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DESCRIÇÃO Definição de políticas públicas e exemplos de aplicação no Brasil. PROPÓSITO Conhecer exemplos concretos de políticas públicas brasileiras é parte indispensável da formação para quem atua seja no setor público, seja em alguma esfera do setor privado que se relacione sistematicamente com políticas públicas. OBJETIVOS MÓDULO 1 Compreender o que são políticas públicas MÓDULO 2 Reconhecer as principais políticas públicas na área social e de previdência no Brasil MÓDULO 3 Identificar as principais políticas públicas de moradia e educação no Brasil INTRODUÇÃO Como base para o estudo, será apresentado um panorama sobre o que são as políticas públicas, e seus ciclos de formação, implementação e avaliação, tendo como foco a aplicação prática em setores fundamentais, de abrangência social. Para complementar e dar sustentação à teoria, serão relatados exemplos reais de políticas públicas destinadas às áreas sociais, de previdência, moradia e educação, que têm (ou tiveram) repercussão e impacto direto ou indireto no dia a dia dos brasileiros. MÓDULO 1 Compreender o que são políticas públicas LIGANDO OS PONTOS Sempre identificamos as políticas públicas como aquelas leis e normas aprovadas no Congresso Nacional ou nos entes legislativos subnacionais. Mas, sabia que são muitos os atores, além do Estado, que desenham e implementam políticas públicas? Vamos ver, a seguir, um exemplo real sobre uma política impulsionada por uma ONG. O Instituto Dara, anteriormente conhecido como Saúde e Criança, é uma ONG com mais de 30 anos de experiência. Sua sede está situada na cidade do Rio de Janeiro. O Instituto Dara é um exemplo de como uma organização da sociedade civil pode implementar políticas públicas bem-sucedidas e inspirar os entes públicos para assumir a mesma metodologia de trabalho. A sua fundadora, a médica Vera Cordeiro, percebeu que o atendimento médico pontual de crianças desfavorecidas era insuficiente para melhorar a sua saúde e a da sua família em longo prazo. Assim, identificou que existem muitos determinantes sociais que afetam a saúde. Se a moradia de uma família não tem conexão com água potável; se as crianças não têm noções sobre hábitos de higiene; ou se os pais não possuem uma renda suficiente para comprar remédios, a saúde estará sempre em risco. Desse modo, em 1991, fundou a ONG e começou a trabalhar com famílias, em situação de vulnerabilidade, desde uma perspectiva integral de combate à pobreza. A partir da atenção médica recebida nos centros de saúde a crianças, o Instituto Dara disponibiliza-se para apoiar toda a família. O instrumento utilizado é o Plano de Ação Familiar (PAF), um conjunto de ações intersetoriais orientado por diversos profissionais. As áreas de ação e monitoramento são: saúde, renda, moradia, cidadania e educação. Calcula-se que essa política pública impactou diretamente a vida de mais de 75.000 pessoas ao longo da história da ONG, de acordo com o Instituto Dara. O PAF teve tanto sucesso que ganhou reconhecimento de diversas instituições e muitas organizações imitaram sua metodologia. Em 2009, a prefeitura de Belo Horizonte criou a política “Família Cidadã”, inspirada no PAF e assessorada pelo Instituto Dara. Após a leitura do caso, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos? 1. CONSIDERANDO O PAPEL PROTAGONISTA DO INSTITUTO DARA NA ELABORAÇÃO DE UMA METODOLOGIA DE INTERESSE PÚBLICO, PARA VOCÊ, QUAL TIPO DE ABORDAGEM EM RELAÇÃO AO CONSTRUTO DE POLÍTICA PÚBLICA AJUSTA-SE MAIS A ESSE CASO? A) Monopólio de Estado. B) Estadocêntrica. C) Sociedadecêntrica. D) Policêntrica. E) Monopólio no mercado. 2. O INSTITUTO DARA DESENVOLVEU UMA POLÍTICA DE INTERESSE PÚBLICO, MELHORANDO A QUALIDADE DE VIDA DE MUITAS FAMÍLIAS. PARA VOCÊ, QUE TIPO DE NECESSIDADE LEVOU ESTA ONG A IMPLEMENTAR A POLÍTICA DO PLANO DE AÇÃO FAMILIAR? A) Falha de mercado. B) As famílias não podiam pagar os remédios. C) As desigualdades de renda. D) As políticas da prefeitura do Rio estavam mal desenhadas. E) A atenção médica das crianças era insuficiente. GABARITO 1. Considerando o papel protagonista do Instituto Dara na elaboração de uma metodologia de interesse público, para você, qual tipo de abordagem em relação ao construto de política pública ajusta-se mais a esse caso? A alternativa "D " está correta. Efetivamente, o caso apresentado é um bom exemplo da abordagem policêntrica ou multicêntrica das políticas públicas. Nessa perspectiva, diversos atores, públicos e privados, participam da elaboração e/ou da implementação de uma política pública. O Instituto Dara seria um desses atores e o Plano de Ação Familiar seria a política elaborada. 2. O Instituto Dara desenvolveu uma política de interesse público, melhorando a qualidade de vida de muitas famílias. Para você, que tipo de necessidade levou esta ONG a implementar a política do Plano de Ação Familiar? A alternativa "E " está correta. No caso exposto, ilustra-se a identificação de um problema social, que é a primeira fase do ciclo da política pública. A fundadora da ONG percebe que as crianças voltam, constantemente, ao hospital, com problemas de saúde. Nesse sentido, a atenção médica só cobria os buracos de um problema maior, multicausal, relativo à situação de risco social em que se encontravam as famílias. 3. O INSTITUTO DARA É UM EXEMPLO DE COMO ATORES DA SOCIEDADE CIVIL PARTICIPAM DA IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS. NA SUA OPINIÃO, É NECESSÁRIO QUE EXISTAM MUITOS ATORES ENVOLVIDOS OU DEVERIA SER O ESTADO E SEUS SETORES ESPECIALISTAS OS PRINCIPAIS RESPONSÁVEIS POR RESOLVER OS PROBLEMAS PÚBLICOS? RESPOSTA A sociedade, no seu conjunto, participa das políticas públicas. Diversos atores, públicos e privados, atuam durante uma ou outra fase do ciclo da política pública. De fato, a maioria dos problemas e das soluções se formam antes na agenda pública do que na agenda política. Por exemplo, muitas políticas que se incorporam nos programas dos representantes políticos surgem de movimentos impulsionados desde as redes sociais. Todos os especialistas, profissionais ou pesquisadores também elaboram alternativas que são, posteriormente, assumidas pelos governos. Portanto, não somente é recomendável que exista essa rede ativa de atores, como também seria recomendável uma coordenação entre as entidades estatais, as empresas e a sociedade civil na hora de resolver os problemas públicos. O QUE SÃO POLÍTICAS PÚBLICAS Política pública é um termo que tem diferentes definições e interpretações. Alguns especialistas consideram como políticas públicas aquelas em que o Estado é o protagonista, devendo ser formuladas, aprovadas e implantadas por agentes públicos oficiais dos Estados. Essa forma de definir as políticas públicas está baseada no “poder de polícia” próprio do Estado, que pode formular as leis e obrigar os cidadãos a cumpri-las. javascript:void(0) javascript:void(0) “PODER DE POLÍCIA” O termo “poder de polícia” do Estado se refere ao poder da administração pública de restringir direitos individuais em benefício do bem coletivo. Além desse argumento, muitos acreditam que o Estado deve ser o guardião da sociedade, corrigindo desvios da virtude e garantindo a continuidade da sociedade ao longo do tempo. A essa abordagem dão o nome de : Estadocêntrica As políticas públicas estão centradas no Estado. Alternativamente, podemos considerar que diferentes pessoas e instituições participam da formulação de políticas públicas. Essa abordagem recebe o seguinte nome: Multicêntrica ou policêntrica Diversos atores estão envolvidos – esses atores podem participar das políticas estatais e ajudar na formulação e na implantação das políticas públicas. Políticas de educação implantadas por Organizações Não Governamentais (ONGs), por exemplo, podem ser políticas públicas, mesmo tendo uma participação indireta do Estado em sua formulação e implantação. Exemplos assim são encontrados em diversas áreas da sociedade e garantem que as funções fundamentaisdo Estado sejam aplicadas em mais lugares e com maior eficiência. Mas quais são as funções ou objetivos fundamentais do Estado Brasileiro? O artigo 3º da Constituição Federal traz um resumo: CONSTITUEM OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL: I - CONSTRUIR UMA SOCIEDADE LIVRE, JUSTA E SOLIDÁRIA; II - GARANTIR O DESENVOLVIMENTO NACIONAL; III - ERRADICAR A POBREZA E A MARGINALIZAÇÃO E REDUZIR AS DESIGUALDADES SOCIAIS E REGIONAIS; IV - PROMOVER O BEM DE TODOS, SEM PRECONCEITOS DE ORIGEM, RAÇA, SEXO, COR, IDADE E QUAISQUER OUTRAS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO. (Constituição, 1988) As políticas públicas devem seguir esses princípios, mas, para atingi-los, é necessário que toda a sociedade se envolva e que as políticas feitas pelo Estado, ou por entes paraestatais, estejam alinhadas na busca pelos objetivos constitucionais. SAIBA MAIS Entes paraestatais são entidades de direito privado que desenvolvem funções do Estado, muitas vezes em nome dele, prestando serviços e implantando políticas públicas para ajudar a sociedade. Essas entidades recebem esse nome, pois atuam próximas ao Estado, com o qual, às vezes, confundem-se. Exemplos: Confederação Nacional da Indústria (CNI), Serviço Brasileiro de Apoio Às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Sesc, Senac, Senai etc. A abordagem policêntrica defende que existem múltiplos centros de tomada de decisão sobre políticas públicas e que esse monopólio não está no Estado. No entanto, a função normativa, capacidade de definir regulamentos em busca da implementação ou da complementação da legislação já aprovada (em particular, a Constituição), é precipuamente do Estado, não tirando dos demais atores funções secundárias de normatização e de influência nesse processo principal. Assim, políticas públicas são aquelas formuladas e implementadas pelo Estado ou por outros atores e que são criadas para resolver questões públicas. Como parte do