Buscar

Atividade - Psicologia comunitaria


Prévia do material em texto

PSICOLOGIA COMUNITÁRIA: TRANSFORMANDO VIDAS E FORTALECENDO COMUNIDADES
A Psicologia Comunitária é uma disciplina que desempenha um papel de extrema importância na transformação social e no fortalecimento das comunidades. Através de abordagens colaborativas e participativas, busca promover a saúde mental, o bem-estar e o progresso das comunidades, capacitando seus membros a se tornarem agentes de mudança. Com base em princípios fundamentais, essa disciplina trabalha para alcançar a justiça social, a inclusão e a melhoria da qualidade de vida.
Gallindo (1981, p.13):
“A Psicologia Comunitária é um movimento dentro de um campo maior de psicologia aplicada e que se caracteriza como uma nova abordagem para se lidar com os problemas de comportamento humano. Ela enfatiza mais o ambiente social do que fatores intrapsíquicos como determinantes da saúde mental”.
Uma das estratégias centrais utilizadas é a mobilização comunitária. Essa abordagem envolve a participação ativa e engajada dos membros da comunidade, buscando promover a coesão social e o senso de pertencimento. Através da mobilização, a comunidade se une para identificar suas necessidades e desafios, desenvolvendo soluções conjuntas e fortalecendo os laços sociais.
Além da mobilização, a Psicologia Comunitária utiliza também projetos sociais como meio de promover mudanças positivas nas comunidades. Esses projetos podem abordar uma variedade de questões, desde a promoção da saúde mental até o combate à violência e à exclusão social. Por meio da implementação de projetos, busca se desenvolver recursos locais, empoderar os membros da comunidade e criar ambientes mais saudáveis e inclusivos.
A Psicologia Comunitária emerge da necessidade de lidar com uma realidade política, cultural e social caracterizada por conflitos, exploração, injustiça social, exclusão e pobreza (Cruz, Freitas e Amoretti, 2012). Ao reconhecer e enfrentar essas realidades, a psicologia busca atuar de forma engajada, colaborativa e participativa, visando a transformação social e a promoção da justiça e igualdade. Ela se propõe a trabalhar junto às comunidades, capacitando-as e fortalecendo-as para enfrentar os desafios e construir um futuro mais equitativo e sustentável.
A educação comunitária é outra estratégia fundamental da Psicologia Comunitária. Através da educação, procura conscientizar a comunidade sobre questões sociais relevantes, promover a reflexão crítica e capacitar os indivíduos a se tornarem agentes de transformação. A educação comunitária pode assumir diferentes formas, como workshops, palestras e programas de capacitação, e desempenha um papel essencial na promoção do empoderamento e da participação ativa dos membros da comunidade.
Um aspecto chave é o fortalecimento das redes de apoio. Essas redes são formadas por indivíduos e organizações que trabalham juntos para promover o bem-estar e a inclusão na comunidade. O fortalecimento das redes de apoio envolve a criação de parcerias colaborativas, a construção de relações de confiança e a promoção da cooperação entre diferentes setores da comunidade. Essas redes são essenciais para enfrentar os desafios e promover a resiliência comunitária.
Ao promover a saúde mental e o bem-estar nas comunidades, a psicologia desempenha um papel fundamental na prevenção de problemas psicossociais. Através de intervenções preventivas, busca evitar a manifestação de dificuldades emocionais e psicológicas, trabalhando de forma proativa para criar ambientes que promovam o florescimento humano. Essas intervenções podem envolver a implementação de programas de promoção da saúde mental, a criação de espaços seguros de diálogo e a conscientização sobre a importância da saúde mental na comunidade.
No seu estudo intitulado " Diálogos em psicologia social", Vilela e Sato (2012) abordam os principais domínios que devem orientar a atuação do psicólogo social em contextos comunitários.
“...Atuar num primeiro momento, em coerência à sua proposta de transformação social, assumindo, também, uma ação pedagógica–formativa, já que seu trabalho deve ter um caráter preventivo na perspectiva de implementar projetos políticos que resultem em mudanças na vida cotidiana das pessoas. Quando os problemas já estão localizados, deve também desenvolver ações pontuais e específicas, sem, contudo, perder a perspectiva das possibilidades históricas presentes em um projeto político de sociedade. E, por fim, um trabalho que necessita ser realizado em equipe, inclusive com outros psicólogos que atuam de modo mais específico e pontual. Desta forma, pode-se dizer que os trabalhos da Psicologia Social Comunitária devem ser dirigidos aos processos de conscientização e participação construídos na rede da vida cotidiana e comunitária.” (VILELA; SATO, 2012)
No entanto, a Psicologia Comunitária enfrenta desafios significativos em seu trabalho. A falta de recursos financeiros e estruturais pode limitar a capacidade de implementar intervenções abrangentes e sustentáveis. Além disso, a resistência à mudança e a falta de apoio por parte de autoridades governamentais e instituições podem dificultar a implementação de estratégias eficazes. No entanto, é importante destacar que esses desafios não diminuem a importância do trabalho realizado pela Psicologia Comunitária. Pelo contrário, eles ressaltam a necessidade de se buscar soluções criativas e colaborativas para superar essas barreiras.
