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MÉDICO NA PRÁTICA Pneumonia adquirida na comunidade Fatores de risco: - Idade - Tabagismo - DPOC - Diabetes Mellitus - Doenças oncológicas - Etilismo Principais agentes etiológicos: - Gram + : 1) Diplococo, estreptococo - Pneumococo (streptococcus pneumoniae) 2)Estafilococo: staphylococcus aureus - Gram - : 1) Bacilo: Haemophylus influenzae 2) Moraxella - Atípicas 1) Mycoplasma 2) Clamidia 3) Legionella Diagnóstico: - Anamnese: dispneia + dor torácica (ventilatório-dependente) + febre + tosse com expectoração - Exame físico: fr + temp axilar + fc + pa + saturação + exame físico respiratório (crepitação, esforço respiratório, batimento da asa do nariz, tiragem intercostal) Exame de imagem: - Raio-x (PA e perfil); - Ultrassonografia. Avaliação de gravidade: SCORE CURB65: Confusão mental Ureia > 50 Respiração > 30 Baixa PA < 90/60 65+ idade 0-1 – risco baixo 2 pontos – risco intermediário 3+ pontos – risco alto Tratamento: 1- Risco leve: - Atendimento ambulatorial (48/48h no ambulatório) - S/ comorbidade: Amoxicilina (875mg) + clavulanato (125mg) 12/12h - C/ comorbidade: Amoxicilina (875mg) + clavulanato (125mg) 12/12h + azitromicina (500mg 1x ao dia) Tempo de tratamento: 5-7 dias 2- Risco intermediário: - Internação ou ambulatório assistido (dia a dia) - Ceftriaxone (1g 12/12h) + azitromicina (500mg 1x ao dia) Tempo de tratamento: 7-10 dias 3- Risco alto: - Internação em UTI - Ceftriaxone (1g 12/12h) + azitromicina (500mg 1x ao dia) Tempo de tratamento: 7-10 dias Pneumonias A pneumonia é uma infecção do parênquima pulmonar. Podem ser classificadas em pneumonias adquiridas na comunidade, adquiridas no hospital e associadas à ventilação mecânica. Algumas bibliografias trazem as pneumonias adquiridas em serviços de saúde. Fisiopatologia: ativação de macrófagos - > liberação de IL-1, IL-8 e de TNF -> febre, migração neutrofílica -> extravasamento capilar -> hemoptise, líquido inflamatório -> hipoxemia -> diminuição da relação ventilação/perfusão -> taquipneia reflexa -> alcalose respiratória -> dispneia -> broncoespasmo da infecção. Patologia: Primeira fase: edema + exsudato proteinaceo com bactérias Segunda fase (hepatização vermelha): hemácias + neutrófilos Terceira fase (hepatização cinzenta): desintegração e degradação das hemácias + neutrófilos presentes + formação de fibrina + desaparecimento das bactérias. Quarta fase (resolução): macrófagos + desintegração da fibrina e redução dos neutrófilos, redução da resposta inflamatória. 1- Pneumonia Adquirida na comunidade É um processo inflamatório agudo que acomete o parênquima pulmonar, resultante de infecções por agentes microbiológicos. Epidemiologia: - Aproximadamente 600mil internações por ano, com 60 mil óbitos (TABNET). - Segunda causa mais frequente de internação (TABNET). - 5% de mortalidade em ambulatório, 12% em internação e 30-50% em UTI.. - Maior mortalidade em crianças < 5 anos e idosos > 80 anos. FATORES DE RISCO: - alcoolismo, AVC, DPOC, tabagismo, idade > 65 anos, Diabetes Mellitus. Causas Típicos: - Streptococcus pneumoniae: coco gram+ - Haemophylus influenzae: cocobacilo gram- - Staphylococcus aureus: coco gram+ - Klebsiella pneumoniae: bacilo gram- - Moraxella catarrhalis: diplococo gram- Atípicos: - Mycoplasma pneumoniae - Clamidophyla pneumoniae: gram- - Legionella pneumophila: cocobacilo gram- - Anaerobios - vírus: influenzae, vírus sincicial respiratório, coronavirus, adenovírus. Quadro clínico - Dispneia - Tosse seca ou com expectoração (sanguinolenta, purulenta, cor de tijolo ou ferruginosa) - Febre e/ou confusão mental - Calafrios, cefaleia, mialgias, sudorese - Dor torácica ventilatório-dependente Exame físico: - Taquipneia - Taquicardia - Uso de musculatura acessória - Sinal de batimento da asa do nariz - Sinal de Lemos Torres - Exame pulmonar: estertor ou creptações, murmúrio vesicular diminuído, frêmito toraco-vocal aumentado, macicez a percussão Abordagem diagnóstica: Quadro clinico: febre, tosse com expectoração, taquipneia, taquicardia, mialgia, sudorese, calafrios, mv diminuído, som maciço, creptações. Exames de imagem: radiografia de tórax com padrão consolidativo, cavitações, derrame pleural, empiema. Exames laboratoriais: saturação de O2, gasometria em casos de SpO2<= 90%, hemograma com leucocitose em desvio pra esquerda, PCR aumentado, ureia aumentada. Identificação do patógeno: deve ser realizada pra casos de PAC grave e de internação com resistência ao tratamento inicial. Deve-se realizar hemoculturas, culturas de escarro ou de amostra com broncoscopia, BAAR, antígenos urinários para