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ARTIGO - ANÁLISE DOS FUNDAMENTOS PARA A INVASÃO DOMICILIAR NO CRIME DE TRÁFICO DE DROGAS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS – UFT; CURSO DE DIREITO, 
CAMPUS PALMAS – TOCANTINS. 
 
DISCIPLINA: HERMENÊUTICA JURÍDICA 
 
ANÁLISE DOS FUNDAMENTOS PARA A INVASÃO DOMICILIAR NO CRIME DE 
TRÁFICO DE DROGAS 
 
ANALYSIS OF THE FUNDAMENTALS FOR HOME INVASION IN THE CRIME OF 
DRUG TRAFFICKING 
 
 
 
 
CARLOS FREITAS CARDOSO¹ 
SHEYLA AIANE BARROS DE OLIVEIRA² 
 
 
 
RESUMO 
 
Este artigo analisa o crime de tráfico de drogas, explorando o conceito de drogas e suas 
consequências na sociedade, bem como os efeitos na escalada da violência. Também aborda o 
contexto social das drogas, destacando o flagrante delito e os crimes permanentes relacionados 
ao tráfico, como o acesso domiciliar sem ordem judicial em situações de flagrante. Baseado nas 
garantias constitucionais de proteção ao domicílio, são discutidas as formas de proteção ao 
morador, considerando exceções para a entrada sem autorização judicial, especialmente em 
caso de flagrante. Além disso, analisa a criminalização do consumo de drogas no Brasil, levando 
em conta a lei nº 11.343/2006. Destaca a desigualdade social e racial nas abordagens policiais 
relacionadas ao tráfico, com grupos marginalizados sendo alvo frequente, enquanto fatores 
subjetivos influenciam na definição de suspeitos. Examina jurisprudências do STF e STJ sobre 
o ingresso domiciliar sem ordem judicial, analisando dois julgados relevantes. Apresenta as 
teses dos Ministros Gilmar Mendes e Rogério Schietti Cruz, que estabelecem requisitos e 
exigências para a invasão domiciliar sem ordem judicial. 
Palavras-chaves: Invasão Domiciliar, Tráfico de Drogas, Proteção ao Domicílio. 
 
 
 
1Aluno do Curso de Direito da UFT, 
carlos.freitas@mail.uft.edu.br 
2Aluna do Curso de Direito da 
UFT, sheyla.aiane@mail.uft.edu.br 
 
 
mailto:carlos.freitas@mail.uft.edu.br
mailto:sheyla.aiane@mail.uft.edu.br
ABSTRACT 
 
This article analyzes the crime of drug trafficking, exploring the concept of drugs and their 
consequences on society, as well as the effects on escalating violence. It also addresses the social 
context of drugs, highlighting flagrante delicto and permanent crimes related to drug trafficking, 
such as accessing homes without a court order in situations of flagrant delicto. Based on the 
constitutional guarantees of home protection, forms of protection for the resident are discussed, 
considering exceptions for entry without judicial authorization, especially in case of flagrante 
delicto. In addition, it analyzes the criminalization of drug consumption in Brazil, taking into 
account Law nº 11.343/2006. It highlights social and racial inequality in police approaches 
related to trafficking, with marginalized groups being a frequent target, while subjective factors 
influence the definition of suspects. It examines jurisprudence of the STF and STJ on home entry 
without a court order, analyzing two relevant judgments. It presents the theses of Ministers 
Gilmar Mendes and Rogério Schietti Cruz, which establish requirements and requirements for 
home invasion without a court order 
 
Key-words: Drug Trafficking, Home Invasion, Home Protection. 
1.INTRODUÇÃO 
 
 
 No Brasil, os agentes da Força de Segurança Pública, com a finalidade de 
viabilizarem a celeridade em determinadas diligências, cometem ilegalidades, quando 
adentram a casa de alguém sem autorização judicial, sobretudo, pela noite. Esse 
procedimento viola as garantias constitucionais de proteção ao domicílio. 
 O art.5 °, inciso XI, da Constituição Federal, diz que: a casa é asilo inviolável do 
indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem o consentimento do morador, salvo em 
caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou durante o dia, por 
determinação judicial. Em consequência disso, no segundo tópico será abordado como a 
Constituição Federal protege o domicílio do morador. 
 O terceiro tópico será realizada uma breve análise sobre o consumo de drogas e sua 
criminalização no Brasil, conforme a lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006. Isso é 
importante, pois, normalmente, a polícia alega o crime de flagrante delito no crime tráfico de 
drogas, para justificar a inviolabilidade domiciliar. Porém, no Brasil, existe uma 
desigualdade social e racial. A maior parte das diligências de flagrante, no crime de tráfico 
de drogas, ocorre em grupos marginalizados. Eles são considerados potenciais criminosos 
ou suspeitos. E também são definidos por fatores subjetivos como: idade, cor da pele, 
gênero, classe social. Em virtude disso, são acusados por tráficos de drogas, enquanto 
pessoas brancas normalmente não sofrem as mesmas penas. 
 Por conseguinte, o quarto tópico analisará as jurisprudências do Supremo Tribunal 
Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre as fundadas razões que 
justificam o ingresso domiciliar sem ordem judicial. Serão analisados dois julgados 
importantes que tratam sobre o assunto. O primeiro, será Recurso Extraordinário, n° 
603.616/RO, do STF, o qual o Ministro Gilmar Mendes criou a tese sobre a exigência de 
fundadas razões (justa causa) para adentrar a residência de alguém sem ordem judicial. O 
segundo, será o habeas corpus nº 598.051/SP, neste o Ministro relator Rogério Schietti Cruz 
elaborou cinco requisitos para as fundadas razões a fim de validar a invasão domiciliar sem 
ordem judicial. 
 Esta análise tem a finalidade de provocar uma reflexão para a ciência do direito. 
Por isso, será utilizada a metodologia de natureza básica com o método indutivo, já que a 
invasão domiciliar vai de encontro as normas constitucionais. Trazendo prejuízo para 
sociedade e para o mundo jurídico. A pesquisa documental será o procedimento técnico
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2011.343-2006?OpenDocument
 
utilizado, já que serão utilizados: artigos científicos, notícias do cotidiano, normas 
legislativas e também as decisões judiciais dos Tribunais Superiores. 
 
