Prévia do material em texto
Aldenor Batista da Silva Junior Antônio José Araújo Lima Eder Ahmad Charaf Eddine (Organizadores) Educação, tecnologias e sociedade Aldenor Batista da Silva Junior Antônio José Araújo Lima Eder Ahmad Charaf Eddine (Organizadores) Educação, tecnologias e sociedade Belo Horizonte, MG 2021 Copyright © 2021 by Aldenor Batista da Silva Junior, Antônio José Araújo Lima & Eder Ahmad Charaf Eddine Todos os direitos reservados Editor da Obra Lucas Yuri da Silva Rodrigues Arte da capa Victoria S. Mendes Diagramação Jurema A. Silva Drumond Rodrigues Conselho Editorial: Ana Helena Ithamar Passos Eliana Mariel D.de los Ríos Jorge F. Dantas Junior Kiusam de Oliveira Larissa de A. Silva Mariana F. dos Santos Pâmella Passos Patrícia G. Rufino Andrade Rita de Cássia V. da Costa Simone Silva Alves Sônia Guimarães Suely Dulce de Castilho Educação, tecnologias e sociedade. 1.ed. / Aldenor Batista da Silva Junior; Antônio José Araújo Lima; Eder Ahmad Charaf Eddine (Orgs.) – Belo Horizonte: Educação Transversal Edições, 2021, 310 p. ISBN: 978-65-994576-1-6 1. Tecnologias. 2. Educação. 3. Ensino. I. Título. II. Silva Junior. III. Lima. IV. Charaf Eddine Todos os direitos desta edição reservados aos autores, organizador e editores. As revisões dos textos são de inteira responsabilidade dos autores. SUMÁRIO PREFÁCIO .................................................................................................. 07 Jânio Fernandes e Silva JOGOS LÚDICOS COMO RECURSO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO NO ENSINO DE GEOGRAFIA ....................................................................... 11 Lamisia Morais de Almeida e Oswaldo Palma Lopes Sobrinho SOFTWARES EDUCACIONAIS COMO FERRAMENTA DE AUXÍLIO NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA .......................................................................................... 35 José Ribamar Carvalho Filho, Marconi de Jesus Santos e Antônio José Araújo Lima AS CONTRIBUIÇÕES DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO E DO FACEBOOK NOS PROCESSOS DE ENSINO DA LEITURA E ESCRITA ......................... 59 Francisco de Moura Barros e Oswaldo Palma Lopes Sobrinho FORMAÇÃO CONTINUADA DOCENTE: O PAPEL DA DISCIPLINA ACESSIBILIDADE E A INFORMÁTICA INCLUSIVA DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO DO IFMA CAMPUS SÃO RAIMUNDO DAS MANGABEIRAS ........................................................................................ 87 Hezita Batista de Sousa e Denilson Barbosa dos Santos A PERCEPÇÃO DO CORPO ACADÊMICO QUANTO A IMPLANTAÇÃO DO ENSINO REMOTO EMERGENCIAL EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR (IES) DE BALSAS-MA ...... 117 Gilliard Ribeiro dos Santos e Antonio Lisboa da Silva INFORMÁTICA INCLUSIVA NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA: PERCEPÇÕES CONSTRUÍDAS POR PROFESSORAS DE SALAS COMUNS DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE FORTUNA (MA) ............................................................... 145 Cesanildo Vicente da Silva e Denilson Barbosa dos Santos IMPLEMENTAÇÃO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS EM ESCOLA PUBLICA MUNICIPAL DA CIDADE DE PEDREIRAS-MA: DESAFIOS E PERSPECTIVAS DAS METODOLOGIAS ATIVAS .... 175 Evaldo Augusto Sousa Monteiro e Joelson de Sousa Morais ABORDAGEM ETNOBOTÂNICA E USO DE PLANTAS MEDICINAIS COM FINS TERAPÊUTICO POR ALUNOS NO ENSINO MÉDIO ...................................................................................... 207 Marijara Tavares Souza, Zacarias Carvalho de Araújo Neto e Maurício dos Santos Araújo DA VOZ DA PROFESSORA À PALAVRA ESCRITA: VIVÊNCIAS NARRADAS E O ENSINAR COM A EDUCAÇÃO DIGITAL INCLUSIVA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ......................................... 241 Reisimá Castro de Sousa, Aldenor Batista da Silva Junior, Ellery Henrique Barros da Silva e Eder Ahmad Charaf Eddine POTENCIALIDADES DA INCLUSÃO DIGITAL E DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO AMBIENTE ESCOLAR ........................................................................... 271 Rayanne Marques Santana Rocha e Joelson de Sousa Morais SOBRE OS AUTORES ............................................................................. 299 Educação, tecnologias e sociedade 7 PREFÁCIO O Instituto Federal do Maranhão Campus São Raimundo das Mangabeiras (IFMA) tem mais de 11 anos de funcionamento na região Sul do Maranhão com oferta de cursos técnicos, de graduação e pós-graduação latu sensu, contribuindo significativamente com a formação profissional e cidadã de nossos alunos. A Educação à distância é uma modalidade de ensino que está nos oportunizando ultrapassarmos os nossos muros levando educação publica e de qualidade a diversos municípios do estado do Maranhão. O Campus São Raimundo das Mangabeiras (IFMA) reafirmou seu caráter inovador e precursor na área da formação e qualificação de pessoas ao criar a primeira Especialização na modalidade de Educação à Distância de nossa instituição. Hoje atuamos em mais de vinte e quatro municípios do estado do Maranhão. Foi com grande prazer que recebi o convite para prefaciar a presente coletânea, que reúne artigos de autoria de alunos do curso de Especialização em Informática na Educação na modalidade EaD, do Instituto Federal do Maranhão Campus São Raimundo das Mangabeiras (IFMA). A minha satisfação se deve em virtude da evolução na oferta de cursos do Campus São Raimundo das Mangabeiras, objetivando a verticalização do ensino e a qualificação na formação de nossos alunos. Além disso, esse excelente trabalho nos mostra o estimulo que esses autores estão tendo para o mundo da pesquisa científica e a produção do conhecimento. O desenvolvimento tecnológico trouxe grandes benefícios para a sociedade, como a ampliação do acesso à Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 8 educação, que por outro lado, nos apresentou novos desafios a ser enfrentados e superados. O que devemos fazer, por exemplo, para garantir que o ensino a distância capacite e qualifique professores tão bons como os oriundos do ensino presencial e ainda, como fazer para que aconteça a interação e colaboração entre alunos em um ambiente virtual de aprendizagem? Esta coletânea organizada em forma de artigos tenta responder a questões dessa natureza, utilizando-se da investigação científica, seja pelo desenvolvimento de metodologias educacionais, seja pela interação social, seja pela disseminação do conhecimento simbolizada pela publicação do livro Educação, tecnologias e sociedade. Este livro reúne artigos de grande relevância educacional e social, que abordam desde aspectos históricos da inter-relação entre, educação, tecnologia e sociedade até possibilidades ainda pouco exploradas, passando por relatos de experiências e avaliações de casos reais de uso de tecnologias educacionais que visam contribuir com o fazer pedagógico. Analisar e discutir as diversas formas de ensino e de ensinar nos faz refletir sobre os conteúdos e as práticas pedagógicas a serem trabalhadas de forma a democratizar cada vez mais o acesso ao ensino, utilizando-se de ferramentas tecnológicas que visam a formação profissional da educação, como sendo a sua verdadeira plenitude no ato de ensinar. Estas são algumas temáticas que o leitor encontrará neste livro. Os artigos aqui apresentados trazem uma significativa reflexão sobre os ambientes virtuais de aprendizagem como espaços de realização de práticas pedagógicas. A multiplicidade de olhares sobre essa realidade mutante é uma característica importante deste livro. Estes espaços nos trazem oportunidades Educação, tecnologias e sociedade 9 paradirimir as questões e ampliar as políticas publicas de acesso à educação nos mais diversos lugares deste estado e porque não do nosso país. Não poderia deixar de mencionar a significativa contribuição da Educação à Distância EaD na formação de pessoas com suas características e peculiaridades, oportunizando uma flexibilização com o intuito de torná-los autônomos e comprometidos com sua formação e com o fazer pedagógico. Por fim, os artigos escritos nesta obra estão marcados por oferecer-nos temáticas reflexivas e inspiradoras em relação ao fazer pedagógico e a transformação da educação. Aproveito para parabenizar os autores e deixar uma palavra de estímulo para que sejam os primeiros de muitos trabalhos científicos. Aproveito para convidar você leitor a enveredar pelas páginas desta brilhante obra. A mim, coube a tarefa de abrir as cortinas. Jânio Fernandes e Silva Diretor Geral do IFMA Campus São Raimundo das Mangabeiras Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 10 Educação, tecnologias e sociedade 11 JOGOS LÚDICOS COMO RECURSO DIDÁTICO- PEDAGÓGICO NO ENSINO DE GEOGRAFIA Lamisia Morais de Almeida Oswaldo Palma Lopes Sobrinho INTRODUÇÃO Diariamente os professores se deparam com inúmeras dificuldades em transmitir seus conteúdos no ambiente escolar como à falta de infraestrutura nas escolas, de materiais adequados para o ensino, à compreensão dos pais, a atenção por parte dos alunos e com a disciplina de geografia não é diferente e chegam a enfrentar barreiras na hora de envolver os alunos nos conteúdos repassados e nas atividades propostas em sala de aula. Por isso, desenvolver novas estratégias didático-pedagógicas e recursos didáticos como o uso de jogos lúdicos visa instigar os alunos a aprender conteúdos mais produtivos, prazerosos e interessantes. No contexto educacional, o ensino tradicional não consegue despertar nos alunos questionamentos sobre o seu mundo e não proporciona aos professores condições dignas de trabalho (CALLAI, 2003). Do ponto de vista didático têm sido observadas as necessidades que os Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 12 professores sentem no seu cotidiano escolar almejando um ambiente agradável, atraente e diversificado. Em contrapartida, nem sempre conseguem, pois algumas vezes o tempo e os recursos didáticos necessários, bem como a infraestrutura adequada não são disponibilizados nas redes de ensino público. Muitos são os desafios enfrentados pela educação e por isso, novas estratégias e metodologias de ensino se tornam importantes para articular a práxis no ambiente escolar, o saber não se reduz, exclusiva ou principalmente, aos processos mentais, cujo suporte é a atividade cognitiva dos indivíduos, mas é também um saber social que se desponta nas relações complexas entre professores e alunos (TARDIF, 2002). Portanto, é importante que a prática pedagógica de professores de geografia seja dinâmica, participativa e reflexiva buscando sempre associar os conteúdos abordados com a realidade dos alunos rompendo com o modelo de ensino mecanizado e descritivo que pouco chama a atenção. A falta de motivação tem sido uma problemática de ponta na educação devido à comprovação de que a sua ausência representa a queda de estímulo pessoal e, consequentemente, influenciará de forma negativa no processo de ensino-aprendizagem (MORAIS, 2007). Por isso, torna-se importante buscar alternativas para a forma de lecionar e os jogos lúdicos surgem como uma ferramenta didática que auxiliam os professores nas mais diversas Educação, tecnologias e sociedade 13 atividades de ensino podendo ser abordado em qualquer temática oportunizado aos alunos a absorção de conteúdos de forma mais simples e prazerosa melhorando o processo de ensino-aprendizagem. O modelo de ensino tradicional tem sido superado com a atividade lúdica, pois com ela os alunos deixam a sua acomodação para uma melhor assimilação dos conteúdos repassados em sala de aula oportunizando melhorias da capacidade cognitiva e tornando o processo de ensino-aprendizagem mais significativo. Partindo desse pressuposto, a participação dos alunos na construção e/ou confecção de materiais, a visualização e o contato vão garantir o desenvolvimento com o trabalho em equipe, a maturidade intelectual, a concentração, o respeito e as noções sobre o espaço geográfico, entendendo o que se passa no mundo, relacionando situações do cotidiano com a realidade que vive (SAWCZUK, MOURA, 2012). Estudos realizados por Smole; Diniz; Candido (2007); Castrogiovanni (2007); e Castellar; Vilhena (2010) têm demostrado que o uso de jogos lúdicos em sala de aula enriquece a maneira como os alunos lidam com os conteúdos mais complexos que geram maiores dificuldades no processo de ensino-aprendizagem. Diante do exposto, objetivou-se com este estudo propor a utilização de jogos lúdicos no ensino de geografia evidenciando a sua importância para o Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 14 processo de ensino-aprendizagem e caracterizar como recurso didático-pedagógico de ensino. METODOLOGIA O presente estudo descritivo de natureza qualitativa e como procedimento metodológico de coleta de dados realizou-se a pesquisa bibliográfica tendo como aporte teórico as contribuições dos estudiosos Lopes (2005); Passini (2007); Huizinga (2008); Kaercher (2009); Morais (2013) e Francisco (2020) buscando abordagens sobre o tradicionalismo no ensino de geografia, novas metodologias no seu ensino, o uso da ludicidade como suporte pedagógico e maneiras de transformar os jogos utilizados no dia a dia em instrumentos de aprendizagem de maneira didática. Entretanto, esse tipo de pesquisa fornece uma gama de informações permitindo a utilização de dados dispersos em diversas publicações, auxiliando na construção e nas definições do quadro conceitual que abrange o objeto de estudo proposto (GIL, 1994). Realizou-se uma revisão integrativa fundamentada no Manual de Revisão Bibliográfica Sistemática Integrativa (2014), que é composta por cinco distintas etapas, tais como o estabelecimento do problema, a seleção da amostra, a caracterização dos estudos, as análises e discussão dos resultados e a apresentação (BEYEA; NICOLL, 1998) e conduzida pelas questões norteadoras: de que forma os jogos lúdicos podem influenciar no ensino de geografia e Educação, tecnologias e sociedade 15 qual a sua importância? Como o ensino tradicional tem afetado os alunos? os jogos lúdicos podem ser utilizados como materiais didáticos? a ludicidade garante aos professores melhorias na forma de lecionar os conteúdos? A investigação e o levantamento de artigos em periódicos especializados, trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses foram concretizados nas bases de dados SciELO, Scopus, Web of Science e Google acadêmico com abordagens na íntegra sobre a temática em questão referente à revisão integrativa nos últimos 27 anos. Como palavras-chave para a busca utilizou-se “jogos lúdicos”, “recursos didático-pedagógicos” e “ensino de geografia” em português e “playful games”, “didactic-pedagogical resources” and “geography teaching” em inglês. A seleção dos artigos foi realizada por meio da leitura do título e do resumo, e uma vez apropriada realizaram-se a apreciação, bem como as análises dos documentos de maneira descritiva visando reunir os conhecimentos adquiridos sobre a temática abordada na revisão integrativa. O ENSINO DE GEOGRAFIA A geografia é uma ciência que tem como objeto principal de estudo o espaço geográfico que corresponde ao palco das realizações humanas e recebe diferentes significados: de uma forma genéricaa palavra geo significa Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 16 Terra e grafia a descrição da Terra. Essa descreve todos os elementos contidos na superfície do planeta como a atmosfera, a hidrosfera, a litosfera e a biosfera ou esfera da vida (onde se desenvolve a vida), além da interação desses elementos com os seres vivos (FRANCISCO, 2020). De acordo com o autor supracitado, é muito mais abrangente do que se costuma presumir e na maioria das vezes é conceituada de forma rasa e sem parar para estudar todas as suas nuances. Por conseguinte, o ensino de geografia deve ser construído baseado na sensibilidade, na capacidade de perceber o mundo aliando o conhecimento científico e tecnológico valorizando o respeito aos indivíduos e à natureza que os cercam e, principalmente, valorizando a vivência dos alunos e o ambiente no qual está inserido. Para ensinar a geografia é necessário que o professor se encante e encante o aluno com uma práxis pedagógica que o faça descobrir e compreender a geografia como ciência, arte e vida (MORAIS, 2013). Com isso, a compreensão do mundo em que se vive vai além de uma descrição simplista dos estados que o compõem, mas depende, dentre outros elementos, da capacidade de distinguir as relações entre fenômenos de diversas naturezas, compreender a lógica de cada um e as implicações a partir das relações no mundo. Por isso, abordar as novas metodologias utilizadas em sala de aula Educação, tecnologias e sociedade 17 favorece melhor aprendizado por parte dos alunos e facilita aos professores na hora de ministrar os conteúdos. A Base Nacional Comum Curricular (Brasil, 2018, p. 35) reforça quê: Estudar geografia oportuniza compreender o mundo em que se vive, na medida em que esse componente curricular aborda as ações humanas construídas nas distintas sociedades existentes e regiões do planeta. Ao mesmo tempo em que, a educação geográfica contribui para a formação do conceito de identidade, expresso de diferentes formas: na compreensão perceptiva da paisagem, que ganha significado à medida que, ao observá-la, nota-se a vivência dos indivíduos e da coletividade; nas relações com os lugares vividos; nos costumes que resgatam a nossa memória social; na identidade cultural; e na consciência de que somos sujeitos da história, distintos uns dos outros e, por isso, convictos das nossas diferenças. De modo geral, a geografia é importante no estudo e na vida dos alunos e é por meio dessa ciência que o ser humano se localiza no espaço onde mora, pois não basta ter os conhecimentos científicos e habilidades é necessário saber como transportar e/ou transmiti-los para a realidade do aluno. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) mencionam que é frequente o abandono de conteúdos Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 18 fundamentais de geografia como as categorias de nação, lugar, território e espaço geográfico para modismos que buscam a sensibilização dos alunos para temáticas atuais sem a preocupação de promover à compreensão de fatores que delas são as causas ou decorrências e a memorização têm sido praticada no ensino da geografia (BRASIL, 2001, p. 35). Portanto, visando medidas para melhorar o ensino foram elaborados nos PCNs de geografia terceiro e quarto ciclo do Ensino Fundamental propostas objetivando que os alunos construam um conjunto de conhecimentos, referentes aos conceitos, procedimentos e atitudes, relacionadas à geografia. O ensino de geografia vem mudando sensivelmente, embora ainda longe de atingir a maior parte do professorado, ou seja, se não houver uma mudança que modifique o jeito de ministrar às aulas, nesse contexto, o ensino continua desacreditado, pois os alunos no geral não têm mais paciência para ouvir os professores tornando necessário fazer com que os alunos percebam a importância do espaço geográfico na constituição de sua individualidade e da sociedade da qual faz parte (KAERCHER, 2009). Portanto, a geografia possibilita que os alunos ampliem hábitos e construam valores expressivos para a vida em sociedade e com isso, os conteúdos aplicados devem levar a compreensão e a construção de uma identidade com o lugar onde vivem, interagindo as Educação, tecnologias e sociedade 19 vivências e acontecimentos locais com os processos globais. É importante que a escola e os professores valorizem as experiências dos alunos adquiridas fora do contexto escolar para que o debate sobre os conteúdos abordados em sala de aula façam sentido para a compreensão e a interação dos alunos. O LÚDICO NO ENSINO DE GEOGRAFIA A palavra ludicidade, embora bastante utilizada no contexto da educação, não existe no dicionário da língua portuguesa e nem tampouco em outras línguas. Além disso, não dispomos de nenhuma outra palavra que encapsule toda a gama de significados que lhe são atribuídos e a discursão sobre os múltiplos conceitos da palavra vem da origem semântica do latim Ludos, que significa jogo, exercício ou imitação (LOPES, 2005; HUIZINGA, 2008). E ainda não se limita apenas aos jogos, as brincadeiras e aos brinquedos, ela está relacionada a toda atividade livre e prazerosa, podendo ser realizada em grupo ou individual. Portanto, são atividades de caráter livre para que uma brincadeira seja considerada lúdica ela deve ser de escolha da criança participar ou não dela (BROUGÈRE, 2010). Por ser um conceito complexo, a ludicidade é percebida de formas distintas em contextos históricos. Na contemporaneidade, de maneira análoga, o lúdico é entendido pelos pesquisadores que o estudam a partir de Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 20 diferentes enfoques antropológico, sociológico e psicopedagógico. As visões sobre o jogo e o lúdico se multiplicam, a depender do enfoque científico abordado e da visão e formação do autor estudado. No entanto, na sua maioria o jogo estar na gênese do pensamento, da descoberta de si mesmo, da possibilidade de experimentar, de criar e de transformar o mundo (ROJAS, 2002). Com isso, essa investigação surge pela necessidade de descrever a incorporação do lúdico na prática do professor e os benefícios para o processo de ensino-aprendizagem dos alunos, limitando-se a identificar as facilidades e dificuldades. Reforçando esse pensamento, Passini (2007, p. 120) relata quê: Os jogos podem ser adaptados para explicação de conceitos trabalhados, como reforço ou como avaliação. Por exemplo: é possível construir um dominó com a combinação de explicitação de noções com o respectivo vocabulário; no “super trunfo”, além da forma sugerida pelo produtor, podem-se desafiar os alunos a formar grupos como regiões de língua, grupos de países exportadores e/ou importadores de determinados produtos, índices de desenvolvimento humano (IDH) etc. Portanto, os jogos comuns podem ser adaptados para serem utilizados no contexto escolar e os alunos se deparam com desafios que exigem deles uma rápida Educação, tecnologias e sociedade 21 tomada de decisões a fim de desvendar o objetivo e o ensinamento dos jogos oportunizando desenvolver suas habilidades cognitivas, a vivência em novas situações, bem como os preparam para superar novos desafios. Durante as aulas de geografia boa parte dos alunos não lhes dá o devido valor e não buscam seu próprio posicionamento diante dos conhecimentos abordados. Com isso, muitos passam do pressuposto de que a geografia é uma disciplina de menor necessidade para a vida do aluno, quando comparada às outras matérias, isso é elemento de uma cultura que só se enfoca no imediatismo do ensino, e não ver que a mesma não serve apenas para reter nomes de rios, regiões, países, altitudes e etc. Nessa primeira década do século XXI, a geografia mais do que nunca coloca os seres humanosno centro de preocupações, por isso pode ser considerada sobre uma reflexão sobre a ação humana em todas as suas dimensões, na realidade, ela é um instrumento de poder para aqueles que detêm os seus conhecimentos (CASTROGIOVANNI, 2007). Na verdade, o estudo da geografia nos torna um ser crítico com a realidade em que se vive e proporciona a oportunidade de entender melhor o mundo. Nas aulas tradicionais, a geografia é vista apenas como uma disciplina com necessidade de memorização, diminuindo a sua importância para os alunos, distanciando de seu principal papel e ficando na mão de poucos o conhecimento de seu verdadeiro significado. Por isso, que a busca por Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 22 novas metodologias e modelos didáticos pedagógicos podem mudar a forma que a disciplina é apresentada e uma dessas metodologias que é bastante eficaz é a introdução da ludicidade em sala de aula (CASTROGIOVANNI, 2007). O professor deve utilizar recursos didáticos que estimulem os alunos (aulas práticas, utilização de maquetes, fotografias aéreas, imagens de satélite, recursos lúdicos, entre outros) evitando aulas tradicionais. A utilização de metodologias puramente teóricas nas aulas de geografia promove o desinteresse por parte dos alunos em relação à disciplina (BRASIL, 2001). Portanto, uma alternativa viável para que as aulas se tornem mais dinâmicas, estimulantes e despertem a criatividade dos alunos é a utilização da educação lúdica como recurso metodológico. A organização dos alunos com relação aos jogos e o ponto aonde a diferença desse meio de lecionar busca desenvolver e compreender sua psique, auxiliando no processo de ensino e aprendizagem inserindo jogos lúdicos nos mais diferentes conteúdos possibilitando uma exploração nas diversas áreas ficando acessível a toda comunidade escolar. Os jogos e brincadeiras são elementos valiosos no processo de apropriação do conhecimento, pois permitem o desenvolvimento de competências no âmbito da comunicação, das relações interpessoais, da liderança e do trabalho em equipe, utilizando a relação entre Educação, tecnologias e sociedade 23 cooperação e competição em um contexto formativo (MIRANDA; GONZAGA; COSTA 2016). Brasil (2008) corrobora com esse pensamento e menciona quê: O jogo oferece o estímulo e ambiente propício que favorecem o desenvolvimento espontâneo e criativo dos alunos, permite o professor ampliar seu conhecimento de técnicas ativas de ensino, desenvolver capacidades pessoais e profissionais para estimular nos alunos a capacidade de comunicação e expressão, mostrando-lhes uma nova maneira, lúdica, prazerosa e participativa de relacionar-se com o conteúdo escolar, levando uma maior apropriação dos conhecimentos envolvidos. Por conseguinte, as atividades lúdicas possibilitam a assimilação de novos conhecimentos e desenvolve o processo de ensino-aprendizagem alcançando o sucesso e resultando na satisfação de professores e estudantes. Nesse mundo de transformações e grande desenvolvimento tecnológico, os alunos tendem a si desconcentrar e perdem o “foco” rapidamente tornando-se relevante o uso de novas metodologias, como é o caso do lúdico. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 24 O JOGO COMO INSTRUMENTO PEDAGÓGICO NAS AULAS DE GEOGRAFIA A assiduidade e o envolvimento dos alunos com as aulas são fatores determinantes no (in)sucesso do processo ensino-aprendizagem. Percebe-se ainda nos dias atuais que o ensino de geografia continua seguindo o modelo tradicional. Em decorrência desses problemas, o sistema educacional apresenta falhas. Então, novas metodologias devem ser utilizadas para tentar envolver os alunos, como a prática no uso da ludicidade em sala de aula. O ensino deveria possibilitar aos alunos a compreensão de como ocorre à transformação no mundo de forma abrangente para que possam identificar com fundamentos as informações adquiridas com as inovações. Pois a partir desse argumento saberá interagir com o mundo e relacionar a geografia com o seu cotidiano. Nesse sentido, Segundo Bettio e Martins (2002) reforçam quê: Até o momento atual, a própria escola não mudou, os modelos didáticos evoluíram, porém a maneira como o aluno era impulsionado para um novo estágio continuou a mesma. A avaliação, de uma maneira cruel, avalia pessoas diferentes de maneiras iguais. Para que o modelo de avaliação pudesse ser modificado, seria necessário adequar todo o sistema de ensino, onde pessoas diferentes deveriam ser Educação, tecnologias e sociedade 25 ensinadas e avaliadas de maneiras distintas, pois números não definem pessoas, conhecimento sim. Considerando que fornecer conhecimentos relevantes possa servir de aporte cultural para o jovem participar ativamente da sociedade moderna, as novas estratégias de ensino tem que ser orientadas no sentido de permitir que o aluno tenha um aprendizado significativo, ou seja, algo que o faça perceber um sentido nas coisas que aprende relacionável entre si e que possam ter uma aplicação para o seu dia a dia. Nesse viés, Nunes (2004) relata quê: No geral, o elemento que separa o jogo pedagógico de outro de caráter apenas lúdico é este: desenvolve- se o jogo pedagógico com a intenção de provocar a aprendizagem significativa, estimula a construção de um novo conhecimento e principalmente de despertar o desenvolvimento de uma habilidade operatória, ou seja, o desenvolvimento de uma aptidão ou capacidade cognitiva e apreciativa especifica que possibilita a compreensão e a intervenção do indivíduo nos fenômenos sociais e culturais e que o ajude construir conexões. De modo geral, não se avalia as condições individuais de aprendizagem, mas o comprometimento do aluno frente às atividades propostas pelo professor. Sabe- se que o grande problema na educação tem sido despertar Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 26 no aluno o interesse pelos conteúdos que são ministrados e não se apropriarem do receio dos alunos em serem reprovados. Por isso, a utilização de jogos lúdicos como recurso didático-pedagógico no ensino de geografia pode se tornar tão relevante. Nessa linha de pensamento, Jiménez e Gaite (1995, p. 83): (...) jogos de simulação são para a Geografia, e as ciências sociais em geral, como as experiências de laboratório para as ciências experimentais. O Geógrafo não consegue reproduzir no laboratório os fatos e fenômenos que estuda, o reproduzem recorrendo à simulação e ao jogo. Isto permite abordar com simplicidade certos temas de caráter complexo, (...) sendo adequadas ao processo de ensino – aprendizagem (...). A história dos jogos na disciplina de geografia vem se desenvolvendo ao longo dos anos e o que se percebe é que assim como as demais disciplinas, o ensino tradicional tem se desgastado muito, isso no mundo atual, moderno e informativo. Com isso, o professor não é mais o provedor de conhecimento e sim o mediador da aprendizagem entre o aluno e os conteúdos abordados. De acordo com Medeiros; Santos; Patricio (2018): Jogos como o jogo da velha abordando os problemas ambientais e urbanos, o caça-palavras com o Educação, tecnologias e sociedade 27 conteúdo aspectos geográficos do Brasil e as transformações das paisagens, o jogo da memória com o conceito dos biomas, palavras cruzadas desenvolvendo o meio sustentável, além do bingo geográfico deixa a aula mais dinâmica, é interessante destacar que esses jogos produzidos e desenvolvidos pelos discentes são pertinentes a qualquer assunto, bem como a qualquer disciplina, adaptando à sua necessidade e à sua realidade. Os jogos desenvolvidos nas aulas tem que ser idealizados tanto pelos professores, quanto pelos alunos valorizando o “fazer” associando ao aprendizado,a produção dos mesmos não pode demandar muitos custos para poder ser inseridos na realidade de qualquer aluno. De acordo com a visão dos professores, o aprender é muito mais eficaz quando associado à prática. Nesse mesmo pressuposto Francisco (2019) menciona quê: Os jogos devem ser realizados de modo que haja compatibilidade com o ensino da geografia, uma boa forma de se confeccionar jogos e promover a Educação Ambiental é por meio da utilização dos 3 R`s reduzir, reutilizar e reciclar. Essas metodologias visam à interação e à conscientização ambiental dos estudantes. Primeiramente, elucide o que é essa política em seguida desenvolva os jogos como: boliche (com garrafas pets), dama (com tampinhas de garrafa) e portas-objeto (com latinhas). Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 28 Mendonça (2001) demonstra o caráter heterogêneo da geografia, por se alinhar as ciências da natureza, humanas e etc. Por isso, a geografia é uma das disciplinas curriculares com maior potência na aplicação dos jogos e brincadeiras em atividades de articulação entre os conteúdos escolares e a vida cotidiana dos alunos, pois propõe trabalhar o espaço de convívio imediato abordando os aspectos físicos, econômicos e sociais. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os jogos lúdicos auxiliam no processo de ensino- aprendizagem demonstrando que quando inseridos como recurso didático-pedagógico no ensino de geografia torna mais fácil aprender um conteúdo e desperta maior interesse dos alunos. Nesse sentido, a utilização de jogos na escola toma fôlego como uma das estratégias possíveis para a construção do conhecimento proporcionando melhor desempenho e envolvimento dos alunos nas atividades realizadas no espaço escolar. Quando existe a aplicação de atividades sem suporte lúdico é necessário maior esforço para alcançar a atenção dos alunos e para obter um retorno sobre o conteúdo com que se desejou trabalhar. Os materiais didáticos fazem parte do cotidiano dos alunos, mas sabe-se que muitas das vezes, quando disponíveis nas escolas provêm de lugares tão distantes Educação, tecnologias e sociedade 29 que não condizem com a realidade dos alunos. O ensino da geografia assim como as demais disciplinas vem desenvolvendo novas metodologias que busquem levar lado a lado o método tradicional com novos modelos de repassar os conteúdos para seus alunos. O uso de jogos lúdicos na disciplina de geografia traz para o ambiente escolar um apreender prazeroso e satisfatório favorecendo o convívio de múltiplas trocas de conhecimento, buscando tornar o papel do professor mais qualificativo e aprimorado, oportunizando a construção dos conceitos geográficos que se fazem importantes e necessários para a formação de cidadãos críticos e conscientes frente à realidade vivida e melhorias no processo de ensino-aprendizagem. REFERÊNCIAS BETTIO, R.W.; MARTINS, A. Jogos Educativos aplicados a e-Learning: mudando a maneira de avaliar o aluno. IV Jornada Catarinense de Tecnologia Educacional. Anais... Florianópolis, SC. 2002. Disponível em <http://www.abed.org.br/seminario2003 /texto21.htm >. Acesso em: 18. Janeiro. 2021. BEYEA, S.; NICOLL, L. H. Writing an integrative review. AORN Journal, v. 67, n. 4, p. 877-880. 1998. DOI: 10.1016/s0001-2092(06)62653-7 Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 30 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018. BRASIL. Orientações Curriculares para o Ensino Médio. v. 2, Brasília, 2008. BRASIL. SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros Curriculares Nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais do terceiro e quarto ciclo do ensino fundamental. MEC/SEF, Brasília, 2001. BRASIL. SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros Curriculares Nacionais: geografia. MEC/SEF, Brasília, 1998. BROUGÈRE, G. Brinquedo e cultura. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2010. CALLAI, H. C. Do ensinar Geografia ao produzir o pensamento geográfico. In: Rego, N et al. (Orgs.). Um pouco do mundo cabe nas mãos: geografizando em educação o local e o global. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2003. CASTELLAR, S; VILHENA, J: Ensino de geografia. São Paulo: Cengage Learning. (Coleção Ideias em Ação). 2010. Educação, tecnologias e sociedade 31 CASTROGIOVANNI, A. C. “Para entender a necessidade de práticas prazerosas no ensino de geografia na pós- modernidade”. In: REGO, N.; CASTROGIOVANNI, A. C.; KAERCHER, N. A. Geografia. Porto Alegre: Artmed, 2007. FRANCISCO, W. C. O Lúdico nas aulas de Geografia. Brasil Escola. São Paulo, 2019. FRANCISCO, W. C. "Conceitos de Geografia". 2020. Brasil Escola. Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/geografia/conceitos- geografia.htm>. Acesso em 11 de jan. de 2021. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1994. GRUPO ANIMA EDUCAÇÃO. Manual Revisão Bibliográfica Sistemática Integrativa: a pesquisa baseada em evidências. Belo Horizonte, 2014, 63p. HUIZINGA, J. Homo Ludens. São Paulo: Perspectiva, 2008. JIMÉNEZ A. M.; GAITE, M. J. M. G. Enseñar Geografía – De La teoria a La práctica. Editorial Síntesis, 1995. KAERCHER, N. A. O gato comeu a geografia crítica? Alguns obstáculos a superar no ensino-aprendizagem de Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 32 Geografia. In: PONTUSCHKA, Nídia N. e OLIVEIRA, Ariovaldo U. (orgs.). Geografia em Perspectiva: ensino e pesquisa. São Paulo: Contexto, 2009. LOPES, M. da G. Jogos na educação: criar, fazer, jogar. 6 Ed. São Paulo: Cortez, 2005. MEDEIROS, M. C. S.; SANTOS, A. P.; PATRÍCIO, M. C. M. Produção de jogos didáticos no processo de ensino- aprendizagem da Geografia e Meio Ambiente. Rio de Janeiro: Revista educação pública, 2018. MENDONÇA, F. Geografia física: ciência humana. Coleção Repensando a Geografia. São Paulo: Contexto, 2001. MIRANDA, J. C.; GONZAGA, G. R.; COSTA, R. C. Produção e avaliação do jogo didático “tapa zoo” como ferramenta para o estudo de zoologia por alunos do ensino fundamental regular. Revista Holos, v. 4, p. 383-400, 2016. MORAIS, C. R. Motivação do aluno durante o processo de ensino-aprendizagem. Revista Eletrônica de Educação, 2007. MORAIS, I. R. D. Diferentes linguagens no ensino de Geografia: novas possibilidades. In: ALBUQUERQUE, Educação, tecnologias e sociedade 33 M.A.M.; FERREIRA, J.A.S. (Orgs.). Formação, pesquisa e práticas docentes: reformas curriculares em questão. João Pessoa: Editora Mídia, 2013. NUNES, A. R. S. O lúdico na aquisição da segunda língua. 2004. Disponível em: http://www.linguaestrangeira.pro.br/artigos_papers/ludic o_linguas.htm. Acesso no dia 22 de janeiro de 2021. PASSINI, E.Y. Prática de ensino de Geografia e estágio supervisionado. São Paulo: Contexto, 2007. ROJAS, J. O lúdico na construção interdisciplinar da aprendizagem: uma pedagogia do afeto e da criatividade na escola. Rio de Janeiro: ANPED, 2002. SAWCZUK, M. I. L.; MOURA, J. D. P. Jogos Pedagógicos para o Ensino da Geografia. Universidade Estadual de Londrina. Londrina, 2012. SMOLE, K. S; DINIZ, M. I; CÂNDIDO, P. Jogos de Jogos de matemática de 1 ao 5 ano. Porto Alegre: Ed. Artmed, 2007. TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional, Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2002. http://www.linguaestrangeira.pro.br/artigos_papers/ludico_linguas.htm http://www.linguaestrangeira.pro.br/artigos_papers/ludico_linguas.htm Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 34 Educação, tecnologias e sociedade 35 SOFTWARES EDUCACIONAIS COMO FERRAMENTA DE AUXÍLIO NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA José Ribamar Carvalho Filho Marconi de Jesus Santos Antônio José AraújoLima INTRODUÇÃO Atrair os discentes para a disciplina de matemática torna-se um grande desafio para os professores. Nesse sentido, as tecnologias digitais estão, cada vez mais, ganhando espaço na vida dos alunos. O entendimento, então, do uso dessas tecnologias pode possibilitar aulas diferentes para o melhor aprendizado do conteúdo. Assim, tecnologias digitais não podem ficar de fora na perspectiva de um aprendizado significativo (FERONATO, 2012). Os educadores, tem pela frente desafios para encontrar formas de utilizar softwares educacionais no processo de ensino-aprendizagem e ampliar as práticas pedagógicas; além de compreender o processo de formação de conceitos científicos, pois as tecnologias de informação e Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 36 comunicação já estão potencializadas na sociedade e a maioria dos alunos faz uso desse recurso para diversos fins. No âmbito da matemática, os educadores tem outro desafio, pois muitos alunos consideram a disciplina difícil, que tira a tranquilidade, devido à quantidade de situações que envolvem os números (DINIZ, 2011; OLIVEIRA, 2015). A tecnologia marca sua presença e, tendo em vista a necessidade essencial do ser humano de estar em constante processo de crescimento, as diferentes formas de formação para os educadores contemplando o uso da informática em educação têm apontado possibilidades de transpor fronteiras, de realizar uma renovação no pensar pedagógico e de acrescentar novos significados aos conteúdos curriculares (RAMOS, 2014). Diante da necessidade de mudanças na educação, Martines (2008) enfatiza: É importante refletir sobre a questão da formação continuada em ambiente informatizado para professores. Essa proposta, ao mesmo tempo em que possibilita adquirir conhecimentos teóricos, promove a apropriação de informações sobre a utilização das ferramentas disponíveis nos programas, que servirão de instrumento para a elaboração de projetos de aprendizagens para o ensino da matemática, além de promover discussões com o objetivo de promover um diálogo entre a teoria e a prática, desenvolver atividades com a utilização de multimídias e de diferentes metodologias, que possam estimular os Educação, tecnologias e sociedade 37 educadores a participar da formação continuada, colocando-os diante do compromisso de acompanhar a evolução tecnológica e auxiliar os professores de matemática das suas escolas na formação de conceitos básicos. Assim, cabe às Secretarias municipal e estadual, instituições escolares promover espaço para que o professor se prepare para acompanhar seus alunos na era cibernética (SIVERIS, 2008, p. 39-40). Outro ponto debatido é o da informática como um problema ou solução para educação. Esse tem sido um tema de debate recorrente nas últimas duas décadas no Brasil, e, há um pouco mais de tempo, em outros lugares do mundo. Talvez ainda seja possível lembrar dos discursos sobre o perigo que a utilização da informática poderia trazer para a aprendizagem dos alunos. Um deles era a questão do aluno só apertar teclas e obedecer a orientação dada pela máquina. Isso contribuiria, ainda mais, para torná-lo um mero repetidor de tarefas. Por outro lado, ocorre mais recentemente, argumentos que apontam “o computador” como a solução para os problemas educacionais. Entretanto, diferente do que acontece quando se trata de apontar os perigos, nem sempre aparece de forma explícita para qual problema o computador é a solução. Nem sempre é feita a pergunta: “qual é o problema?” ou “qual é o problema para o qual o computador é a resposta?” Em Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 38 particular, essa pergunta também faz sentido na educação matemática. (BORBA, 2019). Buscou-se neste trabalho apresentar o uso de softwares educacionais como ferramenta de auxílio no processo ensino aprendizagem da Matemática. METODOLOGIA Esta pesquisa trata-se de uma revisão bibliográfica com enfoque descritivo, sendo efetivada com base em publicações científicas selecionadas na base de dados Google Acadêmico, compreendendo o período de 2007 a 2020. O levantamento bibliográfico foi realizado entre os meses de novembro de 2019 a março de 2020. Para seleção dos artigos, foram utilizados os seguintes descritores: “educação”, “informática”, “matemática”, que foram combinados entre si, para evitar a perda de publicações relevantes. Utilizou-se como critérios de inclusão: artigos no idioma português e inglês, publicados a partir de 2007, com temática envolvendo: “ informática na educação de matemática”. Podendo as publicações ser pesquisa quantitativa, qualitativa, exploratória, revisão bibliográfica, ou estudo de caso. Na busca inicial foram analisados os títulos e posteriormente os resumos dos artigos para a seleção de prováveis publicações de interesse. Assim, foram catalogados 20 artigos científicos referentes à temática Educação, tecnologias e sociedade 39 estudada, sendo que desse total, na primeira seleção (análise dos títulos) obteve-se 15 artigos potencialmente relevantes, após a segunda seleção (análise dos resumos) restaram apenas 10 artigos, foram lidos na íntegra e analisados de forma criteriosa. A análise dos dados foi pautada na temática informática na educação de matemática, onde foram verificadas as concordâncias e discrepâncias apontadas pela literatura consultada. Após a identificação das ideias definidas de cada autor, foi feita uma análise crítica dos artigos e os resultados foram organizados e apresentados por meio de figuras referente as atividades propostas, como exemplos dos softwares; e assim feito a explicação para utilização em sala de aula. A organização dos dados seguiu um tópico central: Uso de Software Educacional para o Ensino da Matemática, com os seguintes subtópicos: a) GeoGebra, b) Microsoft Excel e c) PhET Simulações Interativas. Tais programas recomendados por vários autores, considerados referência no ensino da matemática. Nos tópicos dos softwares, foram construídos, exemplificações práticas, da utilização deles. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 40 RESULTADO E DISCUSSÃO Uso De Software Educacional Para O Ensino Da Matemática Para Siveris (2008) a dificuldade que se coloca aos educadores matemáticos é encontrar um modo de se utilizarem de softwares educacionais nas aprendizagens matemáticas como recurso para dinamizar, diferenciar e ampliar as práticas pedagógicas e compreender o processo deformação de conceitos científicos, pois a tecnologia já está potencializada na sociedade e a maioria dos alunos utiliza as tecnologias de informação e comunicação para diversos fins. Existem vários softwares no mercado que podem auxiliar o professor no processo de ensino-aprendizagem da matemática a partir das tecnologias digitais, e estes são exemplificados o uso nos livros didáticos, tais como: GeoGebra, Microsoft Excel e PhET Simulações Interativas. Eles estão abaixo descritos e exemplificados para demonstração de seu uso. Geogebra O Geogebra é um software grátis que pode ser baixado em computadores e smartphones, prático para ser Educação, tecnologias e sociedade 41 utilizado em aulas da disciplina de matemática em vários níveis. Este software foi: Criado por Markus Hohenwarter, o GeoGebra é um software gratuito de matemática dinâmica desenvolvido para o ensino e aprendizagem da matemática nos vários níveis de ensino (do básico ao universitário). O Geogebra reúne recursos de geometria, álgebra, tabelas, gráficos, probabilidade, estatística e cálculos simbólicos em um único ambiente. Assim, o GeoGebra tem a vantagem didática de apresentar, ao mesmo tempo, representações diferentes deum mesmo objeto que interagem entre si. Além dos aspectos didáticos, o GeoGebra é uma excelente ferramenta para se criar ilustrações profissionais para serem usadas no Microsoft Word, no Open Office ou no LaTeX. Escrito em JAVA e disponível em português, o GeoGebra é multiplataforma e, portanto, ele pode ser instalado em computadores com Windows, Linux ou Mac OS. (BORTOLOSSI, 2010). A seguir, uma situação de uso do GeoGebra no estudo de trigonometria, construindo gráficos das funções seno e cosseno para alunos do ensino médio. Segue abaixo o passo a passo para execução da atividade. • Acesse o site www.geogebra.org e clique em “Baixar aplicativos”, para tê-lo instalado no computador, Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 42 ou em “Start calculator”, para usá-lo on-line. Optando por utilizar a versão on-line, você deve clicar no botão “Álgebra”; a tela que abrirá está na Figura 1. Figura 1: Primeira tela do GeoGebra. São Luis-MA, 2020. Fonte: autor Depois de acessar o programa, faça os exercícios a seguir. Construa o gráfico das funções f(x) = sen x e g(x) = cos x, como a seguir. Para isso siga os passos: • 1º passo: No campo Entrada de comando (situado na parte esquerda da tela) digite a função: f(x) = sem x e tecle “Enter. Em seguida, no mesmo campo digite g(x) = cos x e tecle “Enter”. Educação, tecnologias e sociedade 43 Figura 2: Tela do gráfico da função seno e cosseno. São Luis-MA, 2020. Fonte: autor • 2º passo: Do lado direito da Barra de ferramentas (parte superior da tela), clique na Barra de estilos, depois, em “Exibir ou esconder a malha” e selecione a malha quadriculada. Para colocar o eixo x na escala de p radianos, clique sobre o eixo x com o botão direito do mouse e selecione com o botão esquerdo do mouse a opção “Janela de Visualização”. Clique na aba “Eixo X” e selecione em “Unidade” a opção p. A opção “Distância” não deve estar selecionada. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 44 Figura 3: Tela do gráfico da função seno e cosseno com eixo x na escala de p radianos São Luis-MA, 2020. Fonte: autor Diante da apresentação acima, podemos perceber a facilidade que o aluno encontrará para responder questões como essas abaixo. De acordo com a construção, responda às questões. a) Qual é a imagem das funções f e g? b) Qual é o período das funções f e g? c) Quantos pontos de intersecção existem entre as funções f e g no intervalo [0, 2π]? Microsoft Excel O Excel é um software de fácil utilização, que permite uma aprendizagem interativa e mais rica. As tabelas são compostas por linhas e colunas, em que cada Educação, tecnologias e sociedade 45 coluna representa uma letra e a intersecção entre uma linha e uma coluna, chamada de célula, excelente para trabalhar com a Matemática (GAROFATO 2018). Ele é distribuído pela Microsoft em um pacote de aplicativo chamado office, composto pelos principais aplicativos usados nos computadores com o sistema operacional Windows. Figura 4. Tela principal do Excel. São Luis-MA, 2020 Fonte: autor Para GAROFATO (2018), a aprendizagem cognitiva contribui para o desenvolvimento do raciocínio lógico e da criatividade dos alunos. Por isso ele destaca que: O uso do Excel tem de ser dinâmico, desafiador e capaz de despertar o interesse e o crescimento intelectual. Nesse ponto, o programa permite inúmeras possibilidades de uso em diferentes níveis Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 46 e ciclos de aprendizagem, com maior interação e colaboração. Além do computador, professores e alunos podem trabalhar com celulares e tablets, o que permite mobilidade e personalização do ensino através de estações por rotações. (GAROFATO 2018, p. 2) Essa ferramenta também abre espaço para criar novas práticas de ensino, através de criações de gráficos, contas, simulações, em diferentes etapas do ensino. Segue abaixo duas situações problemas realizada nesse aplicativo que poderá ser usada tanto no ensino fundamental como no ensino médio dentro do conteúdo de Matemática financeira. Cálculos de empréstimos com Excel Uma pessoa faz um empréstimo de R$ 15.000,00 a uma taxa de juros de 8% ao mês pelo prozo de 9 meses. Qual o montante (valor total) a ser devolvido? 1ª Solução: Sem conhecer a fórmula de juros compostos Primeiro introduza os dados em três colunas conforme o exemplo abaixo. Observe que o montante inicial (mês 0) é R$ 15.000,00. Educação, tecnologias e sociedade 47 Figura 5. Tela do Excel com dados do problema inseridos. São Luis- MA, 2020 Fonte: autor Após isso temos que calcular os juros do primeiro mês, ou seja, 8% de 15.000,00 e colocar esse resultado na célula D3. Proceda assim, na célula D3 digite “ = E2*0,08”. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 48 Figura 6. Tela principal do Excel com cálculo do juro no 1º mês. São Luis-MA, 2020 Fonte: autor O próximo passo é somar os juros com o montante do mês anterior gerando do novo montante. Assim E3 digite “ =D3+E2”. Educação, tecnologias e sociedade 49 Figura 7. Tela principal do Excel com cálculo do montante no 1º mês. São Luis-MA, 2020. Fonte: autor Agora basta usar a função de copiar a fórmula arrastando a célula D3 até D11 e a célula E2 até E11. Figura 8. Tela do Excel com cálculos dos juros e montante no final do período. São Luis-MA, 2020. Fonte: autor Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 50 O montante a ser devolvido é o valor da célula E11 = R$ 29.985,00. 2ª Solução: Conhecendo a fórmula de juros compostos Numa célula, no caso A1 digite a fórmula a título de informação. Introduzimos os valores de capital, taxa e prazo e na célula A7, montante na célula B7 "=B3*(1+B4)^B5” que é a formula para cálculo do montante. Figura 9. Tela do Excel com cálculo do juro usando a fórmula de juros compostos. São Luis-MA, 2020 Fonte: autor Saldo da caderneta de poupança O professor pode sugerir aos alunos construir uma tabela para fazer simulações de investimentos. O Educação, tecnologias e sociedade 51 investimento mais utilizado no pais é a caderneta de poupança. Suponha um investimento de R$ 1.000,00 a uma taxa de 0,5% a.m.. Qual o montante (FV) daqui a dois anos? Figura 10. Tela do Excel com cálculo do saldo da caderneta de poupança. São Luis-MA, 2020 Fonte: autor Mesclando as células A1 até D1, por exemplo, escrevemos um nome para tabela, no caso “Juros compostos” ou “Saldo da poupança”. Nas células A3 escreva “fórmula”. Mescle as células B3 até D3 e escreva a fórmula do montante FV de juros compostos que é utilizado para calcular o saldo da poupança. Em A5 escreva “Taxa de juros” e B5 “0,005”. Em A6 “Período N” e em B6 “24” pois são 24 meses e a taxa é de 0,5% ao mês. Em A7 “Capital PV” que é o capital inicial ou principal ou ainda Valor Atual. B7 Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 52 “1000”. Em A9 digite “Montante FV” e em B9 temos que digitar uma função, que no caso é a fórmula do montante, então “B9 = B7*(1+B5)^B6”. E está pronto. Agora pode-se variar os valores de PV, N e i para ver se a fórmula realmente funciona. PhET Simulações interativas O PhET Simulações interativas é um projeto da Universidade do Colorado Boulder. É um trabalho que apresentar recursos educacionais abertos sem fins lucrativos que cria e hospeda explicações exploráveis. Foi fundada em 2002 pelo ganhador do Nobel Carl Wieman. O PhET começou com a visão de Wieman de melhorar a maneira como a ciência é ensinada e aprendida. Sua missão declarada é "Avançar na alfabetização e educação em ciênciase matemática em todo o mundo através de simulações interativas gratuitas"possibilitando aos usuários fazerem doações para apoiar o grupo de estudo (GUTTENPLAN, 2011). A sigla "PhET" originalmente significava "Physics Education Technology", mas o PhET logo se expandiu para outras disciplinas. O projeto agora planeja, desenvolve e lança mais de 125 simulações interativas gratuitas para uso educacional nas áreas de física, química, biologia, ciências da terra e matemática. As simulações foram traduzidas para mais de 65 idiomas diferentes, incluindo espanhol, Educação, tecnologias e sociedade 53 chinês, alemão e árabe; e em 2011, o site PhET recebeu mais de 25 milhões de visitantes. (GUTTENPLAN, 2011) No site https://phet.colorado.edu/en/simulation/graphing- quadratics é possível fazer diversos cursos de como usar os simuladores, além de informações gerais e acesso aos mesmos. Apresenta-se a seguir uma situação de uso do PhET em matemática em uma das simulações, o Graphing Quadratics, que possibilita ao aluno uma visão geral do gráfico da função do 2º grau com todas as suas características. O uso desse simulador ajudará o discente a visualizar o significado dos coeficientes a, b e c da função do 2º grau = + +2y ax bx c , atribuindo valores diferentes para esses coeficientes e visualizando o gráfico no simulador. Simulação 1: 0, 0 e 0a b c https://phet.colorado.edu/en/simulation/graphing-quadratics https://phet.colorado.edu/en/simulation/graphing-quadratics Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 54 Figura 11. Tela do Graphing Quadratics com a construção do gráfico da função com coeficientes = = − =1, 5 e 6a b c . São Luis-MA, 2020 . Fonte: autor. Simulação 2: 0, 0 e 0a b c Figura 12. Tela do Graphing Quadratics com a construção do gráfico da função com coeficientes 1, 4 e 5a b c= − = − = . São Luis-MA, 2020. Educação, tecnologias e sociedade 55 Fonte: autor. Através do simulador, além do gráfico da função, pode se observar o eixo de simetria, as raízes da função, as coordenadas do vértice e a lei de formação da função clicando nos ícones da página. CONSIDERAÇÕES FINAIS A mudança na escola começa a partir de uma mudança pessoal e profissional, capaz de levantar uma escola que incentive a imaginação, a leitura prazerosa, a escrita criativa, favoreça a iniciativa, a espontaneidade, o questionamento, que se torne um ambiente onde promova e vivencie a cooperação, o diálogo, a partilha e a solidariedade. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 56 Existe um leque de oportunidades para o trabalho com novas maneiras de fazer e ensinar, estimulando as novas descobertas de aprendizagem entre professor e aluno simultaneamente. O trabalho trouxe algumas dessas ferramentas de auxílio no processo ensino aprendizagem na matemática, GeoGebra, Microsoft Excel e PhET Simulações Interativas, bem como exemplos práticos para facilitar a utilização pelos professores desses programas. A aplicação de softwares pode oportunizar mudanças significativas nos modelos educacionais, para isso, precisa-se favorecer um ambiente de cooperatividade, conhecendo e entendendo as limitações do professor e alunos, para buscar separa-las. Utilizar uma linguagem que gere comunicação efetiva, atraindo o interesses dos alunos buscando resultados positivos para todos envolvidos no ensino-aprendizagem. REFERÊNCIAS BORBA, Marcelo de Carvalho. Informática e educação matemática. Marcelo de Carvalho Borba, Miriam Godoy Penteado. – 6. Ed. – Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019. BORTOLOSSI, H. J. GeoGebra. Software de Matemática Dinâmica Gratuito. Educação, tecnologias e sociedade 57 DANTE, Luiz Roberto. Matemática : contexto & aplicações : ensino médio / Luiz Roberto Dante. -- 3. ed. -- São Paulo : Ática, 2016. DINIZ, Sirley Nogueira de Faria. O uso das novas tecnologias em sala de aula. Florianópolis, 2011. Disponível em: http://www.geogebra.im-uff.mat.br/. Acessado em 22/05/2019. FERONATO, Rafaela Martini Soccol. O professor e o uso das tecnologias digitais. Serafina Corrêa, 2012. GAROFATO, Débora. Como usar o Excel para ensinar Matemática. Publicado em NOVA ESCOLA 10 de Abril 2018. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/11622/como-usar-o- excel-para-ensinar-matematica. Acessado em 17/12/2019. Guttenplan, DD (11 de dezembro de 2011). "Tutores da Web se tornam estrelas longe da sala de aula". New York Times. OLIVEIRA, Cláudio de. Tic’s na educação: A utilização das tecnologias da informação e comunicação na aprendizagem do aluno. Disponível em: http://periodicos.pucminas.br/index.php/pedagogiacao/art icle/view/11019/8864. Acessado em 06/03/2020. https://novaescola.org.br/conteudo/11622/como-usar-o-excel-para-ensinar-matematica.%20Acessado%20em%2017/12/2019 https://novaescola.org.br/conteudo/11622/como-usar-o-excel-para-ensinar-matematica.%20Acessado%20em%2017/12/2019 http://periodicos.pucminas.br/index.php/pedagogiacao/article/view/11019/8864 http://periodicos.pucminas.br/index.php/pedagogiacao/article/view/11019/8864 Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 58 OLIVEIRA, Sandra Alves. O lúdico como motivação nas aulas de Matemática, artigo publicado na edição nº 377. Jornal Mundo Jovem, 2007. RAMOS, Patrícia Edí Ramos. O professor frente às novas tecnologias de informação e comunicação. Publicado em 29/05/2014. Disponível em: http://www2.seduc.mt.gov.br/- /o-professor-frente-as-novas-tecnologias-de-informacao-e- comunicac-1. Acessado em 17/12/2019. SIVERIS, Marinez. Informática na educação matemática: uma experiência com um grupo de professores da Rede Municipal de Ensino de Passo Fundo/Marinez Siveris, 2008. http://www2.seduc.mt.gov.br/-/o-professor-frente-as-novas-tecnologias-de-informacao-e-comunicac-1 http://www2.seduc.mt.gov.br/-/o-professor-frente-as-novas-tecnologias-de-informacao-e-comunicac-1 http://www2.seduc.mt.gov.br/-/o-professor-frente-as-novas-tecnologias-de-informacao-e-comunicac-1 Educação, tecnologias e sociedade 59 AS CONTRIBUIÇÕES DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO E DO FACEBOOK NOS PROCESSOS DE ENSINO DA LEITURA E ESCRITA Francisco de Moura Barros Oswaldo Palma Lopes Sobrinho INTRODUÇÃO Mudanças significativas ocorreram no século XXI e o uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) pelas novas gerações tem impulsionado a transformação do processo educacional levando o professor a descobrir e explorar novos ambientes profissionais e virtuais de aprendizagem (MACHADO, 2016; SOARES et al., 2018). Com isso, o uso dessas tecnologias no processo de ensino torna a comunicação mais simples e dinâmica, fomentando a produção e o acesso à informação, bem como a reconfiguração da noção sobre tempo e o espaço (SILVA et al., 2020). O uso das TDIC como proposta didática e metodológica surge como uma nova ferramenta a Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 60 disposição de professores e contribuem para o processo de ensino-aprendizagem da leitura e escrita e, consequentemente, minimizam as dificuldades e diferenças na aquisição dos conteúdos trabalhados em sala de aula nas diversas áreas do conhecimento facilitando as relações sociais entre alunos e professores (REDIG; COUTO JUNIOR, 2011; COSTA; SOUZA, 2017). Logo, o professor ao oferecer suportes tecnológicos que potencializam os processos de ensino da leitura e escrita, quando manuseados de forma adequada terá a oportunidade no uso de novos veículos de comunicação social e promover a ponte entre as práticas educativas em um ambiente familiar e comum, onde se encontram alunos nas redes sociais cada vez mais imersos auma cultura de palavras abreviadas. A respeito da leitura e da escrita, a escola tem papel principal no desenvolvimento do processo de ensino e, consequentemente, na formação do leitor. De modo geral, as práticas leitura e escrita colaboram na formação dos indivíduos de maneira significativa, influenciando-o nas distintas formas de enfrentar a vida. Por conseguinte, a escola é a responsável por organizar, criar e adequar em sua grade curricular propostas e estratégias de leituras que são favoráveis à formação de leitores competentes para atuarem no contexto da vida social (VIANA, 2017). O domínio da língua tem estreita relação com a plena participação social. O homem comunica-se e interage, defende suas posições e produz conhecimento por Educação, tecnologias e sociedade 61 meio da linguagem (BRASIL, 1997). Por conseguinte, buscou-se discutir as estratégias didático-pedagógicas que possam ampliar e mostrar novos horizontes ou práticas de ensino que visam contribuir em sala de aula nos processos de ensino da leitura e escrita por meio do uso da rede social Facebook. As redes sociais estão cada vez mais presentes no dia a dia das pessoas facilitando o contato com um grande número de gêneros textuais tornando a formação e o domínio de linguagem cada vez mais diversificada. As TDIC interferem e mediam os processos informacionais e comunicativos (OLIVEIRA; MOURA; SOUSA, 2015). Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi investigar as contribuições do uso das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) e do Facebook nos processos de ensino da leitura e escrita. METODOLOGIA Foi realizado um estudo com a coleta de dados por meio de pesquisa bibliográfica baseadas nas contribuições de Sholl-Franco e Aranha (2015); Kleiman (2000); Porto e Santos (2014); Couto Júnior (2013); Imbernón (2010); Almeida (2008); Lévy (1999); Bitencourt (2012); Sousa; Miota e Carvalho (2011); e Recuero (2009) visando discutir sobre a contribuição e o uso das TDIC e do Facebook como ferramentas didático-pedagógicas no processo de ensino- Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 62 aprendizagem da leitura e escrita nas escolas. Para tanto, esse tipo de pesquisa é realizado por meio de materiais já elaborados e disponíveis constituídos de livros e artigos científicos publicados em periódicos especializados e é importante para o levantamento de informações básicas sobre os aspectos direta e indiretamente vinculados à temática (VERGARA, 2000). Refere-se a uma revisão integrativa baseada no Manual de Revisão Bibliográfica Sistemática Integrativa (2014) constituída de cinco diferentes etapas como o estabelecimento do problema; a seleção da amostra; a caracterização dos estudos; as análises e discussão dos resultados; e a apresentação (BEYEA; NICOLL, 1998) e têm como questões norteadoras: como utilizar as TDIC e o Facebook para melhorar o processo ensino-aprendizagem? As TDIC e o Facebook facilitam o interesse dos alunos pelos conteúdos? A busca e o levantamento de artigos em periódicos, trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses foram realizados nas bases de dados SciELO, Scopus, Web of Science e Google acadêmico com abordagem na íntegra sobre a temática em questão referente à revisão integrativa nos últimos 23 anos. As palavras-chave utilizadas para a busca foram “tecnologias digitais de informação e comunicação”, “redes sociais” e “leitura e escrita” em português e “Digital information and communication technologies”, “social networks” and “reading and writing” em inglês. Educação, tecnologias e sociedade 63 Os artigos foram selecionados por meio da leitura do título e do resumo e quando adequados realizaram-se as leituras e análises de forma descritiva oportunizando reunir os conhecimentos adquiridos sobre a temática abordada na revisão integrativa. AS TECNOLOGIAS DIGITAIS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TDIC) A cada dia novas tecnologias voltadas para as mídias digitais surgem e ao mesmo tempo em que são grandes aliadas que facilitam a vida das pessoas, também são consideradas vilãs no conflito de gerações entre alunos e professores. Ao analisá-las, previamente, pode-se observar que as tecnologias possuem potencial competidor pelo foco de atenção dos alunos. Por outro lado, se utilizadas de forma objetiva, organizada, planejada, as TDIC podem estimular diferentes áreas cerebrais e facilitar o processo da aprendizagem escolar. Nesse contexto, Sousa; Miota; Carvalho (2011, p. 22) reforçam que as mídias digitais oferecem recursos que favorecem a didática: [...] as teorias e práticas associadas à informática na educação vêm repercutindo em nível mundial, justamente porque as ferramentas e mídias digitais oferecem à didática, objetos, espaços e instrumentos capazes de renovar as situações de interação, Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 64 expressão, criação, comunicação, informação, e colaboração, tornando-a muito diferente daquela tradicionalmente fundamentada na escrita e nos meios impressos. Observam-se os benefícios possíveis da informática aplicada de forma correta e estratégica podendo assim criar novos espaços e instrumentos tornando o aprendizado mais atraente, eficiente e acurado. Os tempos atuais determinam da sociedade uma cultura ampla em que a educação tem papel primordial exigindo-se dos professores mais preparo e que tenham informação ampla e compreendam dentre outras coisas, a situação econômica, política e social que o país vem enfrentando. O uso das TDIC têm revelado significativos ganhos cognitivos, no sentido de trabalhar com diferentes tipos de inteligência para a construção do conhecimento. Com isso, o processo de aprendizagem por meio dessas tecnologias se dá quando o sujeito é capaz de construir mentalmente representações usando uma ou mais mídias combinadas podendo reforçar a assimilação de um conteúdo por mais de um estímulo, por exemplo: animação + texto, áudio + ilustrações, impresso, fotografia + website + áudio, etc (SHOLL-FRANCO; ARANHA, 2015). Portanto, é necessário que exista um diálogo entre diferentes formas de mídia para que se tenha o melhor aproveitamento possível no uso dessas ferramentas. Educação, tecnologias e sociedade 65 Quando se fala em informação e comunicação, as possibilidades tecnológicas são recursos alternativos da era moderna que facilitam o processo de ensino-aprendizagem e, consequentemente, a educação com a inserção dessas tecnologias nas escolas possibilitando e aprimorando o uso desses recursos pelos alunos e a facilidade no acesso a realização de múltiplas tarefas (OLIVEIRA; MOURA; SOUSA, 2015). A LEITURA E A ESCRITA NAS ESCOLAS A leitura e a escrita fazem parte do processo que se chama educação escolar e é um instrumento importante para que se possa adquirir novas concepções e aprendizagens. Entretanto, têm sido compreendidas como um ato de decodificação de palavras. A sociedade contemporânea está rodeada de tecnologias e cultura, onde o professor necessita conhecer e utilizar as estratégias didático-pedagógicas para auxiliá-lo nos processos de ensino da leitura e escrita, bem como procurar desenvolver o máximo nos alunos o domínio e a compreensão dessas estratégias e/ou tecnologias (BRASIL, 1997). Por outro lado, o aluno ao fazer a leitura sem a motivação, a crítica e o uso da imaginação, quando ler torna-se apenas um ato de conhecimento levando as consequências de que não irá conseguir intervir e muitos menos refletir sobre o que está lendo. A ideia é que se Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 66 devem formar leitores capazes de ler, criticar e que estejam aptos para se pronunciarem em um contexto da realidade em que vivem (KLEIMAN, 2000). Por isso, o professordeve utilizar estratégias metodológicas que possibilitem um ensino mais eficiente e que atenda as necessidades do aluno contemporâneo com o uso dessas tecnologias. É desafiador para os professores mudar a sua forma de trabalhar em sala de aula e pôr em prática o ensino por meio de novas estratégias tecnológicas (uso de tecnologias). Assim, Imbernón (2010, p. 36) afirma que: Para que o uso das TDIC signifique uma transformação educativa que se transforme em melhora, muitas coisas terão que mudar. Muitas estão nas mãos dos próprios professores, que terão que redesenhar seu papel e sua responsabilidade na escola atual. Mas outras tantas escapam de seu controle e se inscrevem na esfera da direção da escola, da administração e da própria sociedade. Portanto, pode-se dizer que a responsabilidade de implantar o uso das TDIC no processo de ensino- aprendizagem não é apenas do professor, mas também é da escola, da administração e da própria sociedade contemporânea. Educação, tecnologias e sociedade 67 FACEBOOK COMO FERRAMENTA AUXILIADORA NOS PROCESSOS DE ENSINO DA LEITURA E ESCRITA Facebook O Facebook foi criado em fevereiro de 2004 pelos alunos Mark Zuckerberg, Dustin Moskovitz e Chris Hughes da Universidade de Harvard e tinha como principal objetivo a configuração de um espaço, onde as pessoas pudessem se comunicar dividindo opiniões e partilhando fotografias, ou seja, um espaço fechado e limitado apenas para os participantes da rede, onde os sujeitos se encontram virtualmente com a finalidade de procurar interação, informação e novos conhecimentos sociais, tudo em torno de uma mesma interface, o ciberespaço (universo das redes digitais). Ferramenta essa tida como uma das mais populares redes sociais da história. Seu nome origina-se do apelido do livro artesanalmente preparado que passava de mão em mão entre os calouros das universidades americanas e que servia para conhecer os colegas da instituição (TEIXEIRA, 2012). Um ano depois da criação do Facebook, essa ferramenta contava com mais de 5 milhões de membros ativos e tornou-se a rede social comum a todos que tinham interesse em participar e ainda: Seus usuários têm a possibilidade de estabelecer o diálogo em tempo real através do chat, compartilhar Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 68 e discutir vídeos, sons, imagens e textos por meio de links, criar e postar álbuns de fotos, utilizar inúmeros aplicativos que propiciam ainda mais a aproximação entre os sujeitos, agendar encontros de universitário ou qualquer outro tipo de comemoração (eventos), dentre outras (COUTO JÚNIOR, 2013, p. 29). O Facebook faz parte do cotidiano do ser humano em especial os que não apenas utilizam a internet, mas que a tem como objeto de estudo, sendo considerada uma ferramenta capaz de unir milhões de pessoas dos mais diversos lugares do mundo e apresenta o recurso das mensagens que chegam instantaneamente a qualquer lugar promovendo a interação entre os sujeitos (PORTO; SANTOS, 2014). Recuero (2009) afirma que as redes sociais propiciam um espaço de comunicação que estabelece vínculos entre as informações e os seres humanos tecendo uma rede de colaboração e interatividade. Por outro lado, Porto e Santos (2014, p. 31) destacam em sua obra os motivos de uso do Facebook e a relação com a literatura: As razões que levam as pessoas, designadamente os jovens, a usar o Facebook são amplamente discutidas na literatura. De entre o conjunto de razões invocadas, destaca-se como principal manter as relações já existentes, ou seja, manter o contato com os amigos, sendo também usado para solidificar relações que de outro modo se perderiam. Educação, tecnologias e sociedade 69 Por conseguinte, as pesquisas evidenciam que os jovens são motivados a aderir às redes sociais para manter contato com os amigos e reforçar os laços com novos conhecidos e que a intenção não é tanto para conhecer novas pessoas e sim manter a amizade já existente. A utilização do Facebook na Educação A utilização adequada da rede social Facebook na educação é, sem dúvidas, um avanço no processo de ensino-aprendizagem e deve ser trabalhada com atenção. Caso contrário, professores e alunos poderão ter problemas, devido à internet ser um lugar onde se encontram pessoas de todos os tipos. Assim, para que seja utilizado com fins educativos pressupõe-se que é importante a participação dos professores, alunos e da família para que se possa fazer bom uso dessa ferramenta tecnológica proporcionando assim aos alunos e professores uma maneira lúdica de aprender e ensinar. Com o uso das redes sociais, os professores podem dirimir dúvidas de alunos a qualquer hora, de qualquer lugar, bem como promover atividades em grupo para aumentar a interação entre os alunos e compartilhar conhecimentos e experiências (CARITÁ et al., 2011). Nesse sentido, fez-se necessário uma reformulação nos métodos e práticas educacionais, pois os existentes podem-se considerar já ultrapassados e não conseguem na maioria das Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 70 vezes alcançarmos os objetivos didáticos da disciplina trabalhada em sala de aula. Assim, o professor ao fazer uso da rede Facebook na prática pedagógica da Língua Portuguesa pode criar uma nova estratégia de ensino. Portanto, os brasileiros são ativos produtores de informação e participantes das redes sociais e assim surge a oportunidade para que os professores utilizem essas tecnologias em favor da construção de novas estratégias de ensino da leitura e escrita (LEMOS; LÉVY, 2010). Principais potencialidades pedagógicas do Facebook No caso do Facebook há categorias de aplicativos que podem ser muito úteis no processo de ensino- aprendizagem da leitura e escrita que auxiliam em aproximar conteúdos das experiências reais vividas na vida cotidiana e na escola. Ferreira; Corrêa; Torres (2013) descreveram em sua pesquisa as principais potencialidades pedagógicas da rede Facebook, as quais contribuem para os processos de ensino da leitura e escrita: • Quizzes – aplicativos para a elaboração de questionários de múltipla escolha que permitem ao usuário aprender por meio de perguntas e respostas. • FlashCards – um tipo de jogo de informação que permite a associação de imagens e significados. O sistema gera testes aleatórios de pares semânticos muito úteis na aquisição de vocabulário. Educação, tecnologias e sociedade 71 • PodClasses – páginas no Facebook que reúnem links para conteúdos de áudio. Recurso muito útil no desenvolvimento da habilidade de listening. • SlideShare – compartilha apresentações do PowerPoint. Permite disponibilizar aulas e tutoriais. • Docs – este aplicativo permite gerenciar arquivos do Office, além de ter um formato específico para fazer fichas de aprendizagem e outros programas para uso com o Facebook. • Udutu Teach – em conjunto com o Udutu Learn são ferramentas que o professor pode utilizar para trabalhar com alunos e distribuir objetos de aprendizagem criados com a ferramenta Udutu. A própria página on-line do Facebook dispõe de um conjunto de ferramentas que podem ser utilizadas como estratégias para melhorar os processos de ensino da leitura e da escrita como exemplos têm-se (FERREIRA; CORRÊA; TORRES, 2013): • Grupos – dispositivo que permite o agrupamento de usuários que tenham os mesmos interesses. Esse recurso é muito interessante, pois permite criar um grupo para cada turma, onde os alunos poderão trocar informações entre si. • Eventos – essa ferramenta funciona com um calendário. Pode ser utilizado pelo professor para criar lembretes de provas, de aulas especiais, agendar atividades extraclasses entre outros usos. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 72• Feed de notícias – ponto de partida para a divulgação de informações curtas e rápidas, que aparecerão instantaneamente para os demais usuários. Pode ser utilizado pelo professor para postar conteúdos resumidos. • Mensagens – este recurso permite enviar mensagens privadas para um único usuário ou para um grupo selecionado. • Bate-papo – recurso utilizado para conversas instantâneas. Os aplicativos e as ferramentas citados pela rede social Facebook são apenas alguns exemplos dentre as inúmeras ferramentas disponíveis. Quando utilizadas de maneira correta servem de apoio aos professores que buscam novas estratégias de ensino alinhando-se a essa nova realidade da educação contemporânea. Portanto, o professor pode compartilhar informações on-line, manter contato com os alunos, orientar e incentivar a pesquisa, desenvolver a autonomia e promover a aprendizagem cooperativa contribuindo para o processo de ensino- aprendizagem da leitura e escrita por meio dessa ferramenta de comunicação. Percebe-se ainda que, a diversidade de recursos pedagógicos de multimídia oferecidos pelo Facebook pode ser utilizada no processo ensino-aprendizagem da leitura e escrita e favorece o método comunicativo proporcionando a aquisição de habilidade linguística. Educação, tecnologias e sociedade 73 O Quadro 1 expõe algumas características das ferramentas do Facebook como características, definições e seu uso no ambiente educacional. Quadro 1. Facebook: características, definições e uso no ambiente educacional. Fonte: Muñoz e Tower (2011). Característica Definição Uso educacional Mural O mural é um local público de publicações. É o local de abertura quando se acessa um determinado grupo. Postar comunicados importantes, mensagens em geral e anúncios. Alunos podem responder os posts diretamente ou curtir uma postagem. Eventos Função eventos permite criar lembretes para os membros do grupo. Lembrar os alunos de provas, reuniões ou sessões de estudo. Documentos Permite submeter arquivos para download ou a criação de documentos de texto compartilhados. Instrutores podem compartilhar matérias para leitura e estudos como documentos, apresentações, etc. Bate-papo É uma ferramenta síncrona similar aos comunicadores instantâneos tradicionais. Comunicar com os estudantes em tempo real. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 74 O Facebook oferece uma variedade de ferramentas e aplicações que podem ser utilizados para comunicar e partilhar informações como, por exemplo, publicar fotos, vídeos, fazer ligações, comentários, mensagens, interagir com outras plataformas, e‐mail, RSS feeds entre outras tecnologias) e também controlar quem pode ter acesso a informações específicas ou realizar determinadas ações (PATRÍCIO; GONÇALVES, 2010). É possível utilizar essas ferramentas para fins pedagógicos, as quais permitem a organização de grupos de trabalhos de livre acesso com fins educacionais e documentos como textos, vídeos ou imagens podem ser compartilhados. Logo, o Facebook é um recurso adequado para se trabalhar questões sobre o processo de ensino-aprendizagem, pois essa tecnologia propõe a interação e a produção intelectual. Redes sociais nas práticas educacionais O termo “redes sociais” quando empregado à internet em si está relacionado aos sites de relacionamento como Facebook, Google+, Twitter, Instagram, Blog entre outros. Essas redes sociais possuem ambientes em que a proposta principal é a interação entre os usuários. O ciberespaço é um ambiente virtual e uma plataforma digital on-line cada vez mais utilizada pelas pessoas e pode ser trabalhada positivamente de diversas formas como mencionado por Recuero (2009, p. 21): Educação, tecnologias e sociedade 75 Na verdade, a abordagem de rede fornece ferramentas únicas para o estudo dos aspectos sociais do ciberespaço: permite estudar, por exemplo, a criação das estruturas sociais; suas dinâmicas, tais como a criação de capital social e sua manutenção, a emergência da cooperação e da competição; as funções das estruturas e, mesmo, as diferenças entre os variados grupos e seu impacto nos indivíduos. Portanto, o uso de redes sociais nas práticas educacionais não deve ser visto como uma substituição completa dos processos de ensino-aprendizagem já existentes. Pelo contrário, devem ser visto como uma ferramenta colaborativa e alternativa que complementam o processo de ensino da leitura e escrita dentro e fora da sala de aula. Behrens (2005, p. 68) pondera a necessidade de que as pessoas estejam preparadas para aprender ao longo da vida e assim intervir, adaptar-se e criar novos cenários e assim: O processo de mudança paradigmática atinge todas as instituições e em especial a educação e o ensino nos diversos níveis, inclusive e principalmente nas universidades. O advento dessas mudanças exige da população uma aprendizagem constante. As pessoas precisam estar preparadas para aprender ao longo da Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 76 vida podendo intervir, adaptar-se e criar novos cenários. É necessário que o professor conheça bem os aplicativos que podem contribuir com suas práticas pedagógicas, bem como a mediação nessa plataforma de interação e colaboração. Essa plataforma virtual de aprendizagem no ensino presencial ou a distância permite que o professor inove a forma de ensinar e aprender. Nesse viés, Lévy (1999, p. 29) afirma que: O ciberespaço, dispositivo de comunicação interativo e comunitário, apresenta-se como um instrumento dessa inteligência coletiva. […] Os pesquisadores e estudantes do mundo inteiro trocam ideias, artigos, imagens, experiências ou observações em conferências eletrônicas organizadas de acordo com interesses específicos. Almeida (2008, p. 4) defende que: Para incorporar a TDIC na escola é preciso ousar, vencer desafios, articular saberes, tecer continuamente a rede, criando e desatando novos nós conceituais que se inter-relacionam com a integração de diferentes tecnologias com a linguagem hipermídia, teorias educacionais, aprendizagem do aluno, prática do educador e a Educação, tecnologias e sociedade 77 construção da mudança em sua prática, na escola e na sociedade. Por conseguinte, as TDIC favorecem para o estabelecimento de conhecimentos já adquiridos para comunicar-se, compreender e participar de processos de construção colaborativa. Pesquisas sobre o uso do Facebook Alencar et al. (2013) sobre o uso do Facebook como plataforma de ensino-aprendizagem a alunos e professores do Instituto Federal Pernambucano – Campus Petrolina ao serem questionados sobre o apoio na utilização do Facebook como plataforma educacional no processo de ensino- aprendizagem, 80% dos alunos responderam que apoiam e apenas 20% responderam tiveram opinião contrária. Na opinião dos professores, 70% alegaram que apoia a ideia de inserir essa rede como plataforma educacional, enquanto 30% não concordam com a proposta. É indubitável a importância da inserção dessas ferramentas tecnológicas no processo de ensino da leitura e escrita. Lima (2010) afirma em seus estudos que as práticas de leitura e escrita em ambientes virtuais, no contexto de ensino e aprendizagem criam e expandem as interações sociais e proporcionam mudanças de comportamentos dos atores envolvidos. Estudos realizados por Fumian; Rodrigues (2013); Castilho et al. (2014); Rocha; Crivelaro; Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 78 Bezerra (2015) e Scherer; Farias (2018) demonstram que o Facebook é uma ferramenta que garante maior comunicação, interação entre as pessoas e flexibilidade no ambiente escolar, bem como é promissora ao estender a aprendizagem paraalém dos muros da escola e gera a autonomia do aprender. Por conseguinte, a importância da implantação e inclusão de novas estratégias no processo de ensino- aprendizagem por meio do uso das ferramentas tecnológicas contribui significativamente para aulas mais interessantes, divertidas e prazerosas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Percebe-se, a importância e a eficácia das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação e do Facebook no processo de ensino-aprendizagem quando utilizados como suporte na prática pedagógica dos professores. O uso dessas ferramentas em sala de aula pode significar uma nova estratégia para motivar não só os alunos, mas também os professores, os quais muitos se encontram cansados de trabalhar com métodos de ensino considerados ultrapassados e/ou tradicionais. Com a implementação de novas estratégias de ensino nos processos da leitura e escrita por meio das redes sociais percebe-se que essa prática permite melhor desempenho, colaboração e interação entre alunos e professores e com Educação, tecnologias e sociedade 79 isso, a construção do conhecimento torna-se mais atraente do ponto de vista didático. Contemporaneamente, o Facebook é uma tecnologia fortemente presente na sociedade e uma realidade que contribui significativamente nos processos de ensino da leitura e escrita, proporcionando novas estratégias de ensino-aprendizagem e deve ser implantada como ferramenta auxiliadora dos professores, uma vez que, a cultura e os valores da sociedade estão mudando e exigindo das escolas e professores novas formas de ensinar a leitura e escrita em sala de aula. Assim sendo, a leitura e a escrita são importantes na vida das pessoas, já que é por meio delas que se obtêm as demais informações em relação a qualquer contexto e qualquer área de conhecimento. Alguns professores já se mostram a favor da utilização dessas ferramentas virtuais. Em contrapartida, há professores que resistem à utilização dessas tecnologias para fins educacionais, por não acreditarem na eficiência do Facebook. Essa resistência pode ser justificada pela falta de capacitações e treinamentos para que se sintam mais seguros na utilização desses recursos tecnológicos. Percebeu–se as vantagens da inserção da rede social Facebook no processo de ensino-aprendizagem e também que os recursos tecnológicos devem ser bem empregados em favor da educação. Portanto, é importante saber buscar Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 80 nesses recursos tecnológicos novas estratégias para melhorar o ensino de leitura e escrita nas escolas e assim inovar as metodologias de ensino já ultrapassadas e sem eficácia. O uso das tecnologias favorece para a interatividade em sala de aula, contribuem para que os professores interajam melhor e de forma mais produtiva com seus alunos. Pois, a rede social Facebook tem um potencial para gerar interação e unir as pessoas com interesses em comum. REFERÊNCIAS ALENCAR, G. A.; MOURA, M. R.; BITENCOURT, R. B. Facebook como Plataforma de Ensino/Aprendizagem: o que dizem os Professores e Alunos do IF-Sertão - PE. Educação, Formação & Tecnologias, v. 6, n. 1, p. 86-93, 2013. ALMEIDA, M. E. B. Tecnologia na escola: criação de redes de conhecimentos. Brasília, Série “Tecnologia na Escola” – Programa Salto, p. 1-9, 2008. BEHRENS, M. A. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. ed. 12. São Paulo: Papirus, 2005. p. 67-132. BEYEA, S.; NICOLL, L. H. Writing an integrative review. AORN Journal, v. 67, n. 4, p. 877-880. 1998. DOI: 10.1016/s0001-2092(06)62653-7 Educação, tecnologias e sociedade 81 BITENCOURT, R. B Novas tecnologias, novas educações. Revista Contexto Educação, p. 110-112, 2012. BRASIL. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros Curriculares Nacionais: introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais/Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997. 126p. CARITÁ, E. C.; PADOVAN, V. T.; SANCHES, L. M. P. Uso de Redes Sociais no Processo Ensino-Aprendizagem: Avaliação de suas Características. In: 17º Congresso Internacional ABED de Educação a Distância, Manaus - AM. Anais... São Paulo - SP: Associação Brasileira de Educação a Distância, 2011. CASTILHO, A. M. D.; PAULA, E. G.; GOMES, E. A. L.; SOUZA, S. M. F. A rede social Facebook como ferramenta pedagógica no processo de ensino-aprendizagem de Língua Inglesa. Revista Transformar, v. 1, n. 6, p. 42-63, 2014. COSTA; M. C.; SOUZA, M. A. S. O uso das TICs no processo ensino e aprendizagem na escola alternativa “Lago dos Cisnes”. Revista Valore, v. 2, n. 2, p. 220-235, 2017. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 82 COUTO JÚNIOR. D. R. Cibercultura, Juventude e Alteridade: aprendendo-ensinando com o outro no Facebook. Jundiaí: Paco Editorial, 2013. FERREIRA, J. L.; CORRÊA, B. R. P. G.; TORRES, P. L. O uso pedagógico da rede social Facebook. Colabor@ A Revista Digital da CVA-RICESU, v. 7, n. 28, p. 1-16, 2013. FUMIAN, A. M.; RODRIGUES, D. C. G. A. O Facebook enquanto plataforma de ensino. Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia, v. 6, p. 173-182, 2013. GRUPO ANIMA EDUCAÇÃO. Manual Revisão Bibliográfica Sistemática Integrativa: a pesquisa baseada em evidências. Belo Horizonte, 2014, 63p. IMBERNÓN, F. Formação docente e profissional: formar- se para a mudança e a incerteza. 7. Ed. São Paulo: Cortez, 2010. KLEIMAN, Â. A concepção escolar da leitura. In: Oficina de leitura. Teoria e Prática. 7ª ed. Campinas: Pontes, 2000. LEMOS, A.; LÉVY, P. O futuro da internet. São Paulo: Paulus, 2010. 258p. Educação, tecnologias e sociedade 83 LÉVY, P. Cibercultura. Rio de Janeiro: Editora 34, 1999. 264p. LIMA, S. C. Atividade online mediadoras de familiarização comas potencialidades de interatividade da web. Hipertextus Revista Digital (UFPE), v. 5, p. 103-113, 2010. MACHADO, S. C. Análise sobre o uso das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs) no processo educacional da geração internet. RENOTE - Revista Novas Tecnologias na Educação, v. 14, n. 2, 2016. MUÑOZ, C. L.; TOWER, T. Back tothe “wall”: How to use Facebook in the college classroom. FirstMonday, [S.l.], v. 16, n. 12, 2011. DOI: 10.5210/fm.v16i12.3513 OLIVEIRA, C.; MOURA, S. P.; SOUSA, E. R. TIC’S na educação: a utilização das tecnologias da informação e comunicação na aprendizagem do aluno. Pedagogia em Ação. v. 7, n. 1, p. 75-94, 2015. PATRÍCIO, M. R. V.; GONÇALVES, V. M. B. G. Utilização Educativa do Facebook no Ensino Superior. In: I Conference Learning and Teaching in Higher Education. Anais... Évora: Universidade de Évora, 2010. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 84 PORTO, C.; SANTOS, E. (orgs). Facebook e educação: publicar, curtir, compartilhar [on-line]. Campina Grande: EDUEPB, 2014, 445p. RECUERO, R. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Editora Sulina, 2009. Coleção Cibercultura. 191p. REDIG, A. G.; COUTO JUNIOR, D. R. Processos de leitura e escrita na era digital na educação inclusiva. Vertentes (UFSJ), v. 19, p. 39-49, 2011. ROCHA, A. M. M.; CRIVELARO, L. P.; BEZERRA, R. T. O uso do Facebook como recurso didático na educação à distância. VII Encontro de Práticas Docentes da UNIFOR. Anais... Fortaleza, CE. 2015. SHOLL-FRANCO, A.; ARANHA, G. Tecnologia para aprender. Revista Neuro Educação, v. 5, n. 1, p. 42-49, 2015. SCHERER, A. L.; FARIAS, J. G. Uso da Rede Social Facebook como Ferramenta de Ensino-aprendizagem em Cursos de Ensino Superior. Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta. l: e44, p.1-19. 2018. SILVA, L. V. C.; CANTANHEDE, L. B.; CANTANHEDE, S. C. S. Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) como estratégia no ensino de Química: Blog, uma Educação, tecnologiase sociedade 85 ferramenta para potencializar o conhecimento químico. Ensino de Ciências e Tecnologia em Revista, v. 10, p. 57- 72, 2020. SOUSA, R. P.; MIOTA, F. M. C. S. C.; CARVALHO, A. B. G. orgs. Tecnologias digitais na educação [on-line]. Campina Grande: EDUEPB, 2011. 276p. SOARES, D. M. R.; TELES, G.; SENA, T. B. Q. L.; LOUREIRO, R. C.; LIMA, L. As Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs) na prática docente: formação de professores universitários. Congresso Internacional de Educação e Tecnologias (CIET) e Encontro de Pesquisadores em Educação a Distância (EnPED). Anais... 2018. TEIXEIRA, C. A. A origem do Facebook. Jornal o Globo. 2012. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/sociedade/tecnologia/a-origem- do-facebook-4934191>. Acesso em: 05 de jan. 2021. VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 3.ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2000. VIANA, R. A. A leitura e a escrita na sala de aula: práticas sociais. Revista Docentes, v. 2, n. 2, p. 11-21, 2017. https://oglobo.globo.com/sociedade/tecnologia/a-origem-do-facebook-4934191 https://oglobo.globo.com/sociedade/tecnologia/a-origem-do-facebook-4934191 Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 86 Educação, tecnologias e sociedade 87 FORMAÇÃO CONTINUADA DOCENTE: O PAPEL DA DISCIPLINA ACESSIBILIDADE E A INFORMÁTICA INCLUSIVA DO CURSO DE PÓS- GRADUAÇÃO EM INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO DO IFMA CAMPUS SÃO RAIMUNDO DAS MANGABEIRAS Hezita Batista de Sousa Denilson Barbosa dos Santos INTRODUÇÃO A partir da homologação da Lei nº 13.146 de 6 de julho de 2015, a LBI – Lei Brasileira de Inclusão, as escolas comuns brasileiras têm caminhado para se tornar estabelecimentos de ensino inclusivos e, em razão disso, tem demando investimentos na formação continuada de professores e demais profissionais da escola para efetivação do processo de inclusão escolar de alunos com deficiência, bem como de todos os outros alunos. Nesse processo, as tecnologias educacionais e, de modo particular, a informática, configuram-se como ferramentas Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 88 possibilitadoras do desenvolvimento e do ensino- aprendizagem dos alunos com deficiência nos ambientes escolares. Neste contexto situacional, sentiu-se necessidade de realizar pesquisa sobre “Formação Continuada Docente: o papel da Disciplina Acessibilidade e a Informática Inclusiva do Curso de Pós-Graduação em Informática na Educação do IFMA Campus São Raimundo das Mangabeiras”. De modo que com esse objeto de estudo nasceu também a preocupação por investigar o seguinte problema de pesquisa: Qual o papel da disciplina Acessibilidade e a Informática Inclusiva na formação continuada docente ministrada no curso de Pós-Graduação em Informática na Educação do IFMA Campus São Raimundo das Mangabeiras? Esta pesquisa, justifica-se, em razão de que a inclusão escolar e o uso pedagógico dos recursos da informática são indissociáveis, pois a última favorece o desenvolvimento das competências e habilidades, bem como facilita o processo de ensino-aprendizagem dos alunos com deficiência, contudo, é inegável que a maioria dos professores, principalmente, nos pequenos municípios maranhenses não dominam as tecnologias educacionais, a exemplo, dos recursos da informática e, quando se trata da inclusão escolar, a problemática se complica muito mais, porque os professores, em sua maioria, não dispõem de formação para trabalhar em salas comuns o ensino- Educação, tecnologias e sociedade 89 aprendizagem de alunos com deficiência juntamente com os demais alunos. Nesse sentido, o Curso de Especialização em Informática na Educação do IFMA Campus São Raimundo das Mangabeiras ao ofertar em sua matriz curricular a disciplina Acessibilidade e Informática Inclusiva, vislumbrou-se a possibilidade de alguma forma dessa desse componente curricular contribuir com a formação continuada e consequentemente para ressignificação das práticas pedagógicas dos professores que cursaram esta pós-graduação e, notadamente, cursaram a referida disciplina. Para tanto definiu-se como objetivo geral, analisar o papel da disciplina Acessibilidade e a Informática Inclusiva na formação continuada docente ministrada no curso de Pós-Graduação em Informática na Educação do IFMA Campus São Raimundo das Mangabeiras. A partir deste, delineou-se como objetivos específicos: a) Discutir a formação continuada de professores no âmbito da Informática na Educação Inclusiva; b) Diagnosticar, a partir das percepções dos interlocutores, como o Curso de Pós- Graduação em Informática na Educação do IFMA Campus São Raimundo das Mangabeiras tem tratado as questões pertinentes a Educação Inclusiva na formação continuada docente; c) Verificar, como os pós-graduandos percebem a contribuição da Disciplina Acessibilidade e a Informática Inclusiva em sua formação docente e em sua prática pedagógica; d) Identificar, os saberes que os pós- Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 90 graduandos produziram no decorrer das aulas da disciplina Acessibilidade e a Informática Inclusiva do Curso de Pós-Graduação em Informática na Educação do IFMA Campus São Raimundo das Mangabeiras. METODOLOGIA De acordo com Gil (2008) e Santos (2020b) esta pesquisa configura-se quanto aos seus objetivos como sendo exploratória, descritiva e explicativa. Quanto aos procedimentos adotados classifica-se como pesquisa bibliográfica, documental e de pesquisa de campo. Quanto a abordagem classifica-se como pesquisa qualitativa. A presente pesquisa teve como campo empírico o IFMA campus São Raimundo das Mangabeiras que oferta o curso de Especialização lato sensu em Informática na Educação, tendo como interlocutores, 1 Coordenador do Curso; 1 professora que ministrou a disciplina Acessibilidade e Informática Inclusiva e 4 pós-graduandos do IFMA, sendo um dos seguintes polos: Caxias, Presidente Dutra, São Raimundo das Mangabeiras e São Luís. Inicialmente, solicitou-se autorização institucional para realização de pesquisa junto a Coordenação do curso, bem como conversou-se com a professora que ministrou a disciplina Acessibilidade e Informática Inclusiva para convidá-la a participar espontaneamente desta pesquisa. Quanto aos pós-graduandos o Coordenador do Curso a Educação, tecnologias e sociedade 91 pedido desta pesquisadora, seguindo o critério de que os cursistas que fossem selecionados para participar desta pesquisa, deveriam ser docentes em efetivo exercício da docência na educação básica e/ou egressos de cursos de graduação em licenciatura, assim, aleatoriamente, procedeu-se a escolha de um pós-graduandos de cada um dos polos supracitados. Nesse sentido, os interlocutores confirmaram o aceite, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, no qual entre outras coisas, assegurou-se o anonimato/privacidade da identidade dos interlocutores da pesquisa. Para alcançar ao primeiro objetivo de pesquisa que se propôs a discutir a formação continuada de professores no âmbito da Informática na Educação Inclusiva, realizou- se pesquisa bibliográfica e pesquisa documental que serviu para construção do referencial teórico, bem como serviu para fundamentar a análise e discussão dos resultados alcançados com a aplicação do instrumento de produção de dados juntos aos interlocutores da pesquisa. Quanto a pesquisa bibliográfica procedeu-se ao levantamento de livros na biblioteca e, em sites de revistas cientificas, da Capes/Sucupira e de universidades como e- books, teses, dissertações e artigos dos últimos 10 anos que tratam sobre o objeto de estudo desta pesquisa (formação continuada docente, acessibilidade e Informática Inclusiva),esse foi o critério de inclusão e de exclusão. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 92 Quanto a pesquisa documental procedeu o levantamento e análise de documentos oficiais que tratam sobre a formação de professores e a inclusão escolar de pessoas público alvo da Educação Especial/Inclusiva no Brasil como a Constituição Federal (BRASIL, 1988), a LBI - Lei Brasileira de Inclusão (BRASIL, 2015), a LDB 9.394/96; Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva e, demais documentos e leis que tratam do direito das pessoas com deficiência e da educação como um direito de todos e, o próprio Projeto Político Pedagógico do Curso de Especialização Lato Sensu em Informática na Educação do IFMA/SRM. Para atender ao 2º, 3º e 4º objetivos específicos da pesquisa (ver introdução), optou-se no processo de produção de dados de campo, pela aplicação somente de questionário contendo perguntas abertas e fechadas ao Coordenador do Curso; a professora que ministrou a disciplina Acessibilidade e Informática Inclusiva e a 4 pós- graduandos do IFMA/SRM, durante realização de pesquisa de campo no 2º semestre de 2020. Contudo, registra-se que em razão da pandemia que impôs várias medidas de prevenção e combate ao coronavírus/Covid-19, dentre elas, o isolamento social, o questionário e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foram enviados por e- mail e manteve-se contatos sistemáticos com os interlocutores por meio mensagens instantâneas via Educação, tecnologias e sociedade 93 WhatsApp, contando sempre com a mediação do Coordenador do curso. Nesse ínterim, contudo, visando atender aos aspectos éticos da pesquisa os nomes dos interlocutores serão mantidos no anonimato, por isso optou-se pela utilização de nomes fictícios. O perfil dos 6 interlocutores da pesquisa é descrito no Quadro 1 a seguir. Quadro 1 - Perfil dos Interlocutores da pesquisa Interlocutores Idade, gênero Formação Inicial Formação Continuada Tempo docente Tempo de serviço docente no IFMA SRM Regime de trabalho e carga horária 1 Prof. AJAL 33 anos (masculino) Pedagogia Mestrado em Educação 5 anos 1 ano e 9 meses (Coord. Pós-Grad.) Concursado 40h/DE 2 Prof.ª Esperança 32 anos (feminino) Ciência da Computação Mestrado em Engenharia Elétrica com Ênfase em Ciência da Computação 9 anos 3 anos Concursada 40h/DE 3 Prof. Guest 38 anos (masculino) Licenciatura Plena em Computação Pós-graduando em Informática na Educação 6 anos - - 4 Prof. Essência 36 anos (masculino) Ciências Biológicas Especialização em Educação Ambiental; 16 anos - - Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 94 Educação Especial; Sociologia e Pós-graduando em Informática na Educação. 5 Prof.ª Inã 54 anos (feminino) Pedagogia Especialização em Psicopedagogia Institucional; Gênero e Diversidade na Escola; e Pós- graduando em Informática na Educação. 15 anos - - 6 Prof. Mestre 38 anos (masculino) Pedagogia Pós-graduando em Informática na Educação. 4 meses - - Fonte: Pesquisa Direta, out. 2020. Dados organizados por SOUSA, H. B. (2020). A organização e interpretação dos dados foi feita por meio do emprego da técnica análise de conteúdo proposta por Bardin (2009). Nesse sentido, o emprego da análise de conteúdo permitiu que os dados produzidos com aplicação de questionários aos 6 interlocutores desta pesquisa, foram organizados em 4 categorias de análise de conteúdo. Educação, tecnologias e sociedade 95 INFORMÁTICA INCLUSIVA NO CONTEXTO DO ENSINO-APRENDIZAGEM DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA NO BRASIL No cenário brasileiro, o uso de tecnologias educacionais e, particularmente, das discussões acerca do papel da informática na educação coincide com a luta pela garantia do direito a educação e a escolarização das pessoas com deficiência ou com necessidades educacionais especiais. Contudo, é a partir da década de 1990 que essa realidade ganha muito mais força e se intensifica no Brasil, demandando investimentos em políticas públicas voltadas para a efetivação da inclusão escolar, dentre elas, a formação continuada de professores no âmbito da educação inclusiva e aplicabilidade dos recursos tecnológicos, principalmente aqueles ligados as tecnologias educacionais e a informática. Sob esta ótica, as TIC podem favorecer a implementação e consolidação de um sistema educacional inclusivo no Brasil, contudo, as TIC por si só, não efetivarão esse processo, o qual implica em uma série de outros investimentos em diversos setores, principalmente na formação continuada de professores com foco na educação inclusiva, no desenvolvimento de práticas pedagógicas inclusivas e na garantia do direito de aprender de todos, indistintamente (GIROTO; POKER; OMOTE, 2012). Por isso mesmo essas autoras, também destacam que: Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 96 Naturalmente, a atuação dos professores, como agentes principais da promoção da educação inclusiva, merece atenção representando um desafio especial para as Universidades e gestores das instituições educacionais, na adoção de esforços coletivos para a compreensão acerca das TIC e sua aplicabilidade no âmbito educacional, quer seja na formação dos profissionais que atuam nesse contexto, quer seja nos recursos didático pedagógicos a serem utilizados na educação de pessoas com deficiência (GIROTO; POKER; OMOTE, 2012, p.7, grifo nosso). Isto posto, pode-se inferir que isso se deve, pois, a inclusão escolar implica não apenas na garantia do acesso ou da matricula em escolas comuns de alunos com deficiência, com transtornos globais do desenvolvimento ou com altas habilidades/superdotação, mas sobretudo, exige a garantia do tripé acesso, permanência e sucesso dessas pessoas e de todos os outros alunos no ambiente escolar. Além disso, para o professor fazer o uso intencional e pedagógico das tecnologias e do laboratório de informática em sala de aula, é inegável que a escola precisa se constituir como um espaço formador, responsável pela formação continuada em serviço dos professores para a utilização pedagógica dos recursos tecnológicos, da informática na perspectiva da educação inclusiva. A esse Educação, tecnologias e sociedade 97 respeito, a legislação educacional brasileira tem amparado e assegurado o direito a educação e a escolarização de todos os brasileiros e de modo específico, as pessoas com deficiências, como pode-se destacar a Constituição Federal (BRASIL, 1988), a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB nº 9.394/96, a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva/PNEEPEI (BRASIL, 2008), a LBI - Lei Brasileira de inclusão (2015), dentre outros documentos legais. Nesse sentido: A formação inicial e continuada dos docentes frente ao processo de inclusão escolar são variáveis e premissas decisivas para o sucesso e a efetivação das leis inclusivas de nossas instituições escolares, assim conhecê-los torna-se uma necessidade imperativa, na construção de uma educação mais justa [...]. (TERRA; GOMES, 2013, p. 113). Isto posto, vale destacar que a inclusão escolar e o uso pedagógico dos recursos da informática não se efetivará no Brasil, apenas por força de leis. Por isso, investimentos na formação continuada de professores e demais profissionais da escola é necessário, pois “[...] precisamos a aprender a ver e acolher a pessoa humana e não sua deficiência, evitando dessa forma, reduzi-las a deficiência visível aos nossos olhos [...]” (SANTOS, 2021, p. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 98 46). Ainda de acordo com este autor, a Educação Inclusiva é: [...] uma práxis políticae social tecida a muitas mãos, pautada na humanização das pessoas, de suas práticas, das ações educativas e da sociedade, na perspectiva da democracia e da educação para todos. É um convite a reeducação do olhar e ressignificação dos conceitos e padrões historicamente construídos sobre as categorias classificatórias de pessoas, pois, na Educação Inclusiva não há tipos de seres humanos inferiores/superiores, capazes/incapazes, com ou sem deficiência, há simplesmente, pessoas humanas e, portanto, cada pessoa/estudante, importa [...]. (SANTOS, 2021, p. 41). Isso implica dizer que cabe aos professores tornar os conteúdos de suas disciplinas acessíveis a todos os alunos e, uma das formas de fazer isso, pode ser a exploração pedagógica da informática inclusiva, como o computador, os recursos audiovisuais, as tecnologias assistivas, entre outros. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nesse tópico são apresentados e discutidos os resultados da pesquisa, destacando os aspectos revelados pelos interlocutores sobre o papel da disciplina Acessibilidade e a Informática Inclusiva na formação Educação, tecnologias e sociedade 99 continuada docente ministrada no curso de Pós-Graduação em Informática na Educação do IFMA Campus São Raimundo das Mangabeiras. Nesse sentido, as percepções dos 6 interlocutores da pesquisa foram organizadas em 4 categorias de análise, quais sejam: 1) Concepções de Educação Inclusiva, Informática Inclusiva e acessibilidade construídas pelos interlocutores da pesquisa; 2) Tratamento dado as questões pertinentes a Educação Inclusiva na formação continuada docente; 3) Contribuição/papel da disciplina Acessibilidade e a Informática Inclusiva na formação continuada docente; 4) Saberes produzidos pelos pós- graduandos nas aulas da disciplina Acessibilidade e a Informática Inclusiva. Essas categorias são analisadas e discutidas, a partir das percepções dos interlocutores da pesquisa. Concepções de Educação Inclusiva, Informática Inclusiva e acessibilidade construídas pelos interlocutores da pesquisa Tratar sobre o papel da disciplina Acessibilidade e a Informática Inclusiva na formação continuada docente ministrada no curso de Pós-Graduação em Informática na Educação do IFMA Campus São Raimundo das Mangabeiras, implica inicialmente discutir as concepções que os interlocutores da pesquisa têm construído acerca Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 100 dos termos Educação Inclusiva, Informática Inclusiva e acessibilidade. Isso se deve porque a atuação das pessoas e, de modo particular, dos profissionais da educação, bem como de outros setores da sociedade são guiadas e/ou influenciadas pelos saberes historicamente construídos, dentre eles estão as teorias, os conceitos, a visão de mundo, de ser humano, de educação, de inclusão, entre outros. A esse respeito, dos relatos dos 6 interlocutores, depreende-se que todos têm plena consciência sobre as implicações conceituais de cada um desses termos, contudo, as falas da Prof.ª Esperança, do Prof. Mestre e da Prof.ª Inã precisam ser ponderadas, pois quando explicitam suas concepções de Informática Inclusiva, utilizam respectivamente os termos, portadoras e deficientes para referir-se as pessoas com deficiência e, por sua vez, a Prof.ª Inã reduz Informática Inclusiva a facilidade de acesso das pessoas as tecnologias. Assim, a Prof.ª Esperança compreende que “A informática inclusiva é o estudo e modificação dos recursos tecnológicos adaptados para pessoas portadoras de deficiência”. O emprego equivocado e erroneamente do termo portadoras se deve porque implica na opção de escolha em portar ou não determinada deficiência, como se fosse um guarda-chuva em que a pessoa decidi usá-lo para se proteger da chuva e, em um dado momento a chuva cessa e a pessoa decidi deixá-lo de lado e seguir sua vida naturalmente sem ele, todavia, com Educação, tecnologias e sociedade 101 a deficiência a pessoa não tem essa opção (SANTOS, 2021; SASSAKI, 2011a; b). Destarte que o termo adotado atualmente em substituição ao termo portadores é pessoa com deficiência, inclusive, esse termo foi escolhido pelos movimentos sociais de luta pelos direitos das pessoas com deficiência e aprovado em 2006 na Conferência da ONU sobre os direitos das pessoas com deficiência (SANTOS, 2021; SASSAKI, 2011a; b). Por outro lado, o termo deficientes empregado pelo Prof. Mestre reduz a pessoa a deficiência que ela apresenta, isto posto, a pessoa é muito mais do que a deficiência visível aos nossos olhos, ela afeta e/ou compromete apenas uma parte do corpo da pessoa e não a pessoa inteira, por isso, o termo adequado a ser empregado é pessoa com deficiência (SANTOS, 2021). Além disso, a pós-graduanda Prof.ª Inã considera que facilitar o acesso das pessoas as tecnologias, isso é o que ela entende por Informática inclusiva quando afirma que Informática Inclusiva acontece quando “[...] pessoas tenham acessam as tecnologias com mais facilidade”. Muito pelo contrário, a Informática Inclusiva tem que estar a serviço da promoção da inclusão de todos, como por exemplo, favorecer o acesso ao conhecimento escolar as pessoas público alvo da Educação Especial/Inclusiva, pois simplesmente facilitar o acesso as pessoas as tecnologias não tornam inclusiva a Informática. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 102 Contudo, ressalta-se que nas falas dos 6 interlocutores é consenso que eles reconhecem e identificam a estreita relação que há entre os termos educação inclusiva, informática inclusiva e acessibilidade. São termos convergentes e mutuamente articulados, pois os dois últimos são fatores importantes no processo da efetivação da Educação Inclusiva. Nesse ínterim, é importante compreender as motivações dos cursistas consideradas como decisivas para que escolhessem cursar a pós-graduação em Informática na Educação do IFMA/SRM, dentre os motivos destacaram a necessidade de investimento na formação continuada, atualização dos conhecimentos e pela credibilidade da instituição. Essas percepções e/ou maneiras de pensar dos 4 pós- graduandos e até mesmo de reconhecer a importância da formação continuada docente, evidencia entre outros aspectos, o peso da formação continuada como pilar de sustentação da necessidade de aprender continuamente dos professores, pois “[...] a formação contínua deve contribuir para a mudança educacional e para a redefinição da profissão docente” (NÓVOA, 2002, p. 38). Além disso, registra-se que a motivação dos cursistas para cursar a pós-graduação Informática na Educação e, especificamente, neste curso cursar a Disciplina Acessibilidade e Informática Inclusiva, é o primeiro passo para ressignificação dos conceitos sobrea as pessoas com deficiência e sobre o processo de inclusão, bem Educação, tecnologias e sociedade 103 como para implementação de práticas pedagógicas inclusivas, pois “[...] a partir do investimento na formação/educação das pessoas, a ressignificação desses conceitos/concepções equivocados historicamente construídos sobre as pessoas com deficiência se materializará no cotidiano da sociedade brasileira”(SANTOS, 2021, p.43). Ainda de acordo com este autor, a Educação Inclusiva “[...] é uma discussão que interessa a todos nós e, se ainda hoje estamos conversando e debatendo sobre essa temática, é porque ainda impera a exclusão de milhões de brasileiros [...] e [...] no ambiente escolar imperam ainda práticas pedagógicas excludentes” (SANTOS, 2021, p.43). É justamente com esse entendimento que na próxima categoria é discutido o tratamento dado as questões pertinentes a Educação Inclusiva na formação continuada docente ao longo do curso de Pós-Graduação em Informática na Educação do IFMA/SRM. Tratamento dado as questões pertinentes a EducaçãoInclusiva na formação continuada docente Quanto ao tratamento dado as questões pertinentes a Educação Inclusiva na formação continuada docente ofertada no curso de Pós-Graduação em Informática na Educação do IFMA/SRM, o Prof. AJAL, Coordenador do curso destacou que o IFMA/SRM em toda sua estrutura e Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 104 em todo o trabalho realizado por essa instituição e, na formação dos acadêmicos não é diferente, estão presentes práticas pautadas nos princípios da Educação Inclusiva, ao tempo em que destacou a institucionalização e atuação do NAPNE no IFMA/SRM. Endossando esse entendimento, a Prof.ª Esperança que ministrou a disciplina Acessibilidade e Informática Inclusiva, enfatizou o investimento da instituição em formação continuada dos professores e demais profissionais com foco na inclusão é uma constante no IFMA/SRM, a exemplo deste curso de especialização lato sensu que embora não é um curso específico para tratar da Educação Inclusiva, contém em sua matriz curricular um disciplina específica para tratar sobre acessibilidade e informática inclusiva. Dos 4 pós-graduandos, 3 (Prof. Guest; Prof. Essência e Prof. Mestre) destacaram que o curso tem dado um tratamento adequado e de destaque a Educação Inclusiva no Curso de Especialização Informática na Educação, tendo até uma disciplina voltada especificamente para abordar e discutir sobre a relação entre a acessibilidade e a informática inclusiva. Contudo, uma pós-graduanda (Prof.ª Inã) teve uma fala divergente, entretanto, deve-se esclarecer que não tem nenhuma relação com o questionamento levantado sobre o tratamento dado a inclusão nas discussões do curso, mas ela acabou por manifestar seu descontamento com o atraso na oferta em tempo hábil das disciplinas, pois segundo ela “Acredito que Educação, tecnologias e sociedade 105 seja uma questão política, deixou muito a desejar. Faltou empenho e talvez experiência em oferecer o curso no tempo hábil” (Fonte: Pesquisa Direta, nov.2020). Assim, os relatos dos interlocutores da pesquisa, considerando o dito e o não dito em suas falas, implícita e explicitamente corroboram para o entendimento de que: Se o professor deve ser um profissional qualificado para responder às novas demandas da realidade socioeducacional, cabe à escola assumir a responsabilidade de criar as condições propícias ao desenvolvimento de uma prática educativa inclusiva, partir da capacidade de compreender as contradições inscritas na realização do direito à educação concretizada pela escola, ao passo que exige a criação de mecanismos para superar as limitações e dificuldades decorrentes (RIBEIRO, 2014, p.3). Sob este prisma, na próxima categoria se propõe a discutir a contribuição/papel da disciplina Acessibilidade e a Informática Inclusiva na formação continuada docente. Contribuição/papel da disciplina Acessibilidade e a Informática Inclusiva na formação continuada docente Essa categoria emergiu do entendimento de que “Não se trata mais de discutir se os alunos com Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 106 necessidades especiais ou em situação de deficiência devem ou não estar na sala de aula com os demais alunos. Não se trata mais de discutir se as tecnologias devam ou não ser introduzidas na escola” (CORTELAZZO, 2012, p. 94). Por essa razão, os interlocutores da pesquisa foram provocados a refletir e a destacar a contribuição/papel da disciplina Acessibilidade e a Informática Inclusiva na formação continuada docente ministrada no curso de Pós- Graduação em Informática na Educação do IFMA Campus São Raimundo das Mangabeiras, de modo que em suas falas, todos os 6 interlocutores reconhecem o papel, a contribuição e a importância desta disciplina na formação continuada dos cursistas e no desenvolvimento profissional docente. Nas falas do Coordenador do curso, da professora ministrante da disciplina e dos 4 pós-graduandos participantes desta pesquisa se observou aspectos que indicam que a disciplina Acessibilidade e Informática Inclusiva, favoreceu o processo de ressignificação de saberes, do fazer docente, ampliação dos conhecimentos e o uso pedagógico das ferramentas da informática e dos recursos tecnológicos com foco na inclusão escolar. Em tempo, esclarece que de acordo com o Projeto Político Pedagógico do Curso de Especialização Lato Sensu Informática na Educação do IFMA/SRM, essa disciplina em sua ementa contempla a abordagem das seguintes temáticas: “[...] Políticas de inclusão e Acessibilidade; Educação, tecnologias e sociedade 107 Acessibilidade e inclusão Social; salas de recursos multifuncionais; A Tecnologia assistiva a serviço da aprendizagem” (IFMA/SRM, 2016, p.23). Isso fica evidenciado quando se observa o uso de termos como: “[...] fazer a comunidade como um todo refletir nas questões relacionadas as pessoas com necessidade de inclusão” (Prof. AJAL); “[...] a inserção das ferramentas tecnológicas e aperfeiçoamento para o uso [...] no mercado de trabalho” (Prof.ª Esperança); “A disciplina foi fundamental no tocante à inclusão de ferramentas, infraestrutura e demais artefatos [...] trouxe-me uma visão holística no processo educacional [...]” (Prof. Guest); “Capacitar o docente [...] promover meios acessíveis [...] na prática de ensino. [...] melhorou meu modo de pensar, ver, agir [...]” (Prof. Essência); “[...] mostrar como as tecnologias influenciam na aprendizagem [...]” (Prof.ª Inã); “[...] maior conhecimento de que a informática inclusiva não é simplesmente levar os educandos a usarem equipamentos tecnológicos [...]” (Prof. Mestre). Diante do exposto, compreende-se que todos os 6 interlocutores demonstram serem conscientes e reconhecem o papel/contribuição da disciplina Acessibilidade e Informática Inclusiva na formação continuada docente. Nesse sentido, compreende-se que: A formação continuada deve possibilitar: o desenvolvimento coletivo de processos autônomos no trabalho docente, o compartilhamento coletivo de processos metodológicos e de gestão, a aceitação de Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 108 indeterminação técnica uma maior importância ao desenvolvimento pessoal, a potencialização da autoestima coletiva e a criação e o desenvolvimento de novas estruturas (IMBERNÓN, 2010, p. 69). Por isso na última categoria de análise são discutidos os saberes que os pós-graduandos produziram no decorrer das aulas da disciplina Acessibilidade e a Informática Inclusiva do Curso de Pós-Graduação em Informática na Educação do IFMA/SRM. Saberes produzidos pelos pós-graduandos nas aulas da disciplina Acessibilidade e Informática Inclusiva Dos 6 interlocutores da pesquisa, 5 explicitaram que a Disciplina Acessibilidade e Informática Inclusiva possibilitou a produção de saberes na formação dos pós- graduandos, dentre eles destacam-se: a) saberes relacionados a inclusão escolar e a legislação vigente que dar base legal ao direito das pessoas público alvo da Educação Especial estudarem nas escolas regulares e serem incluídas na sociedade como um todo; b) o papel da Informática Inclusiva na escolarização de todos os alunos; c) barreiras físicas e sociais que dificultam a inclusão; d) saberes voltados para o desenvolvimento de práticas inclusivas; e) Uso pedagógico das ferramentas da informática na perspectiva inclusiva; f) princípios da acessibilidade e da inclusão. Entretanto, a pós-graduanda Educação, tecnologias e sociedade 109 Prof.ª Inã foi a única que não explicitou os saberes que ela aprendeu nessa disciplina, ela apenas de forma genérica tangenciou sua resposta ao dizer que “Muito interessante os saberes e sua aplicabilidade”. Por fim, pode-se inferir que os saberes produzidos pelos pós-graduandos nas aulas da DisciplinaAcessibilidade e Informática apresentam uma estreita relação com os saberes docentes que eles já possuíam como os disciplinares, pedagógicos, experienciais, entre outros, assim, afirma-se que diante dos seus relatos, ficou latente que os saberes didáticos informáticos inclusivos e os saberes da legislação educacional pertinente a inclusão escolar, constituem nos principais saberes produzidos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo revelou que os 6 interlocutores da pesquisa reconhecem e identificam a estreita relação que há entre os termos educação inclusiva, informática inclusiva e acessibilidade. Esses são termos convergentes e mutuamente articulados, pois os dois últimos são fatores importantes no processo da efetivação da Educação Inclusiva. Constatou-se que dentre as motivações dos cursistas consideradas como decisivas para que escolhessem cursar a pós-graduação em Informática na Educação do IFMA/SRM, destacaram-se a necessidade de investimento Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 110 na formação continuada, atualização dos conhecimentos e pela credibilidade da instituição. Verificou-se que tem sido dado prioridade as questões pertinentes a Educação Inclusiva na formação continuada docente ofertada no curso de Pós-Graduação em Informática na Educação do IFMA/SRM. Contudo, apenas uma pós-graduanda (Prof.ª Inã) teve uma fala divergente, entretanto, deve-se esclarecer que não tem nenhuma relação com o tratamento dado a inclusão nas discussões do curso, mas ela acabou por manifestar seu descontamento com o atraso na oferta em tempo hábil das disciplinas. Contatou-se que todos os 6 interlocutores reconhecem o papel, a contribuição e a importância da disciplina Acessibilidade e Informática Inclusiva na formação continuada dos cursistas e no desenvolvimento profissional docente. Isso porque nas falas do Coordenador do curso, da professora ministrante da disciplina e dos 4 pós-graduandos participantes desta pesquisa se observou aspectos que indicam que a disciplina Acessibilidade e Informática Inclusiva, favoreceu o processo de ressignificação de saberes, do fazer docente, ampliação dos conhecimentos e o uso pedagógico das ferramentas da informática e dos recursos tecnológicos com foco na inclusão escolar. Por fim, constatou-se que dos 6 interlocutores da pesquisa, 5 explicitaram que a Disciplina Acessibilidade e Educação, tecnologias e sociedade 111 Informática Inclusiva possibilitou a produção de saberes na formação dos pós-graduandos, dentre eles destacam-se: a) saberes relacionados a inclusão escolar e a legislação vigente que dar base legal ao direito das pessoas público alvo da Educação Especial estudarem nas escolas regulares e serem incluídas na sociedade como um todo; b) o papel da Informática Inclusiva na escolarização de todos os alunos; c) barreiras físicas e sociais que dificultam a inclusão; d) saberes voltados para o desenvolvimento de práticas inclusivas; e) Uso pedagógico das ferramentas da informática na perspectiva inclusiva; f) princípios da acessibilidade e da inclusão. Portanto, esse trabalho não encerra a discussão, sendo necessário que outras pesquisas sejam realizadas para aprofundamento e melhor compreensão deste objeto de estudo. REFERÊNCIAS BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2009. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. BRASIL. Presidência da República. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015, institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência. Brasília: Presidência da República do Brasil, 2015. Disponível em: Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 112 <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015- 2018/2015/lei/l13146.htm>. Acesso em: 28 out. 2020. BRASIL. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, DF: MEC, 2008. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespeci al.pdf>. Acesso em: 27 out. 2020. BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e bases da Educação Nacional: Brasília: MEC, 1996. CORTELAZZO, Iolanda Bueno de Camargo. Formação de professores para uma Educação Inclusiva mediada pelas tecnologias. In: GIROTO, Claudia Regina Mosca; POKER, Rosimar Bortolini; OMOTE, Sadão (org.). As tecnologias nas práticas pedagógicas inclusivas. Marília-SP: Oficina Universitária/cultura Acadêmica, 2012, p. 93-120. Disponível em: <https://www.marilia.unesp.br/Home/Publicacoes/as- tecnologias-nas-praticas_e-book.pdf>. Acesso em: 10 out. 2020. GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2008. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf%3e.%20Acesso%20em:%2027%20out.%202020 http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf%3e.%20Acesso%20em:%2027%20out.%202020 https://www.marilia.unesp.br/Home/Publicacoes/as-tecnologias-nas-praticas_e-book.pdf https://www.marilia.unesp.br/Home/Publicacoes/as-tecnologias-nas-praticas_e-book.pdf Educação, tecnologias e sociedade 113 GIROTO, Claudia Regina Mosca; POKER, Rosimar Bortolini; OMOTE, Sadao. Apresentação. In: GIROTO, Claudia Regina Mosca; POKER, Rosimar Bortolini; OMOTE, Sadao (org.). As tecnologias nas práticas pedagógicas inclusivas. Marília-SP: Oficina.Universitária. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2012, p. 7. Disponívem em: <https://www.marilia.unesp.br/Home/Publicacoes/as- tecnologias-nas-praticas_e-book.pdf>. Acesso em: 10 out. 2020. IMBERNÓN, Francisco. Formação continuada de professores. Porto Alegre: Artmed, 2010. IFMA - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO MARANHÃO CAMPUS SÃO RAIMUNDO DAS MAGABEIRAS. Projeto Político Pedagógico do Curso de Especialização Lato Sensu Informática na Educação na modalidade à distância. São Luis: IFMA, 2016. NÓVOA, Antonio. Formação de professores e trabalho pedagógico. Lisboa: Educa, 2002. RIBEIRO, Renata Rosa Russo Pinheiro Costa. Formação continuada em educação inclusiva: os professores com a palavra. ENDIPE- Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino, 11 a 14 de novembro de 2014. https://www.marilia.unesp.br/Home/Publicacoes/as-tecnologias-nas-praticas_e-book.pdf https://www.marilia.unesp.br/Home/Publicacoes/as-tecnologias-nas-praticas_e-book.pdf Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 114 Disponível em: <http://www.uece.br/endipe2014/ebooks/livro3/253%20FO RMA%C3%87%C3%83O%20CONTINUADA%20EM%20E DUCA%C3%87%C3%83O%20INCLUSIVA%20OS%20PR OFESSORES%20COM%20A%20PALAVRA.pdf>. Acesso em: 12 out. 2020. SANTOS, Denilson Barbosa dos. Educação Inclusiva: cada pessoa/estudante, importa. In: Scabello, A. L. M., Marques, K. A. de M. (org.). Educação Inclusiva: práticas geográficas e outras vivências. Teresina: EdUFPI, 2021, p. 39-50. SANTOS, Denilson Barbosa dos. Sendas meandrantes de uma pesquisa sobre prática docente em Educação do Campo a partir dos núcleos de significação. In: ARAÚJO, Raimundo Dutra de; ARAÚJO, Francisco Antônio Machado (orgs.). Processos metodológicos na pesquisa em educação: dispositivos de produção e análise de dados em movimento. Teresina: EdUFPI, 2020a, p. 245-263. SASSAKI, Romeu Kazumi. Como chamar as pessoas que têm deficiência? Inclusive, 4 de fev./2011b. Disponível em: <https://www.inclusive.org.br/arquivos/18446>. Acesso em: 20 nov. 2020. http://www.uece.br/endipe2014/ebooks/livro3/253%20FORMA%C3%87%C3%83O%20CONTINUADA%20EM%20EDUCA%C3%87%C3%83O%20INCLUSIVA%20OS%20PROFESSORES%20COM%20A%20PALAVRA.pdf http://www.uece.br/endipe2014/ebooks/livro3/253%20FORMA%C3%87%C3%83O%20CONTINUADA%20EM%20EDUCA%C3%87%C3%83O%20INCLUSIVA%20OS%20PROFESSORES%20COM%20A%20PALAVRA.pdfhttp://www.uece.br/endipe2014/ebooks/livro3/253%20FORMA%C3%87%C3%83O%20CONTINUADA%20EM%20EDUCA%C3%87%C3%83O%20INCLUSIVA%20OS%20PROFESSORES%20COM%20A%20PALAVRA.pdf http://www.uece.br/endipe2014/ebooks/livro3/253%20FORMA%C3%87%C3%83O%20CONTINUADA%20EM%20EDUCA%C3%87%C3%83O%20INCLUSIVA%20OS%20PROFESSORES%20COM%20A%20PALAVRA.pdf https://www.inclusive.org.br/arquivos/18446 Educação, tecnologias e sociedade 115 SASSAKI, Romeu Kazumi. Nada sobre nós, sem nós: Da integração à inclusão. Bengala legal, 22 de jun./2011a. Disponível em: <http://www.bengalalegal.com/nada- sobre-nos>. Acesso em: 20 nov. 2020. TERRA, Ricardo Nogueira; GOMES, Cláudia Gomes. Inclusão escolar: carências e desafios da formação e atuação profissional. Revista Educação Especial. v. 26, n. 45, jan./abr. Santa Maria, 2013. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial/article/view/ 5629. Acesso em: 10 nov. 2020. http://www.bengalalegal.com/nada-sobre-nos http://www.bengalalegal.com/nada-sobre-nos Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 116 Educação, tecnologias e sociedade 117 A PERCEPÇÃO DO CORPO ACADÊMICO QUANTO A IMPLANTAÇÃO DO ENSINO REMOTO EMERGENCIAL EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR (IES) DE BALSAS-MA Gilliard Ribeiro dos Santos Antonio Lisboa da Silva INTRODUÇÃO O ano de 2020 foi marcado pela pandemia da COVID-19 que provocou um isolamento social de larga escala em todo o mundo e gerou transformações inesperadas na vida das pessoas em todas as áreas. Como aliadas nessa nova realidade, as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) exercem um papel importante ao conectar as pessoas e ajudá-las a manter suas rotinas adaptadas para a forma remota. Na educação, a utilização das TICs foi a principal solução para o retorno das atividades pedagógicas, tendo em vista que o Ministério da Educação autorizou a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais, as instituições de ensino Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 118 aderiram ao Ensino Remoto Emergencial para dar continuidade ao ano letivo. O ponto de partida para o desenvolvimento deste estudo foi a observação in loco da implantação deste modelo de ensino na instituição pesquisada devido à familiaridade com a mesma e o surgimento da seguinte problemática: “Quais as principais dificuldades de professores e alunos da Instituição de Ensino Superior estudada no contexto do Ensino Remoto Emergencial e quais as estratégias adotadas para lidar com esta nova realidade de ensino?”. Tal questionamento originou a hipótese de que a principal dificuldade seria a questão da inclusão digital e conectividade dos alunos, seguido da adaptação a aulas totalmente remotas e que o corpo acadêmico estaria desejando voltar logo às aulas presenciais. O objetivo geral deste artigo consiste em analisar a percepção do corpo acadêmico de uma Instituição de Ensino Superior quanto a implantação do Ensino Remoto Emergencial durante o período de isolamento social provocado pela COVID-19. Para tanto, definiu-se como objetivos específicos: i) descrever a metodologia de ensino adotada pelos professores para a transição das aulas presenciais para aulas remotas; ii) identificar as principais dificuldades enfrentadas por professores e alunos neste formato de ensino; iii) verificar a aceitação do ensino remoto quanto ao aproveitamento no ensino- aprendizagem. Educação, tecnologias e sociedade 119 Nesse sentido, realizou-se um levantamento bibliográfico para a reunião de informações já existentes sobre o tema e definição de uma nova abordagem para o mesmo, a partir de aspectos quali-quantitativos. Como instrumento de coleta de dados, optou-se pela aplicação de questionários do Google Forms, com perguntas de respostas fechadas, 1 (um) mês após a adoção do Ensino Remoto Emergencial, obtendo-se 44 respostas validadas dos alunos e 14 respostas de professores da instituição, que são apresentadas e discutidas neste trabalho. METODOLOGIA O estudo realizado caracteriza-se como um levantamento bibliográfico, fundamentado em artigos científicos, livros, teses de mestrado e materiais disponíveis na internet, a partir de uma abordagem quali-quantitativa, que de acordo Knechtel (2014, p. 106) ‘interpreta as informações quantitativas por meio de símbolos numéricos e os dados qualitativos mediante a observação, a interação participativa e a interpretação do discurso dos sujeitos (semântica)”. Segundo Marconi e Lakatos (2010, p. 166), “a pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras”. Para Medeiros e Tomasi (2008, p. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 120 46), “além de auxiliar na definição dos objetivos da pesquisa científica, a revisão bibliográfica também contribui nas construções teóricas, nas comparações e na validação de resultados de trabalhos de conclusão de curso e de artigos científicos”. Neste sentido, aplicou-se um questionário desenvolvido através da plataforma Google Forms, para um grupo de professores da instituição de ensino superior estudada, contendo 12 questões com respostas fechadas, a maioria de múltipla escolha, referentes às principais dificuldades enfrentadas durante o ensino remoto emergencial. Outro questionário, com perguntas semelhantes, foi aplicado aos alunos que estão participando desta nova modalidade de ensino, implantada como forma de isolamento social e combate da COVID-19. A utilização dos questionários apresenta as vantagens de sua natureza impessoal (dada pela padronização de perguntas e de instruções), asseguram certa uniformidade de mensuração; as pessoas podem ter maior confiança em seu anonimato, sentindo-se mais livres para emitir opiniões que temem ver desaprovadas, além de provocar menos pressão para uma resposta imediata, podendo considerar cada aspecto cuidadosamente (SELLTIZ et al., 1974). Assim, já de posse dos dados obtidos e garantindo total anonimato aos participantes, realizou-se uma análise das principais dificuldades do corpo Educação, tecnologias e sociedade 121 acadêmico na transição do ensino presencial para o ensino remoto e como está a aceitação da nova realidade de ensino. TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TICs) NA EDUCAÇÃO Diante de toda a evolução tecnológica que a sociedade tem vivenciado, nota-se que as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) ainda não foram incorporadas às práticas educativas para atender de forma satisfatória a nova demanda de conhecimento que a era digital exige das instituições de ensino que possuem alunos cada vez mais conectados. De acordo Moran (2007, p. 11) “muitas formas de ensinar hoje não se justificam mais. Perdemos tempo demais, aprendemos muito pouco, desmotivamo-nos continuamente. Tanto professores como alunos temos a clara sensação de que muitas aulas convencionais estão ultrapassadas”. “As tecnologias digitais modificam o ambiente no qual elas estão inseridas, transformando e criando novas relações entre os envolvidos no processo de aprendizagem: professor, estudantes e conteúdos” (BACICH, 2018, p. 137). Segundo Capobianco (2010, p.27), “tais ferramentas oferecem recursos para potencializar os processos na área de educação, abrindo novas possibilidades para complementar o ensino formal”. