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Obstetrícia Prof.ª Caroline Marinho de Araujo Prof.ª Emmanoela de Almeida Paulino Lima Prof.ª Iara Costa Silvano Prof.ª Patrícia Santos Prudêncio técnicas de instrumentaçãO cirúrgica em urOlOgia, ginecOlOgia e Indaial – 2022 1a Edição Impresso por: Elaboração: Prof.ª Caroline Marinho de Araujo Prof.ª Emmanoela de Almeida Paulino Lima Prof.ª Iara Costa Silvano Prof.ª Patrícia Santos Prudêncio Copyright © UNIASSELVI 2022 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI. Núcleo de Educação a Distância. ARAUJO, Caroline Marinho de. Técnicas de Instrumentação Cirúrgica em Urologia, Ginecologia e Obstetrícia. Caroline Marinho de Araujo; Emmanoela de Almeida Paulino Lima; Iara Costa Silvano; Patrícia Santos Prudêncio. Indaial - SC: UNIASSELVI, 2022. 232 p. ISBN 978-65-5466-188-1 ISBN Digital 978-65-5466-184-3 “Graduação - EaD”. 1. Urologia 2. Ginecologia 3. Obstetrícia CDD 617.9 Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 Olá, acadêmico! Na disciplina Técnicas de Instrumentação Cirúrgica em Urologia, Ginecologia e Obstetrícia, iremos conhecer e desenvolver habilidades e competências relativas à instrumentação cirúrgica, pretendemos formar um profissional com capacidade técnica e responsabilidade, dada a importância dessa profissão para o progresso dos procedimentos anestésicos cirúrgicos, além de aprender toda dinâmica do bloco cirúrgico, bem como os conceitos gerais de cirurgia urológica, obstétrica e ginecológica. Na Unidade 1, serão abordadas as atribuições e a importância da equipe multiprofissional no centro cirúrgico. Estudaremos o poder da comunicação assertiva para o bom relacionamento interpessoal, além de traçarmos um perfil do que seria um profissional capacitado para atuar como instrumentador cirúrgico. No decorrer dos tópicos, ainda será possível conhecer um pouco do universo cirúrgico e como se desenvolve o trabalho nessa unidade de saúde. Em seguida, na Unidade 2, estudaremos as técnicas de instrumentação cirúrgi- ca em urologia, os tipos e a complexidade das cirurgias urológicas, os instrumentos uti- lizados nos procedimentos urológicos, bem como a paramentação cirúrgica individual e de equipe, além da montagem da mesa, do posicionamento adequado do instrumenta- dor e dos tipos de nós e suturas. Ainda, será possível compreender a operacionalização da instrumentação cirúrgica urológica. Por fim, na Unidade 3, aprenderemos as técnicas de instrumentação cirúrgica em ginecologia e obstetrícia, os tipos de cirurgias ginecológicas e obstétricas, a paramentarão cirúrgica para esses procedimentos, o instrumental a ser utilizado e o posicionamento adequado do instrumentador. Também veremos a composição e as atribuições dos membros da equipe multiprofissional, além de compreender as fases das cirurgias, os tempos cirúrgicos e os portes de cirurgias ginecológicas e obstétricas. Esperamos que o material possa consolidar seu aprendizado, elucidar suas dúvidas e enriquecer suas práticas profissionais. Para tanto, é necessário o seu envolvimento e compromisso enquanto estudante, sendo o agente transformador da sua aprendizagem. Bons estudos! Prof.ª Caroline Marinho de Araujo Prof.ª Emmanoela de Almeida Paulino Lima Prof.ª Iara Costa Silvano Prof.ª Patrícia Santos Prudêncio APRESENTAÇÃO GIO Olá, eu sou a Gio! No livro didático, você encontrará blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que você poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! Olá, acadêmico! 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Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! QR CODE SUMÁRIO UNIDADE 1 — A IMPORTÂNCIA DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR PARA A INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA .......................................................1 TÓPICO 1 — COMPOSIÇÃO DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR NO CENTRO CIRÚRGICO ........................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 3 2 CENTRO CIRÚRGICO ............................................................................................4 2.1 CLASSIFICAÇÃO DO PROCEDIMENTO CIRÚRGICO ...................................................... 8 3 NOMENCLATURA CIRÚRGICA ............................................................................11 4 POSIÇÕES CIRÚRGICAS .................................................................................... 12 5 EQUIPE CIRÚRGICA ........................................................................................... 15 5.1 EQUIPE MÉDICA ................................................................................................................. 17 6 EQUIPE DE ENFERMAGEM ................................................................................ 21 RESUMO DO TÓPICO 1 ..........................................................................................26AUTOATIVIDADE ................................................................................................... 27 TÓPICO 2 — COMUNICAÇÃO ENTRE A EQUIPE ...................................................29 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................29 2 CONCEITOS DE COMUNICAÇÃO .......................................................................30 2.1 TIPOS DE COMUNICAÇÃO .................................................................................................31 3 COMUNICAÇÃO NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS .........................................32 3.1 BARREIRAS NA COMUNICAÇÃO ..................................................................................... 33 4 COMUNICAÇÃO NA ÁREA DA SAÚDE ...............................................................35 4.1 COMUNICAÇÃO NO CENTRO CIRÚRGICO .................................................................... 37 RESUMO DO TÓPICO 2 ......................................................................................... 40 AUTOATIVIDADE ................................................................................................... 41 TÓPICO 3 — CUIDADOS RECOMENDADOS PARA A ATUAÇÃO COMO INSTRUMENTADOR CIRÚRGICO ......................................................45 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................45 2 HISTÓRIA DA INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA ................................................ 47 2.1 RESPONSABILIDADES DO INSTRUMENTADOR CIRÚRGICO .................................... 49 2.2 RECOMENDAÇÕES PARA A EXCELÊNCIA DO PROFISSIONAL INSTRUMENTADOR CIRÚRGICO ....................................................................................50 2.3 ÉTICA PROFISSIONAL .....................................................................................................50 3 RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS PARA A INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA .......52 3.1 MANEJO DE INSTRUMENTOS PERFUROCORTANTES ............................................. 53 LEITURA COMPLEMENTAR ..................................................................................55 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................... 61 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................62 REFERÊNCIAS .......................................................................................................65 UNIDADE 2 — TÉCNICA DE INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA EM UROLOGIA .....69 TÓPICO 1 — CIRURGIA UROLÓGICA ......................................................................71 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................71 2 TIPOS DE CIRURGIAS UROLÓGICAS .................................................................71 2.1 RESGATE HISTÓRICO .........................................................................................................72 2.2 CIRURGIA SEGURA ............................................................................................................74 3 DEFINIÇÃO DOS TIPOS DE CIRURGIAS UROLÓGICAS .................................... 75 3.1 ENDOSCOPIA UROLÓGICA ...............................................................................................75 3.1.1 Nefrolitotomia percutânea .......................................................................................76 3.1.2 Ureteroscopia ........................................................................................................... 