1. A PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DO DOMICÍLIO 
 
 
 O Estado, ao longo do tempo, teve uma cultura de abusos contra seus 
administrados. Ele violava as casas dos moradores utilizando seu próprio poder. As pessoas 
que, lá viviam, não tinham o direito ter sua privacidade com sua família, pois os guardas do 
Rei poderiam ingressar em suas residências, em qualquer situação, sem o consentimento 
dos moradores. Com a evolução dos direitos fundamentais, que foram conquistados através 
de lutas e revoluções, houve uma proteção maior sobre a proteção do domicílio. Em virtude 
disso, Moraes (2017, p. 98), citando Conde de Chatham, diz o seguinte: 
O preceito constitucional consagra a inviolabilidade do 
domicílio, direito fundamental enraizado mundialmente, a partir 
das tradições inglesas, conforme verificamos no discurso de Lord 
Chatham no Parlamento britânico: O homem mais pobre desafia 
em sua casa todas as forças da Coroa, sua cabana pode ser muito 
frágil, seu teto pode tremer, o vento pode soprar entre as portas 
mal ajustadas, a tormenta pode nela penetrar, mas o Rei da 
Inglaterra não pode nela entrar”. 
 
 Ao longo da história, a violação da casa era comum. Porém, novos documentos de 
proteção ao domicílio foram surgindo para proteger os moradores em suas residências. A 
Declaração Francesa de Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 foi um instrumento 
essencial para ampliação desse direito, conforme menciona seu artigo 17: “Como a 
propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém nela pode ser privado, a não ser 
quando a necessidade pública legalmente comprovada o exigir e sob condição de justa e 
prévia indenização” (UFSM, entre 2003 e 2023). 
 A Constituição de 1988, ampliou, em seu art. 5, inciso XI, esse direito, a fim de 
proteger a vida privada e familiar dos indivíduos. Não se deve violar a intimidade do 
indivíduo de qualquer forma e sem aparo legal. Segundo o citado artigo, a casa pode ser 
violada em determinadascircunstâncias, tais como: flagrante delito, desastre, prestação de 
socorro e durante o dia por determinação judicial (BRASIL, 1988). A casa é um lugar que 
os moradores têm a finalidade de ter ocasiões de paz e privacidade com seus familiares. 
Por isso, não cabe ao Estado, fora dos requisitos legais, ingressar a casa de alguém.
 
2. ANÁLISE DO CRIME DE TRÁFICO DE DROGAS 
 
 
 De acordo com um levantamento realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) 
em conjunto com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e outras 
instituições de pesquisa, publicado em 2017, constatou-se que cerca de 1,4 milhão de 
pessoas entre 12 e 65 anos admitiram ter utilizado crack ou outras substâncias similares 
pelo menos uma vez na vida. Esses dados evidenciam a gravidade dos problemas 
relacionados ao consumo de entorpecentes no país, destacando que as políticas de combate 
ao tráfico de drogas não têm sido efetivas. Desde a década de 90, o consumo de drogas tem 
aumentado, acompanhado por uma crescente violência decorrente do seu uso e venda. Os 
jovens têm iniciado o uso de diferentes tipos de drogas precocemente, e o Estado não tem 
sido capaz de lidar efetivamente com essa situação. 
 Fica claro que as estratégias de repressão ao tráfico de drogas, adotadas em países 
como os Estados Unidos, não produziram grandes resultados no Brasil, uma vez que as 
prisões decorrentes desse crime apenas contribuíram para o aumento da população 
carcerária. No Brasil, a maioria dos crimes está diretamente relacionada ao tráfico de 
entorpecentes. Por essa razão, o crime de tráfico de drogas possui uma conexão íntima com 
a questão da inviolabilidade domiciliar. 
 É importante ressaltar que a inviolabilidade do domicílio é um direito 
constitucionalmente garantido, previsto no artigo 5º, inciso XI, da Constituição Federal. 
 No entanto, como mencionado anteriormente, existem exceções em que a entrada na 
residência sem ordem judicial pode ser autorizada, como é o caso do flagrante delito no 
crime de tráfico de drogas. Essa exceção visa permitir a intervenção policial imediata para 
coibir a prática criminosa e proteger a sociedade dos efeitos prejudiciais do tráfico de 
entorpecentes. 
 Todavia, é necessário que haja um equilíbrio entre a efetividade das ações policiais 
e a preservação dos direitos fundamentais dos cidadãos. O poder de entrada sem ordem 
judicial em casos de flagrante delito no crime de tráfico de drogas deve ser exercido com 
responsabilidade e dentro dos limites legais, a fim de evitar abusos e garantir o respeito aos 
princípios do Estado de Direito. Além disso, é fundamental que o combate ao tráfico de 
drogas seja acompanhado por políticas de prevenção, tratamento e reinserção social, 
visando abordar o problema de maneira abrangente e promover soluções mais eficazes e 
sustentáveis.
 
