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Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2023.1 Página | 1 Meningites e CCIH SP 2.3 – COMPLICOU. 1) ESTUDAR A HISTÓRIA NATURAL DAS MENINGITES, RESSALTANDO AS PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE AS BACTERIANAS, VIRAIS E FÚNGICAS; *RELACIONAR AS IVAS À MENINGITE. Meningites agudas A meningite é um processo inflamatório das membranas leptomeníngeas (a pia-aracnoide, mais interna, e a aracnoide, mais externa, que envolvem o espaço subaracnoide) que, com a meníngea dura- máter, envolvem o encéfalo e a medula espinal. A infecção pode atingir, por contiguidade, estruturas do sistema nervoso central (SNC), constituindo: meningomielite, meningoencefalite ou meningomieloencefalite. Na terminologia médica corrente, essas situações são referidas somente pelo termo “meningite”. Quando ocorre uma paquimeningite (comprometimento inflamatório da dura-máter), os espaços virtuais subdurais e epidurais que se interpõem entre a dura-máter e, respectivamente, a pia-aracnoide e a estrutura óssea, coletam secreção purulenta. Tem-se utilizado o termo “empiema” ou “coleção epi ou subdural” em substituição à “paquimeningite”. Os empiemas epidurais são mais frequentes nos segmentos raquidianos, ao passo que os subdurais são, em geral, cranianos. O líquido cefalorraquidiano (LCR), que circula no espaço subaracnoide, é o melhor elemento para a pesquisa diagnóstica de meningite. Ele participa ativamente na resolução do processo infeccioso, seja ao facilitar o transporte de elementos imunitários sanguíneos às meninges e ao SNC, ou ao veicular antimicrobianos administrados no tratamento. O comprometimento infeccioso do SNC e de suas membranas envoltórias pode ser agudo, particularmente por bactérias e vírus, ou crônico, quando causado por protozoários, espiroquetas, helmintos, fungos ou micobactérias. As meningites infecciosas podem resultar de: (1) processo infeccioso que acomete diretamente as meninges; (2) processo infeccioso que acomete secundariamente as meninges, seja por contiguidade, seja pela corrente sanguínea. A meningite bacteriana aguda permanece como uma doença com altos índices de morbidade e mortalidade. Contudo, com a moderna antibioticoterapia e os suportes terapêuticos, as chances de sobrevida têm melhorado muito, sobretudo em recém-nascidos e crianças maiores. As meningites agudas caracterizam-se pela presença das três síndromes clássicas: 1. a toxêmica; 2. a de hipertensão intracraniana (SHIC); 3. a de irritação meníngea. Deve ser realçado que a síndrome toxêmica é menos dramática nas meningites assépticas virais e raramente observada nas meningites não infecciosas. A SHIC que acontece nas meningites assépticas agudas tem etiologia semelhante àquela observada nas meningites bacterianas. Entretanto, habitualmente, é menos intensa. Epidemiologia No Brasil, entre os anos de 2007 e 2020, foram notificados 393.941 casos suspeitos de meningite. Destes, foram confirmados 265.644 casos de várias etiologias, sendo a meningite viral mais frequente (121.955 casos), seguida pela etiologia bacteriana (87.993 casos). Destas, as mais frequentes foram: meningites por outras bactérias (40.801 casos); doença meningocócica (26.436 casos); meningite pneumocócica (14.132 casos); meningite tuberculosa (4.916 casos) e meningite por H.influenzae (1.708 casos). Além disso, observou-se também 43.061 casos de meningite não especificada, 10.464 casos de meningite por outras etiologias e 2.171 com etiologia ignorada/em branco. → Meningites bacterianas Um grande número de bactérias, de alta virulência ou não, pode causar meningite. As três mais frequentes Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2023.1 Página | 2 (entre 50 e 90% dos casos) são: Streptococcus pneumoniae (pneumococo), Neisseria meningitidis (meningococo) e Haemophilus influenzae. Entretanto, com a introdução da vacina contra o Haemophilus influenzae, tem ocorrido uma significativa redução de casos nos países desenvolvidos. A prevalência de cada bactéria está correlacionada com um ou mais entre os seguintes fatores: idade do paciente; porta de entrada ou foco séptico inicial; tipo e localização da infecção no SNC; estado imunitário prévio específico e geral; situação epidemiológica local. Com o advento da antibioticoterapia, a letalidade decresceu: de cerca de 90%, foi reduzida para um nível global em torno de 15 a 30%. A prevalência de meningite bacteriana tem permanecido relativamente constante nos últimos 40 anos, exceção feita a períodos epidêmicos. Ela incide nos dois sexos em proporção semelhante e não há diferenças de suscetibilidade entre as várias raças ou grupos étnicos. Em períodos não epidêmicos, cerca da metade dos casos ocorre em pessoas com menos de 15 anos de idade. De modo semelhante, a mortalidade varia com a idade, sendo mais alta nas faixas extremas da vida. Principais agentes bacterianos envolvidos • Neisseria meningitidis (meningococo): No Brasil, é a principal causa de meningite bacteriana. É um diplococo Gram-negativo, aeróbio, imóvel, pertencente à família Neisseriaceae. A composição antigênica da cápsula polissacarídica permite a classi!cação do meningococo em 12 diferentes sorogrupos. Os sorogrupos A, B, C, Y, W e X são os principais responsáveis pela ocorrência da doença invasiva, portanto de epidemias. Os meningococos são também classificados em sorotipos e sorossubtipos, de acordo com a composição antigênica das proteínas de membrana externa PorB e PorA, respectivamente. • Streptococcus pneumoniae (pneumococo): Bactéria Gram-positiva com característica morfológica esférica (cocos), disposta aos pares. É alfa- hemolítico e não agrupável. Tem mais de 90 sorotipos capsulares, imunologicamente distintos, que causam doença pneumocócica invasiva (meningite, pneumonia bacterêmica, sepse e artrite) e não invasiva (sinusite, otite média aguda, conjuntivite, bronquite e pneumonia). • Haemophilus influenzae: Bactéria Gram-negativa que pode ser classificada em seis sorotipos (A, B, C, D, E, F), a partir da diferença antigênica da cápsula polissacarídica. O H. influenzae, desprovido de cápsula, encontra-se nas vias respiratórias de forma saprófita, podendo causar infecções assintomáticas ou doenças não invasivas, tais como bronquite, sinusites e otites, tanto em crianças quanto em adultos. • Outras bactérias: Destacam-se Mycobacterium tuberculosis; Streptococcus sp. – especialmente os do grupo B; Streptococcus agalactie; Listeria monocytogenes; Staphylococcus aureus; Pseudomonas aeruginosa; Klebsiella pneumoniae; Enterobacter sp.; Salmonella sp.; Proteus sp. Etiologia por grupo etário As meningites bacterianas têm uma porta de entrada geralmente inaparente; em apenas 10% dos casos há um foco primário detectável. Na ausência de um foco primário detectável, para se estabelecer o início da terapêutica empírica é importante saber quais as bactérias mais prevalentes por faixa etária. Recém-nascidos de até três meses de vida: até esse período, o recém-nascido está geralmente protegido por anticorpos maternos, transferidos por via transplacentária, contra pneumococo, meningococo e hemófilos. As etiologias mais frequentes no período neonatal são: Streptococcus sp e outras espécies de estreptococos do grupo B; E.coli; outros gram- negativos enterobacteriáceos; e, em