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Gestão Estratégica da Despesa no Setor Público SUMÁRIO Apresentação........................................................................................................................................ 04 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa ................................................................................ 05 Organização da Disciplina ................................................................................................................... 06 Introdução ............................................................................................................................................ 08 Unidade I – Noções Iniciais ................................................................................................................. 09 Capítulo 1 – Conceitos Introdutórios ........................................................................................... 09 Capítulo 2 – Visão Sistêmica do Processo de Contrataião .......................................................... 13 Capítulo 3 – Conceitos Específicos e Princípios .......................................................................... 19 Unidade II – Modalidades, Tipos e Roteiros de Licitação .................................................................. 23 Capítulo 4 – A Escolha da Modalidade e do Tipo de Licitaião ...................................................... 23 Capítulo 5 – Registro de Preios ................................................................................................. 35 Capítulo 6 – Revendo Algumas Definiiões Básicas ..................................................................... 36 Capítulo 7 – Prazos de Divulgaião do Ato Convocatório ............................................................. 37 Capítulo 8 – Roteiros Práticos dos Procedimentos de Licitaião .................................................. 40 Capítulo 9 – Modalidade e Tipos de Licitaião – Conclusão ......................................................... 51 Unidade III – Contratos Administrativos ........................................................................................... 57 Capítulo 10 – Contratos Administrativos ...................................................................................... 57 Capítulo 11 – Práticas Anticompetitivas em Licitaiões ................................................................. 67 Unidade IV – Aspectos Organizacionais ............................................................................................. 75 Capítulo 12 – Estruturas de Compra e Negociaião do Governo ..................................................... 75 Capítulo 13 – Controle da Gestão Pública sobre Licitaiões e Contratos ........................................ 86 Glossário .............................................................................................................................................. 89 Referências .......................................................................................................................................... 97 Anexo – Artigos sobre Licitações e Contratos .................................................................................. 98 3 Pó s- G ra du aç ão a D is tâ nc ia APRESENTAÇÃO Caro aluno, Bem-vindo ao estudo da disciplina Licitações e Contratos Administrativos. Este é o nosso Caderno de Estudos e Pesquisa, material elaborado com o objetivo de contribuir para a realizaião e o desenvolvimento de seus estudos, assim como para a ampliaião de seus conhecimentos. Para que você se informe sobre o conteúdo a ser estudado nas próximas semanas, conheia os objetivos da disciplina, a organizaião dos temas e o número aproximado de horas de estudo que devem ser dedicadas a cada unidade. A carga horária desta disciplina é de 40 (quarenta) horas, cabendo a você administrar o tempo conforme a sua disponibilidade. Mas, lembre-se, há um prazo para a conclusão do curso, implicando a apresentaião ao seu tutor das atividades avaliativas indicadas. Os conteúdos foram organizados em unidades de estudo, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, que farão parte das atividades avaliativas do curso; serão indicadas também fontes de consulta para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. Desejamos a você um trabalho proveitoso sobre os temas abordados nesta disciplina. Lembre-se de que, apesar de distantes, podemos estar muito próximos. A Coordenaião 4 Li ci ta çõ es e C on tr at os A dm in is tr at iv os ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Apresentação: Mensagem da Coordenaião do WDireito. Organização da Disciplina: Apresentaião dos objetivos e da carga horária das unidades. Introdução: Contextualizaião do estudo a ser desenvolvido por você na disciplina, indicando a importância dessa para a sua formaião acadêmica. Ícones utilizados no material didático Provocação: Pensamentos inseridos no material didático para provocar a reflexão sobre sua prática e seus sentimentos ao desenvolver os estudos em cada disciplina. Para refletir: Questões inseridas durante o estudo da disciplina, para estimulá-lo a pensar a respeito do assunto proposto. Registre aqui a sua visão, sem se preocupar com o conteúdo do texto. O importante é verificar seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. É fundamental que você reflita sobre as questões propostas. Elas são o ponto de partida de nosso trabalho. Textos para leitura complementar: Novos textos, trechos de textos referenciais, conceitos de dicionários, exemplos e sugestões, para lhe apresentar novas visões sobre o tema abordado no texto básico. Sintetizando e enriquecendo nossas informações: Espaio para você fazer uma síntese dos textos e enriquecê-los com a sua contribuiião pessoal. Sugestão de leituras, filmes, sites e pesquisas: Aprofundamento das discussões. Praticando: Atividades sugeridas, no decorrer das leituras, com o objetivo pedagógico de fortalecer o processo de aprendizagem. Para (não) finalizar: Texto, ao final do Caderno, com a intenião de instigá-lo a prosseguir com a reflexão. Referências: Bibliografia citada na elaboraião da disciplina. 5 Pó s- G ra du aç ão a D is tâ nc ia ORGANIZAÇÃO DA DISCIPLINA Ementa: Licitaião: noião geral, legislaião e princípios. Modalidades. Concorrência. Tomda de preios. Convite. Concurso. Leilão. Pregão. Registro cadastral. Registro de preios. Comissão de licitaião. Fases do processo licitatório. Controle da licitaião. Recursos administrativos. Tutela penal. Contrato administrativo. Traios distintivos entre o Contrato Administrativo e o Contrato de Direito Privado. Direito Positivo: normas constitucionais e legislaião ordinária. Características dos contratos administrativos. Aplicaião de penalidades. Anulaião. Retomada do objeto. Restriiões ao uso da exeptio non adimpleti contractus. Mutabilidade. Rescisião do contrato administrativo. Modalidades de contratos administrativos. Contratos regidos parcialmente pelo Direito Privado. Novas figuras contratuais: convênios e consórcios. Objetivos: • Capacitar pessoas a trabalhar nas diversas atividades relacionadas a Licitaiões e Contratos Administrativos. • Identificar a importância e as peculiariedades das diversas modalidades e dos tipos de licitaiões, bem como suas fases e seus aspectos jurídicos e operacionais relevantes. • Conhecer a jurisprudência básica do Controle Externo sobre os temas em estudo. Unidade I – Noções Iniciais Carga horária: 09horas Conteúdo Capítulo Conceitos Introdutórios 1 Visão Sistêmica do Processo de Contrataião 2 Conceitos Específicos e Princípios 3 Unidade II – Modalidades, Tipos e Roteiros de Licitação Carga horária: 17 horas Conteúdo Capítulo Escolha da Modalidade e do Tipo de Licitaião 4 Registro de Preios 5 Revendo Algumas Definiiões Básicas 6 Prazos de Divulgaião do Ato Convocatório 7 Roteiros Práticos dos Procediemntos de Licitaiões 8 Modalidade e Tipos de Licitaião – Conclusão 9 6 Li ci ta çõ es e C on tr at os A dm in is tr at iv os ORGANIZAÇÃO DA DISCIPLINA Unidade III – Contratos Administrativos Carga horária: 09 horas Conteúdo Capítulo Contratos Administrativos 10 Práticas Anticompetitivas em Licitaiões 11 Unidade IV – Aspectos Organizacionais Carga horária: 05 horas Conteúdo Capítulo Estruturas de Compra e Negociaião do Governo 12 Controle da Gestão Pública sobre Licitaiões e Contratos 13 7 Pó s- G ra du aç ão a D is tâ nc ia INTRODUÇÃO O Estado para satisfazer aos interesses coletivos nem sempre possui meio se recursos humanos ou tecnológicos suficientes. Neses casos, a realizaião de suas finaldiades precípuas exige a colaboraião de terceiros. A Administraião Pública estabelece relaiões jurídicas com particulares, as quais têm por objetivo, entre outros, a realizaião de obras, a prestaião de serviios e o fornecimento de bens de diversas naturezas. A formalizaião dessas relaiões se aperfeiioa por meio da celebraião de Contratos. Os órgãos e entidades da Administraião Pública realizam Licitaião com o objetivo de obter um Contrato, sendo, portanto, o meio utilizado para obtê-lo. Assim, de nada adianta uma licitaião perfeita em todos os aspectos, se o Contrato dela decorrente for exectado de forma ineficiente, acarretando prejuízo. Portanto, o zelo sobre a execuião do Contrato deve ser semelhane ao dispensado no processo licitatório. É durante a execuião que a contrataião pública alcania os resultados desejados, ou seja, o fim público. O Contrato Administrativo diferencia-se dos demais Contratos por possuir como uma das partes, a Contratante, um órgão ou entidade da Administraião Pública direta ou indireta dos Poder Executivo, Legislativo ou Judiciário. Como a administraião represent ao interesse público ela detem algumas prerrogativas sobre a outra parte. 