2.1 EXPLORANDO O CONCEITO DE DROGAS: AS CONSEQUÊNCIAS 
NA SOCIEDADE 
 
 A Organização Mundial de Saúde - OMS (1993, 69-82), caracteriza drogas como 
‘’toda substância, seja natural ou sintética, que, ao ser introduzida no organismo vivo, pode 
modificar uma ou mais de suas funções. ’’ Essa definição enfatiza a capacidade das 
substâncias em causar modificações no organismo e destaca a importância de compreender 
os efeitos que tais substâncias podem ter na saúde e no bem-estar das pessoas, trazendo 
malefícios. 
 Em linhas gerais, o uso de drogas pode ter diversas consequências na sociedade, 
independentemente de serem classificadas como ilícitas ou lícitas. No entanto, é 
importante entender a distinção entre esses dois tipos de drogas e suas consequências 
específicas. 
 No caso das drogas ilícitas, como a cocaína, a maconha e a heroína, existem 
implicações legais associadas ao seu uso, venda e posse. O comércio ilegal dessas 
substâncias muitas vezes está ligado ao crime organizado, ao tráfico de drogas e à 
violência. Além disso, o consumo dessas drogas pode levar à dependência química, 
problemas de saúde graves e comportamentos de risco, aumentando assim os desafios 
enfrentados pela sociedade. 
 Por outro lado, as drogas lícitas, como o álcool, o tabaco e certos medicamentos, 
são legalmente regulamentadas e amplamente disponíveis. No entanto, isso não significa 
que elas sejam isentas de consequências negativas. O consumo excessivo de álcool, por 
exemplo, pode levar a problemas de saúde, dependência, acidentes de trânsito e violência 
doméstica. O uso prolongado do tabaco está associado a uma série de doenças, como 
câncer de pulmão, doenças cardíacas e respiratórias. O uso inadequado ou abusivo de 
medicamentos prescritos também pode levar a dependência, overdose e outros problemas 
de saúde. 
 Nesse sentido, dentro da sociedade, o uso constante de drogas pode trazer grandes 
efeitos negativos, sendo um deles ligados a violência. 
 Segundo o relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime 
(UNODC), o consumo de drogas está frequentemente associado a crimes violentos, como 
agressões físicas, roubos e homicídios. A busca por drogas, o controle de territórios de 
tráfico e os conflitos entre grupos envolvidos nesse comércio ilícito são fatores que 
contribuem para o aumento da violência. 
Além disso, o uso de certas drogas, como estimulantes e alucinógenos, pode levar 
a comportamentos agressivos e impulsivos. Estudos neurocientíficos também têm 
 
evidenciado as alterações na atividade cerebral relacionadas ao uso de substâncias 
psicoativas, que podem aumentar a propensão para comportamentos violentos. 
 É crucial observar que o uso de drogas está intrinsecamente ligado à violência na 
sociedade, seja por meio de crimes relacionados ao tráfico ou por efeitos diretos na saúde 
mental e comportamento. A prevenção do uso de drogas, o tratamento adequado para 
aqueles que já estão envolvidos e a implementação de políticas eficazes são medidas 
essenciais para mitigar os efeitos negativos da violência relacionada ao consumo de drogas 
na sociedade. 
 
2.2 EFEITOS DAS DROGAS NA ESCALADA DA VIOLÊNCIA 
 
 
 O problema do uso de drogas é uma questão complexa que afeta não apenas os 
indivíduos envolvidos, mas também a sociedade como um todo. Além dos danos à saúde e 
bem-estar dos usuários, as drogas têm sido associadas a um aumento significativo da 
violência em diferentes contextos. 
 No âmbito do tráfico de drogas, a competição pelo controle do mercado ilícito e a 
busca por território e poder entre gangues e cartéis resultam em conflitos violentos. Isso 
afeta diretamente as comunidades, aumentando os níveis de violência e insegurança. A 
população local se torna vulnerável às disputas pelo controle das rotas de drogas e enfrenta 
ameaças constantes relacionadas ao comércio ilegal de substâncias. 
 O consumo de drogas pode levar a comportamentos agressivos e violentos. Estudos 
têm demonstrado que substâncias como álcool, cocaína e anfetaminas estão associadas a 
um aumento no risco de envolvimento em brigas, agressões físicas e até homicídios. O 
efeito das drogas no sistema nervoso central pode comprometer o julgamento, diminuir o 
autocontrole e intensificar a impulsividade, contribuindo para a ocorrência de 
comportamentos violentos. 
 Outro aspecto importante é o envolvimento de usuários de drogas em atividades 
criminosas para sustentar o vício. A necessidade de obter dinheiro para comprar 
substâncias pode levar a furtos, roubos e outras formas de crimes violentos. A relação entre 
o uso de drogas e a criminalidade cria um ciclo vicioso, alimentando a violência e 
prejudicando a segurança pública. 
 No entanto, os dados estatísticos evidenciam a relação entre o uso de drogas e o 
aumento da violência na sociedade. Por exemplo, de acordo com relatórios da Organização 
das Nações Unidas (ONU), o mercado de drogas ilícitas continua crescendo, e o número 
de vítimas relacionadas ao consumo de drogas aumenta significativamente. 
 Conforme mencionado anteriormente,um relatório da ONU revelou que houve um 
aumento no número de mortes relacionadas ao consumo de drogas em todo o mundo. Em 
 
2017, foram registradas 585 mil mortes, um aumento em relação às 450 mil mortes em 
2015. Esses números preocupantes demonstram os impactos graves que as drogas têm na 
sociedade, incluindo suas consequências para a violência. 
 Além disso, estudos epidemiológicos têm mostrado uma associação entre o uso de 
drogas e a ocorrência de crimes violentos. Por exemplo, pesquisas apontam que uma 
proporção significativa dos crimes violentos está relacionada ao uso de substâncias 
psicoativas, como álcool e drogas ilícitas. Esses estudos também indicam que indivíduos 
que usam drogas têm maior probabilidade de se envolverem em atividades criminosas, 
incluindo agressões físicas e roubos. 
 Os dados estatísticos, portanto, corroboram a ideia de que o uso de drogas está 
intrinsecamente ligado ao aumento da violência na sociedade. As estatísticas revelam não 
apenas o aumento do número de vítimas relacionadas ao consumo de drogas, mas também 
a associação entre o uso de substâncias e a ocorrência de crimes violentos. 
 Contudo, é evidente que as drogas têm um papel significativo no aumento da 
violência na sociedade. O combate ao tráfico, a prevenção do uso de drogas e o tratamento 
adequado para dependentes são medidas essenciais para enfrentar esse problema complexo 
e proteger a segurança e o bem-estar da população. 
 
