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Ventilação Mecânica 1 📺 Ventilação Mecânica A ventilação mecânica (VM) ou suporte ventilatório consiste em um método de tratamento para pacientes com insuficiência respiratória aguda ou crônica agudizada. Os objetivos da VM são manutenção das trocas gasosas pela correção da hipoxemia e da acidose respiratória associada à hipercapnia, alívio do trabalho da musculatura respiratória, reversão ou prevenção da fadiga da musculatura respiratória, diminuição do consumo de oxigênio e aplicação de terapêuticas específicas. Indicações da ventilação mecânica invasiva 1. Proteção de vias aéreas e do parênquima pulmonar 2. Correção de obstrução de vias aéreas superiores 3. Facilitação da higiene brônquica: Apesar de facilitar o acesso às vias aéreas em casos de hipersecreção pulmonar (fibrose cística, bronquiectasia), a intubação endotraqueal prejudica o mecanismo da tosse. Portanto, deve ser muito bem indicado neste caso 4. Redução do consumo de oxigênio pela musculatura respiratória: Em casos de instabilidade hemodinâmica grave 5. Situações de risco: apneia, parada respiratória, parada cardiorrespiratória, cianose central persistente, fadiga muscular com uso de musculatura respiratória acessória e que tem grande risco de evoluir para parada respiratória ou cardiorrespiratória 6. Insuficiência respiratória A partir do momento em que se opta por intubar o paciente, o primeiro passo é escolher o tipo de ventilação, limitada à pressão ou ao volume. Essa escolha depende da idade, da doença e do tipo de aparelho disponível no hospital. O passo seguinte é a adequada regulagem dos parâmetros do ventilador mecânico escolhido. A ventilação mecânica é realizada por meio de ciclos ventilatórios, em duas fases: inspiratória e expiratória. O ventilador inicia a fase inspiratória abrindo a válvula de Ventilação Mecânica 2 fluxo e fechando a válvula de exalação. Nessa fase, ocorre o enchimento dos pulmões com o ventilador exercendo a pressão necessária para vencer o atrito nas vias aéreas e expandir os pulmões. O final da fase inspiratória coincide com o início da fase expiratória, com o ventilador fechando a válvula de fluxo e abrindo a válvula de exalação. Nessa fase, ocorre o esvaziamento dos pulmões. Os ciclos ventilatórios podem ser classificados em três tipos: •Ciclos controlados: são iniciados, controlados e finalizados exclusivamente pelo ventilador, são iniciados geralmente de acordo com um critério de tempo; Ciclos ventilatórios •Ciclos assistidos: são iniciados pelo paciente, controlados e finalizados pelo ventilador, o disparo se dá pelo reconhecimento do esforço inspiratório do paciente pelo ventilador, geralmente por uma alteração na pressão ou no fluxo na via aérea. •Ciclos espontâneos. Modos ventilatórios Controlado: o ventilador disponibiliza apenas ciclos controlados, baseados na frequência respiratória programada. A frequência respiratória pode ser programada diretamente ou derivada de outros parâmetros. Assistido: o ventilador disponibiliza ciclos controlados e assistidos. Geralmente, o modo assistido é denominado assistido-controlado, já que o ventilador pode, na ausência de esforço inspiratório do paciente, manter os ciclos controlados na frequência programada Espontâneo: Paciente inicia e finaliza respiração, geralmente com pressão de suporte Modos de controle Volume Controlado (VCV): o ventilador controla a válvula de fluxo para manter o fluxo programado durante a fase inspiratória, ou seja, o fluxo é o parâmetro controlado (“fixo”) e a pressão na via aérea é a resultante (“livre”). O ciclo será finalizado quando o volume inspirado alcançar o valor de volume controlado programado. Pressão Controlada (PCV): o ventilador controla a válvula de fluxo para manter a pressão na via aérea constante, no valor programado, durante a fase inspiratória. O fluxo será resultante do nível de pressão controlada programada Ventilação Mecânica 3 e da mecânica respiratória do paciente, ou seja, a pressão na via aérea é o parâmetro controlado (“fixo”) e o fluxo, o parâmetro resultante (“livre”). Pressão de suporte (PSV): Atua nos ciclos espontâneos, a pressão é o parâmetro controlado (“fixo”) e o fluxo é o parâmetro resultante (“livre”). Ajustes ventilatórios ⚒ Volume corrente Na ventilação mecânica a volume controlado, o volume corrente (Vt) é mantido constante, sendo o fator de ciclagem do respirador. É recomendado utilizar VC 6-8 mL/kg/peso predito Peso corporal predito: Homens: 50 + 0,91 × (altura em cm - 152,4) Mulheres: 45,5 + 0,91 × (altura em cm - 152,4) Uma vez estabelecidos os parâmetros iniciais, observar as curvas de volume corrente, pressão e fluxo, a fim de constatar se os valores estão dentro do previsto e se não há necessidade de reajuste imediato. FIO2 O ideal é manter uma FiO2 suficiente para obter SaO2 entre 93 e 97%, sem expor o paciente ao risco de toxicidade pelo oxigênio. As trocas de decúbito são prioritárias para a função pulmonar e principalmente para estabelecer uma ideal relação ventilação/perfusão (V/Q). FR A frequência respiratória (f) deve ser ajustada de acordo com a necessidade do paciente (nos modos assistidos). Em geral, recomenda-se uma frequência respiratória de 12 a 16 ipm para a maioria dos pacientes estáveis. Deve-se ficar atento para o desenvolvimento de autoPEEP com altas frequências respiratórias, geralmente acima de 20 ipm. -Doenças obstrutivas (hiperinsuflação)→ recomenda-se uma frequência