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REVISÃO TÉCNICA 
Clio Nudel Radomysler 
Pesquisadora no Centro de Ensino e Pesquisa em Inovação da FGV 
Direito SP. Mestre em Direito Constitucional pela Faculdade de 
Direito da Universidade de São Paulo (FD/USP) e graduada em 
Direito pela FD/USP. 
 
 
 
APRESENTAÇÃO DO CURSO ......................................................................................................................................... 1 
OBJETIVOS ................................................................................................................................................................................................. 1 
Objetivo geral ............................................................................................................................................................................. 1 
Objetivos específicos ............................................................................................................................................................ 2 
AUTORES DA APOSTILA .................................................................................................................................................................. 2 
ESTRUTURA DO CURSO .................................................................................................................................................................. 3 
BIBLIOGRAFIA COMENTADA ........................................................................................................................................................4 
INICIANDO O ESTUDO ..................................................................................................................................................... 5 
UNIDADE I – INTERNET E SAÚDE MENTAL ............................................................................................................. 7 
DEPENDÊNCIA, ANSIEDADE E DEPRESSÃO .................................................................................................................... 9 
PROBLEMAS RELACIONADOS AO SONO ......................................................................................................................... 11 
BAIXA AUTOESTIMA EM RELAÇÃO AO CORPO .......................................................................................................... 12 
“MEDO DE FICAR POR FORA” (FOMO) ................................................................................................................................. 13 
NOVOS TEMPOS, NOVAS SÍNDROMES ............................................................................................................................. 14 
CINCO DICAS PARA LIDAR MELHOR COM O USO DAS REDES SOCIAIS ................................................. 15 
UNIDADE II – CORPO SÃO ............................................................................................................................................ 17 
SEDENTARISMO .................................................................................................................................................................................. 17 
PROBLEMAS DE COLUNA............................................................................................................................................................ 18 
PROBLEMAS DE VISÃO .................................................................................................................................................................. 19 
DANOS CAUSADOS POR “DESAFIOS” .................................................................................................................................20 
UNIDADE III – O QUE FAZEM OS ADOLESCENTES NA INTERNET? ........................................................... 23 
RECAPITULANDO ............................................................................................................................................................ 26 
GLOSSÁRIO........................................................................................................................................................................ 29 
 
 
 
 
 
 
1 
 
 
Definitivamente, a internet modificou os hábitos das pessoas, seja quanto ao modo como elas 
se relacionam umas com as outras, seja quanto ao tempo que passam em frente às telas de celulares, 
tablets e notebooks. Obviamente, essas mudanças de hábito trouxeram impactos significativos à saúde 
das pessoas – alguns positivos e outros tantos negativos. Quanto aos impactos negativos, podemos 
citar os casos de depressão e ansiedade, relacionados ao bem-estar mental, assim como o 
sedentarismo e os problemas de postura, referentes ao bem-estar físico. 
Tentar entender tais impactos pode ser a melhor forma de preveni-los e combatê-los. Isso é 
importante não só para aqueles que sofrem com casos graves mas também para sociedade em geral, 
já que somos todos afetados de alguma forma, alguns mais, outros menos. Aliás, devemos ressaltar 
que as crianças e os adolescentes são especialmente suscetíveis aos problemas relacionados à saúde e 
ao uso excessivo/indevido da internet. Essa suscetibilidade é devida não só ao fato de estarem em 
fase de desenvolvimento mas também ao fato de esse ser um grupo da população com intensa 
exposição à internet e às redes sociais. 
Considerando esse contexto, este curso apresentará um panorama geral acerca dos principais 
problemas causados pela internet à saúde mental e física, ressaltando estratégias para lidar com tais 
problemas na prática. 
OBJETIVOS 
OBJETIVO GERAL 
Entender os principais impactos da internet na saúde das pessoas, especialmente dos 
adolescentes. 
APRESENTAÇÃO 
DO CURSO 
 
 
 
 
 
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OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
• identificar os impactos da internet na saúde dos usuários; 
• enxergar alguns dos efeitos específicos da internet na saúde dos adolescentes e 
• visualizar formas de prevenir e combater os impactos negativos da internet à saúde. 
AUTORES DA APOSTILA 
 
Cesar Andre Machado de Morais 
é mestrando em Direito e Desenvolvimento pela Faculdade de 
Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV 
Direito SP) e bacharel em Direito pela Universidade de São 
Paulo (USP). Atua como pesquisador do Centro Internacional 
de Direitos Humanos de São Paulo (CIDHSP) da Academia 
Paulista de Direito (APD). 
 
Guilherme Forma Klafke 
é doutorando (2019) e mestre (2015) em Direito Constitucional 
pela Universidade de São Paulo e bacharel (2011) em Direito 
pela Universidade de São Paulo. Atua como colaborador na 
Sociedade Brasileira de Direito Público desde 2011, onde 
coordenou a Escola de Formação Pública (2017), e também 
como líder de projetos e pesquisador no Centro de Ensino e 
Pesquisa em Inovação da FGV Direito SP. Foi professor de 
Filosofia do Direito na Faculdade de Direito de São Bernardo 
do Campo (2017-2018). Atualmente, coordena e desenvolve 
pesquisas nas áreas de Direito Constitucional, Jurisdição 
Constitucional, Ensino Jurídico, Ensino Participativo, Direitos 
Humanos Digitais e Filosofia do Direito. 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
Stephane Hilda Barbosa Lima 
é doutoranda (2019) em Teoria do Estado pela Universidade de 
São Paulo, mestre (2018) em Direito Constitucional pela 
Universidade Federal do Ceará, especialista (2016) em Direito 
Tributário e Processo Tributário pela Escola Jurídica Juris e 
graduada (2014) em Direito pela Universidade Federal do 
Ceará. Atua como pesquisadora no Centro de Ensino e Pesquisa 
em Inovação da FGV Direito SP. Atualmente, desenvolve 
pesquisas e atividades de ensino nas áreas de Ensino Jurídico, 
Metodologias Participativas, Direitos Humanos Digitais, 
Direito Educacional, Educação Digital e Regulação. 
 
Tatiane Guimarães 
é graduada (2019) em Direito pela Pontifícia Universidade 
Católica de São Paulo e atua como pesquisadora no Centro 
de Ensino e Pesquisa em Inovação da FGV Direito SP. 
 
ESTRUTURADO CURSO 
Neste curso, vamos abordar o conteúdo relativo à saúde física e mental na internet por meio 
da seguinte estrutura: 
 
• Iniciando o estudo 
Inicialmente, apresentaremos alguns casos hipotéticos e esboçaremos, brevemente, as 
correlações entre o uso da internet e a saúde tanto física quanto mental das pessoas. 
 
