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APG 26 Músculo liso e parto

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Tecido muscular liso
Associação de células alongadas e fusiformes, mais 
espessas no centro e afiladas nas extremidades 
chamadas fibras musculares lisas ou leiomiócitos 
Em cortes longitudinais, o citoplasma não apresenta 
estriação transversal 
 
Proteínas características do citoplasma são actina, 
miosina e filamentos intermediários do citoesqueleto 
As fibras são de contração lenta e involuntária. 
Organizam-se, geralmente, em feixes (músculos 
eretores dos pelos) ou em camadas (paredes de vasos 
sanguíneos e nas paredes de órgãos ocos). 
As fibras têm núcleo único elíptico e central cuja 
posição pode ser bem evidenciada em secções 
transversais das fibras e em cortes longitudinais, 
podem exibir um aspecto ondulado quando as fibras 
estão contraídas 
 
As células musculares lisas são revestidas por uma 
lâmina basal e mantêm-se unidas por uma rede de 
fibras reticulares (compostas de colágeno tipo III) que 
envolve as células. Essas fibras fazem com que a 
contração das células se expanda na contração do 
músculo inteiro. 
O sarcolema apresenta grande quantidade de 
invaginações com o aspecto e as dimensões das 
vesículas de pinocitose, denominadas cavéolas. 
Estão associadas ao transporte de íons Ca2+ para o 
citosol, necessários para desencadear o processo de 
contração dessas células. Frequentemente, as células 
musculares lisas adjacentes estão conectadas por 
junções comunicantes, que podem transmitir o 
impulso de contração de uma célula para a outra e, 
assim, propagar a contração para uma população maior 
de fibras. 
A região do sarcoplasma em torno do núcleo apresenta 
mitocôndrias, cisternas do retículo endoplasmático 
granuloso, grânulos de glicogênio e um complexo de 
Golgi pouco desenvolvido. No citoplasma há corpos 
densos e podossomos. 
São observadas estruturas densas junto à superfície 
interna da membrana plasmática, as placas densas 
Esse conjunto de estruturas se associa ao citoesqueleto 
das células musculares lisas, e exerce um importante 
papel na efetivação da contração. 
Aparelho contrátil e mecanismo de contração 
No citoplasma das células musculares lisas, há 
filamentos de α-actina e de miosina 2, no entanto, no 
músculo liso, pelo menos parte da molécula de miosina 
é composta de isoformas diferentes das existentes em 
músculos estriados. 
Os filamentos de actina formam uma complexa rede 
tridimensional que se ancora nos corpos densos do 
citoplasma e nas placas densas situadas junto à 
membrana 
Os corpos densos são formados de várias proteínas, 
entre as quais se destacam proteínas de filamentos 
intermediários – desmina e/ou vimentina –, além de 
moléculas de α-actinina, uma proteína que, em 
diversos tipos de células do organismo, ancora 
filamentos de actina. 
Os filamentos de miosina estabelecem pontes entre os 
filamentos de actina 
 
 
A rede tridimensional de actina conectada aos corpos e 
às placas densas e às moléculas de miosina ocupa todo 
o citoplasma da célula muscular lisa. 
O deslizamento dos inúmeros filamentos de actina 
sobre os de miosina provoca o encurtamento das 
células, isto é, sua contração, pois actina está ancorada 
nos corpos densos e nas placas densas da membrana 
plasmática. 
Sequência da contração nas células musculares lisas 
O estímulo inicial da contração pode resultar de 
estímulos muito diversos, por exemplo, estímulos 
mecânicos, elétricos (potenciais de ação) e por 
substâncias presentes no meio extracelular em torno 
das fibras. 
A tração das fibras, por exemplo, atua sobre receptores 
de superfície das células. Receptores presentes na 
superfície das células reconhecem vários tipos de 
moléculas, como norepinefrina, colecistoquinina, 
angiotensina II e endotelina-1. Tais receptores estão 
acoplados à proteína G e resultam na produção de 
segundos mensageiros. 
Os diversos estímulos promovem a saída para o citosol 
de íons Ca2+ armazenados em cisternas do retículo 
sarcoplasmático. 
