do direito, limitam o poder". Que tal testar a sua compreensão dos ensinamentos de Ruy Barbosa?
Para tanto sugerimos a leitura dos dois incisos, do artigo 5° de nossa Constituição, descritos abaixo:
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
Que tal identificar nos incisos as que Ruy Barbosa classificou como 
declaratória e assecuratória?
2 Direitos individuais constitucionais
Iremos estudar aqui alguns dos Direitos Individuais, mas não iremos esgotá-los, pois em outras aulas iremos
retornar a esse assunto aprofundando de acordo com o conteúdo.
Direito à vida
A vida como objeto do direito: a vida humana, que é o objeto do direito assegurado no art. 5°, integra-se de
elementos materiais e imateriais; a vida é intimidade conosco mesmo, saber-se e dar-se conta de si mesmo, um
assistir a si mesmo e um tomar posição de si mesmo. Por isso, é que ela constitui a fonte primária de todos os
outros bens jurídicos.
O caput do art. 5° proclama o direito à vida, cabendo ao Estado assegurá-lo em sua dupla acepção:
1ª) Relacionada com o direito de manter-se vivo;
2ª) o direito de ter uma vida digna, no tocante à subsistência. Essa proteção à vida é feita de forma geral, a
Constituição protege inclusive a vida intrauterina.
Pessoas com os mesmos direitos ou com os mesmos deveres devem ser tratadas da mesma maneira; pessoas
com direitos e deveres desiguais terão tratamento que lhes corresponda. Para a Constituição, não há distinção
entre as pessoas em razão do sexo, da cor, da raça, da religião, da opinião política, da profissão, etc. Todos devem
ter as mesmas oportunidades na sociedade.
O homem e a mulher têm direitos e obrigações iguais:
O Princípio da Legalidade
Nossa Constituição consagrou o princípio da legalidade uma vez que o seu art. 5°, inciso II, prevê: “ninguém será
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.
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Esse dispositivo caracteriza o Estado Democrático de Direito que impõe o respeito à lei. Por isso, obriga os
governados a fazer ou deixar de fazer alguma coisa somente em virtude por meio de leis estabelecidas pelo
legislador.
Liberdade de locomoção em tempo de paz
Em tempo de paz, qualquer pessoa poderá circular livremente pelo território nacional.
Inviolabilidade da moradia
Através desse direito temos assegurado que ninguém poderá entrar em nossa residência sem o nosso
consentimento, em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou durante o dia por
determinação judicial.
Remédios constitucionais:
São garantias constitucionais, isto é, medidas utilizadas para tornar efetivo o
exercício dos direitos constitucionais. O legislador constituinte criou seis remédios:
•Habeas corpus
•Mandado de segurança individual
•Mandado de segurança coletivo
•Mandado de Injunção
•Habeas data
•Ação popular.
Habeas corpus:
Esse remédio constitucional é uma figura de direito que tem por pressuposto garantir a liberdade de ir e vir da
pessoa contra atos ilegais ou arbitrários do coator.
Embora seu nome seja em latim, a sua origem é inglesa, tendo surgido com a Carta Magna Britânica de 1215. No
Brasil, foi introduzido pelo Código de Processo Criminal de 1832 e, posteriormente, em 1891, inserido na
Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil.
Na nossa Constituição em vigor está disciplinado no artigo 5º, inc. LXVIII: “conceder-se-á habeas-corpus sempre
que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder”.
Como base nessa disposição legal podemos conceituá-lo como uma ação penal de natureza constitucional cuja
finalidade é prevenir ou sanar a ocorrência de violência ou coação na liberdade de locomoção, por ilegalidade ou
abuso de poder.
O pode ser impetrado por qualquer pessoa, homem, mulher, maior, menor, capaz, incapaz,habeas corpus 
nacional, estrangeiro, não exigindo sequer que tenha capacidade postulatória (não precisa ser advogado).
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Esse remédio constitucional será impetrado contra ato de qualquer agente, no exercício de função pública.
Assim, sempre que alguém atuar em nome do Estado e, nesta qualidade, constranger ilegalmente a liberdade de
outrem caberá o habeas corpus.