8 Li ci ta çõ es e C on tr at os A dm in is tr at iv os Noções Iniciais UNIDADE I O objetivo da licitaião é escolher a proposta mais vantajosa para a organização pública. Esta nem sempre será a mais “barata”. POLÍTICA DE ESTOQUES Noções Iniciais Capítulo 1 – Conceitos Introdutórios Licitação A Licitaião é um procedimento administrativo composto de várias fases coordenadas e interdependentes, que tem por objetivo selecionar a proposta mais vantajosa de compras de bens ou de prestaião de serviios para a Administraião Pública, garantindo o princípio constitucional da isonomia, isto é, de tratamento igual a todos os interessados na contrataião que a organização pública está pretendendo. O fato de a legislaião privilegiar o critério de menor preio não obriga a Administraião Pública a adquirir materiais, equipamentos ou serviios sem a qualidade desejada. Ao contrário, é fundamental que os gestores públicos dediquem grande atenião aos aspectos técnicos e de qualidade para garantir que os materiais ou equipamentos adquiridos sirvam mais tarde para os propósitos pretendidos. A regra geral para o processo de contrataião na organização pública é a licitaião. Ela se aplica, seja para a aquisiião de materiais seja de equipamentos, para a execuião de serviios (como os de obras civis, até mesmo os de publicidade) e para alienaiões e locaiões. Contratos para todos esses fins devem ser precedidos de licitaião, salvo algumas exceiões definidas em lei. Estas exceiões são os casos de dispensa ou inexigibilidade de licitaião. Para obter maior eficiência, é necessário que a organização pública adote uma visão sistêmica no processo de contrataião. A visão sistêmica leva em conta os diversos fatores organizacionais que contribuem para o sucesso das contrataiões. Os principais fatores organizacionais que influenciam as contrataiões são o planejamento, o oriamento, a política de estoques adotada e os elementos constitutivos de qualquer organizaião (estrutura organizacional, processos de trabalho, tecnologia e pessoas). A figura 1 procura mostrar como esses elementos estão interligados no processo de contrataião. Não adianta, por exemplo, conceber-se uma nova estrutura organizacional sem dar atenião à implementaião de novas tecnologias. Ou, ainda, determinar novos processos de trabalho, sem valorizar as pessoas que atuam no sistema. PROCESSOS ESTRUTURA PESSOAS TECNOLOGIA Figura 1 – Visão Sistêmica do Processo de Contratação 9 Unidade I Pó s- G ra du aç ão a D is tâ nc ia Planejamento Se a organizaião não valoriza o planejamento, as contrataiões serão tumultuadas porque a tendência da organizaião é atuar “apagando incêndios”. Isso ocorre quando as providências de contrataião só comeiam a ser tomadas a partir do momento em que se nota a falta de algum material ou serviio e se está na iminência de causar descontinuidade na execuião dos serviios. É responsabilidade de a organização pública fazer um planejamento adequado de suas aquisiiões, principalmente daqueles materiais de uso cotidiano, tais como, material de consumo, material escolar e gêneros para a merenda escolar. Orçamento É importante ressaltar que o planejamento está diretamente relacionado com o oriamento e que a previsão oriamentária é distinta da disponibilidade de recursos financeiros. Quando falamos em oriamento estamos nos referindo a uma previsão. Já os recursos financeiros ficarão disponíveis apenas quando esta previsão se concretizar, através de transferências de outras instâncias administrativas (União e Estado, por exemplo), ou de arrecadaião de tributos e taxas. De todos os elementos que influem na eficiência e eficácia das contrataiões, o oriamento é o que as organizaiões públicas têm menor controle direto, pois depende de discussões entre o Poder Executivo e Legislativo. Por mais que as decisões de governantes e legisladores mereiam questionamento e até aiões por parte das organizaiões públicas, é indispensável que isso não as paralise e que saibam trabalhar com o oriamento disponibilizado. Política de Estoques Recomenda-se que a organizaião siga a tendência atual de procurar ter o mínimo possível de materiais estocados. Esta política de estoques é o que se denomina just-in-time, isto é, os materiais devem ficar estocados nos fornecedores, somente chegando à organizaião na ocasião (ou muito próximo) de serem utilizados. Este tipo de política requer um efetivo planejamento, pois, caso contrário, causará transtornos e descontinuidade nos serviios prestados. A organizaião pública deve ter conhecimento do que utiliza e em que quantidade, assim como, de quais são os momentos de maior demanda de quais materiais, para poder planejar suas compras. Os contratos poderão ser anuais, semestrais ou bimensais, mas deverão fixar as datas de entrega dos bens e dos serviios para o momento mais próximo possível de sua utilizaião. Componentes organizacionais Conforme mencionado existem alguns componentes que estão presentes em qualquer organizaião, seja pública ou privada. Estes elementos são: a estrutura organizacional, as pessoas, os processos de trabalho e a tecnologia utilizada. A estrutura organizacional de uma organizaião pública deve permitir agilidade e flexibilidade no processo decisório. Para tanto, recomenda-seque a estrutura seja constituída de poucos níveis hierárquicos e que as regras e as normas se restrinjam aos aspectos relevantes. As pessoas que trabalham na organizaião devem ser estimuladas a inovar e a adotar os procedimentos que realmente atendam à missão maior da organizaião, que é prestar serviios públicos de qualidade. A tecnologia deve ser utilizada para auxiliar a tomada de decisão e não meramente para controlar os procedimentos. Os processos de trabalho devem evitar as disfuniões da burocracia. Devemos ter presente que, destes componentes organizacionais, o mais importantes são as pessoas; são elas que adotarão procedimentos mais ágeis e eficientes e que utilizarão tecnologias inovadoras na prestaião dos serviios educacionais. É imprescindível que os gestores da organizaião estejam atentos à capacitaião de seus colaboradores. Com relaião à gestão de contratos, é necessário que todos os envolvidos – desde o solicitante de materiais, equipamentos e serviios até os responsáveis diretos pela execuião de licitaiões ou pela fiscalizaião de contratos – tenham oportunidade de se qualificar, seja por treinamento em serviio, seja por participaião em seminários, palestras ou cursos abertos. 10 UNIDADE I Noções Iniciais Li ci ta çõ es e C on tr at os A dm in is tr at iv os Outros fatores têm influído no sucesso ou no fracasso do processo de contrataião. São eles. • A constituiião de uma equipe multidisciplinar para conduzir o processo. • O planejamento efetivo da contrataião. • A adoião de procedimentos mais flexíveis. Vejamos como cada um destes fatores influencia o processo de contrataião: Equipe multidisciplinar – A organizaião que constituir equipes multidisciplinares nas diversas fases do processo de contrataião – planejamento, execuião da licitaião e fiscalizaião do contrato – terá maior eficácia. A equipe multidisciplinar deve ser composta por servidores da área técnica, da área jurídica, da área administrativa e, sempre que possível, da área oriamentário-financeira. Desta forma, as possíveis discordâncias entre os diferentes interesses e preocupaiões poderão ser resolvidas na fase de planejamento da contrataião. Quando o processo chegar à fase externa de licitaião, a equipe já debateu os aspectos legais e técnicos da contrataião e teve tempo e oportunidade para formar um pensamento único e coerente. Com isso, a equipe poderá responder com maior precisão às eventuais impugnaiões de Editais/Convites ou apresentaiões de recursos administrativos. A equipe multidisciplinar deve ser composta por profissionais que tenham disposiião de enfrentar desafios, de inovar procedimentos e de caminharem juntos para obter maior eficácia nas contrataiões, sem ferir os preceitos legais. É importante, também, que os membros desta equipe tenham empatia e afinidades entre si, buscando o benefício da organizaião. Não há possibilidade de que todos os membros concordem em todos os aspectos. Pelo contrário, as divergências ocorrerão e serão saudáveis, desde que discutidas logo e resolvidas por negociaião. Isso promoverá o crescimento e a coesão da equipe. Não é recomendado que as divergências sejam adiadas para as etapas subsequentes da contrataião. A experiência tem demonstrado que a contrataião tem maior eficácia quando a equipe multidisciplinar estiver envolvida em todas as fases do processo de contrataião. Por isso, recomenda-se a adoião de uma Comissão Especial de Licitaião. A Comissão Especial de Licitaião deverá, preferencialmente, ser composta por profissionais de todas as áreas envolvidas no processo. O importante é que a área técnica esteja devidamente representada, seja como