• Unidade 1: Internet e saúde mental 
Na unidade 1, analisaremos, especificamente, as implicações do uso da internet para a saúde 
mental e o bem-estar dos usuários, tratando não só dos benefícios mas também dos malefícios, 
como o incentivo aos quadros de depressão e ansiedade, por exemplo. 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
• Unidade 2: Corpo são 
Na unidade 2, analisaremos as implicações da internet à saúde física dos usuários, tratando, 
assim como na unidade 1, dos benefícios e dos malefícios. 
 
• Unidade 3: O que fazem os adolescentes na internet? 
Na unidade 3, buscaremos compreender o comportamento dos adolescentes na internet, de 
modo a identificar as maiores ameaças do mundo virtual à saúde física e mental dos jovens. 
BIBLIOGRAFIA COMENTADA 
COMO o uso das redes sociais impacta nossa saúde mental? Bluevision, 22 abr. 2019. Disponível em: 
https://bluevisionbraskem.com/desenvolvimento-humano/como-o-uso-de-redes-sociais-impacta-
nossa-saude-mental/. Acesso em: 7 maio 2019. 
O artigo traz os resultados de uma série de estudos e pesquisas sobre o impacto das redes 
sociais na saúde mental e, ao final, indica como seria possível fazer uma desintoxicação 
de todos os malefícios provocados por esse ambiente. 
 
ICONS for everything. Noun Project. Disponível em: https://thenounproject.com/. Acesso em: 
7 maio 2019. 
O site disponibiliza ícones variados, criados por uma comunidade global. Os ícones 
utilizados nesta apostila são provenientes desse site. Você também pode usá-los nos seus 
trabalhos e indicar o site aos estudantes. 
 
NEVES, Andressa. Como as redes sociais podem ajudar na saúde mental das pessoas? Canaltech, 
Mercado, 22 abr. 2016. Disponível em: https://canaltech.com.br/mercado/como-a-internet-pode-
auxiliar-pessoas-que-sofrem-de-problemas-psicologicos-63345/. Acesso em: 7 maio 2019. 
O artigo traz uma visão positiva da internet como local de acolhimento para aqueles que 
sofrem problemas psicológicos e é interessante por trazer uma nova visão sobre o tema. 
 
#STATUSOFMIND: social media and young people’s mental health and wellbeing. Royal Society 
for Public Health, [20--]. Disponível em: https://www.rsph.org.uk/our-work/campaigns/status-of-
mind.html. Acesso em: 10 maio 2019. 
O site, em inglês, apresenta um relatório elaborado pela Royal Society for Public 
Health (RSPH), uma instituição de caridade educacional e de campanha independente 
dedicada a melhorar e proteger a saúde de pessoas no Reino Unido e no mundo. O 
relatório aborda, de modo aprofundado, questões referentes aos impactos negativos e 
positivos das redes sociais à saúde dos jovens.
 
 
 
 
 
Provavelmente você vivencia ou já vivenciou as seguintes situações: 
 Grupo da família – foi criado um grupo no WhatsApp como forma de manter a 
comunicação entre familiares que vivem em regiões distantes umas das outras. Sendo 
assim, parentes que moram em estados como Alagoas, São Paulo e Mato Grosso passam 
horas em conversas “ao vivo”. 
 Insônia e redes sociais – Antes de dormir, você sempre acessa as suas redes sociais. 
Quando decide parar e, finalmente descansar, volta a pegar no celular algum tempo 
depois, mesmo sabendo que não vai encontrar nenhuma novidade ou atualização por lá, 
o que resulta em um sono entrecortado. Você percebe que esse comportamento gera mal-
estar e ansiedade, mas não sabe como se livrar dele. 
 A perfeição da vida alheia – No feed de notícias das suas redes sociais, você vê, com 
frequência, os seus colegas felizes, compartilhando conquistas pessoais e profissionais, 
assim como fotos de viagens nas quais aparentam estar em forma, com um corpo incrível. 
No entanto, ao invés de ficar contente por eles, você se sente mal, pois nada daquilo está 
acontecendo na sua vida. Você pensa então que está vivendo de forma errada e que a falta 
de sucesso é culpa sua. 
 
Mesmo que você já tenha vivenciado um ou mais dos casos apresentados, talvez não lhe tenha 
parecido óbvia a relação entre esses acontecimentos e a sua saúde física ou mental. Isso acontece 
porque, na correria do dia a dia, situações como as descritas são tão recorrentes que, muito 
dificilmente, paramos para analisar o seu efeito no nosso estado emocional e no nosso humor. 
Geralmente, esses casos passam desapercebidos, e fica difícil entender se o nosso comportamento 
na internet contribui para que nos sintamos bem ou mal. Mesmo que já tenhamos notado esses 
efeitos, muitas vezes, é difícil se livrar dos hábitos que adquirimos e que sabemos serem prejudiciais 
ao nosso bem-estar. 
INICIANDO O ESTUDO 
 
 
 
 
 
6 
 
 
Essas questões podem ser ainda mais complicadas quando pensamos nos nossos filhos, alunos 
e outros adolescentes que estão no nosso círculo de convivência, bem como no tempo que eles 
passam em frente aos celulares, tablets e computadores. Mesmo que fiquemos preocupados com a 
saúde deles nessa rotina virtual, geralmente, é difícil pensar em como os controlar ou dar conselhos 
para precavê-los dos efeitos nocivos do uso intensivo da internet. 
Este curso foi criado pensando justamente nesse quadro e pode ser útil para alterá-lo. Nele 
vamos entender quais são as principais implicações do uso da internet para a nossa saúde mental e 
física, assim como os efeitos específicos na saúde dos adolescentes. Veremos ainda que, apesar dos 
efeitos negativos, é possível adotar práticas que favoreçam um uso saudável não só de computadores 
e celulares, mas também da internet e das redes sociais de um modo geral. 
 