2.3 AS DROGAS NO CONTEXTO SOCIAL 
 
 
 A influência do ambiente social na propagação da violência é um aspecto 
importante a ser abordado. Em muitos casos, áreas com altos índices de consumo e tráfico 
de drogas também são caracterizadas por condições socioeconômicas desfavoráveis, falta 
de acesso a oportunidades educacionais e emprego, bem como a presença de desigualdades 
sociais e marginalização. Esses fatores sociais contribuem para a vulnerabilidade das 
comunidades e podem agravar os problemas relacionados às drogas. 
 A falta de oportunidades e a desigualdade podem levar jovens e indivíduos em 
situação de vulnerabilidade a se envolverem com o tráfico de drogas como uma alternativa 
para obter recursos financeiros. Além disso, a presença de gangues e grupos criminosos 
nessas áreas cria um ambiente propício para a perpetuação da violência, onde conflitos 
territoriais e disputas pelo controle do comércio de drogas são comuns. 
 Nesse contexto, é importante abordar o problema das drogas não apenas por meio de 
medidas de repressão e combate ao tráfico, mas também por meio de abordagens 
socioeconômicas e programas de inclusão social. Investir em educação, oportunidades de 
emprego, acesso a serviços de saúde e promoção de atividades recreativas e culturais pode 
ajudar a prevenir o envolvimento com drogas e reduzir os níveis de violência nas 
comunidades. 
 
 A compreensão do contexto social em que o problema das drogas e da violência 
ocorre é fundamental para uma abordagem eficaz e abrangente. É necessário adotar 
políticas públicas que não apenas enfrentem o tráfico e o consumo de drogas, mas também 
busquem soluções para as desigualdades sociais, promovendo o desenvolvimento social e 
a inclusão de todos os membros da sociedade. Somente assim poderemos enfrentar de 
maneira mais efetiva os efeitos das drogas na escalada da violência. 
 
2.4 O FLAGRANTE DELITO E OS CRIMES PERMANENTES 
 
 
 O Código de Processo Penal (CPP), em seu artigo 303, define o delito como a 
situação em que alguém é surpreendido cometendo o crime ou logo após tê-lo cometido. 
No entanto, quando se trata de crimes permanentes, a questão do flagrante pode ser um 
pouco mais complexa. 
 De acordo com o autor LIMA (2022, p.1052), enfatiza que o conceito de crime 
permanente é: 
Aquele cuja consumação, pela natureza do bem jurídico 
ofendido, pode protrair-se no tempo, detendo o agente o poder de 
fazer cessar a prática delituosa a qualquer momento. Como se vê, 
uma das principais características do crime permanente consiste 
em o agente poder fazer cessar a perturbação do bem jurídico a 
qualquer momento. Ele possui o domínio do fato, da conduta e 
do resultado. 
 
 Essa definição trazida pelo autor reforça a importância de compreender que, nos 
crimes permanentes, o agente não apenas comete o ato ilícito, mas também mantém o 
controle sobre a continuidade da infração. Isso tem implicações no que diz respeito à ação 
das autoridades e à possibilidade de realização do flagrante delito, uma vez que o agente 
pode ser detido durante a execução do crime, mesmo após a ocorrência do primeiro ato 
ilícito. 
 É importante ressaltar que, para a configuração do flagrante delito em crimes 
permanentes, é necessário que a autoridade competente tenha ciência da continuidade da 
infração. Portanto, ações de investigação, monitoramento e acompanhamento são 
essenciais para identificar a prática criminosa em curso e proceder à prisão em flagrante. 
 
2.5 O CRIME DE TRÁFICO DE DROGAS PERMANENTE 
 
 O crime de tráfico de drogas permanente refere-se a uma modalidade delitiva em 
que a consumação do crime se estende no tempo, caracterizando-se pela continuidade da 
atividade ilícita. Diferentemente de outros tipos de crimes que se consumam 
instantaneamente, o tráfico de drogas é considerado um crime permanente devido à sua 
natureza prolongada e duradoura. 
 
 Não obstante, a lei de 11.343/06, conhecida como como Lei de Drogas estabeleceu 
como ilícitas determinadas ações de forma explícita, em seu artigo 33, da seguinte forma: 
‘’Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, 
fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em 
depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, 
ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que 
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar (BRASIL, 2006).’’ 
 