processo, muitas vezes, é necessário até mesmo enfrentar problemas tipicamente de responsabilidade do Estado como, por exemplo, as falhas de mercado e problemas distributivos. FALHAS DE MERCADO Ocorrem quando o mecanismo de trocas voluntárias mediadas por um sistema de preços (ou seja, o mercado) não é suficiente para gerar um bom resultado. Por exemplo: se uma empresa polui o meio ambiente ou se um grupo de pessoas não consegue se coordenar para financiar serviços públicos como o policiamento, não é possível recorrer ao mercado para comprar proteção ambiental ou proteção contra crimes. PROBLEMAS DISTRIBUTIVOS Ocorrem quando, mesmo sem falhas de mercado, os recursos da sociedade podem estar concentrados em poucas pessoas. ATENÇÃO Além das funções típicas de Estado, temos como responsabilidade do Estado Brasileiro, garantido na Constituição Federal, a educação, segurança, saúde, moradia e seguridade social. TEORIAS VOLTADAS PARA A ANÁLISE DE POLÍTICAS PÚBLICAS O especialista Ettore de Carvalho Oriol fala sobre a análise de Políticas Públicas. Assista: CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS As políticas públicas são formadas por fases, que vão desde: 1 O surgimento de uma necessidade na sociedade Entrada na pauta política 2 3 Ganho de destaque nessa pauta Formulação da política 4 5 Ganho de corpo (e apoio dos atores e agentes políticos e sociais) Chegada ao consenso e aprovação 6 7 Implantação Avaliação 8 A partir daí, pode haver uma realimentação, um adormecimento ou até o encerramento dessa política. Esse ciclo das políticas públicas é estudado de diversos ângulos. Um deles é a teoria do Ator-Rede (TAR), ou seja, as políticas são analisadas em função dos atores que participam de todo o ciclo e também levam em conta o processo de associações entre esses atores para a formação, aprovação e aplicação. COMENTÁRIO Este estudo usará a TAR como lente para a determinação e análise de todo o ciclo das políticas públicas, embora haja outras lentes que não serão objetos de análise neste conteúdo. Diversos modelos da teoria do Ator-Rede foram desenvolvidos nesta abordagem. Kingdon (1995) é um exemplo importante para a análise do ciclo de políticas públicas. Para Kingdon, a ação dos atores favorece a formação das políticas públicas, pois eles investem seus recursos e poder. Essa influência acontece em todo o processo e gera os incentivos necessários para que a política siga seu ciclo por completo. É na formação e consenso que os atores agem e geram as políticas públicas, levando de uma etapa a outra e chegando ao momento da implantação e avaliação. Dentro dessa perspectiva, o uso da razão é o melhor condutor na formação de consensos: cada ator procura ceder em alguns pontos para ter outros atendidos. Essa forma de encarar o ciclo das políticas públicas pressupõe que elas são construídas de forma coletiva, onde o encontro e o consenso dos atores envolvidos formam as condições para o seu surgimento e aprovação. SURGIMENTO E APROVAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS O surgimento é o primeiro passo no processo de criação e implantação das políticas públicas. Esse passo ocorre em várias etapas, sendo a primeira o surgimento da necessidade na sociedade. EXEMPLO O aumento do índice de determinada doença pode levar à criação de uma política específica setorial de saúde. As necessidades de determinados serviços ou ações do Estado podem surgir e desaparecer sem que nunca sejam desenvolvidas políticas públicas para supri-las. Outras surgem e permanecem fora da agenda política por muitos anos, algumas porque não obtêm protagonismo, outras porque são muito específicas para algum grupo e são sobrepujadas por necessidades prementes. Os atores envolvidos no processo, e o poder de cada um deles nas esferas de tomada de decisão, é que são de fato determinantes para a escolha das necessidades que serão levadas adiante. EXEMPLO Quando políticos assumem pautas específicas para serem eleitos. Neste momento, eles constroem uma agenda, baseada em dada necessidade, para ganhar destaque nas discussões. Quanto maior o apoio da sociedade, maior será a quantidade de agentes defendendo essa necessidade/política pública. É importante saber que em virtude de os recursos serem limitados, cada político faz suas escolhas, já que não é possível atender a todas as necessidades (estamos falando aqui de escolhas legítimas, não estamos analisando desvios de verbas). Assim, é possível concluir que as necessidades da sociedade são hierarquizadas, dependendo da quantidade de atores que estão dispostos a defendê-las. A próxima fase é a da elaboração da política pública, quando são analisados os atores envolvidos e os recursos disponíveis. É nessa fase que se define a intervenção para lidar com as necessidades identificadas. Trata-se de uma das fases mais delicadas e deve ser muito bem executada. Todas as possibilidades devem ser aventadas e consideradas – e quanto maior o número de ideias e possibilidades, melhor, porque possíveis soluções podem ser consideradas e testadas para a construção do caminho para o atendimento da necessidade identificada. Após a elaboração das políticas públicas, elas entram na fase de aprovação, quando os diversos atores passam a criticar o que foi proposto e procuram atender os interesses de seus representados. Diante disso, existe uma disputa inicial de quem leva mais dentro do processo, mas, ao final, busca-se o consenso sobre as necessidades que serão atendidas. Nesse jogo político, os grupos de interesse competem e ao mesmo tempo se auxiliam, pois precisam do apoio uns dos outros para aprovar seus projetos. Normalmente, nesse momento, é o Poder Legislativo que tem o protagonismo. Nas demais fases, o protagonismo está em geral no poder executivo e em agentes externos ao Estado. Em tal processo, os atores interessados na aprovação (ou reprovação) de uma proposta fazem lobby (pressão) ou advocacy (defesa) sobre os agentes políticos do legislativo. No entanto, se não for executado com um mínimo de consenso, esse processo pode gerar grandes distorçõesnas políticas públicas, direcionando os recursos escassos do Estado para grupos de interesse específicos, prejudicando a sociedade como um todo. É nesse ponto que a sociedade organizada precisa agir com firmeza para gerar as melhores políticas para o bem de todos, destinando os recursos para as necessidades mais importantes. Podemos organizar a atuação dos atores envolvidos da seguinte forma: Problematização Definição da identidade dos atores e do Ponto Obrigatório (POP) para o qual os autores devem convergir. Atração de Interesses Mapeamento das identidades, preferências e alianças dos atores e suas possíveis relações com o POP. Recrutamento Negociações (articulação da rede) para alterações das preferências dos atores na direção do POP. Mobilização Ações dos atores para que o objetivo seja alcançado, transformando-os em entidades representativas do interesse coletivo. Extraído de: Sela et al, 2020, p. 165. STAKEHOLDERS E A FORMAÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA Quando pensamos especificamente nos atores envolvidos na formação das políticas públicas, frequentemente esquecemos de uma parte da sociedade que também deve ser considerada: os chamados stakeholders. São aqueles que têm algum interesse na política pública em discussão — não apenas os que têm poder e recursos, mas todos que são afetados direta ou indiretamente. EXEMPLO Um exemplo de stakeholder são os alunos em uma política de educação. Eles são os interessados nessa política e serão os beneficiados diretos. Por isso, farão surgir a necessidade dessa política e a levarão à arena política por meio de reivindicações e votos em candidatos que darão apoio a ela (talvez indiretamente, pelos pais ou responsáveis). Observamos isso no Congresso Brasileiro com a bancada da educação, formada por vários parlamentares que defendem políticas para o setor. Esses agentes se unem aos alunos para a construção de uma agenda política para aprovar as políticas de educação. Outros stakeholders também participam desse processo: professores, sindicatos de professores e sindicatos patronais das escolas particulares de ensino, entre outros. Todos estão voltados para as necessidades do ensino, mas, também, para as suas necessidades particulares. Foto: Shutterstock.com EXEMPLO Imagine os ganhos dos diversos atores em um programa como o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES), que financia o ensino superior. O aluno ganha, visto que pode estudar e pagar seus estudos após estar formado; as universidades ganham, pois atingirão mais alunos, recebendo aqueles que contarão com o financiamento; e os políticos também ganham, já que passam a ter mais prestígio junto aos estudantes e suas famílias, o que vira uma vantagem durante as eleições. Mais: outros agentes do Estado, e fora dele, também têm vantagem com uma política pública como essa, gerando desenvolvimento para o país e para as pessoas beneficiadas – por exemplo, as empresas poderão contratar mão de obra mais qualificada. APLICANDO AS POLÍTICAS PÚBLICAS A aplicação das políticas públicas é uma etapa muito delicada: é necessário tirar do papel o que foi planejado e aprovado. Nesse momento, o protagonismo é do Poder Executivo e das diversas entidades paraestatais que contribuem para essa etapa. A aplicação de uma política pública pode ter ou não o envolvimento direto do Estado. Políticas de ensino aplicadas pelo sistema “S”, por exemplo, não têm o envolvimento direto do Estado, mas dependem dele para o financiamento, que é feito por meio de tributos definidos em lei. SISTEMA S Trata-se de um conjunto de instituições representantes de determinadas categorias profissionais. A Constituição Federal prevê tributos que financiam esse sistema. EXEMPLO O Serviço Nacional de Aprendizagem (Senac), que atende aos empregados do comércio, sendo financiado por impostos recolhidos sobre as empresas do setor. Essa política