 
 
7 
 
 
Se você usa a internet com frequência, provavelmente já notou que passar horas e horas em 
frente ao celular ou computador pode afetar o seu humor e o seu estado emocional tanto positiva 
quanto negativamente. Agora, é curioso que, ao pensar no tema “internet e saúde mental”, 
geralmente lembramos só dos efeitos negativos, não é mesmo? Talvez isso aconteça porque, de fato, 
a internet pode desencadear problemas seríssimos à saúde, como ansiedade e depressão. No entanto, 
a internet também pode contribuir para o nosso bem-estar, permitindo-nos, por exemplo, conversar 
com pessoas queridas que estão longe, como vimos na situação Grupo da família. Essa pode ser 
uma forma bastante saudável e prazerosa de usar a internet. 
Por conta de todas as características da vida moderna, muitas vezes, as pessoas vão morar 
longe dos seus familiares e amigos, passando grande parte do tempo sozinhas ou, apesar de terem 
companhia, sentem falta daquela conversa com familiares e amigos de longa data, com quem têm 
vínculos profundos e histórias compartilhadas. 
Segundo uma publicação da Harvard Medical School (2016), pessoas que permanecem em 
contato com amigos e familiares tendem a ser mais saudáveis, e essa comunicação é facilitada pela 
internet, podendo ocorrer por meio de: 
• e-mails; 
• redes sociais, que permitem postar fotos e atualizar informações sobre a sua vida, bem 
como ver as postagens de amigos e familiares, e 
• aplicativos de vídeo “ao vivo” como o Skype, que permitem que você e outra pessoa se 
vejam enquanto conversam. 
 
Ainda de acordo com a Harvard Medical School (2016), a internet também pode ser 
utilizada em prol da saúde de pessoas que sofrem de doenças como depressão e síndrome do 
pânico. Como têm dificuldade de sair de casa e socializar, elas encontram um ambiente de 
acolhimento no meio virtual. Esse é o caso, por exemplo, de canais de vídeo ou comunidades 
UNIDADE I – INTERNET E SAÚDE MENTAL 
 
 
 
 
 
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criadas em redes sociais para reunir indivíduos de lugares diferentes que estão passando por uma 
mesma doença, o que lhes permiteobter identificação e empatia, compartilhar angústias e 
vitórias, bem como criar laços uns com os outros. 
Por outro lado, a publicação ressalta que não existem evidências de que a internet possa prevenir 
a solidão e a depressão, ainda que, do ponto de vista afetivo e das conexões familiares, esses sites e 
dispositivos sejam bastante úteis. Um dos professores entrevistados enfatiza ser importante termos em 
mente que a internet não substitui as interações face a face, sendo apenas um complemento. 
De fato, apesar dos efeitos positivos atribuídos ao uso da internet, uma série de pesquisas em 
todo o mundo ressalta os efeitos negativos que o uso constante pode trazer a determinadas pessoas. 
Especificamente em relação às redes sociais, um estudo apresentado pela Royal Society For Public 
Health (RSPH, 20--) mostra que os principais efeitos negativos são: 
• ansiedade e depressão; 
• problemas de sono; 
• problemas de autoestima relacionados à imagem do corpo; 
• cyberbullying e 
• um fenômeno bastante recente, que é o “medo de ficar por fora” (Fomo – fear of missing 
out, na sigla em inglês). 
 
Vamos descrever, brevemente, cada um desses efeitos a seguir, com exceção de cyberbullying, 
já que temos um curso específico sobre esse tema. 
 
Figura 1 – Ambiente virtual 
 
Fonte: Shutterstock 
 
 
 
 
 
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Dependência, ansiedade e depressão 
Dependência, ansiedade e depressão talvez sejam os efeitos negativos sobre os quais mais 
falamos quando o assunto é uso excessivo/indevido da internet. Isso acontece porque, segundo 
vários especialistas, o mundo virtual pode vir a ser uma fuga da realidade, tornando-se parte de um 
ciclo em que o indivíduo, que já têm propensões à ansiedade e depressão, diminui ainda mais as 
chances de socializar. 
 
Para obter mais informações sobre dependência em internet, acesse: 
https://extra.globo.com/noticias/saude-e-ciencia/dependencia-em-internet-pode-causar-
depressao-transtornos-como-nomofobia-19534756.html. 
 
Especificamente em relação às redes sociais, Elton Kanomata, médico psiquiatra do Hospital 
Israelita Albert Einstein explica que “quanto mais a pessoa se refugia nas redes sociais, mais reforça 
os seus problemas no mundo real” (PRATA, 2017). Nesse sentido, Rodrigo Leite, coordenador do 
ambulatório do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, afirma que as redes sociais, por si 
só, não levam a quadros de depressão. No entanto, o uso intensivo ou indevido da internet pode 
estar atrelado a dois cenários semelhantes: 
• pessoas que têm o quadro já consolidado de depressão usam a internet para buscar o 
convívio social, uma vez que têm dificuldade de buscar essas relações no mundo real e 
• pessoas que tinham apenas a predisposição acabam desenvolvendo a doença nesse processo. 
 
A pessoa passa a usar a internet para distrair-se de uma situação difícil da vida real, tentando, 
por exemplo, compensar a baixa autoestima, a falta de habilidade social e até transtornos 
psiquiátricos. Nesse contexto, a dependência não é caracterizada apenas pelo número de horas que 
o indivíduo passa na internet, mas sim pelo efeito que esse comportamento gera no usuário. Por 
exemplo, algumas pessoas passam muitas horas em frente ao computador trabalhando ou 
estudando, o que não significa que elas sejam dependentes. 
A caracterização da dependência digital 
em si requer a presença de efeitos como 
a perda da capacidade laboral e da 
vontade ou habilidade de socializar, entre 
outros prejuízos. 
 
 
 
 
 
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Para obter mais informações sobre como o uso excessivo da internet pode estar atrelado a 
efeitos como a depressão, acesse: https://emais.estadao.com.br/noticias/comportamento,uso-
excessivo-das-redes-sociais-pode-ser-indicativo-de-depressao,70001777894. 
 
Ainda que fuja às possibilidades deste curso a definição dos efeitos de dependência, ansiedade 
e depressão, é possível perceber há uma forte relação entre eles. De forma bastante geral, podemos 
caracterizá-los da seguinte forma: 
 
 Dependência: 
A dependência pode ser caracterizada como um mecanismo de fuga emocional a partir do qual o 
indivíduo obtém prazer ou alívio, mas, como consequência, acaba prejudicando-se de alguma forma. 
 
 Ansiedade: 
A ansiedade refere-se a sintomas como aflição, angústia, perturbação do espírito e falta de 
controle sobre pensamentos ou atitudes, que persistem independentemente da vontade da 
pessoa (BRASIL, 2015). 
 
 Depressão: 
A depressão pode ser caracterizada “por uma tristeza profunda, associada a sentimentos de 
amargura, desesperança, baixa autoestima, assim como distúrbios de sono e apetite” (VARELLA 
BRUNA, [20--]). 
 