No citosol, os íons Ca2+ combinam-se com moléculas 
de calmodulina, uma proteína com afinidade para esses 
íons. 
A ligação entre ambos depende da proteína caldesmon. 
O complexo calmodulina–Ca2+ ativa a enzima quinase 
da cadeia leve (que faz parte da molécula de miosina), 
resultando na fosforilação das moléculas de miosina. 
Uma vez fosforiladas, essas moléculas combinam-se 
com a actina, dando início aos ciclos de deslizamento 
da actina sobre a miosina de maneira semelhante à que 
ocorre nos músculos estriados. 
Para o deslizamento, é necessária a energia 
armazenada em moléculas de ATP. 
Os corpos densos contêm α-actinina, que funciona 
como elemento de ligação entre actina e moléculas dos 
corpos densos, e são homólogos dos discos Z dos 
músculos estriados. Como os filamentos de actina 
estão ligados aos corpos densos da membrana da 
célula, o resultado de seu deslizamento em relação à 
miosina é um encurtamento da célula 
Inervação do tecido muscular liso 
O músculo liso recebe fibras pós-ganglionares do 
sistema nervoso simpático e do parassimpático 
Ao passar entre células musculares lisas, cada axônio se 
divide em muitos delgados filamentos não mielinizados 
que se localizam entre as células musculares. 
Dessa maneira, cada neurônio adrenérgico ou 
colinérgico é capaz de estimular um grande número de 
células musculares. 
Esses filamentos têm muitas dilatações denominadas 
varicosidades 
 
Elas têm em seu interior vesículas que contêm 
moléculas de neurotransmissores, como a acetilcolina 
(nas terminações colinérgicas) ou a norepinefrina (nas 
terminações adrenérgicas). 
Calcula-se que um axônio que inerve um músculo liso 
possa apresentar de 10 mil a 20 mil dilatações em suas 
extremidades. Os neurotransmissores são liberados no 
espaço extracelular do músculo liso e se difundem, 
alcançando receptores da superfície das fibras 
musculares. 
De modo geral, esses receptores estão associados a 
sistemas de receptores acoplados à proteína G situados 
na superfície interna da membrana, produzindo 
mensageiros que desencadeiam a contração muscular. 
Como as células musculares lisas são conectadas por 
junções comunicantes, o estímulo inicial que alcança 
algumas das células de um feixe se transmite 
rapidamente por muitas outras. 
As terminações nervosas adrenérgicas e colinérgicas 
atuam de modo antagônico, estimulando ou 
deprimindo a atividade contrátil do músculo. Em alguns 
órgãos, as terminações colinérgicas estimulam e as 
adrenérgicas inibem a contração, enquanto em outros 
ocorre o contrário. 
O grau de controle do sistema nervoso autônomo sobre 
os músculos lisos é muito variável. A musculatura lisa 
do sistema digestório se contrai em ondas lentas; por 
outro lado, o músculo liso da íris do globo ocular se 
contrai ou relaxa de modo muito rápido e preciso. 
Assim, o diâmetro da pupila se adapta com extrema 
rapidez às variações da intensidade luminosa. 
 
Trabalho do parto 
Processo pelo qual o feto é expelido do útero por meio 
da vagina, também chamado de dar à luz. Um sinônimo 
de trabalho de parto é parturição. 
O início do trabalho de parto é determinado por 
complexas interações de vários hormônios placentários 
e fetais. 
Como a progesterona inibe as contrações uterinas, o 
trabalho de parto não pode ocorrer até que os efeitos 
da progesterona sejam diminuídos. 
Perto do final da gestação, os níveis de estrogênios no 
sangue da mãe sobem acentuadamente, produzindo 
alterações que superam os efeitos inibidores da 
progesterona. 
O aumento nos estrogênios resulta da secreção 
crescente do hormônio liberador da corticotropina pela 
placenta, que estimula a adeno-hipófise do feto a 
secretar ACTH (hormônio adrenocorticotrófico). 
Por sua vez, o ACTH estimula a glândula suprarrenal 
fetal a secretar cortisol e desidroepiandrosterona 
(DHEA), o principal androgênio suprarrenal. A placenta 
então converte o DHEA em um estrogênio.Os níveis elevados de estrogênios fazem com que o 
número de receptores para a ocitocina nas fibras do 
músculo uterino aumente, e fazem com que as fibras 
do músculo uterino formem junções comunicantes 
entre si. 