algumas situações clínicas e em berçários “patolólogicos”, o S. aureus resistente à meticilina (MRSA). Crianças de baixo peso, cujo sistema imunológico é ainda imaturo, podem colonizar o Streptococcus agalactiae ou Listeria monocytogenes, uma bactéria saprófita dos genitais femininos que está presente no canal do parto. Entre 3 meses e 10 anos de idade: passam a prevalecer com mais frequência Neisseria meningitidis (meningococo) e Streptococcus pneumoniae(pneumococo). É o período etário em que o Haemophilus influenzae tipo b, transmitido por secreções nasofaríngeas, é mais frequente. A partir dos 5 anos, sua ocorrência vai decrescendo, até os 10 anos de idade, sendo rara a ocorrência depois disso. Acima dos 10 anos de idade: prevalecem Neisseria meningitidis e Streptococcus pneumoniae, que respondem por 80 a 90% dos casos na ausência de períodos epidêmicos de outras bactérias. Recentemente, com a introdução de vacina específica e altamente eficaz contra o Haemophilus influenzae, tem-se a expectativa da modificação do panorama epidemiológico, com redução significativa do número de casos. Nos países mais desenvolvidos, onde a vacina já está sendo administrada há anos dentro do esquema básico de vacinação, é possível que haja a extinção dos casos. Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2023.1 Página | 3 Em pacientes idosos, o pneumococo tem participação significativa nas infecções, seja causando frequentes infecções pneumônicas, assim como otorrinolaringológicas e decorrentes de traumatismos cranioencefálicos. Na senilitude: o indivíduo idoso, debilitado orgânica e imunologicamente, é suscetível também a infecções por agentes “oportunistas”. Além do meningococo e do pneumococo, prevalecem bactérias oportunistas, como Listeria monocytogenes, Streptococcus agalactiae e enterobactérias. A letalidade da meningite bacteriana em geral não pode ser estabelecida com precisão; ela varia de acordo com situação epidemiológica e virulência da bactéria, uso precoce e correto do tratamento, idade, comorbidades, como o diabetes, aids e imunodeficiências congênitas, alcoolismo, linfomas e outras doenças imunodepressoras, entre outros cofatores. Patogenia e patologia As meningites se desenvolvem, em geral, secundariamente a focos infecciosos distantes. De um ponto de vista didático pode-se apresentar as principais vias de infecção. Por via hematogênica: a maioria das bactérias que causam meningite se coloniza na orofaringe e, através do sangue, atinge o SNC, como é o caso de meningococo, pneumococo e hemófilo; outras provém dos intestinos (enterobactérias), dos pulmões (pneumococo) e do aparelho geniturinário (gram- negativos), sempre por disseminação hematogênica. Por contiguidade: a partir de focos próximos às estruturas anatômicas do SNC, como otites médias crônicas, mastoidites ou sinusites. Por continuidade ou acesso direto: como nos traumatismos cranianos e por manipulação propedêutica ou terapêutica do SNC e de estruturas próximas (punção liquórica e uso de cateter ou implantes sem a devida assepsia). O mecanismo e a via de invasão pela qual a bactéria produz meningite ainda não estão totalmente esclarecidos. O SNC (particularmente o cérebro) possui um bom sistema protetor contra agentes patogênicos invasivos, composto por caixa craniana, meningites e um complexo mecanismo que se interpõe entre o sangue e o liquor (barreira hematoliquórica). A infecção pode atingir o SNC por meio de três mecanismos básicos: propagação sanguínea (bacteremia ou septicemia); infecção adjacente às meningites (faringite, sinusite, mastoidite, otite média etc.); solução de continuidade. As infecções crônicas otorrinolaringológicas podem se comportar como foco inicial silencioso, sobretudo a otite média crônica, que se propaga por contiguidade através do mastoide ou do osso temporal. A bacteremia costuma se desenvolver, tanto no recém-nascido como nos demais segmentos etários, a partir de infecções de pele, pulmão, coração, trato intestinal e geniturinário. A orofaringe é uma fonte de infecção por bactérias que podem se colonizar assintomaticamente nessa região. Algumas experiências mostram que as bactérias se distribuem no SNC ao longo das paredes dos seios venosos encefálicos, onde a pressão do sistema venoso é baixa. Deste ponto, elas penetram pela dura-máter, conseguindo alcançar o espaço subaracnóideo. Este é o momento crítico que irá definir o destino dessas bactérias; se os mecanismos locais de defesa (ainda não bem conhecidos) não conseguirem promover rapidamente a depuração bacteriana, os microrganismos se colonizam e disseminam a infecção. Quagliarello e Scheld, revendo conceitos sobre a patogênese e a fisiopatologia das meningites bacterianas, ensinam que a grande maioria dos casos é causada por apenas poucos agentes bacterianos. A habilidade dessas bactérias em atingir o espaço subaracnóideo e as meníngeas decorre de fatores de virulência que as permitem burlar o sistema imunológico de defesa. Assim, os meningococos, por exemplo, possuem estruturas fenotípicas, as pili (adesinas), na sua superfície, que os permitem aderir à mucosa e se colonizar. De outro modo, pneumococos, hemófilos e meningococos secretam proteases que fazem a clivagem das IgAs secretórias na superfície da mucosa oral. Já na corrente sanguínea, os polissacarídeos capsulares podem se livrar do sistema complementar sérico atividade-específico, que é ativado pela via alternativa. Se a bacteremia é mantida, as bactérias invadem o espaço subaracnóideo e o SNC por vias e mecanismos ainda não bem esclarecidos. Após ultrapassar a barreira hematoliquórica, as bactérias podem se colonizar com mais facilidade porque, no SNC, o sistema humoral de defesa é precário. Componentes da estrutura bacteriana (parede celular do pneumococo, lipopolissacarídeos do H. influenzae, N. meningitidis e E. coli) induzem a produção e a secreção local de citocinas (interleucina 1 [IL-1], IL-6 e fator de necrose tumoral), que medeiam o processo inflamatório. As citocinas ativam o endotélio cerebral, induzindo a adesão de leucócitos e glicoproteínas e a diapedese dos leucócitos para o liquor. A lesão da microvasculatura cerebral e o processo inflamatório das meníngeas facilitam a produção de edema cerebral, tanto por mecanismos vasogênicos (exsudação de albumina Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2023.1 Página | 4 através da barreira hematoliquórica alterada), como por mecanismos intersticiais (redução na reabsorção de liquor pelas vilosidades aracnóideas). Ambos os processos aumentam a pressão intracraniana. A produção de mediadores vasoativos (oxigênio e nitrogênio) reduz a autorregulação do fluxo sanguíneo cerebral, prejudicando o metabolismo celular (déficit de oxigênio e glicose em nível tecidual), produzindo, em consequência, dano cerebral (isquemia, convulsões, herniações, lesão nos nervos cranianos etc.). Os seguintes fenômenos podem ocorrer, conferindo maior ou menor gravidade à meningite, e, como consequência, podem dar origem a sequelas neurológicas: • Tromboflebite de vasos corticais, consequente a focos de necrose no endotélio dos vasos. • Edema inflamatório endocraniano, geralmente simétrico, responsável pela síndrome de hipertensão endocraniana (quando muito intenso, pode chegar a causar herniações encefálicas). • Exsudato fibrinopurulento