Em algumas situações, todos esses efeitos acabam se misturando, como no caso da 
dependência digital, em que a falta da internet pode causar reações semelhantes àquelas enfrentadas 
pelos dependentes químicos. 
Na verdade, mesmo em casos leves, é possível perceber alguns desses efeitos minimamente. 
Você lembra da situação hipotética Insônia e redes sociais, que apresentamos na introdução do 
curso? Nela mostramos um caso em que “você” entra compulsivamente em determinada rede social, 
o que acaba lhe gerando ansiedade e mal estar. Ainda que essa seja uma situação corriqueira na vida 
de muitas pessoas, é importante que você preste atenção a esses comportamentos e tome medidas 
como controlar o tempo gasto na internet, de modo a prevenir maiores prejuízos à sua saúde mental. 
Existem alguns estudos que apontam a correlação entre internet e efeitos como os descritos 
de maneira bastante evidente. Apenas à título ilustrativo, vale mencionarmos uma pesquisa 
interessante que foi conduzida por cientistas do Departamento de Psicologia da Universidade da 
Pensilvânia, nos EUA. A equipe analisou a experiência de 143 estudantes, na faixa etária de 18 a 22 
anos, com as três redes sociais mais populares entre os jovens dessa idade. Resumidamente, os 
estudantes observados foram divididos em dois grupos, um em que poderiam usar o celular sem 
 
 
 
 
 
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restrição, e outro em que só teriam 10 minutos por dia em cada rede social. Ao final da pesquisa, 
os cientistas concluíram que usar as redes sociais por menos tempo leva a reduções expressivas de 
depressão e solidão, o que, conforme os próprios pesquisadores ressaltaram, não sugere a eliminação 
das redes sociais, mas mostra que limitar o tempo de uso dessas redes é uma boa ideia, conclusão 
essa que vamos explorar melhor mais adiante. 
 
Para obter mais informações sobre como o uso constante da internet pode aumentar a 
depressão e a solidão, acesse: https://vivabem.uol.com.br/noticias/redacao/2018/11/09/uso-
constante-de-redes-sociais-aumenta-depressao-e-solidao-segundo-estudo.htm. 
Problemas relacionados ao sono 
A publicação do RSPH (20--) mostra que a saúde mental e a qualidade do sono estão 
intimamente ligadas: um quadro ruim de saúde mental pode levar a péssimas noites de sono e vice-
versa. Além disso, os problemas relacionados ao sono podem ter consequências físicas bastante 
graves, como aumento da pressão sanguínea, diabetes, obesidade, ataque do coração e derrame. 
Nesse sentido, vários estudos têm mostrado que o aumento do uso das redes sociais está 
significativamente associado à piora da qualidade de sono das pessoas, principalmente quando 
aparelhos como celulares, notebooks e tablets são usados durante a noite, uma vez que o uso das luzes 
de LED antes de dormir pode bloquear processos no cérebro que conduzem à sensação de 
sonolência. Dessa forma, as pessoas acabam demorando mais para dormir ou acordam durante a 
noite, o que, no final, rende-lhes um menor número de horas de sono por noite, como descrevemos 
na situação hipotética Insônia e redes sociais. 
Somados, todos esses efeitos mentais e físicos formam um ciclo vicioso, conforme ilustrado 
na imagem a seguir. 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 2 – Ciclo viciosocausado pelos efeitos mentais e físicos provenientes 
do uso excessivo da internet. 
 
Fonte: Adaptado de RSPH (20--). 
Como podemos observar na figura apresentada, a falta de sono conduz ao cansaço, que, por 
sua vez, leva a piores desempenhos na vida cotidiana, resultando em sentimentos de baixa autoestima 
e estresse, o que, por seu turno, acaba levando, novamente, à falta de sono, e assim por diante. 
Baixa autoestima em relação ao corpo 
Na situação hipotética A perfeição da vida alheia, apresentada na introdução do curso, 
falamos sobre um caso em que “você” fica angustiado por entrar nas redes sociais e ver como vários 
dos seus colegas estão felizes e são bem-sucedidos, uma vez que aparentam, entre outras 
características, estar com o corpo em forma e com os exercícios físicos em dia, o que faz com que 
você se sinta culpado por não ter um corpo igual ao deles. 
Essa situação traz à tona a questão do impacto da internet e das redes sociais na autoestima 
das pessoas, especificamente em relação à sua aparência e ao seu corpo. Para além dos padrões de 
beleza a que somos expostos desde muito cedo, as redes sociais permitem que nos comparemos com 
pessoas próximas, o que aumenta ainda mais a pressão por ter um “corpo bonito”. É comum 
pensarmos que podíamos muito bem estar com o mesmo corpo que o dos nossos colegas e que isso 
só não acontece por falta de esforço ou persistência da nossa parte. 
 
falta de sono
cansaço
dificuldade 
em lidar 
com a vida 
cotidiana
baixa 
autoestima
sensação 
de 
preocupação 
ou estresse
 
 
 
 
 
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Essa visão distorcida e irracional surge, geralmente, de forma involuntária em nossas mentes 
e faz com que ignoremos duas questões importantes: 
• precisamos entender que tudo o que vemos na internet é apenas um recorte do mundo 
real, e que as imagens ali apresentadas são, comumente, manipuladas para mostrar as 
coisas de uma forma muito mais “bonita” do que realmente são e 
• não faz sentido compararmos o nosso corpo com o dos nossos colegas, uma vez que cada 
pessoa tem características próprias, incluindo um metabolismo que varia muito de pessoa 
para pessoa. Nada garante, por exemplo, que, ao seguir a mesma dieta, você terá os 
mesmos resultados que o seu amigo teve. 
Acontece que falar é fácil! Na prática, é 
muito difícil não nos sentirmos afetados por 
essas imagens que vemos todos os dias 
nas redes sociais. 
Esse problema afeta sobretudo as mulheres, tendo em vista que, historicamente, elas são 
mais cobradas pela aparência física que os homens, reflexo este da discriminação de gênero 
presente na sociedade. 
Segundo a publicação divulgada pelo RSPH (20--), nove em cada 10 garotas adolescentes 
afirmam estar descontentes com o seu corpo. Ainda de acordo com a mesma publicação, estudos 
científicos têm mostrado que as preocupações em relação à imagem do corpo de jovens garotas 
e mulheres que passam curtos períodos no Facebook são maiores que as das mulheres que não 
usam essa rede. 
Outros estudos também mostram que, após despender certo tempo no Facebook, as garotas 
expressam um desejo aumentado de mudar a aparência, como características do rosto, do cabelo e da 
pele. Além disso, está provado que as redes sociais estão por trás do aumento na procura por cirurgias 
plásticas pelas novas gerações, que o fazem na tentativa de ter uma melhor imagem nas fotos. 
“Medo de ficar por fora” (Fomo) 
Basicamente, o “medo de ficar por fora” – ou Fomo (fear of missing out), na sigla em inglês – 
diz respeito à preocupação com a possibilidade de que outras pessoas tenham boas experiências que 
você não tem, ou que eventos sociais e outras atividades agradáveis estejam acontecendo sem que você 
se inteire sobre elas. Dessa forma, o Fomo é caracterizado pela necessidade constante de estar 
conectado ao que as outras pessoas estão fazendo, de modo a nunca “ficar por fora”. Por óbvio, a 
melhor forma de estar frequentemente conectado a esses eventos e atividades é por meio das redes 
sociais. Esse talvez seja o efeito mais inusitado do uso excessivo/indevido da internet e das redes sociais. 
 