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 122 Levando em consideração a postura do professor quanto a utilização de recursos tecnológicos na educação, Ponte (2000, p. 64) avalia que: Atualmente se encontra atitudes distintas entre os professores em relação aouso das TICs, alguns com olhar de desconfiança adiando ao máximo sua utilização, outros usam, mas não com intuito de alterar suas práticas que favorecem a criação e compartilhamento do conhecimento e uma minoria busca por formas inovadoras de estratégias de ensino. (PONTE, 2000, p. 64). Na visão de Costa et al. (2019, p. 25040), O uso das tecnologias na educação, não é a solução de todos os problemas na educação, elas são formidáveis, porém de nada adianta equipar uma escola de ferramentas tecnológicas e as práticas docentes continuarem as mesmas, como o professor transmissor de informação e o aluno receptor. Para a educação ser significante o professor tem que adotar práticas que promovam uma aprendizagem o oposto apenas passar informações, deixando o educando buscar meios que desenvolvam suas competências e habilidades, assim edificando seu próprio conhecimento (COSTA et al., 2019, p. 25040). Educação, tecnologias e sociedade 123 TICs no contexto da COVID-19 O uso das TICs para atividades de ensino- aprendizagem tornou-se ainda mais necessário na educação, após a suspensão temporária das aulas presenciais devido à pandemia da COVID-19, que trouxe enormes desafios para toda a sociedade e consequentemente para o setor educacional com o fechamento de todos os estabelecimentos de ensino, como explicam Silva e Teixeira (2020, p. 70070): O novo coronavírus, do inglês Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2 (SARSCoV-2), que causa a doença COVID-19, se originou na China, e surpreendeu o mundo de maneira exponencial em 2020. Grandes e pequenas nações tiveram que lidar com um vírus novo, de fácil transmissão, que causou o fechamento do comércio, das instituições, e colocou todas as pessoas em condição de quarentena, isolamento e distanciamento social, impedindo a interação entre estas, aplicando até o chamado lockdown (SILVA; TEIXEIRA, 2020, p. 70070), Nesta mesma linha, o portal Todos Pela Educação (2020) analisa que: A abordagem propositiva que aqui se caracteriza parte de uma importante premissa: frente a um cenário sem precedentes e que tem exigido do poder Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 124 público educacional tomadas de decisões rápidas sobre questões inéditas e altamente complexas, produções analíticas ganham maior aderência e utilidade na medida em que reconhecem o momento de excepcionalidade (TODOS PELA EDUCAÇÃO, 2020, p. 03). Diante deste cenário de isolamento social, as instituições de ensino têm adotado ferramentas tecnológicas já disponíveis, para fins pedagógicos, a fim de possibilitar a continuidade dos estudos de seus alunos em casa. Neste contexto, em 16 de Junho de 2020 do Ministério da Educação divulgou a Portaria Nº 544/2020, que dispõe sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais, enquanto durar a situação de pandemia do novo coronavírus - COVID-19. Esta Portaria permitiu às instituições de ensino aderirem ao Ensino Remoto Emergencial como forma de dar continuidade ao ano letivo que foi interrompido devido aos efeitos da pandemia. Art. 1º Autorizar, em caráter excepcional, a substituição das disciplinas presenciais, em cursos regularmente autorizados, por atividades letivas que utilizem recursos educacionais digitais, tecnologias de informação e comunicação ou outros meios convencionais, por instituição de educação superior integrante do sistema federal de ensino, de que trata o art. 2º do Decreto nº 9.235, de 15 de dezembro de 2017 (BRASIL, 2020, p. 01). Educação, tecnologias e sociedade 125 Segundo a ONG Todos pela Educação (2020, p. 24): É importante o entendimento de que a utilização da tecnologia como aliada contínua – sem substituição ao protagonismo do ensino presencial – vai muito além de dar sequência ao uso de soluções temporárias de ensino remoto, ou de simplesmente “digitalizar a sala de aula”. O uso adequado e estruturado da tecnologia na Educação, quando aliado ao trabalho docente, pode impulsionar a aprendizagem dos alunos (TODOS PELA EDUCAÇÃO, 2020, p. 24). Ensino Remoto Emergencial e a Educação à Distância A migração inesperada de aulas presenciais para aulas remotas gera um equívoco quanto à nomenclatura, entre o Ensino Remoto Emergencial (ERE) e Educação à Distância (EAD) devido à semelhança na utilização de recursos tecnológicos, mas são conceitos diferentes. De acordo com o portal Desafios da Educação (2020, p. 01): O Ensino Remoto Emergencial é uma medida extraordinária e temporária aprovada pelo MEC para que as instituições de ensino possam cumprir o cronograma de aulas presenciais em épocas normais, ou quando as circunstâncias impedirem a reunião Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 126 dos alunos, onde o modelo presencial é virtualizado e professores e alunos estão conectados ao mesmo tempo, através de plataformas de videoconferência, nos dias e horários das aulas presenciais. Já a Educação à Distância ocorre de maneira planejada onde todo ou parte do curso é ministrado à distância, com o apoio de tutores e recursos de vídeo, Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), questionários, PDFs e podcasts, atividades síncronas e assíncronas. A principal característica da EAD é a flexibilidade pois a maioria das aulas são gravadas (DESAFIOS DA EDUCAÇÃO, 2020, p. 01). No Decreto nº 9.057, de 25 de maio de 2017, que regulamenta a EAD, ela é caracterizada como: […] a modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorra com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com pessoal qualificado, com políticas de acesso, com acompanhamento e avaliação compatíveis, entre outros, e desenvolva atividades educativas por estudantes e profissionais da educação que estejam em lugares e tempos diversos (BRASIL, 2017, p. 01). “A educação remota online digital se diferencia da Educação a Distância pelo caráter emergencial que propõe usos e apropriações das tecnologias em circunstâncias específicas de atendimento onde Educação, tecnologias e sociedade 127 outrora existia regularmente a educação presencial” (ARRUDA, 2020, p 265). Inclusão digital na educação A mudança rápida e complexa que o cenário atual exige torna a tarefa ainda mais desafiadora. Dificuldades de adaptação ao modelo de ensino remoto são naturais e deverão ocorrer de forma ainda mais acentuada no Brasil, uma vez que o uso consistente de tecnologias ainda tem presença muito tímida nas redes de ensino (TODOS PELA EDUCAÇÃO, 2020). No campo da educação, no Brasil e no mundo, as tecnologias digitais de rede (TDR) foram sendo adotadas na mediação de processos de ensino- aprendizagem durante a pandemia, seja na educação básica ou na educação superior. Nesse contexto, torna-se urgente debater sobre inclusão digital, principalmente na medida em que constatamos que ainda existe uma parcela da população que se encontra excluída e que não tem acesso a computadores e internet (MARCON, 2020, p. 81). Para Couto et al. (2020, p. 212) as condições de vida são fatores que marcam e distinguem as pessoas. As inseridas e implicadas na sociedade em rede, que vivem ativamente as organizações ciberculturais, podem enfrentar o isolamento social com mais tranquilidade e aproveitar o recolhimento para Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 128 desenvolver novas ações em todos os setores das suas vidas conectadas. Para essas pessoas o isolamento social pode ser criativo e festivo. De outro lado, populações excluídas ou que vivem precariamente a inclusão digital, encontram no isolamento social mais um fator de sofrimento, vulnerabilidade social, econômica, cultural e educacional. A tecnologia em redee móvel e as competências digitais são componentes fundamentais de uma educação plena. Um aluno não conectado e sem domínio digital perde importantes chances de se informar, de acessar materiais muito ricos disponíveis, de se comunicar, de se tornar visível para os demais, de publicar suas ideias e de aumentar sua empregabilidade futura (MORAN, 2018, p. 13). RESULTADOS E DISCUSSÃO A aplicação dos questionários com os professores e alunos ocorreu entre os dias 13 e 16 de outubro de 2020, onde participaram da pesquisa, 44 discentes e 14 docentes da Instituição de Ensino Superior estudada e que iniciaram o sistema de Ensino Remoto Emergencial em 14 de setembro de 2020, ou seja, a pesquisa foi realizada 01 mês após o início das aulas remotas. As perguntas propostas aos entrevistados buscavam conhecer suas opiniões e dificuldades após a mudança das aulas presenciais para aulas online. Educação, tecnologias e sociedade 129 Inicialmente, observou-se que 50% dos professores entrevistados são doutores e outros 21% são doutorandos, mostrando que a instituição possui profissionais altamente capacitados para atuar no desenvolvimento de pesquisas. Entre os demais professores participantes, 14% são mestres e 14% mestrandos, assim, nota-se que os alunos contam com uma equipe bem qualificada e preparada para enfrentar os desafios do ensino-aprendizagem, sejam eles, presenciais ou remotos. Quanto à carga horária de trabalho após a adoção do Ensino Remoto Emergencial, 29% dos docentes não perceberam aumento significativo para a realização de suas atividades, já 71%, relataram um aumento entre 1h e 5h a mais para o preparo de aulas, a busca por novas metodologias e repensar atividades apropriadas para o meio digital. De acordo com 43% dos alunos, não houve aumento de tempo na dedicação aos estudos após a mudança do sistema de ensino. Questionados sobre o quanto os entrevistados estavam preparados digitalmente, antes da pandemia da COVID-19, para o Ensino Remoto Emergencial, 50% dos professores responderam que tinham um preparo regular para atuar no ensino de forma remota e 36% se consideravam pouco preparados ou despreparados. Considerando a abrupta necessidade de adaptação que o novo cenário exigiu, pode-se considerar que a maioria dos professores da instituição possui uma boa interação com as Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 130 novas tecnologias. Entre os alunos, observou-se que há uma maior porcentagem de preparo digital para a utilização das tecnologias, foram 32% de discentes que se declararam preparados e 34% com um preparo regular. Pouco preparados ou despreparados foram 32% de respostas dos alunos (Figura 1). Figura 1: O quanto você estava preparado digitalmente, antes da Pandemia da COVID-19, para o Ensino Remoto Emergencial? Fonte: Pesquisa do autor, 2020. No que tange à mudança de metodologia adotada pelos professores, em razão da substituição de ensino presencial para o ensino remoto, apenas 14% deles, afirmaram não ter mudado sua metodologia diante da nova realidade, ou seja, 86% buscaram uma forma de adaptação às aulas online. As principais mudanças foram as metodologias ativas (29%) e a sala de aula invertida (21%). Com a metodologia ativa, o aluno torna-se o principal responsável pela aquisição do conhecimento através da busca de soluções para problemas propostos. Diesel et al. (2016, p. 155) afirma que “as metodologias ativas aproximam a educação e a vida, pois discutir, refletir Educação, tecnologias e sociedade 131 e argumentar são aspectos que fazem parte da rotina de qualquer pessoa, tanto da vida pessoal quanto profissional”. Na sala de aula invertida o aluno tem acesso ao material antecipadamente para que a aula seja um ambiente mais interativo entre professor e aluno. A sala de aula invertida é uma modalidade de e- learning na qual o conteúdo e as instruções são estudados online antes de o aluno frequentar a sala de aula, que agora passa a ser o local para trabalhar os conteúdos já estudados, realizando atividades práticas como resolução de problemas e projetos, discussão em grupo, laboratórios etc. (VALENTE, 2014, p. 85). Uma das maiores dificuldades apontadas pelo corpo acadêmico, para se trabalhar ou estudar no Ensino Remoto Emergencial é a conexão com a internet: 79% dos professores e 48% dos alunos (Tabela 1) acreditam que sua internet apresenta baixa qualidade para o desenvolvimento de suas atividades acadêmicas. Um dos motivos para essa reclamação pode estar relacionado às medidas de isolamento social, pois houve um aumento na demanda por internet, fazendo com que mais pessoas ficassem conectadas ao mesmo tempo em uma única rede, afetando a qualidade da mesma. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 132 Tabela 1: Quais suas maiores dificuldades para trabalhar/estudar no Ensino Remoto Emergencial? Fonte: Pesquisa do autor, 2020. Na perspectiva dos professores, outro obstáculo que merece destaque é o preparo de aulas para o formato digital, onde 21% (Tabela 1) sentem essa dificuldade, pois requer maior disponibilidade de tempo, tendo em vista que no ensino remoto não basta transpor as mesmas aulas do ensino presencial para o meio digital e sim prepará-las especialmente para a nova modalidade proposta, com nova dinâmica e atividades que consigam manter a concentração e colaboração dos discentes. Como principal ferramenta utilizada pelos professores, se destaca o Google Meet, um serviço desenvolvido pelo Google para a realização de videochamadas com diversas pessoas simultaneamente. Esta ferramenta é utilizada por 93% dos docentes, seguido Educação, tecnologias e sociedade 133 pelo Whatsapp (57%), aplicativo de mensagens instantâneas, chamadas de voz e vídeo, envio de imagens, vídeos e documentos em PDF. A ampla utilização do Whatsapp é um indicativo de comunicação direta e constante entre o corpo docente e discente para informativos e discussões de conteúdo. Conforme os dados da Tabela 2, o notebook e o smartphone são os principais equipamentos utilizados por professores e alunos, sendo unânime entre os professores, o uso do notebook. Quanto aos equipamentos, nota-se que existe inclusão digital entre os alunos, pois todos afirmaram possuir conectividade de alguma forma às aulas remotas, contrariando os 43% dos professores (Tabela 1) que colocaram como dificuldade enfrentada, a falta de inclusão digital entre os alunos. Tabela 2: Quais equipamentos você possui e que estão em condições para uso imediato? Fonte: Pesquisa do autor, 2020. A grande maioria dos alunos (93%) possui e utiliza smartphone (Tabela 2) para acompanhar as aulas remotas, e Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 134 quanto a isso, Arruda (2020, p. 271) ressalta que “uma das críticas que se coloca quanto ao uso do celular para acesso à informação diz respeito ao tamanho da tela e impossibilidade de se efetuar leitura de documentos. Esse é um problema mais relacionado à compatibilidade dos arquivos de conteúdo ao caráter flexível de aumento de tamanho das fontes do que da limitação do aparelho, propriamente dito”. De acordo a ONG Todos pela Educação (2020, p. 09): É essencial, também, considerar que o dispositivo mais utilizado para acesso à internet pelos brasileiros é o telefone celular, que já está presente em 93% dos domicílios (100% na classe A e 84% na classe DE). Computadores, por outro lado, estão em 42% dos domicílios (sendo 47% na classe C e 9% na DE). Isso indica um importante sinal aos sistemas educacionais, de modo que a escolha de soluções tecnológicas deve ser feita considerando conteúdos que se adaptem aos equipamentos disponíveis e, é claro, à baixa qualidade da conectividade em diversas regiõesdo Brasil. Apenas 14% dos professores e 11% dos alunos acreditam que o Ensino Remoto Emergencial é eficaz como mostra a Figura 2. A maioria dos docentes ver como uma forma de ensino de eficácia regular (57%), já entre os alunos, esse número cai para 39%. Educação, tecnologias e sociedade 135 Figura 2: Quanto você acredita que o Ensino Remoto Emergencial é eficaz? Fonte: Pesquisa do autor, 2020. Os dados da Figura 2 revelam um descontentamento maior entre os alunos que professores à nova modalidade de ensino adotada, pois mesmo que os alunos estejam melhor adaptados digitalmente, o momento exige muito mais deles, principalmente, disciplina no gerenciamento das diversas atividades e materiais para estudo devido às mudanças de metodologias adotadas pelos professores. De acordo a Figura 3, cerca de 29% dos professores e 39% dos alunos gostariam de voltar imediatamente ao ensino presencial, no entanto, não é possível se estabelecer uma projeção para este retorno. Nota-se também, que o percentual de professores que gostaria de esperar mais um pouco ou aguardar uma eventual vacinação contra a COVID-19 (64%) é maior que entre os alunos (55%), ou seja, existe ainda uma grande preocupação em relação aos riscos da pandemia. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 136 Figura 3: Quanto ao retorno das aulas presenciais Fonte: Pesquisa do autor, 2020. A pesquisa constatou ainda, que apenas 18% dos alunos estão satisfeitos com o Ensino Remoto Emergencial, e que o nível de insatisfação é de 39%, outros 39% são indiferentes à mudança. O baixo nível de satisfação revela que está sendo difícil a adaptação à nova rotina imposta pelo momento ímpar de distanciamento social na educação e que existe ainda um forte apego às aulas presenciais. Quando perguntados sobre o quanto se considera que as aulas remotas suprem as necessidades de aprendizagem dos alunos, 64% dos professores responderam que é pouco, 7% muito pouco e para 21% é quase igual a uma aula presencial. Para a mesma pergunta, 50% dos alunos acha que é pouco, 16% muito pouco e 27% que é quase igual a uma aula presencial. Neste quesito, ambos concordaram que o Ensino Remoto Emergencial deixa a desejar na aprendizagem quando comparado ao ensino convencional. Educação, tecnologias e sociedade 137 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do exposto, entende-se que o Ensino Remoto Emergencial praticado na Instituição de Ensino Superior investigada, ainda é visto com desconfiança pelo corpo acadêmico, principalmente pelos alunos. A instituição conta com profissionais altamente capacitados, dedicando- se ainda mais em atender às novas demandas dos alunos, por meio de novas metodologias e recursos digitais, porém a adaptação às aulas remotas de cursos originalmente planejados para o ensino presencial, mesmo para um público bem inserido digitalmente como o estudado, enfrenta alguns desafios, como uma conexão de internet de má qualidade e dificuldades para manter o foco nas aulas, entre outras. Consequentemente, os objetivos propostos para este artigo foram alcançados com êxito ao se conhecer as novas metodologias de ensino adotadas pelos professores, as principais dificuldades do corpo acadêmico e o nível de satisfação em relação ao ensino-aprendizagem dos alunos. Dentre as hipóteses levantadas, apenas a questão da inclusão digital dos alunos não se confirmou, pois diferentemente de muitos outros, para os alunos participantes deste estudo, a inclusão digital é uma realidade, pois todos confirmaram ter acesso à tecnologia, seja por smartphone ou notebook. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 138 Cabe salientar que na instituição verificada, no período de realização da pesquisa, o corpo acadêmico não acredita na eficácia do ensino remoto emergencial e que o mesmo não supre as necessidades de aprendizagem dos alunos, o que não significa dizer que em outras circunstâncias, como após um período maior de adaptação e com a utilização de outro método de pesquisa, os resultados seriam os mesmos. Vale lembrar que o mundo vive um período de incertezas sem precedentes e que a tendência, mesmo após a pandemia, é que haja uma presença cada vez maior das TICs na educação. Assim, o Ensino Remoto Emergencial é um importante meio para a adaptação a essa nova realidade, tendo em vista que uma nova crise sanitária, provavelmente, nunca mais seja descartada, além de possibilitar uma transformação no sistema de ensino que não tem acompanhado o público nativo digital, e consequentemente, promover uma inovação nas estratégias de ensino levando o conhecimento para fora dos limites da sala de aula. REFERÊNCIAS ARRUDA, E. P. Educação remota emergencial: elementos para políticas públicas na educação brasileira em tempos de COVID-19. Em Rede: Revista de Educação a Distância. v. 7, n. 1, 2020, p. 257-275. Disponível em: Educação, tecnologias e sociedade 139 <https://www.aunirede.org.br/revista/index.php/emrede/ %20article/view/621> Acesso em: 20/10/2020. BACICH, L. Formação continuada de professores para o uso de metodologias ativas. In: BACICH, L.; MORAN, J. Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018. BRASIL, Ministério da Educação. Decreto nº 9.057, de 25 de maio de 2017. Regulamenta o art. 80 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 , que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: MEC, 2020. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20152018/2017 /Decreto/D9057.htm#art24> Acesso em: 30 set. 2020. BRASIL, Ministério da Educação. Portaria n. 544, de 16 de junho de 2020. Dispõe sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais, enquanto durar a situação de pandemia do novo coronavírus - COVID-19. Brasília: MEC, 2020. Disponível em: <https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-544-de- 16-de-ju nho-de-2020-261924872> Acesso em: 25 set. 2020. CAPOBIANCO, L. Comunicação e Literacia Digital na Internet – Estudo etnográfico e análise exploratória de dados do Programa de Inclusão Digital Acessa SP – https://www/ http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm#art80 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm#art80 https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-544-de-16-de-ju https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-544-de-16-de-ju Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 140 PONLINE. Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação). Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, 2010. COSTA, J. D. da; SANTOS, W. L.; SILVA, J. S.; ALVES, M. M. S. Tecnologias e educação: o uso das TIC como ferramentas essenciais para o processo de ensino e aprendizagem. Brazilian Journal of Development, Curitiba, v. 5, n. 11, p. 25034-25042, nov. 2019. COUTO, Edvaldo Souza; COUTO, Edilece Souza; CRUZ, Ingrid de Magalhães Porto. #FIQUEEMCASA: Educação na Pandemia na COVID-19. Interfaces Científicas. Aracaju. v.8, n.3, p. 200 – 217. 2020. DESAFIOS DA EDUCAÇÃO. Infográfico: as diferenças entre educação a distância e ensino remoto. Porto Alegre, 2020. Disponível em: <https://desafiosdaeducacao.grupoa.com.br/diferencas- ead-ensino-remoto/> Acesso em: 30 set. 2020. DIESEL, Aline; MARCHESAN, Michele Roos; MARTINS, Silvana Neumann. Metodologias ativas de ensino na sala de aula: um olhar de docentes da educação profissional técnica de nível médio. Revista Signos, Lajeado, v. 37, n. 1, p. 153-169, 2016. Educação, tecnologias e sociedade 141 KNECHTEL, Maria do Rosário. Metodologia da pesquisa em educação: uma abordagem teórico-prática dialogada. Curitiba: Intersaberes, 2014. MARCON, Karina. Inclusão e exclusão digital em contextos de pandemia: que educação estamos praticandoe para quem? Criar Educação, Criciúma, v. 9, nº2, p. 80-103. Edição Especial, jun. 2020. MARCONI, Marina de A.; LAKATOS, Eva M. Fundamentos de metodologia científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MARTINS, Gilberto de Andrade; THEÓPHILO, Carlos Renato. Metodologia da investigação científica para ciências sociais aplicadas. São Paulo: Atlas, 2007. MEDEIROS, J.B.; TOMASI, C. Comunicação Científica: normas técnicas para redação científica. São Paulo: Atlas, 2008. MORAN, J. Metodologias ativas para uma aprendizagem mais profunda. In: BACICH, L.; MORAN, J. Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 142 MORAN, José Manuel; MASETTO, Marcos T.; BEHRENS, Marilda Aparecida. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. 13. ed. Campinas: Papirus, 2007. PONTE, J. P. Tecnologias de Informação e Comunicação na Formação de Professores: Que Desafios? Revista Iberoamericana de Educación, 24, set/dez: 63-90, 2000. SELLTIZ, C.; JAHODA, M.; DEUTSCH, M.; COOK, S. W. Métodos de pesquisa nas relações sociais. ed. rev. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 1974. 687p. SILVA, Chayene Cristina Santos Carvalho da; TEIXEIRA , Cenidalva Miranda de Sousa. O uso das tecnologias na educação: os desafios frente à pandemia da COVID-19. Brazilian Journal of Development, Curitiba, v. 6, n. 9, p.70070-70079, sep. 2020. TODOS PELA EDUCAÇÃO. O retorno às aulas presenciais no contexto da pandemia da COVID-19. Nota Técnica. Editora Moderna. São Paulo, 2020. Disponível em: < https://www.todospelaeducacao.org.br/_uploads/_posts/4 33.pdf?1194110764>. Acesso em: 30 set. 2020. TODOS PELA EDUCAÇÃO. Ensino a distância na educação básica frente à pandemia da COVID-19. Nota Educação, tecnologias e sociedade 143 Técnica. Editora Moderna. São Paulo, 2020. Disponível em: <https://www.todospelaeducacao.org.br/_uploads/_posts/ 425.pd f>. Acesso em: 30 set. 2020. VALENTE, José Armando. Blended learning e as mudanças no ensino superior: a proposta da sala de aula invertida. Educar em Revista, n. 4, 2014. Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/er/nspe4/0101-4358-er-esp-04- 00079.pdf> . Acesso em: 21 out. 2020. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 144 Educação, tecnologias e sociedade 145 INFORMÁTICA INCLUSIVA NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA: PERCEPÇÕES CONSTRUÍDAS POR PROFESSORAS DE SALAS COMUNS DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE FORTUNA (MA) Cesanildo Vicente da Silva Denilson Barbosa dos Santos INTRODUÇÃO É consenso que a informática nos espaços escolares e fora deles, tem se constituído na contemporaneidade, em uma ferramenta que pode e tem contribuído significativamente para o desenvolvimento e aprendizagem dos estudantes público alvo da Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva (PAEEPEI). Por outro lado, tem exigido da escola investimento na formação dos professores e dos demais profissionais para o uso com intencionalidade pedagógica dos recursos que a informática tem proporcionado no processo ensino- aprendizagem dos alunos norteado pelos princípios da Educação Inclusiva. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 146 Neste contexto situacional, sentiu-se necessidade de realizar pesquisa sobre “Informática Inclusiva no ensino- aprendizagem de alunos com deficiência: Percepções construídas por professoras de salas comuns da rede municipal de ensino de Fortuna (MA)”. De modo que com esse objeto de estudo nasceu também, a preocupação por investigar o seguinte problema de pesquisa: Quais as percepções construídas por professoras de salas comuns da rede municipal de ensino de Fortuna (MA) sobre a Informática Inclusiva no ensino-aprendizagem de alunos com deficiência? O interesse em desenvolver esta pesquisa partiu da experiência vivida por este pesquisador em duas unidades escolares, como gestor e posteriormente, como coordenador pedagógico, observando as dificuldades encontradas pelos docentes em promover práticas pedagógicas inclusivas que atendessem os diferentes processos de aprendizagem dos alunos com deficiência e/ou com necessidades educacionais especiais, bem como de todos os outros alunos. Isto posto, a relevância desse trabalho está no fato de que os seus resultados contribuem para ressignificação das percepções das professoras de salas comuns da rede municipal de ensino de Fortuna (MA) sobre o uso dos recursos da Informática Inclusiva no ensino-aprendizagem de alunos com deficiência. Para tanto definiu-se como objetivo geral, analisar as percepções construídas por professoras de salas comuns de Educação, tecnologias e sociedade 147 escolas municipais de ensino de Fortuna (MA) sobre a Informática Inclusiva no ensino-aprendizagem de alunos com deficiência. A partir deste, delineou-se como objetivos específicos: a) Discutir a Informática Inclusiva no contexto do ensino-aprendizagem de alunos com deficiência no Brasil; b) Diagnosticar como vem acontecendo o ensino-aprendizagem de alunos com deficiência em escolas municipais de Fortuna (MA); c) Identificar as dificuldades enfrentadas pelas professoras de salas comuns no ensino-aprendizagem de alunos com deficiência de escolas municipais de Fortuna (MA); d) Averiguar em que momentos e como tem sido explorada a Informática Inclusiva no ensino-aprendizagem de alunos com deficiência de escolas municipais de Fortuna (MA); e) Verificar as percepções construídas por professoras de salas comuns de escolas municipais de Fortuna (MA) sobre a Informática Inclusiva no ensino-aprendizagem de alunos com deficiência. Portanto, neste artigo, inicialmente, descreve-se o percurso metodológico da pesquisa. Em seguida, com base no aporte teórico, discute-se sobre a Informática Inclusiva no contexto do ensino-aprendizagem de alunos com deficiência no Brasil e, depois, são apresentados e discutidos os resultados da pesquisa, destacando os aspectos revelados pelas interlocutoras sobre a Informática Inclusiva no ensino-aprendizagem de alunos com Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 148 deficiência da rede municipal de ensino de Fortuna (MA). METODOLOGIA Com base em Gil (2008) e Santos (2020a) a presente pesquisa quanto aos seus objetivos caracteriza-se como sendo exploratória, descritiva e explicativa. Quanto aos seus procedimentos configura-se como sendo pesquisa bibliográfica, documental e de pesquisa de campo. Quanto a abordagem classifica-se como pesquisa qualitativa. A presente pesquisa foi realizada no segundo semestre/2020, tendo como campo empírico duas escolas comuns (regulares) municipais de Fortuna-MA, a Unidade Integrada Municipal Mariano Martins, localizada na zona urbana e a Unidade Escolar Elmir Pinto, localizada no Povoado São José. O critério adotado para escolha dessas duas escolas, se deu porque esses estabelecimentos de ensino são os únicos que atendem alunos com deficiência em Fortuna-MA. De igual modo, escolheu-se como interlocutoras 4 professoras que atuam em salas comuns em que estudam alunos com Deficiência Intelectual, Síndrome de Down e Transtorno do Espectro Autista (TEA). Contudo, em razão da necessidade de observação e cumprimento das medidas de enfrentamento e combate a pandemia do Coronavírus/Covid-19, dentre elas, destaca- se o isolamento social, o contato físico foi feito com as gestoras escolares, seguindo todas as medidas sanitárias Educação, tecnologias e sociedade 149 como uso de máscaras, distanciamento social e higienização das mãos com álcool em gel. Por sua vez, o contato com as professoras se deu remotamente mediadopelas TIC’s como e-mail e WhatsApp, o que possibilitou o envio e recebimento dos questionários respondidos e Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado. Nesse sentido, inicialmente, visitou-se previamente as escolas para solicitação de autorização institucional junto as gestoras escolares para realização de pesquisa, bem como apresentação da proposta de pesquisa e convite as professoras para participar espontaneamente desta pesquisa, as quais confirmaram o aceite, via mensagem instantânea, chamada de vídeo e voz pelo WhatsApp e/ou por e-mail, as quais receberam, leram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, no qual entre outras coisas, ficou assegurado o anonimato/privacidade da identidade das interlocutoras da pesquisa, dessa forma são denominadas nesse trabalho, a partir de codinomes escolhidos por elas: 1) Prof.ª Assistiva; 2) Prof.ª Inclusiva; 3) Prof.ª Acolhedora e 4) Prof.ª Humanizadora. No Quadro 1 a seguir consta o perfil das interlocutoras da pesquisa. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 150 Quadro 1 - Perfil das professoras, interlocutoras da pesquisa Interlocutoras Idade, gênero Formação Inicial Especialização Tempo docente Tempo de serviço docente na escola pesquisada Regime de trabalho e carga horária 1 Prof.ª Assistiva 41 anos (feminino) Letras Língua Portuguesa 19 anos 1 ano Concursada 20h 2 Prof.ª. Inclusiva 63 anos (feminino) Pedagogia - 20 anos 20 anos Concursada 20h 3 Prof.ª Acolhedora 52 anos (feminino) Graduação (Letras) - 16 anos 6 anos Concursada 20h 4 Prof.ª Humanizadora 50 anos (feminino) Ciências- Habilitação em Matemática Metodologia do Ensino da Matemática 30 anos 2 anos Concursada 20h Fonte: Pesquisa Direta, out. 2020. Dados organizados por SILVA, C. V. (2020). Para atender ao primeiro objetivo de pesquisa que se propôs discutir a Informática Inclusiva no contexto do ensino-aprendizagem de alunos com deficiência no Brasil, realizou-se pesquisa bibliográfica e pesquisa documental para construção do referencial teórico e, subsidiar as análises e discussões dos dados produzidos com a realização de pesquisa de campo. Quanto a pesquisa bibliográfica, foi feito o levantamento de livros em Educação, tecnologias e sociedade 151 biblioteca e, em sites de revistas cientificas, da Capes/Sucupira e de universidades, procedeu-se o levantamento de e-books, teses, dissertações e artigos dos últimos 10 anos (2010-2020) que tratam sobre o objeto de estudo desta pesquisa (Informática Inclusiva e a inclusão escolar de pessoas com deficiência), esses aspectos, configuraram como os critérios de inclusão e de exclusão. Quanto a pesquisa documental procedeu-se a análise de documentos internacionais e nacionais que tratam sobre a inclusão escolar de pessoas com deficiência como Declaração de Salamanca (1994), Constituição Federal (BRASIL, 1988), Declaração Universal dos Direitos Humanos, Convenção da ONU sobre Os direitos das pessoas com deficiência (BRASIL, 2007), a LBI - Lei Brasileira de Inclusão (BRASIL, 2015), a BNCC - Base Nacional Curricular Comum que trata a tecnologia não apenas como estratégia de ensino ou recurso didático, mas sobretudo como objeto de conhecimento (BASIL, 2018), LDB 9.394/96; a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008), o PME - Plano Municipal de Educação de Fortuna (2015), Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) que tratam das adaptações curriculares e flexibilizações curriculares (BRASIL, 1998), e demais documentos e leis que tratam do direito das pessoas com deficiência e da educação como um direito de todos. Para atender ao 2º, 3º, 4º e 5º objetivos específicos da Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 152 pesquisa (ver introdução), optou-se no processo de produção de dados de campo, pela aplicação de questionário semiestruturado a 4 professoras, durante realização de pesquisa de campo no 2º semestre de 2020. Em razão da pandemia que impôs o isolamento social, o questionário e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi enviado por e-mail e manteve-se contatos sistemáticos com as professoras por mensagens instantâneas, chamadas de vídeos e de áudio via WhatsApp. Na organização e interpretação dos dados empregou-se a técnica análise de conteúdo proposta por Bardin (2009). De modo geral, a análise de conteúdo pode ser definida como um conjunto de técnicas que se utiliza de “[...] procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens”. (BARDIN, 2009, p. 44). Nesse sentido, os dados da pesquisa, foram organizados em 4 categorias de análise de conteúdo. Essas categorias são apresentadas e analisadas na seção que trata dos resultados e discussões, a partir das percepções das 4 professoras, interlocutoras da pesquisa. Educação, tecnologias e sociedade 153 INFORMÁTICA INCLUSIVA NO CONTEXTO DO ENSINO-APRENDIZAGEM DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA NO BRASIL Os documentos que dão sentido e base legal à Educação Especial no Brasil, são diversos, dentre os quais, destaca-se a Constituição Federal (BRASIL, 1988), a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB nº 9.394/96, a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva/PNEEPEI (BRASIL, 2008), a LBI - Lei Brasileira de Inclusão (2015), entre outros. Nesse contexto, discutir sobre a Informática Inclusiva no contexto do ensino-aprendizagem de alunos com deficiência no Brasil, exige que inicialmente, discuta-se as implicações conceituais e a relação que há entre os termos: pessoa com deficiência, Educação Inclusiva, Informática Inclusiva e ensino-aprendizagem. Nesse ínterim, quando se trata de pessoas com deficiência, em conformidade com o Art. 1 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência realizada em 2006 pela ONU- Organização das Nações Unidas, documento esse que o Brasil é signatário e, por isso mesmo, o traduziu para Língua Portuguesa, oficialmente em 2007, tornando-o acessível a todos os brasileiros, deve-se conceber que pessoas com deficiência são aquelas “[...] que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 154 mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas”. (BRASIL, 2007, p. 16). Nesse artigo, a concepção explicitada de pessoas com deficiência fica evidenciado que as barreiras sociais e atitudinais (preconceitos, discriminação, resistência, exclusão, entre outras) somadas às barreiras físicas (arquitetônicas) como falta de acessibilidade e/ou não atendimento aos princípios do desenho universal, configuram como os principais entraves a inclusão, a vivência e convivência plena desses seres humanos em sociedade. Nessa perspectiva, urge a necessidade da mudança de mentalidade e de postura diante da concepção construída sobre as pessoas com deficiência. Sob essa ótica, quando se pensa na escola inclusiva e, sobretudo, no ensino-aprendizagem de alunos com deficiência, com algum tipo de necessidade educacional especial ou necessidade educacional específica, logo na perspectiva da Educação Inclusiva, remete-se ao: [...] processo de inclusão dos alunos com alguma deficiência e, portanto, com necessidades especiais educacionais (NEE). Isto posto, tem-se que a escola inclusiva deveria ser aquela onde não existem campos demarcados, porém, ainda nos dias de hoje faz-se necessáriodescaracterizar essa dicotomia, pois Educação, tecnologias e sociedade 155 todos os educandos fazem parte da escola (SOUSA, 2019, p. 183). Nesse contexto, a Informática Inclusiva, pode contribuir, quando efetivamente, seus recursos sejam utilizados com intencionalidade pedagógica nos espaços escolares e também nos demais espaços não-escolares. Isto posto, entende-se que a Informática Inclusiva na sociedade da informação contemporânea, para as pessoas com deficiência “[...] representa mais que um domínio de uma linguagem; é também um suporte para melhorar as suas condições de vida” (SANTOS; PEQUENO, 2011, p. 79, grifo nosso). Para tanto, é necessário que os professores empreguem as tecnologias assistivas como meios para promover o desenvolvimento da autonomia desse alunado, por meio do computador, como: Teclados virtuais com varreduras e acionadores, softwares de comunicação alternativa, leitores de texto, textos ampliados, textos em braile, textos com símbolos, mobiliário acessível, recursos de mobiliário pessoal, etc. Sob esse prisma, destaca-se que é importante conceber a prática de ensino ou o ato de ensinar, como uma atividade complexa, responsável e comprometida com a qualidade do aprendizado de todos os alunos, indistintamente. A esse respeito, vale destacar que: Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 156 [...] formar e ensinar aos outros, ou seja, assumir o papel de conduzir o processo formativo, educativo e de produção de conhecimento dos estudantes, implica muita responsabilidade e comprometimento político e pedagógico dos professores e dos demais profissionais da escola. Isto posto, exige do professor conhecer o estudante em seus múltiplos contextos, pois não tem como trabalhar o processo ensino-aprendizagem deslocado do contexto social, político, econômico, cultural, socioemocional e psicossocial em que os estudantes estão inseridos, vivem e convivem, considerando o seu ritmo e tempo de aprendizagem, as suas limitações e potencialidades, a maneira como esse estudante aprende. [...] (SANTOS, 2020b, p. 57-58, grifo nosso). Nesse contexto, a Informática Inclusiva tem um papel importante a desempenhar no ensino-aprendizagem dos alunos com deficiência, evidentemente, que isso depende do uso pedagógico que os professores farão ou fazem dos recursos da Informática, a exemplo das tecnologias assistivas. Portanto, nessa direção, de acordo com Trojahn (2016), o público com necessidades especiais, principalmente os que fazem parte do contexto escolar, usam as ferramentas proporcionadas pelas tecnologias digitais, tanto para se comunicarem com as pessoas próximas, geograficamente falando, quanto com outras Educação, tecnologias e sociedade 157 mais distantes que podem manter contato graças às tecnologias. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nessa seção são apresentados e discutidos os resultados da pesquisa, destacando os aspectos revelados pelas interlocutoras sobre a Informática Inclusiva no ensino-aprendizagem de alunos com deficiência da rede municipal de ensino de Fortuna (MA). Os dados produzidos com aplicação de questionários a 4 professoras, foram organizados em 4 categorias de análise de conteúdo: 1) Concepção de Educação Inclusiva norteadora da prática pedagógica das professoras; 2) Percepções das interlocutoras da pesquisa sobre como vem acontecendo o ensino-aprendizagem de alunos com deficiência nas escolas municipais de Fortuna (MA); 3) Dificuldades enfrentadas pelas professoras de salas comuns no ensino- aprendizagem de alunos com deficiência nas escolas municipais de Fortuna (MA) e; 4) Informática Inclusiva no ensino-aprendizagem de alunos com deficiência. Essas categorias são apresentadas e analisadas a seguir, a partir das percepções das 4 professoras: 1) Prof.ª Assistiva; 2) Prof.ª Inclusiva; 3) Prof.ª Acolhedora e 4) Prof.ª Humanizadora. Esses seus nomes fictícios foram escolhidos por elas, as quais respectivamente justificaram suas escolhas da seguinte forma: “Eu busco assistir cada Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 158 aluno, contudo, queria usar pedagogicamente tecnologias assistivas nas minhas aulas, mas ainda não domino bem, mas vou buscar aprender” (Prof. Assistiva); “Sonho com o dia em que nossa escola e nossas práticas sejam inclusivas” (Prof.ª Inclusiva); “Eu sou professora de todos os alunos da minha sala, por isso busco acolher a todos” (Prof.ª Acolhedora); “Precisamos mais do que nunca nos preocupar com a humanização de nossas práticas” (Prof.ª Humanizadora). Concepção de Educação Inclusiva norteadora da prática pedagógica das professoras As concepções de Educação Inclusiva construídas pelas interlocutoras da pesquisa, estão delineadas em dois contextos situacionais. No grupo 1, as professoras Inclusiva e Humanizadora, de forma muito clara, concebem a Educação Inclusiva como princípios, pressupostos, perspectivas e atitudes que diz respeito a todos (as), quando destacam: a) o acolhimento de todos os alunos; b) o desenvolvimento e o aprendizado de todos, independem da deficiência, classe social, credo religioso, etnia, etc.; c) A convivência de todos nas escolas comuns (regulares) beneficia a todos (as); d) todos os alunos tem direito a educação e a escolarização. Por outro lado, no grupo 2, as professoras Assistiva e Acolhedora, enfatizam a Educação Especial como modalidade de ensino na perspectiva da Educação Educação, tecnologias e sociedade 159 Inclusiva quando destacam os seguintes aspectos: a) Os alunos público alvo da Educação Especial que equivocadamente, são chamados pela Prof.ª Assistiva de alunos especiais, quando na realidade, ela refere-se aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, com transtorno do espectro autista, superdotação e altas habilidades, alunos com necessidades educacionais especiais e/ou alunos com necessidades educacionais específicas. Evidentemente, a Educação Inclusiva não diz respeito unicamente a esses alunos, mas a todos os estudantes com e sem deficiência, a todas as pessoas da sociedade indistintamente, pois a educação inclusiva não se dá apenas nas escolas, mas em todos os ambientes da sociedade; b) Prestação do serviço de Atendimento Educacional Especializado/AEE e Sala de Recursos Multifuncionais/SEM quando a Prof.ª Acolhedora é enfática ao dizer que a Educação Inclusiva “ É a educação voltada para adaptação e estratégias que facilitam a aprendizagem dos alunos com deficiência e que possa garantir a qualidade de ensino a esse público”. A esse respeito, é necessário esclarecer que a Educação Especial: A Educação Especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado, disponibiliza os recursos e serviços e orienta quanto a sua utilização no processo de ensino e de Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 160 aprendizagem nas turmas comuns do ensino regular (BRASIL, 2008). Sob essa ótica da PNEEPEI (BRASIL, 2008) e dos relatos das professoras, interlocutoras da pesquisa, ora expostos e analisados, os dados da pesquisa, revelam que das 4 professoras, 3 não consideram a escola em que trabalham como sendo uma escola inclusiva. Contudo, apenas a Prof.ª Humanizadora, equivocadamente, considera a escola em que trabalha como sendo inclusiva. De acordo com a visão da maioria das professoras (3), elas veem as escolas em que trabalham como não sendo inclusivas e justificam este fato pela ausência de: formação específica para lidarem com alunos que têm necessidades educacionais especiais, estrutura física das escolas adequada, e de apoio por parte da escola, em síntese na visão delas, os alunos estão apenas inseridos, integrados, mas não estão inclusos nos ambientes escolares.Apenas, a Prof.ª Humanizadora, definiu a escola onde trabalha, como sendo inclusiva, simplesmente pelo fato de nesta estudarem alunos com necessidades educacionais especiais. Contudo, essa visão da Prof.ª Humanizadora merece ser ponderada e esclarecida, pois é equivocada, pois: [...] a proposta de inclusão educacional vai muito além da garantia do direito de todos os alunos frequentarem as salas regulares de ensino. Educação, tecnologias e sociedade 161 Contempla, também, a adequada formação profissional de professores do ensino regular e do AEE, que perpassa pelo empoderamento de conhecimentos metodológicos que possibilitam compreender e lidar com as diferenças presentes no contexto escolar. Prevê mudanças atitudinais por parte de professores, gestores e demais profissionais que atuam na escola bem como a articulação com as mais diferentes instâncias envolvidas na efetivação da educação inclusiva. Ainda, determina a adequada infraestrutura do sistema educacional para que inclusive as TIC, de modo geral, e o conjunto de recursos compreendidos como tecnologia assistiva, em especial, possam subsidiar a aprendizagem dos alunos acompanhados no AEE (GIROTO; POKER; AMOT, 2012, p. 16). Ao passo que se compreende que para tornar as escolas e as práticas pedagógicas inclusivas, além dos investimentos em infraestrutura e nos suportes tecnológicos assistivos: [...] é fundamental que se invista tanto em um programa de formação continuada quanto na formação inicial dos profissionais da Educação associados aos profissionais do Design (ergonomia) e da Saúde para definição, seleção e uso das Tecnologias Assistivas no cotidiano da escola, micro- mundo representativo da sociedade na qual esses Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 162 indivíduos vão viver, trabalhar, relacionar-se (CORTELAZZO, 2012, p.112). A esse respeito, considera-se a formação continuada como um fator indispensável aos professores para ressignificação de suas práticas pedagógicas e melhoria da qualidade do ensino-aprendizagem de seus alunos, bem como para que se qualifique para atender as demandas da educação contemporânea como a incorporação das tecnologias e dos princípios da educação inclusiva nos ambientes escolares e em todas as práticas educativas. Nessa direção, na próxima categoria, a discussão pauta-se sobre como vem acontecendo o ensino-aprendizagem de alunos com deficiência nas escolas desta rede de ensino. Percepções das interlocutoras da pesquisa sobre como vem acontecendo o ensino-aprendizagem de alunos com deficiência nas escolas municipais de Fortuna (MA) A Unidade Integrada Municipal Mariano Martins, localizada à Rua Santo Antônio, Bairro Centro da cidade de Fortuna (MA), atende aos 389 alunos, sendo 378 do 5º ao 9º ano do Ensino Fundamental regular e 11 da Educação Especial/Inclusiva, distribuídos nos turnos matutino e vespertino, para tanto conta com 7 salas de aula, uma Sala de Recursos Multifuncionais para Atendimento Educacional Especializado (SRM/AEE). Por outro lado, a Unidade Escolar Elmir Pinto, localizado no povoado São Educação, tecnologias e sociedade 163 José, zona rural do município de Fortuna (MA), atende ao todo 138 alunos, sendo 62 da Educação Infantil (creche e pré-escola), 68 do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental regular e 8 da Educação Especial/inclusiva, distribuídos nos turnos matutino e vespertino, para tanto conta com 5 salas de aula. Considerando esses dados, ora expostos, para atender a esta segunda categoria de análise, conforme relatos das professoras as deficiências ou necessidades educacionais especiais que os alunos que estudam nas escolas em que trabalham são: a) Deficiência Intelectual (9); b) Síndrome de Down (2) e; c) TEA - Transtorno do Espectro Autista (8). Esses dados são reveladores de que em Fortuna (MA), apesar do Plano Municipal de Educação/PME (FORTUNA, 2015), prevê a ampliação do processo de inclusão escolar dos alunos com deficiência na rede municipal até o final da vigência do plano, a realidade mostra que a meta está longe de ser alcançada, pois apenas 19 alunos que apresentam Deficiência Intelectual, Síndrome de Down e Transtorno do Espectro Autista (TEA) estão regularmente matriculados e frequentando escolas comuns. E o mais grave, na rede municipal de ensino, apenas a Escola Mariano Martins da zona urbana e a Escola Elmir Pinto da zona rural atendem em salas comuns alunos com deficiência. Nesse ínterim, as professoras, reafirmam suas Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 164 percepções externadas anteriormente na categoria 1, acerca da evidencia da precariedade e o comprometimento do processo de inclusão e do ensino-aprendizagem dos alunos com necessidades educacionais especiais, em razão da inexistência de formação específica voltada para os professores, de recursos, assim como, ambientes adequados. Dessa forma, percebe-se que a ausência de formação pedagógica específica e de materiais didático como também de ambiente físico propício ao atendimento a esse alunado, tornam difícil o convívio e planejamento de acordo com as especificidades de cada educando. Contudo, a Prof.