 Observa-se, a partir do mencionado trecho, que em determinadas ações penalizadas 
o crime está sendo efetivado ao longo de um período, tendo a capacidade de ser 
interrompido a qualquer instante, sendo que, durante sua execução, são considerados como 
crimes contínuos. 
 A criminalização dessas condutas tem como objetivo principal controlar o mercado 
ilegal de drogas, proteger a saúde e a segurança da população, além de desencorajar a 
prática do tráfico e reduzir seus impactos na sociedade. A proibição dessas ações busca 
desestimular o comércio e o consumo de drogas, considerados prejudiciais tanto para os 
indivíduos envolvidos quanto para a coletividade. 
 A existência de uma legislação específica para o crime de tráfico de drogas, como a 
Lei de Drogas, contribui para a organização e o fortalecimento do sistema jurídico no 
combate a essa prática criminosa. Ao tipificar e criminalizar essas ações, a lei estabelece 
um marco normativo que permite a atuação das autoridades competentes na investigação, 
repressão e punição dos responsáveis pelo tráfico de drogas. 
 É importante ressaltar que a legislação é uma das ferramentas utilizadas pelo 
Estado para enfrentar o tráfico de drogas, sendo complementada por políticas públicas de 
prevenção, tratamento e reinserção social dos usuários de drogas, bem como pelo trabalho 
conjunto entre os órgãos de segurança e ações de cooperação internacional. 
 O caráter permanente do crime de tráfico de drogas tem implicações importantes no 
âmbito da persecução penal. Por se tratar de um crime em constante execução, as 
autoridades competentes têm a possibilidade de realizar a prisão em flagrante mesmo após 
o início da prática delituosa. Isso significa que, se o agente estiver realizando uma das 
condutas criminalizadas e for surpreendido no ato ou pouco tempo depois, ele pode ser 
preso em flagrante delito, independentemente de ter ocorrido a primeira ação ilegal. 
 A compreensão do crime de tráfico de drogas como um crime permanente é 
essencial para a aplicação da leie o combate efetivo ao tráfico. O domínio do fato, a 
continuidade da prática ilícita e a possibilidade de interrupção a qualquer momento 
conferem ao agente do tráfico um poder de controle sobre a infração, o que demanda uma 
 
atuação firme por parte das autoridades para coibir e reprimir essa atividade ilícita que 
tanto impacta a sociedade. 
 
2.6 ACESSO DOMICILIAR SEM ORDEM JUDICIAL EM SITUAÇÕES DE 
FLAGRANTE DELITO DE TRÁFICO DE DROGAS 
 No Brasil, o crime de tráfico de drogas é considerado um delito grave, e a legislação 
prevê medidas rigorosas para seu combate. No entanto, a entrada da polícia em uma 
residência sem ordem judicial em caso de flagrante delito relacionado ao tráfico de drogas 
não é prevista de forma geral. 
 Conforme estabelecido pela Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, inciso 
XI, a inviolabilidade do domicílio é um direito fundamental do cidadão, sendo necessária 
a autorização judicial para a entrada em uma residência, salvo em casos de flagrante delito 
ou desastre, ou para prestar socorro. 
 No entanto, é importante destacar que existem discussões e interpretações jurídicas 
sobre a possibilidade de entrada sem ordem judicial em casos de flagrante delito relacionado 
ao tráfico de drogas. O entendimento de alguns juristas é de que o flagrante delito de tráfico 
de drogas seria uma exceção à necessidade de ordem judicial para a entrada em uma 
residência. 
 Essa interpretação tem sido embasada pela interpretação do artigo 244 do Código de 
Processo Penal, que dispõe sobre a prisão em flagrante delito. De acordo com o referido 
artigo, considera-se em flagrante delito aquele que está cometendo a infração penal ou 
acaba de cometê-la. Assim, argumenta-se que a polícia poderia entrar em uma residência 
sem ordem judicial quando estiver ocorrendo o tráfico de drogas no momento da 
abordagem. 
 Ademais, é importante ressaltar que essa questão ainda é debatida e que há 
divergências na interpretação jurídica. Além disso, a jurisprudência tem se mostrado 
cautelosa em relação ao tema, buscando garantir a proteção dos direitos fundamentais do 
cidadão. 
 As consequências dessa possibilidade de entrada sem ordem judicial em casos de 
flagrante delito relacionado ao tráfico de drogas no Brasil podem ser diversas. Por um lado, 
há quem defenda que essa medida é necessária para coibir a prática do tráfico, 
possibilitando a prisão imediata dos envolvidos e a apreensão das substâncias ilícitas. 
 Por outro lado, críticos argumentam que essa possibilidade pode abrir margem para 
abusos e violações dos direitos individuais, especialmente se não houver um controle 
adequado. A entrada sem ordem judicial pode gerar situações de arbitrariedade por parte 
das autoridades, comprometendo a presunção de inocência, a privacidade e a dignidade 
 
dos cidadãos. 
 No que diz respeito, o Tribunal de Justiça do Tocantins (TOCANTINS, 2022), já 
firmou entendimento nesse sentido mesmo sentido: 
 
 
HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. PRISÃO EM 
FLAGRANTE. VALIDADE. JUSTA CAUSA PARA 
ABORDAGEM POLICIAL. FLAGRANTE PRÓPRIO. ART. 
302, I, CPP. EXCEPCIONALIDADE DO ART.5º,XI, CF, 
VERIFICADAPRISÃO PREVENTIVA.PREENCHIMENTO 
DOS REQUISITOS PREVISTOS NOS ARTS. 312 E313 DO 
CPP. INVIABILIDADE DE APLICAÇÃO DE MEDIDAS 
CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO. 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. 
1.É cediço que o direito à inviolabilidade de domicílio não é 
absoluto, admitindo-se a entrada em recinto inviolável nas 
situações elencadas no artigo 5º, XI, da Constituição Federal, isto 
é, nas hipóteses de consentimento do morador, flagrante delito, 
desastre ou necessidade de prestar socorro, ou, ainda, durante 
o dia, em cumprimento a determinação judicial. 
1. A situação de flagrância é tratada no 
artigo 302 do Código de Processo Penal, que considera em 
flagrante delito quem “está cometendo a infração penal; acaba de 
cometê-la; é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo 
ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir 
ser autor da infração, ou, então, é encontrado, logo depois, com 
instrumentos, armas objetos ou papéis que façam presumir 
ser ele autor da infração.” 
2. O crime de tráfico de drogas, nas 
modalidades “guardar” e “ter em depósito”, é de natureza 
permanente, perdurando a situação de flagrância enquanto se 
mantém a posse do objeto ilícito, justificando a entrada de 
policiais em casa alheia, sem anuência do morador, ainda que na 
ausência de mandado expedido por autoridade judicial. 
3.No caso dos autos, em análise das evidências obtidas através 
do IP nº 0019426-35.2022.8.27.2706, revelou-se nítida a justa 
causa que ensejou o ingresso dos policiais na residência, pois os 
agentes obtiveram informações concretas, por meio de 
investigações pretéritas, de que ali estaria ocorrendo o crime de 
tráfico de drogas, fato confirmado pela apreensão de 
substanciosa quantidade de material entorpecente, valor em 
espécie e objetos relacionados ao tráfico, sendo: 3,70 kg (três 
quilos e setenta gramas) de "crack"; 24g (vinte e quatro) gramas 
de "maconha"; 02g (duas) gramas de cocaína; revólver calibre 
.38; balança de precisão; rolos de papel filme; uma máquina de 
prensar; e R$ 5.759,00 (cinco mil e setecentos e cinquenta e nove 
reais) em espécie. 
3. Relativamente à prisão preventiva, 
 