membro da Comissão seja por meio de pareceres técnicos que subsidiem a etapa de julgamento da licitaião. Somente a área técnica detém os conhecimentos necessários e suficientes para o julgamento técnico, portanto é imprescindível que participe pelo menos desta etapa. O trabalho em comissão, contudo, nem sempre equivale ao trabalho em equipe. Quando se forma uma comissão para tratar de determinado assunto, os seus membros podem atuar no sentido de representar e garantir os interesses de seus setores ou departamentos. Já a formaião de uma equipe pressupõe a escolha dos melhores colaboradores; pessoas que coloquem seu conhecimento à disposiião do grupo para alcaniar o objetivo global (e não somente de seu setor). Em vista disso, é fundamental que a Comissão Especial de Licitaião transforme-se realmente em uma equipe. Planejamento da Contratação – Se, por um lado, o planejamento por si só não garante o sucesso da contrataião – uma vez que existem fatores externos à organizaião influenciando o processo – por outro lado, a inexistência do planejamento ou de um planejamento benfeito determinará o insucesso do processo. Se as condiiões da licitaião e do contrato não forem discutidas exaustivamente, uma a uma, certamente as próximas etapas apresentarão problemas e o tempo economizado, nesta fase, será gasto nas etapas subsequentes para resolvê-los. Não se deve, porém, encarar o planejamento com uma atitude “formalista”. O simples encaminhamento do processo administrativo às diversas áreas interessadas não configura um planejamento eficaz. O importante é que a equipe realize 11 UNIDADE I Noções Iniciais Pó s- G ra du aç ão a D is tâ nc ia reuniões frequentes, em que todos os aspectos técnicos e jurídicos sejam discutidos e as conclusões sejam devidamente registradas no processo administrativo. Planejar a contrataião significa antever possíveis problemas nas demais etapas. Portanto, a equipe deverá se esforiar para prever as condiiões do Edital/Convite que poderão trazer dúvidas e estar atenta aos requisitos técnicos. Os representantes da área jurídica não podem se negar a discutir os aspectos legais com a área técnica e vice-versa: a área técnica deve explicar e justificar as opiões técnicas quando o jurídico apresentar dúvidas. Se esses profissionais tiverem dificuldades em entender conceitos e aspectos que não lhes são familiares, aqueles que detêm maior conhecimento devem se esforiar para justificar de forma clara e objetiva as opiões jurídicas, técnicas, administrativas, oriamentárias e financeiras do processo. Adoção de procedimentos mais flexíveis – Uma contrataião apresenta três grandes momentos: a) planejamento; b) licitaião e c) gerenciamento do contrato. Estas fases são profundamente interdependentes. Temos notado que a Administraião Pública tem se preocupado muito com a fase de licitaião, deixando as demais fases relegadas a um segundo plano. Isso tem prejudicado a eficácia das contrataiões. Percebe-se, também, que os gestores públicos têm adotado interpretaiões muito rígidas dos dispositivos legais. O discurso frequente de que a atual Lei de Licitaiões e Contratos (Lei no 8.666/93) é a causa da ineficácia do setor público distorce os fatos. Apesar de a lei em vigor não estar plenamente adequada ao novo papel do Estado, a ineficácia dos contratos deve-se muito mais a procedimentos burocráticos e rígidos adotados pela Administraião Pública, do que aos dispositivos legais. A organizaião pública pode e deve adotar inovaiões e procedimentos mais flexíveis, sem violar o princípio da legalidade. Por exemplo, a legislaião atual (Lei no 8.666/93) em seu art. 32, § 1°, permite que a documentaião de habilitaião seja dispensada, no todo ou em parte, principalmente no caso de Convite. Há casos, contudo, em que as organizaiões públicas insistem em solicitar documentos que pouco ou nada acrescentam à contrataião. Pelo contrário, muitas vezes essas exigências excessivas e impertinentes fazem com que o procedimento fracasse e a organizaião não consiga contratar o que pretendia em tempo hábil. Ora, se a legislaião permite ao gestor público dispensar a documentaião, essa prerrogativa deve ser utilizada sempre que for eficaz para a organizaiãopública. 12 UNIDADE I Noções Iniciais Li ci ta çõ es e C on tr at os A dm in is tr at iv os PLANEJAMENTO LICITAÇÃO EXECUÇÃO DO CONTRATO Capítulo 2 – Visão Sistêmica do Processo de Contratação O processo de contrataião engloba três fases – o planejamento que constitui a fase interna, a licitaião, que constitui a fase externa e a execuião do contrato – conforme mostra a figura 2. Ele se inicia com o planejamento, ou o que denominamos de atos internos, e somente termina com o recebimento definitivo do objeto contratado. Figura 2 – Fases do Processo de Contratação Fase Interna ou Planejamento da Contratação Nessa primeira fase, a organizaião pública: • detecta suas necessidades de materiais, equipamentos, serviios e obras; • elabora as especificaiões técnicas; • estima o valor da licitaião; • verifica as disponibilidades oriamentárias; • determina a modalidade de licitaião ou a existência de pressuposto para dispensa/inexigibilidade de licitaião; • elabora a minuta do edital ou convite; • autoriza a realizaião da licitaião; • indica os recursos oriamentários que darão suporte às despesas. O desenvolvimento adequado desta fase interna é condiião indispensável para o êxito das demais fases da contrataião. Como mencionado anteriormente, é muito importante que o processo seja planejado, executado e avaliado por uma equipe multidisciplinar, que envolva e comprometa as diversas áreas da Administraião com o sucesso do processo de contrataião. Recomenda-se, assim, a constituiião de uma Comissão Especial de Licitaião multidisciplinar, que assuma a responsabilidade pelo processo desde a sua fase de planejamento até a efetiva contrataião dos bens ou serviios pretendidos. Explicando melhor o procedimento: na fase interna o ordenador de despesa nomeia uma Comissão de Licitaião, que ficará responsável pelo procedimento até o término da etapa de julgamento das propostas. Uma vez definida a proposta vencedora pela Comissão de Licitaião, o ordenador de despesas receberá novamente o processo para proceder aos atos de adjudicaião, homologaião e contrataião, que são de sua responsabilidade e não podem ser delegados. Isto não quer dizer que o ordenador não possa se aconselhar com a consultoria jurídica ou com algum setor técnico para depois proceder aos atos. A Comissão de Licitaião poderá ser permanente ou especial. A Comissão especial é aquela encarregada de apenas um processo licitatório, enquanto a permanente é responsável por todos os processos de licitaião durante a vigência do período de sua nomeaião, normalmente de um ano. Ambas devem ser compostas de, no mínimo, três membros, dos quais pelo menos dois devem ser servidores qualificados pertencentes ao quadro permanente da organizaião pública. Entre as modalidades de licitaião – que veremos em detalhes mais adiante – existentes (Concorrência, Tomada de Preios e Convite), no Convite é o único em que se admite a Comissão ser substituída por um servidor formalmente designado pela autoridade competente. Porém, isso somente poderá ocorrer em casos excepcionais, ou seja, em pequenas unidades com falta de pessoal disponível para compor uma Comissão. A Comissão Permanente terá investidura de um ano, sem a prerrogativa de reconduião da totalidade de seus membros. Em outras palavras, deve haver renovaião de pelo menos 13 UNIDADE I Noções Iniciais Pó s- G ra du aç ão a D is tâ nc ia JULGAMENTO DO RECURSO SESSÃO DE ABERTURA ANÁLISE JULGAMENTO PELA COMISSÃO HABILITAÇÃO PROPOSTAS TÉCNICAS PREÇOS CONFECÇÃO DO MAPA DE JULGAMENTO LAVRATURA DO TERMO DE ADJUDICAÇÃO um membro, no mandato seguinte. Na fase de planejamento, o envolvimento da área técnica é imprescindível para traduzir as necessidades em especificaiões técnicas dos materiais, equipamentos, serviios ou obras a contratar. Na definiião dos documentos de habilitaião, a Comissão deve exigir o mínimo indispensável. Um grande equívoco da Administraião Pública é achar que pode substituir a fiscalizaião do contrato por exigências de documentos de habilitaião. A experiência mostra que o sucesso da contrataião está diretamente relacionado à fiscalizaião efetiva do contrato e que o excesso de exigências na fase de habilitaião atrapalha o processo, limita o número de concorrentes e até pode causar a suspensão e fracasso do processo licitatório. Os contratos oriundos da licitaião do tipo “técnica e preio” requerem uma fiscalizaião mais apurada daquelas condiiões (oferecidas na proposta) que determinaram o vencedor: elas devem ser rigorosamente cumpridas. Por exemplo, o contratado, quando da apresentaião da proposta técnica, comprometeu-se a resolver o problema dos equipamentos de informática em até 48 (quarenta e oito) horas. Esta é uma exigência contratual que deve ser cumprida, pois foi devido a essa “promessa” que o licitante ganhou os pontos que podem ter determinado a sua adjudicaião. No caso de obras e serviios de engenharia deverá constar, também, o projeto básico (Art. 7º, § 2º). O projeto básico para os demais tipos de serviios (excetuando-se os de engenharia) consiste de uma especificaião técnica detalhada, englobando o tipo de serviio que se pretende contratar, o local