s. pneumoniae e legionella. A sensibilidade chega a 60% e especifidade maior que 95%. No caso do antígeno urinário chega a sensibilidade até aproximadamente 85%. Diagnóstico diferencial Envolve distúrbios infecciosos e não infecciosos, como bronquite aguda, bronquite crônica, insuficiência cardíaca, TEP. Os pacientes devem ser reavaliados pelo menos até o terceiro dia de tratamento, para observar a resposta terapêutica. Avaliação da gravidade - Score PSI: é um score que contem 20 itens, e que pontua baseado em exames radiológicos, laboratoriais, físicos, comorbidades, sintomas. Classifica em 5 graus, sendo I, II leves; III moderados; IV e V graves. Limitações: pouca praticidade, subestima idades mais jovens, não especifica pra PAC. - Score CURB65: é um score que avalia confusão mental (mini-mental < 8), ureia > 50 mg/dl, frequencia respiratória > 30 ipm, pressão arterial < 90/60 mmHg e idade > 65 anos. Pacientes com 0-1 (leves), 2 (moderada), 3-5 (grave). Limitações: não avalia comorbidades, não avalia exames físicos, radiológicos. Tratamento O tratamento deve ser empírico inicialmente, o mais rápido possível pra diminuir a morbimortalidade. Pacientes ambulatoriais: 5-7 dias - Sem comorbidade e sem uso de antibióticos nos últimos 3 meses: Macrolídeo: azitromicina 500mg/dia VO ou claritromicina 500mg/dia VO. - Com comorbidade e/ou uso de antibióticos nos últimos 3 meses: Fluoroquinolona isolada: levofloxacina 750mg/dia VO, moxifloxacina 400mg/dia VO. ou Betalactâmico: amoxicilina/clavulanato 2g 12/12h VO, ou ceftriaxone 1-2g/dia IV Macrolídeo: azitromicina 500mg/dia VO ou claritromicina 500mg/dia VO. Pacientes internado fora de UTI: 7-10 dias Fluoroquinolona: levofloxacina (750mg/dia VO ou IV) ou moxifloxacina (400mg/dia VO ou IV) ou Betalactâmico: ceftriaxone (1-2g/dia IV) ou ampicilina (1-2g cada 4-6h por dia IV) ou cefotaxima (1-2g 8/8h IV) + Macrolídeo: azitromicina 500mg VO/dia ou claritromicina 500mg VO/dia. Pacientes internado UTI: 7-10 Betalactâmico: ceftriaxone 2g/dia IV ou ampicilina-sulbactam 2g IV 8/8h ou cefotaxima 2g IV 8/8h + Macrolídeo: azitromicina 500mg/dia VO ou Fluoroquinolona: levofloxacina 750mg/dia IV ou moxifloxacina 400mg/dia IV. RISCO DE PSEUDOMONAS: - piperacilina/tazobactam 4,5g IV de 6/6h + levofloxacina 750mg/dia IV RISCO DE MRSA-AC: - Acrescentar linezolida 600mg IV 12/12h ou vancomicina 15mg/kg 12/12h + clindamicina 300mg 6/6h Medidas adjuntas - Hidratação - Oxigenoterapia - Vasopressores e ventilação (se necessário) Complicações - Insuficiência respiratória; - Choque séptico - falência múltipla dos órgãos - Infecções metastáticas - Abcesso pulmonar - Derrame pleural significativo Prognóstico Depende da idade, das comorbidades, da epidemiologia, do local de tratamento. - 5% de mortalidade em ambulatório - 12% em internações não UTI - 30-60% em internações UTI - Maior mortalidade em idosos acima de 65 anos. Prevenção Vacina anti-influenza: recomendada em 2023 para crianças de 6 meses a 6 anos de idade, gestantes, puérperas, idosos acima de 60 anos, pacientescom doenças crônicas, imunodeprimidos, profissionais da saúde, professores, trabalhadores e privados de liberdade de sistema prisional, caminhoneiros. Vacina antipneumocócica: - 13/10: 2 meses a menores de 6 anos, com esquema vacinal de doses no 2 e 4 mês e um de reforço no 12 mês. Idosos acima de 65 anos. Jovens e adultos com doenças crônicas ou imunocomprometidos. - 23: idosos acima de 65 anos, residentes em asilo, pessoas com doenças crônicas, imunossuprimidos. SEPSE Sepse: infecção com inflamação intensa e disfunção orgânica. Choque séptico: é uma condição em que o paciente encontra-se em sepse e é refratária a reposição hipovolêmica, mantendo o lactato > 2mmol/litro e necessitando de vasoativos pra manter PA média > 65mmHg. FISIOPATOLOGIA: produção de interleucinas, de oxido nítrico, TNF, que geram vasodilatação, diminuição da PA, gerando aumento da frequência cardíaca, respiração anaeróbia, aumento do lactato e acidose metabólica, isso propicia uma taquipneia reflexa. A taquipneia gera uma alcalose respiratória compensatória, e pode gerar uma respiração de Kussmaul. DIAGNÓSTICO: Infecção com inflamação intensa e disfunção orgânica. + SIRS: - Febre ou hipotermia - FC > 90 bpm - Fr > 20 ipm - Leucocitose > 12000 ou leucopenia < 4000 Positivo: infecção + 2 SIRS Quick SOFA: utilizado pra diagnóstico de sepse (CPF) - Alteração da consciência (Glasgow < 15) - PA <= 100 mmHg - Frequencia respiratória > 22 ipm Positivo: infecção + 2 pontos TRATAMENTO Fluidoterapia + atb precoce + suporte clínico
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