de educação, desenvolvida sem a participação do Governo, qualifica os recursos humanos que serão javascript:void(0) empregados no próprio comércio, melhorando as condições desses trabalhadores e fornecendo a mão de obra necessária para o desenvolvimento do setor. A aplicação desse tipo de política pública beneficia o próprio setor e toda a sociedade (e, até mesmo, de forma indireta, outros setores em virtude de um serviço melhor, por exemplo). Outras políticas são implementadas diretamente pelo Estado, como a política de saúde gerida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Nesse caso, a gestão é toda do Estado, que administra o sistema via Ministério da Saúde, para quem os recursos são destinados, e os aplica conforme planejamento prévio e de âmbito nacional. Com o surgimento da Covid-19, esse sistema está sendo testado ao limite e tem se mostrado indispensável para o atendimento daqueles que não têm recursos. COVID-19 O primeiro caso oficial de contaminação no Brasil foi divulgado no início de março de 2020, mas o problema não foi controlado ou extinto até a elaboração deste conteúdo, em abril de 2021. A implantação das políticas públicas pode ocorrer pelas mãos do Estado, de agentes paraestatais ou mesmo do setor privado. EXEMPLO javascript:void(0) Sobre esse último caso, é possível falar das escolas particulares que, ao receberem incentivos tributários para a concessão de bolsas de estudo, estão desenvolvendo a política pública de educação do Ministério da Educação em substituição ao Estado, responsável apenas por providenciar os meios financeiros, via incentivos tributários. AVALIANDO AS POLÍTICAS PÚBLICAS O ciclo de surgimento de uma necessidade até o seu atendimento é permeado por etapas de avaliação, que normalmente estão presentes ao longo do processo. Quando a avaliação é feita antes da implantação, é dita ex-ante. Mas é após a implementação da política pública que ela ganha destaque. A partir desse ponto, a avaliação pode indicar se está atingindo seu objetivo ou se deve ser corrigida ou mesmo abandonada. Problemas não identificados em alguma etapa podem distorcer ou até mesmo invalidar uma política pública como, por exemplo, externalidades prejudiciais a outros grupos da sociedade. ATENÇÃO Durante o processo de elaboração e implementação, essas externalidades podem não ser previstas, mas, quando acontecem, podem invalidar os benefícios advindos da implantação da política pública. Caso isso ocorra, essa política precisa ser corrigida e, em casos mais graves, até mesmo abandonada. Por essas razões, a avaliação das políticas públicas é tão importante. Uma política pública pode ser avaliada por sua eficiência, eficácia, efetividade e economicidade. Cada um desses elementos enfoca alguns aspectos das políticas públicas. Cabe aqui dizer que, muitas vezes, mesmo quando uma política pública não se mostra perfeita em um desses quesitos, ela pode ser muito bem-sucedida por atingir seus objetivos e trazer o ganho proposto para a sociedade. EFICIÊNCIA EFICÁCIA ECONOMICIDADE EFETIVIDADE Eficiência — é definida como fazer um trabalho bem-feito. Isso não quer dizer que esse trabalho foi o mais barato possível e que atingiu os objetivos propostos. Podemos fazer um trabalho correto, mas sem atingir o objetivo definido — é possível, até mesmo, atingir outro objetivo e não o esperado. Eficácia — é definida como fazer o que precisa ser feito. Isso não quer dizer também que foi o mais barato para os cofres públicos, ou que foi feito da melhor maneira possível, mas, simplesmente, que o objetivo traçado foi atingido. Logo, os métodos empregados não são importantes, mas, sim, que esses atinjam o objetivo traçado. Economicidade — é o princípio que visa economizar os gastos para os cofres púbicos. Nesse caso, o importante é se o custo era o menor possível para que aquele objetivo fosse atingido. Efetividade — considera se as pessoas beneficiárias dessas políticas realmente estão tendo as necessidades atendidas. Esse olhar para cada avaliação é uma visão não do agente que implanta a política, como no caso da eficácia, mas do pontode vista do beneficiário. Cada uma dessas facetas da avaliação deve ser constantemente aplicada às políticas públicas para identificar se estão sendo cumpridas e como podem ser melhoradas para que esses quesitos da avaliação sejam cada vez mais bem atendidos. É sempre bom observar a intensidade de cada um deles dentro das políticas públicas e como devem ser alocados. Dentro do ciclo das políticas públicas a avaliação é normalmente a última etapa. Mas como as políticas, normalmente, são dinâmicas, esses ciclos de análise e melhorias se repetem indefinidamente, até que as necessidades sejam supridas e a política perca força e se encerre (pelo cumprimento dos objetivos) ou, ainda, que ela perca espaço para novas necessidades e políticas mais urgentes e importantes. O processo de encerramento ou morte das políticas públicas é muito importante, porque determina quando devem ser de fato finalizadas. Quando isso acontece, não quer dizer que as necessidades desapareceram por completo, mas, sim, que elas perderam espaço dentro da agenda pública. Porém, uma política pública que perde sua importância pode voltar a ganhar força dentro da sociedade. Por exemplo, em momentos de escassez de empregos, políticas de criação de empregos ganham grande destaque e podem ser amplamente apoiadas. Já em momentos de desenvolvimento acelerado da economia, essas políticas deixam de ter importância, ficando em segundo plano. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1– (CESPE/CEBRASPE, 2019) - NO PROCESSO DE FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS, A FASE NA QUAL OS OBJETIVOS PREVIAMENTE DEFINIDOS SÃO CONVERTIDOS EM AÇÕES EMPREENDIDAS PARA ATINGI-LOS É DENOMINADA: A) Formação de agenda. B) Tomada de decisão. C) Implementação. D) Avaliação. E) Elaboração de alternativas. 2 – (CESPE/CEBRASPE, 2019 – ADAPTADA) - O ESTADO-REDE OU MULTICÊNTRICO CARACTERIZA-SE POR: A) Concentrar o poder decisório em órgãos federais. B) Promover a departamentalização de suas políticas públicas. C) Fortalecer a centralidade de atividades meio. D) Compartilhar a autoridade com uma série de instituições. E) Implementar processos decisórios hierárquicos. GABARITO 1– (CESPE/CEBRASPE, 2019) - No processo de formulação de políticas públicas, a fase na qual os objetivos previamente definidos são convertidos em ações empreendidas para atingi-los é denominada: A alternativa "C " está correta. É na fase de implementação que o que foi planejado e aprovado para o suprimento de uma necessidade pública é colocado em prática. 2 – (CESPE/CEBRASPE, 2019 – Adaptada) - O Estado-Rede ou multicêntrico caracteriza-se por: A alternativa "D " está correta. Nessa forma de encarar o papel do Estado nas políticas públicas, ele não está no centro dessas políticas, ignorando os demais atores. O Estado é, sim, mais um ator dentro do processo, não o único, e há um compartilhamento de tarefas, com a devida distribuição de autoridade para implementá-las. MÓDULO 2 Reconhecer as principais políticas públicas na área social e de previdência no Brasil LIGANDO OS PONTOS Você, com certeza, já escutou falar do Programa Bolsa Família ou do mais recente Auxílio Brasil. Os dois são políticas de transferência direta de renda na área social. Sabia que, atualmente, é discutida, em muitos países, a criação de uma renda básica universal? Você sabe quais são as vantagens e as desvantagens e os argumentos dos defensores e opositores da renda básica universal? Para entender melhor essa política social, vamos analisar em que consiste esse subsídio e compreender como funciona na prática. A Renda Básica Universal (RBU) é um modelo de transferência de renda mínima que é fruto da evolução histórica desse tipo de políticas sociais. Diferentemente do modelo de outras rendas oferecidas pelo Estado aos cidadãos, a RBU não está condicionada. Isto é, não depende das circunstâncias socioeconômicas das pessoas para receber o subsídio. Nesse sentido, é universal, podendo uma pessoa rica recebê-la. A universalidade desse subsídio se justifica por atender ao princípio da dignidade humana, assim como da liberdade efetiva das pessoas. De acordo com várias propostas de RBU, essa renda substituiria a outros subsídios e provisões do Estado de Bem-Estar Social. Os defensores da RBU apresentam vários argumentos além da atenção aos direitos básicos mencionados. Por um lado, opinam que a automatização e digitalização do mercado de trabalho está gerando a precarização e diminuição do salário dos cidadãos, ao mesmo tempo que aumenta o desemprego. Por outro, apontam para estudos que evidenciam que esse tipo de rendas é muito efetiva para gerar riqueza em regiões e famílias desfavorecidas, reduzindo, em longo prazo, os gastos sociais do Estado. Por fim, esclarecem que o valor da renda é para garantir a sobrevivência das pessoas, de forma que não desalente a busca de trabalho. Os opositores da RBU acreditam que esse tipo de subsídio é inviável na prática. Primeiramente, geraria uns custos exagerados no orçamento público. Em segundo lugar, o aumento do dinheiro em circulação poderia aumentar notavelmente a inflação nos preços dos produtos. E, também, criaria disfunções no mercado de trabalho, como a diminuição dos salários e das pessoas dispostas a trabalhar. Após a leitura do caso, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos? 1. O CASO ESTUDADO APRESENTA AS CARACTERÍSTICAS GERAIS DA RENDA MÍNIMA UNIVERSAL (RMU). EM RELAÇÃO A OUTRAS POLÍTICAS DE RENDA MÍNIMA, COMO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA, PARA VOCÊ, EM QUE SE DIFERENCIA A RMU? A) A RMU está condicionada. B) O Bolsa Família está dirigido a todas as famílias brasileiras. C) A RMU não está condicionada. D) O Bolsa Família não está condicionado. E) A RMU está dirigida às famílias mais pobres. 