seus pressupostos (indícios de autoria e materialidade), assim 
como as condições de admissibilidade (tráfico de drogas 
-pena superior a 4 anos), restaram exaustivamente 
preenchidos. 
4.A manutenção da prisão preventiva do paciente afigura-se 
especialmente recomendável, diante da latente potencialidade de 
reiteração da prática delitiva, merecendo uma resposta mais 
incisiva do aparato repressor estatal e da Justiça, já que, se 
solto, poderá haver novas práticas delitivas. 
4. Nos termos do artigo 282, § 6º, do 
Código de Processo Penal, presentes os requisitos para a 
decretação da prisão preventiva, torna-se inviável a aplicação de 
medidas cautelares alternativas. ORDEM DENEGADA. 
(TJTO , Habeas Corpus Criminal, 0011154-
70.2022.8.27.2700, Rel. EURÍPEDES DO CARMO 
LAMOUNIER , julgado em 07/12/2022, DJe 14/12/2022 
15:44:12) 
 
 
 No caso específico do crime de tráfico de drogas, a jurisprudência brasileira tem 
entendido que a natureza permanente desse crime permite a entrada da polícia na residência 
do suspeito mesmo sem ordem judicial, desde que presentes os requisitos legais do 
flagrante delito. Isso ocorre porque, enquanto o agente mantiver a posse de drogas ou estiver 
envolvido em atividades relacionadas ao tráfico, o crime estará em curso, justificando a 
entrada das autoridades no local. 
 Essa prerrogativa legal visa garantir a eficácia do combate ao tráfico de drogas, 
considerado um crime de grande impacto social e que traz sérias consequências para a 
segurança pública. A entrada sem ordem judicial em casos de flagrante delito no crime de 
tráfico de drogas permite a rápida intervenção policial, visando a interrupção da atividade 
ilícita e a prisão dos envolvidos. 
 Dessa forma, as consequências da permissão de entrada da polícia em uma 
residência sem ordem judicial em caso de flagrante delito no crime de tráfico de drogas no 
Brasil envolvem tanto a efetividade no combate ao tráfico como a necessidade de respeitar 
os direitos fundamentais dos cidadãos, buscando o equilíbrio entre a segurança pública e a 
proteção individual. 
 
3. TESE DAS FUNDADAS RAZÕES PELOS TRIBUNAIS SUPERIOES 
 
 
 O Recurso Extraordinário, n° 603.616/RO, do STF, foi um recurso julgado, em 
2015, pelo STF. O relator foi o Ministro Gilmar Mendes. Neste recurso, um acusado foi 
abordado pela polícia, em uma rodovia, e foi flagrado com uma quantidade de cocaína em 
seu veículo. Ele foi conduzido para delegacia e disse que recebeu a droga de outra pessoa. 
A polícia, coma finalidade, de realizar o flagrante, foi até a residência mencionada peloprimeiro investigado. No local, encontram outra quantidade de cocaína. Porém, a defesa do 
segundo acusado alegou que a polícia não tinha ordem judicial para entrar em residência. 
Para o STF, a tese alegada pela defesa não prosperou. Embora, não havia ordem judicial, 
no local foram encontrados indícios de materialidade suficientes para a condenação do 
segundo acusado. Em virtude da materialidade, as diligências realizadas pela polícia 
poderiam ser justificadas posteriormente pelas fundadas razões (causas justificáveis) que 
naquele local era um ponto de comercialização de drogas. Dessa forma, o Supremo fixou 
a tese que a entrada forçada em uma residência, sem ordem judicial, é admitida quando 
houver fundada razões a posteriori. Conforme se vê, na tese fixada, no seguinte acórdão: 
 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO REPRESENTATIVO DA 
CONTROVÉRSIA. REPERCUSSÃO GERAL [...]Após o 
relatório e a sustentação oral, pelo amicus curiae Defensoria 
Pública do Estado do Rio de Janeiro, do Dr. Denis Sampaio, 
Defensor Público do Estado, o julgamento foi suspenso. Ausente, 
justificadamente, o Ministro Roberto Barroso. Presidência do 
Ministro Ricardo Lewandowski. Plenário, 04.11.2015. 
Decisão: O Tribunal, apreciando o tema 280 da repercussão 
geral, por maioria e nos termos do voto do Relator, negou 
provimento ao recurso e fixou tese nos seguintes termos: “A 
entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, 
mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas 
razões, devidamente justificadas a posteriori, que indiquem que 
dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de 
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da 
autoridade, e de nulidade dos atos praticados”, vencido o 
Ministro Marco Aurélio quanto ao mérito e à tese. Ausentes, 
justificadamente, a Ministra Cármen Lúcia, participando como 
palestrante do XVI Encuentro de Magistradas de los más Altos 
Órganos de Justicia de Iberoamerica, em Havana, Cuba, e o 
Ministro Roberto Barroso. Presidiu o julgamento o Ministro 
Ricardo Lewandowski. Plenário, 05.11.2015. (STF - RE: 603616 
RO, Relator: GILMAR MENDES, Data de Julgamento: 
05/11/2015, Tribunal Pleno, Data de Publicação: 10/05/2016) 
 