onde será realizado, as categorias profissionais envolvidas e outras informaiões suficientes e necessárias para que o proponente elabore sua proposta. Concluída a fase interna, abre-se o processo administrativo, devidamente autuado, protocolado e numerado. A partir daí, o processo da licitaião entrará na fase externa. Fase Externa – A Licitação A fase da licitaião engloba desde a publicaião do Edital até a fase de adjudicaião/homologaião da licitaião. O fluxograma da figura 3 mostra as etapas da fase externa. PROCEDE IMPROCEDE MANTÉM RESULTADO NOVO VENCEDOR 14 UNIDADE I Noções Iniciais HOMOLOGAÇÃO PELA AUTORIDADE QUE INSTAUROU O PROCESSO PUBLICAÇÃO DO RESULTADO CONTRATO VENCEDOR ABERTURA DE PRAZO PARA RECURSO CONTRA OS RESULTADOS ADJUDICADOS Li ci ta çõ es e C on tr at os A dm in is tr at iv os Publicidade do Edital – É através do Edital que a Administraião divulga a abertura de Concorrência ou Tomada de Preios, fixando as condiiões para a sua realizaião. O Edital é a lei interna da licitaião e deve estar em conformidade com a legislaião em vigor. A Carta-Convite é a forma simplificada, que substitui o Edital na modalidade de Convite. Todo o procedimento licitatório e, posteriormente, a execuião do Contrato serão regidos pelo que estiver ali estabelecido. Se for constatada irregularidade ou falha no Edital (ou Convite) os interessados na contrataião devem tentar a sua impugnaião junto à Comissão ou à autoridade antes da abertura dos envelopes contendo as propostas. Isso porque, após essa fase, entende-se que o conteúdo e exigências contidas no instrumento convocatório foram aceitos por todos os interessados. O art. 40 da Lei no 8.666/93 disciplina o conteúdo mínimo e obrigatório do Edital. As minutas do Edital, bem como dos contratos, acordos, convênios ou ajustes devem ser previamente examinadas pelo órgão de assessoria jurídica da organização pública, conforme o art. 38, parágrafo único da lei de licitaiões. O § 2º do art. 40 define as partes integrantes do Edital, ou seja, o projeto básico ou executivo (para o caso de obras e serviios), o oriamento estimado (em planilhas de composiião de preios unitários), a minuta do contrato e demais especificaiões complementares e normas de execuião. Assim, a minuta do contrato deverá ser obrigatoriamente fornecida aos interessados na licitaião. Existem controvérsias a respeito da exigência do oriamento estimado em planilhas de quantitativos e preios unitários. Alguns autores argumentam que a extinião do tipo de licitaião“preio-base” desobrigou a Administraião de informar sua estimativa de preio aos licitantes. Segundo eles, a ideia do legislador teria sido a de permitir preios mais baixos do que os que seriam estimados pela Administraião. A esse respeito, o Boletim de Licitaiões e Contratos, de agosto de 1993, assim se manifestou: O parágrafo 2° do art. 40 arrola em seus incisos os documentos informativos que podem ser apresentados sob a forma de anexos ao edital. Assim, a princípio, poder-se-ia entender que a Administraião deverá juntar o referido demonstrativo. Entretanto, como a nova Lei de Licitaiões e Contratos Administrativos extinguiu a licitaião do tipo “preio-base”, a referida exigência combinada com o disposto no inciso X, do art. 40, poderia ser interpretada como uma licitaião de “preio-base” disfariada. Desta forma, nos parece mais coerente entender que este dispositivo não tem caráter impositivo, porquanto inviabilizaria o princípio da competitividade da licitaião, uma vez que todas as propostas poderão apresentar preios iguais aos constantes no demonstrativo fornecido pela Administraião. Entendemos, por fim, que não é obrigatória a juntada, no edital, do demonstrativo do oriamento estimado em planilhas de quantitativos e preios unitários, mas tão somente a sua existência no âmbito administrativo, para possibilitar o início da licitaião, conforme o art. 7°, parágrafo 2°, inciso II, da referida Lei. No nosso entendimento, a Administraião deve fornecer a estimativa de preios máximos, desde que não comprometa a competitividade. A razão é que a ediião da Lei no 9.648/98 modificou a redaião do inciso X do art. 40, permitindo a fixaião de preios máximos e proibindo a fixaião de preios mínimos. Além disso, a estimativa do valor total a contratar é útil em diferentes momentos do processo de contrataião. O Decreto no 449/92 proibia cobrar dos interessados, a qualquer título, as cópias do Edital e do Contrato a ser firmado. A Lei no 8.666/93 não acatou este dispositivo: o art. 32, parágrafo 5º permite o ressarcimento dos custos de reproduião gráfica do Edital e de seus elementos constitutivos. No entanto, a Administraião Pública deve ater-se ao efetivo ressarcimento destas despesas. Recebimento de Documentação e Propostas – A documentaião consiste do conjunto de comprovantes relativos à habilitaião jurídica, regularidade fiscal, qualificaião técnica e qualificaião econômico-financeira dos interessados. A documentaião deve ser recebida em sessão pública, no local indicado, dentro do prazo estabelecido no Edital, com a presenia da Comissão e dos interessados. Abertos os envelopes contendo a documentaião, esta será examinada e rubricada pela Comissão e licitantes presentes, lavrando-se a ata circunstanciada da sessão. Neste momento, deverão também ser recolhidos os envelopes contendo as propostas – técnica e de preios – que permanecerão fechados. 15 UNIDADE I Noções Iniciais Pó s- G ra du aç ão a D is tâ nc ia Passa-se a apreciar a documentaião apresentada pelos licitantes, considerando-se o solicitado no Edital, podendo haver impugnaiões por parte dos licitantes. A documentaião pode ser apresentada em seu original, que inclui publicaião na imprensa oficial (como, por exemplo, o balanio das S/As que são publicados no Diário Oficial da União) ou em cópia autenticada, por cartório competente, ou por servidor da Administraião (ou seja, servidor do órgão promotor da licitaião). Habilitação dos Licitantes – Examinados os documentos apresentados, a Comissão manifestar-se-á sobre a habilitaião ou inabilitaião de cada proponente. O julgamento da habilitaião poderá ocorrer no momento da abertura dos envelopes contendo a documentaião ou, posteriormente, de acordo com o que determinar a Comissão. O importante é que a Comissão divulgue o parecer referente aos resultados da habilitaião, na forma determinada em lei; isto é, por meio de publicaião na imprensa oficial ou em reunião onde estejam presentes todos os licitantes ou seus prepostos. A etapa de habilitaião preliminar só existe na modalidade de Concorrência. Para a Tomada de Preios, a legislaião exige o cadastramento prévio ou o cumprimento das exigências de cadastramento até o terceiro dia que antecede a data fixada para recebimento dos envelopes. Esta questão será tratada quando discutirmos a diferenciaião de procedimentos entre as modalidades de licitaião. Havendo inabilitaião de licitantes, a Comissão permanecerá com os envelopes das propostas, com as especificaiões técnicas e os preios, fechados até decorrer o prazo para recurso administrativo, que é de cinco dias úteis. Somente após este prazo, ou após a recusa do recurso interposto, é que a Comissão devolverá os envelopes fechados aos licitantes inabilitados – que ficam então impedidos de prosseguir nas etapas seguintes da licitaião – e abrirá os envelopes daqueles que foram habilitados. A legislaião em vigor prevê procedimento para agilizar esta etapa do processo licitatório. A Comissão poderá passar para a etapa seguinte no caso de todos os licitantes estarem representados por prepostos na reunião em que é divulgado o resultado da habilitaião e desistirem expressamente de usar o prazo para a apresentaião de recursos. Julgamento das propostas – A abertura dos envelopes contendo as propostas dos proponentes considerados habilitados, somente poderá ocorrer (1) depois de transcorrido o prazo de cinco dias úteis sem interposiião de recurso, ou (2) após desistência expressa, ou (3) após o julgamento dos recursos interpostos. No caso da licitaião do tipo “menor preio”, os proponentes considerados habilitados terão os envelopes de proposta abertos e julgados pela Comissão, de acordo com os requisitos do Edital. As propostas serão examinadas e rubricadas pela Comissão e licitantes presentes, lavrando-se a ata circunstanciada da sessão, onde os preios devem ser registrados. As propostas serão desclassificadas se não atenderem ao estabelecido no Edital, seja quanto às exigências formais, seja quanto ao seu conteúdo, ou ainda, quando apresentarem preios superiores à estimativa adotada pela organizaião. A Lei no 8.666/93 impõe a obrigatoriedade da distinião formal entre o exame da regularidade das propostas (classificadas ou desclassificadas) e o julgamento das vantagens que apresentem. A Comissão deverá divulgar o resultado do julgamento das propostas, discriminando as desclassificadas e as classificadas. As propostas desclassificadas serão ignoradas no que toca ao seu conteúdo. A desclassificaião significa uma decisão preliminar, que exclui de consideraião uma proposta, por não corresponder às exigências da lei ou do edital. Nesta fase, a Comissão não poderá desclassificar um licitante por elementos constantes da fase anterior de habilitaião, salvo por razões supervenientes ou só conhecidas após o julgamento. As fases de habilitaião e julgamento são distintas e têm finalidades diferentes. Não existe comparaião entre os licitantes na fase de habilitaião, o que existe é licitante habilitado e licitante inabilitado. Utilizando-se dos critérios previstos no Edital (ou Convite), a Comissão deverá julgar as propostas e classificá-las em ordem decrescente. A fase de julgamento culmina com essa classificaião, que dá a vitória à proposta classificada em primeiro lugar. 