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APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 1 APG 9 – Herança de família 1) COMPREENDER ETIOLOGIA, EPIDEMIOLOGIA, TIPOS, FISIOPATOLOGIA, FATORES DE RISCO, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS, COMPLICAÇÕES, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DOS PÓLIPOS Os pólipos são mais comuns no cólon, mas podem ocorrer no esôfago, estômago ou intestino delgado. Os tumores benignos colorretais são, em sua maioria, de origem epitelial e, pelas suas consequências, representam o mais importante grupo dessas afecções. Os pólipos merecem atenção especial, particularmente os adenomatosos, porque, em sua maioria, apresentam potencial elevado de malignização. A incidência estimada de pólipos na população geral varia de 9 a 60%, sendo esse valor maior correspondente a pequenos pólipos encontrados em necropsias. Quando o exame radiológico do cólon (enema opaco) era um procedimento de rotina, pólipos foram encontrados em cerca de 5% dos pacientes, e a idade média de incidência era de 55 anos. Cerca de 50% dos pólipos ocorrem no cólon sigmoide e reto e podem ser detectados por toque retal ou sigmoidoscopia, 50% dos pacientes apresentam mais de uma lesão, e 15% duas lesões, sendo a distribuição desses pólipos similar à do câncer. FISIOPATOLOGIA O pólipo gastrointestinal pode ser descrito como uma massa que avança para o lúmen intestinal. Os pólipos podem ser subclassificados de acordo com: Sua inserção à parede do intestino: Sésseis: nódulos elevados da mucosa; Pedunculados: inseridos por um pedículo Aspecto histopatológico: Hiperplásico; Adenomatoso. Seu potencial neoplásico: Benigno; Maligno. PÓLIPOS NEOPLÁSICOS Os pólipos neoplásicos representam uma condição pré- cancerosa (o pico de incidência dos pólipos adenomatosos precede em alguns anos o pico do câncer colorretal = evolui para câncer), e seu potencial de malignização está na dependência direta do seu tamanho, padrão de crescimento e grau de atipia celular. ADENOMA TUBULAR: representam 65% dos adenomas benigno, geralmente são lesões esféricas com superfícies lisas e diâmetro <2cm, que se encontram ligadas à superfície da mucosa por um pedículo, composto por pequenas glândulas arredondadas ou tubulares; ADENOMA PAPILAR OU TUBULOVILOSOS: têm arquitetura com elementos tubulares e vilosos (mistura). Os adenomas desse tipo ocupam uma posição intermediária entre os adenomas tubulares e vilosos , no que se refere ao risco de desenvolvimento de carcinoma invasivo. ADENOMA VILOSO: constituem 10% dos adenomas do intestino grosso e são encontrados principalmente no cólon retossigmoide. Geralmente, são lesões elevadas com bases amplas e superfície rugosa semelhante a couve-flor, são maiores e sésseis. Tem mais propensão de conter células malignas. Os pólipos adenomatosos e o papiloma viloso apresentam-se de formas diferentes na microscopia, porém são decorrentes do mesmo processo patológico. Formas intermediárias entre o adenoma e o papiloma viloso são comuns, e nessas situações, será utilizada a denominação de adenoma papilar ou tubuloviloso. A frequência dos pólipos aumenta com a idade e a prevalência dos pólipos adenomatosos aumenta significativamente depois dos 60 anos. Homens e mulheres são igualmente afetados e estão presentes em quase 50% dos adultos, que vivem no mundo ocidental que estão chegando aos 50 anos. Os pólipos adenomatosos (adenomas), então, são neoplasias benignas que se originam do epitélio da mucosa intestinal e variam de 0,3 a 10 cm. Esses pólipos são formados de células neoplásicas que proliferaram mais que a necessidade para repor as células que normalmente se desprendem da superfície da mucosa. A patogênese da formação dos adenomas consiste em alteração neoplásica da replicação das células epiteliais das criptas: pode haver apoptose reduzida, persistência da APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 2 replicação