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São pequenos tumores que se projetam da mucosa intestinal Tipo mais comum de neoplasias intestinais são os pólipos adenomatosos É uma massa que avança para o lúmen intestinal. Podem ser subclassificados de acordo com sua inserção à parede do intestino delgado (sésseis [nódulos elevados da mucosa] ou pedunculados [inseridos por um pedículo]), aspecto histopatológico (hiperplásico ou adenomatoso) e seu potencial neoplásico (benigno ou maligno). Pólipos neopla ́sicos representam uma condiça ̃o pré- cancerosa, e o seu potencial de malignizaça ̃o esta ́ na dependência direta do seu tamanho, padrão de crescimento e grau de atipia celular São neoplasias benignas que se originam do epitélio da mucosa intestinal. São formados de células neoplásicas que proliferaram mais que a necessidade para repor as células que normalmente se desprendem da superfície da mucosa EPIDEMIOLOGIA A maioria dos cânceres colorretais começa como pólipos adenomatosos benignos do intestino grosso. A frequência dos pólipos aumenta com a idade e a prevalência dos pólipos adenomatosos aumenta significativamente depois dos 60 anos. Homens e mulheres são igualmente afetados. O pico de incidência dos pólipos adenomatosos precede em alguns anos o pico do câncer colorretal. A incidência estimada de pólipos na populaça ̃o geral varia de 9 a 60%, sendo esse valor maior correspondente a peque- nos pólipos encontrados em necropsias. Cerca de 50% dos pólipos ocorrem no cólon sigmoide e reto, 50% dos pacientes apresentam mais de uma lesa ̃o, e 15%, duas lesões, sendo a distribuiça ̃o desses pólipos do cólon similar a ̀ do ca ̂ncer. FISIOPATOLOGIA A patogênese da formação dos adenomas consiste em alteração neoplásica da replicação das células epiteliais das criptas. Pode haver apoptose reduzida, persistência da replicação celular e falhas de maturação e diferenciação das células que migram para a superfície das criptas. Normalmente, a síntese de DNA cessa à medida que as células alcançam os dois terços superiores das criptas e, em seguida, sofrem maturação, migram para a superfície e tornam-se senescentes. Em seguida, essas células sofrem apoptose e desprendem-se da superfície. Os adenomas são formados quando há uma anormalidade dessa sequência (p. ex., quando as células epiteliais retêm sua capacidade proliferativa ao longo de todo o comprimento da cripta. As alterações da diferenciação celular podem causar displasia e progressão a um carcinoma invasivo. Mais de 50% de todos os pólipos adenomatosos estão localizados no cólon retossigmoide e podem ser detectados por toque retal ou sigmoidoscopia. As dimensões de um adenoma podem variar de um nódulo praticamente imperceptível até uma grande massa séssil e podem ser classificados como adenomas tubulares, vilosos ou tubulovilosos. • Adenomas tubulares: (65%), são lesões esféricas com superfícies lisas e diâmetro menor que 2 cm, que se encontram ligadas à superfície da mucosa por um pedículo. Embora a maioria dos adenomas tubulares tenha pouca displasia epitelial, cerca de 20% apresentam várias alterações displásicas, desde alterações nucleares discretas até carcinoma invasivo bem desenvolvido. • Adenomas vilosos: (10%) são encontrados principalmente no cólon retossigmoide. Nos casos típicos, esses adenomas são lesões elevadas com bases amplas e superfície rugosa semelhante à couve-flor. Ao contrário dos adenomas tubulares, os adenomas vilosos têm mais propensão a conter células malignas. Quando se desenvolve um carcinoma invasivo, não há pedículo que isole o tumor e observa-se invasão direta da parede do intestino grosso. • Adenomas tubulovilosos: têm arquitetura com elementos tubulares e vilosos, ocupam uma posição intermediária no que se refere ao risco de desenvolvimento de carcinoma invasivo. Genes envolvidos no desenvolvimento d malignidade : K- ras, APC, DCC, P-53, PFA, mutações em qualquer uma das muitas enzimas que controlam o sistema de reparo de erro no pareamento de DNA - instabilidade de microssatélite, muito comum em pacientes portadores de ca ̂ncer colorretal na ̃o polipoide heredita ́rio associado a adenoma. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS É pouco significativa e podera ́ se dar através da perda de sangue e/ou muco junto com as fezes. A intensidade da perda estara ́ em relação com o número e tamanho dos pólipos, podendo variar desde a ausência de perdas sanguíneas até situações de enterorragia mais intensa, levando a ̀ anemia. Os pólipos retais pediculados podera ̃o exteriorizar-se no momento da evacuaça ̃o. A perda de muco, misturado com sangue ou na ̃o, é a manifestação característica dos pólipos vilosos. Estes chegam, em algumas situações, a apresentar grandes volumes de perdas, com consequente depleça ̃o hidreletrolítica. Pólipos mais volumosos podera ̃o ocupar espaço dentro do lúmen intestinal, levando a episódios de suboclusa ̃o intestinal. DIAGNÓSTICO procedimentos endoscópicos (retossigmoidoscopia e colonoscopia) e radiológicos (enema opaco). A retossigmoidoscopia com tubo rígido detecta cerca de 30% dos pólipos, e, através da colonoscopia, esse valor atinge 90%. O exame radiológico (enema opaco) consegue de- tectar cerca de 80% dos pólipos, porém apresenta dificuldades no encontro de lesões com menos de 0,5 cm, havendo, muitas vezes, resultados falso-positivos provocados por fecalitos ade- ridos a ̀ parede intestinal. Assim, na realidade, esses dois métodos propedêuticos se complementam e devem ser utilizados em conjunto para a completa detecça ̃o dos pólipos. OUTROS PÓLIPOS HAMARTOMATOSOS: tumor na ̃o neopla ́sico, formado pela proliferação anormal de tecido normal, disposto de forma desorganizada, não existindo qualquer evidência de que representa alterações pré-cancerosas. O pólipo juvenil é mais comumente encontrado em crianças e, ocasionalmente, em adultos, na ̃o apresenta qualquer alteração epitelial. Formação esta ́ diretamente ligada à inflamaça ̃o e ulceraça ̃o da mucosa colônica. Essas situações obliteram pequenas gla ̂ndulas, que se dilatam e proliferam, formando inúmeros cistos de conteúdo mucinoso, fazendo, na sequência, a protrusa ̃o do lúmen intestinal. Pólipo de Peutz-Jeghers manifesta-se de forma solita ́ria, mais comumente no intestino delgado, podendo também ser encontrado no reto e no cólon, e, do ponto de vista histológico, apresenta malformaça ̃o da muscularis mucosae, recoberta por mucosa normal, sem qualquer atividade de proliferaça ̃o celular anormal. PÓLIPOS INFLAMATÓRIOS: pólipo linfoide benigno, assintoma ́ticos, sendo enontrados devido a ̀ patologia inflamatória associada PÓLIPOS METAPLÁSICOS/HIPERPLÁSICOS: reto, sa ̃o formados a partir de alterações na divisa ̃o celular no interior da cripta de Lieberku ̈hn, com expansão da zona de replicaça ̃o celular em sua base, resultando na elevac ̧a ̃o polipoide, e sem qualquer evidência de atipia. Em algumas situações, esses nódulos, na realidade, ja ́ seriam adenomas, coexistindo com uma estrutura de pólipo hiperplásico. É necessa ́rio exame microscópico para a devida remoção dessas lesões, no sentido da prevenção do ca ̂ncer local. Os verdadeiros pólipos metaplásicos, simples ou mu ́ltiplos, sa ̃o assintoma ́ticos e na ̃o requerem qualquer terapêutica específica. EPIDEMIOLOGIA é a segunda neoplasia maligna mais diagnosticada, com 1 milhão de novos casos em todo o planeta a cada ano. Nas taxas atuais, aproximadamente 5% das pessoas desenvolverão câncer colorretal ao longo de suas vidas. A causa dos cânceres de cólon e de reto é, em grande parte, desconhecida. O risco aumenta com o envelhecimento; a idade mediana por ocasião do diagnóstico de câncer de cólon é 68 anos em homens e 72 anos em mulheres. A maioriados casos (72%) ocorre na quinta década de vida. FATORES DE RISCO História Familiar: incidência é maior em pacientes com história familiar de câncer, portadores de doença de Crohn ou colite ulcerativa e pacientes com polipose adenomatosa familiar do intestino grosso. A polipose adenomatosa familiar é um distúrbio autossômico dominante raro associado a uma mutação no braço longo do cromossomo 5. Os pacientes com essa doença desenvolvem vários pólipos adenomatosos no intestino grosso em uma idade precoce. O carcinoma do cólon é inevitável, geralmente em torno da quarta década de vida, a menos que seja realizada colectomia total. Dieta: ingestão de gorduras, açúcares refinados e fibras e consumo dietético adequado de micronutrientes protetores como vitaminas A, C e E. Alguns autores sugeriram a hipótese de que níveis altos de gordura na dieta aumentem a síntese de ácidos biliares no fígado, os quais podem ser convertidos em carcinógenos potenciais pela flora bacteriana do intestino. Em especial, as bactérias são suspeitas como responsáveis pela conversão dos ácidos biliares em carcinógenos. A