16 UNIDADE I Noções Iniciais Li ci ta çõ es e C on tr at os A dm in is tr at iv os Classificação das Propostas pela Comissão de Licitaião e encaminamento do processo ao Ordenador de Despesas Homologação – Análise do Ordenador de Despesas sobre a Legalidade e Conveniência da Contrataião Legalidade Conveniência Anulação Adjudicação – convocar para a Contrataião Revogação Segundo a Lei no 8.666/93, a competência da Comissão de Licitaião se encerra com a classificaião (e com a manifestaião sobre eventuais recursos interpostos). Não lhe compete emitir apreciaiãoacerca da conveniência ou inconveniência da contrataião ou sobre a legalidade do procedimento. À Comissão cabe emitir Relatório classificando todas as propostas apresentadas em ordem decrescente, de acordo com os critérios estabelecidos no Edital. Os membros da Comissão respondem solidariamente por todos os atos da Comissão, salvo se manifestarem posiião contrária registrada em Ata. Esta disposiião constava no art. 12 do Decreto no 449/92 e a Lei no 8.666/93 a repetiu no parágrafo 2º do art. 51. O fluxograma da Figura 4 procura retratar as etapas que acontecem entre a classificaião da proposta e a convocaião do vencedor para a contrataião (assinatura do contrato ou retirada do documento equivalente). Homologação e Adjudicação – A homologaião e a adjudicaião são, no nosso entendimento, deliberaiões da autoridade competente e não da Comissão. Normalmente, a autoridade competente para praticar esses atos é o ordenador de despesas da organizaião pública. Verificada a legalidade do procedimento licitatório e permanecendo a conveniência de contratar, cabe à autoridade competente homologar o procedimento e adjudicar o objeto ao licitante vencedor. Convoca-se, então, o vencedor para assinar o contrato. Lembre-se, no entanto de que nos casos de Convite e aquisiião de bens para pronta- entrega o contrato poderá ser substituído por documento equivalente, isto é, nota de empenho, ordem de execuião de serviios ou autorizaião de fornecimento. Ressalte-se que, apesar da legislaião tratar a homologaião e a adjudicaião como etapas distintas, elas constituem atos complementares e inter-relacionados. O ato de homologaião é um ato de controle interno da Administraião, quanto à legalidade e conveniência da proposta classificada em primeiro lugar. Já a adjudicaião é o ato formal da Administraião que, pondo fim ao procedimento licitatório, “atribui” ao vencedor o objeto da licitaião. Não pode haver adjudicaião sem prévia homologaião e não há cabimento em homologar-se o resultado sem, em consequência, adjudicar o objeto ao vencedor. Revogação ou Anulação – A licitaião poderá ser revogada ou anulada. Revoga-se o que é lícito, mas não é conveniente ao interesse público. Anula-se o que é ilegal. A revogaião ou a anulaião podem ocorrer na instância administrativa ou na esfera judiciária, devendo ser amplamente justificadas e passíveis de recurso administrativo. Não Sim Sim Não Figura 4 – Etapas internas entre classificação e contratação Recursos Administrativos – As decisões e os atos praticados no processo licitatório são passíveis de recursos, que estão disciplinados no Capítulo V, art. 109 da Lei no 8.666/93. Quando os licitantes não concordarem com as decisões da Administraião cabe interpor recurso, por escrito, no prazo de cinco dias úteis, a contar da publicaião na imprensa 17 UNIDADE I Noções Iniciais Pó s- G ra du aç ão a D is tâ nc ia oficial ou da lavratura da ata de reunião onde foi divulgada a decisão. Os casos previstos para a interposiião de recursos são os seguintes: a) habilitaião ou inabilitaião do licitante; b) julgamento das propostas; c) anulaião ou revogaião da licitaião; d) indeferimento do pedido de inscriião em registro cadastral, sua alteraião ou cancelamento; e) rescisão unilateral do contrato por parte da Administraião; f) aplicaião das penas de advertência, de suspensão temporária ou de multa. Os recursos referentes à habilitaião, inabilitaião e julgamento das propostas poderão ser lavrados na própria ata da reunião de licitaião, desde que todos os prepostos dos licitantes estejam presentes. Estes recursos terão efeitos suspensivos, ou seja, a licitaião será interrompida até a resoluião do recurso. Nos demais casos, os recursos serão apresentados a partir da publicaião das decisões na imprensa oficial. Sempre que houver a interposiião de recurso, este deverá ser comunicado aos demais licitantes, que terão o prazo de cinco dias úteis para impugná-lo. Fase de Execução do Contrato Contratado o objeto da licitaião, cabe à Administraião designar o responsável pela gestão do contrato. Seu papel é representar a Administraião nas questões cotidianas do Contrato, tais como as de verificar se as especificaiões e condiiões contratuais estão sendo cumpridas, determinar correiões nos serviios eventualmente mal-executados, propor penalidades, se for o caso, e realizar o recebimento do objeto. A legislaião determina que, para cada contrato firmado no âmbito da Administraião Pública, seja designado formalmente um fiscal e que se mantenha registro escrito de todos os eventos importantes relacionados ao contrato. 18 UNIDADE I Noções Iniciais Li ci ta çõ es e C on tr at os A dm in is tr at iv os Capítulo 3 – Conceitos Específicos e Princípios A Lei no 8.666 de 1993, ao regulamentar o art. 37, inciso XXI, da Constituiião Federal, estabeleceu normas gerais sobre licitaiões e contratos administrativos pertinentes a obras, serviios, inclusive de publicidade, compras, alienaiões e locaiões no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. De acordo com essa Lei, a celebraião de contratos com terceiros na Administraião Pública deve ser necessariamente precedida de licitaião, ressalvadas as hipóteses de dispensa e de inexigibilidade de licitaião. Os seguintes princípios básicos que norteiam os procedimentos licitatórios devem ser observados, entre outros: • Princípio da Legalidade Nos procedimentos de licitaião, esse princípio vincula os licitantes e a Administraião Pública às regras estabelecidas, nas normas e princípios em vigor. • Princípio da Isonomia Significa dar tratamento igual a todos os interessados. É condiião essencial para garantir em todas as fases da licitaião. • Princípio da Impessoalidade Esse princípio obriga a Administraião a observar nas suas decisões critérios objetivos previamente estabelecidos, afastando a discricionariedade e o subjetivismo na conduião dos procedimentos da licitaião. • Princípio da Moralidade e da Probidade Administrativa A conduta dos licitantes e dos agentes públicos tem de ser, além de lícita, compatível com a moral, a ética, os bons costumes e as regras da boa administraião. • Princípio da Publicidade Qualquer interessado deve ter acesso às licitaiões públicas e seu controle, mediante divulgaião dos atos praticados pelos administradores em todas as fases da licitaião. • Princípio da Vinculaião ao Instrumento Convocatório Obriga a Administraião e o licitante a observarem as normas e condiiões estabelecidas no ato convocatório. Nada poderá ser criado ou feito sem que haja previsão no ato convocatório. • Princípio do Julgamento Objetivo Esse princípio significa que o administrador deve observar critérios, objetivos definidos no ato convocatório para o julgamento das propostas. Afasta a possibilidade de o julgador utilizar-se de fatores subjetivos ou de critérios não previstos no ato convocatório, mesmo que em benefício da própria Administraião. 19 UNIDADE I Noções Iniciais Pó s- G ra du aç ão a D is tâ nc ia O Que é Licitar A execuião de obras, a prestaião de serviios e o fornecimento de bens para atendimento de necessidades públicas, as alienaiões e locaiões devem ser contratadas mediante licitaiões públicas, exceto nos casos previstos na Lei no 8.666, de 1993, e alteraiões posteriores. Por que Licitar A Constituiião Federal, art. 37, inciso XXI, prevê para a Administraião Pública a obrigatoriedade de licitar. O procedimento de licitaião objetiva permitir que a Administraião contrate aqueles que reúnam as condiiões necessárias para o atendimento do interesse público, levando em consideraião aspectos relacionados à capacidade técnica e econômico-financeira do licitante,à qualidade do produto e ao valor do objeto. Quem deve Licitar Estão sujeitos à regra de licitar, prevista na Lei no 8.666, de 1993, além dos órgãos integrantes da administraião direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundaiões públicas, as empresas públicas, as sociedades da economia mista e demais entidades controladas direta e indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Como Licitar Uma vez definido o objeto que se quer contratar, é necessário estimar o valor total da obra, do serviio ou do bem a ser licitado, mediante realizaião de pesquisa de mercado. É necessário, ainda, verificar se há previsão de recursos oriamentários para o pagamento da despesa e se