É fundamental ressaltar também a relevância da ética na prática da Psicologia Comunitária. Os profissionais devem agir de acordo com os princípios éticos da profissão, garantindo a confidencialidade, o respeito pelos direitos humanos e a equidade em suas intervenções. Além disso, é essencial que eles estejam cientes de suas próprias influências culturais e pessoais, a fim de evitar a imposição de valores e práticas que possam ser inadequadas ou prejudiciais para a comunidade atendida.
Ao decorrer dos anos, a Psicologia Comunitária tem sido aplicada em diferentes contextos ao redor do mundo, enfrentando desafios específicos e adaptando-se às necessidades locais. Em comunidades urbanas, por exemplo, as intervenções podem estar direcionadas ao enfrentamento da violência, à melhoria das condições de moradia e ao fortalecimento dos laços comunitários. Já em comunidades rurais, as ações podem ser voltadas para o acesso a recursos básicos, como água potável e serviços de saúde, e para o fortalecimento da agricultura familiar.
Além disso, tem se mostrado eficaz na promoção da inclusão de grupos marginalizados, como imigrantes, refugiados, pessoas com deficiência e LGBT+. Essa abordagem busca criar espaços seguros e acolhedores, onde todas as pessoas possam se sentir respeitadas, valorizadas e integradas à comunidade. O trabalho junto a esses grupos envolve o reconhecimento das suas necessidades específicas, a promoção da igualdade de direitos e oportunidades e o combate ao preconceito e à discriminação.
É importante ressaltar que a Psicologia Comunitária não se limita apenas a intervenções pontuais, mas busca estabelecer processos contínuos de mudança e desenvolvimento. O objetivo é criar uma cultura de participação e engajamento comunitário, onde os membros se sintam capacitados e motivados a assumir um papel ativo na resolução de problemas e na construção de comunidades mais fortes e resilientes.
Além disso, pode colaborar com outras disciplinas e profissionais, fortalecendo o trabalho interdisciplinar e a integração de diferentes áreas de conhecimento. A colaboração entre psicólogos, assistentes sociais, educadores, profissionais de saúde e outros especialistas permite uma abordagem mais abrangente e efetiva para enfrentar os desafios comunitários complexos.
Um exemplo prático da atuação da psicologia voltada à comunidade pode ser encontrado em um projeto de intervenção em uma comunidade urbana com altos índices de violência. Nesse contexto, os profissionais de Psicologia Comunitária podem trabalhar em conjunto com os moradores, líderes comunitários e organizações locais para identificar as causassubjacentes da violência e desenvolver estratégias de prevenção.
Uma abordagem colaborativa poderia envolver a implementação de programas de educação não violenta nas escolas, a criação de espaços de diálogo e mediação de conflitos, o fortalecimento dos vínculos comunitários e o acesso a serviços de apoio emocional e psicológico para as vítimas de violência. Essas ações visam não apenas a redução dos índices de violência, mas também o fortalecimento da coesão social, o empoderamento dos indivíduos e a construção de uma comunidade mais segura e saudável.
A psicologia também desempenha um papel crucial na promoção da resiliência comunitária. Em face de desastres naturais, crises econômicas ou eventos traumáticos, a disciplina pode auxiliar na recuperação e reconstrução das comunidades afetadas. Ao fornecer apoio emocional, psicológico e prático, os profissionais de Psicologia Comunitária contribuem para a superação de adversidades, a restauração da esperança e a construção de um futuro mais promissor.
Em suma, a Psicologia Comunitária é uma disciplina que visa transformar vidas e fortalecer comunidades por meio de abordagens colaborativas, participativas e inclusivas. Ao promover a mobilização comunitária, projetos sociais, educação comunitária, fortalecimento de redes de apoio, intervenções preventivas e pesquisa, a Psicologia Comunitária busca enfrentar desafios sociais, promover a inclusão e melhorar a qualidade de vida das comunidades. Essa disciplina trabalha em estreita colaboração com os membros da comunidade, reconhecendo suas necessidades, respeitando sua diversidade e valorizando seus recursos locais.
REFERENCIAS:
CRUZ, Lílian Rodrigues da; FREITAS, Maria de Fátima Quintal de; AMORETTI, Juliana. Breve Histórico e alguns desafios da psicologia social comunitária. In: SARRIERA, Porto Alegre: editora Sulina, 2014.
GALLINDO, L.C.(1981) A Psicologia Comunitária como Agente de Transformação Social. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro: PUC. Disponível em: https:// 000016786.pdf (fgv.br).pdf. Acesso em: 16 de maio de 2023.
JACÓ-VILELA, AM; SATO, L., orgs. Diálogos em psicologia social [online]. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2012. 482 p. ISBN: 978-85-7982-060-1. Disponível em: https://static.scielo.org/scielobooks/vfgfh/pdf/jaco -9788579820601.pdf. Acesso em: 16 de maio de 2023.

Mais conteúdos dessa disciplina