78 3.2 CISTECTOMIA ......................................................................................................................79 3.2.1 Cistectomia parcial ..................................................................................................80 3.2.2 Cistectomia radical .................................................................................................80 3.3 LITOTRIPSIA EXTRACORPÓREA (LECO) .......................................................................81 3.4 NEFRECTOMIA ...................................................................................................................82 3.5 CISTOSTOMIA .....................................................................................................................82 3.6 NEFROSTOMIA ...................................................................................................................83 3.7 CIRURGIAS NA PRÓSTATA ...............................................................................................84 3.7.1 Ressecção transuretral de tumor de próstata (RTU de próstata) .................85 3.7.2 Prostatectomia aberta ............................................................................................86 3.7.3 Prostatectomia perineal ........................................................................................86 3.7.4 Prostatectomia radical ...........................................................................................86 3.7.5 Plasma ........................................................................................................................88 4 PARAMENTAÇÃO EM CIRURGIA UROLÓGICA .................................................88 RESUMO DO TÓPICO 1 ..........................................................................................93 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................94 TÓPICO 2 — INSTRUMENTOS CIRÚRGICOS ........................................................ 97 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 97 2 EQUIPAMENTO ...................................................................................................98 3 OBJETOS PERFUROCORTANTES ................................................................... 101 3.1 OUTROS INSTRUMENTAIS ............................................................................................ 104 4 TÉCNICAS DE SUTURAS ................................................................................. 107 5 NÓS CIRÚRGICOS ............................................................................................108 RESUMO DO TÓPICO 2 ......................................................................................... 111 AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 112 TÓPICO 3 — INSTRUMENTADOR E MONTAGEM DA MESA CIRÚRGICA UROLÓGICA .....................................................................................115 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................115 2 MONTAGEM DA MESA CIRÚRGICA EM UROLOGIA ..........................................115 2.1 INSTRUMENTOS BÁSICOS E SUA MONTAGEM NA MESA CIRÚRGICA ................. 118 2.1.1 Pinças de preensão ................................................................................................. 118 2.1.2 Bisturis e tesouras ................................................................................................. 119 2.1.3 Pinças hemostáticas ............................................................................................. 120 2.1.4 Pinças de dissecção .............................................................................................. 120 2.1.5 Afastadores .............................................................................................................. 121 2.1.6 Agulhas e porta agulhas ........................................................................................122 2.2 INSTRUMENTAL LAPAROSCÓPICO ..............................................................................123 3 POSICIONAMENTO DO PACIENTE EM CIRURGIA UROLÓGICA .....................124 4 POSICIONAMENTO DO INSTRUMENTADORCIRÚRGICO ............................... 127 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................ 132 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................138 AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 139 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 141 UNIDADE 3 — TÉCNICA DE INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA EM GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA .........................................................145 TÓPICO 1 — INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA GINECOLÓGICA E OBSTÉTRICA ................................................................................... 147 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 147 2 TIPOS DE CIRURGIAS GINECOLÓGICAS.........................................................148 2.1 SISTEMA REPRODUTOR FEMININO ............................................................................. 148 2.2 TIPOS DE CIRURGIAS ..................................................................................................... 153 2.2.1 Histerectomia .......................................................................................................... 154 2.2.2 Laqueadura ............................................................................................................. 156 2.2.3 Traquelectomia ....................................................................................................... 156 2.2.4 Ooforectomia .......................................................................................................... 156 2.2.5 Salpingectomia .......................................................................................................157 2.2.6 Mastectomia ........................................................................................................... 158 3 TIPOS DE CIRURGIAS OBSTÉTRICAS ............................................................. 159 3.1 CESÁREA ............................................................................................................................ 161 3.2 LAPAROTOMIA DE EMERGÊNCIA ................................................................................ 162 3.3 CIRURGIA FETAL ............................................................................................................. 163 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................ 167 AUTOATIVIDADE .................................................................................................168 TÓPICO 2 — PARAMENTAÇÃO .............................................................................171 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................171 2 ITENS DA PARAMENTAÇÃO EM GINECOLOGIA ............................................. 174 2.1 PASSOS DA ESCOVAÇÃO E PARAMENTAÇÃO ...........................................................174 2.2 ANTISSEPSIA DO CAMPO OPERATÓRIO .....................................................................179 3 ITENS DA PARAMENTAÇÃO EM OBSTETRÍCIA ..............................................180 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................185 AUTOATIVIDADE .................................................................................................186 TÓPICO 3 — INSTRUMENTADOR E MESA CIRÚRGICA ......................................189 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................189 2 INSTRUMENTOS CIRÚRGICOS UTILIZADOS EM CIRURGIA GINECOLÓGICA E OBSTÉTRICA ......................................................................189 2.1 TEMPOS CIRÚRGICOS .................................................................................................... 190 2.1.1 Antissepsia da pele do paciente ........................................................................... 191 2.1.2 Colocação de campos operatórios .....................................................................192 2.1.3 Diérese ...................................................................................................................... 195 2.1.4 Cirurgia propriamente dita ................................................................................... 196 2.1.5 Síntese ...................................................................................................................... 201 2.2 MONTAGEM DA MESA DE INSTRUMENTAIS CIRÚRGICOS ....................................203 2.3 MANUSEIO DE INSTRUMENTAIS CIRÚRGICOS ........................................................205 2.3.1 Instrumentais em cirurgia robótica ...................................................................207 3 POSICIONAMENTOS NA CIRURGIA GINECOLÓGICA E OBSTÉTRICA .......... 208 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................ 216 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................ 221 AUTOATIVIDADE ................................................................................................ 