esta se encontrará em conformidade com a Lei de Responsabilidade Fiscal. Após apuraião da estimativa, deve ser adotada a modalidade de licitaião adequada, com prioridade especial para o pregão, quando o objeto pretendido referir-se a bens e serviios comuns listados no Decreto nº 3.555, de 8 de agosto de 2002, que regulamenta esta modalidade. Responsáveis pela licitação Consideram-se responsáveis pela licitaião, os agentes públicos designados pela autoridade de competência, mediante ato administrativo próprio (portaria, por exemplo), para integrar comissão de licitaião, ser pregoeiro ou para realizar licitaião na modalidade convite. A comissão de licitaião é criada pela Administraião com a funião de receber, examinar e julgar todos os documentos e os procedimentos relativos ao cadastramento de licitantes e às licitaiões nas modalidades de concorrência, tomadas de preios e convite. Os membros da comissão de licitaião respondem solidariamente pelos atos praticados, salvo se posiião individual divergente estiver devidamente fundamentada e registrada em ata lavrada na reunião em que tiver sido tomada a decisão. Nas pequenas unidades administrativas, na falta de pessoal disponível, em caráter excepcional e só em convite, a comissão pode ser substituída por servidor designado para esse fim. 20 UNIDADE I Noções Iniciais Li ci ta çõ es e C on tr at os A dm in is tr at iv os No caso de pregão, o pregoeiro e respectiva equipe de apoio são designados dentre os servidores do órgão ou entidade promotora da licitaião para, dentre outras atribuiiões, receberem a proposta escrita e os lances verbais, analisar a aceitabilidade da proposta e efetuar sua classificaião, habilitar o licitante e adjudicar o objeto vencedor. Lembrete! Obras e serviios de engenharia acima de R$1.500.000,00. Compras e outros serviios acima de R$650.000,00. Tomada de Preços Obras e serviios de engenharia acima de R$150.000,00 até R$1.500.000,00. Convite Obras e serviios de engenharia acima de R$15.000,00 até R$150.000,00. Compras e outros serviios acima de R$8.000,00 até R$80.000,00. Quando couber convite, a Administraião pode utilizar a tomada de preios e, em qualquer caso, a concorrência. Quando se tratar de bens e serviios que não sejam de engenharia, a Administraião pode optar pelo pregão. 21 UNIDADE I Noções Iniciais Pó s- G ra du aç ão a D is tâ nc ia Licitações e Contratos Administrativos N oções Iniciais U N ID A D E I 2 2 Modalidades, Tipos e Roteiros UNIDADE II Modalidades, Tipos e Roteiros de Licitação Capítulo 4 – A Escolha da Modalidade e do Tipo de Licitação Modalidades de Licitação Modalidade de licitaião é a forma específica de conduzir o procedimento licitatório, a partir de critérios definidos em lei. O valor estimado para contrataião é o principal fator para escolha da modalidade de licitaião, exceto quando se trata de pregão, que não está limitado a valores. Além do leilão e do concurso, as demais modalidades de licitaião admitidas são exclusivamente as seguintes: Concorrência Modalidade em que podem participar quaisquer interessados que, na fase de habilitaião preliminar, comprovem possuir requisitos mínimos de qualificaião exigidos no edital para execuião do objeto da licitaião. Tomada de preços Modalidade realizada entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condiiões exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificaião. Convite Modalidade realizada entre interessados do ramo de que trata o objeto da licitaião, escolhidos e convidados em número mínimo de três pela Administraião. O convite é a modalidade de licitaião mais simples. A Administraião escolhe quem quer convidar, entre os possíveis interessados, cadastrados ou não. A divulgaião deve ser feita mediante afixaião de cópia do convite em quadro de avisos do órgão ou entidade, localizado em lugar de ampla divulgaião. No convite é possível a participaião de interessados que não tenham sido formalmente convidados, mas que sejam do ramo do objeto licitado, desde que cadastrados no órgão ou entidade licitadora ou no Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores – SICAF. Esses interessados devem solicitar o convite com antecedência de até 24 horas da apresentaião das propostas. No convite para que a contrataião seja possível, são necessárias, pelo menos, três propostas válidas, isto é, que atendam a todas as exigências do ato convocatório. Não é suficiente a obtenião de três propostas. É preciso que as três sejam válidas. Caso isso não ocorra, a Administraião deve repetir o convite e convidar mais um interessado, enquanto existirem cadastrados não convidados nas últimas licitaiões, ressalvadas as hipóteses de limitaião de mercado ou manifesto desinteresse dos convidados, circunstâncias estas que devem ser justificadas no processo de licitaião. 23 Unidade II Pó s- G ra du aç ão a D is tâ nc ia Para alcaniar o maior número possível de interessados no objeto licitado e evitar a repetiião do procedimento, muitos órgãos ou entidades vêm utilizando a publicaião do convite na imprensa oficial e em jornal de grande circulaião, além da distribuiião direta aos fornecedores do ramo. A publicaião na imprensa e em jornal de grande circulaião confere, ao convite, divulgaião idêntica à da concorrência e à tomada de preios e afasta a discricionariedade do agente público. Quando for impossível a obtenião de três propostas válidas, por limitaiões do mercado ou manifesto desinteresse dos convidados, essas circunstâncias deverão ser devidamente motivada e justificados no processo, sob pena de repetiião de convite. Limitaiões de mercado ou manifesto desinteresse das empresas convidadas não se caracterizam e nem podem ser justificados quando são inseridas na licitaião condiiões que só uma ou outra empresa pode atender. Pregão É a modalidade licitaião em que disputa pelo fornecimento de bens e serviios comuns é feita em sessão pública. Os licitantes apresentam suas propostas de preio por escrito e por lances verbais, independentemente do valor estimado da contrataião. Ao contrário do que ocorre em outras modalidades, no Pregão a escolha da proposta é feita antes da análise da documentaião, razão maior de sua celeridade. A modalidade pregão foi instituída pela Medida Provisória no 2.026, de 4 de maio de 2000, convertida na Lei no 10.520, de 2002, regulamentada pelo Decreto no 3.555, de 2000. O pregão é modalidade alternativa ao convite, tomada de preios e concorrência para contrataião de bens e serviios comuns. Não é obrigatória, mas deve ser prioritária e é aplicável a qualquer valor estimado de contrataião. Leilão O leilão é a modalidade de licitaião na qual podem participar quaisquer interessados e deverá ser utilizada predominantemente para a venda de bens móveis inservíveis, salientando-se que esses não são, necessariamente, bens deteriorados, cabendo também para os casos de bens que não têm mais utilidade para a AdministraiãoPública. Caberá, ainda, para a venda de bens semoventes (cavalos, bois etc.). Produtos legalmente apreendidos, em virtude de fiscalizaião, por exemplo, ou penhorados, quando necessária a sua venda, também deverão ter sua venda processada por leilão. Nessa aplicaião, cabe uma ressalva com relaião ao termo “penhorado”, disposto no art. 22, § 5º da Lei no 8.666/93. Na realidade, a expressão mais adequada deveria ser “empenhado”, já que a “penhora” é uma prerrogativa do Poder Judiciário, e não do Poder Executivo. É importante salientar que quando a Administraião for vender bens móveis, ainda que tenham sido apreendidos ou empenhados, conforme disposto no art. 17, § 6º, da Lei no 8.666/93, deverá respeitar o limite previsto no art. 23, II, “b” do mesmo diploma legal (atualmente R$650.000,00) para utilizar a modalidade leilão, montante este apurado pelo órgão promotor da licitaião, mediante avaliaiões prévias de mercado. Acima desse valor, deverá ser utilizada a concorrência. Quanto aos bens imóveis, aqueles cuja aquisiião tenha derivado de procedimentos judiciais ou de daião em pagamento, podem ser alienados por leilão, por foria do art. 19, sendo também cabível a concorrência, conforme já explicitado em artigo anterior. E com relaião às concorrências para a venda de bens imóveis, de acordo com o art. 18 de Lei no 8.666/93, a fase de habilitaião limitar-se-á à comprovaião do recolhimento de quantia correspondente a 5% (cinco por cento) da avaliaião, dispensando-se qualquer outra exigência. 