 Entretanto, o STF não especificou quais seriam os casos que seriam considerados 
justificáveis. Em virtude disso, foram surgindo diversas demandas no judiciário, já que 
esse conceito é amplo e por isso é pertinente para a defesa e um problema para os 
magistrados. Em consequência disso, o STJ julgou procedente o habeas no corpus nº 
598.051/SP. O Ministro relator foi Rogério Schietti Cruz. Neste, o STJ fixou uma tese e 
elaborou cinco requisitos para as fundadas razões a fim de validar a invasão domiciliar sem 
ordem judicial. Conforme se vê em dado momento do inteiro teor do julgado: 
 
HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. FLAGRANTE. 
DOMICÍLIO COMO EXPRESSÃO DO DIREITO À 
INTIMIDADE. ASILO INVIOLÁVEL. EXCEÇÕES 
CONSTITUCIONAIS. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA. 
 
INGRESSO NO DOMICÍLIO. EXIGÊNCIA DE JUSTA 
CAUSA (FUNDADA SUSPEITA). CONSENTIMENTO DO 
MORADOR. REQUISITOS DE VALIDADE. ÔNUS 
ESTATAL DE COMPROVAR A VOLUNTARIEDADE DO 
CONSENTIMENTO. NECESSIDADE DE 
DOCUMENTAÇÃO E REGISTRO AUDIOVISUAL DA 
DILIGÊNCIA. NULIDADE DAS PROVAS OBTIDAS. 
TEORIA DOS FRUTOS DA ÁRVORE ENVENENADA. 
PROVA NULA. ABSOLVIÇÃO. ORDEM 
CONCEDIDA. [...] XIV. Conclusões. As considerações e os 
argumentos expostos neste voto facilitam responder aos 
questionamentos feitos de início, de modo a concluir que: 1. Na 
hipótese de suspeita de crime em flagrante, exige-se, em termos 
de standard probatório para ingresso no domicílio do suspeito 
sem mandado judicial, a existência de fundadas razões (justa 
causa), aferidas de modo objetivo e devidamente justificadas, de 
maneira a indicar que dentro da casa ocorre situação de flagrante 
delito. 2. O tráfico ilícito de entorpecentes, em que pese ser 
classificado como crime de natureza permanente, nem sempre 
autoriza a entrada sem mandado no domicílio onde supostamente 
se encontra a droga. Apenas será permitido o ingresso em 
situações de urgência, quando se concluir que do atraso 
decorrente da obtenção de mandado judicial se possa objetiva e 
concretamente inferir que a prova do crime (ou a própria droga) 
será destruída ou ocultada. 3. O consentimento do morador, para 
validar o ingresso de agentes estatais em sua casa e a busca e 
apreensão de objetos relacionados ao crime, precisa ser 
voluntário e livre de qualquer tipo de constrangimento ou coação. 
4. A prova da legalidade e da voluntariedade do consentimento 
para o ingresso na residência do suspeito incumbe, em caso de 
dúvida, ao Estado, e deve ser feita com declaração assinada pela 
pessoa que autorizou o ingresso domiciliar, indicando-se, sempre 
que possível, testemunhas do ato. Em todo caso, a operação deve 
ser registrada em áudio-vídeo e preservada tal prova enquanto 
durar o processo. 5. A violação a essas regras e condições legais 
e constitucionais para o ingresso no domicílio alheio resulta na 
ilicitude das provas obtidas em decorrência da medida, bem 
como das demais provas que dela decorrerem em relação de 
causalidade, sem prejuízo de eventual responsabilização penal 
do(s) agente(s) público(s) que tenha(m) realizado a diligência. 
[...] (STJ - HC: 598051 SP 2020/0176244-9, Relator: Ministro 
ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Data de Julgamento: 02/03/2021, 
T6 - SEXTA 
TURMA, Data de Publicação: DJe 15/03/2021) 
 
 O Ministro Rogério Schietti Cruz entendeu que não houve o consentimento do 
morador para a polícia adentrar sua residência. Isso ocorreu porque o Estado não provou a 
permissão do morador. Em depoimento, autoridades policiais alegaram isso, porém o 
morador disse que sua residência foi invadida. Embora, havia drogas na residência, todos 
os atos do processo foram anulados e o habeas corpus foi deferido. Isso gera um certo 
prejuízo para o sistema de justiça, já que existia materialidade para o crime de tráfico de 
 
drogas, porém por falta de ordem judicial para validar os atos da polícia, estes foram 
anulados pelo STJ. 
 Após, esse habeas corpus, foi fixado cinco requisitos para justificar as fundadas 
razões. O primeiro é o standard probatório para ingresso no domicílio do suspeito sem 
mandado judicial, a existência de fundadas razões (justa causa). O segundo, será admitido 
o ingresso na casa, no crime de tráfico de drogas, sem ordem judicial, em situação de 
urgência a fim de impedir a destruição de provas; O terceiro é o com o consentimento do 
morador, pois para validar o ingresso de agentes estatais ele é fundamental. O quarto 
requisito exige que o Estado prove a legalidade e a voluntariedade do consentimento do 
morador para ingresso na residência do suspeito. Por fim, o último e não menos importante, 
é a exigência da licitude dos procedimentos, para o ingresso no domicílio alheio, sob pena 
de ilicitude das provas obtidas em decorrência de procedimentos ilícitos. 
 Por fim, essa decisão do Ministro foi acertada, pois pessoas que não tem nenhuma 
relação com o crime de tráfico de drogas ´podem ser vítimas desses abusos que são 
cometidos pelos Agentes de Segurança Pública. Por isso, as teses fixadas pelo STF e pelo 
STJ combatem o tráfico de drogas, pois uniformiza procedimentos policias para gerar 
efetividade em suas diligências. Além disso, assegura uma maior proteção para o domicílio, 
sobretudo, aquelas pessoas que estão em vulnerabilidade social e econômica. 
 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
 O estudo realizado destacou a questão das invasões domiciliares realizadas pelos 
agentes da Força de Segurança Pública no Brasil, sem autorização judicial, violando as 
garantias constitucionais de proteção ao domicílio. O direito à inviolabilidade do lar é 
assegurado pela Constituição Federal, exceto em casos de flagrante delito, desastre, 
prestação de socorro ou mediante determinação judicial. 
 