Do inciso LXVIII também podemos identificar as espécies de habeas corpus:
- Preventivo - quando o paciente estiver sob ameaça de violência ou coação ilegal. Nesta modalidade, cabe
esclarecer que o paciente será aquele a quem o habeas corpus se destina e isso pode ser diferente de quem o está
impetrando.
- Liberatório ou Liberativo ou Repressivo – quando a violência ou a coação ilegal já tiver sido praticada.
O legislador constituinte visando facilitar a utilização desse remédio constitucional garantiu que “são gratuitas as
ações de habeas corpus e habeas data e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania” (inciso
LXXVII, do art. 5°).
Habeas Data
Este remédio constitucional foi uma inovação trazida em nossa Carta Magna de 1988 pelo legislador que o
destinou a defender os direitos do cidadão quanto à divulgação de informações pessoais, de qualquer natureza,
por entidades públicas ou privadas.
O inciso LXXII, do art. 5º, disciplina que “conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou
bancos de dadosde entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo”.
Desse dispositivo legal, vemos que o legislador constituinte não assegurou apenas o conhecimento das
informações como também o direito de utilizar o remédio para correção dos dados referentes à pessoa.
Com o objetivo de torná-lo acessível, também forneceu gratuidade para a ação de habeas data.
Esse remédio constitucional foi regulado pela Lei 9.507, de 12 de novembro de 1997, disciplinando o direito de
acesso a informações e o seu rito processual.
Mandado de Segurança
Esse remédio constitucional visa proteger o direito líquido e certo não amparado pelo habeas corpus e nem pelo
habeas data.
O habeas corpus, como já vimos, visa proteger a liberdade de locomoção do indivíduo. O habeas data, também já
estudado, é o instrumento que visa propiciar o conhecimento de informações e a retificação de dados constantes
de registros de entidades governamentais ou de caráter público.
O mandado de segurança ampara todos os demais direitos fundamentais do indivíduo contra atos ilegais.
O legislador constituinte assim o disciplinou:
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“LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas
corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público”.
Um aspecto de grande relevância para compreensão da aplicação desse remédio constitucional é conhecer o
significado da expressão “direito líquido e certo”. Para tanto, buscaremos a lição de Hely Lopes Meirelles que
explica que “o direito líquido e certo se apresenta manifesto na sua existência, delimitado na sua extensão e apto
a ser exercitado no momento da impetração”.
Mandado de Segurança Coletivo
Diferente do que o ocorre no mandado de segurança individual, no qual a parte que teve o direito líquido e certo
violado que terá legitimidade para interpor, no coletivo o legislador constituinte legitimou as seguintes pessoas:
“LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo
menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados”.
Mandado de Injunção
Esse remédio constitucional visa à preservação de direito não amparado por mandado de segurança, na hipótese
de ausência de norma regulamentadora que inviabilize o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania, como podemos ver no texto constitucional:
Art. 5º, inciso LXXI: “conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
soberania e à cidadania”.
Dessa disposição legal conseguimos compreender a sua extensão e seu pressuposto. O mandado de injunção visa
por em prática direitos fundamentais concedidos pelo legislador constituinte.
O seu pressuposto é a ausência de uma norma regulamentadora.
Ação Popular
O legislador constituinte disciplinou no artigo 5º, inciso LXXIII, que “qualquer cidadão é parte legítima para
propor ação popular que visa a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe,
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência”.
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Com base nessa disposição legal, podemos conceituar a ação popular como um instrumento posto à disposição
de qualquer cidadão para obter a invalidação de atos ou contratos administrativos ilegais e lesivos ao patrimônio
federal, estadual ou municipal, ou ao patrimônio de autarquias, entidades paraestatais e pessoas jurídicas
subvencionadas com dinheiro público.
Os requisitos para sua interposição também podem ser extraídos da disciplina constitucional:
a) só pode ser proposta por cidadão brasileiro, ou seja, os eleitores que estejam em dia com as suas obrigações
eleitorais;
b) ilegalidade na formação ou no objeto do ato;
c) lesividade ao patrimônio público (erário, moralidade, meio ambiente, etc.).