celular e falhas de maturação e diferenciação das células que migram para a superfície das criptas. Normalmente, a síntese de DNA cessa à medida que as células alcançam os dois terços superiores das criptas e, em seguida, sofrem maturação, migram para a superfície e tornam-se senescentes (envelhecem, desgasta e enfraquece). Em seguida, essas células sofrem apoptose e desprendem-se da superfície. Os adenomas são formados quando há uma anormalidade dessa sequência, ou seja, quando as células epiteliais retêm sua capacidade proliferativa ao longo de todo o comprimento da cripta. As alterações da diferenciação celular podem causar displasia e progressão a um carcinoma invasivo. Histopatologicamente, a marca citopatológica da displasia epitelial é a hipercromasia nuclear, alongamento e estratificação. Essas alterações são mais facilmente observadas na superfície do adenoma porque o amadurecimento epitelial falha à medida que as células migram para fora da cripta. As manifestações clínicas do pólipo é pouco significativa e poderá se dar através da perda de sangue e/ou muco junto com as fezes. A intensidade da perda estará em relação com o número e tamanho dos pólipos, podendo variar desde a ausência de perdas sanguíneas até situações de enterorragia mais intensa, levando à anemia. Os pólipos retais pediculados poderão exteriorizar-se no momento da evacuação. A perda de muco, misturado com sangue ou não, é a manifestação característica dos pólipos vilosos. Estes chegam, em algumas situações, a apresentar grandes volumes de perdas, com consequente depleção hidroeletrolítica. Pólipos mais volumosos poderão ocupar espaço dentro do lúmen intestinal, levando a episódios de suboclusão intestinal. O diagnóstico é realizado através de procedimentos endoscópicos (retossigmoidoscopia e colonoscopia) e radiológicos (enema opaco). Em exame de rotina, o encontro de sangue oculto nas fezes indicará a realização de procedimentos endoscópicos. O tratamento consiste na remoção de qualquer pólipo encontrado, e a via de eleição são os procedimentos endoscópicos, que permitem o enlaçamento do pólipo através de alças e sua ressecção com eletrofulguração da sua base. Pólipos maiores, sésseis e com base larga são removidos em partes, através de procedimentos sucessivos, muitas vezes em mais de uma sessão. Na impossibilidade da remoção endoscópica de pólipos, pelo seu volume ou base extremamente larga, a conduta passará a ser cirúrgica, com laparotomia e colotomia. Nessas situações, em casos suspeitos, a cirurgia poderá́ ser ampliada com a realização da colectomia parcial. Cerca de 2 a 4% dos pólipos removidos endoscopicamente apresentam carcinoma invasivo, e, nessas condições, deverá ser tomada a decisão de operar e remover o segmento de cólon ou, então, acompanhar o paciente através de endoscopias programadas. A) Adenoma tubular com superfície lisa e glândulas arredondadas. B) Adenoma viloso com projeções longas e delgadas (lembra pequenas vilosidades intestinais). C) Células displásicas epiteliais com núcleos aumentados, hipercromáticos e alongados. D) Adenoma serrilhado séssil revestido por células caliciformes típicas de displasia. Diferente do pólipo hiperplásico pelo envolvimento das criptas APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 3 Uma vez removido o pólipo por via endoscópica, nova colonoscopia deverá ser realizada após 1 a 2 anos e, depois, a, pelo menos, cada 3 anos em pacientes do grupo de risco. SÍNDROMES FAMILIARES POLIPOSE ADENOMATOSA FAMILIAR (PAF): é um distúrbio autossômico dominante marcado pelo surgimento, na adolescência, de numerosos adenomascolorretais. É causada por mutações do gene da polipose adenomatosa do cólon (APC); O adenocarcinoma colorretal se desenvolve em 100% dos pacientes com PAF não tratada, muitas vezes antes dos 30 anos; Dessa forma, a colectomia profilática é a terapia padrão para pessoas portadoras de mutações de APC, porém, os pacientes