no espaço subaracnóideo, bloqueando, parcial ou totalmente, a drenagem liquórica (hidrocefalia). Algumas bactérias ocasionam, predominantemente, processos exsudativos localizados (p. ex., pneumococo, hemófilo etc.), ao passo que outras causam, caracteristicamente, exsudatos difusos (p. ex., meningococo); aumento da produção liquórica e/ou redução da capacidade de reabilitação de liquor; encefalopatia pela ação de toxinas bacterianas (principal mecanismo responsável pelas alterações sensoriais e eletroencefalográficas); alterações eletrolíticas; hipoglicorraquia (na meningite, o processamento glicolítico está aumentado, pois o próprio cérebro realiza oxidação do glicogênio, mas a necessidade de utilização de glicose excede a capacidade de fluxo); iatrogenia (neurotoxicidade dos antibióticos etc.); oclusão séptica (êmbolos infectados)ou asséptica (fibrina) dos grandes seios durais. A trombose pode-se estender aos seios venosos comunicantes. Os mais frequentemente comprometidos são os seios cavernosos, sagital superior e lateral (o agente mais comum é o pneumococo). Defesa imunológica Há três etapas de resposta imunológica conhecidas na meningite bacteriana. A primeira é a reação inflamatória inespecífica (grande afluxo de micrófagos); seguida pela reação imunitária humoral (com participação de imunoglobulinas e complemento); e, por último, a reação macrofágica (monócitos modificados e macrófagos originários de descamação de células aracnóideas). A presença de imunoblastos e plasmócitos (produtores de imunoglobulinas) no liquor é infrequente na meningite bacteriana aguda, ao contrário das meningites crônicas ou de etiologia viral. A resposta imune mediada por células não parece ser de importância preponderante. Reservatório/transmissão/incubação O reservatório principal dos agentes bacterianos causadores de meningite é o ser humano. Geralmente a transmissão se dá de pessoa para pessoa, por meio das vias respiratórias, por gotículas e secreções da nasofaringe. O período de incubação em geral varia de dois a dez dias, em média três a quatro dias, podendo haver alguma variação em função do agente etiológico responsável. O período de transmissibilidade varia de acordo com o microrganismo envolvido, sendo que no caso do meningococo esse período persiste até que o meningococo desapareça da nasofaringe. Em geral, a bactéria é eliminada da nasofaringe em até 24h de antibioticoterapia adequada. Suscetibilidade, vulnerabilidade e imunidade A suscetibilidade é geral, entretanto o grupo etário de maior risco é formado por crianças menores de 5 anos, principalmente as menores de 1 ano. A doença meningocócica invasiva ocorre primariamente em pessoas suscetíveis recentemente colonizadas por uma cepa patogênica. Inúmeros fatores de risco têm sido associados, tais como: infecções respiratórias virais recentes (especialmente influenza), aglomeração no domicílio, residir em quartéis, dormir em acampamento militar ou em alojamentos de estudantes, tabagismo (passivo ou ativo), condições socioeconômicas menos privilegiadas e contato próximo com portadores. O risco de desenvolver doença invasiva entre contatos domiciliares de um doente é cerca de 500 a 800 vezes maior que na população geral. Asplenia (anatômica ou funcional), deficiência de properdina, de C3 e de componentes terminais do complemento (C5 a C9) também estão associadas a maior risco de desenvolvimento de doença meningocócica. As pessoas com tais condições clínicas, em função da incapacidade de provocar a morte intracelular da bactéria, apresentam maior risco de episódios recorrentes de doença meningocócica e, portanto, são consideradas grupos prioritários para profilaxia com vacinas. Em portadores, a colonização assintomática da nasofaringe por meningococos tipáveis e não tipáveis e por outras espécies de Neisseria – como, por exemplo, a N. lactamica – acaba funcionando como um processo Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2023.1 Página | 5 imunizante e resulta em produção de anticorpos protetores Quadro clínico Os sinais e sintomas principais no diagnóstico da meningite incluem febre, vômitos, rigidez da nuca e alterações sensoriais do SNC. Isso pode variar, com ausência de alguns sinais e sintomas ou com o acréscimo de outras manifestações clínicas neurológicas. É necessário estar alerta para a possibilidade de uma meningite diante de qualquer situação em que o paciente apresente tão somente febre, cefaleia holocraniana que não cede com analgésicos, e vômitos, independentemente dos outros sinais ou sintomas, pois estes podem já sugerir a hipótese de meningite. Os sintomas produzidos pela meningite diferem em relação a dois fatores: agente etiológico e idade do paciente. Assim, ao contrário de certos germes que costumam se colonizar primeiro em focos infecciosos distantes (com sintomas prodrômicos referentes a esses focos), algumas bactérias (como o meningococo) apresentam quadros clínicos instalados abruptamente e acompanhados de graves manifestações sistêmicas. Quanto à idade do paciente, os sinais e sintomas diferem entre os seguintes grupos etários: em recém- nascidos e crianças com até 18 meses, os sinais clássicos da meningite podem estar ausentes porque a caixa craniana pode se distender devido à presença de suturas cranianas abertas, as quais permitem a expansão do conteúdo endocraniano sem causar aumento da sua pressão. A criança pode apresentar sinais neurológicos (dependente da gravidade do processo infeccioso), como certo grau de letargia, sinal de Moro anormal, tremores, olhar fixo, alterações na tonicidade muscular e, mais raramente, sinais de comprometimento dos nervos cranianos. Em lactentes com meningite, a pesquisa de sinais meníngeos é extremamente difícil, e a rigidez de nuca nem sempre está presente. Nessas circunstâncias, deve-se realizar o exame cuidadoso da fontanela bregmática: • Abaulamento e/ou aumento de tensão da fontanela, aliados a febre, irritabilidade, gemência, inapetência e vômitos. Em lactentes jovens, sobretudo no período neonatal, a suspeita de meningite torna-se notadamente mais difícil, pois a sintomatologia e os dados de exame físico são os mais diversos possíveis: • No recém-nascido, a febre nem sempre está presente. • Observa-se, com frequência, hipotermia, recusa alimentar, cianose, convulsões, apatia e irritabilidade, que se alternam, respiração irregular e icterícia. Sinais e sintomas não específicos comuns: • Febre; • Vômitos/náuses; • Letargia; • Irritabilidade; • Recusa alimentar; • Cefaleia; • Dor muscular; • Dificuldade respiratória. Sinais e sintomas não específicos menos comuns: • Calafrios/tremores; • Dor abdominal/distensão/diarreia; • Dor/coriza no nariz, ouvido e/ou garganta. Sintomas mais específicos: • Petéquias/sinais hemorrágicos; • Rigidez na nuca; • Alteração no estado mental; • Choque; • Abaulamento da fontanela; • Fotofobia; • Sinal de kernig; • Sinal de brudzinski; • Inconsciência; • Estado clínico precário/tóxico; • Paresia; • Déficit neurológico focal; • Convulsões. Sinais de choque: • Tempo de enchimento capilar >2 segundos; • Alteração na coloração da pele; • Taquicardia e/ou hipotensão; • Dificuldade respiratória; • Dor na perna; • Extremidades frias; • Estado clínico precário/tóxico; • Estado de alteração mental/diminuição da consciência; • Baixo débito urinário. Em crianças maiores e adultos sadios, a meningite se exterioriza por meio de três síndromes – síndrome infecciosa; síndrome de hipertensão endocraniana; e síndrome de comprometimento meníngeo. 