2. TENDO EM CONTA OS ARGUMENTOS APRESENTADOS PELOS DEFENSORES DA RENDA MÍNIMA UNIVERSAL, PARA VOCÊ, POR QUE ELES CONSIDERAM QUE PODE IMPLICAR UMA ECONOMIA PARA O ESTADO NA ÁREA DE GASTO SOCIAL? A) O Estado já não teria que oferecer outro tipo de subsídio. B) A automação do trabalho está permitindo arrecadar mais impostos. C) Certas regiões dinamizariam seus mercados. D) Muitas pessoas superariam a pobreza definitivamente. E) Aumentariam as doações privadas. GABARITO 1. O caso estudado apresenta as características gerais da Renda Mínima Universal (RMU). Em relação a outras políticas de renda mínima, como Programa Bolsa Família, para você, em que se diferencia a RMU? A alternativa "C " está correta. A Renda Mínima Universal, com efeito, não está condicionada e é dirigida a todos os cidadãos. Ou seja, para receber este tipo de subsídio não é preciso demonstrar nenhuma particularidade socioeconômica nem cumprir nenhum critério. No caso do Bolsa Família, a obtenção do benefício estava limitada às famílias com determinada renda familiar e condicionada a que os filhos se mantivessem na escola, além de outros requerimentos. 2. Tendo em conta os argumentos apresentados pelos defensores da Renda Mínima Universal, para você, por que eles consideram que pode implicar uma economia para o Estado na área de gasto social? A alternativa "D " está correta. O que argumentam os defensores da Renda Básica Universal é que, segundo os resultados de algumas pesquisas, as pessoas mais vulneráveis que recebem a renda básica são capazes de superar os condicionantes da pobreza, inclusive entre pessoas com algum tipo de vício ou dependência. Assim, dedicam mais tempo a se capacitar e a outras atividades além da sobrevivência. Desse modo, deixam de precisar de qualquer tipo de auxílio, serviço assistencial e diminuem a frequência no uso da atenção sanitária. 3. EM 2016, NA SUÍÇA, REALIZARAM UMA CONSULTA POPULAR PARA DECIDIR SE IMPLEMENTARIAM A RENDA BÁSICA UNIVERSAL (RBU), NO NÍVEL NACIONAL. UMA AMPLA MAIORIA DOS VOTANTES REJEITARAM A PROPOSTA. O GOVERNANTE, NESSE MOMENTO, FEZ CAMPANHA CONTRA ESSE SUBSÍDIO, ARGUMENTANDO QUE SERIA MUITO CUSTOSO E PROVOCARIA O AUMENTO DOS PREÇOS. VOCÊ ACREDITA QUE É VIÁVEL IMPLEMENTAR A RBU?VOCÊ ACREDITA SER FACTÍVEL PARA TODOS OS PAÍSES? RESPOSTA Os fundamentos da RBU parecem contradizer muitos dos consensos existentes em relação aos subsídios públicos, como o de estar dirigidos exclusivamente às pessoas que mais os necessitam. Por outro lado, a discussão é diferente segundo o valor que se pretenda estabelecer como renda básica. Na Suíça, por exemplo, a proposta era de mais 9.000 reais mensais, além de uns 2500 reais por cada filho. Embora o custo javascript:void(0) de vida seja maior na Suíça, esses valores parecem ir além de cobrir as necessidades básicas. Um valor menor poderia evitar alguns dos riscos que se discutem e aliviar o peso orçamentário. No Brasil, em 2004, foi aprovada e sancionada uma “renda básica de cidadania”, que nunca chegou a ser implementada e sobre a qual o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu restringir seus potenciais beneficiários, excluindo assim a universalidade. Com certeza, a viabilidade orçamentária é uma questão essencial para que tenha sentido uma política assim. Em qualquer caso, o recomendável seria – como no desenho de toda política – estudar essa e outras alternativas por meio de projetos-piloto, extraindo boas práticas internacionais e analisando os benefícios e problemas que poderia causar a RBU. POLÍTICAS PÚBLICAS NA ÁREA SOCIAL As políticas públicas voltadas para a área social no Brasil são abundantes. Como vivemos em um país em que grande faixa da população é pobre, políticas sociais e de transferência de renda são essenciais para a construção de melhores condições de vida. Criar e aplicar políticas de cunho social mais geral, mas sem ignorar as especificidades regionais, é fundamental para resolver parte dos problemas enfrentados no dia a dia. Propostas e políticas públicas como Salário Mínimo Nacional, Renda Cidadã, Bolsa Família, Fome Zero, Aluguel Legal, Vale Gás, entre tantas outras, objetivam melhorar as condições das pessoas que têm baixa renda e que, em muitos casos, não têm a menor condição de melhorarem por si só. Tais políticas de renda mínima normalmente se unem a políticas previdenciárias, que visam atender pessoas mais velhas ou com deficiências que as impedem de terem renda para a sobrevivência. Todas as políticas de renda estão baseadas na ideia de transferência de renda, em que o Estado destina parte dos tributos arrecadados para pessoas e famílias carentes. Essa é, aliás, uma das funções do Estado: proporcionar a redistribuição de renda retirando dos que têm mais e entregando para os que têm menos. Quando o Estado desempenha bem essa função, em longo prazo, as pessoas são retiradas do ciclo de pobreza, melhorando toda a cadeia de distribuição de renda do país. Porém, esse rearranjo só acontece se, atrelado à redistribuição de renda, vierem outros programas de educação e formação das próximas gerações – esse é um dos problemas mais prementes no Brasil. Países desenvolvidos só chegaram a essa condição porque conseguiram universalizar a educação de qualidade em sua população, melhorando a distribuição da renda e elevando as pessoas a níveis de renda muito próximos, com pequenas diferenças. Já no Brasil, essa diferença é brutal e só poderá ser vencida por meio da educação – ocupávamos em 2020 o sétimo lugar no ranking mundial da desigualdade. EXEMPLO O Programa Bolsa Família (que será explicado mais adiante) condiciona o recebimento dos recursos à manutenção dos filhos dos beneficiários na escola, criando um futuro melhor para eles. Mas para que isso seja uma realidade, é necessário ir além, pois não é só a educação que deve ser considerada, mas diversos outros fatores, como as políticas antidrogas, de assistência a jovens e adolescentes, de empregos para jovens, entre outras. Para que o cenário da pobreza no Brasil seja modificado, é necessária uma rede de políticas públicas coordenadas e com objetivos em comum para produzir impacto em diversas áreas da vida das pessoas em favor de um futuro melhor. POLÍTICAS DE RENDA MÍNIMA O Brasil é prolífero em gerar políticas de renda mínima, mas, muitas vezes, sem realmente atingir um objetivo de longo prazo. As pessoas gostam muito de dizer que o governo deveria “ensinar as pessoas a pescarem e não dar o peixe”, mas, em muitos casos, esse peixe metafórico (ou às vezes literal!) não existe na região em que essas pessoas moram. Quem vive em regiões secas do interior do Nordeste não tem a menor chance de produzir sustento sem que o governo de alguma forma interfira. Tais casos são exemplos em que a função redistributiva do Estado é levada ao extremo, pois, sem interferência, essas pessoas morreriam de fome. Além dessa ajuda financeira, são necessários outros programas, como os desenvolvidos pelo Governo Federal com a parceria do Exército para a construção de poços artesianos nas regiões do Semiárido do Nordeste. POLÍTICAS PÚBLICAS DE TRANSFERÊNCIA DE RENDA O especialista Ettore de Carvalho Oriol fala sobre os principais aspectos das políticas públicas de Transferência de Renda no Brasil. Assista: BOLSA FAMÍLIA O programa Bolsa Família nasceu da reunião e unificação de uma série de programas de transferência de renda já existentes, que tinham a proposta de cobrir problemas e resolver pontos específicos das classes D e E do Brasil. A primeira versão do Bolsa Família, originalmente chamada de Bolsa Escola, surgiu no Distrito Federal, em 1995, e garantia o valor de um salário mínimo às famílias de baixa renda que mantivessem seus filhos de 7 a 14 anos na escola. A ideia era melhorar o ganho dessas famílias deixando de ser necessário que os filhos mais novos tivessem que trabalhar para complementar essa renda. A postura de manutenção dessas crianças na escola estava baseada em pesquisas que indicam que a cada ano a mais que se passa na escola, maior a possibilidade de adquirir uma renda superior no futuro. A lei que instituiu o Programa Bolsa Família foi promulgada em 9 de janeiro de 2004 – Lei Federal nº 10.836. Os seguintes programas foram a base para a criação do Bolsa Família: Lei nº 10.219, de 11 de abril de 2001 - Programa Nacional de Renda Mínima vinculada à Educação – Bolsa Escola. Decreto nº 3.877, de 24 de julho de 2001 - Cadastramento Único do Governo Federal. Medida Provisória nº 2.206-1, de 6 de setembro de 2001 - Programa Nacional de Renda Mínima vinculada à Saúde - Bolsa Alimentação. Decreto nº 4.102, de 24 de janeiro de 2002 - Programa Auxílio-Gás. Lei nº 10.689, de 13 de junho de 2003 - Programa Nacional de Acesso à Alimentação - Fome Zero. Com o passar do tempo, o Bolsa Família se tornou um dos mais importantes programas de transferência de renda do Brasil e um dos maiores do mundo. Diversas pessoas pelo país foram alçadas para acima da linha da extrema pobreza por meio desse programa, cujo sucesso tem sido replicado em outros países, e que foi até mesmo reconhecido pelo Banco Mundial como um programa de formação de capital humano. A Organização das Nações Unidas (ONU) também reconhece o Bolsa Família como uma ferramenta de desenvolvimento e inclusão de pessoas pobres na sociedade. SAIBA MAIS O Bolsa Família transferiu quase 0,4% do PIB brasileiro para as famílias beneficiadas em 2006. Segundo a FAO — Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, o Bolsa Família foi responsável por diminuir a fome no Brasil em percentuais próximos a 30%, tirando o país do mapa da fome mundial. Embora com reconhecimento internacional e resultados relevantes, o Governo Federal atual estuda modificar o nome do programa para Renda Cidadã ou Renda Brasil (dessa forma, visa receber os ganhos políticos do programa). Essa questão traz à tona o debate entre o que é uma política de Estado, constitucional e permanente, e o que é uma política de governo, atribuída durante determinado período e com determinados interesses. POLÍTICAS PÚBLICAS NA