Formas de composição de conflitos
Com o crescimento do quantitativo das demandas judiciais, houve uma sobrecarga de processos, transformando
o Estado num grande tribunal.
Por outro lado, a sociedade passou a solicitar uma justiça com qualidade de demanda e rapidez, mais que a sua
capacidade de atendimento.
Como o Estado luta com muitas dificuldades, inclusive financeiras, não está sendo possível solucionar os
processos pelos moldes tradicionais, gerando o inconformismo das partes e até desconfiança da Justiça.
Daí a importância da MEDIAÇÃO, CONCILIAÇÃO e ARBITRAGEM como formas alternativas de solução de
conflitos, com aplicação de uma justiça mais célere, confiável e econômica, imperando os princípios de
autonomia das vontades, boa-fé, igualdade das partes, razoabilidade e sigilo.
Mediação
A Mediação é a autocomposição das partes em que a solução é dada pelas partes, de acordo com seus interesses.
Aproxima as partes e pressupõe barganha e é aplicável em todos os conflitos e alguns casos na esfera penal. Pode
ser interrompida a qualquer tempo. É um método não adversarial com cooperação entre as partes e controle
total delas quanto ao procedimento. As partes se beneficiam com a decisão tomada e existe previsibilidade da
decisão. Todos de beneficiam com a decisão tomada, porque é baseada nos interesses, não incidindo a lei nem a
jurisprudência. As partes resolvem ou conduzem o conflito.
No enfrentamento permanente, não é possível que ambas as partes ganhem, fato que não ocorre na Mediação, já
que na mesma pressupõe uma negociação cooperativa.
As formas de discussão na mediação são diferentes das tradicionais, pois se deve olhar o hoje, falando
francamente com o outro, enfrentando o problema, esclarecendo os interesses e inventando opções.
O Mediador não pressionará nem aconselhará os mediados. Ele deve usar técnicas para que as partes envolvidas
encontrem a solução para o seu problema, de modo que os dois saiam satisfeitos.
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A Conciliação é um método de composição das partes em que um especialista faz sugestões para a solução de
conflitos. Esforça-se para o entendimento das partes e pressupõe barganha, sendo aplicável em diversos
conflitos, em especial os objetivos onde não existe inter-relação. Pode ser interrompida a qualquer tempo. Não
adversaria) com cooperação entre as partes e controle das partes quanto ao procedimento. As partes se
beneficiam com a decisão tomada, existindo previsibilidade da decisão.
Arbitragem
A Arbitragem é um meio de autocomposição das partes em litígio onde um terceiro profere a decisão, nos
direitos patrimoniais, possíveis de quantificação monetária e disponíveis. É uma forma alternativa, amigável, de
conflito de interesses fora da Justiça em que o terceiro substitui as partes na solução. Devido à vontade das
partes, a questão é julgada por um terceiro, julgador, com base na lei ou jurisprudência.
Pressupõe negociação até o momento da formalização do compromisso. Após o compromisso arbitrai, não
poderá ser interrompida. Adversarial com enfrentamento entre as partes e controle parcial das partes, ganha-se
ou perde-se e a decisão é imprevisível. Não pode ser revertida, salvo por consenso entre as partes. O laudo
arbitrai não resolve o conflito. A Arbitragem possui mecanismos distintos dos tradicionais, como a escolha pelas
partes do árbitro, regras mais simples e sem formalismo e imposição da Justiça, sendo o método preferido entre
os empresários. O árbitro na Arbitragem tem conhecimentos mais sofisticados que não dispõe o juízo comum, eis
que pode ser um técnico,reunindo o julgador e o perito
O que vem na próxima aula
•A visão constitucional de família;
• casamento, seus princípios, formalidades e deveres; O
• ntidades familiares E
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• compreendeu os direitos e garantias constitucionais;
• aprendeu os remédios constitucionais;
• analisou as formas de composição de conflitos.
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	Olá!
	1 Direitos e Garantias Fundamentais
	2 Direitos individuais constitucionais
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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