 
 
 
 
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O Fomo está ligado ao excessivo compartilhamento de fotos e vídeos no Facebook e no 
Instagram, por exemplo, bem como à frequência com que as pessoas entram nessas redes sociais para 
ver se há alguma novidade, como na situação hipotética Insônia e redes sociais, que apresentamos 
no início do curso. Nela “você” entra, compulsivamente, em determinada rede social, mas acaba não 
encontrando nenhuma atualização por lá. O grande problema é que esse comportamento pode indicar 
vício nas redes sociais e causar desde mau humor até depressão. De acordo com estudos psiquiátricos, 
a angústia social decorrente desse comportamento ocorre porque a relação das pessoas com a 
tecnologia ainda é bastante imatura, o que as leva a realizar “ostentações” nas redes sociais, local onde 
elas, geralmente, sentem a necessidade de aparecerem momentos de felicidade e realização. 
Por outro lado, existe a ideia de que o Fomo não é necessariamente uma doença nem um 
transtorno, mas sim um fenômeno, já que algumas pessoas cultivam essa prática de maneira 
controlada, diferentemente de um vício. A ideia é que certos usuários valorizam muito 
determinados espaços e redes sociais, e querem estar conectados maximamente a eles, 
compartilhando os seus pensamentos e comunicando-se com as pessoas chegadas. Ainda assim, 
entendemos que, dependendo do grau de intensidade, essa prática pode prejudicar a vida cotidiana 
do indivíduo, principalmente de adolescentes, que, segundo a publicação do RSPH, vêm 
reportando sentimentos de ansiedade e inadequação causados pela prática. 
 
Para obter mais informações sobre o Fomo, acesse: 
• https://www.techtudo.com.br/noticias/2017/05/o-que-e-fomo-fear-of-missing-out-revela-
o-medo-de-ficar-por-fora-nas-redes-sociais.ghtml. 
• https://link.estadao.com.br/noticias/geral,fomo-o-medo-de-ficar-por-fora,10000038220. 
Novos tempos, novas síndromes 
Além do “medo de ficar por fora” (Fomo), o uso excessivo da internet trouxe à tona a 
discussão acerca de outras doenças que, por mais estranhas que pareçam, devem ser conhecidas 
para que possamos identificar possíveis sintomas. Além disso, devemos lembrar que tais doenças 
não são exclusividade de nenhum indivíduo, mas fenômenos que, infelizmente, vêm acometendo 
grande parte da população. 
Vejamos, a seguir, algumas delas (CAVALCANTI, 2015): 
• nomofobia – medo ou angústia que surge quando um indivíduo está sem o seu aparelho 
celular ou computador, e fica impossibilitado de comunicar-se ou expressar-se virtualmente; 
• síndrome do toque fantasma – percepção falsa de ter ouvido o celular tocar, quando, na 
realidade, ele não tocou; 
• hipocondríaco digital – aquele que tem a prática de procurar doenças na internet, 
chegando a conclusões errôneas, o que gera extrema ansiedade e 
• náusea digital – náusea que certas pessoas sentem quando interagem com determinadas 
funcionalidades digitais, a ponto de sentirem vontade de vomitar. 
 
 
 
 
 
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Para obter mais informações sobre novas síndromes causadas pelo uso excessivo da internet, 
acesse: https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/saude/uso-excessivo-da-internet-pode-
causar-doencas-como-depressao,0689cd0f280c3ec5d3d4d954174c7e4696ieRCRD.html. 
Cinco dicas para lidar melhor com o uso das redes sociais 
1. Monitore o tempo que você gasta nas redes sociais: 
Tente observar a frequência com que você entra nas redes sociais e o tempo que 
gasta nelas. Atualmente, Facebook e Instagram já têm um recurso que permite ao 
usuário monitorar o tempo que gasta nas plataformas, bem como delimitar o tempo 
diário de uso (o aplicativo nos envia uma mensagem quando ultrapassamos certo 
tempo). Além disso, os aparelhos iOS (iPhone, iPad e iPod) têm um recurso que 
oferece relatórios sobre o uso do dispositivo, apps e sites acessados. Jáos aparelhos Android (maioria 
dos celulares convencionais) dispõem de alguns aplicativos gratuitos que cumprem essa mesma 
função. Você pode encontrar guias para usar/baixar todos esses recursos e aplicativos no tópico 
“para saber mais”, ao final deste curso. 
 
2. Preste atenção nos alertas de amigos e familiares: 
Muitas vezes, passamos horas do nosso tempo livre em frente ao celular ou 
computador e nem percebemos. Dessa forma, é importante dar ouvidos aos que 
nossos amigos e familiares dizem sobre nosso comportamento nas redes, 
principalmente quando mais de um amigo/familiar diz o mesmo sobre nós. 
 
3. Observe as suas mudanças de humor: 
Tente perceber os seus estados emocionais antes, durante e depois de usar 
as redes sociais. Em outras palavras, busque identificar se o uso lhe gera bem-
estar, como um modo de distrair-se e divertir-se por exemplo, ou se, na verdade, 
funciona como um gatilho para angústia e ansiedade. 
 
4. Lembre-se de que, nas redes sociais, a realidade é editada: 
Busque lembrar que as imagens e informações compartilhadas em redes 
sociais são recortes, geralmente positivos, da vida das pessoas, não 
correspondendo à realidade integral. Sendo assim, evite fazer comparações e 
busque não se sentir inferior por não ter um corpo igual ao de sua/seu colega 
ou por não viajar para os mesmos lugares que ele/ela. 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
5. Evite a superexposição e discussões desgastantes: 
Nem todas as pessoas do seu círculo social precisam saber, por exemplo, 
o que você faz no dia a dia e o que você pensa sobre todas as coisas. Além de 
contribuírem para a superexposição na internet, o que é um tema à parte (temos, 
inclusive, um curso específico sobre isso), essas condutas podem gerar ansiedade 
e mal-estar. No caso da expressão generalizada de opiniões, podem ainda levar 
a discussões desgastantes, que não contribuem em nada para a sua formação. 
 