222 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 225 1 UNIDADE 1 — A IMPORTÂNCIA DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR PARA A INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer os profissionais que atuam na equipe cirúrgica e suas atribuições específicas; • compreender a importância da composição adequada da equipe multiprofissional na instrumentação cirúrgica; • entender a importância da comunicação assertiva entre os membros da equipe; • compreender o processo do trabalho do instrumentador cirúrgico nas dimensões técnicas, éticas e científicas. A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – COMPOSIÇÃO DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR NO CENTRO CIRÚRGICO TÓPICO 2 – COMUNICAÇÃO ENTRE A EQUIPE TÓPICO 3 – CUIDADOS RECOMENDADOS PARA A ATUAÇÃO COMO INSTRUMENTADOR CIRÚRGICO Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 COMPOSIÇÃO DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR NO CENTRO CIRÚRGICO TÓPICO 1 — UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO O centro cirúrgico é um ambiente complexo. É uma área restrita da unidade hospitalar por ser um local no qual são realizadas intervenções cirúrgicas, e, assim, o controle asséptico precisa ser rigoroso. Trata-se de um setor em que várias áreas se interligam para possibilitar a realização dos procedimentos anestésicos cirúrgicos com segurança, tanto para o paciente quanto para a equipe que o atende. Ademais, nesse ambiente, diversas especialidades profissionais se disponibilizam para atender aos pacientes que necessitam se submeter a uma cirurgia. O centro cirúrgico, além de ser o local adequado para realizar os procedimentos cirúrgicos, também tem como finalidades servir como campo de estágio para a formação e o desenvolvimento profissional, bem como para a promoção de programas e projetos de pesquisas científicas, com o intuito de melhorar e inovar as técnicas cirúrgicas e assépticas. Os procedimentos cirúrgicos são, hoje, muito aplicados para o diagnóstico e tratamento de diversas doenças. Para tanto, a sala cirúrgica é composta por um grande aparato tecnológico e de padrões de segurança preconizados pela legislação vigente, sendo que a equipe que trabalha nesse ambiente precisa estar capacitada e trabalhar de formaharmoniosa para atender à dinâmica do setor e promover a segurança e o conforto do paciente. Cada membro da equipe tem sua função e importância. O trabalho em conjunto favorece o ato operatório, para que tudo seja desenvolvido com o menor risco possível. Frente a isso, todo profissional deve conhecer e ter habilidades relacionadas às suas atribuições especificas no centro cirúrgico, além de ter aptidão para trabalhar em equipe, equilíbrio emocional e discernimento para a resolução de conflitos. A partir de agora, você entrará no universo cirúrgico e conhecerá mais profun- damente quais profissionais compõem a equipe cirúrgica e as atribuições de cada um na sala de operação. 4 2 CENTRO CIRÚRGICO O centro cirúrgico é uma parte extremamente importante da estrutura hos- pitalar, o qual é destinado a realizar intervenções anestésico-cirúrgicas. Para tanto, é necessário que tenha infraestrutura, recursos materiais e humanos adequados e dis- poníveis para o desenvolvimento do processo de assistência perioperatória, conforme Carvalho e Bianchi (2016). Carvalho e Bianchi (2016) reiteram que as finalidades e os objetivos do centro cirúrgico são: • assistir, de forma integral, o paciente submetido à intervenção cirúrgica em todo o período perioperatório; • realizar os procedimentos anestésico-cirúrgicos com a devida segurança; • garantir o retorno do paciente a sua unidade de internamento em condições estáveis de saúde. Além disso, como mencionamos, tem como finalidade o desenvolvimento profissional por meio do estágio para a formação e o aprimoramento da assistência no perioperatório, a fim de promover o avanço científico e tecnológico com programas e projetos de pesquisas. Geralmente, o bloco cirúrgico está dividido em salas de operação (SO), salas de recuperação pós-anestésica (SRPA) e centros de material e esterilização (CME). Esses, por sua vez, estão subdivididos em áreas especificas, como lavabos, vestuários, sala de guarda de materiais e equipamentos, corredores, sala de espera, recepção, sala de repouso, copa, dentre outras que venham a ser necessárias, conforme a Sobecc (2017). Diante de sua complexidade, para que o bloco cirúrgico possa operacionalizar a assistência ao paciente cirúrgico, também é necessário o apoio de outras áreas e serviços hospitalares, como laboratórios, farmácia, radiologia, banco de sangue, serviço de anatomia patológica, limpeza, suprimentos de almoxarifado e transporte. Ainda, alguns serviços podem ser terceirizados, de acordo com Carvalho e Bianchi (2016), a exemplo de lavanderia, fornecedores, manutenção de equipamentos e materiais esterilizados por métodos específicos. 5 Figura 1 – Sala de operação Fonte: https://elements.envato.com/pt-br/interior-of-operation-room-with-different-medical--ASV83XX. Acesso em: 11 set. 2022. A sala operatória (SO) é o local onde as equipes desenvolvem diretamente o seu trabalho. Ela deve ser equipada e preparada para realizar vários tipos de procedi- mentos anestésico-cirúrgicos. Assim, o tamanho físico dessa sala pode variar de acordo com a instituição e os tipos de procedimentos realizados dentro dela, de acordo com Possari (2011). É relevante citar, conforme o mesmo autor, que se tornou imprescindível, com o advento tecnológico na área da robótica e a popularização de cirurgias minimamente invasivas, que as salas operatórias ou de operações tenham espaços e dimensões adequados para os equipamentos que serão utilizados nos procedimentos, assim como para que a equipe e o paciente se sintam confortáveis, a fim de que a cirurgia possa ser realizada com segurança. É recomendável, segundo Carvalho e Bianchi (2016), que, para cada 50 leitos comuns, encontremos ao menos duas salas cirúrgicas na unidade hospitalar. Além disso, para cada 15 leitos cirúrgicos, deve- -se ter duas salas de operação. INTERESSANTE 6 Para Carvalho e Bianchi (2016), todas as salas operatórias devem conter equi- pamentos e aparelhos fixos: carrinho de anestesia com monitor multiparamétrico; mesa cirúrgica mecânica ou elétrica; seus acessórios (extensor de comprimento, perneiras, braçadeiras e apoio de cabeça); mesa de instrumentais; focos de luz; computadores para registro no prontuário eletrônico; dentre outros que podem ser necessários. Ainda segundo os autores, também devem estar à disposição alguns materiais e equipamentos para serem utilizados caso haja necessidade durante o procedimento. Eles são considerados equipamentos móveis, como: bisturi elétrico e outros tipos de bisturis; máquina de circulação extracorpórea; equipamento para videolaparoscopia; e aspiradores. Tais materiais permanecem na sala de guarda e são deslocados para a SO quando solicitados. A sala de recuperação pós-anestésica (SRPA), por sua vez, é uma zona crí- tica, pois é o local para onde o paciente é levado logo após o procedimento cirúrgico, no pós-operatório imediato, para se recuperar hemodinamicamente. Lá, ele deve ser monitorado e observado intensivamente, até ser levado para sua unidade de internação. Desse modo, preconiza-se que seja anexa à sala de operação, para facilitar o transporte do paciente ou no caso de precisar de uma reabordagem cirúrgica de emergência. Já o centro de material e esterilização (CME) é um ambiente destinado à lim- peza, à desinfecção, ao preparo, à esterilização, ao armazenamento e à distribuição de ma- teriais e instrumentos utilizados em uma unidade hospitalar, de acordo com Possari (2011). O CME, a depender da estrutura hospitalar, normalmente fica anexo ao centro cirúrgico devido à necessidade constante de materiais esterilizados. No entanto, nas novas estruturas, esse setor tem se desvinculado do centro cirúrgico, pois todos os setores do hospital precisam de materiais processados na CME, segundo Carvalho e Bianchi (2016). Figura 2 – Centro de material e esterilização Fonte: https://bit.ly/3z9SUk6. Acesso em: 12 set. 2022. 7 Segundo a Associação Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recupe- ração Anestésica e Centro de Material e Esterilização, a CME tem como missão fornecer produtos para a saúde a todas as unidades assistenciais e de diagnóstico, de forma segura e em número e qualidade de processamento adequadas. Sendo assim, esse setor, mesmo localizado em qualquer área da unidade hospitalar, precisa de sistemas de comunicação ativos e disponíveis para prover as unidades consumidoras, quando necessário, sem prejuízo à assistência. A Associação Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização (SOBECC) foi criada em setembro de 1991, com a missão de “colaborar com o desenvolvimento técnico-científico e divulgar as melhores práticas para atuação da enfer- magem perioperatória, além de propor recomendações referentes às áreas de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização” (SOBECC, s. d., s. p.). Essa entidade tem publicações a cada três meses, e, periodicamente, nos traz revisões atualizadas sobre as boas práticas de enfermagem no perioperatório. IMPORTANTE Segundo a SOBECC (2017), o bloco cirúrgico é dividido em três áreas assépti- cas, devido a sua complexidade, o tipo de procedimento realizado e o maior risco de infecção: “as técnicas assépticas padronizadas têm o objetivo de proporcionar maior controle do ambiente operatório, diminuindo os riscos de contaminação ao paciente” (CARVALHO; BIANCHI, 2016, p. 11). Essas áreas são restrita, semirrestrita e não restrita. Conforme a mesma associação, são características de cada área: • Área restrita: a circulação de pessoas e equipamentos é restrita, mantendo uma rotina asséptica, com o intuito de controlar e conservar a assepsia do local. Os profis- sionais devem usar roupas privativas nesse ambiente, bem como máscara cobrindo boca e nariz. Temos, como exemplos, salas cirúrgicas, corredores internose lavabos. • Área semirrestrita: é permitida a circulação de pessoal e equipamentos, desde que não interfira no controle e na conservação da assepsia cirúrgica. Nesses locais, os pro- fissionais devem usar roupas privativas e apropriadas ou calçados adequados. Temos, como exemplos, secretaria, copa e salas de conforto e de guarda de equipamentos. • Área não restrita: a circulação de pessoas é liberada, não havendo a necessidade de roupas privativas. Temos, como exemplos, vestuários, elevadores, corredores ex- ternos e local de transferência de macas. Ainda, o centro cirúrgico deve estar localizado em uma área do hospital distante de ruido, poeira e de grande circulação de pessoas, garantindo a segurança da técnica asséptica. Da mesma forma, para facilitar o fluxo de pacientes, é necessário que o bloco cirúrgico fique próximo às emergências, unidades de terapia intensiva e unidades de internamento, para o caso de uma intervenção imediata, conforme Possari (2011). 