permanecem em risco de manifestações extraintestinais, incluindo neoplasias em outros locais; Mutações específicas de APC também estão associadas ao desenvolvimento de outras manifestações de PAF e explicam variantes como a síndrome de Gardner e a síndrome de Turcot. CÂNCER COLORRETAL HEREDITÁRIO NÃO POLIPOSO (CCHNP): também conhecido como síndrome de Lynch, foi descrito como um agrupamento de cânceres familiares de ocorrência distribuída em vários locais, incluindo cólon, endométrio, estomago, ovário, ureteres, cérebro, intestino delgado, trato hepatobiliar e pele. Os cânceres do cólon em pacientes com CCHNP, tendem a ocorrer em idades mais jovens do que os cânceres de cólon esporádicos. Em muitos casos, os adenomas serrilhados sésseis estão associados ao CCHNP, e a produção de mucina pode ser proeminente nos adenocarcinomas subsequentes. O CCHNP é causado por mutações herdadas na linhagem germinativa em genes que codificam proteínas responsáveis pela detecção, excisão e reparo de erros que ocorrem durante a replicação do DNA. Genes na maioria dos casos: MSH2 ou MLH1. PÓLIPOS HAMARTOMATOSOS O hamartoma é definido como um tumor não neoplásico, formado pela proliferação anormal de tecido normal, disposto de forma desorganizada (semelhante a tumores), não existindo qualquer evidência de que representa alterações pré-cancerosas. Ocorrem esporadicamente e como componentes de várias síndromes geneticamente determinadas ou adquirida O pólipo juvenil é o tipo mais comum de pólipos hamartomatosos e é mais comumente encontrado em crianças e, ocasionalmente, em adultos. Apresenta-se de forma esférica e superfície lisa, diâmetro médio de 1-2 cm, com pedículos longos e finos, contendo inúmeros cistos preenchidos por mucina (denominação pólipo de retenção), localizados no reto Não apresentam qualquer alteração epitelial, diferente dos adenomas. Em 70% dos casos localiza-se no reto, em 15% no sigmoide, e os 15% restantes ao longo do cólon. Na maioria das vezes são pólipos únicos, e quando múltiplos, são de 2 a 12. A formação desses pólipos está diretamente ligada à inflamação e ulceração da mucosa colônica. Essas situações eliminam pequenas glândulas, que se dilatam e proliferam, formando inúmeros cistos de conteúdo mucinoso, fazendo, na sequência, a protusão do lúmen intestinal. O movimento do bolo fecal traciona essa protusão, formando então o pedículo, desprovido de muscular da mucosa. Por essa razão, poderá sofrer processo de torção e/ou necrose, com sua eliminação espontânea. A manifestação clínica mais importante é a perda de sangue junto com as fezes. Como a maioria desses pólipos são de localização baixa, o sangue é de coloração clara. Alguns pólipos podem exteriorizar-se pelo ânus durante a evacuação. Em situações de pólipos múltiplos, poderá acontecer o aparecimento da diarreia. O diagnóstico é realizado através de procedimentos endoscópicos e pela retossigmoidoscopia poderá detectar cerca de 75% desses pólipos e os restantes pela APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 4 colonoscopia. O método endoscópio permite não somente o diagnóstico, mas também a remoção, através do enlaçamento com alças ligadas a eletrocautério. PÓLIPOS INFLAMATÓRIOS O pólipo linfoide benigno é mais frequentemente encontrado no terço distal do reto e no íleo terminal. A causa subjacente é o comprometimento do relaxamento do esfíncter anorretal, criando um ângulo agudo na parede anterior do reto. Isso leva a abrasão (desgaste) recorrente e ulceração da mucosa retal sobrejacente. Assim, ciclos crônicos de lesão e cicatrização produzem uma massa polipoide composta por tecido inflamado e reativo da mucosa É formado por tecido linfoide, constituindo estrutura de linfonodo, porém sem sinuosidade, localizando-se na submucosa e recoberto de mucosa normal. Esses pólipos são assintomáticos, sendo encontrados devido à patologia inflamatória associada e a sua excisão representa o tratamento correto. No