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ATIVIDADE II ANALISE POLITICA PUBLICA

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Universidade Federal da Fronteira Sul
Curso de Pós-Graduação em Gestão Pública-campus Erechim
Alunas: Claudia Zenaide Ribeiro Gonçalves
		Emily Tomasi
O trabalho a seguir vai analisar uma política pública implantada a partir da Constituição Federal de 1988. A análise vai ser descritiva, para entender como um direito fundamental estabelecido na Constituição Federal passa de um ato simbólico para ser concreto e acessível a todos que os cidadãos. Será apresentado um pequeno histórico de como se iniciou os primeiros movimentos de criação de políticas públicas de habitação antes e depois da promulgação da Constituição Federal de 1988. No segundo momento será feita uma análise conceitual enfatizando autores que tem seus estudos voltados a administração pública, dessa forma será feita analise da política pública de habitação como um direito constitucional dando ênfase ao Programa Minha casa, minha vida. Contudo poderá compreender como se desenvolveu a necessidade criar o programa minha casa, minha vida como política pública de habitação popular. 
O Trabalho vai abordar o tema politicas publicas seguindo os conceitos abordados na disciplina Instituições Políticas Públicas do curso de pós graduação latu sensu Gestão Pública da Universidade Federal da fronteira sul (UFFS), ministrada pelo Drº Mauricio M. Rebello, professor e Coordenador adjunto do Curso. 
	Antes de fazer análise de uma política pública precisamos ter bem definido a diferença entre políticas públicas e política pública. Políticas públicas para SECCHI (2013), é uma diretriz criada para resolver alguma questão pública que de alguma forma esteja causando problemas na sociedade. Mas o mesmo autor esclarece que não existe um consenso entre definições do termo. As políticas públicas, seguindo as linhas de pensamento do autor citado, é a percepção do simbólico e do concreto dentro das instituições políticas. Ou seja, a política pública é o simbólico onde se percebe o problema que precisa ser solucionado e as políticas públicas são o concreto da ação. 
Como exemplo o direito fundamental que está descrito no artigo 6 da Constituição Federal, o direito à moradia, sendo uma forma simbólica do problema e a partir disso podem ser criadas as políticas públicas, no caso da analise a ser feita, o programa Minha Casa Minha Vida como uma das políticas públicas para concretizar a política pública de habitação destacada na CF. 
Para SECCHI (2013), existem tipos de políticas públicas: políticas regulatórias, ex. leis de trânsito; politicas distributivas, ex. transporte gratuito para idosos; políticas redistributivas, ex. programas de reforma agraria; politicas constitutivas, ex. direito à moradia. De acordo com o autor, podemos analisar o direito à moradia como forma de política pública constitutiva, já que ela está estabelecida na CF como um direito fundamental, ou seja, uma política pública de habitação que é geradora de políticas públicas para a distribuição de habitações para pessoas de baixa renda como o programa minha casa minha vida.
CICLOS DE POLÍTICA PÚBLICA:
	Seguindo a linha conceitual de SECCHI, 2013, as políticas públicas são elaboradas a partir da percepção de ciclos. Sendo um esquema sequenciais e interdependentes. O autor tem a consciência da imensa possiblidade de ciclos para as políticas polícias e aprofunda seu estudo no modelo com sete fases principais: 
Identificação do problema: O autor utiliza a expressão status quo para demostrar que existe algum problema para ser solucionado e isso é perfeito pra a criação de uma política pública. O problema, conforme o autor pode aparecer subitamente, como exemplo desastres naturais, pandemias, etc. ou o problema está ali, naturalizado e vai ganhando importância aos poucos como exemplo os problemas habitacionais. 
O direito à moradia gerou um problema que seria como torna-lo concreto, estava na constituição, mas precisava ganhar sua importância. Tornou-se importante para criação de políticas públicas. O Programa Minha Casa Minha Vida foi criando como uma forma de solução do problema da falta de moradia e moradias ilegais. 
Formação de agenda: é quando, se torna relevante para entrar em debate de formação de políticas públicas. Muitas vezes pode ser um programa de governo entre outros. No caso do programa Minha Casa Minha Vida entrou na agenda de governo a partir do ano de 2009, por um governo popular. 
Formulação de alternativas: é discutida a partir do momento em que os problemas entram para agenda. A partir desse momento é traçado o objetivo para chegar à solução do problema. 
Tomada de decisões: Segundo o autor é possível em três formas: 1º busca-se um problema já estudado, assim verifica-se qual a melhor alternativa para solução; 2º o problema e a solução são simultâneos, ou seja, o problema vai se estabelecendo e a solução vai se ajustando; 3º aguardam que o meio político e a opinião pública se manifestem com surgimento de um problema para colocar a sua proposta de solução e passe a ser uma política pública.
Implementação da política pública: produção de resultados concretos. Conforme SECCHI (2013), é o momento em que regras, rotinas e processos sociais de desdobram de intenções para ações. 
Avaliação da política pública: é o julgamento da validade da proposta para ação pública. A avaliação pode acontecer antes da implementação da política pública ou depois da implementação da mesma, podendo também existir uma avaliação formativa ou de monitoramento que ocorre durante a implementação da mesma.