1. Síndrome Infecciosa Essa síndrome tem sinais e sintomas inespecíficos, comuns às doenças infecciosas agudas e graves, e que Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2023.1 Página | 6 incluem febre (hipertermias superiores a 39°C), anorexia, mal-estar geral, prostração, mialgias, estado toxêmico, tríade de Cushing - bradicardia, arterial bradipneia ou irregularidade respiratória e hipertensão arterial, no contexto de uma injúria cerebral. 2. Síndrome de Hipertensão Endocraniana O aumento do conteúdo intracraniano, sem a correspondente distensão de estrutura óssea, provoca compressões neurológicas que se exteriorizam clinicamente por meio de um conjunto sintomatológico, no qual a cefaleia holocraniana e os vômitos não alimentares (geralmente incoercíveis) estão sempre presentes. Dependendo da intensidade, a hipertensão endocraniana pode se manifestar por: • Cefaleia, que se estende por toda a cabeça, é constante e, frequentemente, dilacerante. • Paroxismos desencadeadospor flexão da cabeça ou aumento da pressão intratorácica e/ou abdominal (tosse, esforços à defecação, espirro etc.); eles não cedem aos analgésicos comuns e podem persistir por alguns dias nos pacientes em tratamento. • Vômitos, que geralmente ocorrem em episódios repetidos e coincidem com vertigens e acentuação da cefaleia; não têm relação com a irritação gástrica e, por vezes, apresentam-se “em jato”. • Alterações de consciência, habitualmente presentes, variando desde discreto torpor mental até coma profundo; com mais frequência, situam-se entre obnubilaçao e coma superficial. • Sinais de estimulação simpática por pressão compressiva de centros adrenérgicos; pode causar taquicardia, palidez, hipertensão arterial, pulso fino e rápido, além de sudorese; alguns pacientes, ao contrário, podem apresentar bradicardia sinusal decorrente da excitação do núcleo vago na porção bulbar. • Edema de papila, constatado pelo exame do fundo de olho, ocorre em cerca de 80% dos casos. Os pacientes podem relatar escotomas cintilantes, fotofobia e/ou diminuição da acuidade visual. • Convulsões, generalizadas ou localizadas: dependendo da predisposição do paciente e da intensidade da hipertensão endocraniana, os episódios convulsivos tônico- -clônicos podem assumir um caráter subentrante grave; quando os acessos convulsivos surgem tardiamente no curso da meningite, podem estar denunciando uma complicação supurativa ou neurológica; em crianças, as convulsões podem resultar de causas reversíveis (hipertermia súbita, hipoglicemia, alterações hidroeletrolíticas etc.). • Sinais neurológicos focais - compreendem inúmeros sinais, ocasionalmente encontrados, e que resultam da compressão de áreas específicas do encéfalo (anisocoria, paralisia espástica com hiper-reflexia osteotendinosa assimétrica, paresia etc). O tipo de sinal encontrado é imprevisível, mas sempre indicativo de mau prognóstico. 3. Síndrome de Comprometimento Meníngeo Os chamados “sinais meníngeos” decorrem da compressão do exsudato purulento sobre a emergência dos nervos raquidianos, resultando em sinais clássicos que incluem: Rigidez da nuca, em que o flexionamento da cabeça é dificultado ou mesmo impossível. A contratura extensora máxima da musculatura dorsal constitui o opistótono (grau máximo de rigidez de nuca). O meningismo (dor à flexão do pescoço, sem comprometimento supurativo das meningites) pode se confundir com a rigidez de nuca e está presente em várias clínicas, como septicemias, processos inflamatórios localizados no segmento cervical, mastoidite, desidratação hipertânica, convulsões febris da infância, contraturas voluntárias de origem psicossomática. Sinal de Brudzinski, que consiste na limitação, pela dor, da flexão do pescoço, acompanhada, secundariamente, de flexão dos joelhos. Sinal de Kernig, que é uma limitação dolorosa da extensão da perna, quando se traciona positivamente a coxa sobre a bacia (mantendo o joelho articulado). A Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2023.1 Página | 7 perna oposta, mantida estendida, tende a se flexionar, simultaneamente. Sinal do “tripé”, observado quando, ao se flexionar passivamente o tronco, no sentido de manter sentado o paciente, este adota uma posição característica, com a cabeça rígida, joelhos articulados e braços para trás, obrigando-se a se sustentar em três pontos de apoio: as mãos, a bacia e os pés. Sinal de Lasègue, no qual o paciente reage com manifestação de dor à movimentação passiva da coxa sobre a bacia (mantendo a perna estendida). Secundariamente, há flexão ativa, concomitante, da outra coxa sobre a bacia. A síndrome de comprometimento meníngeo se completa com uma postura antálgica adotada pelo paciente em decúbito lateral, com flexão das coxas sobre o abdome e as pernas flexionadas (posição de “gatilho de espingarda”); a coluna, o pescoço e a cabeça são mantidos rigidamente estendidos. Os sinais meníngeos não são patognomônicos de meningite. Frequentemente, alguns desses sinais estão ausentes ou apenas esboçados. A meningite em pacientes idosos ou debilitados é, em geral, mais grave e, em consequência, se exterioriza com quadro clínico atípico. Nos pacientes idosos, febre e confusão mental podem ser os únicos sinais iniciais. Os sinais meníngeos podem estar ausentes ou ser de difícil caracterização, em razão da osteoartrite cervical ou da doença de Parkinson, mas podem ocorrer convulsões e sinais focais. A mortalidade é superior a 60%. Algumas meningites bacterianas apresentam lesões exantemáticas petequiais durante as fases iniciais da doença. Essas lesões de pele são extremamente frequentes e características da meningite meningocócica. As principais complicações da meningite bacteriana são perda da audição, distúrbio de linguagem, retardo mental, anormalidade motora e distúrbios visuais. Prognóstico Os fatores que melhor indicam o prognóstico do caso na fase aguda de doença são: idade; tempo de duração do estado comatoso; tipo de bactéria envolvida; hipoglicorraquia persistente; hiperproteinorraquia Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2023.1 Página | 8 persistente; neutropenia em sangue periférico e no liquor; convulsões prolongadas recorrentes; concentração de bactérias e antígenos no liquor (e/ou sua persistência por mais de 24 horas após o início do tratamento). As meningites de instalação súbita do quadro clínico completo (inferior a 24 horas) são de pior prognóstico. Diagnóstico laboratorial Os principais exames para o esclarecimento diagnóstico de casos suspeitos de meningite bacteriana são: • cultura (padrão ouro) – pode ser realizada com diversos tipos de fluidos corporais, principalmente líquido cefalorraquidiano (LCR), sangue e raspado de lesões petequeais. É considerada padrão- -ouro para diagnóstico da doença meningocócica por ter alto grau de especificidade. Tem como objetivo o isolamento da bactéria para identificação da espécie, e posteriormente o sorogrupo, o sorotipo e o sorossubtipo do meningococo invasivo; • reação em cadeia da polimerase (PCR) – detecta o DNA da bactéria presente nas amostras clínicas (LCR, soro, sangue total e fragmentos de tecidos). Também