Robbins fala que os pacientes apresentam a tríade clínica de sangramento retal, secreção de muco e lesão inflamatória da parede retal anterior. A polipose inflamatória (pseudopolipose = erroneamente, pois são pólipos verdadeiros), ocorre como resultado de ulceração que compromete toda a espessura do epitélio intestinal, principalmente em processos disentéricos crônicos do cólon, como os encontrados nas Doenças Inflamatórias Intestinais. Esses pólipos apresentam-se em grande número, sob a forma de apêndices mucosos, contendo alterações de caráter inflamatório. Do ponto de vista radiológico e endoscópico, a diferenciação entre a pólipos inflamatória e a adenomatosa poderá ser difícil, sendo necessário o exame histopatológico de biopsias para o correto diagnóstico. Esses pólipos não requerem terapia específica, já que não estão relacionados diretamente com o processo inflamatório de base. PÓLIPOS METAPLÁSICOS OU HIPERPLÁSICOS Os pólipos metaplásicos ou hiperplásicos são bastante frequentes no reto e achado comum em exames retossigmoidoscópicos. Apresentam-se como pequenas lesões com poucos milímetros de diâmetro, recobertas por mucosa normal, sésseis, com aspecto nodular e mamelonado. São formados a partir de alterações na divisão celular no interior da cripta, com expansão da zona de replicação celular em sua base, resultando na elevação polipoide, e sem qualquer evidência de atipia. Em algumas situações, esses nódulos, na realidade, já seriam adenomas, coexistindo com uma estrutura de pólipo hiperplásico. Embora essas lesões não apresentem potencial maligno, devem ser diferenciadas dos adenomas serrilhados sésseis (maligno). É necessário exame microscópico para a devida remoção dessas lesões, no sentido da prevenção do câncer local. Os verdadeiros pólipos, simples ou múltiplos, são assintomáticos e não requerem qualquer terapêutica específica. 2) ENTENDER A RELAÇÃO GENÉTICA DOS PÓLIPOS COM AS NEOPLASIAS E SUA EVOLUÇÃO RELEMBRANDO: GENES SUPRESSORES DE TUMOR: são genes “do câncer”, que há perda de função por conta da mutação que remove a inibição do controle do crescimento celular. Os genes supressores incluem p53, Rb e 3p. ONCOGENES: são genes homólogos aos genes celulares normais, e quando sofrem mutação se ativam e ganham função. A família ras tem 3 membros primários (H-ras, K- ras e N-ras); Pólipo juvenil. Observe a erosão da superfície e criptas dilatadas cisticamente e preenchidas por muco, neutrófilos e debris Os pólipos hiperplásicos são compostos por células caliciformes e absortivas maduras. A) Pólipo de superfície com tufos irregulares de células epiteliais. B) Os tufos são resultado da aglomeração epitelial. C) O agrupamento epitelial produz arquitetura serrilhada quando as glândulas são cortadas transversalmente. APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 5 Como já foi dito, aceita-se hoje que a maioria dos cânceres do cólon origina-se de ADENOMAS. A progressão de adenoma para carcinoma abrange alterações de genética molecular, entre estas a ATIVAÇÃO de oncogenes e a INATIVAÇÃO de genes supressores de tumor. O mais estudado desses oncogenes é o K-ras. Sabe-se que apenas 9% dos pequenos adenomas apresentam mutações no gene K-ras, enquanto essa cifra é da ordem de 58% nosadenomas maiores de 1 cm, e de 47% nos cânceres do cólon. Essas mutações permitem ao gene transformar células e, portanto, induzir neoplasias. Entretanto, como muitos adenomas não exibem alterações do gene K-ras, havendo outras alterações genéticas envolvidas no fenômeno de transformação tumoral. O gene APC, um gene supressor de tumor, localizado no braço longo do cromossomo 5, é, provavelmente, um elemento importante nessa cadeia de eventos. Mutações ou perdas desse gene permitem maior suscetibilidade em desenvolver neoplasia nos portadores de POLIPOSE FAMILIAR ADENOMATOSA (PFA), assim como em pacientes com adenomas esporádicos. Os pacientes com PFA nascem com mutação em um