A ocitocina liberada pela neuro-hipófise estimula as 
contrações uterinas, auxiliada pela relaxina liberada 
pela placenta que aumenta a flexibilidade da sínfise 
púbica e ajuda a dilatar o colo do útero. 
O estrogênio estimula também a placenta a liberar 
prostaglandinas, as quais induzem a produção de 
enzimas que digerem as fibras colágenas no colo do 
útero, fazendo com que ele amoleça. 
O controle das contrações durante o trabalho de parto 
ocorre por meio de um ciclo de feedback positivo 
As contrações do miométrio uterino forçam a cabeça 
ou o corpo do recém-nascido contra o colo do útero, 
distendendo-o (alongamento). 
Os receptores de estiramento do colo do útero enviam 
impulsos nervosos às células neurossecretoras do 
hipotálamo, levando-as a liberar ocitocina nos capilares 
sanguíneos da neuro-hipófise. 
A ocitocina então é transportada pelo sangue até o 
útero, onde ela estimula o miométrio a se contrair com 
mais força. Conforme as contrações se intensificam, o 
corpo do recém-nascido distende ainda mais o colo do 
útero, e os impulsos nervosos resultantes estimulam a 
secreção adicional de ocitocina. Após o parto, o ciclo de 
feedback positivo é quebrado, porque a distensão do 
colo do útero repentinamente diminui. 
As contrações uterinas ocorrem em ondas (muito 
semelhantes às ondas peristálticas do sistema 
digestório) que começam na parte superior do útero e 
se movem para baixo, por fim expelindo o feto. 
O trabalho de parto verdadeiro começa quando as 
contrações uterinas ocorrem em intervalos regulares, 
geralmente provocando dor. 
Conforme o intervalo entre as contrações se encurta, 
as contrações se intensificam. Outro sintoma de 
trabalho de parto verdadeiro em algumas mulheres é a 
dor localizada nas costas que se intensifica com a 
deambulação. 
O indicador mais confiável de trabalho de parto 
verdadeiro é a dilatação do colo do útero e a “saída do 
tampão”, uma descarga de muco contendo sangue do 
interior do canal do colo do útero. 
No trabalho de parto falso, a dor é sentida no abdome 
em intervalos irregulares, mas não se intensifica e a 
deambulação não a altera de modo significativo. Não 
há “saída de tampão” nem dilatação cervical. 
O trabalho de parto verdadeiro pode ser dividido em 
três fases 
Fase de dilatação. O período de tempo que vai do início 
do trabalho de parto até a dilatação completa do colo 
do útero é a fase de dilatação. Esta fase, que 
normalmente dura de 6 a 12 h, apresenta contrações 
regulares do útero, geralmente uma ruptura do âmnio 
e a dilatação completa (10 cm) do colo do útero. Se o 
âmnio não se romper espontaneamente, ele é rompido 
intencionalmente. 
Fase de expulsão. O período de tempo (10 min a várias 
horas) que vai da dilatação cervical completa até o 
nascimento do recém-nascido consiste na fase de 
expulsão. 
Fase placentária. O período de tempo (5 a 30 min ou 
mais) após o parto até que a placenta seja expelida 
pelas potentes contrações uterinas é a fase placentária. 
Essas contrações também contraem os vasos 
sanguíneos que foram dilacerados durante o parto, 
reduzindo a probabilidade de hemorragia. 
 
 
Como regra geral, o trabalho de parto dura mais tempo 
no primeiro filho, normalmente cerca de 14 h. Nas 
mulheres que já deram à luz, a duração média do 
trabalho de parto é de aproximadamente 8 h, embora 
o tempo varie enormemente entre os partos. 
Como o feto pode permanecer espremido pelo canal 
do parto (colo do útero e vagina) por até várias horas, 
o feto é estressado durante o parto: a cabeça fetal é 
comprimida e o feto sofre algum grau de hipoxia 
intermitente em decorrência da compressão do cordão 
umbilical e da placenta durante as contrações uterinas. 