24 UNIDADE II Modalidades, Tipos e Roteiros Li ci ta çõ es e C on tr at os A dm in is tr at iv os O processamento do leilão dar-se-á pelo comparecimento dos interessados em local e hora determinados em edital, para apresentarem seus lances ou ofertas, os quais nunca poderão ser inferiores ao valor de referência estipulado pelo órgão, fruto de uma avaliaião prévia. A publicidade para o leilão é de 15 (quinze) dias corridos, devendo seu resumo contar com veiculaião em órgão de imprensa oficial, em jornal de grande circulaião e afixaião em mural do órgão, a exemplo das concorrências e das tomadas de preios. O leilão, por sua simplicidade, poderá dispensar, inclusive, as exigências de habilitaião. No entanto, o órgão poderá exigir que o arrematante efetue o pagamento do total arrematado à vista, ou de apenas uma parte no ato do leilão, condicionando a entrega dos bens ao pagamento do restante, em prazo a ser estipulado. Caso o arrematante não efetue o pagamento, perderá o direito dos lotes e estará sujeito às penas do edital. E na hipótese de não complementar o pagamento, o arrematante também perderá o direito aos lotes e ao valor parcial já recolhido. Mas o importante é que todas essas condiiões estejam previamente estipuladas no edital. Também é imprescindível que conste do edital do leilão a descriião minuciosa dos bens a serem vendidos, seus quantitativos, o local para exame e, principalmente, o estado em que se encontram, a fim de não ocorrer problemas futuros com um arrematante que alegue não haver conhecido o produto de sua aquisiião. E, com mais razão ainda, o leilão deverá ocorrer, preferencialmente, no local onde os bens se encontrem, como mais uma forma de se evitar essas futuras alegaiões. Qualquer servidor efetivo e estável da Administraião poderá ser designado para realizar um leilão. No entanto, esse procedimento também poderá ser conduzido por um leiloeiro oficial, devidamente investido nessa funião. O leilão também tem sido a modalidade de licitaião utilizada no Programa Nacional de Desestatizaião, criado por foria da Lei Federal no 9.491/97, popularmente conhecido como “privatizaião”, com algumas particularidades. Esse programa tem por finalidade promover uma reformulaião nas atividades do Estado, transferindo-as para a iniciativa privada. Um aspecto a ser considerado, é que a legislaião para a alienaião de bens da Administraião Pública, tanto móveis, quanto imóveis, também prevê casos nos quais a licitaião poderá ser dispensada. Essas hipóteses, nas quais o leilão poderá ser afastado, estão dispostas no art. 17 da Lei de Licitaiões, sendo que dentre elas podemos destacar: a) bens imóveis – daião em pagamento, doaião exclusivamente para outro órgão ou entidade da Administraião Pública, de qualquer esfera de governo, permuta por outro imóvel que atenda às necessidades da Administraião etc. b) bens móveis – doaião exclusivamente para fins e uso de interesse social (se for a decisão mais oportuna e conveniente), permuta entre órgãos ou entidades da Administraião Pública, venda de aiões e de títulos na forma da legislaião vigente etc. Por fim, haverá possibilidade, inclusive, da realizaião de leilões internacionais, sendo que, nesse caso, o pagamento poderá ser estendido em até 24 (vinte e quatro) horas. Concurso É a modalidade de licitaião destinada à escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, ou seja, para trabalhos que exijam uma criaião intelectual. Também é utilizada para a escolha de projetos arquitetônicos. Diante dessa definiião, a primeira distinião a ser feita é que esta modalidade não tem nada a ver com o concurso destinado à contrataião de pessoal para o serviio público – este último não se caracteriza como licitaião. Nesta modalidade de licitaião poderão participar quaisquer interessados que atenderem às exigências do edital. No concurso há a instituiião de prêmio ou remuneraião aos vencedores, que não possuirá um caráter de pagamento aos 25 UNIDADE II Modalidades, Tipos e Roteiros Pó s- G ra du aç ão a D is tâ nc ia serviios prestados, e sim de incentivo, sendo que o pagamento do prêmio ou remuneraião estará condicionado a que o autor do projeto ceda os direitos relativos ao seu trabalho à Administraião, que poderá utilizá-lo para o fim previsto nas condiiões da licitaião. A diferenia básica entre o concurso e as outras modalidades de licitaião, é que nestas últimas a execuião do objeto licitado ocorre depois da seleião da proposta mais vantajosa, cujo preio será dado pela licitante, havendo a sua contrataião, ao passo que no concurso a execuião do objeto licitado ocorrerá antes, ou seja, ele será entregue pronto e acabado, e o preio a ser pago ao vencedor (prêmio ou remuneraião) será previamente definido no edital pelo órgão. Com o pagamento do prêmio ou remuneraião, a licitaião se encerrará e não haverá a figura da contrataião. Inclusive, o próprio vencedor não poderá participar de uma futura licitaião para executar o projeto, por exemplo, podendo apenas realizar consultoria ou auxiliar na fiscalizaião da execuião desse trabalho. O prazo mínimo exigido por lei para a divulgaião dos editais de concurso será de 45 (quarenta e cinco) dias. No entanto, caberá à Administraião estender esse prazo, se necessário, em razão da complexidade do trabalho exigido, a fim de que não haja prejuízo às licitantes. Quanto aos veículos de publicaião, deverão ser utilizados os mesmos da concorrência e da tomada de preios, além de outros que ampliem o caráter competitivo do certame. O edital deverá conter todo o regulamento do concurso, dispondo cláusulas referentes ao objeto almejado, à qualificaião que será exigida dos participantes, à forma de apresentaião dos trabalhos, aos critérios de julgamento e ao prêmio ou remuneraião a ser concedida. Deverá, ainda, ser nomeada comissão julgadora, especialmente designada para tal fim e, de acordo com o art. 51, § 5º da Lei no 8.666/93, essa comissão deverá ser integrada por pessoas de reputaião ilibada e reconhecido conhecimento da matéria a ser objeto da licitaião, sendo que essas pessoas poderão ser servidores públicos ou não. Quanto ao critério de julgamento, esse deverá ser o mais objetivo possível, embora o atingimento dessa conceituaião se constitua numa tarefa bastante difícil, por se tratar de um trabalho de natureza técnica, intelectual ouartística cuja análise, na maioria das vezes, contará com um grau de subjetividade, mesmo que mínimo. No entanto, há que se salientar que esses critérios, mesmo que não se apresentem de forma totalmente objetiva, deverão ser de conhecimento prévio das licitantes. Preferencialmente, os serviios técnicos profissionais especializados, constantes do art. 13 da Lei no 8.666/93, salvo as hipóteses de inexigibilidade de licitaião, deverão ser formalizados por meio de licitaião na modalidade concurso. Finalizando, tem-se também o concurso internacional, quando for prevista a admissão de interessados nacionais e estrangeiros. Tipos de Licitação O tipo de licitaião não deve ser confundido com modalidade de licitaião. Modalidade é procedimento. Tipo é o critério de julgamento utilizado pela Administraião para seleião da proposta mais vantajosa. Os tipos de licitaião mais utilizados para o julgamento das propostas são os seguintes: Menor Preço Critério de seleião em que a proposta mais vantajosa para a Administraião é a de menor preio. É utilizado para compras e serviios de modo geral e para contrataião e bens e serviios de informática, nos casos indicados em decreto do Poder Executivo. 26 UNIDADE II Modalidades, Tipos e Roteiros Li ci ta çõ es e C on tr at os A dm in is tr at iv os Melhor Técnica Critério de seleião em que a proposta mais vantajosa para a Administraião é escolhida com base em fatores de ordem técnica. É usado exclusivamente para serviios de natureza predominantemente intelectual, em especial na elaboraião de projetos, cálculos, fiscalizaião, supervisão e gerenciamento e de engenharia consultiva em geral, e em particular, para elaboraião de estudos técnicos preliminares e projetos básicos e executivos. Técnica e Preço Critério de seleião em que a proposta mais vantajosa para a Administraião é escolhida com base na maior média ponderada, considerando-se as notas obtidas nas propostas de preio e de técnica. É obrigatório na contrataião de bens e serviios de informática, nas modalidades tomada de preios e concorrência. Obras e Serviços Para definir o objeto da licitaião, o administrador deve estar atento às peculiaridades do objeto e às diferentes exigências da Lei de Licitaiões na contrataião de obras, serviios ou compras. No caso de execuião de obras e prestaião de serviios, as licitaiões somente poderão ser realizadas quando: • houver projeto básico aprovado pela autoridade competente e disponível para exame dos interessados em participar do processo licitatório; • existir oriamento detalhado em planilhas que expressem a composiião de todos os seus custos unitários; • houver previsão de recursos oriamentários que assegurem o pagamento das obrigaiões decorrentes de obras ou serviios a serem executadas no exercício financeiro em curso, de acordo com o respectivo cronograma de desembolso; • a obra ou o serviio estiverem incluídos nas metas estabelecidas no PPA, se for o caso. Não poderão ser incluídos no objeto da licitaião: • a obtenião de recursos financeiros para execuião de obras e serviios, qualquer que seja a sua origem, exceto nos casos de empreendimentos executados e explorados sob o regime de concessão, nos termos da legislaião específica; • o fornecimento de bens e serviios sem similaridade ou de marcas, características e especificaiões exclusivas, salvo nos casos em que for tecnicamente injustificável, ou quando o fornecimento desses materiais e serviios for feito sob o regime de administraião contratada, previsto no ato convocatório. A execuião das obras e dos serviios deve ser programada sempre em sua totalidade, com previsão de seus custos atual e final, levando em conta o prazo total da execuião, e será realizada sob a forma de: • execuião direta – quando a Administraião utiliza meios próprios; • execuião indireta – quando a Administraião contrata com terceiros a execuião das obras e dos serviios. Na execuião indireta, a contrataião é feita sob os seguintes regimes: • empreitada por preio global; • empreitada por preio unitário; • tarefa; • empreitada integral. 