Buscar

Cancer de ovario

Prévia do material em texto

CÂNCER DE OVÁRIO 
• Tumor ginecológico mais difícil de ser diagnosticado e com menor chance de cura. “Assassino silencioso”. 
• 3/4 são diagnosticados em fases avançadas. 
EPIDEMIOLOGIA 
• Estima-se que 1m cada 3 mulheres terá uma massa anexial ao longo da vida. Na maioria das vezes decorre de 
situações funcionais ou benignas. É fundamental diferenciar o câncer das demais massas anexiais. 
• A incidência situa-se em torno de 1/70 mulheres. O risco de morte é de 50% em 5 anos. 
• Em 2014, a OMS passou a classificar o câncer de ovário epitelial (carcinomas) como câncer de ovário, tubas e 
peritônio, por ser uma doença única, cuja origem pode estar em qualquer uma das três estruturas. 
• Subdividido em dois grandes grupos 
® Epiteliais: idade acima de 35 anos. Pico com 65 anos. Representam 85-90% dos casos. 
® Não epiteliais: mais frequente em crianças, adolescentes e adultos jovens. Representam 5-10% dos casos. 
o Subdivisão: tumores de células germinativas e tumores dos cordões sexuais e estroma. 
FATORES DE RISCO 
• História familiar: mais importante. BRCA 1 (40-50%), BRCA 2 (10-20%) 
• Idade avançada (65 anos) 
• Menopausa tardia 
• Paridade (cada gravidez adicional confere 10-20% de redução de risco), pois fica sem ovulação. 
• Amamentação (reduz risco em 20-25%), pois fica sem ovular. 
• Indutores de ovulação (sem consenso) 
• ACO (reduz risco em 30%) 
• Endometriose (aumento de 2-3x) 
• SOP (sem consenso, supõe-se que não aumenta) 
• DM (aumento de 17% e reduz com uso de metformina) 
• Obesidade (sem consenso) 
• Álcool (sem relação) 
• Tabagismo (risco de 30-50%) 
• Asbesto 
CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A OMS 
TUMORES DE SUPERFÍCIE EPITELIAL E DO ESTROMA 
• Tumores serosos (70%): borderline (limítrofe, entre benignos e invasivos) e invasivos 
• Tumores mucinosos (10%): borderline e invasivos, geralmente maiores. Produzem mucina. Assim como os 
serosos, são os que tem maior volume. Imprescindível operar sem lesar a cápsula (pseudomixoma peritoneal). 
• Tumores endometrióides 
• Tumores de células claras 
• Tumores de células transacionais 
• Tumores de células escamosas 
• Tumores indiferenciados e não classificados. 
Lara Mattar | Ginecologia | Medicina UFR 
Lara Mattar
• OBS: tumores borderline não são classificados como benigno, mas não tem critérios para malignidade, sendo 
que a maioria evolui para a malignidade. Geralmente, quando é borderline, retira-se apenas o tumor, e não 
estruturas adjacentes durante a cirurgia. 
NEOPLASIAS METASTÁTICAS (RARAS) 
• Do trato gastrointestinal (Krukenberg): a maioria vem do estômago, mas pode ser de cólon também, e fazem 
metástase para o ovário. 
• Mama 
• Endométrio (mais raro, geralmente em idosa, as pacientes confundem muito com o CA de colo de útero) 
• Linfoma 
QUADRO CLÍNICO 
• Maioria assintomático 
• Aumento do volume abdominal (ascite), dor abdominal, perda de peso, hiporexia, dor lombar, alterações 
urinárias (por compressão), puberdade precoce, sangramento uterino anormais, dispneia (pela ascite ou 
metástase pulmonar), sensação de plenitude gástrica e alterações intestinais. 
• Tumor e/ou ascite + paciente idosa = 90% de chance de ser tumor de ovário. 
• Exame físico: perda de massa muscular, edema de MMII, tumor anexial, ascite, nódulos na escavação reto-
uterina (prateleira de Blumer). 
• Síndrome de Meigs: massa pélvica + ascite + derrame pleural. 
• O CA 125 é um marcador importante de CA de ovário. 
• Tumores produtores de hormônios podem dar sintomas relacionados a eles, como sangramentos desregulados. 
DIAGNÓSTICO 
• Avaliação do tumor: USTV/US pélvico com doppler, RNM 
• Avaliação da cavidade abdominal e tórax: RM para abdome (melhor) ou TC, TC tórax 
• Exames laboratoriais (principalmente para casos mais avançados): HMG, coagulograma, ureia, creatinina 
(clearence), glicemia, proteínas totais e frações (pctes desnutridas e/ou com edema). 
• Marcadores tumorais: CA 125 (mais importante), HE4, CEA, CA19, inibina A, alfa feto proteína, HCG, DHL. 
OBS: Diagnóstico definitivo é feito apenas com biópsia, na laparotomia. Estadiamento é cirúrgico! 
CRITÉRIOS PARA DX DIFERENCIAL DE MASSAS ANEXIAIS 
• Idade da paciente: massas anexiais são comuns no menacme (período de menarca até a menopausa), mas não 
devem estar presentes em mulheres pré-púberes e na pós-menopausa, nos extremos na vida, devem ser sempre 
investigadas. 
• Cistos simples: massas totalmente císticas, de paredes finas, sem septos ou vegetações, com conteúdo líquido 
ou hemático são benignas e comuns no menacme. Cistos simples de até 10 cm de diâmetro podem ser 
acompanhados clinicamente. 
• Massas complexas: denominadas assim quando estão presentes septos, espessamento das paredes do cisto, 
vegetações no seu interior ou componentes sólidos. As massas com componentes císticos e sólidos são as que 
mais se associam com malignidade. 
• Ascite: massas anexiais e ascite são altamente suspeitas de malignidade. 
• USG com doppler: exame pouco contribui para o diagnóstico diferencial de massas anexiais benignas e malignas. 
 
