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Cunicultura · · Origem – Nuralagus rex confúncio 3500 a.C. O papa Gregório I, no ano de 600, decretou que os coelhos recém-nascidos não eram considerados carne. Portanto, os monges podiam se alimentar deles durante a quaresma. A partir daí os monges franceses iniciaram a domesticação mais precisa selecionando animais por peso, tamanho e cor de pelagem. 1930 - Coelho doméstico na França 1957 – Iniciou produção no Brasil. · Características do coelho selvagem (Lepus cuniculus) e do doméstico (Oryctolaguscuniculus): Doméstico: · Tímido, dócil, tamanho e pelagem variadas · Coelheiras ou gaiolas · Reprodução controlada pelo homem que oferece o ninho à coelha · Cuidados dos láparos até o dia da desmama · Tem maior atividade durante a noite Selvagem: · Tímido, arisco, de tamanho pequeno, pelagem cinza “agouti” · Vivem em tocas em famílias, tem hábitos noturnos, reproduzem-se ao acaso · A coelha procura um local separado para fazer o ninho para os láparos · Amamentam uma vez num período de 24h · Não ficam com os láparos no ninho para aquecê-los. Diferença entre coelho e lebre: Coelho: · Vivem nos campos e em colônias · Fazem galerias subterrâneas · Velozes, mas se cansam · Dão um "tapa" no chão em perigo Carne branca Pelos macios Gestação: 30 a 31 dias · Muito prolíferos · Láparos nascem pelados e com olhos fechados Lebre: · Vivem nos campos e aos casais · Vivem em campos abertos · Corre com a mesma velocidade e não se cansam · Não batem no solo · Carne vermelha · Pelos ásperos · Gestação: 40 dias · Pouco prolíferos · Láparos nascem com pelos e olhos abertos · Gênero Lepus Vantagens dos coelhos: · Prolíferos · Período de gestação curto · Coelha acasalada em lactação · Ocupam pequeno espaço · Fácil manejo – animais doceis · Aproveitamento total Desvantagens dos coelhos: · Falta de política · Poucas associações ou cooperativas · Mercado consumidor · Abatedouro federal · Assistência técnica Sistemas de criação: · Intensivo – para ser comercializado Vantagens: mais de 50 fêmeas, instalações melhoradas, alimentação: ração e forragem, controle dos animais, proteção de intempéries e predadores, escolhe aptidão da raça, empate de capital maior. Desvantagens: animai sem acesso ao ar livre, precisa de mercado consumidor, mais gasto com tratadores e ração, conhecer melhor a fisiologia do animal. · Semi-intensivo – pode ser para o comércio Vantagens: poucas fêmeas: 5 a 10, instalações simples, alimentação: forragem, resto de horta e culturas, proteção de intempéries e predadores. Desvantagens: animais sem raça definida, ninhos subterrâneos, outros semelhantes ao extensivo, mais trabalho para os tratadores, principalmente com desgaste do capim e em dia de chuva. · Extensivo – não se cria para o comércio Vantagens: criadores exercem a atividade, alimentação com restos de legumes e culturas, animais criados soltos. Desvantagens: falta de controle genético, de plantel e sanitário, menor conversão alimentar, altos níveis de stress. · Orgânico/agroecológico – nicho de mercado Vantagens: pode ser intensivo ou semi-intensivo, instalações melhoradas, alimentação: ração, forragem e restos de cultura, controle dos animais, proteção de intempéries e predadores. Desvantagens: conhecer a portaria N° 52, de 15 de março de 2021, precisa de mercado consumidor, mais gastos com tratadores e ração, conhecer melhor a fisiologia do animal. Tipos de produção: · Quais são os principais produtos da cunicultura? Produção de carne, produção de pele/pelo/couro/lã, venda de animais reprodutores – genética, laboratório (venda de animais vivos para laboratórios e instituições de pesquisa), pet (animais de estimação), aproveitamento dos subprodutos. Produção de carne: Raças – a maioria das raças tem aptidão para carne; Sistema – ter o macho e a femea, conhecer todos os ciclos, nascimento dos láparos na propriedade. Produtividade – 6 a 7 partos por ano/6 a 7 láparos por parto/36 a 49 láparos para venda por fêmeas por ano Peso – 60 a 80 dias de idade/PV = 1,80 a 2,50kg/carcaça = 1,00 a 1,50kg Caracteristicas da carne: ótima qualidade, muito saborosa, fácil digestão, carne branca, semelhante à de frango, mercado interno e externo, principalmente para um nicho fino, rica em proteína e baixo colesterol. Nutrientes da carne: água e proteína diminuem com a idade, gordura aumenta com a idade, macho tem mais água do que fêmea, fêmea tem mais gordura do que macho, excesso de alimento aumenta a carne e gordura nos jovens. Rendimento líquido: (PV X 60)/100 Tipos de carcaça: · Carcaça com cabeça e vísceras comestíveis – vendidas por pequenos e médios produtores; · Carcaça sem cabeça e sem vísceras – vendida por abatedouros; cérebro vendido para laboratórios farmacêuticos; vísceras comestíveis em bandejas separadas Conversão alimentar: CA= qtde de alimento/KgPv · A conversão alimentar é a quantidade de ração ou alimento necessária para o animal ganhar um quilo de peso vivo. O animal em crescimento e engorda (da desmama ao abate) tem uma conversão de 2,8 a 3,5 kg para um quilo de peso vivo, dependendo do clima, da capacidade de conversão do animal e da qualidade da ração. · Na criação de coelhos o produtor tem que calcular a quantidade de ração consumida pelo animais por mês, por quinzena ou por semana e dividir pelos quilos de peso de coelhos vendidos no mesmo período. Assim ele calculará a conversão global da criação que é muito importante para calcular o custo de produção. Na conversão global estão incluídos os consumos dos animais da reprodução e dos animais em engorda (3,5 a 4,5:1). Abate: Criações pequenas – feita pelo criador, local limpo, preservar a qualidade da carne Criações comerciais – abatedouro com SIF ou SIE, melhor comercialização do produto. Fases do abate: 1) Jejum – comida e agua; 2) Insensibilização; 3) Sangria – morte por hipovolemia; 4) Armazenamento – refrigeração, congelamento; 5) Esfora e retirada das vísceras, lavar. Técnicas permitidas pela legislação: pistola pneumática, choque elétrico, câmara de CO2. Vísceras comestíveis – rim, fígado, pulmão, coração. Comercialização - 9 partes: 2 patas dianteiras, 2 patas traseiras, 2 coxas e lombo cortado em 3 partes. Produção de pele: subproduto carne · Peles industrializadas: objetivo principal ou proveniente do abate da produção de carne. · Peles curtidas: método de conservação da ele, artesanato têxtil. · Pelo ou lã: raça especifica, cachemir. · Couro: sem pelos, curtidas. Características da pele: · Consideradas bonitas; · Substituem peles de animais de caça, que são proibidas. · Pelagem em bom estado: pelo curto, pelo médio ou comum, pelo longo · Abater no inverno, evitar a muda · Pelagem escura sofre com altas temperaturas · Pelagem branca pode ser tingida · 6 a 8 meses A carne desses animais é de boa qualidade · Região Sul é mais produtora Conservação da pele: · Restos de carne e gordura serão removidos · Lavar com água e sabão e enxaguar bem · Impedir aderência de sangue nos pelos Secagem da pele: · Fechada ou aberta · Colocar à sombra · Colocar inseticida · Não pode ficar assim muito tempo, tem que tratar os pelos Curtimento da pele: · Solução curtente (sulfato de alumínio, sulfato de cromo, alúmen de potássio) · 12h a 6 dias - enxaguar bem · 6% do peso da pele · Mau estado - feltros, cola, gelatina ou couro Amaciamento da pele: · Fazer amaciamento ainda úmida · Deixar secar à sombra · Passar talco e pentear no sentido dos pelos Produção para reprodutores: · Melhoramento genético – seleção dos pais, manter várias linhagens · Sanidade animal – venda de animais sadios, livre de doenças, cuidado com defeitos · Registro dos animais – ter controle dos dados · Mercado – mercado mais lucrativo, porém mais especialista. Subprodutos: · Industria – farinhas para ração, petiscos para pet. · Esterco – adubo: 2,48% de nitrogênio, 2,5% fósforo, 1,33% potássio, 100 coelhos – 5000 a 6000kg/ano · Sangue – produtos para uso em laboratórios e testes · Cérebro – experimentos e analises. Instalações: Importância: · Sensíveis ao estresse de desequilíbrios etológicos; · Sanidade;· Proteção de intempéries e predadores; · Planejamento de produção; · Dependência dos animais; Tipos de instalações: · Soltos em parques Não há utilização de gaiolas, sem manejo sanitário, reprodutivo e nutricional. · Gaiolas móveis: Gasto com instalações e mão-de-obra, `Proteção de intempéries, Ecto e endoparasitas, Trocar gaiola de local - mais manejo, Menor custo e mais fáceis de construir. · Coelheiras ao ar livre: Ficar embaixo de árvores ou encostadas em muros - protegidas das intempéries, Pode utilizar cortinas, panos ou lonas, Comprimento no sentido leste-oeste, Materiais: madeira, alvenaria, bambus, Telhas: barro, amianto pintada de branco, Portas: tela de arame, ripa de madeira. · Gaiolas em galpões semiabertos: Espaços sem parede deve ter tela, Pode utilizar cortinas, panos ou lonas, Comprimento no sentido leste-oeste, Materiais: alvenaria. Altura - 0,50 a 1,40m Largura - 4 a 10m Pé direito - 2,20 a 3,50m Equipamentos gaiola: ninhos - interno ou externo, comedouros - automáticos, acoplados ou individuais, bebedouros - automáticos ou individuais, Lança chamas ou vassoura de fogo - vazio sanitário, Pranchas de repouso - 40 a 50 cm x 25 a 30 cm, Balança - controle de crescimento e desenvolvimento, Marcação: tatuador, brinco, argola, chapinha