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diferencie aquele que é chamado de Surdo daquele nomeado de Deficiente Auditivo com suas implicações culturais

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A forma com que referenciamos um sujeito diz muito sobre a perspectiva que o vemos. Dentro de um contexto de respeito à individualidade/  especificidade da surdez, discernimento sobre construção de uma comunidade de minoria linguística, pesquise e depois diferencie justificando/exemplificando aquele que é chamado de Surdo daquele nomeado de Deficiente Auditivo com suas implicações culturais. 
 
Resposta:
 A surdez pode ser entendida sob duas óticas antagônicas: a patológica e a cultural:
 *A patológica enfatiza a deficiência e a medicalização, na qual o Surdo é visto como tendo uma deficiência que precisa de recursos e intervenções cirúrgicas para o reestabelecimento do que lhe é ausente, visando reintegrá-lo ao grupo majoritário ouvintista.
 * A cultural como a de sujeitos que usam e valorizam a língua de sinais, assumindo uma postura positiva diante da surdez e autonomia crítica, como cidadãos políticos. Porém, em nossa sociedade, o aspecto cultural da surdez é secundarizado, focando o discurso apenas no fenômeno físico. (GESSER, 2009
 Por vezes, a terminologia “Surdo” traz estranhamento por parte de pessoas que não têm contato com essa comunidade específica. Chamar o Surdo de Surdo é a forma principal de reconhecimento de sua diferença, retirando o foco em estereótipos negativos e de carácter preconceituoso.
 McCleary (2003) deixa clara a sua compreensão de surdez, quando afirma que é um ato político o orgulho do Surdo em ter uma identidade Surda.
 Você já pensou o que seria esse ato político, numa perspectiva cultural, como esta que estamos tratando?
 Ora, é o sentido de se ver como um ser político, dotado de direitos e responsabilidades provenientes de uma vida em sociedade; crítico e emancipado das marginalizações sociais em que, muitas vezes, os Surdos, como grupo linguístico e cultural menor em número, se comparados aos grupos usuários de línguas orais, se percebem oprimidos e sem visibilidade diante de questões relevantes da sociedade.
 Ao referenciarmos o sujeito que não ouve de Deficiente Auditivo, trazemos junto com ele um discurso carregado de perspectivas ditas clínicas, onde a ênfase se dá na falta e na incapacidade da percepção sonora.
 A construção de uma identidade, seja ela surda ou não, é complexa e a sua concepção tem um carácter antropológico, sendo que parte dela consiste em considerar a natureza das relações sociais, e atrelar isso ao uso de um código comum para que a comunicação aconteça.
 O Surdo em processo de aquisição do idioma, nesta disciplina, em específico, tratamos da língua de sinais do Brasil, quando em contato com outros usuários sinalizantes adota-os como referencial, e esta interação faz com que a comunicação, como um todo, ganhe novos significados sobre todas as coisas/conhecimentos historicamente acumulados pela humanidade.
 Isso possibilita formas novas de compreensão do mundo, e todo este conhecimento é mediado pela forma de expressão visual, uma vez que a linguagem oral não consegue abrangê-los completamente.AOutra questão, ainda bastante relevante, a respeito de terminologias utilizadas comumente ainda precisam ser esclarecidas. Ouvintes, em sua maioria, desconhecem a carga semântica que as palavras surdo-mudo e deficiente auditivo evocam.
 Considera-se, incorretamente, que o termo surdo-mudo seria aceitável, ao passo que o termo deficiente auditivo seria o politicamente correto a ser utilizado em relação a eles.
 No entanto, ao se perguntar ao indivíduo Surdo como gostaria de ser chamado, ele certamente argumentaria que a terminologia de deficiente auditivo é considerada patológica e carregada de preconceitos, justificando novamente tudo o que vimos até então.
 Da mesma forma, a terminologia “surdo-mudo”, também não seria a ideal, uma vez que o Surdo tem o aparelho fonador funcionando normalmente e pode fazer uso dele, caso o treine para isso.
 A nomenclatura “Surdo”, aceita culturalmente, é a de identificação da comunidade, em uma perspectiva de fortalecimento e orgulho de sua condição. A surdez, então, é a sua especificidade, e a sua língua é a de sinais.

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