 
 
 
 
17 
 
 
Diferentemente dos efeitos que afetam a saúde mental das pessoas, os efeitos da internet na 
saúde física nem sempre são tão óbvios. 
Que principais implicações físicas vêm à 
sua mente quando falamos em uso 
excessivo da internet? 
Se você pensou em sedentarismo e problemas de coluna, está correto. De fato, o uso da 
tecnologia em geral teve e tem impactos relevantes no comportamento sedentário e gera problemas 
decorrentes de postura inadequada. 
A seguir, veremos esses e outros problemas com mais detalhes. 
Sedentarismo 
Em relação ao problema do sedentarismo, uma publicação do jornal britânico The Guardian 
(2013) apontou a existência de uma correlação interessante entre dois estudos recentes: o primeiro 
diagnosticou, em uma amostra de 6.500 crianças entre sete e oito anos, que 51% delas praticavam 
atividades físicas por um período inferior ao recomendado. O segundo revelou que a maioria das 
crianças britânicas ganham o seu primeiro celular antes dos 10 anos de idade. Embora não tenha 
pretensões científicas, essa correlação aponta uma tendência pertinente, que se aplica também ao Brasil: 
as crianças/os adolescentes estão mais sedentários e, cada vez mais cedo, têm contato com tecnologia. 
UNIDADE II – CORPO SÃO 
 
 
 
 
 
18 
 
 
Para obter mais informações sobre as pesquisas citadas, acesse: 
https://www.theguardian.com/sustainable-business/technology-inactive-lifestyle-
changing-children. 
Problemas de coluna 
No que se refere a problemas de postura, o professor Luli Radfahrer (2017), da Escola de 
Comunicação e Artes da USP, chama a nossa atenção para o seguinte problema: diversas tecnologias 
que, incialmente, foram desenvolvidas para servirem a uma finalidade específica, são hoje usadas 
com outras finalidades. Esse é o caso dos celulares, que foram desenvolvidos para serem colocados 
na altura do ouvido e da boca e, por isso, têm o tamanho de uma mão. No entanto, atualmente, 
eles são operados tal como um notebook . Esse uso faz com que prejudiquemos a coluna cervical, 
pois, quanto mais nos inclinamos, mais peso colocamos nela. Dependendo do uso do aparelho, esse 
peso pode chegar a 36 quilos. 
Ainda segundo Radfahrer (2017), uma forma de diminuir ou prevenir esse problema é, 
simplesmente, colocar o celular na altura dos olhos, de modo a inclinar a cabeça o mínimo possível. 
O mesmo vale para tablets e notebooks, que, além disso, devem ser utilizados em mesas. 
 
Figura 3 – Postura adequada ao utilizar o celular. 
 
Fonte: Shutterstock 
 
 
 
 
 
19 
 
 
Para obter mais informações sobre os problemas físicos citados, acesse: 
• https://jornal.usp.br/atualidades/uso-inadequado-de-tecnologias-pode-causar-
problemas-fisicos/. 
• https://www.hospitaloswaldocruz.org.br/imprensa/noticias/posicao-da-cabeca-ao-usar-
celular-pode-afetar-coluna-cervical. 
Problemas de visão 
Outro problema frequente resultante do uso excessivo das tecnologias está relacionado à exposição 
que sofremos às luzes de celulares, tablets e notebooks. Uma das possíveis consequências é a chamada falsa 
miopia, que acontece quando a pessoa tenta olhar para objetos distantes e os vê de forma embaçada e 
turva. Outro sintomas também podem ocorrer, como irritação nos olhos, e, com o tempo, é possível 
que se desenvolva miopia de verdade. Segundo especialistas, uma das formas de evitar que isso ocorra é 
fazer pequenas pausas após certo tempo de uso dos aparelhos, caminhando pelo ambiente de trabalho, 
por exemplo, e piscar várias vezes de modo a relaxar a musculatura dos olhos. 
Ainda nesse sentido, alguns estudos apontam a “luz azul” emitida por notebooks, tablets e 
celulares como responsável pelos problemas de sono daqueles que passam longos períodos em frente 
às telas desses aparelhos. E pior, descobriu-se, recentemente, que esse espectro de luz é 
potencialmente tóxico às células da retina, aumentando o risco de degeneração ocular e, no extremo, 
levando à cegueira. 
 
Para obter mais informações sobre os problemas de visão citados, acesse: 
http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2016/02/uso-prolongado-de-computador-e-
celular-pode-afetar-visao.html/. 
 
Levando em consideração que muitas pessoas passam horas em frente ao computador por 
necessidade de trabalho ou estudo, é importante que elas adotem alguns hábitos para diminuir as 
chances de terem complicações no futuro. 
Entre tais hábitos, os especialistas indicam o ajuste dos aparelhos no modo noturno, 
enfatizando que enxergar as luzes em tons quentes minimiza os danos gerados pela exposição 
constante à luz azul. Tanto nos computadores convencionais quanto nos sistemas iOS (iPhone e 
outros aparelhos da Apple) e Android (maioria dos celulares convencionais), existem funcionalidades 
ou aplicativos que filtram a luz azul, conforme mostramos no tópico “para saber mais”. 
Além disso, também é recomendado que, a cada 20 ou 30 minutos vidrados na tela, o usuário 
descanse por 20 segundos, mirando um ponto distante no horizonte, sem forçar a visão, hábito esse 
que, segundo os especialistas, funciona como uma espécie de musculação para fortalecer os olhos. 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
Para obter mais informações sobre táticas utilizadas para proteção da luz azul, acesse: 
https://vivabem.uol.com.br/noticias/redacao/2018/10/21/luz-de-celular-e-tv-prejudica-a-
saude-e-o-peso-veja-como-se-expor-menos.htm/. 
Danos causados por “desafios” 
Por fim, destacamos um problema que não decorre dos efeitos da tecnologia em si, mas de 
certas “brincadeiras” ou “desafios” que crianças e adolescentes têm praticado, a partir de instruções 
e estímulos advindos de conteúdos encontrados na internet. Na maioria dos casos, trata-se de vídeos 
publicados por “formadores de opinião” mirins, jovens youtubers muito populares na internet que 
publicam conteúdo apresentando o passo a passo de práticas nocivas, com risco inclusive de morte, 
mas que são vistas como desafios, por conta da excitação que geram nos jovens frente ao perigo. 
Umadessas práticas ficou conhecida como “desafio do desmaio”: uma “brincadeira” que 
conta com práticas de estrangulamento e apneia, visando ao desmaio do participante. Geralmente, 
essas práticas se dão em grupo, e não há um papel definido para cada participante: o estrangulador 
se torna também o estrangulado. A “graça” desses “desafios” é justamente vencer os grandes perigos 
e ser filmado, de modo a compartilhar e ser visto pelo maior número de pessoas possível. 
Vários outros desafios já se espalharam pela internet, como o desafio do fogo, do desodorante, 
da camisinha, da cola, etc. Em muitos deles, crianças e adolescentes chegaram a perder a vida, como 
no caso reportado pela BBC Brasil (2018) em que uma garota de sete anos teve uma parada 
cardiorrespiratória após participar do “desafio do desodorante”. 
 