Em resposta a esse estresse, as medulas das glândulas 
suprarrenais secretam níveis fetais muito elevados de 
epinefrina e norepinefrina, os hormônios de “luta ou 
fuga”. 
Grande parte da proteção contra o estresse do parto, 
bem como a preparação da criança para sobreviver à 
vida extrauterina, é fornecida por esses hormônios. 
Entre outras funções, a epinefrina e a norepinefrina 
desobstruem os pulmões e alteram a sua fisiologia em 
prontidão para respirar ar, mobilizam nutrientes 
prontamente utilizáveis para o metabolismo celular, e 
promovem um maior fluxo sanguíneo para o encéfalo e 
coração. 
Aproximadamente 7% das gestantes não dão à luz 2 
semanas após a sua data estimada para o parto. Estes 
casos impõem um risco maior de danos encefálicos ao 
feto, e até mesmo de morte fetal em decorrência de 
aporte inadequado de oxigênio e nutrientes em virtude 
de uma placenta envelhecida. 
Os partos pós-termo podem ser facilitados pela 
indução do trabalho de parto, iniciada pela 
administração de ocitocina, ou pelo parto cirúrgico 
(cesariana). 
Após o parto e a saída da placenta, existe um período 
de 6 semanas durante o qual a fisiologia e os órgãos 
genitais maternos retornam ao estado pré-gestacional. 
Este período é chamado de puerpério. Por meio de um 
processo de catabolismo dos tecidos, o útero sofre 
redução notável em seu tamanho na chamada 
involução, especialmente em lactantes. 
O colo do útero perde a sua elasticidade e recupera a 
sua firmeza pré-gestacional. Duas a 4 semanas após o 
parto, as puérperas apresentam secreção uterina 
chamada de lóquios, que consiste inicialmente em 
sangue e depois em líquido seroso derivado do antigo 
local da placenta. 
Células tronco 
Células precursoras que possuem a capacidade de 
diferenciação e auto renovação ilimitadas, podendo 
dar origem a uma variedade de tipos teciduais 
• capazes de proliferar originando, por mitose, duas 
células filhas exatamente iguais entre si e iguais à célula 
original. Para todas as outras células do organismo, a 
proliferação é acompanhada de diferenciação, de 
modo que a mitose origina duas células já um pouco 
mais maduras que a original. 
• CTs são capazes de, quando submetidas aos estímulos 
adequados, originar um ou mais tipos de células 
maduras. 
Células-tronco totipotentes 
Podem originar tanto um organismo totalmente 
funcional, como qualquer tipo celular do corpo, 
inclusive todo o sistema nervoso central e periférico 
Correspondem às células do embrião recém-formado e 
têm potencial para originar até mesmo as células do 
folheto extraembrionário que formarão a placenta. 
São efêmeras e desaparecem poucos dias após a 
fertilização 
Células-tronco pluripotentes 
Capazes de originar qualquer tipo de tecido sem 
originar um organismo completo, visto que não podem 
gerar a placenta e outros tecidos de apoio ao feto. 
Formam a massa celular interna do blastocisto depois 
dos quatro dias de vida e participam da formação de 
todos os tecidos do organismo 
Estas células têm sido utilizadas na criação de animais 
transgênicos e possuem uma grande variedade de 
aplicações clínicas e comerciais. 
Apesar de existirem em menor número, as células-
tronco pluripotentes estão presentes, também, em 
indivíduos adultos. 
Se oriundas da medula óssea, por exemplo, podem 
originar células de sangue, ossos, cartilagem, músculos, 
pele e tecido conjuntivo 
Células-tronco multipotentes 
Um pouco mais diferenciadas, presentes no indivíduo 
adulto, com capacidade de originar apenas um limitado 
número de tipos teciduais. 
Estas células são designadas de acordo com o órgão de 
que derivam e podem originar apenas células daquele 
órgão, possibilitando a regeneração tecidual 
Entretanto, com o avanço das pesquisas, a existência 
desta categoria de células-tronco tem sido cada vez 
mais questionada, visto que células antes consideradas 
multipotentes, a exemplo das células-tronco neurais, 
têm se reveladopluripotentes 
Quanto à origem, as células-tronco podem ser divididas 
em células-tronco embrionárias (CTE), derivadas da 
massa celular interna deum blastocisto (embrião 
prematuro), e células germinativas embrionárias (CGE), 
obtidas do tecido fetal em um estágio mais avançado 
de desenvolvimento (da espinha gonadal). 