TRATAMENTO E ESTADIAMENTO 
• No ovário não se faz estadiamento clínico antes da cirurgia, o estadiamento é cirúrgico, ou seja, tem que abrir a 
paciente para fazer a análise patológica com congeleção, feito no intraoperatório. Congela-se a peça, leva-a pro 
micrótomo e consegue-se ver se é maligno ou benigno e o tipo operatório. 
• Abordagem cirúrgica com patologista experiente em congelação e patologias ginecológicas. 
• Estadiamento cirúrgicos confunde-se com o tratamento. 
• Via de acesso: convencional (laparotomia), laparoscópica e/ou robótica. 
CIRURGIA: inventário da cavidade abdominal, análise cito e histopatológica do lavado peritoneal, HTA com 
anexectomia bilateral, linfadenectomia pélvica e retroperitoneal (periaórtica), omentectomia e biópsias aleatórias 
peritoneais (nas cúpulas diafragmáticas, goteiras parietocólicas e escavações reto e vesicouterinas) ou de qualquer 
área suspeita, apendicectomia nos casos de tumores mucinosos. 
• Pacientes jovens, em idade reprodutivas e com tumor restrito a um único ovário → possível preservar a 
fertilidade, mantendo útero e o outro anexo (se estiver saudável) e fazendo o restante do procedimento 
anteriormente citado. 
• Tumores borderline → abordagem mais conservadora. 
• Se meta disseminada em abdome → tentar citorredução. Citorredução ótima (optimal debulking): objetiva 
ausência de doença macroscópica residual ou até 1 cm; ressecção do máximo de partes tumorais possível. 
QT: a base de platina com ou sem taxane. 
ESTADIAMENTO FIGO 2009 
• I: Tumor limitado aos ovários. 
• II: Tumor em um ou ambos os ovários e extensão para a pelve. 
• III: Tumor envolvendo um ou ambos os ovários com implantes peritoneais fora da pelve e/ou linfonodos 
retroperitoneais ou inguinais positivos. 
• IV: Tumor em um ou ambos os ovários com metástase à distância. 
SEGUIMENTO 
• A cada 3 a 4 meses nos primeiros 2 anos. Semestral até o 5º ano. 
• Seguimento clínico observando sinais e sintomas. 
• Exames de imagem e uso de CA 125: controverso, sem evidencias de aumento de sobrevida em pacientes com 
resposta clínica completa. 
PREVENÇÃO 
• A prevenção do câncer de ovário não pode ser completamente alcançada com medidas não cirúrgicas, mas o 
risco pode ser diminuído com o estímulo à amamentação e o uso de contraceptivos orais, especialmente em 
mulheres de alto risco que não aceitam medidas preventivas cirúrgicas. 
• Salpingo-ooforectomia bilateral profilática, também chamada de cirurgia redutora de risco, está indicada para 
mulheres entre 35 e 40 anos com mutações patogênicas do gene BRCA1 e entre 40 e 45 anos em mulheres com 
mutações patogênicas no gene BRCA2. REDUZ RISCO em 80%, pois ainda podem desenvolver carcinoma seroso 
de peritônio. 
 
Bibliografia: Ginecologia Oncológica.

Continue navegando