Para obter mais informações sobre práticas nocivas como o “desafio do desmaio” e o “desafio 
do desodorante”, acesse: 
• https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2019/04/brincadeiras-ou-desafios-perigosos-na-
internet.shtml. 
• https://www.bbc.com/portuguese/salasocial-42981717. 
 
Depois de tantos casos como esses, o site de vídeos Youtube (2019), no qual a maior parte 
desses desafios é compartilhada, mudou suas políticas de uso. Segundo o site, “conteúdos que 
encorajem violência ou atividades arriscadas que podem resultar em danos físicos sérios, sofrimento 
ou morte, violam as políticas de dano e perigo do site”. O site também enfatiza a proibição de 
“pegadinhas que façam as vítimas acreditarem que estão em perigos físicos reais, ou que causem às 
crianças aflição emocional severa”. 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
Os pais e responsáveis também podem tomar algumas atitudes preventivas, como respeitar a 
idade mínima de acesso às plataformas sociais (16 anos para WhatsApp e 13 anos para Facebook, 
por exemplo), bem como acompanhar não só a vida off-line mas também a vida on-line das crianças 
e dos adolescentes. “Assim como perguntamos 'com qual amigo você vai sair hoje?', devemos 
perguntar 'quem são seus amigos online?', 'a qual vídeo você assistiu hoje?', e assistir junto”, explica 
a especialista Fabiana Vasconcelos (2018). 
Vasconcelos (2018), também afirma que a morte é algo muito abstrato para crianças e 
adolescentes. Sendo assim, é importante mostrar os riscos desses vídeos de forma mais próxima da 
realidade deles, afirmando, por exemplo, que, no caso de acontecer alguma tragédia, o adolescente 
pode perder os movimentos do corpo e não conseguir mais jogar bola. 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
 
O que tanto fazem os adolescentes na internet? Talvez você já tenha dito isso aos seus filhos 
ou alunos, ou ainda, dependendo da sua idade, talvez você já tenha ouvido isso dos seus pais. Será 
que o comportamento dos adolescentes na internet é assim tão diferente do comportamento dos 
adultos? Em parte sim. 
Segundo Glenn Geher (2017), professor e diretor do Departamento de Psicologia da State 
University of New York, a geração da internet (também chamada de geração Z, que abarca os jovens 
nascidos entre 1995 e 2005 aproximadamente) cresceu cercada de tecnologia e usa as mídias sociais 
incessantemente, assim como tem imensa facilidade em procurar informações e descobrir fatos 
sobre qualquer tema. Por outro lado, essa também é a geração mais afetada pelos problemas 
apontados ao longo deste curso, entre os quais Geher destaca a dependência real do telefone celular, 
que acaba colocando esses jovens em um grupo de alto risco de depressão e ansiedade. 
De fato, segundo dados divulgados pelo relatório TIC Kids online Brasil (2017), 93% das 
crianças e adolescentes consultados usam celular para conectarem-se à internet, sendo que 71% 
desses mesmos jovens costumam acessar a internet mais de uma vez por dia. Veja, no gráfico a 
seguir, algumas das principais atividades que jovens entre 9 e 17 anos realizam na internet, segundo 
o relatório citado: 
 
 
UNIDADE III – O QUE FAZEM OS 
ADOLESCENTES NA INTERNET? 
 
 
 
 
 
24 
 
 
Figura 4 – Porcentagem de atividades realizadas por crianças e adolescentes 
mais de uma vez por dia na internet. 
 
Fonte: Elaborado a partir do relatório TIC Kids online Brasil (2017). 
Os dados mostram que as mensagens instantâneas e as redes sociais são as principais atividades 
realizadas pelos adolescentes na internet. A isso soma-se o fato de que eles estão em fase de formação 
de personalidade, estando especialmente propensos a compararem-se constantemente com outras 
pessoas, o que pode afetar a sua autoestima e acarretar prejuízos à sua saúde mental, como os que 
descrevemos ao longo deste curso. 
 
Para obter mais informações sobre a utilização da internet por crianças e adolescentes, acesse: 
• https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/08/1907983-com-internet-cada-vez-
mais-jovens-sofrem-de-depressao-e-ansiedade.shtml. 
• https://cetic.br/pesquisa/kids-online/indicadores. 
• https://cetic.br/tics/kidsonline/2017/criancas/B2/. 
 
Isso tudo reforça a percepção de que crianças e adolescentes sofrem alto risco de ansiedade e 
depressão justamente por serem um grupo da população com elevado grau de exposição à internet 
e às redes sociais. Segundo especialistas sobre o tema, uma série de estudos apontam para a 
adolescência como o grupo etário com maior vulnerabilidade à dependência da internet, o que está 
relacionado ao estilo de vida desses jovens, que passam a maior parte do seu tempo livre conectados, 
deixando de lado as relações interpessoais “tête-à-tête” ou “ao vivo”. 
Diante desse cenário, é importantíssimo que os adolescentes estejam cientes da maior 
vulnerabilidade a que estão sujeitos no que se refere aos efeitos negativos do uso da internet e das 
redes sociais. Também é importante que sejam orientados a buscar comportamentos que reduzam 
20,00%
37,00%
43,00%
47,00%
57,00%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
Pesquisa por
curiosidade/vontade
própria
Vídeos, programas,
filmes ou séries
Música Redes sociais Mensagens
instantâneas
 
 
 
 
 
25 
 
 
os possíveis danos causados pelo uso excessivo dessas plataformas, como aqueles apresentados na 
seção “Cinco dicas para lidar melhor com o uso das redes sociais”. Além disso, é interessante que 
eles sejam estimulados a usar a internet para outros fins que não apenas as redes sociais e as 
mensagens instantâneas. Como vimos no gráfico apresentado, eles já utilizam a internet para fazer 
pesquisas, assistir a vídeos e programas, bem como para ouvir música. 
 
Para obter mais informações sobre a relação entre o padrão de uso da internet por adolescentes 
e os sintomas de depressão e ansiedade, acesse: 
https://revistas.pucsp.br/psicorevista/article/view/28988. 
 