Células-tronco embrionárias 
No embrião em estágio de blastocisto, as células-
tronco da massa celular interna se diferenciam para 
formar o ectoderma primitivo, o qual, durante a 
gastrulação, finalmente se diferencia nos três folhetos 
embrionários (ectoderma, mesoderma e endoderma). 
Quando removidas do seu ambiente embrionário 
normal e cultivadas sob condições apropriadas, estas 
células dão origem a células que se proliferam e se 
renovam indefinidamente 
As células-tronco embrionárias são células 
pluripotentes dotadas de grande plasticidade, que 
apresentam características essenciais, como uma 
ilimitada capacidade de proliferação indiferenciada in 
vitro, além de formar os derivados dos três folhetos 
embrionários mesmo após um longo período em 
cultura 
Devido à sua origem, as CTE podem se distinguir de 
outras linhagens de células humanas pluripotentes 
denominadas células do carcinoma embrionário (CCE) 
e células germinativas embrionárias (CGE). 
As CCEs são linhagens de células pluripotentes 
derivadas de componentes de células-tronco 
indiferenciadas, originárias de tumores de células 
germinativas, que surgem de forma espontânea, 
encontradas ocasionalmente em malformações de 
ratos e humanos. 
Já as CGEs são derivadas de células germinativas das 
cristas genitais de fetos humanos ou de ratos e, assim 
como as duas primeiras, são capazes de formar as três 
camadas germinativas que compõem todos os órgãos 
do corpo humano, embora seu potencial seja mais 
limitado se comparado com as CTEs, pois se encontram 
em um estágio mais avançado de desenvolvimento 
Para serem induzidas à diferenciação in vitro, deve-se 
promover a agregação celular, cujo resultado será a 
formação de corpos embrionários contendo células 
indiferenciadas. 
Estas, na presença de substrato, formarão diversos 
tipos celulares, incluindo músculos esquelético e 
cardíaco, neurônios e células hematopoiéticas. 
A diferenciação neuronal in vitro de CTEs pode ser 
promovida através da agregação celular, por induzir a 
expressão de genes específicos, seguida do tratamento 
com ácido retinóico, sinal bioquímico indispensável 
para a diferenciação. 
Células-tronco adultas 
Além de no embrião, as células-tronco também são 
encontradas em vários órgãos e tecidos no indivíduo 
adulto, onde participam da homeostase tecidual, 
gerando novas células devido à renovação fisiológica 
ou em resposta a uma injúria. 
Tais populações celulares indiferenciadas mantidas no 
organismo adulto são denominadas células-tronco 
adultas 
Estas células, assim como as CTEs, apresentam a 
telomerase, não estando, portanto, sujeitas à 
senescência celular, fenômeno que ocorre nas demais 
células somáticas diplóides, devido ao encurtamento 
do telômero após sucessivas mitoses 
As células-tronco adultas estão em estado quiescente 
ou em baixa proliferação, localizando-se em regiões 
específicas essenciais para o seu desenvolvimento e a 
manutenção de seus atributos, particularmente a 
capacidade de auto renovação. 
Algumas regiões estão claramente definidas dentro de 
seus respectivos tecidos e as células-tronco ali 
localizadas podem ser facilmente identificadas pela sua 
morfologia e localização espacial. Já em outros tecidos, 
não é possível definir a exata localização de um nicho 
de células-tronco, sendo necessário desenvolver um 
painel de marcadores moleculares para este fim 
Além da medula óssea, células-tronco de adulto podem 
ser facilmente obtidas a partir de cordão umbilical, um 
órgão que liga o feto à placenta e lhe assegura a 
nutrição por meio de vasos sanguíneos durante a 
gestação. Imediatamente após o parto, o cordão é 
pinçado para impedir que o sangue contido em seu 
interior se perca, e o sangue é retirado com o auxílio de 
uma agulha. As células vermelhas do sangue são 
coletadas e a amostra é congelada e armazenada por 
até 15 anos, sem que haja perda da qualidade das 
células-tronco. O uso de células-tronco do sangue de 
cordão umbilical em transplantes é mais vantajoso do 
que o de medula óssea 
Métodos para obtenção de CTs 
O primeiro método é a partir de células-tronco de 
adulto, como já se faz no transplante de medula óssea 
ou no tratamento das doenças do coração. 