ª Acolhedora, é a única que diz que o processo ensino-aprendizagem de alunos com deficiência na escola em que trabalha vem sendo “[...] proposto da melhor maneira possível e com responsabilidades [...]”. Entretanto, ao mesmo tempo, ela se contradiz, ao afirmar que “[...] A dificuldade muitas vezes é de saber lidar e planejar de acordo com a deficiência”. Essas e outras dificuldades são discutidas na categoria 3 a seguir. Dificuldades enfrentadas pelas professoras de salas comuns no ensino-aprendizagem de alunos com deficiência nas escolas municipais de Fortuna (MA) Nessa 3ª categoria as professoras evidenciam as dificuldades que enfrentam para trabalhar o ensino- aprendizagem de alunos com deficiência em salas comuns Educação, tecnologias e sociedade 165 de escolas municipais de Fortuna (MA). Nesse aspecto, dos relatos das 4 professoras, depreende-se que além das dificuldades destacadas anteriormente por elas, como a falta de estrutura física adequada e falta de conhecimentos pedagógicos e específicos da Educação Inclusiva, nesta 3ª categoria, surgem outros fatores que dificultam o processo de ensino-aprendizagem de discentes com deficiência nas salas comuns, que são: absentismo de sala de recursos multifuncionais e falta de apoio e compreensão familiar. Contudo, a presença, participação, envolvimento e suporte da família são muito pertinentes nesse contexto. A esse respeito, comunga-se do entendimento de que: A educação das crianças com necessidades educativas especiais é uma tarefa compartilhada por pais e por profissionais. Uma atitude positiva por parte dos primeiros favorece a integração social e escolar, mas eles precisam de apoio para assumir as funções de progenitores duma criança com necessidades especiais. O papel das famílias e dos pais pode ser valorizado se lhes forem transmitidos os esclarecimentos necessários numa linguagem simples e clara, pelo que responder às necessidades de informação e de treino das suas capacidades educativas é tarefa de especial importância, principalmente nos ambientes culturais que carecem duma tradição escolar. Tanto os pais como os educadores podem precisar de apoio e encorajamento para aprende rem a trabalhar em Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 166 conjunto, como parceiros (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994, p. 37). Nesse sentido, é importante que os profissionais da Sala de Atendimento Educacional Especializado e da Sala de Recursos Multifuncionais atuem como mobilizadores, articuladores e formadores dos professores, das famílias e dos demais profissionais da escola, bem como promovamações que contribuem para o fortalecimento dos laços e vínculos socioafetivos entre todos, principalmente, entre família e escola, de modo particular das famílias dos alunos com deficiência e dos professores e demais profissionais responsáveis pelo ensino-aprendizagem dos alunos público alvo da Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva. Nesse sentido, uma das ferramentas que podem contribuir nesse processo é a informática, por isso na 4ª e última categoria, discutimos o papel da Informática Inclusiva no ensino-aprendizagem de alunos com deficiência. Informática Inclusiva no ensino-aprendizagem de alunos com deficiência As escolas pesquisadas não dispõem de laboratório de informática, contudo a escola tem acesso à internet, mas não é com banda larga. Das 4 professoras, apenas uma não tem conhecimento sobre a informática inclusiva. A maioria das professoras (3) reconhecem a contribuição Informática Educação, tecnologias e sociedade 167 como ferramenta que não pode se dissociar do processo ensino-aprendizagem, pois é necessária na Educação Inclusiva. A esse respeito, segundo Trojahn (2016, p. 51), “O Laboratório de Informática das escolas é um espaço que instiga os alunos a agir, mesmo aqueles que precisam de auxílio, algumas vezes, pois consiste em um espaço em que o aluno interage com os colegas, com as tecnologias e com o professor”. Desse modo, mesmo a escola não dispondo de laboratório de Informática ou acesso à internet de banca larga é possível explorar os recursos da Informática na prática pedagógica, contudo, os dados da pesquisa são reveladores de que isso não acontece nas escolas municipais de Fortuna (MA). Contudo, todas as 4 professoras consideram que a Informática Inclusiva pode ajudar no processo ensino- aprendizagem, desde que haja qualificação profissional para fazer uso com intencionalidade pedagógica dessa ferramenta. Sob esse prisma, não adianta ter uma escola equipada com Laboratório de Informática, tecnologias assistivas e estrutura física dentro dos padrões arquitetônicos do desenho universal, se os professores não conseguem utilizar todo esse aparato por ausência de conhecimento técnico e/ou pedagógico, bem como se não houver a superação das barreiras atitudinais e sociais. Portanto, a informática nos espaços escolares e fora deles, tem se constituído na contemporaneidade, em uma Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 168 ferramenta que pode e tem contribuído significativamente para o desenvolvimento e aprendizagem dos estudantes público alvo da Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva (PAEEPEI). Por outro lado, tem exigido da escola investimento na formação dos professores e dos demais profissionais para o uso com intencionalidade pedagógica dos recursos que a informática tem proporcionado no processo ensino-aprendizagem dos alunos norteado pelos princípios da Educação Inclusiva. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo revelou que em Fortuna (MA), apenas 19 alunos com Deficiência Intelectual, Síndrome de Down e Transtorno do Espectro Autista (TEA) estão regularmente matriculados e frequentando as aulas em salas comuns de duas escolas municipais regulares. Quanto a maneira que vem acontecendo o ensino- aprendizagem de alunos com deficiência nas escolas municipais de Fortuna (MA), os relatos das 4 professoras revelaram, a precariedade e o comprometimento do processo de inclusão e do ensino-aprendizagem desses alunos, em razão da ausência de formação pedagógica específica e de materiais didático como também de ambiente físico propício ao atendimento a esse alunado, tornam difícil o convívio, planejamento e o ensino- aprendizagem de acordo com as especificidades de cada Educação, tecnologias e sociedade 169 educando. Quanto as dificuldades enfrentadas pelas professoras de salas comuns no ensino-aprendizagem de alunos com deficiência nas escolas municipais de Fortuna (MA), além das supracitadas, as interlocutoras, acrescentaram ainda o absentismo de sala de recursos multifuncionais e falta de apoio e compreensão familiar. Contudo, a presença, participação, envolvimento e suporte da família são muito pertinentes nesse contexto. Quanto ao papel da Informática Inclusiva no ensino- aprendizagem de alunos com deficiência, nas escolas pesquisadas não há laboratório de informática e das 4 professoras, apenas uma não tem conhecimento sobre a informática inclusiva. Em razão disso, em nenhum momento elas têm explorado a Informática Inclusiva no ensino-aprendizagem de alunos com deficiência da escola em que trabalham em Fortuna (MA). Contudo, todas as 4 professoras consideram que a Informática Inclusiva pode ajudar no processo ensino-aprendizagem, desde que haja qualificação profissional para fazer uso com intencionalidade pedagógica dessa ferramenta. Portanto, este o artigo não encerra a discussão, por isso torna-se necessário que outras pesquisas sejam realizadas para aprofundamento das discussões e melhorar a compreensão deste objeto de estudo. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 170 REFERÊNCIAS BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2009. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Secretarias da Educação. Base Nacional Comum Curricular: Educação é a base. Brasília: MEC, 2018. BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e bases da Educação Nacional: Brasília: MEC, 1996. BRASIL. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, DF: MEC, 2008. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespeci al.pdf>. Acesso em: 27 out. 2020. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Secretaria de Educação Especial. Parâmetros Curriculares Nacionais/ Adaptações Curriculares. Brasília: MEC, 1998. http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf%20acesso%2027%20de%20out.2020 http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf%20acesso%2027%20de%20out.2020 Educação, tecnologias e sociedade 171 BRASIL. Presidência da República. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015, institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência. Brasília: Presidência da República do Brasil, 2015. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015- 2018/2015/lei/l13146.htm>. Acesso em: 28 out. 2020. BRASIL. Presidência da República. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência: Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Tradução Oficial/Brasil. Brasília: Presidência da República do Brasil; SEDH, 2007. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_ docman&view=download&alias=424-cartilha- c&category_slug=documentos-pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 14 out. 2020. CORTELAZZO, Iolanda Bueno de Camargo. Formação de professores para uma Educação Inclusiva mediada pelas tecnologias. In: GIROTO, Claudia Regina Mosca; POKER, Rosimar Bortolini; OMOTE, Sadão (org.). As tecnologias nas práticas pedagógicas inclusivas. Marília-SP: Oficina Universitária/cultura Acadêmica, 2012, p. 93-120. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 172 <https://www.marilia.unesp.br/Home/Publicacoes/as- tecnologias-nas-praticas_e-book.pdf>. Acesso em: 10 out. 2020.DECLARAÇÃO DE SALAMANCA: Sobre princípios, políticas e práticas na área das necessidades educativas especiais. Salamanca – Espanha, 1994. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.p df>. Acesso em: 10 out. 2020. GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008. GIROTO, Claudia Regina Mosca; POKER, Rosimar Bortolini; OMOTE, Sadao. Educação Especial, formação de professores e o uso das tecnologias de informação e comunicação: a construção de práticas pedagógicas inclusivas. In: GIROTO, Claudia Regina Mosca; POKER, Rosimar Bortolini; OMOTE, Sadao (org.). As tecnologias nas práticas pedagógicas inclusivas. Marília-SP: Oficina. Universitária; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2012, p. 11- 23. Disponívem em: <https://www.marilia.unesp.br/Home/Publicacoes/as- tecnologias-nas-praticas_e-book.pdf>. Acesso em: 10 out. 2020. https://www.marilia.unesp.br/Home/Publicacoes/as-tecnologias-nas-praticas_e-book.pdf https://www.marilia.unesp.br/Home/Publicacoes/as-tecnologias-nas-praticas_e-book.pdf http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf https://www.marilia.unesp.br/Home/Publicacoes/as-tecnologias-nas-praticas_e-book.pdf https://www.marilia.unesp.br/Home/Publicacoes/as-tecnologias-nas-praticas_e-book.pdf Educação, tecnologias e sociedade 173 PREFEITURA MUNICIPAL DE FORTUNA. Secretaria Municipal de Educação. Conselho Municipal de Educação. Plano Municipal de Educação (PME). Fortuna-MA: SEMED/CME, 2015. SANTOS, Denilson Barbosa dos. Formação de professores mediada pelas TIC. In: MONTEIRO, Jean Carlos da Silva; LOBO, Juliana Campos; XAVIER, Manassés Morais; NASCIMENTO, Robéria Nádia Araújo (org.). As tecnologias digitais no processo formativo de uma geração de alunos conectados. São Paulo: Mentes Abertas, 2020b, p. 57-65. SANTOS, Denilson Barbosa dos. Sendas meandrantes de uma pesquisa sobre prática docente em Educação do Campo a partir dos núcleos de significação. In: ARAÚJO, Raimundo Dutra de; ARAÚJO, Francisco Antônio Machado (orgs.). Processos metodológicos na pesquisa em educação: dispositivos de produção e análise de dados em movimento. Teresina: EdUFPI, 2020a, p. 245-263. SANTOS, Lígia Pereira dos; PEQUENO, Robson. Novas tecnologias e pessoas com deficiência: a informática na construção da sociedade inclusiva? Campina Grande-PB: UEPB; CEDUC, 2011, p. 75-103. Disponível em: <http://books.scielo.org/id/6pdyn/pdf/sousa- 9788578791247-04.pdf>. Acesso em: 14 out. 2020. http://books.scielo.org/id/6pdyn/pdf/sousa-9788578791247-04.pdf http://books.scielo.org/id/6pdyn/pdf/sousa-9788578791247-04.pdf Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 174 SOUZA, Fabiana Veríssimo da Costa. A Construção de Práticas Pedagógicas Inclusivas Mediadas pela Ludicidade. Cadernos da Fucamp, v.18, n.32, p.183- 197/2019. Disponível em: <https://www.fucamp.edu.br/editora/index.php/cadernos/ article/download/1698/1121>. Acesso em: 13 out. 2020. TROJAHN, Luciane de Melo Gonçalves. Laboratório de informática como espaço de acessibilidade e mediação na aprendizagem dos alunos de inclusão. Canoas, RS: UNILASALLE, 2016. Dissertação de Mestrado em Educação,156f. Disponível em: <http://dspace.unilasalle.edu.br/handle/11690/633>. Acesso em: 6 out. 2020. https://www.fucamp.edu.br/editora/index.php/cadernos/article/download/1698/1121%20Acesso%2013%20de%20out.2020 https://www.fucamp.edu.br/editora/index.php/cadernos/article/download/1698/1121%20Acesso%2013%20de%20out.2020 http://dspace.unilasalle.edu.br/handle/11690/633 Educação, tecnologias e sociedade 175 IMPLEMENTAÇÃO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS EM ESCOLA PUBLICA MUNICIPAL DA CIDADE DE PEDREIRAS-MA: DESAFIOS E PERSPECTIVAS DAS METODOLOGIAS ATIVAS Evaldo Augusto Sousa Monteiro Joelson de Sousa Morais INTRODUÇÃO A inserção de novas tecnologias em qualquer tipo de empreendimento necessita de amplas discussões a respeito da sua repercussão na cultura existente, e se realmente a implantação dessa alcançará as mudanças desejadas. De acordo com Vieira (2012), o discurso pertinente ao uso de tais inovações na educação se faz indispensável, visto que sua presença é imprescindível. Nesse sentido há diversas ferramentas digitais que podem ser exploradas e são de suma importância para o processo de ensino aprendizado. Nessa perspectiva, focar- se-á na utilização para o Google Classroom como um meio facilitador do ensino. Tal ferramenta, que tem como significado “sala de aula”, é um sistema de gerenciamento de conteúdo para escolas que procuram simplificar a Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 176 criação, a distribuição e a avaliação de trabalhos. Esse é um recurso do Google Apps para a área de educação e é gratuito para escolas, o que facilita sua inserção no ambiente educacional. Dessa forma, essa pesquisa buscou analisar as ações que os professores de Produção Textual têm utilizado na inserção da ferramenta Google Classroom como meio facilitador da aprendizagem proporcionando um melhor envolvimento dos discentes e docentes por meio de metodologias participativas para alcançar os objetivos propostos em sua missão que é educar e, assim, com isso preparar o indivíduo para o trabalho, como afirma o artigo 205 da Constituição Federal Brasileira (BRASIL 1988), “Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Portanto, foi realizada uma abordagem dos problemas encontrados no estabelecimento de ensino e, consequentemente, as práticas pedagógicas desenvolvidas pela escola que se refere aos aparatos tecnológicos disponíveis, com o intuito de colaborar com a instituição e com os docentes, para que possam implementar, em suas aulas, as ferramentas tecnológicas que em sua grande maioria são acessíveis no manuseio. Diante disso, os resultados dessa pesquisa podem alcançar bons efeitos, pois as mudanças nas metodologias da escola passarão a Educação, tecnologias e sociedade 177 ser feitas conforme as demandas atuais. Logo, a sociedade, a qual se torna cada vez mais dependente das inovações, que no caso em questão nos traz a modernização na sala de aula para o melhoramento do aprendizado do aluno. Nesse contexto, as plataformas digitais possibilitam a interação entre as pessoas, até mesmo daquelas que são de culturas diversas e que estão separadas geograficamente. De modo geral, a atividade humana em suas diversas áreas sofre constantemente interferências das atuais Tecnologias de Informação e Comunicação, não seria diferente na educação, que por sua vez, já se encontra altamente envolvida por esse aparato tecnológico, para uma nova etapa na vida do ser humano. Como consequência, surgem as inquietações e desafios, em que para compreendê-los e ultrapassá-los é crucial se admitir as potencialidades dessas tecnologias e a realidade em que a escola está inserida. Nesse caso, foi constatado que a escola em questão apresenta uma sala multimídia, com computadores e outras mídias que podem ser exploradas por intermédio ao acesso do ambiente virtual do Google Classroom e iniciar as discussões dos conteúdos propostos, para que o aluno venha se sentir à vontade em aprender outras formas de aprimorar seus aprendizados. Nesse sentido, questiono enquanto problema de pesquisa: Quais os limites que desafiam os profissionais quanto ao uso de tecnologias no cotidiano escolar? Portanto Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 178 o objetivo desta pesquisa foi analisar as ações que os professores de Produção Textualtêm utilizado na inserção da ferramenta Google Classroom como meio facilitador da aprendizagem. Utilizou-se a pesquisa bibliográfica, por meio de identificação, registro e análise dos fatores que se relacionam com a temática em questão e de pesquisa de campo com abordagem qualitativa por meio de discussões em sala de aula com alunos e a professora de produção textual. Além disso, foi elaborado dois questionários com 5 questões semiestruturadas. O primeiro deles foi respondido por 20 alunos do Ensino fundamental 8º e 9º ano e o segundo pela professora de produção textual. OS PERCURSOS E ESCOLHAS METODOLOGICAS DA PESQUISA É importante destacar a contribuição da pesquisa bibliográfica para obter um melhor conhecimento sobre uso da plataforma Google Classroom no processo de gestão de ensino aprendizagem de forma que proporcione uma melhor vivencia sobre a tendência das tecnologias educacionais e da consistência dessa modalidade investigativa sobre o uso dos Apps em sala de aula. E para isso, houve a interação entre o pesquisador e os sujeitos pesquisados usando da Pesquisa de campo para proporcionar uma reflexão crítica argumentativa sobre o tema em questão. Conforme Minayo (2009, p. 67) “O Educação, tecnologias e sociedade 179 trabalho de campo é o momento de aproximação do pesquisador com a realidade sobre a qual formulou suas questões e/ou seu problema”. A utilização da pesquisa de campo com abordagem qualitativa por meio de discussões em sala de aula com alunos e a professora de produção textual. Além disso, foi elaborado dois formulários com 5 questões semiestruturadas. O primeiro deles foi respondido por 20 alunos do Ensino fundamental 8º e 9º ano e o segundo pela professora de produção textual, que também foi a responsável pela escolha dos alunos que participaram da pesquisa. A escola mencionada faz parte da rede municipal de ensino da cidade de Pedreiras /MA, situada na Av. Marly Boueres nº 1715, bairro Mutirão, instituição essa que oferece o Ensino Fundamental. No momento dos estudos de campo, os alunos responderam os formulários que tem como objetivo a aplicação de tecnologias em sala em especial o uso do Classroom, em seguida todos os dados obtidos foram organizados e tabulados de forma qualitativa, para que pudéssemos ter uma visão geral de como essas tecnologias são assistidas pelos alunos e professores. A pesquisa se fundamentou em alguns autores renomados no que concerne à educação, como podemos citar: Freire (1996), Schacter (1999), Vieira (2012), Mercado (1999), Kenski (2012), Faria (2004) entre outros. Desta forma foi possível obter um embasamento teórico que tornasse Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 180 viável os estudos sobre a aplicação dessa ferramenta tecnológica na gestão de sala de aula, proporcionando um melhor ambiente de aprendizagem de forma interativo e atrativo. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DO USO DE TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO O termo tecnologia traz a ideia do progresso, mudança e o conforto. Na própria história da humanidade conforme Vale (2018), verifica-se indícios de uma tecnologia bem rudimentar, mas que é fundamental para a realização de tarefas cruciais para a continuidade da espécie humana. Assim, o avanço da utilização dos recursos tecnológicos de forma exponencial acaba interferindo na vida das pessoas, modificando o homem e sua cultura. Contudo, a concepção do conceito vai além dos fascínios que ela oferece. Nesse ângulo, a dependência do seu uso cada vez maior, podem apresentar alguns desafios, ou seja, ela pode servir tanto para ajudar na construção da aprendizagem quanto criar situações maléficas. A esse respeito, será visto algumas aplicações e implicações no decorrer deste trabalho, o qual tem por finalidade fazer uma reflexão sobre a utilização das ferramentas tecnológicas, especificamente o Google Classroom, na disciplina de produção textual. Como afirma Sancho (1994): Educação, tecnologias e sociedade 181 Se concebermos a tecnologia como o conjunto de conhecimentos que permite a nossa intervenção no mundo, como o conjunto de ferramentas físicas ou de instrumentos, psíquicas ou simbólicas, e sociais ou organizadoras, estamos nos referindo a um “saber fazer” que bebe das fontes da experiência, da tradição, da reflexão sobre a prática e das contribuições das diferentes áreas do conhecimento. Um saber fazer que, se não quiser ser mecanicista e rotineiro, deve levar em consideração as contribuições dos diferentes âmbitos científicos, constituindo-se, por sua vez, em fonte de novo conhecimento. (SANCHO, 1994, p. 17) De modo geral, há um entendimento de que as tecnologias são apenas aparelhos e equipamentos, porém, ela compreende a criatividade do cérebro humano: tudo o que é produzido transfigura-se nas inovações tecnológicas. Pode-se até citar, por exemplo, que na idade da pedra, o homem usava armas rudimentares para se defender de animais ferozes, alguns elementos da natureza e aos poucos foram surgindo novas tecnologias, mas não somente para defesa e sim para dominação. Para Kenski (2012), o conjunto de: [...] conhecimentos e princípios científicos que se aplicam ao planejamento, à construção e à utilização de um equipamento em um determinado tipo de atividade, chamamos de “tecnologia”. Para construir Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 182 qualquer equipamento - uma caneta esferográfica ou um computador -, os homens precisam pesquisar, planejar e criar o produto, o serviço, o processo. Ao conjunto de tudo isso, chamamos de tecnologias. (KENSKI, 2012, p. 24) No que tange à educação, dos muitos conceitos relacionados à tecnologia, Niskier (1993, p.63-64) expressa algumas ideias como “Uma mediação do encontro entre Ciência, Técnicas e Pedagogia” ou ainda como “Um exercício crítico com utilização de instrumentos a serviço de um projeto pedagógico”. Portanto, a educação é um processo, não um fim em si mesmo, desse modo, precisa permitir que sejam feitas intervenções positivas para o seu desenvolvimento. Com isso, o uso das tecnologias na área da educação pode desempenhar um papel importante na relação ensino-aprendizagem. Os aspectos positivos e negativos do uso de tecnologia na educação É importante considerar que a utilização das tecnologias no processo de ensino-aprendizagem é fundamental tanto para os professores quanto para os alunos. Essas novas ferramentas tornaram-se indispensáveis como meio de estudo e pesquisa. Para Veiga (2002): Educação, tecnologias e sociedade 183 Os alunos do ensino fundamental e do ensino médio, ao utilizarem o computador entram em um ambiente multidisciplinar e interdisciplinar, ou seja, ao invés de apenas receberem informações, os alunos também constroem conhecimentos, formando assim um processo onde o professor educa o aluno e ao educar, é transformado através do diálogo com os alunos. (VEIGA, 2001, p. 02). Como afirma Freire (1996, p. 28), a escola é um dos espaços responsáveis por definir, democraticamente, estratégias de ação com referências à realidade, em vias da formação do “Sujeito crítico, epistemologicamente curioso, que constrói o conhecimento do objeto ou participa de sua construção”. Logo, as instituições de ensino precisam se adequar as novas demandas educacionais, principalmente no que se refere ao uso das novas tecnologias associadas à obtenção de um melhor resultado em sala de aula, consequentemente, uma melhor gestão dos alunos e do conhecimento transmitido como afirma SCHACTER (1999; p. 10): “Estudos mostram que alunos de países que têm acesso fácil às tecnologias são mais motivados e obtém melhores resultados em avaliações internacionais”. Porém, é necessário que haja uma qualificação dos profissionais na utilizaçãoda tecnologia em favor da educação, o que afirma Moursund e Bielefeldt (1999, p. 167) “Sabe-se, porém, que Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 184 as tecnologias não constituem recursos que por si só garantem o sucesso dos processos de aprendizagem”. Ademais Fróes (1998, p. 28) versa sobre tecnologia quando afirma: A tecnologia sempre afetou o homem: das primeiras ferramentas, por vezes consideradas como extensões do corpo, à máquina a vapor, que mudou hábitos e instituições, ao computador que trouxe novas e profundas mudanças sociais e culturais, a tecnologia nos ajuda, nos completa, nos amplia... facilitando nossas ações, nos transportando, ou mesmo nos substituindo em determinadas tarefas, os recursos tecnológicos ora nos fascinam, ora nos assustam. Além disso, Mercado (1999) afirma que: as novas tecnologias criam novas chances de reformular as relações entre alunos e professores e de rever a relação da escola com o meio social, ao diversificar os espaços de construção do conhecimento, ao revolucionar os processos e metodologias de aprendizagem, permitindo à escola um novo diálogo com os indivíduos e com o mundo. Então, os resultados positivos da educação dependem de diversos fatores que incluem a própria população de alunos, do nível de acesso dos alunos às tecnologias, e principalmente o perfil a formação do professor. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO (2010) a Educação, tecnologias e sociedade 185 formação dos educadores é, portanto, fundamental para garantir o sucesso da inserção das tecnologias na educação. Nota-se, pois, que mediante diversos fundamentos teóricos que a educação se torna cada vez mais dependente de novas tecnologias e é inevitável o preparo dos profissionais da educação para os diversos conhecimentos principalmente no que se concerne ao melhoramento da gestão educacional e escolar e assim a educação. Metodologias ativadas no ensino As metodologias ativas se baseiam em processos de construção do conhecimento, entendendo que a participação e o engajamento do aluno são fundamentais para potencializar seu aprendizado, assim, o professor assume papel de mediador ou facilitador dos processos de aprendizagem. Elas se contrapõem ao modelo convencional de ensino, em que o aluno deve receber o conhecimento, memorizá-lo e replicá-lo em avaliações, pelo contrário, nessas metodologias ele é sujeito ativo na busca de informações por meio da partilha em grupo, da pesquisa e da realização de experiências e observações de situações e contextos reais. Os resultados, devem ser conhecimentos e ações pertinentes que contribuam para a realidade na qual os alunos estão inseridos. (BACICH, 2016; MORAN, 2017; VALENTE, 2017 e VALE, 2018). Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 186 Portanto, a motivação dos alunos em participarem das aulas e de processos educativos tem sido um desafio para os professores nas escolas contemporâneas. O surgimento de novas ferramentas de acesso à informação como a internet, associado à obsolescência dos métodos pedagógicos tradicionais e ao sedentarismo da vida moderna, fazem com que professores tenham que buscar novas estratégias para engajar seus alunos. (MARTINS, 2017) Nesse novo entendimento do ensino, utilizar estratégias de educação que tenham impacto positivo nas comunidades nas quais estão inseridas as escolas é um desafio para a educação contemporânea. Isso se torna especialmente relevante nas comunidades de periferia das médias e grandes cidades, que enfrentam graves problemas de pobreza e de vulnerabilidade social, envolvendo violência, uso e tráfico de drogas, saneamento básico, entre outras questões. Portanto a utilização de metodologias ativas surgiu da busca por resolver problemas reais que enfrentamos. (VALENTE, 2017) De maneira geral, conforme Moran (2018), as metodologias ativas de aprendizagem partem da análise de um problema, em uma situação real, por meio da qual será desenvolvido o processo de pesquisa-aprendizagem e de intervenção dos alunos. A produção coletiva de alguma atividade é um desafio na educação, uma vez que há um histórico tanto na educação quanto na sociedade, de Educação, tecnologias e sociedade 187 maneira geral, de valorizar o individualismo. A utilização de metodologias ativas é uma possibilidade para estimular o trabalho em equipe e a produção colaborativa. A IMPLANTAÇÃO DO GOOGLE CLASSROOM NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA EM ESCOLAS PÚBICAS DE PEDREIRAS/MA As inserções de metodologias ativas na educação, especialmente por meio do uso das tecnologias digitais no processo ensino-aprendizagem, admitem que houve uma intensificação maior nos últimos anos, principalmente com a introdução do uso dos computadores na escola. Essas tendências têm sido realizadas justamente com o objetivo de identificar estratégias e melhorar a utilização dessas ferramentas tecnológicas. Na educação, torna-se necessário à participação das instituições de ensino, docentes e demais profissionais nesse processo de implementação das tecnologias digitais sendo considerado um constante desafio e discussões sobre o tema em que são recorrentes em diversas circunstâncias (SANTOS; LASTÓRIA, 2019). Assim, com o objetivo de abranger as novas metodologias ativas que estão sendo praticadas na educação, foi implantado a utilização do Google Classroom nas escolas com a disciplina de Produção Textual, no intuito de que os alunos pudessem ter uma nova experiência digital e, por consequente, melhorassem o entendimento Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 188 das discussões sobre os estudos de caso trabalhados na referida disciplina. Nessa premissa, os desafios do ensino no contexto histórico-político-social brasileiro, diante do exposto por esse trabalho, podem ter resultados significativos em sala de aula e, também, na escola de modo geral, principalmente pelo uso de novas ferramentas tecnológicas em sala de aula, o que implica em um papel imprescindível no processo ensino aprendizado. Nas últimas décadas o mundo se reconfigurou em alto grau, sobretudo nas áreas social, economia e política. Essas mudanças afetaram a forma como vivemos e aprendemos proporcionando um avanço na implantação das tecnologias de informação e comunicação nas organizações educacionais promovendo uma nova forma de pensar seus processos de ensino-aprendizagem a partir do uso de metodologias híbridas e ativas de educação que unam o ensino presencial com o e-learning (estudo a distância a partir de uma plataforma on-line). Dessa forma, a aprendizagem pode ser personalizada, sendo que cada estudante pode ter acesso aos conhecimentos necessários em seu curso ou disciplina realizando estudos em casa, a seu próprio ritmo, levando em conta as suas necessidades e, ainda, praticando-os ou complementando-os na escola ou em outro lugar físico estruturado para essa finalidade (SANTOS; LASTÓRIA, 2019). Educação, tecnologias e sociedade 189 Neste contexto procuramos aplicar dois questionários um com os alunos e outro com a professora de Produção Textual que serviu de base para verificarmos como o Google Classroom uma plataforma on-line, está sendo explorado pelos alunos e se o mesmo está sendo bem aceito entre os discentes e docentes. A princípio, o formulário foi aplicado à professora, a qual nos relatos respondendo a primeira questão que indagava quais as maiores dificuldades na implantação do Classroom nas aulas de Produção textual, a mesma respondeu de maneira sucinta: O primeiro impacto é positivo, contudo o maior desafio é estimular o acesso contínuo à plataforma. Infelizmente a cultura dos alunos é que eles não possuem o hábito de acessar a internet para outros fins que não sejamas redes sociais (Narrativa da professora, 2020). Faz-se necessário, que os professores da escola se ajudem nesse processo e incentivem seus alunos a acessarem o Google Classroom nas suas respectivas disciplinas para que esses criem hábitos de acesso à plataforma e todos saiam ganhando com tal ferramenta tão importante na sala de aula. As tecnologias da informação e comunicação digitais que emergiram nas últimas décadas forneceram condições para que os processos educacionais pudessem ocorrer de forma inovadora e diferenciada, como Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 190 ocorre com a educação híbrida (TANZI NETO; SCHNEIDER; BACICH, 2017). Em relação à segunda questão sobre qual a estratégia utilizada para solucionar tal dificuldade apresentadas pelo Google Classroom, a professora respondeu: Interatividade, semanalmente é proposto desafios e questionamentos sobre os assuntos que serão debatidos em sala de aula. Então, previamente, é separado, dentro do Classroom, grupos para organizar as pautas dos debates (Narrativa da Professora). Sendo assim podemos perceber que os encontros realizados em sala de aula, deve explorar as metodologias para aprendizagem ativa, procurando, de forma prática e criativa, perceber se a aprendizagem dos conteúdos foi realizada, e desenvolvida de forma mais significativa os conceitos aprendidos pelos estudantes. Essas atividades podem envolver a utilização de situações-problema, jogos, desafios e construções individuais e coletivas. Na terceira pergunta sobre o que a professora achava da implementação do Google Classroom em outras disciplinas se facilitaria o aprendizado dos alunos, ela assim se posicionou em sua narrativa: “Com certeza, ela é uma metodologia ativa, ajuda o professor a ter aulas mais dinâmicas e práticas” (Narrativa da professora, 2020). Educação, tecnologias e sociedade 191 Conforme Martins (2016), a aprendizagem pode ser customizada, sendo que cada estudante pode ter acesso aos conhecimentos necessários em sua disciplina realizando estudos em casa, a seu próprio ritmo, levando em conta as suas necessidades e, ainda, praticando-os ou complementando-os na escola ou em outro lugar físico estruturado para essa finalidade. Na quarta questão, quais seriam os aspectos positivos e negativos da plataforma utilizada no Google Classroom, a docente narrou: É de fácil acesso, Boa interação, um rol de ferramentas que ajudam na hora de montar aulas. Porém, como toda tecnologia, apresenta falhas, principalmente na hora do bate-papo que é um pouco lento prejudicando uma parte da avaliação (Narrativa da Professora, 2020). A avaliação é parte importante do processo educacional híbrido, devendo constar desde os seus planejamentos iniciais de preparação e implementação. Para cumprir com eficiência o que se propõe, deverão ser utilizadas várias técnicas que não visem somente a mensurar e classificar o desempenho dos alunos, mas também a fornecer subsídios para corrigir e propor melhorias aos processos de ensino-aprendizagem nesses ambientes virtuais. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 192 Uma das questões chave nesse formulário foi à quinta pergunta, qual a opinião da professora em relação ao fornecimento de suporte técnico para implementação das novas ferramentas tecnológicas na escola e também se ela teria sugestões para o melhoramento do ensino. Assim se posicionou a docente: “Sim, a escola disponibiliza as ferramentas do Google. A sugestão seria uma formação para os professores aprenderem a manusear e mostrar como essas facilitam o trabalho docente” (Narrativa da Professora, 2020). Nesse contexto, a prática docente está relacionada à formação eficiente e ininterrupta, para que você possa contribuir, efetivamente, com o processo de obtenção de novas metodologias junto a seu aprendiz, precisamos sempre revisitar o conhecimento e ser capaz de aperfeiçoar métodos de ensino-aprendizagem (MARTINS, 2016). Ao analisar, então, as respostas da professora de Produção Textual percebemos que é possível a inserção dessa ferramenta digital em favor de bons resultados em outras disciplinas que fazem parte da grade curricular deste sistema de ensino e, com isso, consiga por meio de estratégias utilizadas pelo próprio aluno e, com esse conhecimento, mediar e contribuir de maneira mais eficaz nesse processo de construção do ensino aprendizado. Nesse cenário, Faria (2004) afirma que os recursos tecnológicos facilitam a passagem do modelo mecanicista para uma educação sócio interacionista, ainda que a realização de um novo paradigma educacional dependa do Educação, tecnologias e sociedade 193 projeto político-pedagógico da instituição escolar, da maneira como o professor sente a necessidade desta mudança e da forma como prepara o ambiente da aula. Logo, é importante criar um ambiente de ensino e aprendizagem agradável, que proporcione oportunidades para que seus alunos pesquisem e participem na comunidade, com autonomia. Analisando quatro respostas fornecidas pelos alunos que responderam o formulário e deram suas opiniões sobre o Classroom. Nesse momento, é bom lembrar que esses já têm acesso à plataforma e, por isso, facilitou o entendimento sobre os questionamentos abordados por essa pesquisa, a qual visa aperfeiçoar a implementação nas escolas de tal ferramenta que só tem a acrescentar no melhoramento do rendimento escolar. Deste modo, os alunos foram questionados na primeira questão se o Google Classroom possuía uma linguagem acessível e comandos eficientes e responderam: Aluno A: Sim, o aplicativo aborda sua funcionalidade de maneira simples e compreensível (Narrativa, 2020). Aluno B: Sim, uma vez que é uma ferramenta de fácil entendimento e praticidade (Narrativa, 2020). Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 194 Aluno C: Sim, por proporcionar uma ferramenta de comunicação muito boa, a melhora do aprendizado on-line (Narrativa, 2020). Aluno D: Sim, além de fácil acesso é um modo mais interessante para o aluno interagir os estudos (Narrativa, 2020). Percebemos que todos os alunos foram unanimes em afirmar que o Google Classroom é uma ferramenta acessível e possui comandos eficientes. Nesse sentido, é importante destacar a sua aceitação pelos alunos por essa ferramenta proporcionar a aprendizagem customizada, sendo que cada estudante pode ter acesso aos conhecimentos necessários em seu curso ou disciplina realizando estudos em casa, a seu próprio ritmo, levando em conta as suas necessidades e, ainda, praticando-os ou complementando- os na escola ou em outro lugar físico estruturado para essa finalidade. Portanto, pode ser implementada não só nas aulas de Produção Textual, mas também em qualquer disciplina da referida escola. Na segunda questão os alunos comentaram sobre quais seriam os aspectos positivos e negativos da plataforma: Aluno A: Positivos - O aplicativo apresenta ferramentas objetivas e diretas, além de uma linguagem explícita, facilmente entendida por todos. Educação, tecnologias e sociedade 195 Além disso, o aplicativo contribui para formação do senso crítico dos alunos e facilita as atividades escolares. Negativos - O aplicativo apresenta algumas falhas. Dentre elas, a necessidade de recarregar o bate-papo para que as mensagens posteriores de outros usuários carreguem quando um grupo de alunos está em um fórum. Há também uma ambiguidade sobre o local destinado ao fórum. Ademais, alguns alunos encontram dificuldade para realizar o login no aplicativo (Narrativa, 2020). Aluno B: Positivos: O Classroom é um mecanismo que possibilita o desenvolvimento social e escolar a longa distância, o que é importante para o recrudescimento intelectual e social do aluno. Negativos: Apesardos benefícios, o Classroom não é tão efetivo quanto às aulas presenciais (Narrativa, 2020). Aluno C: Positivos – fácil acesso, comunicação com os colegas do seu grupo mesmo estando longe. Negativos – O acesso em casa (Narrativa, 2020). Aluno D: Positivos – melhorar o aprendizado on-line e monitorado, ou seja, inserir meios tecnológicos no aprendizado. Negativos: Pois alguns usuários não conseguem a acessibilidade pelo login ou o uso da internet (Narrativa, 2020). Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 196 Apesar da aceitação por parte dos alunos, percebemos que qualquer ferramenta tecnológica que dependa da internet pode apresentar algumas falhas, como foi citado pelo aluno D, em que afirma: “alguns usuários não conseguem a acessibilidade pelo login ou o uso da internet”. É importante frisar que, além disso, pode-se nos deparar com algumas situações que possam dificultar o acesso ao ambiente virtual, como o já citado pelo aluno e conforme (TERUYA, 2006, p. 23) “[...] é considerado um recurso que facilita a aprendizagem mas exige dos docentes uma fundamentação teórica e metodologia para trabalhar no ambiente informatizado”. Os alunos responderam também a terceira questão que é sobre o que eles achavam sobre a implementação do Classroom em outras disciplinas facilitaria o aprendizado: Aluno A: Sim, pois seria um bom campo para os alunos debaterem entre si e expor seus conhecimentos junto com os professores (Narrativa, 2020). Aluno B: Sim, uma vez que seria alcançado recrudescimento escolar de cada aluno por meio da prática de cada matéria (Narrativa, 2020). Aluno C: “Sim”. A escola já está fazendo essas adaptações e estamos gostando das mudanças e isso melhora a dinâmica das aulas até porque somos viciados em internet (Narrativa, 2020). Educação, tecnologias e sociedade 197 Aluno D: “Sim, pois seria mais fácil uma organização e facilitaria alguns meios e trabalhos”. Como vemos todos os alunos afirmaram que o Google Classroom ajuda no processo de ensino e aprendizado proporcionando uma atuação aberta para as inovações, flexível e permanente formação continuada, aprimorando suas práticas pedagógicas com o uso das tecnologias digitais e que o mesmo, caso fosse inserido também nas demais disciplinas com o intuito de melhorar a interação entre aluno e professor, principalmente, no que concerne aos diálogos sobre os conteúdos ou até a resolução de trabalhos que são inseridos por meio do ambiente virtual diferenciando-se dos trabalhos que são cobrados em sala de aula (TERUYA, 2006). Os alunos opinaram a quarta questão, onde a mesma indagava se o celular poderia ser utilizado para o acesso à plataforma do Google Classroom em sala de aula ou se as redes sociais poderiam atrapalhar na interação ensino aprendizado dos conteúdos propostos pela disciplina de produção textual: Aluno A: Sim, seria possível, porém, os alunos deveriam ter uma maior sensibilização no que concerne ao uso das redes sociais (Narrativa, 2020). Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 198 Aluno B: Sim, uma vez que o uso do celular como ferramenta de aprendizado pode recrudescer o aluno no âmbito escolar e social. Atrapalharão apenas se não houver certo controle nos conteúdos acessados (Narrativa, 2020). Aluno C: É possível sim, mas sugiro usar os tablets para que não haja alguns desvios dos alunos para as redes sociais. As redes sociais só atrapalham quando usada de forma indevida, ou seja, a escolha é do aluno se quer ou não aprender isso também pode se encaixar como uma forma de amadurecimento dos alunos para sua responsabilidade como acadêmicos (Narrativa, 2020). Aluno D: Sim, esse novo método nos proporciona maior aprendizado por meio de ferramentas tecnológicas cabíveis e que serão muito bem utilizadas (Narrativa, 2020). A questão levantada é bastante relevante quanto ao uso do celular em sala de aula até porque o mesmo faz parte da nossa vida, porém o seu uso na maioria dos casos é feito de maneira incorreta, não mostra os benefícios para melhorar a aprendizagem dos conteúdos e nesse contexto a escolha depende de cada um como afirma o aluno C em sua resposta. E na quinta questão os alunos responderam na opinião deles se a escola fornecia suporte técnico (portal ou Educação, tecnologias e sociedade 199 plataforma) para implementação das novas ferramentas tecnológicas e quais sugestões eles poderiam fazer para o melhoramento do ensino: Aluno A: Não, pois nós nunca tivemos acesso ao portal e seria muito bom se nós e nossos pais conseguíssemos acessar nossas notas pelo portal (Narrativa, 2020). Aluno B: Sim, mas não totalmente, uma vez que a escola dispõe de recursos limitados. Além de adotar sistemas inclusivos e dinâmicos, como o Classroom e outras medidas, o Colégio deve instigar no aluno análises críticas a partir de conteúdos extracurriculares (Narrativa, 2020). Aluno C: Não, em matérias chatas e complicadas deveria ter um suporte técnico para o aluno focar mais na matéria, não é nem tanto ter um suporte de ponta, mas usar os que se encontram na escola (Narrativa, 2020). Aluno D: Sim, mais poderia melhorar. O uso de aulas mais interativas com o uso tecnológico (Narrativa, 2020). Observando a estrutura da escola, podemos identificar que fornece algumas ferramentas tecnológicas como: computador, internet, impressora, ambiente virtual de Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 200 aprendizagem, dentre outras. Entretanto é necessário mais treinamento dessas ferramentas para os professores poderem ter um melhor entendimento e aprofundamento das mesmas, assim como a importância delas para o aprendizado dos alunos. Cabe ressaltar que o professor também deve aprimorar, após os treinamentos caso seja fornecido pela escola, às práticas dos recursos tecnológicos, pois a teoria sem a prática não tornará o ensino eficaz. CONSIDERAÇÕES FINAIS Analisando todo o arcabouço que engloba os desafios que a educação enfrenta atualmente, se faz necessário que novas práticas educacionais sejam cada vez mais frequentes nas aulas das diversas disciplinas e uma forma de melhorar o ensino é através das ferramentas tecnológicas que servem de apoio para os alunos, no caso em questão focamos nesta pesquisa o uso do Classroom como um meio facilitador do aprendizado. Entretanto, podem-se explorar muitas outras metodologias tecnológicas que possam melhorar as práticas educacionais onde cada vez mais o tradicionalismo tem se mostrado ineficaz no processo educativo. As ferramentas tecnológicas podem servir como meio facilitador da aprendizagem e nesse sentido irão deixar de serem apenas recursos tecnológicos quaisquer e Educação, tecnologias e sociedade 201 passarão a ser visadas como novas ferramentas para se alcançar o “saber fazer educacional”, visto que em algumas situações faz-se necessário o nosso desprendimento de metodologias tradicionalistas e aprimorar-se com estes novos metodologias ativas. Portanto, diante desta pesquisa e os fatos relatados pelos alunos e a professora podemos afirmar que a inserção de novas ferramentas tecnológicas se torna cada vez necessário na referida escola e no caso do Google Classroom essa ferramenta mostrou-se ser bastante acessível na sua utilização e tornou-se bastante útil nas aulas de Produção Textual proporcionando um ensino híbrido e uma forma de ensinar que integra as atividades presenciais, em sala de aula e com a interação do professor, com o aprendizado on- line, que utiliza as tecnologias digitais para possibilitar o acesso ao conhecimento com o controle do tempo e do ritmo por parte do estudante. É possível ainda refletir, enquanto resultados que esta pesquisa propiciou, que a utilização dastecnológicos digitais em escola pública despertam outras habilidades de aprendizagem necessárias nessa sociedade informatizada e globalizada, além do mais, a utilização do Google Classroom foi de grande relevância nas mudanças geradas em contextos de aprendizagem e ensino, proporcionando uma experiência diferenciada criando novas dinâmicas que traz profundas implicações na constituição da docência enquanto formação e desenvolvimento profissional. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 202 REFERÊNCIAS BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil: texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações determinadas pelas Emendas Constitucionais de Revisão nos 1 a 6/94, pelas Emendas Constitucionais nos 1/92 a 91/2016 e pelo Decreto Legislativo no 186/2008. – Brasília : Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2016. FARIA, E. T. O professor e as novas tecnologias. In: ENRICONE, D. (Org.) Ser Professor. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004. p. 57-72. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. FRÓES, J. A tecnologia na vida cotidiana: - importância e evolução sócio-histórica - Rio de Janeiro, 1998. KENSKI, Vani Moreira. Educação e tecnologias: Um novo ritmo da informação. 8. ed. Campinas: Papirus, 2012. p. 15- 25. MERCADO, Luís Paulo Leopoldo. Formação continuada de professores e novas tecnologias. Maceió: EDUFAL, 1999. Educação, tecnologias e sociedade 203 MINAYO, M.C. de S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo-Rio de Janeiro, HUCITEC-ABRASCO, 2009. MOURSUND, D., BIELEFELDT, T. Will New Teachers be Prepared to Teach in the Digital Age? A National Survey on Information Technology in Teacher Education. Milken Exchange on Education Technology, California, 1999. MORAN, José Manuel. Metodologias ativas e modelos híbridos na educação. (Metodologias Ativas para uma Educação Inovadora: Uma Abordagem Teórico-Prática). 2017. Disponível em http://www2.eca.usp.br/moran/. Acesso em 07 de mar. 2018 MARTINS, Lilian Cassia Bacich. BACICH, Lilian. Implicações da organização da atividade didática com uso de tecnologias digitais na formação de conceitos em uma proposta de Ensino Híbrido. 2016. Tese (Doutorado em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano) - Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016. Acesso em: 05 Nov 2019. NISKIER, Arnaldo. Tecnlogia Educacional uma visão política. Petrópolis: vozes, 1993. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 204 SANCHO, Juana M. Para uma tecnologia educacional. Porto Alegre: Artmed, 1994. SCHACTER, J. The Impact of Education Technology on Student Achievement. Milken Exchange on Education Technology, California, 1999. SANTOS, E. M., & LASTÓRIA, L. A. C. N. (2019). Tecnologias digitais e educação: impactos e desafios para uma nova configuração de subjetividade. Revista Observatório,5(5), 962-982. https://doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2019v5n5p962. TANZI NETO, A.; SCHNEIDER, F.; BACICH, L. Tecnologia no Ensino de Língua Adicional: Personalização e Autonomia do estudante por meio de um modelo de Ensino Híbrido. Revista CBTecLE, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 614–631, 2017. Disponível em: https://revista. cbtecle.com.br/index.php/CBTecLE/article/view/29. Acesso em: 05 de janeiro de 2021 TERUYA, Teresa Kazuko. Trabalho e educação na era midiática: um estudo sobre o mundo do trabalho na era da mídia e seus reflexos na educação. Maringá, PR: Eduem, 2006. https://doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2019v5n5p962 https://revista/ Educação, tecnologias e sociedade 205 UNESCO, ICT in Education, ICT Portal for Teachers. Disponível em http://www.unescobkk.org/education/ict/themes/training- of-teachers/ict-portal-for-teachers/ Acesso em 4 de agosto 2010. VEIGA, I.P.A. (Org.). Perspectivas para a formação do professor hoje. In ENDIPE, 11, 2002, Goiânia. Anais... Goiânia: (s.ed.), 2002. 1 CD- ROM. VIEIRA, M. M. Educação e novas tecnologias: o papel do professor nesse cenário de inovações. Revista Espaço Acadêmico, Maringá, v. 11, n. 129, p. 95-102, fev. 2012. VALENTE, José Armando et al. Metodologias ativas: das concepções às práticas em distintos níveis de ensino. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 17, n. 52, p. 455-478, abr./jun. 2017. VALE, Thiago Souza. A construção da educação geográfica na cultura digital. 2018. 430 f. Tese (Doutorado em Educação: Currículo) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC – SP), São Paulo, 2018. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 206 Educação, tecnologias e sociedade 207 ABORDAGEM ETNOBOTÂNICA E USO DE PLANTAS MEDICINAIS COM FINS TERAPÊUTICO POR ALUNOS NO ENSINO MÉDIO Marijara Tavares Souza Zacarias Carvalho de Araújo Neto Maurício dos Santos Araújo INTRODUÇÃO O Brasil é considerado um dos países que abriga a maior biodiversidade vegetal do mundo. Em seu território, pode-se observar um vasto número de espécies e biomas com características peculiares (BRASIL, 2015). Dentre a diversidade florística, observamos a existência de plantas medicinais, cujo o uso vem chamando a atenção da comunidade científica a respeito do conhecimento Etnobotânico, ligado aos saberes tradicionais. Nesse sentido, muitas pessoas recorrem as plantas medicinais com fins terapêuticos, ou seja, com o objetivo de tratar alguma doença. A etnobotânica é a área da biologia que trata do estudo da relação existente entre o Homem e as Plantas, assim como analisa o modo como essas plantas são usadas como recursos pelos seres humanos (ROCHA; BOSCOLO; FERNANDES, 2015; MACHADO et al., 2017; Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 208 NADIROGLU; BEHÇET; ÇAKILCIOGLU, 2019), o termo foi empregado pela primeira vez por William Harshberger (1869-1929). O fácil acesso as plantas medicinais e, muitas vezes, a falta de acesso a medicina tradicional, colaboram para a sua ampla utilização. No entanto, deve haver um certo cuidado por parte das pessoas que utilizam essas plantas para este fim, pois atualmente existem inúmeras espécies que ainda não foram catalogadas, nem estudadas a nível toxicológico, havendo assim a necessidade de uma retomada dos saberes populares e científicos para o uso adequado desses organismos (BRUNING et al., 2012). Nesse sentido, é de extrema relevância conhecer os possíveis benefícios e malefícios que o uso de plantas medicinais pode ocasionar a nível celular, caso seja utilizado de forma errada. O Brasil é considerado um país mega diverso, tanto em número de espécies quanto na variabilidade de seus biomas (PIMENTEL et al., 2015), e por esses motivos, vem chamando a atenção da comunidade científica. A bioprospecção de plantas medicinais vem sendo realizada com objetivo de identificar espécies que tenham potencial terapêutico e, consequentemente, deem subsídios para a produção de drogas, que poderão vir a ser comercializadas (ROQUE; ROCHA; LOIOLA, 2010; LIMA et al., 2017). As plantas cultivadas são um dos recursos mais importantes disponíveis no ambiente terrestre (BIDAK et al., 2015), e em Educação, tecnologias e sociedade 209 virtude disso, desde a existência da humanidade, vem sendo observada sua relação com as plantas medicinais. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 80% da população mundial faz uso de algum tipo de planta medicinal como fonte primária de acesso à saúde (LIMA et al., 2017). Esse uso está ligado, muitas vezes, ao fácil acesso da população a esses recursos naturais, seu baixo custo e por serem consideradas inofensivas para grande parte da população. Além disso, o preçodos fármacos disponíveis em farmácias é elevado, enquanto as plantas medicinais são cultivadas, muitas vezes nos quintais das casas, sendo empregadas como alternativa terapêutica (ZENI et al., 2017; PEREIRA et al., 2018). O uso das plantas medicinas com fins terapêuticos deve ter cuidado. Isso devido apresentarem substâncias químicas capazes de provocar alterações no material genético. Essas propriedades podem causar alterações metabólicas, e consequentemente, sintomas de intoxicação ao indivíduo (GREENING, 2019). Atualmente existem inúmeras plantas que causam intoxicação, entre elas: Dieffenbachia seguine (Comigo-ninguém-pode), Jatropha curcas L. (Pinhão), f L. (Mamona), Jatropha gossypiifolia L. (Pinhão roxo) (MATOS, 2012; FOOK, 2014), dentre outras. Em muitas plantas são encontradas diversas substâncias, podendo, inclusive, conter metabólicos secundários (compostos elaborados pelas plantas), e podem estar presentes principalmente na forma de três Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 210 grupos: terpenos, compostos fenólicos e compostos nitrogenados (ZHAO et al., 2017). Muitas pessoas tem acesso a esse tipo de informação, fazendo com que busquem esses recursos, porém, isso pode causar-lhes algum tipo de problema, já que podem estar expostas a agentes tóxicos (SILVA; MOURA; LÚCIO NETO, 2015). Compostos citotóxicos e genotóxicos são aqueles que podem trazer nocividade às células decorrente de algumas substâncias (SALES et al., 2016), pois conseguem destruí- las, além de alterar a duplicação e transcrição gênica, promovendo alterações no fuso mitótico e na quebra de cromossomos (SANTANA et al., 2016). Segundo o Ministério da Saúde, o emprego da fitoterapia vem sendo amplamente utilizado. Fitoterápico pode ser definido como “produto obtido de matéria-prima ativa vegetal, exceto substâncias isoladas, com finalidade profilática, curativa ou paliativa, incluindo medicamento fitoterápico e produto tradicional fitoterápico (BRASIL, 2014, p. 2). A fitoterapia é caracterizada pelo uso de plantas medicinais não apenas em chás, mas significa a valorização de uma cultura milenar, aliada a sabedoria, ao conhecimento acumulado e partilhado entre as gerações (MARQUES et al., 2019). A escola precisa trazer para a discussão as experiências extracurriculares dos alunos para o processo de aprendizagem. Por isso, Krasilchik (2016), quando se busca conhecer a realidade dos estudantes e os saberes já Educação, tecnologias e sociedade 211 consolidados, isso garante mais informação para serem utilizadas em sala de aula, por exemplo, auxiliando professores nas suas aulas práticas. Ausubel (1982) reforça que ações que visem a valorização do conhecimento prévio dos estudantes, pois dessa forma, eles atuam como agente ativo do processo de aprendizagem. Dessa forma, são capazes de relacionar e acessar novos conhecimentos, contribuindo assim para a construção de uma aprendizagem significativa e pautada nas experiências. A compreensão sobre os benefícios e malefícios das plantas medicinais vem sendo cada vez difundida para a população (FRANÇA et al., 2008). A realização de projetos em grupos locais e, atualmente nas escolas, vem chamando a atenção da comunidade acadêmica. A realização de atividades pedagógicas, como a execução de um projeto piloto com discentes e docentes da Escola Estadual de Ensino Médio de Brejo do Cruz, na Paraíba, identificou que é necessário incluir a temática sobre plantas medicinais entre os conteúdos ministrados em sala de aula (BRITO, 2013), a fim de estimular a aprendizagem dos alunos sobre a importância e preservação desses vegetais (FIRMO et al., 2011). Brandão, Moreira e Acúrcio (2001), em um estudo realizado com 172 alunos dos cursos de graduação em Biologia e Farmácia, em diversas Universidades e Faculdades brasileiras, observaram que há necessidade de os alunos conhecerem as plantas medicinais para fortalecer a sua formação profissional, seu conhecimento científico, os Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 212 saberes populares e o interesse em aprimorar os seus conhecimentos nessa área. O presente trabalho teve como objetivo analisar os conhecimentos dos estudantes do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (IFPI), Campus Floriano, relacionado ao uso tradicional de plantas medicinais com finalidade terapêutica. MATERIAL E MÉTODOS Caracterização da Amostra A pesquisa foi realizada no campus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (IFPI), localizado no município de Floriano (06º 46' 01"S, 43º 01' 21"O), altitude 112m, na região do médio Parnaíba, sul do Estado do Piauí. A pesquisa adotada foi com abordagem quali-quantitativa de caráter descritivo (MARCONI; LAKATOS, 2017). A população amostral foi 83 alunos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas levando-se em consideração o erro padrão igual a 10%. Instrumentos de coleta de dados A coleta de dados foi realizada mediante a aplicação de um questionário com perguntas abertas e fechadas, Educação, tecnologias e sociedade 213 segundo Carvalho e Conceição (2015), com adaptações, que tiveram como objetivo identificar as principais estruturas das plantas: buscando identificar os conhecimentos dos estudantes acerca da utilização das plantas medicinais com propriedades terapêuticas e seu conhecimento etnobotânico, do uso de fitoterápicos e ainda sobre quais possíveis problemas esses recursos naturais podem causar ao organismo humano. Para a identificação das espécies, foi aplicada a metodologia proposta por Mere et al. (2018) e Araújo e Lima (2019) utilizando-se a exposição de imagens das principais plantas que são usadas para fins terapêuticos na região, com sua prévia catalogação seguindo o Angiosperm Philogeny Group, APG (Grupo de Filogenia das Angiospérmicas) (CRONQUIST, 1988). Intervenção educativa Após a tabulação dos dados, uma palestra sobre Etnobotânica com alunos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas que participaram do estudo. Alguns pontos foram discutidos: a) conceito sobre etnobotânica e plantas medicinai; b) conhecimento tradicional associado as plantas; c) principais propriedades bioativas das plantas; e, d) danos potenciais ao material genético. Posteriormente, foi aplicado um questionário com perguntas abertas e fechadas aos alunos, para avaliar os possíveis benefícios Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 214 e/ou malefícios em detrimento do consumo de certas plantas medicinais. A análise qualitativa foi realizada mediante a utilização de critérios propostos por Griffin et al. (2003), e Carneiro e Silva (2007). Os dados foram agrupados em categorias, como: Classe 0= sem resposta (respostas do tipo não sei, errada ou em branco); Classe 1= resposta pobre/ sem informação (respostas que não indicam compreensão do aluno sobre o tema); Classe 2= resposta fraca/ racionalidade científica não compatível com modelo científico (respostas que manifestam certa compreensão dos conceitos, mas sem fundamentação teórica); Classe 3= resposta satisfatória/ racionalidade científica com certa compatibilidade com o científico (respostas que demonstram compreensão dos elementos científicos mais importantes); Classe 4=resposta excelente/ expressa racionalidade científica com ou sem refinamento de modelo compatível (percebe-se compreensão total sobre a resposta, podendo apresentar refinamento nas respostas). A avaliação dos dados quantitativos foi feita pela análise descritiva de frequência, desvio-padrão e o teste não paramétrico Mann-Whitney (p < 0,05) de probabilidade. Todas a análises foram realizadas no programa de estatística Statistical Package for the Social Sciences (SPSS)23.0 (FIELD, 2009). RESULTADOS E DISCUSSÃO Educação, tecnologias e sociedade 215 O estudo foi desenvolvido com 83 alunos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas dos módulos II, IV, VI e VIII com idade variando de 18 a 45 anos. Com relação ao sexo dos pesquisados, 32,5% são do sexo masculino e 67,5% do sexo feminino. Inicialmente, questionou-se aos estudantes se eles utilizavam plantas medicinais para fins terapêuticos, observou-se que 91,6% utilizavam plantas medicinais com essa finalidade e apenas 8,4% dos estudantes não usavam para esse propósito (Tabela 1). Segundo Bruning et al. (2012), o emprego de plantas medicinais para tratar determinadas doenças é uma prática comum empregada no Brasil. SANTOS et al. (2017), em um estudo realizado no Recôncavo Baiano com moradores do Rio do Onha e Riacho Dantas em Santo Antônio de Jesus, registraram que 74,7% dos moradores utilizavam as plantas medicinais para fins terapêuticos, sendo que desses, 53,6% utilizavam somente remédios caseiros a partir dessas plantas. Isso pode estar relacionado com a falta de acesso a medicina tradicional e o nível de desenvolvimento social. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 216 Tabela 1 – Uso de plantas medicinais utilizadas para fins terapêuticos pelos alunos Fi(1) (%) DP Var. Sim 76 91,6 0,28 0,08 Não 7 8,4 Total 83 100 (1)Fi – Frequência; (%) - Porcentagem; DP – Desvio padrão; Var – Variância. Algumas plantas medicinais apresentam distribuição cosmopolita, por isso, são amplamente cultivadas em diversas regiões brasileiras. Nesse sentido, evidenciou-se que, 88% dos estudantes afirmaram já terem usado remédios fabricados a base de plantas medicinais e 12% relataram que nunca realizaram essa prática (Tabela 2). Essa prática difere dependendo dos indivíduos e da biodisponibilidade das plantas. Zeni et al. (2017) avaliando o uso de remédios caseiros por 701 indivíduos da cidade de Blumenau, em Santa Catarina, registraram que 21,9% usavam remédios caseiros a base de plantas medicinais, que eram obtidas nos próprios quintais das residências, sendo de fácil acesso para esses moradores. Corroborando esses resultados, Santos et al. (2017) identificaram que 53,6% dos entrevistados usavam apenas remédios caseiros Educação, tecnologias e sociedade 217 e 21,2% afirmaram fazerem uso de remédios caseiros e medicamentos alopáticos. Tabela 2 – Uso de remédios à base de plantas medicinais para tratar algum problema de saúde segundo as percepções dos alunos Fi(1) (%) DP Var. Sim 73 88 0,28 0,11 Não 10 12 Total 83 100 (1)Fi – Frequência; (%) - Porcentagem; DP – Desvio padrão; Var – Variância. Quando questionados sobre o uso das plantas medicinais para fins terapêuticos, os estudantes apresentaram as seguintes repostas: 13,3% consideram esse recurso natural de baixo custo, 22,1% consideram que são de fácil acesso, sendo muitas vezes, encontradas no quintal da própria residência, 39,8% dos estudantes, consideram que o uso dessas plantas dar-se-á em detrimento dos conhecimentos populares que são passados ao longo das gerações, e 24,8% consideram as plantas como um recurso que não traz malefícios ao indivíduo (Figura 1). O uso das plantas medicinais vem crescendo ao longo dos anos, principalmente por serem consideradas um recurso natural Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 218 disponível na flora nativa, de baixo custo e inofensiva para grande parte da população (PEREIRA et al., 2018). Figura 1 – Motivos pelo qual os estudantes do IFPI/Campus Floriano utilizavam as plantas medicinais para fins terapêuticos No Quadro 1 apresentam-se as principais plantas usadas pelos estudantes para fins terapêuticos, onde os representantes das famílias Lamiaceae (45,3%), Poaceae (9,1%), Zingiberaceae (6,82%) e Fabaceae (6,42%), somaram juntos 67,64% das citações. As partes das plantas mais utilizadas pelos estudantes foram as folhas (94,62%) e a casca (57,29%). A família Lamiaceae é formada por ervas ou arbustos, comumente aromáticas, sendo encontrada principalmente em regiões de Cerrado e atualmente compreende cerca de 32 gêneros e 294 espécies (HARLEY, 2012). A família Poaceae tem ampla distribuição e alto percentual de 0 20 40 60 80 100 Baixo custo fácil acesso Saberes populares Não faz mal A lu n o s (% ) Uso de plantas medicinais Educação, tecnologias e sociedade 219 espécies de ciclo perene (SASAKI; MELLO-SILVA, 2008). Zingiberaceae é composta por ervas perenes de ampla distribuição, principalmente no Brasil, sendo considerada a maior família de monocotiledôneas polinizadas por vertebrados (OLIVEIRA JUNIOR; LEITE, 2007). A família Fabaceae tem distribuição cosmopolita que inclui as espécies conhecidas popularmente como leguminosas, entre as quais estão incluídas plantas de interesse econômico e medicinal (CANTUÁRIA et al., 2017) Dentre as partes das plantas utilizadas para o preparo de chás e infusões, merecem destaque as folhas, que aparecem como as mais utilizadas em vários estudos, seguido pela casca e o fruto (ARAUJO; LIMA 2019). Lustosa et al. (2017), também encontraram resultados similares ao deste estudo, com uma frequência percentual absoluta de citações de 75,5% para as folhas e 63,3% para a casca, sendo as estruturas mais usadas. Quadro 1 – Descrição das plantas medicinais utilizadas pelos estudantes do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, sendo NPP - Nome popular das plantas; NCP – Nome científico das plantas; %CPE – Porcentagem de citação pelos estudantes; FTCE – Finalidade terapêutica citada pelos estudantes; FP – Família da planta; EUE – Estrutura utilizada pelos estudantes NPP(1) NCP FP %CPE EUE FTCE(2) Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 220 A ça fr ã o Curcuma longa Z in g ib er a ce ae 6,82 Folhas Gripe G en g ib re Zingiber officinale Fruto Inflamação na garganta A le cr in Rosmarinus officinalis L am ia ce ae 45,3 Sementes Febre e gripe V ic k Mentha arvensis Folhas Gripe A lf av ac a Ocimum basilicum Folhas Febre H o rt el ã Mentha villosa Folha, casca Febre e gripe B o ld o Plectranthus barbatus andrews Folhas Problemas intestinais, problemas no fígado https://www.google.com/search?sxsrf=ACYBGNTWSxazBzFe8CqeMliyVMLHJXkt_g:1573223827776&q=Zingiberaceae&stick=H4sIAAAAAAAAAONgVuLQz9U3sLCIN1_EyhuVmZeemZRalJicmpgKACXqGiEcAAAA&sa=X&ved=2ahUKEwiPoqC769rlAhX7LLkGHemDBScQmxMoATAcegQIEBAg&sxsrf=ACYBGNTWSxazBzFe8CqeMliyVMLHJXkt_g:1573223827776 https://www.google.com/search?sxsrf=ACYBGNTWSxazBzFe8CqeMliyVMLHJXkt_g:1573223827776&q=Zingiberaceae&stick=H4sIAAAAAAAAAONgVuLQz9U3sLCIN1_EyhuVmZeemZRalJicmpgKACXqGiEcAAAA&sa=X&ved=2ahUKEwiPoqC769rlAhX7LLkGHemDBScQmxMoATAcegQIEBAg&sxsrf=ACYBGNTWSxazBzFe8CqeMliyVMLHJXkt_g:1573223827776 https://www.jardineiro.net/familia/lamiaceae https://www.jardineiro.net/familia/lamiaceae https://www.jardineiro.net/familia/lamiaceae Educação, tecnologias e sociedade 221 M an je ri cã o Ocimum basilicum Folhas Problemas respiraórios E rv a C id re ir a Melissa officinalis Folhas Calmante A lg o d ão Gossypium hirsutum l. M al v ac ea e 2,59 Folha e casca Inflamação H ib is co Hibiscus rosa- sinensis Folha e flor Emagrecer V as so u ri n h a Scoparia dulcis Folhas Problemas respiratórios A lh o Allium sativum L il ia ce ae 0,97 Fruto Problemas cardiacos A lo e V er a Aloe arborescens A sp h o d el ac e ae 0,97 Caule e casca Febre, gripe, problemas intestinais, diarreia https://www.jardineiro.net/familia/malvaceae https://www.jardineiro.net/familia/malvaceaehttps://www.jardineiro.net/familia/asphodelaceae https://www.jardineiro.net/familia/asphodelaceae https://www.jardineiro.net/familia/asphodelaceae Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 222 A n g ic o Anadenanthera macrocarpa F ab ac ea e 6,49 Folhas Febre C at in g a d e p o rc o Cenostigma pyramidale Casca Diarréia e febre P at a d e v ac a Bauhinia variegata Folhas Problemas intestinais P au d e ra to Cenostigma pyramidale Folhas Febre T am ar in d o Tamarindus indica Folhas Febre T re v o Trifolium pratense Folhas Febre F ed eg o so Senna occidentalis Folhas Febre Educação, tecnologias e sociedade 223 Ja to b á Hymenaea courbaril Fruto Inflamação B ab o sa Aloe arborescens A sp h o d el ac ea e 1,62 Folhas Ferimentos B at at a d e p u lg a Operculina macrocarpa C o n v o lv u la ce ae 0,32 Fruto Antimicrobiano S er ig u el a Spondias purpurea A n ac ar d ia ce ae 0,32 Folhas Febre C aj u Anacardium occidentale 0,65 Folhas Dores de barriga C am o m il a Matricaria recutita A st er ac ea e 3,25 Folhas Calmante C an el a Cinnamomum zeylanicum blume. L au ra ce ae 0,32 Casca Calmante https://www.jardineiro.net/familia/asphodelaceae https://www.jardineiro.net/familia/asphodelaceae https://www.jardineiro.net/familia/asphodelaceae https://www.google.com/search?sxsrf=ACYBGNRAeAATZmRwFhLrlxxphJIXWhWdSw:1573235727649&q=Anacardiaceae&stick=H4sIAAAAAAAAAONgVuLQz9U3yDI0KFnEyuuYl5icWJSSmZicmpgKAJqWgUocAAAA&sa=X&ved=2ahUKEwi37cbll9vlAhVQILkGHeG-BK4QmxMoATAdegQIDhAj&sxsrf=ACYBGNRAeAATZmRwFhLrlxxphJIXWhWdSw:1573235727649 https://www.google.com/search?sxsrf=ACYBGNRAeAATZmRwFhLrlxxphJIXWhWdSw:1573235727649&q=Anacardiaceae&stick=H4sIAAAAAAAAAONgVuLQz9U3yDI0KFnEyuuYl5icWJSSmZicmpgKAJqWgUocAAAA&sa=X&ved=2ahUKEwi37cbll9vlAhVQILkGHeG-BK4QmxMoATAdegQIDhAj&sxsrf=ACYBGNRAeAATZmRwFhLrlxxphJIXWhWdSw:1573235727649 https://www.jardineiro.net/familia/asteraceae https://www.jardineiro.net/familia/asteraceae https://www.jardineiro.net/familia/asteraceae Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 224 M ac o n h a Cannabis sativa C an n ab ac ea e 0,65 Folhas Tratar convulsões C ap im S an to Cymbopogon citratus P o ac ea e 9,1 Folhas Febre e Gripe C o en tr o Coriandrum sativum A p ia ce ae 0,65 Folhas Gripe C eb o la Allium cepa A m ar y ll i d ac ea e 0,32 Folhas Antimicrobiano C h á V er d e Cammelia sinensis (L.) T h ea ce ae . 0,65 Folhas Emagrecer G o ia b ei ra Psidium guajava M y rt ac ea e 3,24 Folhas Problemas intestinais C ra v o d a ín d ia Syzygium aromaticum Flor Febre https://www.google.com/search?sxsrf=ACYBGNQcycxchpy-5Fl19G9umMZIfWLo6Q:1573225851996&q=Cannabaceae&stick=H4sIAAAAAAAAAONgVuLQz9U3SK7Iy1nEyu2cmJeXmJSYnJqYCgDIw1C8GgAAAA&sa=X&ved=2ahUKEwia3LyA89rlAhWfHrkGHew1BBcQmxMoATAVegQIDhAj&sxsrf=ACYBGNQcycxchpy-5Fl19G9umMZIfWLo6Q:1573225851996 https://www.google.com/search?sxsrf=ACYBGNQcycxchpy-5Fl19G9umMZIfWLo6Q:1573225851996&q=Cannabaceae&stick=H4sIAAAAAAAAAONgVuLQz9U3SK7Iy1nEyu2cmJeXmJSYnJqYCgDIw1C8GgAAAA&sa=X&ved=2ahUKEwia3LyA89rlAhWfHrkGHew1BBcQmxMoATAVegQIDhAj&sxsrf=ACYBGNQcycxchpy-5Fl19G9umMZIfWLo6Q:1573225851996 https://www.google.com/search?sxsrf=ACYBGNQcycxchpy-5Fl19G9umMZIfWLo6Q:1573225851996&q=Cannabaceae&stick=H4sIAAAAAAAAAONgVuLQz9U3SK7Iy1nEyu2cmJeXmJSYnJqYCgDIw1C8GgAAAA&sa=X&ved=2ahUKEwia3LyA89rlAhWfHrkGHew1BBcQmxMoATAVegQIDhAj&sxsrf=ACYBGNQcycxchpy-5Fl19G9umMZIfWLo6Q:1573225851996 https://pt.wikipedia.org/wiki/Poaceae https://pt.wikipedia.org/wiki/Poaceae https://pt.wikipedia.org/wiki/Apiaceae https://pt.wikipedia.org/wiki/Apiaceae https://pt.wikipedia.org/wiki/Amaryllidaceae https://pt.wikipedia.org/wiki/Amaryllidaceae https://pt.wikipedia.org/wiki/Amaryllidaceae https://www.jardineiro.net/familia/myrtaceae https://www.jardineiro.net/familia/myrtaceae Educação, tecnologias e sociedade 225 E u ca li p to Eucalyptus globulus Folhas Febre In h ar é Brosimum gaudichaudii M o ra ce ae 1,62 Casca Problemas intestinais U n h a d e g at o Ficus pumila Folhas Febre L ar an je ir a Citrus sinensis R u ta ce ae 1,95 Fruto Febre L im ão Citrus limon Fruto Febre e gripe L o u ro Laurus nobilis a u rá ce as 0,32 Folhas Febre M al v a d o R ei n o Malva sylvestris L. M al v ac ea e 1,95 Folhas Gripe https://www.jardineiro.net/familia/moraceae https://www.jardineiro.net/familia/moraceae https://www.jardineiro.net/familia/rutaceae https://www.jardineiro.net/familia/rutaceae Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 226 M am o n a Ricinus communis E u p h o rb i ac ea e 0,97 Fruto Antimicrobiano M ar a cu já Passiflora edulis sims P as si fl o ra ce ae 0,97 Fruto Calmante M en tr u z Dysphania ambrosioides A m ar a n t h ac ea e 3,57 Folhas Inflamação N o n i Morinda citrifolia R u b ia ce ae 0,32 Fruto Emagrecer P iã o Jatropha curcas L. E u p h o rb i ac ea e 1,62 Folhas Gripe Q u eb ra p ed ra Phyllanthus niruri P h y ll an th ac ea e 2,60 Folhas Problemas renais R o m ã Punica granatum L y th ra ce a e 0,97 Folhas Gripe https://www.google.com/search?sxsrf=ACYBGNTXeZvDxQuLJzmOyo2IppSzar-zxg:1573234993517&q=Euphorbiaceae&stick=H4sIAAAAAAAAAONgVuLQz9U3SC9KtljEyutaWpCRX5SUmZicmpgKADkrwSUcAAAA&sa=X&ved=2ahUKEwja9b6HldvlAhXPILkGHZJWBjMQmxMoATAdegQIDhAj&sxsrf=ACYBGNTXeZvDxQuLJzmOyo2IppSzar-zxg:1573234993517 https://www.google.com/search?sxsrf=ACYBGNTXeZvDxQuLJzmOyo2IppSzar-zxg:1573234993517&q=Euphorbiaceae&stick=H4sIAAAAAAAAAONgVuLQz9U3SC9KtljEyutaWpCRX5SUmZicmpgKADkrwSUcAAAA&sa=X&ved=2ahUKEwja9b6HldvlAhXPILkGHZJWBjMQmxMoATAdegQIDhAj&sxsrf=ACYBGNTXeZvDxQuLJzmOyo2IppSzar-zxg:1573234993517 https://www.google.com/search?sxsrf=ACYBGNTXeZvDxQuLJzmOyo2IppSzar-zxg:1573234993517&q=Euphorbiaceae&stick=H4sIAAAAAAAAAONgVuLQz9U3SC9KtljEyutaWpCRX5SUmZicmpgKADkrwSUcAAAA&sa=X&ved=2ahUKEwja9b6HldvlAhXPILkGHZJWBjMQmxMoATAdegQIDhAj&sxsrf=ACYBGNTXeZvDxQuLJzmOyo2IppSzar-zxg:1573234993517 https://pt.wikipedia.org/wiki/Amaranthaceae https://pt.wikipedia.org/wiki/Amaranthaceae https://pt.wikipedia.org/wiki/Amaranthaceae https://www.google.com/search?sxsrf=ACYBGNQIDVnLblX4jpBemslu6-6o_783HQ:1573235310309&q=Rubiaceae&stick=H4sIAAAAAAAAAONgVuLQz9U3SDOOz1vEyhlUmpSZmJyamAoAkR4xDhgAAAA&sa=X&ved=2ahUKEwiftsaeltvlAhV9IbkGHR14DqgQmxMoATAcegQIDhAg&sxsrf=ACYBGNQIDVnLblX4jpBemslu6-6o_783HQ:1573235310309 https://www.google.com/search?sxsrf=ACYBGNQIDVnLblX4jpBemslu6-6o_783HQ:1573235310309&q=Rubiaceae&stick=H4sIAAAAAAAAAONgVuLQz9U3SDOOz1vEyhlUmpSZmJyamAoAkR4xDhgAAAA&sa=X&ved=2ahUKEwiftsaeltvlAhV9IbkGHR14DqgQmxMoATAcegQIDhAg&sxsrf=ACYBGNQIDVnLblX4jpBemslu6-6o_783HQ:1573235310309 https://www.google.com/search?sxsrf=ACYBGNTt1bPsrZtce0yX6K70v1eTgCujAg:1573235591618&q=Phyllanthaceae&stick=H4sIAAAAAAAAAONgVuLUz9U3MM0xzjZaxMoXkFGZk5OYV5KRmJyamAoArAPBwR4AAAA&sa=X&ved=2ahUKEwjSjtikl9vlAhVbD7kGHVQPA2sQmxMoATAeegQIDhAn&sxsrf=ACYBGNTt1bPsrZtce0yX6K70v1eTgCujAg:1573235591618 https://www.google.com/search?sxsrf=ACYBGNTt1bPsrZtce0yX6K70v1eTgCujAg:1573235591618&q=Phyllanthaceae&stick=H4sIAAAAAAAAAONgVuLUz9U3MM0xzjZaxMoXkFGZk5OYV5KRmJyamAoArAPBwR4AAAA&sa=X&ved=2ahUKEwjSjtikl9vlAhVbD7kGHVQPA2sQmxMoATAeegQIDhAn&sxsrf=ACYBGNTt1bPsrZtce0yX6K70v1eTgCujAg:1573235591618 https://www.google.com/search?sxsrf=ACYBGNTt1bPsrZtce0yX6K70v1eTgCujAg:1573235591618&q=Phyllanthaceae&stick=H4sIAAAAAAAAAONgVuLUz9U3MM0xzjZaxMoXkFGZk5OYV5KRmJyamAoArAPBwR4AAAA&sa=X&ved=2ahUKEwjSjtikl9vlAhVbD7kGHVQPA2sQmxMoATAeegQIDhAn&sxsrf=ACYBGNTt1bPsrZtce0yX6K70v1eTgCujAg:1573235591618 https://pt.wikipedia.org/wiki/Lythraceae https://pt.wikipedia.org/wiki/Lythraceae https://pt.wikipedia.org/wiki/LythraceaeEducação, tecnologias e sociedade 227 (2) Todas as indicações são baseadas em conhecimentos populares dos estudantes, pois neste estudo não objetivou avaliar as propriedades biológicas e toxicológica destas plantas. A forma de preparo das plantas medicinais para tratar determinadas doenças apresentou variância em torno de 1,67. O chá foi a forma mais usada (63,4%), seguido do lambedor (21,4%), suco (3,8%), banho de assento (3,8%), infusão (4,6), e in natura (3,1%) (Figura 2). Araújo e Lima (2019) identificaram que alunos de escolas pública e privada no interior do Piauí, utilizaram as plantas medicinais para fins terapêuticos. Os autores observaram também que o chá e lambedores foram as formas de preparo mais utilizadas. Brito, Marín e Cruz (2017) encontraram resultados semelhantes ao desse estudo, em uma pesquisa desenvolvida com cinco comunidades rurais localizadas na APA Tambaba, litoral sul paraibano, onde também registraram o chá e lambedores como as formas de preparo mais empregadas. U ru cu m Bixa orellana B ix ac ea e 0,32 Folhas Febre Total - - 100 - - https://www.google.com/search?biw=1366&bih=635&sxsrf=ACYBGNQuje21MJwyKqpLJpD7h-_Nr6sgqA:1573236153422&q=Bixaceae&stick=H4sIAAAAAAAAAONgVuLUz9U3MCpKTylexMrhlFmRmJyamAoAU6fJ-xgAAAA&sa=X&ved=2ahUKEwjb98mwmdvlAhV9F7kGHXtrCmIQmxMoATAcegQIDxAg https://www.google.com/search?biw=1366&bih=635&sxsrf=ACYBGNQuje21MJwyKqpLJpD7h-_Nr6sgqA:1573236153422&q=Bixaceae&stick=H4sIAAAAAAAAAONgVuLUz9U3MCpKTylexMrhlFmRmJyamAoAU6fJ-xgAAAA&sa=X&ved=2ahUKEwjb98mwmdvlAhV9F7kGHXtrCmIQmxMoATAcegQIDxAg https://www.google.com/search?biw=1366&bih=635&sxsrf=ACYBGNQuje21MJwyKqpLJpD7h-_Nr6sgqA:1573236153422&q=Bixaceae&stick=H4sIAAAAAAAAAONgVuLUz9U3MCpKTylexMrhlFmRmJyamAoAU6fJ-xgAAAA&sa=X&ved=2ahUKEwjb98mwmdvlAhV9F7kGHXtrCmIQmxMoATAcegQIDxAg https://www.google.com/search?biw=1366&bih=635&sxsrf=ACYBGNQuje21MJwyKqpLJpD7h-_Nr6sgqA:1573236153422&q=Bixaceae&stick=H4sIAAAAAAAAAONgVuLUz9U3MCpKTylexMrhlFmRmJyamAoAU6fJ-xgAAAA&sa=X&ved=2ahUKEwjb98mwmdvlAhV9F7kGHXtrCmIQmxMoATAcegQIDxAg Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 228 Figura 2 – Formas com os estudantes do IFPI/Campus Floriano utilizam as plantas medicinais Para fins terapêuticos Em decorrência da ampla variabilidade de plantas medicinais utilizadas pelos estudantes, buscou-se saber as formas de aquisição desses recursos. Cerca de 42,2% dos estudantes, essas plantas são obtidas no próprio quintal, onde, em alguns casos, há presença de hortas. Outra forma de aquisição registrada foi através da compra, onde 27,7% dos estudantes relataram adquirirem as plantas em feiras ambulantes e mercados próprios. Por outro lado, 15,7% dos estudantes relataram que, muitas vezes, conseguem com amigos, vizinhos ou parentes e 14,5% recorrem a mata para a procura da planta desejada (Figura 3). 0 20 40 60 80 100 A lu n o s (% ) Formas de uso das plantas medicinais Educação, tecnologias e sociedade 229 Figura 3 – Formas de aquisição das plantas medicinais pelos alunos do IFPI/Campus Floriano O teste de Mann-Whitney mostrou que a variável sexo tem efeito sobre sua percepção dos alunos em relação aos problemas que as plantas medicinais possam causar ao organismo humano (U=112,00; p<0,001). Assim, observou- se que 72,3% dos estudantes acreditavam que por ser um recurso natural, o uso de plantas medicinais não irá trazer nenhum problema ao organismo (Tabela 3). 0 20 40 60 80 100 Próprio quintal Compra Quintal de terceiros Mata A lu n o s (% ) Locais de aquisição das plantas medicinais Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 230 Tabela 3 – Problemas provocado pelas plantas medicinais para o organismo humano segundo as percepções dos estudantes do IFPI/Campus Floriano, 2019. Fi – Frequência; (%) - Porcentagem; DP – Desvio padrão; Var – Variância; Et- Estatística do teste de Mann Whitney (U). A categorização das respostas qualitativas, mostrou que 72,29% dos alunos não tinham conhecimento sobre os principais problemas que podem ser ocasionados por substâncias tóxicas presentes em determinadas plantas medicinais (Categoria 0) e 13,25% dos alunos apresentaram respostas que sugerem um conhecimento mais amplo sobre a temática (Categoria 3). As demais categorias apresentaram porcentagens bem inferiores, demonstrando pouco conhecimento sobre o tema, Categoria 1=3,61%, Categoria 2=8,43% e Categoria 4=2,41%. Resultados similares foram encontrados no estudo de Araújo e Lima (2019), no qual os alunos entrevistados acreditavam que por serem um recurso natural, as plantas medicinais não Fi(1) (%) DP Var. ETMW Sim 23 27,7 0,45 0,20 U=112,00 Não 60 72,3 P<0,001 Total 83 100 Educação, tecnologias e sociedade 231 causavam danos aos indivíduos. Firmo et al. (2011) relataram que é necessário conhecer sobre as propriedades biológicas das plantas que serão ingeridas pelo indivíduo, para que não haja problemas, como por exemplo, intoxicação por substancias tóxicas, a fim de mitigar efeitos adversos propiciando então, um uso eficiente e confiável. Após a atividade de intervenção educativa (palestra), observou-se que 90% dos estudantes conseguiram assimilar as informações trabalhadas sobre etnobotânica e sua importância sobre as plantas medicinais para fins terapêuticos. Os alunos foram questionados como esses saberes etnobotânicos poderiam contribuir para a formação docente. Assim, cerca de 98% dos estudantes responderam que sim, sugerindo a importância de conhecer mais sobre as plantas medicinais para ter um entendimento amplo sobre esses recursos naturais. No ambiente educacional, há necessidade de realizar pesquisas básicas sobre plantas que são usadas no cotidiano e possibilitar ao aluno a capacidade de aprender mais sobre a Botânica, principalmente sobre as estruturas das plantas e os componentes bioativos presentes nelas. Segundo Prado et al. (2019) há necessidade da realização de estudos etnobotânicos que visem compreender a relação entre os indivíduos e plantas medicinais. O conhecimento sobre essas espécies vegetais possibilita o entendimento sobre práticas de conservação pelos alunos desde a formação básica. Dessa forma, Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 232 Ausubel (1982) discute que atividades que estimulem a construção do saber, através de conhecimentos prévios, são de fundamental importância dentro do processo de aprendizagem, pois podem desenvolver no aluno a capacidade de desenvolver a aprendizagem significativa. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os estudantes do curso de Ciências Biológicas do IFPI/Campus Floriano tinham conhecimentos acerca das plantas medicinais, e as usavam para fins terapêuticos. No entanto, por ser um recurso natural, eles não acreditavam que poderiam causar algum dano ao organismo. Através das percepções desses estudantes, observou-se uma ampla variabilidade de espécies utilizadas por eles para esse fim. Por outro lado, um dos principais problemas identificados, foi a falta de conhecimentos dos estudantes sobre os principais danos ao material genético que determinadas plantas poderiam ocasionar, em decorrência das substâncias presentes nessas espécies. Portanto, a atividade educativa foi esclarecedora no entendimento dos estudantes sobre a etnobotânica, no entanto ainda é necessária a realização de mais estudos a nível toxicológico, para se conhecer as propriedades biológicas das plantas citadas pelos estudantes, a fim de fornecer segurança durante o uso. Educação, tecnologias e sociedade 233 REFERÊNCIAS ANDRADE, M. M. Competências requeridas pelos gestores de Instituições de ensino superior privadas: um estudo em Curitiba e região Metropolitana. 2005.Dissertação (Mestrado em Tecnologia) –Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2005. ARAÚJO, M. S.; LIMA, M. M. O. L. O uso de plantas medicinais para fins terapêuticos: os conhecimentos etnobotânicos de alunos de escolas pública e privada em Floriano, Piauí, Brasil. Revista de Educação em Ciências e Matemática, v. 15, n. 33, p. 235-250, 2019. AUSUBEL, D. P. A aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São Paulo: Moraes, 1982. BIDAK, L. M. et al. Goods and services provided by native plants in desert ecosystems: examples from the northwestern coastal desert of Egypt Global. Ecology and Conservation, v.3, n. 1, p. 433-447, 2015. BRASIL. Resolução da Diretoria Colegiada - RDC n° 26, de 13 de maio de 2014. Brasília, 2014. BRANDÃO, M. G. L. I.; MOREIRA, R. A. I.; ACÚRCIO, F. A. Interesse dos estudantes de Farmácia e Biologia por Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 234 plantas medicinais e fitoterapia. Revista brasileira de farmacognosia, v. 11, n. 2, p. 71-76, 2001. BRITO, M. F. M.; MARÍN, E. A.; CRUZ, D. D. Plantas medicinais nos assentamentos rurais em uma área de proteção no litoral do nordeste brasileiro. Ambiente & Sociedade, v. 20, n. 1, p. 83-104, 2017. BRITO, A. A. Diagnóstico do uso e importância das plantas medicinais entre docentes e discentes do ensino médio do município de Brejo do Cruz – PB. Monografia – João Pessoa, 2013. BRUNING, M. C. R. et al. A utilização da fitoterapia e de plantas medicinais e comunidades básicas de saúde nos municípios de Cascavel e Foz do Iguaçu Paraná: a visão dos profissionais de saúde. Ciência saúde coletiva, v. 17, n. 10, p. 2675-2685, 2012. CANTUÁRIA, P. C. et al. Ocorrência de Fabaceae da Área de Proteção Ambiental da Fazendinha, Macapá, Amapá, Brasil. Biota Amazônica, v. 1, n. 1, p. 1-4, 2017. CARNEIRO, S. P.; SILVA, J. O Teste Allium cepa no ensino de Biologia Celular: um estudo de caso com alunos da graduação. Revista Acta Scientiae, v. 9, n. 2, p. 122-130, 2007. Educação, tecnologias e sociedade 235 CARVALHO, A. P.S.; CONCEIÇÃO, G. M. Utilização de plantas medicinais em uma área da estratégia de saúde da família, Caxias, Maranhão. Enciclopédia biosfera, v. 11, n. 21, p. 34-77, 2015. CAVAGLIER, M. C. S.; MESSEDER, J. C. Plantas Medicinais no Ensino de Química e Biologia: Propostas Interdisciplinares na Educação de Jovens e Adultos. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, v. 14, n. 1, p. 55 a 71, 2014. CRONQUIST, A. The evolution and classification of flowering plants. 2nd. edition. New York Botanical Garden: Bronx, 1988. FIELD, A. Descobrindo a estatística usando o SPSS. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. FIRMO, W. C. et al. Contexto Histórico, Uso Popular e Concepção Científica sobre Plantas Medicinais. Cadernos de Pesquisas, v. 18, n. especial, p. 90-95, 2011. FOOK, S. M. L.; SOARES, Y. C.; ALMEIDA, C. F. et al. Análise da ocorrência de plantas tóxicas em escolas estaduais no município de Campina Grande (PB) como Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 236 estratégia na prevenção de intoxicações. Revista Saúde e Ciência, v. 3, n. 1, p. 4455, 2014. FRANÇA, I. S. X. et al. Medicina popular: benefícios e malefícios das plantas medicinais. Revista Brasileira de Enfermagem, v.61, n.2, p. 201-8, 2008. GREENING, L. A note on toxicity of plants - on plant selection and maintenance. Toxicity, v. 2, n. 4, p. 1-15, 2019. GRIFFIN, V. et al. Identifying novel helix-loophelix genes in Caenorhabditis elegans through a classroom demonstration of functional genomics. Cell Biology Education, v. 2, n. 1, p. 51-62, 2003. HARLEY, R. M. Checklist and key of genera and species of the Lamiaceae of the Brazilian Amazon. Rodriguésia, v. 63, n. 1, p. 129-144, 2012 KRASILCHIK, M. Prática de ensino de Biologia. 4. ed. São Paulo: Edusp, 2016. LIMA, C. A. A. et al. A etnobotânica aplicada à úlcera gástrica e avaliação farmacológica de Solanum stipulaceum. Acta Brasiliensis, v. 1, n. 1, p.1-7, 2017. Educação, tecnologias e sociedade 237 LUSTOSA, M. A. F. S. et al. Saberes relacionados ao uso de plantas medicinais e influência na prática didática dos estudantes de Mãe D’Água, Paraíba, Brasil. Scientia Plena, v. 13, n, 6, p. 1-9, 2017. MACHAO, M. A. B. et al. Plantas medicinais, características e usos: um estudo no contexto da educação do campo. Facit Business and Technology Journal, v. 2, n. 1, p. 31-54, 2017. MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de Metodologia Científica. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2017. MARQUES, P. A. et al. Prescrição farmacêutica de medicamentos fitoterápicos. Brazilian Journal of Natural Sciences, v. 1, n. 2, p. 1-9, 2019. MATOS, E. H. S. F. Plantas tóxicas mais comuns no Brasil. Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico. 2012. MERE, J. C. E. et al. Conhecimento, percepção e ensino sobre plantas medicinais em duas escolas públicas no município de Benjamin Constant - AM. Experiências em Ensino de Ciências, v. 13, n. 2, p. 62-79, 2018. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 238 MESSIAS, M. C. T. B. et al. Uso popular de plantas medicinais e perfil socioeconômico dos usuários: um estudo em área urbana em Ouro Preto, MG, Brasil. Revista brasileira de plantas medicinais, v. 17, n. 1, p. 76- 104, 2015. NADIROGLU, N.; BEHÇET, B; ÇAKILCIOGLU, U. An ethnobotanical survey of medicinal plants in Karliova (Bingol-Turkey). Indian Journal of Traditional Knowledge, v. 18, n. 1, p. 76-87, 2019. OLIVEIRA JUNIOR, J. B.; LEITE, M. S. A Ordem Zingiberales nos Herbários do Estado de Pernambuco. Revista Brasileira de Biociências, v. 5, supl. 2, p. 810812, 2007. PEREIRA, S. C. B. et al. Levantamento Etnobotânico de Quintais Agroflorestais em Agrovila no Município de Altamira, Pará. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, v. 13, n. 2, p.200-207, 2018. PIMENTEL, V. et al. Biodiversidade brasileira como fonte da inovação farmacêutica: uma nova esperança?. Revista do BNDES, v. 43, n. 1, p.43-89, 2015. Educação, tecnologias e sociedade 239 PRADO, A. C. C. et al. Etnobotânica como subsídio à gestão socioambiental de uma unidade de conservação de uso sustentável. Rodriguésia, v. 70, n. 1, p.0370-6583, 2019. ROCHA, M. et al. Etnobotânica um instrumento para valorização e identificação de potenciais de proteção do conhecimento tradicional. Interações, v. 16, n. 1, p. 6774, 2015. ROQUE, A. A.; ROCHA, R. M.; LOIOLA, M. I. B. Uso e diversidade de plantas medicinais da Caatinga na comunidade rural de Laginhas, município de Caicó, Rio Grande do Norte (nordeste do Brasil). Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 12, n. 1, p.31-42, 2010. SASAKI, D.; MELLO-SILVA, R. Levantamento florístico no cerrado de Pedregulho, SP, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 22, n. 1, p. 187-202, 2008. SALES, I. M. S. et al. Microingredientes aromatizantes sintéticos artificiais em associação: triagem para a atividade citotóxica e genotóxicas. Revista brasileira de Biociencias, v. 14, n.4, p. 233-237, 2016. SANTANA, G. M. et al. Antimitotic and antimutagenic action of the Hymenae astigonocarpa bark on dividing cells. Brazilian Journal of Biology, v. 76, n. 2, p.520-525, 2016. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 240 SANTOS, R. S. et al. Uso regular de plantas medicinais para fins terapêuticos em famílias residentes na zona rural de Santo Antônio de Jesus – Bahia – Brasil. Journal Health Biological Science, v. 5, n. 4, p.364-370, 2017. SILVA, A. E.; MOURA, J. W. M.; LÚCIO NETO, M. P. Avaliação tóxica, citotóxica, genotóxica e mutagênica Daturnera ulmifolia L. (chanana)em células eucarióticas. RevistaSaúde em foco, v. 2, n. 1, p. 25-48, 2015. ZENI, A. L. B. et al. Utilização de plantas medicinais como remédio caseiro na Atenção Primária em Blumenau, Santa Catarina, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 22, n. 8, p. 2703-2712, 2017. ZHAO, X. et al. Functional Characterization of a new Tea (Camellia sinensis) Flavonoid Glycosyltransferase. Journal Agric Food Chem, v. 65, n 10, p. 074-2083, 2017. Educação, tecnologias e sociedade 241 DA VOZ DA PROFESSORA À PALAVRA ESCRITA: VIVÊNCIAS NARRADAS E O ENSINAR COM A EDUCAÇÃO DIGITAL INCLUSIVA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Reisimá Castro de Sousa Aldenor Batista da Silva Junior Ellery Henrique Barros da Silva Eder Ahmad Charaf Eddine INTRODUÇÃO Evidencia-se a importância da inclusão digital na educação infantil, como ferramenta de fundamental importância no processo ensino aprendizagem. Porém, a tecnologia digital busca estruturar, desenvolver e potencializar a forma de comunicação da sociedade, tornando a inclusão digital uma necessidade social que facilita, viabiliza e possibilita aos indivíduos uma participação ativa na construção do conhecimento dentro da sociedade na qual estão inseridos, à medida que aumenta a necessidade social da Inclusão Digital como forma de comunicação mais abrangente, democrática e Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 242 popular, facilitando a sua inserção no processo de inclusão social de cada indivíduo (LÉVY, 1996). Nesse sentido, é necessário que o sistema educacional ofereça a seus alunos recursos tecnológicos existentes na sociedade digital, afim de que tenham oportunidade de inseri-los em sua rotina, agregando essa experiência ao seu universo de formação e dependência no âmbito escolar. No entanto, esses recursos são ferramentas eficazes que podem aperfeiçoar o processo educacional existente na escola. Nesse contexto (LÉVY, 1996), afirma que a utilização das novas tecnologias, no processo educativo, cria novas formas de ensinar e aprender, trazendo a educação características inovadoras capazes de motivas professores e alunos com grande desempenho para o desenvolvimento da autonomia na construção do conhecimento durante o processo ensino-aprendizagem. Esses recursos educacionais associados ao uso do computador, tornam-se atraentes aos alunos, e sua utilização deverá provir de sua realidade, para despertar o interesse do aluno. Em sua trajetória de vida, o professor encontra várias dificuldades relacionadas ao processo de inclusão digital no âmbito escolar, que na maioria das escolas, a inclusão digital está sendo deixada a desejar, pois faltam equipamentos para se Educação, tecnologias e sociedade 243 trabalhar as novas tecnologias, onde em muitos locais o próprio gestor municipal abre mão de equipar as escolas, atrasando o desenvolvimento educacional local. Diante disso, Lévy (1996, p. 13) afirma que: A inclusão digital é um direito humano que deriva da nova organização e movimento social provocado pela inserção das tecnologias digitais em todos os espaços vitais para a sobrevivência em nosso planeta. Por isso, a escola precisa ter uma conexão adequada às necessidades pedagógicas e pessoais de seus alunos e professores. Tendo em vista as indagações e os referenciais apresentados, busca-se como objetivo, analisar os elementos constitutivos do exercício profissional do professor na educação infantil e a influência desses quesitos na constituição de uma educação digital inclusiva. Como metodologia, adota-se a abordagem qualitativa, em que se pretende considerar questões próprias relativas aos relatos de uma professora- pesquisadora, suas representações sobre o trabalho docente, as necessidades específicas do ensino na educação infantil, bem como as relações estabelecidas por esses docentes no dia-a-dia da sala de aula relacionados ao uso da tecnologia. Pretende-se ainda, com essa pesquisa, obter melhor compreensão sobre as condições objetivas e subjetivas Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 244 presentes nos fatores que geram realização do profissional da educação infantil com o seu trabalho na educação digital inclusiva. O TRABALHO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Há uma variedade de saberes que os professores necessitam articular em suas práticas, considerando a fase de desenvolvimento e a livre-expressão das crianças, como também as diversas linguagem oral e escrita, matemática, artística, corporal, musical, temporal e espacial. Porém, as pesquisas sobre os saberes docentes têm destacado a importância de se analisar a questão da pratica pedagógica como elemento relevante no processo de ensino-aprendizagem. De acordo com os teóricos Tardif (2000) ou Grosman et al. (2005) apontam para a importância de o professor ter domínio e conhecimento dos conteúdos que ensina para que a aprendizagem dos alunos ocorra de modo significativo. Pois, a maior preocupação acerca da educação infantil reside em romper com a pratica de décadas voltada ao cuidar e dar foco a criança como produtora de conhecimento e cultura. Entretanto, as pesquisas sobre a educação infantil não apresentam muita exploração de abordagens diferenciadas, sendo que a maioria trata de assuntos como Educação, tecnologias e sociedade 245 a ludicidade e a questão do brincar. A importância dessa pesquisa nos refere aos saberes docentes que são necessários para os professores que trabalham com a educação infantil, considerando então que o docente em sua trajetória, constrói e reconstrói seus conhecimentos de acordo com a necessidade de sua utilização, etapa de atuação, de suas experiencias, bem como de sua trajetória e formação profissional. Apesar de os avanços na legislação da educação infantil, esta etapa do ensino ainda apresenta uma diversidade de intervenções que, na maioria das vezes, são instruídas com pouca intencionalidade pedagógica adequada a essa faixa etária. No entanto, nas últimas décadas, a educação infantil tem sido algo de inúmeras pesquisas e despertado o interesse de pesquisadores e governantes acerca das especificidades da criança. Dessa forma, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB nº 9394/1996, dividiu a educação infantil em creche e pré-escola. Entretanto, afirma que ambas têm a mesma função de cuidar e educar, eliminando as dicotomias, que rotulam a creche como exclusiva do cuidado e a pré-escola, responsável pela educação. Nesse entendimento, compreende a educação infantil como a faixa etária entre 0 e 5 anos. Entende-se que nesta idade deve ser explorado o desenvolvimento infantil de forma plena quanto à questão da ludicidade e da motricidade. Porém, alguns teóricos do desenvolvimento Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 246 infantil, como Wallon (2007) e Vygotsky (1994), afirmam que a motricidade e a ludicidade da criança se constituem nos principais fatores para o seu desenvolvimento, pois, cabe ao professor mediar situações intencionais e livres no cotidiano infantil, nas quais abranjam esses dois fatores preponderantes para o seu desenvolvimento. Dessa forma, o professor de educação infantil deve compreender o desenvolvimento infantil e respeitar a cultura da criança como capaz de produzir. Posto isso, é necessário que o docente que atua nessa etapa da educação possua saberes que respeitem e valorizem a criança como alguém que produz cultura (WALLON, 2007; VYGOTSKY, 1994). Segundo Vygotsky (1994), a criança é um sujeito que produz cultura, exige que se conheça a cultura infantil, seus modos de produção e expressão que se planejem situações capazes de desafiá-las, ajudando-as a avançar nas suas aprendizagens e no desenvolvimento de suas potencialidades. Para Brougère (1998), a cultura em que está inserida a criançae a sua cultura lúdica, pois o educador deve sempre que necessário explorar tais atividades, principalmente na Educação Infantil, mas antes de tudo ele deve ter percepção clara do que é uma criança e de que a escola não é composta apenas de livros e leituras. De acordo com Vygotsky (1994), o brincar tem de ser mais enfatizado nas escolas, pois é sabido que “na Educação, tecnologias e sociedade 247 idade pré-escolar surge uma grande quantidade de tendências e desejos não possíveis de serem realizados de imediato”. Dessa forma, o brincar corresponde imediatamente a tais desejos, ou seja, a finalidade do brincar tem como intuito a possibilidade de lidar com esses desejos não realizados prontamente, pois no brincar uma forma especificamente humana, que envolve um mundo imaginário, porque a criança pode atribuir aos objetos novos significados. Nessa perspectiva, se faz necessário que os saberes docentes na educação infantil devam circular a questão do brincar e do lúdico, pois a criança expõe a necessidade de se expressar. Assim, torna-se necessário que os processos de formação docentes levem em conta consideração as experiencias dos futuros professores sem separá-la da prática, colocando-as em situação de mediação dos conflitos do exercício da função, a fim de encontrar significado a teoria. Ao analisar a formação docente (PIMENTA, 2000), relata que o saber docente não é formado apenas da prática, sendo também nutrido pelas teorias da educação. Dessa forma, a teoria tem importância fundamental na formação dos docentes, pois dota os sujeitos de variados pontos de vista para uma ação contextualizada, oferecendo perspectivas de análises para que os professores compreendam os contextos históricos, sociais, Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 248 culturais, organizacionais e de si próprios como profissionais. Nesse entendimento, Pimenta (2000) enfoca que o ensino como prática reflexiva tem se estabelecido como uma tendência significativa nas pesquisas em educação, apontando para a valorização dos processos de produção do saber docente a partir da pratica e situando a pesquisa como um instrumento de formação de professores, em que o ensino é tomado como ponto de partida e de chegada da pesquisa. Porém, Pimenta (2000) relata que a teoria como cultura objetivada é importante na formação docente, uma vez que, além de seu poder formativo, dota os sujeitos de pontos de vista variados para uma ação contextualizada, os saberes teóricos propositivos se articulam, pois aos saberes da prática, ao mesmo tempo ressignificados. Pois, o papel da teoria é oferecer aos professores perspfectivas de análise para compreenderem os contextos históricos, sociais, culturais, organizacionais e de si mesmos como profissionais, nos quais se dá sua atividade docente para neles intervir, transformando-os. Neste cenário, Pimenta (2000) ratifica que os professores necessitam de uma formação profissional adequada as reais necessidades da escola. Conforme as explicações da autora, é necessário que os cursos de formação continuada desenvolvam nos alunos conhecimentos, habilidades, atitudes e valores, para que possam construir seus saberes-fazeres docentes e enfrente Educação, tecnologias e sociedade 249 novos desafios. Neste sentindo, Pimenta (2000) relata que a identidade profissional se constrói a partir da significação social da profissão, da revisão das tradições, então é no contato com a realidade escolar que o docente irá colocar em pratica tudo o que aprendeu nos cursos de formação. Dessa forma, a formação de professores na tendência reflexiva de acordo com Pimenta (2007, p. 31) se configura como: Uma política de valorização do desenvolvimento pessoal profissional dos professores e das instituições escolares, uma vez que supõe condições de trabalho propiciadores da formação continuada dos professores, no local de trabalho em redes de auto formação e em parceria com outras instituições de formação. À vista disso, a autora enfoca que o professor qualificado é aquele responsável pelo cotidiano da sua sala de aula, possui conhecimento e o saber pedagógico, tendo compromisso com o professor de ensino-aprendizagem. Nesta perspectiva Pimenta (2007, p. 51) afirma que a formação de professores para a escola básica constitui, pois, um fator relevante na melhoria da qualidade da escola pública, mas não considera de forma isolada. Segundo a autora, a qualificação do professor é importante Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 250 para a luta de uma política de recuperação da escola democrática e um ensino de qualidade. Diante de tais relatos, Pimenta (2000) evidencia que a formação profissional do professor precisa adquirir condições de estruturar práticas pedagógicas que desempenhem uma ação docente visando a participação e o envolvimento dos alunos na construção do conhecimento. Entretanto, entende-se que são várias razões que levam os docentes a seguirem essa profissão, mesmo enfrentando desafios pessoais e profissionais, os quais poderiam induzi-los a desistência. Segundo Pimenta (2012), a escolha pela docência é pessoal e livre, cada indivíduo terá uma motivação que poderá ser semelhante ou totalmente diferente com relação ao outro. Porém, a partir do ponto de vista de Pimenta , “o indivíduo procura realizar-se ao desempenhar um papel responsável e voluntário” (PIMENTA, 2012, p. 53). Dessa forma, percebe-se que na prática docente, a convivência com os desafios é frequente, o que aponta ao professor a exigência de estar em constante busca por recursos e metodologias para que a aprendizagem dos alunos ocorra conforme o desejado e planejado, contando também com a relevância da formação continuada. Entretanto, são vários desafios encontrados pelo educador em sala de aula, como a questão de obter a atenção dos alunos, confrontando-se muitas vezes com as Educação, tecnologias e sociedade 251 novas tecnologias. Conforme Moreira (2010, p. 9), são duas as condições para a aprendizagem significativa: material potencialmente significativo (disponibilidade de conhecimentos especificamente relevantes) e predisposição para aprender. Diante dos desafios encontrados no cotidiano escolar, tanto a escola quanto os professores buscam ressignificar seus papéis, afim de oferecer um ensino de qualidade aos educandos. De acordo com Libâneo (2009), o desafio que se põe a educação escolar é oferecer serviços de qualidade e um produto de qualidade, de modo que os alunos obtenham uma aprendizagem significativa ao longo do processo ensino- aprendizagem. No entanto, considerando os deságios que o professor enfrenta em sua trajetória de vida, ser professor é uma profissão complexa, relacionado aos diversos desafios que são enfrentados no cotidiano. Pois o processo de desenvolvimento e aprendizagem é singular a cada indivíduo, os docentes necessitam criar estratégias metodológicas quase que diárias, para prenderem a atenção do aluno e vencer a disputa com os diversos meios de dispersão que possam ter em sala de aula. Porém, com os desafios frequentes é necessário que o professor esteja sempre em buscar de possibilidade para que o processo de ensino-aprendizagem ocorra de forma a desenvolver uma educação de qualidade e a educação digital é uma delas. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 252 A EDUCAÇÃO DIGITAL INCLUSIVA COMO POSSIBILIDADE METODOLÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Com o avanço das tecnologias na área educacional, fica ampliada a variedade de opções que se tem no momento de planejar uma atividade didática. O papel do professor passa a ser também o de gestor desses recursos de maneira a propiciar meios nos quais seus alunos poderão buscar novas informações em várias destas fontes. Torna-seevidente que os novos recursos didáticos despertam a atenção e o interesse daqueles que estudam provocando nestes a capacidade de gerir e administrar seus próprios caminhos na busca do conhecimento. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, “a autonomia é tomada ao mesmo tempo como capacidade a ser desenvolvida pelos alunos e como princípio didático geral, orientador das práticas pedagógicas.” PCNs (vol. 1, p.94), portanto, acredita-se estar propiciando meios de garantir autonomia no aprendizado. Segundo Lévy (1996), a tecnologia digital busca estruturar, desenvolver e potencializar a forma de comunicação da sociedade do século XXI, tornando a Inclusão Digital uma necessidade social que facilita, viabiliza e possibilita aos indivíduos uma participação ativa na construção da sociedade na qual estão inseridos. À Educação, tecnologias e sociedade 253 medida que aumenta a necessidade social da Inclusão Digital como forma de comunicação, a mesma torna-se mais abrangente, democrática e popular, facilitando sua incursão no processo de inclusão social. Porém, Lévy (1996) definiu a atual era das tecnologias da informação e comunicação como uma era posterior à da tecnologia da oralidade e da escrita. No entanto, a era digital impõe uma nova visão de existir no mundo, gerando outras formas culturais, que vem substituindo princípios, valores, processos, produtos e instrumentos tecnológicos que medeiam a ação do ser humano com o meio. Neste entendimento, é necessário que o sistema educacional ofereça a seus alunos os recursos tecnológicos existentes na sociedade digital, a fim de que esses tenham a oportunidade de inseri-los em sua rotina, agregando essa experiencia ao seu universo. Dessa forma, esses recursos são ferramentas eficazes que podem aperfeiçoar o processo educacional já existente. A utilização das novas tecnologias, no processo educativo, cria novas formas de ensinar e aprender, trazendo à educação características inovadoras capazes de motivar professores e alunos, sendo bastante significativas para o desenvolvimento da autonomia, da criatividade e da possibilidade de execução na construção do conhecimento. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 254 No entanto, os recursos educativos associados ao uso do computador tornam- se atraentes aos alunos, e sua utilização deverá provir de suas realidades, contando com elementos que façam parte de sua vida diária e que além disso, sejam causadores de impactos e despertadores de interesse. Neste caso, Farias (2003) enfoca que, equipar escolas e laboratórios de informática com computadores novos, acesso a internet e demais recursos tecnológicos não representam, sozinhos a inserção de uma nova proposta pedagógica no processo educativo. Porém, Farias (2003, p. 19) descreve que: Não é suficiente equipar materialmente as escolas. É preciso cuidar do material humano, de sua formação continuada como estratégia de política prioritária para que a incorporação de tecnologias como o computador, possa de fato, ser um contribuinte à educação. Do contrário, a mudança na prática escolar na perspectiva de melhora, tende a constituir-se numa retórica do discurso político sedutor. Dessa forma, Claxton (2005) enfoca que os critérios de renovação, atualização e continuidade em investimentos educacionais são bases para a formação humana constituinte de uma sociedade justa e equilibrada, pois o conhecimento e a aprendizagem fazem parte da natureza humana. Educação, tecnologias e sociedade 255 Nesse entendimento Bruner (1971, p. 1) afirma que: Cada geração dá nova forma às aspirações que modelam a educação em seu tempo. O que talvez esteja surgindo, como marca da nossa, é um amplo renovar da preocupação com a qualidade e os objetivos intelectuais da educação. Portanto, cabe ao processo educativo auxiliar na constituição de uma nova sociedade, favorecendo aos indivíduos a dominação da linguagem digital, desenvolver potenciais e estruturar competências e habilidades essenciais para a participação ativa nessa rede social. De acordo com Demo (1998), a Inclusão Digital nas escolas deve acontecer com os alunos e professores concomitantemente, a utilização da tecnologia, aliada aos conteúdos desenvolvidos em sala de aula apresenta-se como a principal transformação na forma de trabalhar na educação. Cabe aos educadores buscar a adaptação dos meios didáticos para a obtenção de satisfação e produtividade dos alunos na aprendizagem de um conteúdo ou habilidade. Nesta perspectiva, Demo (1998) afirma que um bom educador deve interferir no processo educativo de forma inovadora, desenvolvendo a competência de o saber pensar, sempre buscando novas formas de aprender. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 256 Para tanto, a equipe1 de Inclusão Digital e Assessoria de informática buscam dar constante formação pedagógica e tecnológica para o uso adequado dos laboratórios, bem como a capacitação periódica dos estagiários que auxiliam no atendimento dos alunos nos turnos de funcionamento. Portanto, a partir desses pressupostos, enfatiza-se que as Tecnologias de Informação e Comunicação vem para favorecer a inclusão digital, propiciando a interatividade, liberdade de criação e compartilhamento de novas informações e conhecimentos através da educação, realizando uma reflexão sobre a aplicabilidade no contexto educacional das escolas. A tecnologia na educação favorece muito a aprendizagem do aluno e a aproximação de professores e alunos, pois através deste meio tecnológico ambos têm a possibilidade de construírem conhecimentos através da escrita, troca de ideias e experiencias, a tecnologia na educação é vista como uma ferramenta de auxilio ao processo da aprendizagem. As tecnologias na educação possibilitam ao indivíduo o acesso a milhares de informações e complexidade de contextos tanto próximo como distantes de sua realidade, no processo educativo pode servir como espaço de socialização gerando saberes e conhecimentos. De acordo com Levy (1999), as tecnologias de informação 1 Gestores, coordenadores e professores, melhorando a eficiência do ensino formando pessoas mais capacitadas. Educação, tecnologias e sociedade 257 e comunicação tem desempenhado um papel importante na educação, pois através dessa ferramenta a comunicação flui sem que haja barreira. É denominada como prática de utilizar meio tecnológicos em métodos de ensino frequentemente à adoção de processos mais dinâmicos de aprendizagem. Porém, essas ferramentas tecnológicas auxiliam o professor na preparação das atividades e estimulam os alunos a se socializarem com os colegas, além de levá-los a buscar novos conhecimentos, tornando as aulas mais atraentes e inovadoras e auxilia a descobrir novas estratégias para aperfeiçoar o processo educacional. Porém, o benefício da educação digital é proporcionar aos educadores um universo imenso de métodos de ensino, com a possibilidade de gerar engajamento nos estudantes, e resulta em menores índices de evasão escolar, por conta das aulas mais inovadoras e motivadoras, melhorando a eficiência do ensino, formando pessoas mais capacitadas (LEVY, 1999). Nesse entendimento, a educação digital traz novos desafios, mas também novas oportunidades no que tange a sua inclusão, pois nunca tivemos acesso a tantas fontes de informações e recursos de aprendizagem que influencia estudantes e educadores. Nesse contexto, a educação digital traz novos desafios, mas também novas oportunidades no que tange a sua inclusão, pois nunca tivemos acesso a tantas fontes Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 258 de informações e recursos de aprendizagem que influênciam estudantes e educadores (LÉVY, 1999). No entanto, a inclusão educacional é um direitodo aluno e requer mudanças na concepção e nas práticas de gestão, sala de aula e de formação de professores, para que se efetive o direito de todos à escolarização. Está fundamentado na Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva. Porém, para falar sobre inclusão escolar é preciso repensar o sentido que se está atribuindo à educação, além de atualizar nossas concepções e ressignificar o processo de construção de todo o indivíduo (RAMOS, 2005). Nesse contexto, Warnock (1993) relata que a transformação de todas as escolas em escolas inclusivas é um grande desafio que temos que enfrentar, pois a redefinição do papel das escolas especiais como responsáveis pelo oferecimento de atendimento educacional especializado e das escolas comuns como o local onde os alunos, através do conhecimento, possam questionar a realidade e coletivamente viver experiências que reforcem o sentimento e condição para que a inclusão aconteça. Nesse entendimento, Warnock (1993) enfatiza que o atendimento educacional especializado se diferencia completamente do trabalho realizado na sala de aula comum, pois, deve ser oferecido nas salas de recursos, no horário oposto ao que o aluno frequenta a escola, Educação, tecnologias e sociedade 259 individualmente ou em pequenos grupos, pelo professor em formação específica do aluno com deficiência ou com altas habilidades. Para isso, o professor do Atendimento Educacional Especializado (AEE) deve articular-se com o professor da sala comum, orientando-o sobre o uso de equipamentos e materiais de acessibilidade e coletando informações a respeito da aprendizagem do aluno (RAMOS, 2005). Portanto, Warnock (1993, apud RAMOS, 2005, p. 3) afirma que: É através do atendimento educacional especializado que os professores do ensino comum e do ensino especial devem buscar soluções que venham beneficiar o aluno, respondendo às suas necessidades específicas, garantindo o acesso e permanência com sucesso na escola e assim combatendo a exclusão. Porém, é preciso que os problemas de aprendizagem deem lugar ao estudo e reflexão dos problemas de ensino, assim como em vez de preocuparmos sobre como devemos ensinar, precisamos estudar como os nossos alunos aprendem, pois, atividades tão comuns como ditar e escrever, falar e ouvir, devem ser totalmente eliminadas pelos professores que nos seus espaços de formação precisam refletir sobre suas práticas e criar alternativas que reconheçam que educar é muito Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 260 mais do que preparar alunos para reproduzir fórmulas e conceitos que não entendem, pois educar é preparar futuros cidadãos críticos e que venham obter uma aprendizagem significativa no final. NARRATIVAS DE UMA PROFESSORA DA EDUCAÇÃO INFANTIL E O ENSINAR COM A EDUCAÇÃO DIGITAL INCLUSIVA Escolhi ser professora por decisão própria, primeiro porque cursei magistério. Inicialmente não trabalhava como professora e sim como costureira, tendo assim, duas profissões. Comecei alfabetizando minha filha em casa e fui adquirindo uma afinidade em alfabetizar. No início da minha jornada, trabalhei com alfabetização de jovens e adultos. Porém, cada vez mais ficava encantada com o trabalho desenvolvido, ou seja, com aquela relação professor aluno. Então, surgiu uma proposta para trabalhar com a Educação Infantil, aceitei, e ao longo do percurso fui me qualificando cada vez mais. De acordo com a socialização, com a diversidade cultural, a escola me transformou, pois aprendi a ver o mundo com um olhar diferente, olhar de humanização, porque quando lidamos com pessoas diferentes no ambiente de trabalho, temos que ser éticos e aceitar a opinião do outro, ou seja, temos que respeitar o sujeito de acordo com a sua identidade, respeitando as diferenças sociais. Educação, tecnologias e sociedade 261 Sou pedagoga formada em Licenciatura Plena em Pedagogia e Pós-graduada em Atendimento Educacional Especializado (AEE). Cursei Informática Básica na Educação, e no momento estou cursando Tecnologias Digitais na Educação. Curso capacitação de gestores e professores, com o tema Arte, Cultura e Comunicação para diversidade Ético-Racial. Formação continuada de professores: Reflexão sobre o Processo de Alfabetização: a descoberta do código. Práticas Pedagógicas do Professor Alfabetizador: Reflexões sobre a Práxis. Curso de formação em Alfabetização e Linguagem na educação infantil. Curso de Pedagogia com o tema “Reflexões sobre a prática e a formação docente. Curso de Formação de Alfabetizadores, da ALFALIT Brasil. Curso III Fórum Municipal de Educação: Ensinar, Aprendendo Novos Paradigmas na Educação. Para mim, o uso das tecnologias é de fundamental importância em nossa vida, pois abre fronteiras e nos leva a um caminho muito amplo de informações sobre a realidade social, conectando-os ao mundo virtual, que representou como um grande desafio encontrado ao longo do percurso. No entanto, as escolas que ministrei aulas a maioria não tinham laboratório de informática para o professor trabalhar com seus alunos, pois as escolas só tinham um computador e uma máquina de fotocopiar. Os professores passavam trabalhos de pesquisa para os alunos Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 262 pesquisarem e eles realizavam essas pesquisas fora da escola. Por onde passei só existiu uma escola com laboratório de informática, mas com um próprio professor de informática, no qual os alunos eram selecionados para cursar informática, e o professor titular não poderiam ir com seus alunos. Nessa escola, os alunos frequentavam a sala de informática no contra turno. Os alunos de outras escolas não tinham acesso às novas tecnologias, as multimídias, devido a falta de equipamentos tecnológicos que não existiam na escola. Devido as exigências do mercado de trabalho relacionadas a era digital, ainda não me sinto preparada para trabalhar essas novas tecnologias, que vieram como um desafio para o professor, como é o caso das aulas remotas ministradas neste ano de 2020, pois tenho que buscar uma qualificação profissional a cada dia. Na maioria das escolas que trabalhei não existia laboratório de informática devido a necessidade, que as vezes faltava até o papel A4 para fotocopiar atividades para o professor trabalhar com seus alunos. Não existe nenhum incentivo por parte da gestão escolar, o diálogo e que se um estudante quiser uma qualificação, vá em busca do seu próprio conhecimento, e que os pais tem que pagar curso de qualificação profissional se quiserem que seus filhos tenham uma vaga no mercado de trabalho. Os alunos reagem ao mundo virtual de forma prazerosa, Educação, tecnologias e sociedade 263 buscam fazer novas descobertas relacionado às novas tecnologias digitais. Nesse entendimento, eu acredito que a maioria dos alunos tem conhecimento relacionado às novas tecnologias, seja por mais necessitado que for, devido aos programas sociais implantados pelo Governo Federal. Percebe-se que os estudantes estão mais ativos, devido aos conhecimentos adquiridos aos programas sociais relacionados às novas tecnologias da informação, pois na maioria das vezes são capazes de resolver desafios encontrados dentro da sociedade na qual fazem parte. Porém, nas escolas por onde passei, não existia infraestrutura, muito precária, salas de aulas lotadas de crianças e às vezes faltava materiais pedagógicos, se o professor quisesse trabalhar uma aula com ludicidade, tinha que comprar com o seu próprio salário, às vezes faltavam até carteiras para os alunos sentarem. Como recente, na escola em que estou trabalhando no momento, há falta de um bebedouro e não tem rampa de acessibilidade, se o professor fosse copiar algo na lousa, não conseguia, porque a mesma estavadanificada. Fica então, deixando tudo a desejar com falta de recursos próprios, interferindo na aprendizagem do aluno. Neste caso, se existisse infraestrutura nas escolas, eu acreditaria que iria melhorar a aprendizagem dos estudantes, e possibilitar uma vivencia prática de maneira atraente e estimulante, enfim, aumentando o interesse de Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 264 cada aluno e podendo adquirir uma aprendizagem significativa ao final do processo. As exigências da gestão em querer que o professor desenvolva o ensino de qualidade em relação as tecnologias, é que os educadores se qualifiquem, sem arcar com nenhum incentivo, ou seja, uma remuneração para os professores se qualificarem. Dessa forma, o professor deve arcar com todos os custos, caso queira ter cursos de qualificação profissional. Os estudantes tem se qualificado cada vez mais com as tecnologias da informação, os mesmos tem buscado se qualificar mais, para poder entrar no mercado de trabalho, pois a partir dessas ferramentas os estudantes tem vencidos os obstáculos que surfem em seu cotidiano, e sim se transformando em cidadãos críticos com novas maneiras de pensar e conviver dentro da sociedade. A escola não dispõe de nenhuma tecnologia, os equipamentos existentes na escola é só um computador, uma máquina de fotocopiar para uso próprio. Não é fácil acessar as tecnologias na escola, porque não existem. Portando, os desafios socioeconômicos encontrados que interferem no uso das tecnologias em sala de aula é a falta de recursos próprios para arcar com as despesas na educação do nosso país. Os gestores não responsabilizam em ministrar um poder público com democratização para que haja uma educação de qualidade para todos. Nesse caso, só quem sofre são as classes menos Educação, tecnologias e sociedade 265 favorecidas, e esses fatores impossibilitam ao aluno a adquirir uma aprendizagem significativa. CONSIDERAÇÕES FINAIS Portanto, este estudo permitiu-nos analisar os saberes docentes que permeiam a prática pedagógica de professores que atuam na educação infantil e compreender aspectos no que tange a inclusão da educação digital no âmbito escolar. Pois, para que haja uma aprendizagem significativa é necessário que os profissionais de educação estejam abertos ao novo, havendo a flexibilidade em dinamizar mudanças de posturas em contextos relacionados a educação inclusiva digital. Nesse entendimento, constata-se a extrema importância do educador está se qualificando cada vez mais para poder desenvolver um ensino de qualidade ao seu aluno com relação às novas tecnologias no âmbito escolar, mediante aos estudos realizados a cerca de uma reflexão sobre o saber docente, como também as práticas de ensino voltada para a diversidade. Nesse contexto as mudanças sociais e culturais a flexibilidade organizacional, a possibilidade de adaptar o currículo e a preparação dos professores, devem contribuir para que todos os alunos participem do processo de inclusão digital e obtenham uma Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 266 aprendizagem significativa durante o processo ensino- aprendizagem. Sendo assim, essa qualificação profissional é importante para a luta de uma política de recuperação da escola democrática e um ensino de qualidade, tornando os sujeitos capazes de resolver desafios encontrados dentro da sociedade na qual estão inseridos. Enfim, pouco existe uma inclusão física, pedagógica e social do estudante relacionado às novas tecnologias digitais na escola, pois faltam equipamentos necessários para os estudantes se apropriarem destes recursos, não usar as tecnologias impossibilita os alunos a se qualificarem. Dessa forma, para que os alunos tenham acesso as tecnologias digitais no cenário educacional, os recursos precisam estar inseridos no cotidiano escolar como instrumento de apoio às matérias e aos conteúdos lecionados tornando-se indispensáveis, despertando o interesse dos alunos e estimulando o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem de cada educando. Por fim, este estudo permitiu-nos analisar os saberes docentes que permeiam a prática pedagógica de professores que atuam na educação infantil e compreender aspectos no que tange a inclusão da educação digital em seu âmbito. Educação, tecnologias e sociedade 267 REFERÊNCIAS BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996. Florianópolis Sindicato das Escolas Particulares de Santa Catarina. 1996. BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997. BROUGÈRE, G. A criança e a cultura lúdica. In: KISHIMOTO, T. M (org). O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira, 1998, p. 19-32. BRUNER, Jerome S. O processo da educação. São Paulo, Nacional, 1971. CAMPEBELL, Linda. Ensino de aprendizagem por meio das inteligências múltiplas. Porto Alegre: Artmed, 2000. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 268 CLAXTON, Guy. O desafio de aprender ao longo da vida. Porto Alegre: Artmed, 2005. DEMO, P. Educar pela pesquisa. São Paulo. Cortez: Autores Associados, 1998. DORNELLES, L. V. Na escola infantil todo mundo brinca se você brinca. CRAIDY, C: p. 101-108. FARIAS, Isabel Maria Sabino. Os professores e as tecnologias na escola: limites e perspectivas da inovação. Tecnologia Educacional. Anos 2002/2003, n. 159/160. FRANCO, M. A. S. Entre a lógica da formação e a lógica das práticas: a medicação dos saberes pedagógicos. Revista Educação e Pesquisa, São Paulo, v 34, n. 1, p. 109- 126, jan/abr. 2008. GROSMAN, Adriana. Saberes Docentes na Educação Infantil. Brasília: Editora Saraiva, 2005. LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. São Paulo: Editora 34, 1996. LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999. LIBÂNEO, José Carlos. Didática: Formação do professor. São Paulo: Cortez, 2009. Educação, tecnologias e sociedade 269 MOREIRA, Marco Antônio. O que é aprendizagem significativa afinal? Cuiabá, 2010. PIMENTA, Selma Garrido. Saberes da Docência e Identidade do Professor. São Paulo: Cortez, 2000. PIMENTA, Selma Garrido (Org). Formação de professores: Identidade e saberes da docência. In: Saberes pedagógicos e atividade docente. 5ª Ed. São Paulo: Cortez, 2007. PIMENTA, Selma Garrido. Formação de professores. Identidade e saberes da docência. 7 ed. São Paulo: Cortez, 2012. RAMOS, Rossana. Passos para a Inclusão. São Paulo: Cortez, 2005. TARDIF, M. Saberes profissionais dos professores e conhecimentos universitários. Revista Brasileira de Educação. ANPED, nº 13, 2000, p. 5- 23. VYGOTSKY, L. S. O papel do brinquedo no desenvolvimento. Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1994, p. 121-137. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 270 WALLON, H. A criança e o adulto. A evolução psicológica da criança. São Paulo: Martins Fontes, 2007. p. 9-19. WARNOCK, M. Educação Especial. São Paulo: Editora Saraiva, 1993. Educação, tecnologias e sociedade 271 POTENCIALIDADES DA INCLUSÃO DIGITAL E DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO AMBIENTE ESCOLAR Rayanne Marques Santana Rocha Joelson de Sousa Morais INTRODUÇÃO No mundo contemporâneo, marcado por grandes avanços na comunicação, na informática e em outras transformações tecnológicas e científicas verifica-se uma influência crescente das tecnologias em sala de aula. Neste sentido, a educação sedepara com o desafio de adaptar-se aos avanços tecnológicos e o de orientar os educandos na utilização de tais tecnologias. Esse artigo versa relevar a importância da inclusão digital no ambiente escolar e apontar os benefícios e desafios que surgem à medida que novas tecnologias são inseridas nesse ambiente. Optou-se por esse tema devido uma das principais características da sociedade moderna ser a inovação tecnológica que influencia diretamente as atividades do Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 272 cotidiano provocando uma série de mudanças nas interações entre as pessoas e o meio em que vivem levando cada vez mais à necessidade de utilização das tecnológicas, e ao mesmo tempo, devido a inserção dessas tecnologias em sala de aula e o impacto que essas têm na vida de educadores e educandos. Busca-se discorrer o tema de forma esclarecedora e promover a discussão das citações de variados autores, utilizadas no decorrer do trabalho. Essas trazem à tona a problemática que grande parte das escolas tem vivenciado, que é lidar com a inovação, com a exigência de implantar essas novas tecnologias que vem surgindo como recurso pedagógico em seus ambientes. O presente trabalho se dispôs de uma metodologia pautada na pesquisa de revisão bibliográfica, através da leitura de variados artigos, buscando sempre uma fundamentação teórica consistente que justifique a importância de se debater esse assunto sob a respectiva de Toledo (2015), Dias; Cavalcanti (2016), Uliano (2016), e Brasil - [BNCC] (2017), etc. É importante esclarecer que as novas tecnologias quando são implementadas nas salas de aula podem trazer grandes benefícios que refletem na inclusão digital e dinamizam cada vez mais o fazer educativo. Entretanto, torna-se imprescindível ressaltar que a aprendizagem só terá sentido aos educandos se os professores os instigarem a utilizar essas novas ferramentas tecnológicas com criticidade, criatividade e de forma significativa. Educação, tecnologias e sociedade 273 Proporcionar a inclusão digital das pessoas ainda é um grande desafio. Isso é visível quando nos deparamos com diferentes realidades, ou seja, comparando as localidades mais desenvolvidas com aquelas comunidades que são mais carentes. Para essas últimas há uma grande barreira que dificulta essa inclusão. Muitos são os fatores, e aqui podem ser citados por exemplo a oferta de internet de qualidade, a disponibilização de equipamentos sofisticados e de profissionais da educação que sejam familiarizados com esses equipamentos. Diante desse contexto de inclusão digital e das TICs nos ambientes escolares, é cabível aqui algumas indagações tais como: a escola está preparada para fazer uso das tecnologias em prol de uma educação de qualidade? As instituições educacionais tem proporcionado espaço pra a inclusão digital das pessoas, de forma que estas venham sentir-se inseridas? Quais as principais mudanças que as TICs trouxeram para os ambientes educacionais e para os sujeitos que integram esses ambientes? Com o propósito de contribuir com o desafio de encontrar caminhos que possibilitem inserir as tecnologias da informação e da comunicação no cenário educacional ou até mesmo sanar o distanciamento entre escolas e inclusão digital se faz primordial, inicialmente, a análise do conhecimento já produzido acerca dessa temática. E é nessa direção que se encaminha a proposta deste estudo tendo como objetivo geral analisar as potencialidades do uso dos Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 274 recursos tecnológicos na educação de modo que a inclusão digital seja uma realidade presente em todas as instituições de ensino. Em meio a esse novo cenário onde as tecnologias estão presentes nas mais variadas ações do cotidiano das pessoas, é muito importante visar a ressignificação dos processos educativos, buscando sempre a inserção de todos os indivíduos e um aprendizado mais dinâmico, energético e significativo. Para que isso ocorra é necessário que haja uma conscientização coletiva, incluindo também as instituições governamentais, bem como o investimento na estrutura e adequação das escolas de modo que fiquem adaptadas com todos os aparatos tecnológicos, assim como a criação de políticas públicas que garantam e mantenham ativas as ações de inclusão digital nas instituições escolares. Essa mobilização deve incentivar os indivíduos a exercerem o exercício máximo de sua cidadania de forma autônoma, e também a inserção destes na cultura digital, portanto é interessante o estudo das teorias e contribuições de Toledo (2015), Dias; Cavalcanti (2016), Uliano (2016), e Brasil - [BNCC] (2017), etc. INCLUSÃO DIGITAL NO AMBIENTE ESCOLAR Definitivamente a sociedade atual tem vivido a era da informatização. É importante citar que isso também tem refletido no ambiente escolar. A disseminação em grande Educação, tecnologias e sociedade 275 escala das novas tecnologias da informação proporcionou ligeiramente que essas adentrassem nas escolas, que tiveram que reinventar seu modelo de educação e adequá- lo a essa nova realidade. A inclusão digital é um dos maiores desafios para a educação contemporânea. Ela visa o acesso democrático às novas tecnologias, de forma que todos sejam inseridos nessa sociedade da informação. Para conceituar inclusão digital é importante ressaltar que o aprendizado adquirido através das novas tecnologias deve perpassar o ambiente escolar e ser significativo principalmente no cotidiano do indivíduo. Sendo assim, incluir uma pessoa digitalmente significa inseri-la, prepará-la, e acima de tudo oportunizar a essa pessoa acesso aos variados recursos tecnológicos, mas sempre de forma significativa e nunca de forma isolada. Assim, para um melhor aproveitamento do uso das tecnologias em sala de aula: “[...] o planejamento prévio e adequado é um fator fundamental para a incorporação de ações e atividades escolares integradas ao uso das tecnologias digitais, podendo, inclusive, fazer transposição didática de plataformas informais, como a própria rede social Facebook, para despertar o interesse e o engajamento dos discentes nesse processo” (ULIANO, 2016, p.82). Nessa perspectiva, para que haja inclusão do sujeito é preciso que ele seja contemplado em todas as suas Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 276 dimensões, tanto ética, social, cultural e técnica. Mesmo que haja políticas atuais que auxiliem nesse processo de busca pela inclusão digital das pessoas, ainda há muito o que ser repensado. Tudo isso vai muito além de implementar computadores e oferecer às escolas o acesso à internet. Em relação a isso Lemos cita que: [...] a inclusão digital não é alcançada apenas quando se dá computadores ou acesso à internet, mas quando o indivíduo é colocado em um processo mais amplo de exercício de sua cidadania. A inclusão digital deve, consequentemente, ser pensada de forma complexa, a partir do enriquecimento de quatro capitais básicos: social, cultural, intelectual e técnico [...] Esses capitais devem ser estimulados, no caso da inclusão ao universo digital, pela educação de qualidade, pela facilidade de acesso aos computadores (e/ou similares) e à rede mundial de computadores, pela geração de empregos, ou seja, pela transformação das condições de existência (LEMOS, 2011, p. 16). Para que o indivíduo se desenvolva nesses quatro pontos básicos mencionados acima é necessário que haja um incentivo vindo da instituição de ensino na qual ele frequenta e dos profissionais que incorporam essa instituição. Socialmente o educando tem que ter a capacidade de interagir com outras pessoas. Culturalmente ele deve preservar suas tradições, mas sempre tendo em Educação, tecnologias e sociedade 277 vista que as mudançasocorrem de forma constante na sociedade e assim ele precisa se adequar ao novo. Intelectualmente o sujeito precisar se desenvolver e ter autonomia no seu aprendizado. E por fim, tecnicamente ele precisa se capacitar e ter intimidade com novas ferramentas tecnológicas que surgem A escola atual deve ser um espaço que permita a discussão, a reflexão de convicções e os questionamentos acerca do conhecimento. As Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) marcam uma importante etapa na educação na medida em que permite a quebra do paradigma de escola como modelo tradicional com ações repetidoras, com disciplinas sendo trabalhadas de maneira