ÁREA DE PREVIDÊNCIA A área de previdência em todo país tem dificuldades em ser suprida por políticas públicas eficazes. Alguns países optaram pordeixar essa responsabilidade de gestão de renda do futuro das pessoas nas mãos dos próprios cidadãos. Países como os EUA não têm um sistema universalizado de proteção às pessoas que se aposentam. Existem sistemas individuais, por exemplo, dos professores, bombeiros, ou policiais, que são organizados normalmente em níveis municipais. Uma política universalizada, e em nível nacional como existe no Brasil, é mais facilmente encontrada na Europa. SAIBA MAIS O primeiro sistema público de previdência surgiu na Alemanha em 1889. Após a recessão da década de 1930 e da segunda guerra mundial, sistemas abrangentes de aposentadoria se desenvolveram na Europa. Com a implantação do que é chamado de Estado de Bem-Estar Social, os governos dos países passaram a se preocupar com a renda das pessoas quando elas chegassem na terceira idade. Essa política pública foi se espalhando pelo mundo. No Brasil, na Constituição Federal de 1988, o sistema que operacionaliza essa política pública foi desenhado de tal forma que os benefícios foram crescendo muito mais do que as receitas. Isso porque o sistema foi concebido como sendo de repartição simples, ou seja, o que se recebe é usado para pagamentos e o que sobra é utilizado pelo governo que, no futuro, repõe o valor em forma de novos pagamentos. Além dessa fonte primária de receitas, que é a arrecadação das contribuições patronais e dos trabalhadores, a Constituição Federal colocou uma série de contribuições cobradas de outras formas para complementar os gastos com esse fim. No início da política pública, os valores arrecadados eram muito superiores aos gastos com os aposentados, permitindo grandes investimentos por parte do Governo. Tanto que grandes obras foram financiadas com esses valores, com a perspectiva de pagamento futuro que cobrisse as aposentadorias das pessoas que estavam contribuindo para o sistema. No entanto, segundo Ferreira (2003), no longo prazo, o modelo apresentou problemas em virtude de fatores como o aumento da expectativa de vida da população e a falta de equilíbrio previdenciário, já que 80% da população recebe valores próximos ao salário mínimo e algumas categorias recebem até 36 vezes o mesmo valor. Muitas reformas foram sendo implementadas no sistema, mas o direito adquirido, mesmo sendo injusto, faz parte da política pública. No sistema de aposentadoria brasileiro existem diferentes modalidades: APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO Uma das mais comuns, já que foi com esse objetivo que o sistema foi desenhado. Nessa modalidade, a pessoa contribui por um período e ao cumprir as regras, requer a aposentadoria. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ Nessa modalidade, a pessoa se aposenta porque não tem mais condições físicas ou intelectuais para exercer um trabalho remunerado. APOSENTADORIA COMPULSÓRIA A pessoa é aposentada contra a sua vontade. Isso pode ocorrer, por exemplo, por ter atingido uma idade limite para exercer o trabalho (fato que acontece muito no serviço público, que aceita a permanência do funcionário até 75 anos). APOSENTADORIA POR IDADE Nessa modalidade, a pessoa atinge a idade mínima para se aposentar e passa a ter esse direito. Porém, nesse tipo de aposentadoria, a pessoa não é obrigada a se aposentar, podendo permanecer no trabalho se assim o desejar. Essa política pública é de extrema importância, porque atinge de forma universal a sociedade e garante renda para as pessoas na velhice, gerando ganhos para sobrevivência e manutenção em um momento delicado da vida. Muitas vezes, esses recursos mantêm famílias inteiras. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA (BPC) O Benefício de Prestação Continuada (BPC) é uma política pública do Governo Federal que se destina a providenciar renda às pessoas deficientes ou maiores de 65 anos. É garantido, então, para quem não pode se sustentar mesmo com a ajuda de terceiros. Normalmente é dado para quem não contribuiu para a previdência social e que por isso não tem direito a aposentadoria por idade. Nesses casos, o BPC substitui a aposentadoria, sendo um benefício social e não previdenciário. Assim, os recursos para o seu pagamento vêm dos tributos destinados à assistência social listados na CF/88. ATENÇÃO Para que a pessoa seja elegível ao BPC, é feito o cálculo da renda per capita da família. Esse cálculo é feito somando todas as rendas da família que mora na mesma casa e dividindo pelo número de pessoas residentes e dependentes daquela renda. Se esse valor for inferior a um valor predeterminado à época do cálculo, a pessoa da família na condição de receber o BPC pode requerer o benefício e passar a receber o equivalente a um salário mínimo mensalmente. Tal benefício é contínuo e pode ser pago enquanto durarem as condições que tornaram a pessoa elegível. Caso as condições deixem de existir, a pessoa perde o direito a receber. POLÍTICAS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL AO CIDADÃO As políticas de assistência social no Brasil estão bastante relacionadas com as políticas de previdência. Também chamadas de seguridade social, são programas geridos pelo atual Ministério da Cidadania, que mantém diversos programas ligados à assistência social. Tais programas têm como foco os cidadãos que estão em situação de risco social (casos de violência doméstica, por exemplo) e incluem campanhas de conscientização de jovens e adolescentes, proteção à mulher, entre outras ações. ATENÇÃO Para que um cidadão possa ser amparado por um programa de assistência social é necessário estar listado no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, também utilizado para os demais programas de transferência de renda como o Bolsa Família. Quando o assistente social faz o atendimento a uma família e a orienta sobre o Cadastro Único, ele esclarece que este é um instrumento que identifica e caracteriza as famílias de baixa renda e permite conhecer a realidade socioeconômica de todo o núcleo familiar (características do domicílio, formas de acesso a serviços públicos essenciais e dados de cada um dos componentes da família). Esse cadastro se destina às pessoas com renda familiar per capita inferior a meio salário mínimo, excluindo dessa conta benefícios de programas sociais de qualquer esfera do governo. Ou seja, uma família que recebe acima desse limiar de renda, mas apenas porque recebe transferência do governo, também deve ser inscrita no Cadastro Único. Foto: Jefferson Rudy/ Agência Senado/ FotosPublicas Os assistentes sociais, que aplicam as políticas públicas voltadas para esses temas, desempenham um papel essencial. Eles visitam as moradias, identificam os problemas e encaminham soluções para as situações encontradas. O objetivo é tornar a sociedade mais justa, livre e solidária, base da seguridade social, que tem no artigo 3º da CF/88 sua plataforma de ação. A seguridade social, além da assistência social e a previdência, também incorpora a saúde, sendo a mais ampla política pública desenvolvida no Brasil, visto que não tem nenhuma restrição, atingindo todas as pessoas independentemente de contribuição, idade ou qualquer outra restrição. Essa política realmente foi universalizada no Brasil. Especificamente sobre a assistência social no Brasil, a CF/88, no artigo 203, coloca que “a assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social”, sendo que o artigo traz também os objetivos que ela deve ter: Proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice. Amparo às crianças e aos adolescentes carentes. Promoção da integração ao mercado de trabalho. Habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária. Garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não ter meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. Assim, todas as políticas públicas desenvolvidas pela assistência social devem seguir esses princípios,além dos contidos no artigo 3º da CF/88. TRANSPARÊNCIA NAS POLÍTICAS PÚBLICAS Um ponto importante para o atingimento dos objetivos das políticas públicas é que elas sejam transparentes. Tal propriedade deve ser levada muito a sério. Leis específicas foram criadas para melhorar essa transparência com o passar do tempo, como a Lei nº 12.527, de 2011, que tornou mais fácil o acesso à informação por parte do cidadão. A transparência nas contas e ações públicas é uma tendência mundial e visa diminuir a corrupção e os desvios de verbas públicas por parte de operadores e interessados. Políticas ótimas já tiveram seus objetivos desvirtuados por meio de corrupção e desvios de recursos públicos, gerando desperdício dos recursos já escassos em nosso país. Assim, programas e políticas específicas foram desenhados para trazer o cidadão para mais próximo da alocação desses recursos e para uma fiscalização mais efetiva. Iniciativas como o orçamento participativo em audiências públicas ou conselhos municipais formados por cidadãos e por representantes da sociedade civil têm a proposta de melhorar essa interlocução, assim como aumentar a transparência. A construção de uma sociedade mais igualitária e justa passa por essa transparência, pois só assim poderemos entender melhor o que cada região necessita e como melhorar a vida das pessoas desses locais. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1 – (FCC, 2013) - O ASSISTENTE SOCIAL, AO ATENDER UMA FAMÍLIA E ORIENTÁ-LA SOBRE O CADASTRO ÚNICO, ESCLARECE QUE ESSE É UM INSTRUMENTO QUE IDENTIFICA E CARACTERIZA AS FAMÍLIAS DE BAIXA RENDA, PERMITINDO CONHECER A REALIDADE SOCIOECONÔMICA DE TODOS COM INFORMAÇÕES DO NÚCLEO FAMILIAR, DAS CARACTERÍSTICAS DO DOMICÍLIO E DAS FORMAS DE ACESSO A SERVIÇOS PÚBLICOS ESSENCIAIS. PORTANTO, O CADASTRO ÚNICO: A) É destinado somente para as famílias com renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa ou renda mensal total de até três salários mínimos. B) Pode contribuir para que a família tenha mais facilidade de acesso ao programa Bolsa Família, pois a seleção para inclusão no programa é de responsabilidade da Secretaria Municipal de Assistência Social. C) Pode ser destinado para famílias com renda per capita superior a meio salário mínimo, desde que sua inserção esteja vinculada à inclusão e/ou permanência em programas sociais implementados pelo poder público nas três esferas do Governo. D) É obrigatoriamente utilizado para inclusão no benefício da aposentadoria por invalidez. E) É obrigatoriamente utilizado para inclusão no Programa Minha Casa Minha Vida, Bolsa Família, Seguro-Desemprego, Carteira do Idoso, Auxílio-Maternidade e Auxílio-Doença. 2 – (ESAF, 2012) - SOBRE O PROGRAMA DE TRANSFERÊNCIA DE RENDA BOLSA FAMÍLIA (LEI N. 10.836/2004), ASSINALE A OPÇÃO INCORRETA: A) O Programa Bolsa Família é destinado às ações de transferência de renda sem condicionalidades. B) O benefício básico do Bolsa Família é destinado às unidades familiares que se encontram em situação de extrema pobreza. C) A família é a unidade nuclear, eventualmente ampliada por outros indivíduos que com ela tenham laços de parentesco ou de afinidade, que forme um grupo doméstico, vivendo sob o mesmo teto, e que se mantém pela contribuição de seus membros. D) Nutriz é a mãe que amamenta o filho com até seis meses de idade, para o qual o leite materno é o principal alimento. E) O benefício variável, vinculado ao adolescente, é destinado a unidades familiares, em situação de pobreza ou extrema pobreza, que sejam compostas por adolescentes com idades entre 16 e 17 anos. GABARITO 1 – (FCC, 2013) - O assistente social, ao atender uma família e orientá-la sobre o Cadastro Único, esclarece que esse é um instrumento que identifica e caracteriza as famílias de baixa renda, permitindo conhecer a realidade socioeconômica de todos com informações do núcleo familiar, das características do domicílio e das formas de acesso a serviços públicos essenciais. Portanto, o Cadastro Único: A alternativa "C " está correta. O Cadastro Único é destinado ao registro das pessoas em situação de pobreza. No entanto, caso uma pessoa tenha uma situação considerada melhor, mas apenas por ser beneficiária de algum programa assistencial do governo, independentemente da esfera, poderá fazer o cadastro. 2 – (ESAF, 2012) - Sobre o programa de transferência de renda Bolsa Família (Lei n. 10.836/2004), assinale a opção incorreta: A alternativa "A " está correta. O Bolsa Família tem como principal contrapartida a permanência dos membros da família menores de idade matriculados em escolas regulares. MÓDULO 3 Identificar as principais políticas públicas de moradia e educação no Brasil LIGANDO OS PONTOS A transparência é uma prioridade na gestão das políticas públicas. Você deve pensar que somente é útil para saber para onde será destinado o dinheiro dos seus impostos e garantir que não seja usado incorretamente. Porém, também é importante que essa transparência mostre os resultados tangíveis das políticas. Isto é, indicadores que evidenciem que as políticas são efetivas. Vejamos, a seguir, um exemplo fictício sobre a relevância dessa dimensão da transparência. A recém-eleita prefeita do município de Belodia, a Exma. Sra. Glória Amaral, estava decidida a melhorar a qualidade das escolas municipais. Uma das suas primeiras ações foi orientar à Secretaria Municipal de Educação para contratar uma avaliação que diagnosticasse os avanços e as deficiências da rede de educação primária em Belodia. Após três meses de trabalho, a empresa consultora encarregada da avaliação informou que não foi possível fazer conclusões sobre o funcionamento das escolas pelas razões seguintes: Não há dados precisos sobre os gastos em cada escola. Não há informações sobre o número de alunos, taxas de evasão ou de destino dos egressos. Não existem dados sobre o desempenho no trabalho dos professores. Não há informações sobre a qualidade de gestão nas escolas. Não há nenhuma comparação histórica sobre o desempenho acadêmico de cada escola. Não existem dados que permitam comparar o desempenho acadêmico entre as escolas municipais. A Secretaria Municipal de Educação Belodia informou à prefeita sobre o acontecido com a consultoria contratada. A prefeita Amaral recebeu a notícia com decepção, mas sabia o que tinha que fazer a partir daquele momento. Assim, orientou à Secretaria para abrir um novo processo de contratação para desenhar indicadores sobre a efetividade das escolas primárias, tanto na dimensão acadêmica quanto administrativa. Após a leitura do caso, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos? 1. NO CASO APRESENTADO, A PRIMEIRA CONSULTORIA ENCARREGADA NA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE BELODIA NÃO CONSEGUIU APRESENTAR CONCLUSÕES SOBRE A SITUAÇÃO DAS ESCOLAS PRIMÁRIAS. DIANTE DO QUE FOI APRESENTADO NO CASO, PARA VOCÊ, QUAL FOI O PROBLEMA IDENTIFICADO QUE IMPEDIU IMPLEMENTAR O ESTUDO? A) As informações contábeis eram imprecisas. B) Não existiam dados para fundamentar a avaliação. C) O governo anterior não investiu o suficiente em educação. D) A Secretaria não forneceu os dados disponíveis à empresa contratada. E) Deveria ter se ampliado o tempo de duração da consultoria. 2. A PRIMEIRA CONSULTORIA CONTRATADA NÃO TEVE SUCESSO. PARA VOCÊ, O QUE PRETENDIA A PREFEITA DE BELODIA COM A SEGUNDA CONSULTORIA E COMO ISSO ESTÁ RELACIONADO COM A TRANSPARÊNCIA? A) Os indicadores permitirão mais transparência no futuro. B) O processo de contratação foi transparente. C) Pretendia mudar a forma de contratação de consultorias. D) Foi transparente, pois pretendia cumprir um dos objetivos do seu programa político. E) Os indicadores vão oferecer informações sobre o orçamento das escolas. GABARITO 1. No caso apresentado, a primeira consultoria encarregada na Secretaria Municipal de Educação de Belodia não conseguiu apresentar conclusões sobre a situação das escolas primárias. Diante do que foi apresentado no caso, para você, qual foi o problemaidentificado que impediu implementar o estudo? A alternativa "B " está correta. Efetivamente, a ausência de informações básicas sobre o funcionamento e desempenho acadêmico das escolas impediu trazer conclusões relevantes. Por um lado, não existiam dados contábeis básicos de cada escola. Também não existiam registros sobre o número de alunos, os anos cursados ou os que conseguiam aprovar todo o ciclo do primário. Por fim, não usavam indicadores que permitissem comparar o progresso das escolas. 2. A primeira consultoria contratada não teve sucesso. Para você, o que pretendia a prefeita de Belodia com a segunda consultoria e como isso está relacionado com a transparência? A alternativa "A " está correta. Naquele momento, era impossível realizar um diagnóstico sobre a situação das escolas. Quando os indicadores forem definidos e se crie um mecanismo de monitoramento e prestação de contas com base nesses dados, será possível fazer uma avaliação sobre a efetividade das políticas de educação primária em Belodia, o que é uma dimensão relevante da transparência pública. 3. A NOVA CONSULTORIA CONTRATADA PELA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE BELODIA PERMITIRÁ ESTABELECER INDICADORES DE QUALIDADE DA EDUCAÇÃO PRIMÁRIA NAS ESCOLAS DO MUNICÍPIO. VOCÊ ACREDITA QUE ESSA MEDIDA MELHORARÁ A EFETIVIDADE DAS POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO EM BELODIA? EM CASO AFIRMATIVO, PARA VOCÊ ESSA MEDIDA SERÁ SUFICIENTE PARA QUE ESSA MELHORIA ACONTEÇA? RESPOSTA javascript:void(0) É difícil melhorar sem nenhum tipo de referência mensurável. O fato de ter uma linha de base da situação das escolas e ir atualizando esses indicadores com frequência, vai ser em si mesmo um estímulo para o aprimoramento dos resultados e, por conseguinte, da efetividade das políticas de educação. No entanto, não será suficiente para realizar mudanças significativas. Serão necessárias políticas dirigidas a incrementar os recursos nas escolas, os professores e sua preparação, novas metodologias etc. A existência de indicadores e dados possibilitarão avaliar o impacto de cada uma dessas políticas. POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS PARA A MORADIA As políticas públicas voltadas para diminuir o deficit de moradias no país não são novas e são desenvolvidas em todo o país. Desde a década de 60, diversas iniciativas nacionais, estaduais e municipais foram sendo implantadas. EXEMPLO Políticas nacionais na área de habitação: Minha Casa Minha Vida, substituído em 2020 pelo Casa Verde e Amarela; Os financiamentos habitacionais utilizando o FGTS; Programas voltados para linhas de crédito, como o Construcard e outros cartões, por exemplo, para a compra de eletrodomésticos destinados às pessoas de baixa renda. A maioria dessas políticas habitacionais é gerida pela Caixa Econômica Federal, que serve como o braço executivo do Governo. Há várias iniciativas nas esferas estaduais e municipais. Um exemplo de programa estadual de habitação é a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano de Estado de São Paulo (CDHU). Outra iniciativa importante é a Cohab, sobre a qual vamos falar um pouco mais. COHAB E O PROJETO CINGAPURA A Companhia de Metropolitana de Habitação de São Paulo (Cohab) foi criada em 1965 com a missão de promover as políticas de habitação na região metropolitana de São Paulo. Tendo o Município de São Paulo como principal acionista, essa companhia atende não apenas esse município, mas toda a região metropolitana. Sua missão, conforme consta no site oficial, é promover soluções de habitação pelo desenvolvimento de programas habitacionais que promovem a construção de novas moradias por meio de aquisição e comercialização de terrenos e glebas e, assim, melhorar a qualidade de vida da população. Essa companhia coloca em prática as políticas habitacionais dos diversos prefeitos da região metropolitana de São Paulo, proporcionando um ganho de escala na gestão dessas