Na segunda possibilidade, está a obtenção de células-
tronco embrionárias a partir de um embrião em fase 
inicial de desenvolvimento, o blastocisto. O uso dessas 
células, muito comum em pesquisas com animais, tem 
gerado muita polêmica no caso dos humanos, pois 
impede o desenvolvimento do embrião. Uma proposta 
viável seria a utilização dos embriões humanos 
excedentes produzidos por fertilização in vitro (em 
laboratório) e que ficam congelados nas clínicas de 
fertilização assistida. A grande questão é se seria ético 
utilizar estes embriões para a obtenção de células-
tronco que poderão ser usadas na pesquisa de futuras 
terapias. 
A terceira possibilidade seria a obtenção de células-
tronco embrionárias geneticamente idênticas às da 
pessoa que as doou. Esse método de obtenção de 
células-tronco é popularmente chamado de clonagem 
terapêutica. Na clonagem terapêutica, um ovócito sem 
núcleo de uma doadora recebe um núcleo de uma 
célula somática do indivíduo doador. Se houvesse 
desenvolvimento embrionário até a fase do blastocisto, 
as células-tronco poderiam ser retiradas e utilizadas no 
estabelecimento de linhagens celulares geneticamente 
idênticas às células do indivíduo doador. As células 
obtidas desta maneira poderiam ser empregadas no 
tratamento de doenças sem que haja problemas de 
rejeição. Embora se utilize a palavra clonagem, isto não 
significa que se deseja obter um organismo inteiro 
clonado, mas somente as células-tronco embrionárias 
da fase do blastocisto. Para a obtenção de um 
organismo inteiro clonado seria necessário que o 
embrião, no início do desenvolvimento, fosse 
implantado no útero de uma mulher. Neste caso, a 
clonagem seria reprodutiva e não terapêutica. Esse foi 
o procedimento usado para obtenção da ovelha Dolly, 
clonada em 1997. Ainda não se obteve sucesso nas 
tentativas de clonagem terapêutica realizadas em 
humanos. 
Uso terapêutico 
O uso terapêutico das células-tronco se baseia 
principalmente nas células embrionárias. O potencial 
de diferenciação das células embrionárias tem sido 
cada vez mais conhecido tanto em testes com 
camundongos quanto em humanos 
As células-tronco ganharam um uso muito importante 
no contexto da saúde pública ligada aos transplantes, 
já que a doação de órgão não consegue suprir toda a 
demanda de órgãos no país. 
Além disso, os transplantes são extremamente caros e 
dependem muito da estrutura de transporte disponível 
pelo sistema saúde. As células-tronco poderiam, então, 
ser multiplicadas no laboratório e induzidas para gerar 
um tipo celular específico com a capacidade de 
regenerar o órgão em questão 
Vale ressaltar que a maioria das células-tronco adultas 
reside na medula óssea, estando, entre elas, as células-
tronco hematopoiéticas (HSC) multipotentes, com 
capacidade de regenerar todo o sistema 
hematopoiético 
Por conseguinte, o transplante terapêutico de medula 
óssea é utilizado há mais de 30 anos e mais de um 
milhão de pacientes que sofrem de diferentes doenças 
já foram tratados com transplante de medula óssea 
(M.O.) ou as células derivadas de M.O. mobilizadas. 