8 Alguns termos devem ser sempre lembrados dentro de um centro cirúrgico, a saber: • assepsia: são precauções que usamos para evitar a contami- nação por micro-organismos em um ambiente ou materiais e equipamentos. Desse modo, um ambiente asséptico é aquele que está livre de contaminação; • antissepsia: é a técnica que usamos para evitar o crescimento de mi- cro-organismos ou para removê-los de determinado ambiente, podendo haver a destruição ou redução dos agentes microbianos. Para tanto, uti- lizamos antissépticos ou desinfetantes; • técnica asséptica: é uma expressão dos métodos utilizados para a assepsia; • antisséptico: diz respeito a produtos químicos utilizados para des- truir ou reduzir micro-organismos de tecidos vivos. ATENÇÃO 2.1 CLASSIFICAÇÃO DO PROCEDIMENTO CIRÚRGICO Os procedimentos anestésicos cirúrgicos podem ser classificados quanto ao momento operatório, a finalidade, o risco cardiológico, o potencial de contaminação e o tempo de duração. Na figura a seguir, podemos entender um pouco mais sobre a classificação das cirurgias e outras especificidades relacionadas a ela, às quais devemos ter atenção. Figura 3 – Classificação de cirurgias Fonte: a autora 9 O momento operatório é a primeira classificação, pois define o grau de urgência que o procedimento operatório requer. Segundo Possari (2011), esse momento pode ser classificado em cirurgia de emergência, de urgência ou eletiva: • Emergência: pelo estado de gravidade e risco eminente de vida, o procedimento ci- rúrgico deve ser imediato, como ferimento por arma de folgo ou branca, hemorragias, perfuração de vísceras, dentre outras. • Urgência: o procedimento deve ser realizado o mais breve possível, podendo aguardar de 24 a 28 horas, sob observação clínica, como apendicectomia, abdome agudo, dentre outros. • Eletiva: é a cirurgia que, mesmo sendo indicada, pode aguardar para ser agendada em momento posterior. Não traz risco eminente de vida, como mamoplastia, hérnia inguinal, dentre outras. Carvalho e Bianchi (2016, p. 10) reiteram que “alguns autores classificam certos tipos de tratamentos cirúrgicos eletivos como optativos, ou seja, a cirurgia é feita por solicitação do paciente, como nos casos de cirurgias plásticas com fins estéticos”. Conforme Possari (2011), quanto à finalidade cirúrgica, termos as seguintes opções: • paliativas: procedimentos realizados para melhorar a qualidade de vida do paciente, como aliviar a dor, porém, sem finalidade curativa. Alguns exemplos são retirada de tumores e traqueostomia; • radical: procedimento realizado para a retirada total ou parcial de órgão, como nefrectomia, histerectomia e apendicectomia; • plástica: procedimento realizado com intuito estético corretivo. É optativo para o paciente. Alguns exemplos são abdominoplastia e rinoplastia; • diagnóstica: procedimento cirúrgico realizado para diagnosticar alguma patologia. Geralmente, é feita a busca por meio da laparotomia exploratória ou com a retirada de fragmentos ou líquidos para análises microscópicas (biópsias); • reconstrutora: procedimento realizado para reconstruir órgão ou tecido lesionado que perdeu sua funcionalidade, como cirurgia reconstructiva de válvula aórtica e cirurgia reconstrutiva pélvica; • transplante: procedimento realizado para substituir órgãos que perderam sua funcionalidade, como transplante de rim, córnea e fígado. Temos, ainda, a consideração de risco cardiológico, o qual é dividido, conforme Possari (2011), da seguinte maneira: • cirurgia de grande porte: procedimento com provável perda de fluidos e sangue de grande proporção, com risco de comprometimento cardiológico, como cirurgias vasculares, grandes traumas, aneurismas e transplantes; 10 • cirurgia de médio porte: procedimento com provável perda de fluidos e sangue de média proporção, com risco de comprometimento cardiológico, como cirurgias orto- pédicas e histerectomia; • cirurgia de pequeno porte: procedimento com pequeno risco de perda de fluidos e sangue de grande proporção, com risco de comprometimento cardiológico. Quanto ao potencial de contaminação, as cirurgias limpas dizem respeito a procedimentos que são “realizados em tecidos estéreis ou passíveis de descontamina- ção, na ausência de processo infeccioso e inflamatório local” (POSSARI, 2011, p. 98). De modo geral, essas cirurgias são eletivas e não ocorre penetração nos tratos digestório, respiratório e urinário. Podemos citar, como exemplos, as cirurgias cardíacas e neuroló- gicas, além das monoplastias, conforme Possari (2011). Já as cirurgias potencialmente contaminadas são procedimentos realiza- dos em “tecidos colonizados por flora microbiana residente pouco numerosa ou em tecidos de difícil descontaminação” (CARVALHO; BIANCHI, 2016, p. 11). Podem ser re- alizadas nos tratos digestório, respiratório e urinário, desde que não haja contamina- ção importante nessa área. Também podem ser classificadas assim as cirurgias em que ocorreu pequena falha na técnica no transoperatório. São exemplos: histerectomia ab- dominal, gastrectomia e colecistectomia, conforme Carvalho e Bianchi (2016). As cirurgias contaminadas equivalem a procedimentos realizados em “te- cidos traumatizados recentemente e abertos ou em tecidos colonizados por flo- ra bacteriana abundante, cuja descontaminação é difícil ou impossível” (CARVALHO; BIANCHI, 2016, p. 11). Cirurgias que tiveram falhas grosseiras nas técnicas assépticas também podem ser caracterizadas como contaminadas. Temos, como exemplos, obs- trução biliar ou urinária, cirurgias dentárias e amigdalectomia, de acordo com Carvalho e Bianchi (2016). Finalmente, as cirurgias infectadas são procedimentos realizados em “qualquer tecido ou órgão, na presença de processo infeccioso com supuração local, tecido necrótico ou corpo estranho” (CARVALHO; BIANCHI, 2016, p. 11). Conforme Carvalho e Bianchi (2016), temos, como exemplos, as cirurgias de reto e ânus, limpezas cirúrgicas em tecidos necróticos e amputação de pé diabético. Para finalizar, segundo Possari (2011), ainda podemos classificar as cirurgias quanto ao tempo de duração, em: porte I: procedimentos cirúrgicos com tempo de duração de até 2 horas; porte II: procedimentos cirúrgicos com tempo de duração de 2 a 4 horas; porte III: procedimentos cirúrgicos com tempo de duração de 4 a 6 horas; porte IV: procedimentos cirúrgicos com tempo de duração acima de 6 horas. 11 3 NOMENCLATURA CIRÚRGICA É imprescindível que os profissionais de saúde saibam a terminologia cirúrgica, que nada mais é do que o nome científico dado aos procedimentos e às técnicas de cirurgia. Esses termos seguem a regra gramatical de formação de palavras: as palavras são compostas por raiz, que é a parte básica da estru- tura da palavra, e por afixos, prefixos e sufixos, que são acrescidos, respectivamente, antes e após a raiz. A nomenclatura cirúrgica se- gue essemesmo padrão, onde a raiz representa o segmento ana- tômico relacionado à intervenção cirúrgica, e os afixos determinam o diagnóstico ou o tratamento cirúrgico a ser realizado (CARVALHO; BIANCHI, 2016, p. 133). Figura 4 – Exemplos de nomenclatura cirúrgica Fonte: adaptada de Possari (2011) Portanto, a terminologia cirúrgica é um termo gramaticalmente composto, padro- nizado e essencial para a assistência perioperatória. Tem como finalidade a identificação do procedimento a ser realizado, tanto de forma verbal quanto escrita, a fim de preparar a sala operatória, bem como os instrumentais e equipamentos a serem utilizados. 