de metal ou microchip. · Galpões com ambiente controlado: Por pressão: ventiladores que injetam ar dentro do galpão, Por depressão: exaustores que retiram ar de dentro do galpão, Painéis umidificadores: quando a UR é baixa, Teto e parede: isolado termicamente. Reprodução: Escolha dos reprodutores: · Transmitir características; · Melhorar a criação; · Puros, raças aperfeiçoadas ou tipo especial para uma produção; · Sadios – fecundidade · Idade · Controle zootécnico · Ninhada numerosas · Idade para reprodução – raças gigantes = 10 a 12 meses, raças médias = 7 a 8 meses, raças pequenas = 5 a 6 meses. · Escolha dos machos = órgãos externos perfeitos e funcionais, aprumos. · Escolha da matriz = fecundas, prolíferas e boas criadeiras (capacidade leiteira) Método de sincronização de cio: · estímulo sexual do macho; · flushing energético · aumento de fotoperíodo · manipulação da fêmea/troca de gaiola · separação temporária da ninhada Monta natural: cuidados com exaustão, 5 meses, 6 a 7 meses, reprodutor. Monta forçada: Coelha direcionada para a pessoa, pode-se levantar o posterior. Inseminação artificial: 1 ejaculado: 10 matrizes, Indução de ovulação, Utilização de HGC IM, Utilização de GnRH. Fatores que influenciam: temperatura – 15 a 25°C Umidade – 60 a 70% Iluminação – 12 a 16h matrizes e 8 a 12h reprodutores Gestação: 30 dias, alimentação de qualidade, controle zootécnico Cuidados antes do parto: colocar ninho com cama, local tranquilo, cuidado com clima e estresse. Parto: 30min até 6h, modificações hormonais, parir láparos em dias diferentes. Pós-parto: mudam comportamento, contar os láparos, tirar sujidades dos ninhos, controle zootécnico. Mortalidade: condições inadequadas do ninho, falta de leite materno, abandono, canibalismo, pisoteio, doenças, baixo peso ao nascer, ninhada muito numerosa Lactação: leite rico em proteínas, gordura e sais minerais, pico com 21 dias, primeira mamada logo após o parto depois 1x ao dia. Comportamento dos láparos: os láparos nascem sem pelos e com os olhos fechados, 10 dias abrem os olhos e surgimento de pelo, 15 dias dentro do ninho, 20 dias retirar os ninhos e comer ração (mamam) Fatores que afetam a fertilidade: poucos óvulos formados no ovário, ovulação deficiente, morte de fetos, baixo volume e densidade de sêmen, idade, nível nutricional, época do ano, consaguinidade, sanidade, temperatura e ambiência, individualidade. · Cecotrofia: ingestão dos cecotrofos, os quais são ricos em nutrientes. Tanto coelhos selvagens quanto domésticos têm o ceco desenvolvido e funcional e neste são sintetizados aminoácidos, vitaminas do complexo B e Vit C, além de ácidos graxos. Para tanto, os coelhos produzem dois tipos de fezes: as fezes duras (pobres em nutrientes) e os cecotrofos. · Os fatores a se considerar para começar uma cunicultura são: 1. Objetivo da criação: criação de raças, venda para pets, produção de carne; 2. Pesquisa de mercado: deve haver um mercado consumidor acessível; 3. Escolha do local. 4. Estudo do clima. · Cuidados na escolha do local: Próximo ao mercado consumidor; Longe de outras criações de coelho (distância mínima de 3 km). Pesquisa sobre a existência de doenças graves; Situar-se em áreas rurais; Terrenos secos bem drenados que permitam a construção das instalações a custo baixo; Que tenha luz e água potável. · Existe uma correlação entre o tamanho e cor da vulva da fêmea com a possibilidade de gestação. Em verdade, essa é a principal forma de saber o momento do cruzamento, uma vez que alterações comportamentais às vezes são discretas. As alterações são: · Vulva branca e pequena: coelha não receptiva ao macho e de zero a 3% de possibilidade de gestação na monta forçada · Vulva rosa, ligeiramente aumentada de tamanho: coelha não receptiva ao macho, · em torno de 30% de gestação na monta forçada; · Vulva vermelha e tumefeita: coelha muito receptiva ao macho, 80% de gestações na monta natural e presença de cio; · Vulva roxa e muito aumentada: coelha menos receptiva ao macho, 50% de gestações na monta forçada Um dos métodos para sincronizar o cio das coelhas ou aumentar sua receptividade envolve o bio-estímulo ou controle da lactação, que consiste no acesso da coelha ao ninho limitado, de 20 30 minutos pela manhã durante os 9 a 10 primeiros dias pós parto. No décimo ou décimo primeiro dia ela não amamenta, o que vai fazer com que ocorra retenção de leite e diminuição da produção de prolactina (hormônio que induz a produção de leite) e liberação de FSH (hormônio folículo estimulante). No dia seguinte após amamentar os láparos ela é levada ao macho. O ninho pode ficar aberto desde então.
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