alelo do gene APC e adquirem uma mutação somática no outro alelo, o que permite a manifestação fenotípica. Outros genes supressores de tumor, como o DCC (deleted in colon cancer), que está localizado no cromossomo 18q, podem estar envolvidos no processo cancerigênico. A mutação no gene p53, localizado no cromossomo 17p, é outra alteração que pode contar na progressão tardia do adenoma para o câncer. Um mecanismo que parece importante é representado por mutações em qualquer uma das muitas enzimas que controlam o sistema de reparo de erro no pareamento de DNA. Essas mutações desaguam em um fenótipo característico, processo chamado de instabilidade de microssatélite, muito comum em pacientes portadores de câncer colorretal não polipoide hereditário (Síndrome de Lynch) associado a adenoma. Esses adenomas apresentam particular tendência para progredir até carcinoma. A PFA, como se viu, está envolvida no processo de carcinogênese do câncer colorretal, e estudos genéticos realizados identificaram o cromossomo 5q21 como local implicado na gênese de lesão nesses pacientes. Cerca de 200 mutações foram observadas no gene APC, e, através da reação de cadeia da polimerase, pode-se identificar os membros de uma família que apresentam a mutação do gene APC antes de desenvolverem o pólipo. A possibilidade da identificação dessas alterações hereditárias no gene APC permitirá a detecção pré-sintomática da PFA, podendo, assim, prevenir a eventualidade do câncer colorretal, até com a efetivação de uma colectomia total profilática. A PFA juntamente com a síndrome de Lynch representa duas importantes condições hereditárias que ocasionam o aparecimento do câncer colorretal, e foram identificadas três vias de eventos genéticos responsáveis: 1) A via de instabilidade cromossômica (CIN+); 2) A de instabilidade de microssatélites (MSI+); 3) A combinação das duas vias: CIN-MSI. A via MSI+ promove um aumento significativo nas alterações súbitas do DNA (prejudica o sistema de reparo de DNA), enquanto a CIN+ aumenta a velocidade em que ocorrem as alterações grosseiras durante a divisão celular. 3) ESTUDAR OS FATORES DE RISCO, A EPIDEMIOLOGIA E O MECANISMO CARCINOGÊNICO PARA O DESENVOLVIMENTO DO CÂNCER DE CÓLON O adenocarcinoma do cólon é a neoplasia maligna mais comum do trato gastrointestinal. O câncer colorretal representa a 2ª causa de mortes por neoplasias nos EUA, e cerca de 90% destas são provenientes de pólipos adenomatosos. A incidência do câncer colorretal atinge seu pico de incidência entre 60 e 70 anos de idade, e menos de 20% dos casos ocorrem antes dos 50 anos. Os homens são ligeiramente mais acometidos do que as mulheres No Brasil, segundo os Registros de Câncer de Base Populacional, do Ministério da Saúde, para o ano de 2006, a incidência foi de 13,69 por 100.000 homens e de 14,60 para 100.000 mulheres, abrangendo todos os tipos de neoplasias. Os fatores alimentares mais intimamente associados ao aumento das taxas de câncer colorretal são a baixa ingestão de fibra vegetal não absorvível e o alto consumo de carboidratos refinados e gordura. Vários estudos epidemiológicos sugerem que o ácido acetilsalicílico ou outros AINEs apresentam efeito protetor. Estudos mostraram que alguns AINEs causam regressão de pólipos em pacientes com PAF nos quais o reto foi mantido após colectomia. APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 6 Acredita-se que esse efeito seja mediado pela inibição da COX-2, que é altamente expressa em 90% dos carcinomas colorretais e entre 40% a 90% dos adenomas, e é conhecida por promover a proliferação epitelial, particularmente em resposta à injúria. PATOGENIA: A combinação de eventos moleculares que levam a um adenocarcinoma do cólon é heterogênea e inclui anormalidades genéticas e epigenéticas. Duas vias genéticas envolvem o acúmulo gradual de mutações múltiplas, mas os genes envolvidos e os mecanismos pelos quais as mutações se acumulam são diferentes: A