12 4 POSIÇÕES CIRÚRGICAS A posição cirúrgica é aquela posição em que o paciente será colocado para realizar o procedimento cirúrgico, devendo o sítio cirúrgico ficar exposto para facilitar as manobras cirúrgicas. Temos inúmeras variações para as posições, mas, segundo Possari (2011), é necessário estar atento ao conforto e à segurança do paciente: o posicionamento dos pacientes no centro cirúrgico deve ser encarado como um procedimento de grande complexidade, que envolve sérios riscos que, se não observados com responsabilidade e competência, podem comprometer definitivamente a saúde física e mental do paciente. Em decorrência disso, deve ser individualizado e adaptado às necessidades de cada pessoa e aos procedimentos previstos (CARVALHO; BIANCHI, 2016, p. 162). Para posicionar o paciente, é necessário conhecer o procedimento cirúrgico e ter habilidade para não lesionar o indivíduo, tendo em vista que essa atividade é feita logo após a indução anestésica, ou seja, o paciente não estará sensível à dor. O mau po- sicionamento pode acarretar riscos como paresia pós-cirúrgica, lombalgia, hipotensão, traumas e entorses, conforme Possari (2011). Carvalho e Bianchi (2016) mencionam que, para realizar o posicionamento adequado, é importante que o profissional tenha o entendimento de que o conforto e a segurança são pontos centrais do procedimento, sendo que a prevenção de eventos adversos ao posicionamento cirúrgico é primordial para o desenvolvimento da assistência de qualidade. Frente a isso, a equipe cirúrgica deve conhecer as posições cirúrgicas mais utilizadas. Para conhecer mais detalhes sobre as posições cirúrgicas, o vídeo in- dicado a seguir nos mostra as posições convencionais e as variações que podem ser feitas a partir delas. Assista à produção completa por este link: https://www.youtube.com/watch?v=xqlbCTGte3c. DICA Uma das posições mais utilizadas é a posição de decúbito dorsal, pois é a que menos causa eventos adversos. Nessa posição, o paciente fica deitado com a coluna vertebral apoiada na maca cirúrgica, e os membros inferiores e superiores são estendidos e apoiados em braçadeiras. Pode ser utilizada em cirurgias abdominais, torácicas e vasculares, conforme Possari (2011). 13 Figura 5 – Posição de decúbito dorsal Fonte: Possari (2011, p. 131) Na posição de decúbito ventral, o paciente fica com o abdome sobre a mesa cirúrgica, e os braços são estendidos à frente, apoiados em braçadeiras. Para Possari (2011), é uma posição utilizada em cirurgias na coluna vertebral, na região lombar, occipital ou sacra. Figura 6 – Posição de decúbito ventral Fonte: Possari (2011, p. 132) Já na posição Fowler, o paciente fica sentado na mesa cirúrgica. De modo geral, ela só é utilizada quando o paciente apresenta um quadro de dispneia após algum procedimento em posição de decúbito dorsal. Segundo Possari (2011), é importante não deixar os braços dos pacientes soltos, pois pode ocasionar hipertensão nos ombros. Figura 7 – Posição de Fowler Fonte: Possari (2011, p. 132) 14 Na posição litotômica ou ginecológica, o paciente fica em decúbito dorsal so- bre a mesa cirúrgica, com os membros superiores estendidos, apoiados em braçadei- ras, e os membros inferiores flexionados, apoiados em perneiras confortáveis. Segundo Possari (2011), é uma posição utilizada em procedimentos ginecológicos ou prostáticos. Figura 8 – Posição litotômica ou ginecológica Fonte: Possari (2011, p. 133) De acordo com Possari (2011), essa posição apresenta mais facilidade de provocar lesão muscular pelo seu modelo não anatômico. Sendo assim, é necessário ter cuidados especiais ao movimentar os membros inferiores do paciente, como movimentá-los simultaneamente, para evitar lesão neuromuscular. Temos, também, a posição jakknife ou canivete, em que “os membros inferiores, o tórax e os membros superiores são abaixados, de modo que o corpo fique fletido sobre a mesa, mantendo-se a região a ser operada em plano mais elevado” (CARVALHO; BIANCHI, 2016, p. 179). Geralmente, é uma posição utilizada em cirurgias proctológicas ou na região dorsal. Aliás, nesse caso, é necessário fazer uso de suportes adicionais para o tórax, os membros inferiores e os superiores, para evitar lesões neuromusculares. Figura 9 – Posição jakknife ou canivete Fonte: Possari (2011, p. 133) 15 Na posição lateral ou SIMS, o paciente fica deitado lateralmente, com a perna superior flexionada e apoiada confortavelmente em coxins. Já a perna inferior é estendida sobre a mesa cirúrgica, com os membros superiores estendidos e fixados em um arco de proteção. Essa posição é utilizada, basicamente, em cirurgias renais, conforme Possari (2011). Figura 10 – Posição lateral ou SIMS Fonte: Possari (2011, p. 133) Para finalizar, na posição trendelenburg, o paciente fica em decúbito dorsal, com os membros inferiores elevados e a parte superior do tronco inclinada para baixo. Ela é utilizada para a realização de cirurgias abdominais, pois permite uma melhor visualização dos órgãos pélvicos, levantando a parte superior do intestino, segundo Possari (2011). Figura 11 – Posição trendelenburg Fonte: Possari (2011, p. 133) Nessa posição, é importante que, ao voltar o paciente para a posição de decú- bito dorsal, o movimento seja feito muito lentamente, para evitar hipotensão arterial. 5 EQUIPE CIRÚRGICA A equipe cirúrgica tem como principal objetivo prestar assistência ininterrupta ao paciente em todo o período transoperatório, oferecendo um cuidado de qualidade, com segurança e conforto, possibilitando o sucesso do procedimento anestésico- cirúrgico. 16 De acordo com a SOBECC (2017) e Carvalho e Bianchi (2016), os procedimentos ope- ratórios são divididos em quatro períodos. O período pré-operatório, por exemplo, é dividido em duas fases: 1. pré-operatório mediato, que começa com a decisão de fazer a cirurgia e se estende por até 24 horas de sua realização; 2. pré-operatório imediato, que começa 24 horas antes da cirurgia até a entrada do paciente no centro cirúrgico. Já o período transoperatório se refere ao momento em que o paciente é recebido no centro cirúrgico até o momento de sua transferência para a unidade de recuperação anestésica. Depois, temos o período intraoperatório, que inicia com o procedimento anestésico e se estende até o final do procedimento. Esse período se insere dentro do período transoperatório. O período pós-operatório é dividido em quatro fases: 1. recuperação anestésica, que se inicia com a chegada do paciente na sala de recuperação pós-anestésica e finaliza com a sua saída para a unidade de internação; 2. pós-operatório imediato, que corresponde às primeiras 24 horas após o procedimento cirúrgico; 3. pós-operatório mediato, que se inicia 24 horas após o fim do procedi- mento cirúrgico e finaliza com a alta hospitalar do paciente; 4. pós-operatório tardio, que pode variar de acordo como o tipo de cirurgia, podendo ser 15 dias até um ano após o procedimento cirúrgico. INTERESSANTE Os profissionais devem estar focados no bem-estar do paciente, trabalhando em equipe e respeitando o espaço e as habilidades de cadaum, de forma a visar à eficácia do ato cirúrgico. A equipe cirúrgica, geralmente, é dividida em três grupos: equipe de médicos cirurgiões, equipe de médicos anestesiologistas e equipe de enfermagem, conforme a Figura 12: 17 Figura 12 – Equipe cirúrgica Fonte: a autora Existem vários outros profissionais que prestam assistência no centro cirúrgico, como: auxiliar de serviço gerais; técnicos de raio X; técnicos de laboratórios; biomédi- cos. No entanto, neste estudo, vamos nos deter às três principais equipes, ressaltando que todas as funções desempenhadas pelos integrantes estão de acordo com as com- petências que lhe são exigidas e embasadas nos respectivos códigos de lei do exercício profissional, conforme Carvalho e Bianchi (2016). 5.1 EQUIPE MÉDICA A equipe médica é formada por profissionais médicos cirurgiões, seus assisten- tes e auxiliares e por médicos anestesiologistas. O médico cirurgião ou cirurgião titular é o profissional responsável pelo ato cirúrgico e pela composição da equipe, pela técnica cirúrgica empregada e por direcionar o procedimento e a equipe. Sua relação com os demais profissionais envolvidos no procedimento deve ser baseada no respeito mútuo e na ética profissional, considerando a liberdade das profissões e o bem-estar do paciente. Segundo Carvalho e Bianchi (2016), as atribuições do cirurgião são: • participar da equipe cirúrgica com outros médicos e outros profissionais da equipe, a exemplo de instrumentadores cirúrgicos ou, ainda, acadêmicos de Medicina; • estar ciente da qualificação do médico assistente para o caso de, porventura, necessitar ser substituído no ato cirúrgico; • assegurar-se das condições de segurança do ambiente hospitalar e somente realizar o procedimento se tudo estiver adequado; 18 • colaborar com a realização do checklist cirúrgico nas seguintes ocasiões: antes do início da cirurgia/incisão na pele e ao término da cirurgia, antes de o paciente sair da SO; • responsabilizar-se, integralmente, pelo ato operatório; • assumir, diretamente, todas as consequências decorrentes do ato cirúrgico; • planejar, executar e comandar a cirurgia, mantendo a ordem no campo operatório; • coordenar a intervenção cirúrgica e proceder as técnicas básicas da cirurgia: realizar diérese nas estruturas, fazer a hemostasia e a síntese dos tecidos, do início ao fim do procedimento; • manter a organização, a disciplina e a harmonia durante o ato operatório. O cirurgião assistente é o profissional médico habilitado para realizar o procedimento cirúrgico. A sua principal função é auxiliar o médico titular durante a cirurgia e substituí-lo quando necessário (por essa razão, precisa ser um cirurgião que conheça as técnicas cirúrgicas). Em cirurgias de grande porte, pode haver mais de um cirurgião assistente. Segundo Carvalho e Bianchi (2016), as atribuições do cirurgião assistente são: • garantir que o prontuário do paciente esteja completo, com todos os exames realiza- dos pelo antes da cirurgia, sendo encaminho ao centro cirúrgico junto do paciente; • acompanhar o paciente na sua entrada na SO, verificar a necessidade de procedi- mentos no pré-operatório imediato e providenciá-los, como punção venosa, catete- rismo vesical de demora, sondagem nasogástrica etc; • auxiliar a equipe no posicionamento