respiratória mais baixa (< 12 ipm), tornando maior o tempo para exalação. Ventilação Mecânica 4 -Doenças restritivas: frequência respiratoria mais elevada (> 20 ipm) em razão da menor constante de tempo expiatório. Pinsp Serve para que o gás injetado no pulmão se espalhe homogeneamente. Pode ser determinada em unidade de tempo ou em percentual do tempo expiratório. I:E O objetivo é regular a frequência respiratória com fluxo inspiratório ou tempo inspiratório visando a manter inicialmente a relação I:E entre 1:2 e 1:3. Durante a ventilação mecânica, essa relação dependerá do volume corrente, da frequência respiratória, do fluxo inspiratório e da pausa inspiratória. -Obstrução do fluxo expiratório e hiperinsuflação→ recomenda-se uma uma frequência respiratória mais baixa (< 12 ipm) e uma relação I:E < 1:3. -Hipoxêmicos→ relações I:E mais próximas de 1:1 aumentam o tempo de troca alveolo capilar, promovendo, consequentemente, melhora na oxigenação. PEEP O valor recomendado seria o fisiológico, que gira em torno de 3 a 5 cmH2O, salvo em situações de doenças como SDRA, em que o valor da PEEP deverá ser ajustado de acordo com a hipoxemia apresentada pelo doente. O uso de altos níveis de PEEP pode ser considerado para promover a melhora da oxigenação. Efeitos da PEEP na hemodinâmica O principal mecanismo pelo qual o emprego de PEEP compromete a hemodinâmica é a redução do DC. Entre os mecanismos pelos quais a PEEP reduz o DC, destacam-se: (1) redução do retorno venoso; (2) diminuição da contratilidade; (3) aumento da pós-carga; e (4) mediadores humorais. -Redução do retorno venoso Os efeitos da PEEP sobre a hemodinâmica dependem profundamente do volume intravascular. Em geral, a pressão positiva na via aérea causa redução do DC por diminuição na pré-carga. No caso do emprego de PEEP, o DC pode ser restaurado com a normalização da pré-carga por meio da infusão de fluidos ou pela redução de seus níveis, o que leva a um incremento no retorno venoso. O VD é particularmente afetado pela VM devido à redução do retorno venoso e à queda da pré-carga, secundária ao aumento da pressão pleural. -Diminuição da contratibilidade Ventilação Mecânica 5 A possibilidade de que o uso de PEEP possa induzir a síntese de mediadores com efeito miocárdio-depressor. -Aumento da pós-carga A pós-carga do VD é extremamente dependente da pressão alveolar (PA). Quando a PA aumenta, no parênquima pulmonar aumentam as zonas de West 1 ou 2. Assim, qualquer aumento no volume pulmonar tem a capacidadede produzir zonas de West 1 ou 2 à custa da diminuição da zona 3, elevando a pós-carga do VD. Durante a VM ocorrem aumento da pressão pleural e redução da pressão vascular pulmonar transmural, com consequente elevação da pós-carga do VD. O aumento da pós-carga do VD provoca redução na complacência do VE, resultando em elevação da pressão atrial esquerda e no retorno venoso. Outra evidência do aumento da pós-carga de VD é a ocorrência de regurgitação tricúspide durante a VM, a qual pode ser induzida e agravada pelo emprego de PEEP. A pós-carga do VD é muito sensível à insuflação pulmonar cíclica induzida pela pressão positiva da VM. -Mediadores Humorais A hiperexpansão sustentada dos pulmões pode acarretar retenção de líquido pelo estiramento de receptores no átrio direito, que eleva os níveis plasmáticos de norepinefrina e a atividade da renina, além de diminuir a atividade do peptídeo atrial natriurético. A PEEP promove diminuição do débito urinário devido ao aumento do hormônio antidiurético (ADH). Ppico A Ppico é um dado monitorado que reflete a maior pressão atingida nas vias aéreas durante um ciclo respiratório -Valores de referência: manter abaixo de 45 cmH2O para evitar barotraumas. Pplatô A Pplatô é a pressão obtida com a estabilização do gás no sistema respiratório durante uma pausa inspiratória e reflete a pressão necessária para vencer as forças de retração elástica do sistema pulmonar. -Valores de referência: manter abaixo de 28 a 30 cmH2O para evitar hiperdistensão. Cest Complacência pode ser definida como a capacidade de armazenamento de ar nos pulmões, indicando o grau de expansibilidade pulmonar. Ventilação Mecânica 6 Obtida durante a pausa inspiratória, com fluxo zero e está relacionada à variação de volume em função da diferença da pressão de platô menos a pressão de base (PEEP). Cest = volume corrente/(Pplatô – PEEP) -Valores de referência: em torno de 50 a 80 mL/cmH2O. Valores altos de Cest estão relacionados ao enfisema pulmonar, enquanto valores menores podem se relacionar a situações como: SDRA, edema pulmonar, distensão abdominal e pneumotórax. Driving pressure (dp) A driving pressure, reflete à distensão do tecido alveolar. É recomendado realizar essa monitoração com intuito de proteger os pulmões, especialmente na ventilação mecânica de pacientes com SDRA. Driving pressure = Pplatô – PEEP Valores de referência: até no máximo 15 cmH2O nos casos de SDRA moderada e grave Sensibilidade (trigger) Os disparos mais utilizados no dia a dia são os disparos a tempo (modo controlado pelo ventilador) e pelo paciente (disparos a pressão e a fluxo). O ventilador pode ser sensível ao nível de pressão (medido em cmH2O) ou a fluxo (medido em L/min). -Disparo a pressão(cmh2o): -0,5 a -2 -Disparo a fluxo (L/min): 1 a 5→ promove melhor interação com o paciente Alarmes Deve-se regular o back-up e os parâmetros específicos de apneia se disponíveis no equipamento.
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