políticas. Programas de construção de moradias para a baixa renda são muito importantes, pois larga parcela da população da Grande São Paulo mora em favelas e cortiços, sem infraestrutura básica. EXEMPLO Um dos grandes empreendimentos habitacionais criados pela Cohab é o Conjunto Habitacional Teotônio Vilela, localizado na zona leste da capital – há também conjuntos situados ao lado de regiões ricas da cidade, como o bairro do Morumbi. A cidade de São Paulo também desenvolveu programas próprios de habitação, sem a utilização da Cohab, como o Programa Cingapura, que tinha o objetivo de urbanizar favelas, verticalizando as moradias por meio da construção de prédios. No início, esse programa foi anunciado como uma solução definitiva para as favelas na cidade, mas seu planejamento foi utópico, não dispondo dos recursos para a sua implantação. Com o tempo foi abandonado, assim como diversos prédios inacabados, desperdiçando os recursos públicos sem que os objetivos do programa fossem alcançados. Apesar do fracasso, o Cingapura era interessante, pois, diferente de projetos anteriores que deslocavam as pessoas moradoras das favelas para a periferia das cidades, procurava construir as novas moradias no exato local em que a favela estava assentada. Isso transformava a localidade, melhorando seu saneamento básico e demais serviços públicos, além de manter as pessoas em localidades valorizadas. CDHU A Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU) é um exemplo de aplicação de política pública habitacional por um Estado Brasileiro. Fundada em 1949, já teve diversos nomes até receber o atual em 1989. Esse programa financia a construção de moradias para as famílias de baixa renda do Estado de São Paulo, além de fornecer linhas de crédito para os cidadãos adquirirem moradias construídas. A construção de casas populares para a população de baixa renda começou efetivamente em 1967 com a então Companhia Estadual de Casas Populares (CECAP). Atualmente, já são milhares de unidades construídas em todo o estado. Segundo o site oficial do programa, “a CDHU é hoje uma das maiores companhias habitacionais do mundo e movimenta perto de 1,5 bilhão de reais por ano, orçamento superior à receita da maioria dos municípios paulistas. Desde que iniciou suas atividades, construiu e comercializou 545.588 unidades habitacionais, número que compõe 3.656 conjuntos habitacionais em 639 municípios (97%), de um total de 645 em todo o Estado (dados de 2020)”. Essas estatísticas mostram que essa política é abrangente e que ao ser conduzida pelo estado, ente federativo com maior poder econômico que o município, pode atender a um número muito superior de famílias. Além da construção de moradias, também age em áreas de risco como favelas e cortiços provendo saneamento básico e demais obras essenciais à população dessas localidades. A CDHU ainda atua em outras áreas correlatas à habitação, aplicando políticas públicas de recuperação fundiária, ou seja, o desenvolvimento de ações em favor da recuperação de áreas devastadas, restabelecendo empreendimentos que deixaram de ser concluídos pela iniciativa privada e também recuperando áreas com o reflorestamento. Tal política pública está ancorada na concessão de subsídios e parte do pressuposto de que as famílias beneficiadas não teriam condições financeiras para adquirirem seus imóveis sem ajuda, visto que o custo das moradias ultrapassa a capacidade de pagamento das famílias, impedindo que elas conseguissem financiamento nos bancos privados. Para financiar o programa, foi majorada a alíquota do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) em 1 ponto percentual para que essa arrecadação extra financiasse o subsídio às famílias de baixa renda. A Lei nº 6.556/89, que instituiu essa majoração, prioriza as famílias com renda entre 1 e 3 salários mínimos mensais e a urbanização de favelas. Já a Lei nº 12.801/08 estendeu a faixa para até 10 salários mínimos, colocando como prioridade a faixa de até 5 salários mínimos, no entanto a faixa superior também devebuscar financiamento diretamente nos bancos públicos e privados. Os percentuais de destinação das unidades produzidas, conforme a faixa de renda, seguem na planilha a seguir: Renda Limite de Destinação de UH’s 1,00 S.M a 3,00 S.M 70% 3,01 S.M a 5,00 S.M 20% Acima de 5,00 S.M 10% Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Extraído de: CDHU.gov.br - Política Social de subsídios Essa distribuição de unidades prioriza as faixas de renda com mais dificuldades para a aquisição de habitação MINHA CASA MINHA VIDA A política pública de habitação do Governo Federal iniciou há bastante tempo, no entanto, neste momento, vamos focar no programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), que foi transformado em Programa Casa Verde e Amarela, em 2020, reformulando o já existente. O Minha Casa Minha Vida, instituído em 2009, subsidia a compra de casas por famílias de baixa renda (até R$1.800,00) e facilita a aquisição de casas por famílias com renda de até R$9.000,00. O programa cadastra as construtoras que querem construir imóveis para atender ao propósito dessa iniciativa. As empresas passam a receber financiamento estatal para a construção das casas. Normalmente, o financiamento é realizado pela Caixa Econômica Federal, mas outros bancos estatais e privados também podem participar. As construções seguem o padrão de valor determinado pelo programa e são destinadas exclusivamente para os públicos-alvo, conforme as faixas de renda. O programa não é imune a críticas. Por exemplo, pode ter levado as pessoas para a periferia das cidades, segregando os pobres e os ricos em localidades distintas. Alguns críticos apontam que os conjuntos habitacionais construídos nesse programa podem se tornar as favelas de amanhã, já que as pessoas não têm condições de manter as estruturas construídas. SAIBA MAIS Vários problemas foram identificados nas construções entregues pelo Programa Minha Casa Minha Vida como, por exemplo, problemas estruturais, com golpes fiscais, ausência de equipamentos públicos, segurança das pessoas e uso ilícito das moradias para atividades de tráfico. Diversos meios de comunicação divulgaram notícias relacionadas a esses fatos, demonstrando que a opção pela iniciativa privada para a construção das unidades não foi fiscalizada a contento. Críticas à parte, o programa injetou recursos federais na construção de casas populares e assim alavancou o setor da construção civil no Brasil. Essa proposta, diferente de outras, não deixava a construção a cargo de uma empresa pública ou mesmo de capital misto, mas transferia essa iniciativa para as empresas privadas que, em tese, são mais eficientes que as públicas. Com essa iniciativa, esperava-se que essas construções alcançassem mais pessoas e que os recursos fossem melhor aplicados. FINANCIAMENTO COM O FGTS A política pública de criação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) tem por objetivo a geração de crescimento econômico no Brasil. A meta é gerar uma poupança interna compulsória para a aplicação no crescimento e desenvolvimento do país. Por que compulsória? Porque os trabalhadores formais sofrem um desconto obrigatório no seu pagamento. Esse valor vai para um fundo bastante estável, visto que não permite saques a qualquer momento. Há algumas possibilidades para que o trabalhador retire esse recurso – por exemplo, demissão por justa causa ou uso para adquirir um imóvel. (Faça uma pesquisa na internet para conhecer as demais possibilidades!) De forma geral, porém, o fundo mais estável que outras formas de poupança que o trabalhador possa fazer. Tal fundo é usado exatamente para financiar a compra de imóveis novos e usados, constituindo uma política pública de fomento à construção civil. SAIBA MAIS Com essa premissa em mente, a classe média era o foco do programa, já que ela não se beneficia de programas focados em níveis de renda mais baixos. Assim, a classe média obteve uma fonte de financiamento com taxas de juros inferiores às praticadas no mercado. Como a remuneração do FGTS é de apenas 3% ao ano (ou seja, os trabalhadores “donos” do dinheiro recebem apenas essa remuneração), os empréstimos praticados com esse fundo podem ser feitos com taxas módicas (ou seja, as pessoas que tomam o dinheiro emprestado para adquirir imóveis se beneficiam dessas taxas). Isso favorece os beneficiários dos empréstimos e fomenta o mercado de imóveis para essa faixa de renda, pois injeta grande quantidade de dinheiro no mercado imobiliário. Esse tipo de financiamento apresenta longos prazos de pagamentos – de até 30 anos – garantindo às pessoas a oportunidade de financiar valores consideráveis. POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A EDUCAÇÃO As políticas públicas de larga escala voltadas para a educação se desenvolveram na Europa do século XIX. No Brasil, porém, levaram mais tempo para se estabelecerem. Apenas em 1934 o país implementou o ensino primário gratuito e obrigatório (cinquenta anos depois de medida análoga na vizinha Argentina, por exemplo). Na Constituição Federal de 1988, a educação básica foi considerada um dos direitos fundamentais da população brasileira e uma obrigação do Estado, assim como o salário-educação. A universalização da educação básica ficou a cargo dos municípios e dos estados, encarregados de proverem a educação média, podendo também fornecer a educação básica. Já o Governo Federal ficou encarregado da educação técnica que, em alguns casos, é oferecida pelo estado também. EXEMPLO As creches e escolas de ensino básico como, por exemplo, as escolas conhecidas como Centro de Ensino Unificado (CEUS) são exemplos bem-sucedidos da política pública na área da educação. As unidades pertencentes aos CEUS têm em seus prédios salas de aula, quadras, piscina e até mesmo teatro, sendo verdadeiros centros fomentadores de cultura nas regiões em que foram construídas. Também abrigam projetos como o “GURI”, que ensina música para crianças