adequado do paciente, de acordo com o procedimento cirúrgico a ser realizado; • auxiliar o instrumentador na montagem da mesa e na solicitação de materiais ao circulante de sala; • cooperar na realização do checklist cirúrgico nos momentos necessários; • fazer a antissepsia da pele do paciente junto do cirurgião; • exercer as atividades delegadas pelo cirurgião titular durante o ato cirúrgico; • estar preparado para substituir o cirurgião titular em caso de necessidade; • auxiliar o cirurgião titular abrindo o campo operatório, expondo as vísceras para facilitar as manobras cirúrgicas; • ajudar na transferência do paciente para SRPA, bem como acompanhá-lo na transferência. Diérese diz respeito a corte, divisão, secção dos tecidos. Hemostasia, por sua vez, é a contenção de sangramento e hemorragias. Já a exérese é a remoção cirúrgica de tecido ou órgão debilitado. Por fim, a síntese é o fechamento dos tecidos seccionas com suturas, segundo Possari (2011). NOTA 19 De acordo com Possari (2011), a Antiguidade, o corpo humano não era totalmente co- nhecido, e os médicos preferiam tratar seus pacientes clinicamente, pois temiam rea- lizar procedimentos. Assim, os cirurgiões não se formavam nas universidades, tendo apenas ensinamentos práticos que, geralmente, eram repassados pelos familiares que já praticavam as cirurgias. Inclusive, eles acreditavam que os procedimentos cirúrgicos precisavam unicamente de habilidades ma- nuais. Nessa época, os cirurgiões eram chamados de “cirurgiões barbei- ros” e eram considerados parte de uma categoria inferior aos médicos formados da universidade, devido às características mecânicas do seu trabalho. Por volta de 1978, após uma convenção dos cirurgiões trei- nados por aprendizagem prática, foi desfeita a associação dos cirur- giões aos barbeiros. Com isso, os cirurgiões passaram a apresentar status de médicos e começaram a defender a cirurgia como um braço da Medicina. INTERESSANTE No Brasil, somente o profissional médico anestesiologista pode realizar o procedimento anestésico. Em alguns países, como os Estados Unidos, essa prática pode ser realizada por uma enfermeira anestesista. De acordo com Rothrock (2007), o anestesista é o responsável por controlar as funções clínicas do paciente durante todo o período operatório, ou seja, deve avaliar os sinais vitais, bem como as funções sensoriais e cerebrais do indivíduo. A anestesia é caracteriza pela perda de sensibilidade dolorosa, que pode ser acompanhada ou não pela perda de consciência. Tem como objetivos “extirpar a sensibi- lidade dolorosa durante a cirurgia, promover relaxamento muscular e proporcionar condi- ções ideais para a atuação da equipe cirúrgica” (CARVALHO; BIANCHI, 2016, p. 189). Segundo Possari (2011), as anestesias são divididas em duas classes, de acordo com a inibição dolorosa que elas provocam: anestesia geral, em que o paciente perde a consciência da dor; anestesia regional, com a perda da sensibilidade de algumas partes do corpo. A anestesia já existe há muitos séculos, mesmo que para servir apenas como analgesia. Na Antiguidade, as primeiras substâncias utilizadas para realizar anestesia foram os chás mandrágoras misturados ao vinho. Além desses, o extrato de ópio também foi usado. Inúmeras outras substâncias foram testadas e conhecidas até chegar às drogas que temos hoje. Se quiser conhecer mais sobre a história da anestesia, indicamos que leia o capítulo a seguir, disponível neste link: https://books.scielo.org/ id/8kf92/pdf/rezende-9788561673635-11.pdf. DICA 20 Seguindo a Resolução CFM n. 2.147/2016 (CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, 2016), são estabelecidas como atribuições do médico anestesiologista: • conhecer as condições clínicas do paciente antes da realização de qualquer anestesia, salvo nas situações de urgência e emergência; • decidir sobre a realização ou não do ato anestésico; • realizar a consulta pré-anestésica para procedimentos eletivos, recomendando-se que seja feita em consultório médico, antes do internamento na unidade hospitalar; • proceder à avaliação pré-anestésica do paciente quando a consulta pré-anestésica não for realizada em tempo hábil, antes da admissão no centro cirúrgico; • permanecer dentro da sala de procedimento, monitorando e assistindo ao paciente até o fim do ato anestésico, para conduzir as anestesias gerais ou regionais com segurança; • prescrever, obrigatoriamente em prontuários, como fonte de documentos, todas as informações relativas à avaliação e prescriçãopré-anestésicas, bem como evolução clínica e tratamentos intra e pós-anestésico; • averiguar, antes do procedimento cirúrgico, as condições de segurança do ambiente para a prática da anestesia. De acordo com a mesma Resolução, é vedada a realização de anestesias simultâneas em pacientes distintos pelo mesmo profissional, ao mesmo tempo, ainda que seja no mesmo ambiente cirúrgico. ATENÇÃO Ainda sobre as atribuições dos anestesistas, Carvalho e Bianchi (2016) reforçam: • antes do procedimento anestésico, é imprescindível a verificação do funcionamento adequado de todos os equipamentos que serão utilizados para a sua realização; • deve-se monitorizar os sinais vitais do paciente em ficha própria durante a anestesia; • é preciso responder diretamente por todas as consequências decorrentes do ato anestésico; • deve-se colaborar com a execução do checklist cirúrgico antes da indução anestésica; • é preciso se responsabilizar pelo encaminhamento dos pacientes para a SRPA após a cirurgia, até a sua alta para a unidade de internamento. Segundo as autoras, o papel do anestesista no centro cirúrgico engloba inú- meros procedimentos que devem ser realizados exclusivamente por esse profissional. É extremamente importante que o médico anestesista permaneça ao lado do paciente durante todo o procedimento cirúrgico, prestando assistência e garantindo a segurança do paciente. 21 O Protocolo de Cirurgia Segura é implementado a partir de uma lista de verificação de segurança cirúrgica, que chamamos de “checklist cirúrgico”. Ela é utilizada para identificar, comparar e verificar o cumprimento às etapas críticas de segurança e, assim, minimizar os riscos evitáveis mais comuns, os quais colocam em risco a vida e o bem-estar dos clientes cirúrgicos. Esse protocolo deve ser feito antes da indução anestésica, antes do início da cirurgia/incisão na pele e ao término da cirurgia, antes de o paciente sair da SO. Os dez objetivos essenciais para a cirurgia segura são: 1. certificar-se de que é o paciente e o sítio cirúrgico corretos; 2. proteger o paciente da dor, minimizando os riscos da anestesia; 3. ter capacidade para reconhecer dificuldades respiratórias e um plano de ação pronto; 4. preparar-se para identificar e agir em caso de grande perda sanguínea; 5. evitar induzir reações alérgicas ou à medicação que tragam riscos ao paciente; 6. usar métodos para minimizar o risco de infecções de sítio cirúrgico; 7. evitar a retenção de compressas ou instrumentos em feridas cirúrgicas; 8. identificar, de maneira precisa, todos os espécimes cirúrgicos; 9. comunicar e trocar informações críticas sobre o paciente; 10. estabelecer vigilância de rotina sobre a capacidade, o volume e os resultados cirúrgicos. IMPORTANTE 6 EQUIPE DE ENFERMAGEM A história da cirurgia retrata, há muito tempo, a participação da enfermagem nos procedimentos cirúrgicos. Esses profissionais sempre estiveram presentes, proporcionando um espaço limpo, adequado e seguro, propício para a realização da cirurgia. No entanto, a sua atuação se resumia a esse trabalho. Atualmente, no entanto, com as evoluções tecnológica e científicas na saúde, graças aos cursos de enfermagem, esses profissionais estão a cada vez mais desenvolvendo competências para oferecer uma assistência no perioperatório de forma integral, individualizada e segura, conforme Carvalho e Bianchi (2016). Segundo a SOBECC (2017), a enfermagem, como parte da equipe multiprofissio- nal no centro cirúrgico, desenvolve uma assistência curativa e sistematizada, atuando de forma coletiva para promover uma melhor interação entre equipe, paciente e família. Para tanto, é de suma importância que os cuidados de enfermagem sejam realizados por profissionais capacitados para realizar procedimentos específicos e, às vezes, até de alta complexidade. A equipe de enfermagem se subdivide em enfermeiros, técnicos de enferma- gem, auxiliares de enfermagem e instrumentadores cirúrgicos. 