Ainda, há as células-tronco mesenquimais, que são 
definidas como células estromais mesenquimais (MSC), 
que podem se diferenciar em células ósseas, cronócitos 
e adiposas 
Diversos estudos têm sugerido a capacidadedessas 
células em regenerarem o miocárdio pós--infarto. O 
mecanismo exato ainda não é conhecido. As células 
adultas têm sido amplamente testadas em doenças 
autoimunes, como lúpus eritematoso sistêmico (LES) e 
no diabetes do tipo I. No caso do diabetes, o objetivo é 
regenerar as células beta-pancreáticas produtoras de 
insulina, perdidas com a destruição crônica desde o 
início da doença 
IMPECILHOS 
As células-tronco embrionárias possuem reconhecida 
capacidade de diferenciação e proliferação, porém, é 
nesse ponto o seu primeiro empecilho. Se essa 
diferenciação e multiplicação não for controlada, ela 
poderá dar origem a tumores formados por vários 
tecidos diferentes. O segundo problema terapêutico 
das células-tronco embrionárias se baseia na 
compatibilidade biológica das células com todos os 
tipos de pacientes. Há uma chance de rejeição entre 
doador e receptor, o que não ocorre com células-tronco 
adultas, onde receptor e doador são a mesma pessoa 
O debate inicial e controversa no uso de células troncos 
embrionárias remete ao estatuto do embrião. A 
confrontação de pensamentos se inicia a partir do 
momento que pessoas acreditam que o embrião é 
apenas um objeto, de direito e sem concessão de ser 
humano até uma certa parte de seu progresso, 
enquanto que uma outra parte das pessoas diz que o 
embrião é, sim, desde o início um ser humano com 
direitos, pois já na fase inicial de seu progresso de um 
único ser com dignidades 
De acordo com a biologia (a favor do uso de células-
tronco embrionárias), a vida iniciaria após o 
surgimento do sistema nervoso (afinal, a falta de 
funcionalidade desse sistema nervoso define o que 
chamamos, hoje, de morte), portanto, o embrião seria 
no início, um aglomerado de células, sem tecidos e o 
início da vida seria predeterminado (de 2 a 3 dias após 
a fecundação). 
Além disso, há o argumento de que o embrião significa 
vida quando ele passa a ter a capacidade de reagir a 
estímulos uterinos e capacidade de sofrer, sentir e 
pensar. Utilizando esses ideais, pode-se negar a 
condição de pessoa a um embrião no estágio inicial 
(pelo menos na primeira semana) de desenvolvimento 
Outras correntes de pensamento definem o embrião 
pelo local onde ele está, ou seja, ele é considerado uma 
vida apenas dentro do útero da mãe, quando está na 
placa de cultura ele é apenas uma vida em potencial. 
Ou seja, não haveria problema em utilizar esses 
embriões, já que eles não constituem uma vida em si 
Os indivíduos que se manifestam ao contrário da 
utilização das células troncos, argumentam utilizando 
as questões éticas principalmente, e ressaltando que o 
embrião seria um ser humano individual. 
Além disso, muitos casais que realizaram/realizam a 
fertilização in vitro já consideram os embriões como 
futuros filhos, que podem vir a existir a qualquer 
momento e há a alegação de que pode haver riscos 
devido a uma possível formação de tumores 
(principalmente o teratoma), mutações e um diferente 
comportamento entre a célula in vivo e in vitro (que 
pode determinar estudos e condutas equivocados) 
Há também a preocupação com a utilização excessiva 
dessa técnica, afinal, ela pode levar a um processo de 
desumanização por parte da sociedade, gerando ideais 
irreparáveis que desrespeitam a vida (inicialmente 
apenas nessa situação ocorre a permissão para 
“matar”, mas posteriormente a sociedade pode 
internalizar isso como algo natural, e expandir esse 
“matar” a outras situações possíveis) 
Outro ponto citado pelos contrários ao uso de 
embriões é o fato de que, futuramente, se as pesquisas 
avançarem e se tornarem comuns, haverá a 
necessidade de uma produção exclusiva de embriões 
para o uso em experimentos, pois os embriões que já 
estariam nas clínicas não seriam suficientes para 
satisfazer a demanda das inúmeras pesquisas 
No Brasil, a primeira Lei de Biossegurança tratava-se 
apenas da questão envolvendo pré-embriões 
humanos, fazendo com que o Ordenamento Jurídico 
Pátrio buscasse na Resolução 1.358/92 do Conselho 
Federal de Medicina amparo normativo necessário. 