Extinção da política pública: as políticas públicas podem ser extintas por três motivos colocados pelo autor: problema resolvido, ineficaz e o problema perdeu importância nas agendas políticas e formais. 
PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA
As moradias no país eram de responsabilidade da iniciativa privada até que em 1930, sendo comumente feitas pelas empresas e vinculadas essencialmente a condição do emprego. Grandes industrias construíam vilas com casas e escolas para seus empregados, causando assim, realocações de pessoas de todos os cantos do país. Com a industrialização e urbanização, o Estado se viu forçado a construir moradias populares em conjunto com a Caixa Econômica Federal e Estaduais, institutos de previdência e companhias de seguros.
Somente em 1964 criou-se a Lei 4.591 que tinha por finalidade regular o setor imobiliário criando um memorial das incorporações, que continham dados jurídicos e contábeis de cada empreendimento e, pela criação do Banco Nacional de Habitação, que concedia créditos através de financiamento para todas as classes sociais, fato que gerou novos centros urbanos como também novos empregos.
Em 1966, foi criado o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, formado pelas contribuições compulsórias do empregador, que tinha por objetivo atender as necessidades habitacionais da população C e D, que podiam usar esses recursos para financiamento em cooperativas habitacionais (COHAB e COOPHAB).
Em 1997 foi criado o Sistema Financeiro Imobiliário como alternativa ao falido Sistema Financeiro de Habitação, e tinha como função trabalhar com fundamentos do mercado, menor regulamentação e com empresas privadas. Com o SFI, foi criado a emissão de títulos de securitização dos créditos imobiliários que visavam a desvinculação dos antigos meios de captação de recursos. 
Assim, foi criado ao longo dos anos diversos tipos de recursos de captação, tais como o Certificado de Recebíveis Imobiliários em 1997, a Letra de Câmbio Imobiliário em 2001 e a Cédula de Crédito Imobiliário em 2004. 
Os financiamentos habitacionais, com recursos da caderneta de poupança e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), totalizaram R$212,3 bilhões e os desembolsos do crédito habitacional do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE) totalizaram R$11,7 bilhões no trimestre terminado em abril, acréscimo de 19,8% em relação à igual período de 2011. (Cotrim, 2012).
	Políticas públicas habitacionais surgiram para aplacar a demanda de moradia que garantam um ambiente seguro ao ser humano. Em 2009foi criado o programa Minha Casa Minha Vida, uma parceria do Governo Federal com os Estados e Municípios visando a garantia de moradia para as camadas mais baixas da população. O programa consiste na conceção de subsídios para a população que recebe até três salários mínimos e são responsáveis pelo financiamento de até 90% do valor do imóvel.
	É um dos programas de maior aceitação do Governo Federal por também contemplar a iniciativa privada, além de ser uma das causas do aumento da criação de empregos no setor de construção civil.
	A popularidade do programa no setor privado dá-se pela garantia de pagamento, já que o programa tem como responsáveis pela sua implementação a Caixa Econômica Federal, atuando como agente financeiro, garantindo o financiamento enquanto a rede privada seria a executora das obras.
	O programa foi organizado em três fazes: O PMCMV – I executado entre os anos 2009 – 2010, com um milhão de habitações concluídas; o PMCMV – II de 2011 a 2014 com meta de dois milhões e o PMCMV – III, iniciado em 2016 e ainda vigente com meta de dois milhões de moradia. 
	Os pontos negativos do programa foram ao concentrar tantos recursos acabei fugindo do propósito inicial do Plano Nacional de Habitação, servindo como um projeto guarda-chuva, abarcando diversas propostas e setores em um só plano. 
	O programa Minha Casa Minha Vida esteve presente em quatro mandatos governamentais, porém começou a sentir o seu desmantelamento com a crise fiscal de 2014 e sobretudo com o impeachment da presidente Dilma Rouseff em 2016. Apesar dos vários fatores que causaram a sua finalização, o mais importante ocorreu com a promulgação da Lei nº 14.118/21 quando o governo Bolsonaro anunciou a sua extinção seguida da criação de um novo programa chamado Casa Verde e Amarela que mudava a política pública em forma e objetivos. O programa Minha Casa Minha Vida perdeu seu principal objetivo de habitação social, que aplacou durante anos o principal déficit habitacional brasileiro. (EUCLYDES, F. M. et al., 2022)
	Como podemos ver a mudança ou extinção de uma política pública depende essencialmente de quem está no comando do país no momento. Criada por um governo assumidamente de esquerda o programa Minha Casa Minha Vida tinha objetivos claros de atendimento as camadas mais baixas da população, contrariando os objetivos mais liberais dos governos de direitas. 
	
REFERENCIAS 
Cotrim. Paula Mascarenhas. Instrumentos de capitação do Mercado Imobiliário. 08.2012. Disponível em http://www.pantheon.ufrj.br.
EUCLYDES, F. M. et al.. O processo de política pública do “Minha Casa, Minha Vida”: criação, desenvolvimento e extinção. Revista de Sociologia e Política, v. 30, p. e020, 2022.
SECCHI, Leonardo. Políticas públicas. Conceitos esquemas e analise, casos prático/ Leonardo Secchi. – 2 ed, São Paulo: Cengage Learning, 2013.

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