 
 
 
26 
 
 
Neste curso, nós vimos que: 
• a internet tem impactos tanto positivos quanto negativos sobre a saúde mental das pessoas. 
• tanto a comunicação com parentes e amigos distantes quanto os grupos virtuais que 
oferecem acolhimento a pessoas com problemas de socialização são exemplos positivos 
de uso da internet; 
• a internet não substitui as interações face a face com outras pessoas, sendo apenas um 
complemento; 
• entre os principais impactos da internet sobre a saúde mental estão: dependência, 
ansiedade e depressão, problemas relacionados ao sono, baixa autoestima em relação ao 
corpo e “medo de ficar por fora” (Fomo), 
• entre os principais impactos da internet sobre a saúde física estão: sedentarismo, 
problemas de postura, exposição dos olhos às luzes das telas de celulares, tablets e 
computadores, e os chamados “desafios” praticados por crianças e adolescentes; 
• as duas principais atividades realizadas por crianças e adolescentes na internet são o uso 
de redes sociais e o envio de mensagens instantâneas e 
• crianças e adolescentes fazem parte de um grupo extremamente suscetível aos problemas 
relacionados ao uso excessivo ou inadequadoda internet. 
 
27 
 
 
ANNOUNCEMENT: strengthening enforcement of our community guidelines. Google, Support, 
15 jan. 2019. Disponível em: https://support.google.com/youtube/thread/1063296?hl=en. Acesso 
em: 17 maio 2019. 
 
B2 – crianças e adolescentes, por frequência de uso da internet para atividades realizadas. TIC Kids 
Online Brasil – 2017: crianças e adolescentes. Cetic.br, 2017. Disponível em: https://cetic.br/ 
tics/kidsonline/2017/criancas/B2/. Acesso em: 18 maio 2019. 
 
BORELLI, Alessandra. ‘Brincadeiras’ ou ‘desafios’ perigosos na internet. Folha de São Paulo, 
Opinião, 5 abr. 2019. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2019/04/ 
brincadeiras-ou-desafios-perigosos-na-internet.shtml. Acesso em: 17 maio 2019. 
 
CAVALCANTI, Tatiana. Internet vicia! Excesso pode causar doenças e depressão. Terra, Saúde, 3 
jul. 2015. Disponível em: https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/saude/uso-excessivo-da-internet-
pode-causar-doencas-como-depressao,0689cd0f280c3ec5d3d4d954174c7e4696ieRCRD.html. 
Acesso em: 16 maio 2019. 
 
COMO o uso das redes sociais impacta nossa saúde mental? Bluevision. Disponível em: 
https://bluevisionbraskem.com/desenvolvimento-humano/como-o-uso-de-redes-sociais-impacta-
nossa-saude-mental/. Acesso em: 7 maio 2019. 
 
DESAFIO do desodorante, da camisinha, da cola: as ondas online que põem vida de crianças em 
risco. BBC Brasil, 8 fev. 2018. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/salasocial-
42981717. Acesso em: 17 maio 2019. 
 
GEHER, Glenn. Com internet, cada vez mais jovens sofrem de depressão e ansiedade. Folha de São 
Paulo, Ilustríssima, 8 ago. 2017. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/ 
2017/08/1907983-com-internet-cada-vez-mais-jovens-sofrem-de-depressao-e-ansiedade.shtml. 
Acesso em: 17 maio 2019. 
 
GIANTOMASO, Isabela. O que é Fomo? “Fear of missing out” revela o medo de ficar por fora 
nas redes sociais. TechTudo, 27 maio 2017. Disponível em: https://www.techtudo.com.br/ 
noticias/2017/05/o-que-e-fomo-fear-of-missing-out-revela-o-medo-de-ficar-por-fora-nas-redes-
sociais.ghtml. Acesso em: 15 maio 2019. 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
NEVES, Andressa. Como as redes sociais podem ajudar na saúde mental das pessoas? Canaltech, 
Mercado, 22 abr. 2016. Disponível em: https://canaltech.com.br/mercado/como-a-internet-pode-
auxiliar-pessoas-que-sofrem-de-problemas-psicologicos-63345/. Acesso em: 7 maio 2019. 
 
POSIÇÃO da cabeça ao usar celular pode afetar coluna cervical. Hospital Alemão Oswaldo Cruz, 
Notícias, [20--]. Disponível em: https://www.hospitaloswaldocruz.org.br/imprensa/noticias/ 
posicao-da-cabeca-ao-usar-celular-pode-afetar-coluna-cervical. Acesso em: 16 maio 2019. 
 
RADFAHRER, Luli. Uso inadequado de tecnologias pode causar problemas físicos. Jornal da USP, 
Redação, 30 jun. 2017. Disponível em: https://jornal.usp.br/atualidades/uso-inadequado-de-
tecnologias-pode-causar-problemas-fisicos/. Acesso em: 16 maio 2019. 
 
#STATUSOFMIND: social media and young people’s mental health and wellbeing. Royal Society 
for Public Health, [20--]. Disponível em: https://www.rsph.org.uk/our-work/campaigns/status-of-
mind.html. Acesso em: 10 maio 2019. 
 
TIC Kids Online Brasil – 2017: crianças e adolescentes. Cetic.br, 2018. Disponível em: 
https://cetic.br/tics/kidsonline/2017/criancas/. Acesso em: 18 maio 2019. 
 
VAZ, Juliana. Táticas para se proteger da luz azul, que afeta sono e até engorda. Uol, Viva Bem, 21 
out. 2018. Disponível em: https://vivabem.uol.com.br/noticias/redacao/2018/10/21/luz-de-celular-
e-tv-prejudica-a-saude-e-o-peso-veja-como-se-expor-menos.htm/. Acesso em: 17 maio 2019. 
 
ZOLLINGER-READ, Paul. How technology and inactive lifestyles are changing our children. The 
Guardian, 30 ago. 2013. Disponível em: https://www.theguardian.com/sustainable-
business/technology-inactive-lifestyle-changing-children. Acesso em: 16 maio 2019.
 
29 
 
 
App – Programa de computador ou software desenvolvido com um propósito específico e que pode 
ser baixado, por download, para um celular ou outro dispositivo móvel; aplicação, aplicativo. 
 
Cyberbullying – “Violência repetitiva e persistente que, efetivada por meio da internet, é 
direcionada a alguém, para intimidar, humilhar ou maltratar essa pessoa.” 
Fonte: CYBERBULLYING. In: DICIONÁRIO Online de Português. Disponível em: 
https://www.dicio.com.br/cyberbullying/. Acesso em: 5 jan. 2020. 
 
Fear of missing out (Fomo) – transtorno caracterizado pela necessidade constante de estar 
conectado ao que as outras pessoas estão fazendo, de modo a nunca “ficar por fora”. 
 
iOS – nome do sistema operacional utilizado nos dispositivos móveis da empresa Apple, tais como 
smartphones e tablets.

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