carentes. ATENÇÃO Essas unidades, que normalmente são da rede municipal, atendem a uma gama enorme de crianças em condições de vulnerabilidade, pois foram construídas em locais da periferia de São Paulo. No entanto, a sua continuidade depende do incentivo dos novos governos. Já no âmbito estadual, um bom exemplo são as ETECs, escolas técnicas geridas pelo Centro Paula de Souza, que oferecem ensino técnico em diversas áreas a jovens e adultos no Estado de São Paulo. EXEMPLO Recentemente, o Governo Federal iniciou programas de escolas militares em todo o território nacional com o intuito de reforçar o ensino fundamental e médio. Mas a grande responsabilidade direta do Governo Federal, além da coordenação, suplemento e redistribuição de recursos na educação, é com o ensino superior. Nessa etapa do ensino, o Governo Federal tem grandes universidades públicas espalhas pelo Brasil, que desenvolvem trabalho de excelência na formação de alunos para o mercado de trabalho e para a carreira acadêmica. Além das universidades, o Governo Federal conta com órgãos como o CNPq ou CAPES que fomentam o desenvolvimento da ciência em todo o país. CNPQ Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, órgão ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, órgão ligado ao Ministério da Educação. javascript:void(0) javascript:void(0) SAIBA MAIS Outras políticas na área da educação visam à igualdade e isonomia, como as ações também desenvolvidas pelo Governo Federal que obedecem a legislação sobre cotas em universidades e empregos públicos, especialmente cotas raciais, de deficientes ou baseadas em renda. Essa política pública de cotas é muito criticada, mas desempenha um papel importante na promoção da igualdade. A maioria das críticas está voltada para a questão das distorções na implementação. No caso de cotas raciais, por exemplo, a raça à qual a pessoa pertence é feita por autodeclaração, ou seja, o próprio candidato afirma sua identidadeétnico-racial, e muitas vezes a pessoa pode se aproveitar desse ponto para levar vantagem nos processos seletivos, ocupando vagas destinadas às populações excluídas. Vamos conhecer algumas das justificativas para as cotas: Compensação por erros do passado e promoção da diversidade são argumentos favoráveis a políticas públicas que se constituem em ações afirmativas. Ações afirmativas contribuem para o incremento de benefícios individuais e sociais, o que compensa eventuais prejuízos. As ações afirmativas são uma forma de discriminação que se justifica do ponto de vista moral, porque visam elevar o status moral de grupos vulneráveis. AÇÕES AFIRMATIVAS Esse é o argumento utilitarista clássico (pesquise sobre o assunto na internet). javascript:void(0) Considerando todos os argumentos contra e a favor dessas políticas, é fato que são polêmicas, porém, em contrapartida, podem melhorar a vida das populações excluídas, permitindo crescimento e ascensão social. FUNDEB O Fundo Nacional da Educação Básica (FUNDEB), formado por impostos e taxas cobrados pela União e por transferências aos Estados e Municípios, destina-se à aplicação no desenvolvimento da educação básica no Brasil. É formado por outros 27 fundos, ou seja, um para cada estado, sendo regulado pelos artigos 212 e 212-A da CF/88. O FUNDEB foi reestruturado em 2020, por meio da emenda constitucional nº 108, de 27 de agosto de 2020, e sua regulamentação ocorreu por meio da Lei nº 14.113, de 25 de dezembro de 2020. Com essa reestruturação, “independente da fonte dos recursos, todo o recurso gerado é redistribuído para aplicação exclusiva na manutenção e no desenvolvimento da educação básica pública, bem como na valorização dos profissionais da educação, incluída sua condigna remuneração”. O investimento da União para esse fundo sairá dos 10% atuais para 26% em 2026, crescendo gradativamente a cada ano. Segundo o site oficial do FUNDEB, os recursos se destinam “aos Estados, Distrito Federal e Municípios, para o financiamento de ações de manutenção e desenvolvimento da educação básica pública, levando-se em consideração os respectivos âmbitos de atuação prioritária, conforme estabelecido no art. 211, §§2º e 3º da Constituição Federal. Nesse sentido, os Municípios utilizarão os recursos provenientes do FUNDEB na educação infantil e no ensino fundamental e os Estados no ensino fundamental e médio. Na distribuição desses recursos será observado o número de matrículas nas escolas públicas e conveniadas apuradas no último Censo Escolar realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep/MEC)”. A cobertura é abrangente. Estão incluídos: Nas etapas de educação infantil (creche e pré-escola), do ensino fundamental e do ensino médio. Nas modalidades de ensino regular, educação especial, educação de jovens e adultos e ensino profissional integrado. Nas escolas localizadas nas zonas urbana e rural. Nos turnos com regime de atendimento em tempo integral ou parcial (matutino e vespertino ou noturno). Os órgãos gestores desse fundo são: INEP INEP: Realiza o Censo Escolar e disponibiliza dados para a distribuição dos recursos do fundo. FNDE FNDE: Dá apoio técnico acerca do fundo aos Estados, Distrito Federal, Municípios, conselhos e instâncias de controle, realizando a capacitação dos membros dos conselhos e divulgando as orientações e dados. Também é responsável por realizar estudos técnicos com vistas ao valor referencial anual por aluno, que assegure qualidade do ensino, e por monitorar a aplicação de recursos. MINISTÉRIO DA ECONOMIA Define a estimativa de receita do fundo para os cálculos de quanto cada ente receberá (para poder planejar seus orçamentos e ações). Também define e publica os parâmetros operacionais do fundo, em conjunto ao Ministério da Educação, disponibilizando os recursos arrecadados para distribuição e realizando o fechamento de contas das receitas anuais, assegurando os recursos federais para a constituição do fundo. O Ministério também participa do conselho do fundo, no âmbito da União. BANCO DO BRASIL É o operador do sistema e distribui os recursos, mantendo contas específicas para cada ente da federação. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL Desempenha papel parecido com o do Banco do Brasil, mantendo contas específicas para os entes públicos vinculados ao fundo. javascript:void(0) javascript:void(0) INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, órgão ligado ao Ministério da Educação. FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, autarquia responsável por executar as política educacionais do Ministério da Educação. PROGRAMA EDUCACIONAL DE PERNAMBUCO O programa desenvolvido por Pernambuco tem a proposta de modernizar a gestão da educação no estado. Conforme a Secretaria de Educação e Esportes do Estado de Pernambuco, o programa “está focado na melhoria dos indicadores educacionais do Estado, trabalhando a gestão por resultados”. Essa forma de gerir a educação é moderna, já que aplica as teorias da administração privada à vida pública, adequando-as sempre que necessário. Essa modernização passa também pela construção de índices para a medição do desempenho dos professores e das escolas. Tal programa tem como objetivo “consolidar nas unidades de ensino, a cultura da democracia e da participação popular, baseada em diagnóstico, planejamento e gestão. Esse trabalho vem sendo desenvolvido em parceria com o Movimento Brasil Competitivo (MBC) e o Instituto de Desenvolvimento Gerencial (INDG)”. Esses institutos são responsáveis pelo trabalho de acompanhamento e de gestão do sistema de avaliações, provendo treinamentos e desenvolvimento para os professores e gestores, o que tem melhorado a capacidade de todo o sistema. ATENÇÃO A medição do desempenho das escolas, para propor melhorias quando necessárias, é feita por meio de um índice indicado pela Secretaria da Educação do Estado e representa um desafio individualizado. Por isso, as metas são estabelecidas considerando a realidade vivida pela escola em sua própria localidade, evitando metas únicas e inalcançáveis para a maioria do sistema. Os alunos da rede de ensino também são avaliados pelo índice denominado SAEPE. Os resultados dos SAEPEs são combinados com os índices de fluxo escolar e assim se forma o índice IDEPE ((Índice de Desenvolvimento da Educação de Pernambuco)) , que demonstra o desempenho geral dos alunos da rede de escolas geridas pela Secretaria de Educação de Pernambuco. Tais índices são utilizados para a geração e pagamento de bônus aos professores. O Bônus de Desenvolvimento da Educação (BDE) é um incentivo financeiro pago aos professores das escolas que atingem percentuais acima de 50% da meta individualizada estabelecida. Esse percentual vai sendo acrescido de 10% até atingir 100% conforme a escola vai ultrapassando as faixas estabelecidas. Dessa forma, quando atingem entre 50% e 60%, os professores recebem 60% de BDE; de 61% a 70%, recebem 70% do BDE, e assim por diante. O incentivo transforma em valor o esforço dos professores, recompensando os que mais se empenham. PROGRAMA EDUCACIONAL DE PERNAMBUCO O especialista Ettore de Carvalho Oriol fala sobre os principais aspectos do programa educacional desenvolvido em Pernambuco. Assista: VERIFICANDO O APRENDIZADO 1 – (PREFEITURA DE PRESIDENTE DUTRA, 2012 – ADAPTADA) - O FUNDEB FOI REGULAMENTADO PELA LEI 14.113/20, QUE DIZ QUE OS RECURSOS SERÃO APLICADOS PELOS ESTADOS E MUNICÍPIOS: A) Exclusivamente no pagamento dos professores. B) Remuneração dos profissionais do magistério da educação e na remuneração dos participantes do Conselho Escolar. C) Como bolsa de estudo para o aluno da escola pública estadual e municipal. D) Profissionais do magistério: docentes, equipe de suporte pedagógico. E) Em despesas correntes da educação superior em escolas federais. 2 – (CEF, 2012) - CARLA, DIVORCIADA, MÃE DE CINCO FILHOS, PLEITEIA INGRESSO NO PROGRAMA HABITACIONAL MINHA CASA, MINHA VIDA. NOS TERMOS
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