permite a genogrupagem dos sorogrupos do microrganismo. A PCR em tempo real (qPCR) é uma modificação da técnica tradicional de PCR que identifica o DNA-alvo com maior sensibilidade e especificidade e em menor tempo de reação; • aglutinação pelo látex – detecta o antígeno bacteriano em amostras de LCR. Partículas de látex, sensibilizadas com antissoros específicos, permitem, por técnica de aglutinação rápida (em lâmina ou placa), detectar o antígeno bacteriano nas amostras. Pode ocorrer resultado falso-positivo, em indivíduos portadores do fator reumático ou em reações cruzadas com outros agentes; • bacterioscopia direta – pode ser realizada a partir do LCR e de outros fuidos corpóreos normalmente estéreis e de raspagem de petéquias. A coloração do LCR pela técnica de Gram permite, ainda que com baixo grau de especificidade, caracterizar morfológica e tintorialmente as bactérias presentes (no caso do meningococo, um diplococo Gram- negativo); • exame quimiocitológico do líquor. O exame do LCR é o teste de laboratório mais importante para o diagnóstico de meningite. Ele permite determinar com alto grau de acerto a intensidade do processo inflamatório e a identificação do agente etiológico por bacterioscopia, cultura, sorologia, anticorpos específicos, pesquisa de marcadores de infecção bacteriana (prova do látex por aglutinação, pesquisa do lactato) e pesquisa de antígenos por biologia molecular. O aspecto do líquor normal é límpido e incolor, como “água de rocha”. Nos processos infecciosos ocorre o aumento de elementosfigurados (células), causando turvação, cuja intensidade varia de acordo com a quantidade e o tipo dessas células. Outros exames laboratoriais - O hemograma não é sugestivo de meningite bacteriana; frequentemente revela leucocitose, neutrofilia e desvio à esquerda; e o exame bioquímico sanguíneo também não fornece maiores informações diagnósticas. O cultivo do sangue pode ser uma fonte importante para o isolamento da bactéria causal. Nas meningites não precedidas de disseminação hematogênica de bactérias, se desenvolve bacteremia secundária. Tratamento O tratamento com antibiótico deve ser instituído assim que possível. A adoção imediata do tratamento antibiótico não impede a coleta de material para o diagnóstico etiológico, seja LCR, sangue ou outros espécimes clínicos, mas recomenda-se que a coleta das amostras seja feita, preferencialmente, antes de iniciar o tratamento ou o mais próximo possível desse momento. O tratamento precoce e adequado dos casos reduz significativamente a letalidade da doença e é importante para o prognóstico satisfatório. O uso de antibiótico deve ser associado a outros tipos de tratamento de suporte, como reposição de líquidos e cuidadosa assistência. Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2023.1 Página | 9 De maneira geral, o tratamento antibacteriano é feito de maneira empírica, pois o agente etiológico é desconhecido; toma-se como base o conhecimento dos agentes bacterianos prevalentes na comunidade, assim como seu perfil de suscetibilidade antimicrobiana, nas diversas faixas etárias. A duração do tratamento antibiótico em pacientes com meningite bacteriana varia de acordo com o agente isolado e deve ser individualizada de acordo com a resposta clínica. → Meningites virais A meningite asséptica é uma síndrome infectocontagiosa, estabelecida após inflamação das meninges. A etiologia mais comum desta síndrome é a viral, e os enterovírus são responsáveis por mais de 80% dos casos em que o agente etiológico é identificado. Os principais são os vírus do gênero Enterovírus. Neste grupo estão incluídos os três tipos de poliovírus, 28 tipos antigênicos do vírus echo, 23 tipos do vírus coxsackie A, seis do vírus coxsackie B e cinco outros enterovírus. Os vírus da família Herpesviridae frequentemente invadem o SNC, causando meningites e, algumas vezes, encefalites e meningoencefalites. Nem sempre o achado do vírus dessa família em caso de meningite significa evolução para encefalite, apesar de ser necessária vigilância contínua. Na maioria das vezes, a meningite por esses agentes é autolimitada em pacientes imunocompetentes. Em casos de meningites recorrentes, o herpesvírus tipo 2 é o mais prevalente e está associado a infecções genitais herpéticas. A meningite pelo vírus Varicella zoster é complicação comum em casos de catapora, mas pode haver reativação do vírus e consequente meningite sem que ocorram lesões cutâneas concomitantes. A caxumba é causada pelo Paramyxovirus e frequentemente evolui para meningite ou meningoencefalite. A evolução é autolimitada, benigna e ocorre em 15% dos pacientes com doença ativa. Apesar de as meningites virais serem geralmente autolimitadas e de evolução benigna, sua identificação é de fundamental importância para evitar o uso de antibióticos e a internação desnecessariamente longa do paciente, o que aumenta o risco de infecções hospitalares, reações medicamentosas e demais iatrogenias. A maioria dos quadros infecciosos virais do SN pode acometer as meninges, o encéfalo e as raízes nervosas, com participação em graus diferentes de cada uma dessas estruturas no perfil total segundo o agente etiológico e respeitando as características pessoais do paciente. Características epidemiológicas As meningites virais têm distribuição universal. Podem ocorrer casos isolados e surtos principalmente relacionados aos enterovírus. A frequência de casos se eleva nos meses do outono e da primavera. O aumento de casos pode estar relacionado a epidemias de varicela, sarampo, caxumba e também a eventos adversos pós-vacinais. Reservatório O principal é o homem. Modo de transmissão Nas infecções por enterovírus predomina a via fecal- oral, podendo ocorrer também por via respiratória. Período de incubação Para os enterovírus, situa-se comumente entre 7 e 14 dias, podendo variar de 2 a 35 dias. Período de transmissibilidade No caso dos enterovírus, podem ser eliminados nas fezes por diversas semanas e pelas vias aéreas superiores por períodos que variam de 10 a 15 dias. Vulnerabilidade As crianças constituem o grupo mais vulnerável às infecções causadas pelos enterovírus Quadro clínico O quadro clínico é semelhante ao das demais meningites agudas. Entretanto, o exame físico chama a atenção o bom estado geral associado à presença de sinais de irritação meníngea. Em geral, as meningites virais não estão associadas a complicações, a não ser Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2023.1 Página | 10 que o indivíduo seja portador de alguma imunodeficiência. Quando se trata de enterovírus, as mais frequentes são: febre, mal-estar geral, náusea e dor abdominal na fase inicial do quadro, seguidas, após cerca de 1 a 2 dias, de sinais de irritação meníngea, com rigidez de nuca geralmente acompanhada de vômitos. É importante destacar que os sinais e sintomas inespecíficos que mais antecedem e/ou acompanham o quadro da meningite asséptica por enterovírus são: manifestações gastrointestinais (vômitos, anorexia e diarreia), respiratórias (tosse, faringite) e ainda mialgia e erupção cutânea. Em geral o restabelecimento do paciente é completo, mas em alguns casos pode permanecer alguma debilidade, como espasmos musculares, insônia e mudanças de personalidade. A duração do quadro é geralmente inferior a uma semana. Prognóstico O prognóstico