individualizada, com professores planejando, executando e avaliando o aluno e nem sempre possibilitando a escuta de seus anseios e curiosidades. Apesar dos grandes avanços na educação, essa ainda convive com paradigmas conservadores no que dizem respeito à implementação das TICs em salas de aula. Um dos grandes desafios é a necessidade de profissionais capacitados e qualificados, que seja familiarizados com as novas ferramentas tecnológicas e que manuseiem essas de forma a proporcionar a aprendizagem por parte do educando. Dessa forma, faz-se necessário um olhar crítico sobre os cursos de formação de professores, que não devem ser restritos apenas a materiais didáticos, mas principalmente proporcionar ao futuro profissional que se Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 278 atualize e seja capaz de incorporar esses novos recursos em sua metodologia de ensino. Dessa forma: “O futuro professor que veio do ontem, estuda no hoje e atuará no amanhã, deve priorizar os recursos tecnológicos e o trabalho colaborativo de construção do conhecimento, para isso torna-se urgente a necessidade de formar professores que conheçam o mundo virtual e presencial. Preparando o professor para aprender a aprender, estando atuante no seu desenvolvimento continuado profissional”. (BOUCHERVILLE, 2010, p. 08) Muitos profissionais da educação ainda não estão familiarizados com as inovadoras TICs. Muitas vezes esse medo do novo acaba criando um receio, que o impede empregar recursos digitais simplesmente por não ter domínio sobre eles. De acordo com Miranda (2007) de fato o uso das tecnologias exige um esforço de reflexão e de modificação de concepções e práticas de ensino, que a maioria dos professores não está disponível para fazer. No ambiente educacional utiliza-se muito os termos alfabetização e letramento. Esses termos tem se adequado à nova realidade em que vivemos e atualmente requer-se muito que a pessoa também seja letrada e alfabetizada digitalmente. Mas para que isso ocorra é necessário que esse indivíduo seja incentivado a ter um olhar crítico Educação, tecnologias e sociedade 279 quanto às tecnologias presentes em sua vida escolar e em seu cotidiano. Proporcionar a inclusão digital é uma atitude que não depende somente da instituição escola. Para que isso possa ocorrer de forma positiva é necessário que haja parcerias e também a criação de políticas públicas educacionais que auxiliem nesse processo. Recentemente, em novembro de 2017, o Governo Federal lançou o programa de Inovação Educação Conectada, com o intuito de apoiar a universalização do acesso à internet e incentivar o uso de tecnologias digitais na Educação Básica. Esse programa prevê levar internet de qualidade para as escolas da zona rural de todo o país, beneficiando milhões de estudantes (BRASIL, 2017). É visível que as TICs facilitam bastante a vida das pessoas, tanto nas suas relações escolares, profissionais e também pessoais. Elas abrem diversas possibilidades e vem proporcionando a todos os seus usuários novos conhecimentos e facilitando a troca de ideias e informações. Como tudo que é novo, isso também tem encontrado certa resistência por parte de algumas pessoas. Nessa perspectiva, a formulação e aprovação de políticas públicas podem ajudar nesse processo de inclusão, uma vez que, estas proporcionam viabilizar o acesso às novas tecnologias digitais. Mas esse processo é um pouco mais complexo do que imagina-se. Ele é definido como sendo um “desafio político, econômico, social e cultural, Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 280 destinado a viabilizar acesso às TIC’s para todos e todas, sem distinções de classe, gênero, etnia, estado geracional e condição física e mental como parte da conquista da sua efetiva cidadania” (MEDEIROS, 2013, p. 40-41). Segundo a autora deve ser levado em conta diversos aspectos, como político, econômico, social e cultural para a efetivação do processo de inclusão. Além disso não pode haver distinção, todos devem ter o direito de estarem incluídos e o acesso às TICs. Dessa forma, a autora também enfatiza que a [...] inclusão digital tornou-se um fenômeno social que, dada a complexidade da sua realização dentro do contexto econômico, político e social contemporâneo, não pode ser simplesmente analisada do ponto de vista técnico e econômico, uma vez que, para viabilizar a universalização e a democratização do acesso às TIC’s, torna-se necessário considerar as dimensões cultural e educacional da sociedade, assim como também reconhecer a vontade e capacidade política do Estado para formular e implementar políticas públicas que sejam capazes de promover e garantir, de fato, a inclusão digital de forma crítica e construtiva (MEDEIROS, 2013, p. 44). É necessário que os estudantes sejam incorporados a essa nova realidade e sintam-se integrantes de um processo realizado de forma planejada. Sendo assim, é necessário Educação, tecnologias e sociedade 281 que docentes se atualizem constantemente e se preparem para lidar com essa nova realidade que é a sociedade da informatização. A inclusão Digital no Ensino à Distância Em um mundo cada vez mais globalizado e informatizado surgiu a necessidade de flexibilizar o ensino e o fazer educativo. Uma das principais inovações foi a implementação da EAD como modalidade de ensino. A Educação à distância já é uma realidade vigente a muitos anos no Brasil, e atualmente vem ganhando cada vez mais espaço e lugar de destaque no setor educacional. Cada vez mais as instituições, tanto as públicas como as privadas, estão aderindo a essa nova forma de ensino. Atualmente essa modalidade contempla tanto a Educação Básica quanto o Ensino Superior. Além disso, vários cursos técnicos e profissionalizantes estão disponíveis às pessoas que optam por essa forma de ensino. Essa forma de estudo é mediada pelas TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação), e uma das grandes vantagens é que mesmo professor e aluno estando em ambientes físicos diferentes, é possível que esses se comuniquem e interajam de forma dinâmica. Maia e Matar (2007, p. 6) caracterizam EAD como “uma modalidade de educação em que professores e alunos estão separados, planejada por instituições e que Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 282 utiliza diversas tecnologias de comunicação.” Dessa forma, o aprendizado ocorre através de um novo espaço virtual e o planejamento deve se adequar a essa realidade virtual. A Educação à distância chama atenção principalmente por se tratar de uma modalidade de ensino democrática e acessível. Essa educação mediada pelas novas tecnologias de informação e comunicação foi capaz de ampliar o ensino, e assim, abrir um leque de opções às instituições educacionais. A EAD não é mais nenhuma surpresa e não é algo totalmente novo. Há décadas que essa prática vem sendo adotada aqui no Brasil, pois o Ministério da Educação (MEC), iniciou o credenciamento das faculdades em 1999, tornando válida a educação a distância para todos os níveis de escolarização. É bom ressaltar que ela evoluiu com a introdução e o desenvolvimentodas TICs. Como afirma Ribeiro (2014, p. 10), “A EAD não constitui uma modalidade de ensino-aprendizagem totalmente nova. Na verdade, o que se observa é a renovação do conceito pelo emprego de tecnologias e pelo avanço da informática na educação.” Atualmente as Instituições de Ensino Superior e o próprio Ministério da Educação (MEC) têm discutido se a EAD tem o mesmo efeito e benefício à aprendizagem que a Educação presencial proporciona. A vantagem desta última é que a mesma favorece uma melhor troca de ideias e conhecimentos entre educador e educando, devido ao Educação, tecnologias e sociedade 283 fato de estarem no mesmo espaço físico. Mas nem sempre a proximidade é certeza de aprendizado, pois para que isso ocorra é necessário que educador e educando estejam motivados e juntos em busca dos mesmos ideais, independentemente se estiverem no mesmo espaço físico ou digital. NOVAS TECNOLOGIAS NA ESCOLA As pessoas da sociedade atual estão cada vez mais conectadas. Esse fato ocorre devido ao grande avanço tecnológico nos últimos anos (garçons robôs na China – 2018, filmes em realidade virtual – 2018, engenharia de metal sem ranhuras – 2019, assistentes virtuais e de voz – 2020, evolução da inteligência virtual – 2020, etc). As instituições de ensino, públicas e particulares, estão cada vez mais cientes da necessidade vigente de incorporarem as TICs aos procedimentos didáticos metodológicos de seus docentes. Em meio a todas essas mudanças a escola necessitou reestruturar e reconfigurar a sua forma de transmitir conhecimento. Sabe-se atualmente que o indivíduo, mesmo antes de entrar na escola, já traz consigo uma “bagagem” de conhecimentos, esse só precisa ser moldado e lapidado. Muitos desses também já trazem consigo um certo conhecimento digital, nesse caso, cabe ao professor guiá-lo e apontar caminhos significativos e que o leve a crescer integral e progressivamente. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 284 Em meio a tantas transformações a tecnologia vem revolucionando a relação ensino-aprendizagem nas escolas que possuem acesso aos recursos tecnológicos e aos alunos que têm condições econômicas para usufruir de tais tecnologias. Sendo assim, a formação docente deve estar atrelada às novas tecnologias de informação e comunicação. Como enfatiza Moreira e Kramer (2007, p. 1042): Na educação, o comportamento flexível é tanto demandado dos professores quando difundido, como habilidade a ser adquirida, aos estudantes, futuros trabalhadores. Estimula-se o professor, por diferentes meios, a adaptar-se a circunstâncias variáveis, a produzir em situações mutáveis, a substituir procedimentos costumeiros (às vezes repetitivos, às vezes bem-sucedidos) por “novas” e sempre “fecundas” formas de promover o trabalho docente. Deseja-se um professor disposto a correr riscos e a investir em sua atualização. Subjacente a todos esses princípios e comportamentos, que visam reinventar a escola, tendo por norte padrões globalmente definidos, está a preocupação com o sucesso, com a eficiência, com a eficácia, com a produtividade, com a competitividade, com a qualidade na educação (entendida segundo os parâmetros vigentes). Educação, tecnologias e sociedade 285 Para um ensino motivador e que tenha mais eficácia, faz-se necessário a mobilização de toda comunidade escolar e de todos os sujeitos que a compõem. Tanto professores quanto alunos devem estar dispostos a mudar o fazer educativo e a forma como ensinam e como aprendem. As novas tecnologias trazem consigo uma série de mudanças que envolvem o real ao virtual. Uma das mais impactantes é na forma como o indivíduo passa a se relacionar com o mundo à sua volta. As novas tecnologias mudaram a forma como as pessoas interagem com o mundo, com os outros e consigo mesma. Essa mudança também é bastante visível na educação e nas escolas, que agora devem preparar os sujeitos para o mercado de trabalho e para as varais relações em sociedade. Formar cidadãos éticos, críticos e que prezem a coletividade e o trabalho em grupo é dever da escola. Sendo assim, o estudante deve ser instigado a: Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. (BRASIL, 2017, p.9). Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 286 Essa é umas das 10 Competências Gerais da BNCC (BRASIL, 2017) e que o estudante deve desenvolver ao longo da Educação Básica, como sendo algo essencial à sua formação. Para tanto, deve-se dar ênfase a importância de assegurar o desenvolvimento do discente em todas as suas práticas sociais, e levar em conta que nessa nova era todos precisam estar familiarizados com os novos aparatos tecnológicos. Com tudo isso muitas barreiras virtuais vem sendo quebradas, pois a anos atrás não imaginava-se que as pessoas poderiam comunicar-se com tanta rapidez e com tantas outras de vários lugares do mundo. Essa nova realidade da Cultura Digital aparece para transformar a vida do ser humano em seus variados aspectos, desde que que o mesmo tenha acesso aos recursos tecnológicos. Com advento dessa nova cultura, o processo de disseminação e distribuição de conhecimento tomou novas proporções e agora vai além das instituições escolares e acadêmicas. [...] se a cultura é um reflexo da ação humana, a cultura se constitui de ação do homem, na sociedade; criando formas, objetos, dando vida e significado a tudo o que o cerca. É essa ação humana que permitiu o surgimento do computador e por conseguinte, o surgimento da cultura digital. E esta passa, em seguida, a fazer parte de vários aspectos da vida humana, na aprendizagem pedagógica, na vida afetiva, na vida profissional, na simbologia da Educação, tecnologias e sociedade 287 comunicação humana. Desse modo, vimos surgir uma nova estruturação de pensamentos, práticas e conceitos. Cabe ressaltar aqui, que a cultura não se transforma em digital, mas sim, ela busca se adequar ao cenário digital, ao mundo virtual. (BARATTO e CRESPO, 2013, P. 18). O homem é caracterizado como um ser racional, e esse fato o diferencia dos outros seres vivos. Dessa forma, ele deve atrelar-se à sua capacidade de produzir conhecimento visando melhorar a sociedade na qual está inserido. Nessa busca incessante por conhecimento e na ânsia de mudar a realidade à sua volta, o ser humano vem encontrando na tecnologia a sua mais importante ferramenta. Dessa forma, a escola deve estar aberta a essas mudanças e jamais ocultar-se quanto a isso. É sempre bom ter em mente que o desenvolvimento tecnológico vem mudando a forma de pensar e agir do homem. Na educação não é diferente. A implementação das TICs em ambientes escolares e a disponibilidade de internet, contribuíram de forma positiva para melhor acesso às informações e para uma aprendizagem mais dinâmica, interessante e inovadora. O ambiente digital surge como uma nova perspectiva no contexto escolar, abrindo espaço para uma maior interação humana mediada pelos gêneros eletrônicos, através da interdisciplinaridade. A Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 288 linguagem universal e compartilhada no mundo inteiro, transforma o aprendizado do aluno, inserindo-o como sujeito social no contexto educacional e na tecnologia simultaneamente (DIAS; CAVALCANTE, 2016, p. 163). Dessa forma, o uso das tecnologias na educação traz consigo muitos benefícios, tanto para professores quanto para alunos. Assim, o educando é influenciado a assumir o papel de protagonista em seu próprioaprendizado, já que um vasto campo de opções está a sua disposição. A Escola e o uso de Recursos Tecnológicos Com o advento da tecnologia os recursos utilizados na escola estão cada vez mais modernos e sofisticados. Alguns desses já estão presentes a um bom tempo nos espaços escolares, é o caso das TVs, computadores convencionais, notbooks, tablets, smartphones, Datashow entre outros. Mas há aqueles que são mais recentes e chegaram para inovar e melhorar o ensino-aprendizagem. Como exemplo podemos citar as inovadoras lousas digitais, hologramas e várias outras inovações que chegaram pra ficar. O uso de recursos como o celular nas salas de aula já foi e ainda é um tema muito discutido. Muitos não querem aderir a essa nova realidade vigente do século XXI e acabam andando na contramão e indo a favor do retrocesso Educação, tecnologias e sociedade 289 da educação. Isso torna-se visível quando nos deparamos com escolas que não tem profissionais preparados e capacitados, ou então, que não disponibilizam aos seus educandos o acesso a essas novas tecnologias, sendo que, a qualidade do ambiente ofertado pela escola também é de suma importância para a aprendizagem dos indivíduos. A oferta de um local agradável e confortável, no qual o aluno possa se sentir bem, aliado a uma disponibilização dos recurso necessários influenciam direta e instantaneamente no seu desenvolvimento. Uliano (2016) compartilha do mesmo pensamento quando afirma que: “A finalidade do ensino por meio da escola é a de proporcionar um ambiente que organize o conhecimento e que favoreça o aprendizado de uma forma planejada, e desempenha a sua função como formadora de sujeito. Na atualidade, a escola passa por diversas mudanças principalmente quando refere-se a utilização de recursos digitais” (ULIANO, 2016, p.14). A utilização de recursos tecnológicos na escola deve visar sobretudo o aprendizado e desenvolvimento do aluno. Mas, a apropriação desses deve ocorrer de forma planejada, visando sempre um determinado fim educativo. Essa implementação ainda é bastante discutida, e mesmo que de forma lenta, as instituições de ensino aos poucos estão implantando a informática como parte integrante de Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 290 suas grades curriculares. Mesmo que esse seja um processo que demande tempo e um grande planejamento, é urgente que seja discutido e aprovado, pois é muito importante que os alunos possam ter pelo menos noções básicas do mundo informatizado. Atualmente deve-se repensar a forma com que os jovens utilizam esses recursos tecnológicos. É de suma importância demonstrar a eles que esses recursos vão muito além de entretenimento e diversão. Embora não utilizam das tecnologias na educação com o mesmo potencial que utilizam em sua vida social, os alunos, em sua grande maioria estão se tornando mais modernos e buscam novos conhecimentos através de celulares, computadores, tablets entre outros. A principal finalidade deve ser a promoção de aprendizagens significativas e que colaborem para a formação escolar do sujeito. É claro que há muitos jogos virtuais que promovem a diversão e também favorecem a aprendizagem, sendo utilizados até nos ambientes escolares. Mas, para que haja um aproveitamento positivo é necessário que estas ferramentas seja trabalhadas visando sempre um determinado fim educativo. É muito importante a criação de projetos que viabilizem e favoreçam essa integração dos meios digitais com o espaço educativo. É claro que isso irá demandar alguns requisitos básicos. De acordo com Soffa e Alcântara (2008, apud Toledo, 2015, p.26), para a implantação eficaz dos recursos Educação, tecnologias e sociedade 291 tecnológicos na educação, são necessários quatro aspectos imprescindíveis: o computador, o software, o professor capacitado para usar o computador como meio educacional e o aluno, sendo que nenhum ingrediente predomina sobre os outros. Essas novas ferramentas tecnológicas, como os recursos multimídia e os mais variados softwares educativos estão cada vez mais presentes na educação e auxiliam tanto os professores quanto os alunos na busca por conhecimento e no processo de ensino-aprendizagem. Para educadores, proporcionam que suas aulas sejam ministradas de forma mais criativa e dinâmica, sem tornar- se algo cansativo e repetitivo. Para educandos, favorece que estes possam ter mais independência na resolução de problemas e possam tornar-se sujeitos principais do próprio saber, adquirindo autonomia e criticidade. A relação entre esses dois deve ser de parceria na busca pelo conhecimento. O professor, portanto, tem o papel de auxiliar o educando, sempre buscando com que o processo de ensino-aprendizagem possa ocorrer de forma eficiente e prazerosa. Mas, antes de tudo, ele precisa se conscientizar a respeito de seu real papel como educador e buscar uma formação que o capacite e o influencie a assumir uma postura mais crítica frente a seu trabalho. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 292 Aprendizagens Mediadas pelas Tecnologias Podemos afirmar que vivemos em uma sociedade cada vez mais digital. Em meio a tudo isso, surgem cada vez mais possibilidades de comunicação e transmissão de informações, que está acontecendo numa velocidade cada vez mais rápida. Os diversos aparatos tecnológicos, tanto os mais sofisticados quanto aqueles mais convencionais, mudou nossa maneira de viver e de aprender. Com todas essas inovações que surgem a cada época, o homem vem transformando de forma radical a sua maneira de se comunicar, interagir, de organizar socialmente e de transmitir conhecimento. Assim, ele sofre impacto até mesmo no seu aspecto cultural, tendo a cada momento que se adequar para fazer parte desse mundo cada vez mais moderno. A cada novo desafio que surge o homem se supera e acaba rompendo barreiras, graças à sua inteligência e capacidade de produzir conhecimento. Não foi diferente na área educacional, que está ganhando um novo panorama com a chegada e utilização das novas tecnologias de informação e comunicação nesse setor. Com isso, não só a aprendizagem por conta do aluno, mas também a forma do professor ensinar e transmitir o saber está mudando e ganhando mais dinamicidade. Nesse aspecto, a utilização das TICs trazem vários benefício e Educação, tecnologias e sociedade 293 Pode contribuir para auxiliar professores na sua tarefa de transmitir o conhecimento e adquirir uma nova maneira de ensinar cada vez mais criativa, dinâmica, auxiliando novas descobertas, investigações e levando sempre em conta o diálogo. E, para o aluno, pode contribuir para motivar a sua aprendizagem e aprender, passando assim, a ser mais um instrumento de apoio no processo ensino- aprendizagem [...] (MERCADO, 2002, p. 131). É importante citar que o educando está inserido em um processo de construção, aquisição e assimilação de conhecimento, em que tudo o que aprende, até mesmo em suas vivências em sala de aula, terá um grande reflexo em seu futuro e sua carreira profissional. Dessa forma, faz-se necessário que os profissionais que exercem docência repensem as suas práticas em sala de aula e demonstrem a importância da interação e cooperação mútua. Toda aprendizagem deve ser pautada na reflexão e na visão de que o aluno é o próprio autor de seu saber e que o professor, auxiliado pelas novas tecnologias, deve ajudá- lo em sua aquisição de conhecimento. CONSIDERAÇÕES FINAIS Por meio desse estudo, foi possível perceber a importância do uso das tecnologias como ferramenta pedagógica, para dinamizar as atividades desenvolvidas e Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 294 com isso ampliar o interesse dos alunos nas aulas. As novas tecnologias digitais permitemuma maior interação, através das redes sociais, entre os estudantes e professores, rompendo os limites físicos da escola. Entende-se que a escola, como instituição formadora, precisa repensar suas práticas e romper com certos paradigmas, principalmente no que diz respeito à inserção de recursos tecnológicos na educação. Lidar com o novo é sempre um desafio, e muitos não querem encará-lo, preferindo ficar acomodados e passivos em relação às mudanças. Nesse sentido, a escola precisa encaminhar a formação dos indivíduos em suas diversas esferas, étnica, cultural, social, técnica etc. Para que isso ocorra nessa sociedade da informação, é dever da mesma proporcionar a inclusão digital de todos os educandos, para que esses não estejam às margens dessa sociedade altamente tecnológica. As inovadoras TICs trouxeram mudanças na forma como se faz educação, no comportamento dos indivíduos e em suas vivências. A relação aluno-professor tomou novos rumos e a aprendizagem tornou-se mais contextualizada e dinâmica. Em meio a tudo isso surgiu a problemática da exclusão digital, onde pessoas, principalmente aquelas de posição econômica mais baixa, são privadas do acesso às novas tecnologias digitais que surgem. Diante disso o governo pode e deve promover a inclusão destes através da Educação, tecnologias e sociedade 295 implantação de políticas públicas que englobem e beneficiem todas as camadas sociais. Promover a inclusão digital significa preparar o indivíduo para exercer sua cidadania e incentivá-lo a crescer cultural, econômica e socialmente. Esse tem sido um grande desafio para as escolas da atualidade. Além de estarem incumbidas de transmitir conhecimento, necessitam preparar o sujeito para o mercado de trabalho e para as diversas relações em uma sociedade cada vez mais informatizada Esse trabalho de conclusão de curso ajudou a entender que o processo de inserção de novas tecnologias, pode se tornar uma ferramenta muito utilizada nas salas de aula, devido ao incentivo e a desmistificação sobre o uso das mesmas. O trabalho acabou abrindo precedentes para maiores estudos e debates entre profissionais para que possam aperfeiçoar ainda mais o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação no processo de ensino- aprendizagem, portanto a pesquisa realizada trouxe as devidas respostas aos questionamentos levantados, bem como promoveu a apreciação de todos os objetivos almejados nesse estudo. REFERÊNCIAS BARATTO, Silvana Simão; CRESPO, Luís Fernando. Cultura digital ou cibercultura: definições e elementos constituintes da cultura digital, a relação com aspectos Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 296 históricos e educacionais. Revista Científica Eletrônica UNISEB, Ribeirão Preto, v.1, n.2, p. 16-25, dez. 2013. Disponível em: . Acesso em: 22 dez. 2020. BOUCHERVILLE et al. O uso da NTICs: Recurso de EAD e os cursos de formação de Professores. Disponível em: http://www.anped.org.br, acesso em: 10/09/2013. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: um documento preliminar. 3ª Versão. Secretaria da Educação Fundamental: Perguntas Frequentes. Brasília, 2017. Disponível em: < http://basenacionalcomum.mec.gov.br/ perguntas- frequentes>. Acesso em: 06 abr. 2017. DIAS, G. A; CAVALCANTI, R. de. A. As tecnologias da informação e suas implicações para a educação escolar: uma conexão em sala de aula. Revista de Pesquisa Interdisciplinar, v. 1, ed. especial, p. 160-167, 2016. Disponível em:< http://revistas.ufcg.edu.br/cfp/index.php/pesquisainterdis ciplinar/article/view/80>. Acesso em: 21 dez. 2020. LEMOS, A. Cidade digital: portais, inclusão e redes no Brasil. Salvador: EDUFBA, 2007. http://revistas.ufcg.edu.br/cfp/index.php/pesquisainterdisciplinar/article/view/80 http://revistas.ufcg.edu.br/cfp/index.php/pesquisainterdisciplinar/article/view/80 Educação, tecnologias e sociedade 297 MAIA, Carmem; MATTAR, João. ABC da EaD: a Educação a Distância hoje. São Paulo: Pearson, 2007. MEDEIROS, Ana Claudia Jacinto Peixoto de. Análise das políticas de inclusão digital da rede pública municipal de ensino de Uberlândia no período 1999-2012. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Federal de Uberlândia, 2013. Disponível em: <http://www.bdtd.ufu.br//tde_busca/arquivo.php?codArq uivo=4967>. Acesso em: 28 set. 2014. MERCADO, Luis Paulo Leopoldo. Formação continuada de professores e novas tecnologias. Maceió. EDUFAL, 1999. MIRANDA, G. L. Limites e possibilidades das TIC na educação. 2007. Revista de Ciências da Educação. nº 3. Mai/Ago. 2007. Disponível em: http://sisifo.fpce.ul.pt/pdfs/sisifo03PT03.pdf . Acesso em 23 jun. 2013. MOREIRA, A. F. B; KRAMER, S. Contemporaneidade, educação e tecnologia. Educ. Soc., Campinas, v. 28, n. 100, p. 1037-1057, out. 2007. Duisponível em:< https://doi.org/10.1590/S0101-73302007000300019.> Acesso em 02 Abr. 2007. https://doi.org/10.1590/S0101-73302007000300019.%3e%20Acesso Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 298 RIBEIRO, Renata Aquino. Introdução à EaD. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. SOFFA, M. M.; ALCÂNTARA, P. R. de C. apud TOLEDO, Bruno de Souza. O uso de softwares como ferramenta de ensino-aprendizagem na educação do ensino médio/técnico no Instituto Federal de Minas Gerais. Universidade FUMEC. Belo Horizonte, 2015. ULIANO, Kelly C. Machado Luiz. Tecnologia digital de informação e comunicação (TDIC) na educação: aplicativos e o mundo tecnológico no contexto escolar. 2016. 49 f. (Monografia) - Programa de Especialização em Educação, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2016. Educação, tecnologias e sociedade 299 SOBRE OS AUTORES Aldenor Batista da Silva Junior - Doutorando em Psicologia pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), e aluno especial do programa de pós-graduação em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano da Universidade de São Paulo (USP). Mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) - (bolsista Capes). Graduado em Psicologia pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) com formação complementada pelo programa de bolsas iberoamericanas do Santander em 2015 na Pontifícia Universidad Católica de Chile, Santiago - Chile, desenvolvendo trabalhos em saúde intercultural. Atualmente é membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em teoria Sócio-Histórica, Migrações e Políticas Sociais e do Laboratório de Estudos Psicossociais em saúde frente a contextos de desigualdade social. Atua como colaborador em pesquisa latinoamericana do Laboratório Interinstitucional de Estudos e Pesquisas em Psicologia Escolar (LIEPPE- Instituto de Psicologia da USP) e pesquisador do InfanSCientia: Grupo de Estudos e Pesquisas em Infância, Cultura e Ensino das Ciências da UNIPAMPA. Foi pesquisador nas áreas de Psicologia, Educação, Trabalho e Prática docente, história e pressupostos teóricos da Psicologia Soviética do Grupo de Estudos e Pesquisa em Psicologia e Educação/GEPPE do Programa de Pós Graduação em Psicologia e Educação da UFMS. Atuação, como colaborador, no Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Formação, Trabalho e Bem-Estar Docente/GEBEM (Cnpq) de maio/2013 à julho/2015 desenvolvido na UCDB. Possui experiências com as temáticas: Análise e Desenho de intervenções em Comunidades, principalmente educativas, Políticas Públicas Educacionais, Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 300 Formação e Bem-estar de professores, Enfrentamento da violência na Escola, tecnologia na educação, fluxos migratórios, atendimento clínico em psicologia e Formação do Psicólogo. Foi professor substituto da Universidade Católica Dom Bosco das diciplinas: Psicologia e Processos Educativos, Psicologia Comunitária, PsicologiaSocial, Estágios no campo educacional, social e avaliação psicológica em contextos diversos. Eder Ahmad Charaf Eddine - Professor Adjunto da Universidade Federal do Tocantins - UFT. Possui graduação em Psicologia e mestrado em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS, doutorado em Educação, área de concentração Psicologia e Educação, pela Universidade de São Paulo - USP e estágio de pós-doutorado em Comunicação e Sociedade - PPGCom/UFT. Atualmente é coordenador do Núcleo Tocantins da Associação Brasileira de Ensino de Psicologia - ABEP e associado na Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional - ABRAPEE e na Sociedade Brasileira de Psicologia - SBP. É vice-líder do grupo InfanSCientia: Grupo de Estudos e Pesquisas em Infância, Cultura e Ensino das Ciências - UNIPAMPA e pesquisador nos grupos Trabalho e Emancipação: coletivo de pesquisa e extensão - UFT e GEPPE - Grupo de Estudos e Pesquisa em Psicologia e Educação - UFMS. Suas pesquisas estão voltadas para a área da Educação, atuando na interface entre Psicologia e Educação, com investigações sobre Ensino e Aprendizagem, Formação de Professores, Trabalho Docente, Enfoque Histórico-Cultural e Manuais Didáticos. Educação, tecnologias e sociedade 301 Antônio José Araújo Lima - Professor do Instituto Federal do Maranhão - IFMA. Coordenador da Pós-Graduação Lato-Sensu em Informática na Educação do Campus São Raimundo das Mangabeiras. Doutorando em Educação pela Universidade Federal do Maranhão- UFMA. Mestre em Educação pela UFMA. Possui Graduação em Licenciatura Plena em Pedagogia pela Universidade Federal do Maranhão - campus de Imperatriz-MA. Também é graduado em Licenciatura em História pela Universidade Federal do Maranhão - UFMA, campus São Luís. Especialista em Pedagogia Hospitalar pela Universidade dos Vales Gerais. Especialista em Ludopedagogia e a Educação infantil - pela Universidade do Vales Gerais. Ainda Especialização em Gestão em Saúde pela Universidade Federal do Maranhão. Possui experiência nas áreas de Estágio Supervisionado, Educação Inclusiva, Didática. Autor de artigos, capitulo de livros e livro com a temática pedagogia hospitalar, atividades lúdicas e brinquedotecas. Interessado por pesquisas relacionadas a educação especial, pedagogia hospitalar, brinquedotecas, lúdico e ludicidade na educação infantil com ênfase em formação de professores. Lamisia Morais de Almeida - Pós graduada em Informática na educação pelo Instituto Federal do Maranhão. Oswaldo Palma Lopes Sobrinho - Doutorando e Mestre em Ciências Agrárias - Agronomia com área de concentração em Produção Vegetal Sustentável no Cerrado e a Linha de Pesquisa em Tecnologias Sustentáveis em Sistemas de Produção e Uso do Solo e Água (Conceito 5 pela CAPES) e Especializando em Formação de Professores e Práticas Educativas pelo Instituto Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 302 Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano - Campus Rio Verde (IF Goiano). Especialista em Saneamento e Saúde Ambiental Rural (SanRural) pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Engenheiro Agrônomo e Técnico em Agropecuária pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA). Pesquisador do Grupo de Pesquisa cadastrado no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em Alimentos, Química, Agronomia e Recursos Hídricos (AQARH) e Integrante do Grupo de Pesquisa em Agricultura Irrigada em áreas de Cerrado do IF Goiano. Revisor de Periódicos: International Journal of Environment and Waste Management (IJEWM), Engenharia na Agricultura (REVENG), Revista Mundi Engenharia, Tecnologia e Gestão (RMETG), Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável (RVADS), Revista em Agronegócio e Meio Ambiente (RAMA), Revista Brasileira de Engenharia de Biossistemas (BIOENG), Brazilian Journal of Irrigation and Drainage (IRRIGA), Horticultura Brasileira (HB) e Acta Tecnológica (ACTA). Revisor e organizador de livros da Editora Omnis Scientia. Desenvolve pesquisas nas áreas de Ciências Agrárias, com ênfase em Engenharia de Água e Solo, Agrometeorologia, Ciência do Solo, Fitotecnia, Ciência dos Alimentos, além de Ciências Ambientais e Ciências da Educação. Francisco de Moura Barros - Possui graduação em Letras - Língua Portuguesa pela Universidade Estadual do Piauí (2018). Com habilitação em Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa. Possui formação técnica na área da saúde pela Escola Técnica do SUS (2018). Tem experiência na área de Letras (Ensino Fundamental 5º ao 9º ano). Possui 4 anos de experiência Educação, tecnologias e sociedade 303 em sala de aula através do PIBID. Possui experiência na área da saúde da família. Acumula conhecimentos avançados em informática. Gilliard Ribeiro dos Santos - Cursando Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia pela Universidade Federal do Maranhão. Trabalhou concursado pelo IBGE, como Agente Censitário Municipal em Nova Colinas-MA, do Censo 2007: Contagem da População e Censo agropecuário, durante 8 meses; Concursado pela Prefeitura de Fortaleza dos Nogueiras- MA, como Agente Administrativo, de 2008 a 2012; Concursado pela Prefeitura de Nova Colinas-MA, como Agente Administrativo, de 2012 a 2015; Atualmente concursado pela Universidade Federal do Maranhão, como Assistente em Administração, desde 2015, trabalhando no atendimento da Biblioteca do Campus Balsas. Antonio Lisboa da Silva - Possui graduação em BACHAREL EM TEOLOGIA pela FACULDADE DE CIÊNCIAS, EDUCAÇÃO E TEOLOGIA DO NORTE DO BRASIL (2006) e graduação em Matemática pela Universidade Estadual do Maranhão (2009).Graduação em Música pela Universidade Federal do Maranhão (2013). Hezita Batista de Sousa - Pós graduada em Informática na educação pelo Instituto Federal do Maranhão. Denilson Barbosa dos Santos - É Geopedagogo, pois possui graduação em Geografia e em Pedagogia Licenciatura Plena pela Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 304 UEMA. Mestre em Geografia pela Universidade Federal do Piauí/PPGGEO/UFPI. Especialista em 6 áreas da educação: 1) Educação de Formadores de Professores/FACEMA; 2) Educação do Campo/UEMA; 3) Supervisão, Gestão e Planejamento Educacional/IESF; 4) Educação Profissional Integrada à Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos/PROEJA/IFMA; 5) Psicologia da Educação/UEMA; 6) Atendimento Educacional Especializado/Dom Bosco. Membro do Grupo de Pesquisa e Extensão em Ensino de Geografia (NUPEG/UFPI). Professor de Geografia, efetivo da Rede Municipal de Ensino de Matões (MA). Professor Substituto do Departamento de Educação do Centro de Estudos Superiores de Caxias da Universidade Estadual do Maranhão/CESC/UEMA. É professor dos Cursos de Pós-Graduação Lato Sensu do Instituto de Educação Athena. Consultor e assessor educacional. Formador de professores da Educação Básica da Rede Pública e Privada de Ensino. Pesquisador e escritor no campo educacional com foco na inclusão escolar, formação docente e práticas pedagógicas nos diferentes níveis de ensino, etapas e modalidades de ensino como: Educação de Jovens, Adultos e Idosos, Educação Especial/Inclusiva, Educação do Campo; Educação Ambiental e Educação Infantil. Membro do Conselho Editorial da Revista Geografia: Publicações Avulsas do Curso de Geografia Licenciatura da Universidade Federal do Piauí/UFPI. Membro do CIEPP - Centro de Inovação e Conhecimento para a Excelência em Políticas Públicas (https://www.ciepp.org/). Atualmente presta consultoria e assessoria pedagógica em Assuntos Educacionais para Secretaria Municipal de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação de Aldeias Altas-MA/SEMECTI. Atuou de 2019/2020 como Professor Substituto do Instituto Educação, tecnologias e sociedade305 Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão/IFMA campus Codó, ministrando as disciplinas pedagógicas nos cursos de graduação licenciatura como História e Filosofia da Educação; Didática Geral, Psicologia da Educação; Educação de Jovens e Adultos. Atuou de 2013 a 2016 como Coordenador lotado no Núcleo de Educação de Jovens e Adultos da Secretaria Municipal de Educação de Caxias-MA. Atuou em 2018 como Supervisor Escolar concursado da Rede Municipal de Ensino de Açailândia -MA. Atuou de 2013 à 2016 como Professor Substituto do Departamento de História e Geografia da Universidade Estadual do Maranhão/CESC/UEMA, ministrando disciplinas pedagógicas e específicas do Curso de Graduação em Geografia como Fundamentos da Educação; Planejamento e Avaliação da Aprendizagem; Prática na Dimensão Política Social; Educacional e Escolar; Estágio Supervisionado; Organização e Funcionamento da Educação Básica; Política Educacional Brasileira, entre outras. Atuou em 2015/2016 como Tutor Presencial do Curso de Especialização em Política de Igualdade Racial no Ambiente Escolar da Universidade Federal do Maranhão (UFMA/UAB polo Caxias-MA). Atuou de 2013 a 2016 como professor formador de alfabetizadores e professores do 1º e 2º segmentos da modalidade de EJA das Redes Municipais de Ensino de Caxias-MA e Matões -MA. Cesanildo Vicente da Silva - Possui graduação em Pedagogia pela Faculdade do Maranhão(2014). Atualmente é Professor da Prefeitura Municipal de Presidente Dutra. Evaldo Augusto Sousa Monteiro - Mestrando em Educação Profissional e Tecnológica pelo Instituto Federal do Maranhão Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 306 ProfEPT/IFMA (2021), Especialista em: Informática na Educação IFMA (2021); Gestão Educacional e Escolar UEMA (2019); Educação do Campo UEMA (2015) e Gestão Ambiental FACEC (2012). Possui graduação em Geografia pela Faculdade de Educação São Francisco FAESF (2012) e Pedagogia pelo Instituto Nacional de Educação e Tecnologia INET (2016). Atualmente é Diretor do curso de Letras da Universidade Estadual do Maranhão UEMA/Campus Pedreiras; Professor de Geografia do Programa Ensinar da UEMA; Professor de Estágio do curso de Geografia da UEMAnet; Professor no curso de Pedagogia da Faculdade de Educação Memorial Adelaide Franco FEMAF e Professor de Geografia no ensino fundamental (6º e 7º ano) pela secretária municipal de Pedreiras. Exerceu função de tutor presencial e a distância na UEMAnet entre 2012 à 2021, trabalhando no curso Técnico em Controle Ambiental e depois Geografia. No momento é membro permanente no Grupo de Pesquisa Discurso Escrita e Formação ? GPDEF/UEMA; Coordenador do Projeto de extensão ?Arte de Pintar com Solo Argiloso APSA UEMA/Pedreiras? pela PROEXAE/UEMA e Projeto de extensão ?Ampliação da Farmácia Viva Vale do Mearim FAVIVAM UEMA/Pedreiras? pela PROEXAE/UEMA. Membro da Assessoria de Gestão Ambiental AGA/UEMA e Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Mearim CBHRM. E-mail: evaldo.monteiro1@gmail.com e evaldosousa@professor.uema.br. Joelson de Sousa Morais - Doutorando em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) na linha de pesquisa Formação de Professores, Currículo, Trabalho Docente e Avaliação (Bolsista CAPES). Mestre em Educação pela Educação, tecnologias e sociedade 307 Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN/2015). Especialista em Psicologia da Educação pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA/2016) e Pedagogo pela Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão (FACEMA/2012). É pesquisador do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Continuada (GEPEC/UNICAMP), do Grupo Interinstitucional de Pesquisaformação Polifonia (UNICAMP/UERJ) (https://grupopolifonia.wordpress.com), do Grupo de Pesquisas Interdisciplinares: Educação, Saúde e Sociedade (UEMA/CPNQ) e do Núcleo de Pesquisa em Educação, Formação Docente, Ensino e Práticas Educativas (NUPEFORDEPE/UFPI). Associado do GT 8 - Formação de Professores da ANPED e da Associação Brasileira de Pesquisa (Auto)biográfica (BIOGRAPH). Seus estudos e pesquisas tematizam a Formação de Professores/as; Cotidiano Escolar; Saberes, e Subjetividade Docente; Desenvolvimento e Aprendizagem Profissional da Docência; Professores/as Iniciantes; Currículo; e Pesquisaformação Narrativa (Auto)Biográfica em Educação. É coordenador do CICLOPE - Ciclo de Estudos pesquisaformação narrativa (auto)biográfica em tempos de coronavírus, junto ao Polifonia- GEPEC/UNICAMP. ORCID: http://orcid.org/0000-0003-1893- 1316. E-mail: joelsonmorais@hotmail.com Marijara Tavares Souza - Graduando o Curso de Licenciatura Plena em Ciências Biológicas, pelo Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Piauí Campus Floriano início (2014) término (2019), bolsista CAPES no programa Residência Pedagógica. Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 308 Zacarias Carvalho de Araújo Neto - É Graduado em História pela - FACIG - FACULDADE CIDADE DE GUANHAES (2012) e graduação em Matemática pelo Instituto Federal do Piauí (2016). É professor na Unidade Escolar Deputado Alberto de Moura Monteiro. Possui experiência na área de Matemática, com ênfase em Matemática, atuando principalmente nos seguintes temas: ensino-aprendizagem, registros de representação semiótica, educação de jovens e adultos. Maurício dos Santos Araújo - Graduado em Ciências Biológicas pelo Instituto Federal do Piauí (IFPI). Especialista em Biologia Celular e Molecular pela Faculdade Única do Ipiranga - MG. Mestre em Genética e Melhoramento pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Doutorando em Genética e Melhoramento pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Desenvolveu estudos na área de Mutagênese, com ênfase em avaliações toxicogenéticas de plantas medicinais; desenvolveu pesquisas na área de biofortificação e melhoramento vegetal no Programa de Melhoramento Genético de Feijão-caupi na Embrapa Meio- Norte, em Teresina, Piauí. Tem experiência na avaliação da interação genótipos x ambientes e seleção de múltiplos caracteres por meio das abordagens GT, GGE e GYT Biplot. Atua na aplicação da Genética Quantitativa e Biometria ao melhoramento de plantas voltado a seleção de genótipos superiores de soja. Ellery Henrique Barros da Silva - Doutorando em Psicologia pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Graduado Educação, tecnologias e sociedade 309 em Licenciatura em Pedagogia pela Universidade Federal do Piauí (UFPI/CAFS). Pós-graduado em Gestão Educacional em Rede (UFPI), Educação Infantil (UESPI) e em Tecnologias Educacionais para a prática docente no Ensino da Saúde na Escola pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ/ENSP). Atua como professor substituto na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) - Centro de Estudos Superiores de Caxias e Professor Formador (UFPI/CEAD). Atuou como professor na Universidade Federal do Piauí, Professor Orientador do Curso de Licenciatura em Pedagogia (UFPI/CEAD), também foi Coordenador Pedagógico na Creche Crescer Baby e professor da Educação Básica. Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Psicologia Educacional, Queixa Escolar e Desenvolvimento Humano (PSIQUED) e da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE). Pesquisador na área de Educação com ênfase na Formação de Professores, Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), Psicologia Educacional, História Oral, Queixas Escolares, Dificuldades de Aprendizagem e Violência Escolar: Bullying. ORCID: 0000-0001-5362-611X Rayanne Marques Santana Rocha - Possui graduação em LICENCIATURA EM MATEMÁTICA pela FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE BOA ESPERANÇA (MG)(2012), graduação em MAGISTÉRIO pelo COLÉGIO GONÇALVES DIAS(2007) e curso-tecnico-profissionalizante emATENDIMENTO AO CLIENTE pelo Serviço Barsileiro de Apoio as Micro e Pequena Empresas do Maranhão(2016). José Ribamar Carvalho Filho - Possui graduação em Matemática pela Universidade Federal do Maranhão (2004). Atualmente é Silva Junior, Araújo Lima & Charaf Eddine 310 professor das escolas CE Roseana Sarney Murad e UEB São José na cidade de São Luís-MA Marconi de Jesus Santos - Mestre em Saúde e Comunidade pela Universidade Federal do Piauí (2018), Especialista em Fisiologia do Exercício (2012), Especialização em Educação Física Escolar (2010), Graduado em Educação Física (2006). Graduação em Pedagogia (2021). Professor da Educação Básica Técnica e Tecnológica do Instituto Federal do Maranhão - IFMA, Campus São Raimundo das Mangabeiras. Coordenador Geral Adjunto do Programa Bolsa Formação no Campus São Raimundo das Mangabeiras. Gerente pedagógico da Especialização em Informática na Educação do Campus São Raimundo das Mangabeiras. Possui experiência em: Educação Física Escolar, Metodologia da Pesquisa, Saúde Mental, Políticas Educacionais Inclusivas. Com interesses em pesquisas nas seguintes temáticas: Saúde na escola, violência escolar, formação de professores, inclusão em ambiente escolar e não escolar, psicomotricidade e jogos adaptados. Possui publicações científicas nas áreas de: violência sexual na escola, educação popular e saúde, ludicidade e ciência, motivação discente, educação brasileira e Covid-19.