22 Segundo a SOBECC (2017), o enfermeiro é o profissional habilitado e capaci- tado para desenvolver ações de gerenciamento e assistência de enfermagem em todas as etapas do ato anestésico-cirúrgico. Em algumas instituições, a função do enfermeiro é dividida em: • coordenação de enfermagem, que cuida da parte administrativa; • enfermeiro assistencial, que presta cuidados diretos ao paciente no procedimento cirúrgico. Em outros casos, apenas um profissional realiza as duas funções. Logo, exige maior organização do profissional e a priorização das atividades mais urgentes. Carvalho e Bianchi (2016) reiteram que o enfermeiro, de forma geral, tem suas atribuições voltadas para a coordenação, o ensino, a assistência e a pesquisa, mas, para atuar no centro cirúrgico, deve ter experiência e especialização na área, além de um bom relacionamento interpessoal e estabilidade emocional para desenvolver a assis- tência e habilidades em gerência de enfermagem. Segundo a SOBECC (2017), as principais atribuições dos enfermeiros assis- tenciais são: • realizar a sistematização da assistência de enfermagem perioperatória; • supervisionar as ações dos profissionais da equipe de enfermagem; • responsabilizar-se pelo provimento de recursos humanos necessários para o atendi- mento na SO, bem como do dimensionamento das atividades dos funcionários; • planejar antecipadamente a programação cirúrgica e providenciar os materiais ne- cessários para a realização dos procedimentos, além de checar peças implantáveis, quando necessário; • direcionar a montagem e desmontagem dos materiais e equipamentos na SO, bem como dar o encaminhamento a materiais para os locais adequados; • classificar a ordem dos procedimentos de acordo com o grau de complexidade clínica e cirúrgica dos pacientes; • gerenciar a manutenção de um ambiente livre de contaminação; • realizar as visitas pré e pós-operatórias, sendo que, quando não for possível, deverá recepcionar o paciente no centro cirúrgico; • conferir o preenchimento dos impressos e exames no prontuário, bem como a pulseira de identificação do paciente; • realizar o checklist cirúrgico em três momentos: antes da indução anestésica, antes do início da cirurgia/incisão na pele e ao término da cirurgia, antes de o paciente sair da SO; • auxiliar o anestesiologista durante o início do ato anestésico, caso a instituição não disponha de auxiliar de anestesia; • executar procedimentos de enfermagem, como cateterismo vesical, acesso venoso periférico, passagem de sonda gástrica e curativos ao fim ato cirúrgico; 23 • verificar o posicionamento correto de dispositivos como sondas, drenos, cateteres, placa dispersiva do bisturi elétrico, dentre outros; • prestar assistência ao paciente e à equipe, antes, durante e após o ato anestésico- cirúrgico; • checar resultados de exames laboratoriais quando realizados no período transopera- tório; • conferir e orientar ao circulante de sala o acondicionamento da peça cirúrgica e seu registro adequado; • participar da transferência do paciente da mesa cirúrgica para a maca e observar possíveis eventos adversos; • registrar todas as intercorrências e a evolução de enfermagem no prontuário do paciente; • auxiliar no encaminhamento do paciente para a SRPA ou outra unidade específica, quando houver necessidade; • cumprir as normas e rotinas institucionais. O enfermeiro coordenador, por sua vez, exerce atividades de gerenciamento no bloco cirúrgico, como planejar, organizar, dirigir, executar e avaliar os cuidados de enfermagem realizados nesse setor. A SOBECC (2017) classifica a assistência prestada pelo gerente de enfermagem em atividades relacionadas ao funcionamento da unidade, atividades técnico-administrativas, atividades assistenciais e atividades administrati- vas de pessoal. Segundo a SOBECC (2017), as atribuições do enfermeiro coordenador relacionadas ao funcionamento da unidade são: • contribuir coma elaboração de normas, rotinas e procedimentos do setor; • verificar a necessidade de materiais, equipamentos e instrumental cirúrgico, solicitando tais insumos para o setor; • contribuir com a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) e orientar para que sejam cumpridas as normas por toda a equipe; • elaborar escalas mensais e diárias de atividades dos funcionários; • resolver situações administrativas e assistenciais com respaldo científico. Já com relação às atividades técnico-administrativas e de pessoal, segundo a SOBECC (2017), as atribuições do enfermeiro coordenador são: • avaliar o desempenho da equipe; • estabelecer o perfil do profissional do centro cirúrgico; • planejar e participar de treinamentos de novos funcionários e dos já existentes; • dispor da educação permanente em saúde; • prover recursos humanos para realizar o ato anestésico-cirúrgico; • promover a qualidade da assistência. 24 Ainda sobre as atribuições do enfermeiro coordenador, com relação às atividades assistenciais, a SOBECC (2017) cita as seguintes: • conferir o agendamento de cirurgias; • direcionar a montagem da SO; • supervisionar o relacionamento interpessoal da equipe de enfermagem; • reconhecer os problemas e propor soluções; • notificar ocorrências e providenciar que todos os impressos sejam preenchidos corretamente. Os técnicos ou auxiliares de enfermagem trabalham em parceria e sob supervisão do enfermeiro. As atividades desenvolvidas por esses profissionais são consideradas de maior complexidade, no entanto, no centro cirúrgico, elas podem ser realizadas tanto pelo técnico como pelo auxiliar de enfermagem, conforme Carvalho e Bianchi (2016). Dentre as principais atividades realizadas pelos técnicos de enfermagem no centro cirúrgico, podemos mencionar a de circulante de sala. De acordo com as autoras, as atribuições dos técnicos ou auxiliares em enfermagem, como circulantes de sala, são as seguintes: • informar-se das cirurgias que estarão sob sua responsabilidade; • implementar o plano assistencial descrito pelo enfermeiro; • organizar materiais e equipamentos para serem utilizados no ato anestésico- cirúrgico; • receber o plantão conforme a rotina da instituição e se responsabilizar pela circulação da SO sob sua responsabilidade; • verificar a temperatura e iluminação da SO; • montar a SO de acordo com a programação cirúrgica; • recepcionar o paciente na entrada da SO; • realizar o encaminhamento do paciente com segurança para a SO; • ajudar na transferência do paciente da maca para a mesa cirúrgica, atentando-se para o posicionamento correto, mantendo a privacidade do paciente e a permeabilidade de cateteres e sondas, bem como a colocação da placa dispersiva do bisturi elétrico; • requisitar a manutenção de temperatura ideal em SO, considerando as necessidades individuais do paciente e da equipe cirúrgica; • abrir corretamente os materiais estéreis, utilizando as técnicas assépticas; • participar da realização do checklist cirúrgico; • auxiliar o anestesiologista na indução e reversão do procedimento anestésico; • solicitar a presença do enfermeiro assistencial responsável pela SO quando em situações imprevistas ou emergenciais; • não se ausentar da SO, a não ser que seja estritamente necessário; • quando necessário, verificar pacotes de gazes e compressas; • fazer o controle de materiais utilizados em SO para posterior reposição; 25 • identificar e encaminhar devidamente as peças cirúrgicas e os materiais para análise no decorrer da cirurgia; • auxiliar a transferência do paciente para a unidade recomendada; • registrar todas as informações no prontuário do paciente; • realizar à desmontagem da SO ao término do procedimento cirúrgico; • encaminhar os materiais contaminados à CME; • solicitar a equipe de higiene a limpeza da SO; • organizar o ambiente de trabalho, colaborando para manter boas condições de segurança ambiental para o paciente e para a equipe; • estar atento à realização das limpezas específicas da SO (preparatória, operatória, concorrente e terminal) segundo rotina institucional e normas da CCIH; • participar de treinamentos e programas de aperfeiçoamento oferecidos pela instituição. Segundo a SOBECC (2017), é recomendado que a assistência de enfermagem no perioperatório seja realizada pelo enfermeiro assistencial. Porém, quando não for possível, o técnico de enfermagem possui habilitação técnico-cientifica para desenvol- ver essa assistência. Dentre os tipos de limpeza do centro cirúrgico, de acordo com Carvalho e Bianchi (2016), temos: • preparatória: é a limpeza realizada antes do primeiro procedimento do dia, devendo ser precedida da retirada do pó das superfícies horizontais da SO, com o auxílio de tecido limpo embebido por um produto desinfetante indicado pela CCIH da instituição; • operatória: deve ser realizada imediatamente à ocorrência da sujidade, como no derramamento de substâncias acidentalmente no chão da sala. Para essa limpeza, deverá ser utilizado um pano de tecido ou não tecido descartável, limpo e umedecido; • concorrente: deve ser realizada após cada procedimento cirúrgico para remover toda a sujidade visível da SO, bem como organizar a sala. Essa limpeza envolve o descarte do material descartável, a retirada de materiais contaminados, além de piso e mobiliário utilizados na cirurgia, se tiver sujidade visível; • terminal: é a limpeza realizada ao fim de todos os procedimentos eletivos, diariamente. Deve ser completa e incluir pisos, paredes, equipamentos, móveis, leitos, macas, colchões, janelas, portas, pei- toris, varandas, grades do ar-condicionado, luminárias, teto, dentre outros equipamentos ou materiais utilizados. INTERESSANTE 26 Neste tópico, você aprendeu: • O centro cirúrgico é o ambiente destinado para realizar procedimentos anestésico- cirúrgicos. Deve estar localizado dentro da estrutura hospitalar, próximo às unidades de emergências e de terapia intensiva. De modo geral, seu ambiente interno deve conter salas de operação, sala de recuperação pós-anestésica e centro de material e esterilização. • As áreas do CC podem ser classificadas de acordo com o grau de assepsia, podendo ser restrita, semirrestrita e não restrita. As cirurgias podem ser classificadas quanto