para a recuperação total da meningite viral em adultos é excelente. Em raros casos, os pacientes queixam-se de cefaleia persistente, deficiência intelectual leve, incoordenação ou astenia generalizada durante várias semanas a meses. O prognóstico em recém-nascidos e lactentes (< 1 ano) é incerto; em alguns estudos, relataram-se deficiência intelectual, dificuldade de aprendizado, surdez e outras sequelas neurológicas duradouras. Diagnóstico O diagnóstico etiológico dos casos suspeitos de meningite viral é de extrema importância para a vigilância epidemiológica, quando se trata de situação de surto. Os principais exames para o esclarecimento diagnóstico de casos suspeitos de meningite viral dependem do agente etiológico: • isolamento viral em cultura celular – líquor e fezes; • reação em cadeia da polimerase (PCR) – LCR, soro e outras amostras; • exame quimiocitológico do líquor. Outros exames laboratoriais - Em todos os pacientes com suspeita de meningite viral, devem-se obter um hemograma completo com contagem diferencial, provas de funções hepática e renal, velocidade de hemossedimentação (VHS) e proteína C-reativa, eletrólitos, glicose, creatina-cinase, aldolase, amilase e lipase. Os exames de neuroimagem (de preferência RM, em lugar da TC) não são absolutamente necessários em pacientes com meningite viral não complicada, porém devem ser realizados em pacientes com alteração da consciência, crises convulsivas, sinais ou sintomas neurológicos focais, perfis atípicos do LCS ou tratamentos ou condições subjacentes que causem imunocomprometimento. Tratamento O tratamento antiviral específico não tem sido amplamente utilizado. Em geral, utiliza-se o tratamento de suporte, com avaliação criteriosa e acompanhamento clínico. Tratamentos específicos somente estão preconizados para a meningite herpética (HSV 1 e 2 e VZV) com aciclovir endovenoso. Na caxumba,a gamaglobulina específica hiperimune pode diminuir a incidência de orquite, porém não melhora a síndrome neurológica. → Meningites fúngicas Meningite por fungo é rara, pode apresentar evolução lenta e ser fatal. Esta meningite ocorre principalmente com pacientes que apresentam alguma forma de imunodeficiência primária ou adquirida, porém, pode acometer indivíduos hígidos. Destacam- se os fungos do gênero Cryptococcus, sendo as espécies mais importantes a C. neoformans e a C. gattii. Entretanto outros agentes, como protozoários e helmintos, também podem ocasionar meningite. Reservatório Microfocos relacionados a habitat de aves, madeira em decomposição em árvores, poeira domiciliar, outros habitat, como de morcegos e outros animais; onde houver concentração estável de matéria orgânica, pode representar fontes ambientais potenciais para a infecção. Além de pombos, outras aves também são importantes reservatórios, sobretudo aquelas relacionadas à criação em cativeiro no ambiente doméstico, como canários e periquitos. Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2023.1 Página | 11 Modo de transmissão Geralmente ocorre devido à inalação das formas leveduriformes do ambiente. Período de incubação Desconhecido. Casuísticas brasileiras exibem média de surgimento de sinais e sintomas entre 3 semanas e 3 meses antes da admissão, mas individualmente pode variar de 2 dias a 18 meses ou mais. Suscetibilidade e vulnerabilidade A suscetibilidade é geral; o C. neoformans tem caráter predominantemente oportunista; o C. gatti atinge prioritariamente crianças e jovens hígidos. Manifestações clínicas Apresenta-se mais frequentemente como meningite ou meningoencefalite aguda ou subaguda, entretanto aparecem lesões focais únicas ou múltiplas no SNC, simulando neoplasias, associadas ou não ao quadro meníngeo; isto tem sido associado ao C. gattii. As manifestações variam de acordo com o estado imunológico do paciente. No indivíduo com comprometimento imunológico (aids ou outras condições de imunossupressão), a meningoencefalite é aguda, com ampla variedade de sinais, podendo inclusive não haver sinais de irritação meníngea. Nos pacientes com aids que apresentam cefaleia, febre, demência progressiva e confusão mental, a meningite criptocócica deve ser considerada. No indivíduo imunocompetente, o quadro é exuberante, e os sintomas comumente descritos são: cefaleia, febre, vômitos, alterações visuais, rigidez de nuca. Outros sinais neurológicos, como ataxia, alteração do sensório e afasia, são comuns. Pode ocorrer evolução para torpor ou coma. Complicações Pode evoluir com significativo número de sequelas; as mais frequentes são diminuição da capacidade mental (30%), redução da acuidade visual (8%), paralisia permanente de nervos cranianos (5%) e hidrocefalia. Diagnóstico Os principais exames a serem realizados no LCR para o esclarecimento diagnóstico de casos suspeitos de meningite criptocócica são: • exame micológico direto com preparação da tinta da China; • cultura para fungos – padrão ouro; • aglutinação pelo látex – pesquisa de antígeno (Crag); • exame quimiocitológico do líquor. O aspecto do líquor normal é límpido e incolor, como “água de rocha”. Nos processos infecciosos, ocorre o aumento de elementos figurados (células) e alterações bioquímicas, podendo ou não causar turvação. Tratamento O tratamento da meningite criptocócica deve considerar a presença ou não de imunossupressão e nas drogas disponíveis. O tratamento é dividido em três fases: indução, consolidação e manutenção. Dependendo do estado imunológico do paciente e da disponibilidade do medicamento, vários esquemas podem ser adotados. O término da fase de indução e início da fase de consolidação é recomendado somente quando o paciente apresentar cultura para fungos negativa no LCR após a 2ª semana e/ou melhora dos sinais clínicos. Cabe ressaltar que os pacientes portadores de condições de imunossupressão deverão ser submetidos à fase de manutenção do tratamento por 12 a 24 meses. → Meningite tuberculosa Diferentemente das demais meningites, a meningite tuberculosa pode apresentar uma evolução mais lenta, Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2023.1 Página | 12 de semanas ou meses, tornando difícil o diagnóstico de suspeição. Causada pelo Mycobacterium tuberculosis, é o tipo mais grave de tuberculose e geralmente uma complicação da forma pulmonar da enfermidade. Costuma acontecer nos primeiros seis meses após o contágio e evolui lentamente, sem aparentar gravidade. Na meningite tuberculosa não tratada, classicamente o curso da doença é dividido em três estágios: Estágio I – em geral, tem duração de 1 a 2 semanas, caracterizando-se pela inespecificidade dos sintomas, podendo ocorrer febre, mialgias, sonolência, apatia, irritabilidade, cefaleia, anorexia, vômitos, dor abdominal e mudanças súbitas do humor, sintomas comuns a qualquer processo inespecífico. Nessa fase, o paciente pode encontrar-se lúcido e o diagnóstico geralmente é estabelecido pelos achados liquóricos. Estágio II – caracteriza-se pela persistência dos sintomas sistêmicos e pelo surgimento de evidências de dano cerebral (sinais de lesão de nervos cranianos, exteriorizando-se por paresias, plegias, estrabismo, ptose palpebral, irritação meníngea e hipertensão endocraniana). Nessa fase, alguns pacientes apresentam manifestações de encefalite, com tremores periféricos, distúrbios da fala, trejeitos e movimentos atetóides. Estágio