via APC/ β-catenina: responsável por até 80% dos tumores de cólon esporádicos, envolve a mutação do gene supressor de tumor APC no inicio do processo neoplásico. Para os adenomas se desenvolverem, ambas as cópias do gene APC devem estar funcionalmente inativas, por mutações ou por eventos epigenéticos. A proteína APC normalmente se liga e promove a degração da β-catenina. Com a perda de função do APC, a β-catenina se acumula e transloca-se para o núcleo, onde ativa a transcrição de genes que promove a proliferação. Isso é acompanhado por mutações adicionais, incluindo mutações de ativação em K-ras (promove o crescimento e evitam a apoptose). A progressão neoplásica também está associada a mutações em outros genes supressores de tumor, como SMAD2 e SMAD4, que codificam efetores da sinalização de TGF-β (normalmente inibe o ciclo celular, a perda desses genes pode permitir o crescimento celular sem restrições). O gene supressor de tumor TP53 encontra-se mutado em 70% a 80% dos cânceres de cólon, mas não é comumente afetado nos adenomas, sugerindo que as mutações em TP53 também ocorrem em estágios tardios da progressão tumoral. A via de instabilidade de microssatélites: em pacientes com deficiência de reparo de erros de pareamento de DNA, devido à perda de genes de reparo de erros de pareamento, as mutações se acumulam em repetições microssatélites, uma condição chamada instabilidade microssatélite. Sequências de microssatélites estão localizadas nas regiões de codificação ou regiões promotoras de genes envolvidos na regulação do crescimento celular, como aquelas de codificação do receptor TGF-β tipo II e a proteína proapoptótica BAX. O TGF-βinibe a proliferação de células epiteliais colônicas, e mutantes do receptor TGF-βtipo II podem contribuir para o crescimento celular descontrolado, enquanto a perda de BAX pode aumentar a sobrevida de clones geneticamente anormais. Defeitos nos genes de reparo resultam em instabilidade dos microssatélites e permitem o acúmulo de mutações em numerosos genes. Se essas mutações afetarem os genes envolvidos na sobrevivência e na proliferação celular, o câncer pode se desenvolver. Os tumores na região proximal do cólon crescem como massas polipoides, exofíticas, que se estendem ao longo da parede de grande calibre do ceco e cólon ascendente, esses tumores raramente causam obstrução. Em contrapartida, os carcinomas da parte distal do cólon tendem a ser lesões anulares que produzem constrições em “anel de guardanapo” e estreitamento luminal., às vezes até o ponto de obstrução. Ambas as formas crescem na parede do intestino com o passar do tempo e podem ser palpáveis como massas sólidas. APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 7 Microscopicamente, a maioria dos tumores é composta por células colunares altas que se assemelham ao epitélio displásico encontrado em adenomas. Alguns tumores pouco diferenciados formam algumas glândulas. Outrospodem produzir mucina abundante que se acumula na parede intestinal, e estes apresentam prognóstico sombrio. Os tumores também podem ser compostos por células em anel de sinete, que são semelhantes àquelas dos cânceres gástricos REFERÊNCIAS DANI, Renato; PASSOS, Maria do Carmo F. Gastroenterologia Essencial, 4ª edição. Grupo GEN, 2011. NORRIS, Tommie L. Porth - Fisiopatologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul; ASTER, Jon. Robbins & Cotran Patologia - Bases Patológicas das Doenças. 9. ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016. A) Adenocarcinoma bem diferenciado. Observe os núcleos alongados e hipercromáticos. Debris necróticos, presentes no lúmen da glândula, são característicos. B) Adenocarcinoma pouco diferenciado. Forma algumas glândulas, mas é composto em grande parte por ninhos infiltrativos de células tumorais. C) Adenocarcinoma mucinoso com células em anel de sinete e aglomerados de mucina extracelular.
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