 Aanálise sobre o consumo de drogas e sua criminalização no Brasil revela a 
existência de desigualdade social e racial no sistema de justiça. As diligências de flagrante 
no crime de tráfico de drogas tendem a ocorrer com maior frequência em grupos 
marginalizados, resultando em acusações e penas desproporcionais. A seletividade das 
abordagens policiais revela fatores subjetivos, como idade, cor da pele, gênero e classe 
social, impactando de forma negativa nas ações de combate ao tráfico de drogas. 
 Sobretudo, a análise das jurisprudências do Supremo Tribunal Federal (STF) e do 
Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre as fundadas razões que justificam o ingresso 
domiciliar sem ordem judicial evidencia a necessidade de fundamentação adequada para 
tal ação. 
 
 Os julgados examinados estabelecem critérios, como a existência de justa causa e 
a presença de fundadas razões, para validar a invasão domiciliar sem ordem judicial. 
Essa análise provoca uma reflexão sobre a ciência do direito, ressaltando a importância de 
respeitar as normas constitucionais que garantem a inviolabilidade domiciliar. As invasões 
sem ordem judicial trazem prejuízos para a sociedade e o mundo jurídico, podendo 
comprometer a confiança no sistema de justiça. 
 Diante dessas considerações, é essencial promover a conscientização sobre a 
importância da proteção ao domicílio e da igualdade no tratamento dos cidadãos perante a 
lei. É necessário aprimorar as políticas de segurança pública, com enfoque na garantia dos 
direitos individuais e no combate efetivo ao tráfico de drogas, levando em consideração 
critérios de justiça, equidade e respeito aos princípios constitucionais. Somente assim será 
possível construir uma sociedade mais justa e harmoniosa. 
 
 
5. REFERÊNCIAS 
 
BRASIL. Código Penal (1940). DECRETO-LEI N° 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 
1940. 
BRASIL. Código de Processo Penal (1941). LEI N° 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 
1941.BRASIL. Planalto Central. Texto da Constituição Federal, de 5 de outubro de 1988. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. 
Acesso em: 23/06/2022. 
 
CONSUMO DE DROGAS, segundo a Fiocruz, publicada em 08/08/2019. Disponível 
em:https://portal.fiocruz.br/noticia/pesquisa-revela-dados-sobre-o-consumo-de- drogas-
no-brasil. Acesso em: 24 de junho de 2023. 
 
DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO DE 1789. UFSM- 
Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, entre 2003 e 2023. Disponível em: 
https://www.ufsm.br/app/uploads/sites/414/2018/10/1789.pdf. Acesso em: 13 jun. 2023. 
 
DIREITOS HUMANOS DA ONU. Disponível em:
 <http:/www.onu- brasil.org.br/documentos direitos humanos.php.>. 
Acesso em: 24 jun. 2023. 
 
 
Lei n. 11.343, de 23 de agosto de 2006. Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas 
sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e 
reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão 
à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras 
providências. Diário Oficial da União. Brasília. Disponível em: 
<www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm. >Acesso em: 24 
de junho de 2023. 
 
LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação criminal especial comentada. 8. ed. Salvador: 
JusPodivm, 2020. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
https://portal.fiocruz.br/noticia/pesquisa-revela-dados-sobre-o-consumo-de-drogas-no-brasil
https://portal.fiocruz.br/noticia/pesquisa-revela-dados-sobre-o-consumo-de-drogas-no-brasil
https://portal.fiocruz.br/noticia/pesquisa-revela-dados-sobre-o-consumo-de-drogas-no-brasil
https://www.ufsm.br/app/uploads/sites/414/2018/10/1789.pdf
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MORAES, Alexandre. Direito constitucional. 34 Ed. São Paulo: Atlas, 2017. NÚMERO 
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Publicada em 07/07/2021. Acesso em: 22/06/22. 
 
(RE 603616, Relator (a): GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 05/11/2015, 
ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-093 DIVULG 
09- 05-2016 PUBLIC 10-05-2016). Acesso em: 15/06/22. 
 
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TOCANTINS. Tribunal de Justiça do Tocantins. HABEAS CORPUS 0011154- 
70.2022.8.27.2700, Rel. EURÍPEDES DO CARMO LAMOUNIER, julgado em 
07/12/2022, DJe 14/12/2022 15:44:12). Acesso em: 13 jun. 2023. 
 
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Elaboração de Trabalhos Acadêmicos. / Cristiane Roque de Almeida, Gisela Maria 
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	UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS – UFT; CURSO DE DIREITO, CAMPUS PALMAS – TOCANTINS.
	RESUMO
	ABSTRACT
	1.INTRODUÇÃO
	1. A PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DO DOMICÍLIO
	2. ANÁLISE DO CRIME DE TRÁFICO DE DROGAS
	3. TESE DAS FUNDADAS RAZÕES PELOS TRIBUNAIS SUPERIOES
	4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
	5. REFERÊNCIAS

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