III ou período terminal – ocorre quando surge o déficit neurológico focal, opistótono, rigidez de nuca, alterações do ritmo cardíaco e da respiração e graus variados de perturbação da consciência, incluindo o coma. Em qualquer estágio clínico da doença, pode-se observar convulsões focais ou generalizadas. Na maioria dos casos de meningite tuberculosa, observam-se alterações radiológicas pulmonares. O teste tuberculínico pode ou não ser reator. É importante lembrar que esse teste somente tem valor nos pacientes não vacinados com BCG e que poderá apresentar resultados negativos nos indivíduos anérgicos, pacientes em fase terminal, pacientes com tuberculose disseminada, na desnutrição grave e nos pacientes com aids (síndrome da imunodeficiência adquirida). Meningite crônica A meningite crônica é uma síndrome clínica, com duração de pelo menos quatro semanas, que é causada por agentes infecciosos ou não infecciosos. Ela caracteriza-se pela persistência de sinais e sintomas de meningite, como cefaleia holocraniana, febre, rigidez de nuca, náuseas, vômitos, letargia e confusão, e está associada à pleocitose e hiperproteinorraquia. Os sintomas podem ser estáticos, flutuantes ou apresentar uma lenta piora do quadro clínico. A prevalência não é bem conhecida, variando conforme a etiologia. A meningite crônica corresponde a cerca de 10% de todos os casos de meningite. Pacientes imunossuprimidos apresentam maior prevalência de meningites crônicas, e a epidemia de HIV/aids fez aumentar significativamente o número de diagnósticos. As meningites crônicas podem comprometer meninges e encéfalo, levando às seguintes manifestações: a) meníngeas, como tuberculose, sífilis, histoplasmose, doença de Lyme, criptococose, candidíase, brucelose, paracoccidioidomicose; b) lesões focais, como toxoplasmose, actinomicose, cisticercose, aspergilose, esquistossomose; c) encefálicas, como sarampo, raiva, citomegalia e enteroviroses. Etiologia Existem várias etiologias responsáveis pelas menigites crônicas, podendo haver agentes infecciosos e não infecciosos, como doenças inflamatórias e doenças neoplásicas. Mesmo com intensivos esforços para realizar o diagnóstico etiológico, em cerca de ⅓ dos casos não éencontrada a causa. Desta forma, anamnese precisa e meticulosa história clínica podem ser peças-chave neste procedimento. A procedência de certas regiões endêmicas, como devido a viagens turísticas, pode relacionar o caso com áreas onde há doenças, como coccidioidomicose, paracoccidioidomicose ou cisticercose. A pesquisa do teste tuberculíneo, a sorologia para HIV, HTLV I e II e a história de exantema ou outras lesões cutâneas que podem levantar suspeita de sífilis ou eritema migratório com suspeita de Borrelia burgdorferi sempre devem ser bem analisadas. Há poucos dados publicados em literatura, e a maior parte dos artigos descreve um ou poucos casos, mas destaca-se um estudo da Nova Zelândia, com 83 pacientes portadores de meningite crônica, coletado em 16 anos, que teve como resultado 40% de etiologia tuberculosa e adicional de 17% com resposta ao tratamento empírico da tuberculose. Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2023.1 Página | 13 Algumas meningites crônicas podem estar relacionadas com quadro clínico peculiar, podendo apresentar um caráter recorrente diretamente relacionado com focos infecciosos parameníngeos (sinusite, otite, mastoidite, osteomielite, abscesso cerebral) ou infecções por pneumococo com resposta imunológica provavelmente deficiente, além de outras alterações como infecções pós-traumáticas, herpes simples, neoplasias benignas, doença de Mollaret, lúpus eritematoso disseminado e meningite induzida por drogas. Quadro clínico O quadro clínico da meningite crônica apresenta algumas diferenças em relação ao da meningite aguda. Os achados de exame físico geral costumam não ser muito significativos, mas às vezes podem indicar doença sistêmica associada. O exame neurológico minucioso é de importância vital para o delineamento da extensão do envolvimento do SNC. Alteração do status mental, meningismo e paralisias oculomotoras podem ser sugestivos de aumento da pressão intracraniana, e sinais da corda espinal podem estar presentes nas meningites crônicas. Os sinais focais podem indicar a presença de lesão parenquimatosa, como abscessos ou granulomas, exigindo diagnóstico específico para a introdução de terapêutica específica. O achado da hidrocefalia acompanhada de neuropatia craniana pode ser sugestivo de comprometimento da leptomeninge basilar. Nas meningites crônicas, a neuropatia periférica costuma ser incomum e, quando presente, pode sugerir doença de Lyme. O exame oftalmológico deve ser realizado na tentativa de evidenciar lesões sugestivas de hipertensão intracraniana ou de outros agravos, como na toxoplasmose e na citomegalovirose. Diagnóstico Os pacientes com hipótese diagnóstica de meningite crônica deverão ser submetidos a uma complexa investigação diagnóstica, que pode incluir testes sorológicos, múltiplas imagens, testes cutâneos e repetidas punções lombares e o diagnóstico etiológico. Ainda assim, pode não ser conclusiva. A escolha dos exames deve estar baseada nos achados epidemiológicos e clínicos de cada caso, mas provavelmente incluiria sorologia para HIV, sífilis, cisticercose, toxoplasmose, tinta da china e pesquisas de fungos. O exame do líquido cefalorraquidiano (LCR) nem sempre leva ao diagnóstico, podendo às vezes direcionar para ele, como, por exemplo, quando da presença de elevada eosinofilia, sugerindo lembrar a presença de protozoários ou de coccidiodomicose e neurocisticercoide. Esse exame deve ser sempre o mais completo possível, incluindo o quimiocitológico, bacterioscópico, pesquisa de células atípicas, cultura em meios para bactérias aeróbias e anaeróbias, gram- positivas e gram-negativas, fungos, tuberculose etc., e exames imunológicos para as infecções mais prevalentes na região e nas circunstâncias do caso. Os exames sanguíneos, como sorologias e culturas, não devem ser esquecidos na procura pelo provável agente etiológico. Referências: • Veronesi – Tratado de Infectologia; • Ministério da Saúde – Guia de vigilância em saúde, 5ª ed, 2022. 2) ESTUDAR AS INDICAÇÕES DE PROFILAXIA NOS CONTACTANTES DE INDIVÍDUOS COM DIAGNÓSTICO DE MENINGITE; Meningite por meningococo A quimioprofilaxia, embora não assegure efeito protetor absoluto e prolongado, tem sido adotada como medida eficaz na prevenção de casos secundários. Os casos secundários são raros e, geralmente, ocorrem nas primeiras 48 horas a partir do primeiro caso. O risco de doença entre os contatos próximos é maior durante os primeiros dias após o início da doença, o que requer que a quimioprofilaxia seja administrada o mais rápido possível. Está indicada para os contatos próximos de casos suspeitos de doença meningocócica (meningite meningocócica). Contatos próximos são os moradores do mesmo domicílio, indivíduos que compartilham o mesmo dormitório (em alojamentos, quartéis, entre outros), comunicantes de creches e escolas, e pessoas diretamente expostas às secreções do paciente. A quimioprofilaxia também está indicada para o paciente no momento da alta ou na internação no mesmo esquema preconizado para os contatos próximos, exceto se o tratamento da doença foi realizado com ceftriaxona. Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2023.1 Página | 14 Não há recomendação para os profissionais da área de saúde que atenderam o caso de doença meningocócica, exceto para aqueles que realizaram procedimentos invasivos (intubação orotraqueal, passagem de cateter nasogástrico) sem utilização de equipamento de proteção individual (EPI) adequado. O antibiótico de escolha para a quimioprofilaxia é a rifampicina, que deve ser administrada em dose adequada e simultaneamente a todos os contatos próximos, preferencialmente até 48 horas da exposição à fonte de infecção (doente), considerando o prazo de transmissibilidade e o período de incubação da doença. Meningite por Haemophylus influenzae O risco de doença invasiva por H. influenzae tipo b entre os contatos próximos é maior durante os primeiros dias após o início da doença, o que requer que a quimioprofilaxia seja administrada o mais rápido possível. Os casos secundários são raros, e podem ocorrer dentro de 60 dias após contato com o paciente. A taxa de ataque secundária é maior entre os contatos domiciliares menores de 4 anos de idade não imunizados. • No domicílio, para os contatos próximos, de qualquer idade, que tenham pelo menos um contato com criança menor que 4 anos não vacinada ou parcialmente vacinada, ou com criança imunocomprometida, independentemente da situação vacinal. • Em creches e escolas maternais, está indicada quando dois ou mais casos de doença invasiva ocorreram em um intervalo de até 60 dias. Nessa situação, a quimioprofilaxia deve ser prescrita para todas as crianças, independentemente da idade ou do status vacinal, e para os cuidadores. • Também é indicada para o doente em tratamento, caso não esteja recebendo cefalosporina de terceira geração. O antibiótico de escolha para a quimioprofilaxia é a rifampicina, que deve ser administrada em dose adequada e simultaneamente a todos os contatos próximos, preferencialmente até 48 horas da exposição à fonte de infecção (doente), considerando o prazo de transmissibilidade e o período de incubação da doença. A rifampicina é recomendada para a quimioprofilaxia porque atinge altas concentrações nas secreções respiratórias e erradica o H. influenzae tipo b da nasofaringe de aproximadamente 95% dos portadores. A vacinação é considerada a forma mais eficaz na prevenção da meningite bacteriana, sendo as vacinas específicas para determinados agentes etiológicos. São utilizadas na rotina para imunização de crianças menores de 1 ano. Referências: • Ministério da Saúde – Guia de vigilância em saúde, 5ª ed, 2022. 3) COMPREENDER OS COMPONENTESE FUNÇÕES DA COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇ ÃO HOSPITALAR; O Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH) é um conjunto de ações desenvolvidas deliberada e sistematicamente, com vistas à redução máxima possível da incidência e da gravidade das infecções hospitalares. Para a adequada execução do PCIH os hospitais deverão constituir Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), órgão de assessoria à autoridade máxima da instituição e de execução das ações de controle de infecção hospitalar. Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2023.1 Página | 15 A CCIH deverá ser composta por profissionais da área de saúde, de nível superior, formalmente designados. Os membros da CCIH serão de dois tipos: consultores e executores. O presidente ou coordenador da CCIH será qualquer um dos membros da mesma, indicado pela direção do hospital. Os membros consultores serão representantes, dos seguintes serviços: • serviço médico; • serviço de enfermagem; • serviço de farmácia; • laboratório de microbiologia; • administração. Os hospitais com número de leitos igual ou inferior a 70 (setenta) atendem aos membros consultores como representantes do serviço médico e do serviço de enfermagem. Os membros executores da CCIH representam o Serviço de Controle de Infecção Hospitalar e, portanto, são encarregados da execução das ações programadas de controle de infecção hospitalar. Os membros executores serão, no mínimo, 2 (dois) técnicos de nível superior da área de saúde para cada 200 (duzentos) leitos ou fração deste número com carga horária diária, mínima, de 6 (seis) horas para o enfermeiro e 4 (quatro) horas para os demais profissionais. Um dos membros executores deve ser, preferencialmente, um enfermeiro. A CCIH do hospital deverá: 1. Elaborar, implementar, manter e avaliar programa de controle de infecção hospitalar, adequado às características e necessidades da instituição, contemplando, no mínimo, ações relativas a: − implantação de um Sistema de Vigjlância Epidemiológica das Infecções Hospitalares; − adequação, implementação e supervisão das normas e rotinas técnico-operacionais, visando à prevenção e controle das infecções hospitalares; − capacitação do quadro de funcionários e profissionais da instituição, no que diz respeito à prevenção e controle das infecções hospitalares; − uso racional de antimicrobianos, germicidas e materiais médico-hospitalares; 2. avaliar, periódica e sistematicamente, as informações providas pelo Sistema de Vigilância Epidemiológica das infecções hospitalares e aprovar as medidas de controle propostas pelos membros executores da CCIH; 3. realizar investigação epidemiológica de casos e surtos, sempre que indicado, e implantar medidas imediatas de controle; 4. elaborar e divulgar, regularmente, relatórios e comunicar, periodicamente, à autoridade máxima de instituição e às chefias de todos os setores do hospital a situação do controle das infecções hospitalares, promovendo seu amplo debate na comunidade hospitalar, 5. elaborar, implementar e supervisionar a aplicação de normas e rotinas técnico-operacionais, visando limitar a disseminação de agentes presentes nas infecções em curso no hospital, por meio de medidas de precaução e de isolamento; 6. adequar, implementar e supervisionar a aplicação de normas e rotinas técnico-operacionais, visando à prevenção e ao tratamento das infecções hospitalares; 7. definir, em cooperação com a Comissão de Farmácia e Terapêutica, política de utilização de antimicrobianos, germicidas e materiais médico-hospitalares para a instituição; 8. cooperar com o setor de treinamento ou responsabilizar-se pelo treinamento, com vistas a obter capacitação adequada do quadro de funcionários e profissionais, no que diz respeito ao controle das infecções hospitalares; 9. elaborar regimento interno para a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar; 10. cooperar com a ação do órgão de gestão do SUS, bem como fornecer, prontamente, as informações epidemiológicas solicitadas pelas autoridades competentes; 11. notificar, na ausência de um núcleo de epidemiologia, ao organismo de gestão do SUS, os casos diagnosticados ou suspeitos de outras doenças sob Vigilância epidemiológica (notificação compulsória), atendidos em qualquer dos serviços ou unidades do hospital, e atuar cooperativamente com os serviços de saúde coletiva; 12. notificar ao Serviço de Vigilância Epidemiológica e Sanitária do organismo de gestão do SUS, os casos e surtos diagnosticados ou suspeitos de infecções associadas à utilização de insumos e/ou produtos industrializados. Referências: • Ministério da Saúde - Portaria nº 2616, de 12 de maio de 1998.
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