ao momento operatório, finalidade, risco cardiológico, potencial de contaminação e porte cirúrgico. A nomenclatura cirúrgica é definida pelo órgão que vai ser operado, juntando com procedimento a ser realizado (raiz + sufixo). É extremamente importan- te que os profissionais saibam os nomes dos procedimentos cirúrgicos. • Vários profissionais prestam assistência no centro cirúrgico: médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, além de outros profissionais, como profissionais da lim- peza, técnicos de raio-x, técnicos de laboratórios e biomédicos. A equipe cirúrgica propriamente dita é composta basicamente por cirurgião, auxiliar do cirurgião, anes- tesista, instrumentador cirúrgico e circulante de sala. • Na equipe cirúrgica, o cirurgião titular é o principal responsável pelo procedimen- to realizado. O enfermeiro pode atuar como gerente de unidade ou enfermeiro as- sistencial. De modo geral, os técnicos de enfermagem desenvolvem as funções de circulante ou, ainda, de instrumentador cirúrgico, e o médico anestesiologista é o responsável direto pelo procedimento anestésico. RESUMO DO TÓPICO 1 27 AUTOATIVIDADE 1 A assistência ao paciente no perioperatório deve ser realizada por uma equipe capacitada e comprometida com bem-estar e a segurança do paciente. A equipe de enfermagem desenvolve suas atividades na equipe cirúrgica de várias maneiras, podendo, ainda, desempenhar as funções de circulante de sala e de instrumentação cirúrgica. SOBECC. Diretrizes de práticas em enfermagem cirúrgica e processamento de produtos para a saúde. 7.ed. São Paulo: SOBECC, 2017. Sobre as atribuições do circulante de sala, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) Verificar a temperatura e iluminação da SO. ( ) Realizar a programação diária de cirurgias. ( ) Responsabilizar-se diretamente pelo procedimento anestésico. ( ) Checar o funcionamento do sistema de gases, equipamentos e materiais a serem utilizados nos procedimentos anestésico-cirúrgicos sob sua responsabilidade. ( ) Seguir o agendamento cirúrgico e a programação feita pelo enfermeiro. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – V – V – V. b) ( ) V – F – F – V – V. c) ( ) F – V – V – V – F. d) ( ) F – F – V – F – F. 2 A equipe cirúrgica geralmente está dividida em três grupos: equipe de médicos cirurgiões, equipe de médicos anestesiologistas e equipe de enfermagem. A equipe precisa desenvolver suas atividades no sentido de promover a segurança do paciente e o êxito no procedimento cirúrgico. Sobre a equipe médica, analise as sentenças a seguir: I- O médico cirurgião ou cirurgião titular é o profissional responsável pelo ato cirúrgico e pela composição da equipe, pela técnica cirúrgica empregada e por direcionar o procedimento e a equipe. II- O cirurgião titular não precisa, nem deve colaborar com a realização do checklist cirúrgico. III- O anestesista é o responsável por controlar as funções clínicas do paciente durante todo o período operatório. IV- O anestesista pode realizar vários procedimentos anestésicos simultaneamente. 28 Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) As sentenças II e IV estão corretas. c) ( ) As sentenças I e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 3 As posições cirúrgicas são as diversas maneiras das quais o paciente pode ser colocado para realizar a intervenção cirúrgica. Esse posicionamento deve favorecer a execução do procedimento. No entanto, é de suma importância estar atento ao conforto do paciente, para não provocar lesões musculares ou ortopédicas. Considerando as posições cirúrgicas, analise as sentenças a seguir: I- A posição de decúbito ventral é utilizada nas cirurgias de coluna vertebral. II- A posição de Fowler favorece a oxigenação do paciente, podendo ser utilizada quando o paciente apresentar dispneia durante o procedimento cirúrgico. III- Na posição de trendelenburg, a parte superior do tronco fica inclinada para baixo. Essa posição é recomendada para cirurgias abdominais, pois facilita a visualização dos órgãos pélvicos. IV- A posição de SIMS é a recomendada para as cirurgias renais. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Somente a sentença I está correta. b) ( ) Somente a sentença IV está correta. c) ( ) Somente a sentença III está correta. d) ( ) As sentenças I, II, III e IV estão corretas. 4 O centro cirúrgico é um ambiente da estrutura hospitalar regido por normas assépticas rigorosas. Portanto, os profissionais que atuam nessa unidade precisam respeitar as normas estabelecidas, para não ocasionar quebra da assepsia cirúrgica. Uma das normas ressalta que a circulação de pessoas e equipamentos deve ser restrita. Considerando tais informações, descreva as áreas assépticas do bloco cirúrgico. 5 O centro cirúrgico é o local apropriado para a realização de intervenções cirúrgicas, na atualidade os procedimentos cirúrgicos estão cada vez mais sendo utilizado para diagnóstico e tratamento de doenças. A unidade cirúrgica deve estar interligada com outras unidades hospitalares, como emergência e unidades de terapia intensiva, para facilitar o transporte dos pacientes. A estrutura interna do CC apresenta três setores, que são essenciais a assistência perioperatória, descreva-os enfatizando suas características. 29 COMUNICAÇÃO ENTRE A EQUIPE UNIDADE 1 TÓPICO 2 — 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, abordaremos a importância da comunicação entre os componen- tes de uma equipe, iniciando com os conceitos de comunicação, para entendermos me- lhor como se dá esse processo em todos os ambientes e, principalmente, no trabalho. É importante reconhecermos que, na área da saúde, precisamos interagir com várias pessoas, como colegas de profissão, pacientes, familiares e demais sujeitos que circundam nosso mundo de trabalho. Frente a isso, precisamos desenvolver interações que nos permitam trocas construtivas e transformadoras, melhorando cada vez mais a maneira como nos socializamos. É por meio da comunicação que as pessoas influenciam umas as outras. Sem ela, as inovações não seriam possíveis, assim como também não haveria socialização. Portanto, a comunicação é a essência humana, uma vez que é por meio dela que conseguimos construir conhecimentos e desenvolver o processo criativo. De acordo com Dolzan (2021), nas organizações, uma comunicação assertiva é vital e indispensável para o processo de trabalho, abrindo espaço para socialização inteligentes e inovadoras. Além disso, precisamos estabelecer conexões, relações cordiais e respeitosas em todos os ambientes em que convivemos, visto que uma boa comunicação nos possibilita oportunidades de desenvolvimento humano e constante aprendizado. Mas o que seria uma comunicação efetiva? E quanto à comunicação assertiva? Alguns podem pensar que, por saber falar, ter voz ou saber Língua Brasileira de Sinais (Libras), certamente, sabe-se comunicar. Não estaria errado, mas pode ser que essa comunicação não seja suficiente para se fazer entender de forma eficiente ou, ainda, ser eficaz na resolução de um conflito. Logo, a partir de agora, vamos compreender o processo de comunicação entre as pessoas no trabalho e, principalmente, como melhorar a forma de nos comunicarmos. 30 2 CONCEITOS DE COMUNICAÇÃO A comunicação é conceituada, segundo Dolzan (2021), como um ato de transmitir e receber uma mensagem. Pode ser, ainda, um aviso ou uma informação. A comunicação também pode ser considerada uma necessidade humana básica, pois nós, seres humanos, precisamos nos comunicar para vivermos em sociedade. Nesse sentido, a comunicação é primordial para as relações humanas, podendo ser realizada de diversas maneiras. No entanto, ela só é considerada efetiva quando a mensagem é recebida e entendida plenamente. De acordo com Weiss et al. (2018), a comunicação e a linguagem se entrelaçam, considerando que essa última é um conjunto de sistema de sinais estabelecidos que nos possibilita realizar ações de comunicação. Os autores, ainda, completam que existem várias linguagens e comunicações, como a Libras, a nossa fala, os sinais de trânsito – em resumo, as linguagens verbais e as linguagens não verbais. A linguagem verbal é aquela em que utilizamos palavras para nos comunicar- mos, podendo ser de forma oral ou escrita: caracterizada pelo uso de palavras, é composta por dois tipos: - comunicação oral, realizada por meio de sinais orais e fala – caso de palavras, choro, risada, grito, dentre outros; - comunicação escrita, que é realizada por códigos escritos – letras, símbolos gráficos, logotipos fazem parte deste tipo de comunicação (DOLZAN, 2021, p. 41). Já a linguagem não verbal é aquela que não utiliza palavras para se comuni- car. Ela ocorre por meio de gestos, sons, cores, imagens, dentre outras possibilidades. Esse tipo de linguagem também serve para incrementar o que falamos. Como exemplos da linguagem não verbal, temos os sinais de trânsito, em que a mensagem é repassada pelas cores; e a Libras, que se efetiva por gestos, conforme Weiss et al. (2018). Para Menezes e Feitosa (2015), a Libras é uma língua natural utilizada pela maioria dos surdos do Brasil para se comunicar. É uma língua pronunciada pelo corpo e percebida pela visão. Logo, para aprender Libras, é necessário atenção visual,
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