Essa Resolução proíbe o descarte ou destruição dos 
embriões humanos criopreservados, mesmo com a 
manifestação expressa de casais sobre seu desinteresse 
pela preservação destes. A Resolução afirma ainda que 
o número ideal de oócitos e pré-embriões a serem 
transferidos para a receptora não deve ser superior a 
quatro, com o intuito de não aumentar os riscos já 
existentes de multiparidade. 
As clínicas, centros ou serviços podem criopreservar 
espermatozoides, óvulos e pré-embriões e esse 
número deverá ser comunicado aos pacientes, para 
que se decida quantos pré-embriões serão transferidos 
a fresco, devendo o excedente ser criopreservado, não 
podendo ser descartado ou destruído. 
No momento da criopreservação, os cônjuges ou 
companheiros devem expressar sua vontade, por 
escrito, quanto ao destino que será dado aos pré-
embriões criopreservados, em caso de divórcio, 
doenças graves ou de falecimento de um deles ou de 
ambos, e quando desejam doá-los 
A Resolução 1.358/92 de Recomendação do Conselho 
Federal de Medicina não possui poder coercitivo (legal) 
que possa impor sua prática por meio de normas de 
Poder Legislativo. Fez-se, necessária, portanto, a 
elaboração de uma Lei que engloba todas as situações 
decorrentes da prática de pesquisa, utilizando-se de 
suas células-tronco 
No ano de 2005, foi criada então a segunda Lei de 
Biossegurança (Lei n.11.105 de 24 de março de 2005), 
que regulamentou as pesquisas com células-tronco 
embrionárias para pesquisa e fins terapêuticos. Ela 
determina que essas células devem ser obtidas a partir 
de embriões derivados da fertilização in vitro (que não 
foram utilizados no procedimento) e esses embriões 
devem ser viáveis e terem ficado congelados por mais 
de três anos. 
Além disso, essa lei estabelece que os genitores do 
embrião têm que consentir com o processo e que deve 
haver a aprovação do projeto de pesquisa por um 
comitê de ética, e ainda, ela veta o comércio desse tipo 
de material para uso em pesquisas e proíbe a clonagem 
humana 
A clonagem é proibida pois, nesse caso, o embrião 
clonado é criado e logo destruído, ou seja, mata-se uma 
vida para pesquisar e tentar salvar outras, não sendo 
considerado legal e ético 
Esses experimentos e pesquisas com células-tronco 
embrionárias podem vir a expor novas opções de 
abordagem terapêutica para diversas doenças e trazer 
esperança ao paciente e sua família, os quais sofrem 
por não haver uma terapêutica totalmente eficiente em 
uso. 
No entanto, esse processo leva um tempo considerável 
e pode não resultar em nenhum benefício, sendo 
assim, pode abalar pacientes fragilizados que 
acreditam em uma cura imediata. Aqui evidencia-se o 
papel do médico, que deve esclarecer ao seu paciente 
que as pesquisas são importantes e podem trazer 
muitos benefícios, assim como elas podem não 
evidenciar benefício qualquer a um determinado caso 
Outros países, como Índia e China, possibilitam a 
pesquisa com células-tronco embrionárias sem que 
haja um amplo debate de cunho legislativo tal como 
ocorreu no Brasil. A pesquisa em embriões humanos e 
a clonagem para fins terapêuticos é permitida 
O Conselho da Europa segue uma legislação que 
protege o embrião, na qual é prescrito: “Não será 
permitido o uso de embriões, fetos ou seus tecidos 
para proveito ou fins de lucro”. Ainda assim, os 
investimentos da indústria de cosméticos são elevados 
nas pesquisas com células embrionárias pela sua 
grande capacidade de reprodução celular, tendo como 
objetivo produzir produtos “derivados de embriões” 
para tentar satisfazer o oculto desejo de certas pessoas 
pela chamada “eterna juventude” 
Nos EUA, o patenteamento de células-tronco é 
permitido, sendo que mais de 2.000 patentes foram 
concedidas entre os anos de 2005 e 2010, e existemmais de 100 corporações que detêm patentes voltadas 
ao uso e manuseio de terapia com células-tronco, 
sendo por esse motivo um dos países que mais publica 
sobre o assunto

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