proliferação bacteriana é ampliada pela ingestão dietética exagerada de açúcares refinados. As fibras dietéticas parecem aumentar o volume das fezes e, deste modo, diluir e eliminar carcinógenos potenciais. Em geral, as dietas com cereais refinados contêm quantidades reduzidas de vitaminas A, C e E, que podem atuar como varredores de radicais livres de oxigênio. AAS pode conferir proteção contra o câncer colorretal, relacionado com seu efeito na síntese das prostaglandinas, das quais uma ou mais podem estar envolvidas nos sistemas de sinalização que afetam a proliferação celular ou o crescimento tumoral. Em geral, os cânceres de cólon e reto se instalam muito tempo antes do aparecimento dos sintomas. O sangramento é uma queixa inicial muito significativa e, em geral, é uma das causas que levam pessoas a buscarem atendimento médico. Outros sinais e sintomas são alterações dos hábitos intestinais, diarreia ou constipação intestinal e, em alguns casos, sensação de urgência ou esvaziamento incompleto do intestino. Em geral, dor é um sintoma tardio. CARCINOGÊNESE Mutações que envolvem a via APC/β-catenina leva ao aumento da sinalização de WNT, enquanto a via que envolve a via de instabilidade de microssatélites está associada a defeitos no reparo de erros de pareamento de DNA Ambas as vias envolvem o acúmulo gradual de mutações múltiplas, mas os genes envolvidos e os mecanismos pelos quais as mutações se acumulam são diferentes. Eventos epigenéticos, onde o mais comum é o silenciamento do gene induzido por metilação, podem aumentar a progressão ao longo de ambas as vias. • Via APC/β-catenina.: (80%), envolve a mutação do gene supressor de tumor APC no início do processo neoplásico. Para os adenomas se desenvolverem, ambas as cópias do gene APC devem estar funcionalmente inativadas, por mutação ou por eventos epigenéticos. O APC é um regulador negativo importante de β- catenina, um componente da via de sinalização WNT. A proteína APC normalmente se liga e promove a degradação da β-catenina. Com a perda de função do APC, a β-catenina se acumula e transloca-se para o núcleo, onde ativa a transcrição de genes, como os que codificam MYC e ciclina Dl, que promovem a proliferação. Isso é acompanhado por mutações adicionais, incluindo mutações de ativação em KRAS, que também promovem o crescimento e evitam a apoptose. • Via de instabilidade de microssatélites: Em pacientes com deficiência de reparo de erros de pareamento de DNA (devido à perda de genes de reparo de erros de pareamento, como discutido anteriormente), as mutações se acumulam em repetições microssatélites. Essas mutações geralmente são silenciosas porque os microssatélites tipicamente estão localizados em regiões não codificantes, mas outras sequências de microssatélites estão localizadas nas regiões de codificação ou regiões promotoras de genes envolvidos na regulação do crescimento celular, como aquelas de codificação do receptor TGF- β tipo II e a proteína proapoptótica BAX. Pelo fato de o TGF-β inibir a proliferação de células epiteliais colônicas, mutantes do receptor TGF- β tipo II podem contribuir para o crescimento celular descontrolado, enquanto a perda de BAX pode aumentar a sobrevida de clones geneticamente anormais. Em geral, o câncer colorretal é classificado em quatro estágios com base no sistema TNM (tumor, linfonodo e metástase). estágio I: limita-se à invasão das camadas mucosa e submucosa do intestino grosso, e está associado a uma taxa de sobrevida entre 90 e 100% em 5 anos. estágio II (linfonodos negativos): infiltra, mas não ultrapassa a camada muscular própria, e tem taxa de sobrevida de 80% em 5 anos. estágio III (linfonodos positivos): no qual há invasão da serosa e dos linfonodos regionais, a taxa de sobrevida diminui para 30 a 50% em 5 anos. estágio IV (metastáticos): penetram na serosa ou nos órgãos adjacentes e têm prognóstico muito mais desfavorável. DANI, Renato; PASSOS, Maria do Carmo F. Gastroenterologia Essencial, 4ª edição . [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2011. E-book. ISBN 978-85-277- 1970-4. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85- 277-1970-4/. NORRIS, Tommie L. Porth - Fisiopatologia. Grupo GEN, 2021. 9788527737876. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978852 7737876/. https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-1970-4/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-1970-4/