27 UNIDADE II Modalidades, Tipos e Roteiros Pó s- G ra du aç ão a D is tâ nc ia A empreitada por preio global é utilizada quando se contrata a execuião da obra ou do serviio por preio certo e total. Seu uso se verifica, geralmente, em contrataiões de objetos mais comuns, quando os quantitativos de materiais empregados são pouco sujeitos a alteraião durante a execuião da obra ou da prestaião de serviios e podem ser aferidos mais facilmente. A empreitada por preio unitário é usada quando se contrata a execuião da obra ou serviio por preio certo de unidades determinadas. É empregada com mais frequência em projetos de maior complexidade, cujas quantidades de serviios e dos materiais relativos às parcelas de maior relevância e do valor significativo são definidas de forma exata no ato convocatório, nem tampouco no oriamento apresentado junto à proposta. A tarefa é utilizada quando se contrata a mão-de-obra para pequenos trabalhos por preio certo, com ou sem fornecimento de materiais. A empreitada integral é usada quando se pretende contratar o objeto em sua totalidade, ou seja, compreendendo todas as etapas da obra, serviios e instalaiões necessárias. Nesse regime, o contratado assume inteira responsabilidade pela execuião do objeto até a sua entrega ao órgão ou entidade da Administraião em condiiões de ser utilizado. Devem ser atendidos os requisitos técnicos e legais para o uso do objeto. Esse uso diz respeito à segurania estrutural e operacional e deve ter as características adequadas às finalidades para as quais o objeto que foi contratado. A empreitada por preio global e a empreitada por preio unitário são os regimes mais utilizados de contrataião. Na empreitada por preio global, o pagamento deve ser efetuado após a conclusão dos serviios ou etapas definidos em cronograma físico-financeiro, por exemplo: fundaiões, estrutura, concretagem da laje, cobertura, revestimento, pintura e outras etapas. Na empreitada por preio unitário, o pagamento deve ser realizado por unidades feitas, pois seus quantitativos são pouco sujeitos a alteraião. Exemplo: metragem executada das fundaiões, de paredes levantadas, de colocaião de piso, de pintura, de colocaião de gesso. É recomendável que o estabelecimento das quantidades a serem licitadas e contratadas seja o mais exato possível, a fim de evitar distoriões na execuião de obras ou na prestaião de serviios, que possam culminar com acréscimos quantitativos além dos limites legais. A licitaião sob o regime de preio unitário é mais indicada quando o objeto incluir o fornecimento de materiais ou serviios com previsão de quantidades ou cujos quantitativos correspondam às previsões reais do projeto básico ou executivo, os quais devem retratar, com adequado nível de precisão, a realidade da execuião da obra ou da prestaião de serviios. Independentemente da modalidade adotada, a Administraião deverá fornecer, obrigatoriamente, junto com o ato convocatório, todos os elementos e as informaiões necessárias para que os licitantes possam elaborar suas propostas de preios com total e completo conhecimento do objeto da licitaião. Projeto básico Toda licitaião de obra ou serviio deve ser precedida da elaboraião do projeto básico. A lei estabelece que o projeto básico deva estar anexado ao ato convocatório, dele sendo parte integrante, e deve ser elaborado segundo as exigências contidas na Lei no 8.666 de 1993. Projeto básico é o conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra ou o serviio, ou complexo de obras ou serviios. Deve ser elaborado com base nas indicaiões de estudos técnicos preliminares. Tem como objeto assegurar a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento.Possibilita a avaliaião do custo da obra e a definiião dos métodos e do prazo de execuião. 28 UNIDADE II Modalidades, Tipos e Roteiros Li ci ta çõ es e C on tr at os A dm in is tr at iv os A legislaião determina que o projeto básico, relativamente as obras, deva conter os seguintes elementos: • desenvolvimento da soluião escolhida; • soluiões técnicas globais e localizadas; • identificaião dos tipos de serviios a executar e de materiais e equipamentos a incorporar à obra; • informaiões que possibilitem o estudo e a deduião de métodos construtivos; • subsídios para montagem do plano de licitaião e gestão da obra; • oriamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos de serviios e fornecimentos propriamente avaliados. Um projeto básico bem-elaborado para contrataião de serviios de manutenião preventiva e corretiva, por exemplo, deve fornecer, dentre outras informaiões essenciais: • detalhamento do objeto; • periodicidade de visitas; se diária, semanal, quinzenal, mensal etc. • horário das visitas de manutenião; • prazo para atendimento às chamadas; • equipe mínima/composiião da equipe técnica, com registro na entidade profissional competente; • existência de plantonistas quando for o caso; • relaião do material de reposiião que deverá estar coberto pelo futuro contrato; • material mínimo necessário para estoque no local dos serviios; • local de conserto dos equipamentos, quando não puder ser feito no próprio prédio; • exigência de oficina, quando for o caso. O projeto básico, além de ser peia imprescindível para execuião de obra ou prestaião de serviio, é o documento que propicia à Administraião conhecimento pleno do objeto que se quer licitar, de forma detalhada, clara e precisa. Deve permitir ao licitante as informaiões necessárias à boa elaboraião de sua proposta, mediante regras estabelecidas pela Administraião, a que estará sujeito. Em qualquer licitaião de obras e serviios, se o projeto básico for falho ou incompleto, a licitaião estará viciada e a contrataião não atenderá aos objetivos da Administraião. As obras e os serviios limitados aos valores máximos a seguir estão dispensados de licitaião e desobrigam o agente público da elaboraião do projeto básico. • R$15.000,00, para obras e serviios de engenharia; • R$8.000,00, para quaisquer outros serviios. Os valores referidos serão acrescidos de 20% (vinte por cento) para compras, obras e serviios contratados por sociedades de economia mista e empresas públicas, além de autarquias e fundaiões qualificadas na forma de agências executivas. 29 UNIDADE II Modalidades, Tipos e Roteiros Pó s- G ra du aç ão a D is tâ nc ia Projeto executivo Nas licitaiões para contrataião de obras, também é exigido projeto executivo. No ato convocatório deve ser informado se há projeto executivo disponível, na data da sua publicaião, e o local onde possa ser examinado e adquirido. Projeto executivo é o conjunto de elementos necessários e suficientes à realizaião do empreendimento a ser executado, com nível máximo de detalhamento possível de todas as suas etapas. Para realizaião do procedimento licitatório, não há obrigatoriedade da existência prévia de projeto executivo, uma vez que este poderá ser desenvolvido concomitantemente com a execuião das obras e serviios, desde que autorizado pela Administraião. No caso, a licitaião deverá prever a elaboraião do competente projeto executivo por parte da contratada ou por preio previamente fixado pela Administraião. Quem não pode participar da licitação? Não podem participar, direta ou indiretamente, da licitaião, da execuião da obra, da prestaião dos serviios e do fornecimento de bens necessários à obra ou serviios: • o autor de projeto básico ou executivo, pessoa física ou jurídica; • a empresa, isoladamente ou em consórcio, de responsável pela elaboraião de projeto básico ou executivo ou da qual o autor do projeto seja dirigente, gerente, acionista ou detentor de mais de 5% (cinco por cento) do capital com direito a voto, ou controlador, responsável técnico ou subcontratado; • o servidor dirigente de órgão ou entidade contratante ou responsáveis pela licitaião. Considera-se participaião indireta a existência de qualquer vínculo de natureza técnica, comercial, econômica, financeira ou trabalhista entre o autor do projeto, pessoa física ou jurídica, e o licitante ou responsável pelos serviios, fornecimento e obras, incluindo-se os fornecimentos de bens e serviios a estes necessários. Esse entendimento é extensivo aos membros da comissão de licitaião. É permitida ao autor do projeto a participaião na licitaião de obra ou serviios, ou na execuião, apenas na qualidade de consultor ou técnico, desde que nas funiões de fiscalizaião, supervisão ou gerenciamento, e exclusivamente a serviio da Administraião. Habilitação Habilitação para Convite Os interessados pleitearão sua habilitaião mediante a apresentaião dos documentos abaixo relacionados em envelope fechado: a) Prova de inscriião no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ); b) Prova de regularidade relativa à Seguridade Social, demonstrando situaião regular no cumprimento dos encargos sociais instituídos por Lei (art. 29 inciso IV da Lei no 8.666/93 e alteraiões), CND e FGTS, dentro dos seus prazos de validade; c) Todos os documentos exigidos deverão estar dentro de seus prazos de validade, sob pena de inabilitaião do 30 UNIDADE II Modalidades, Tipos e Roteiros Li ci ta çõ es e C on tr at os A dm in is tr at iv os licitante se assim não estiverem. Os documentos que não mencionarem o prazo de validade serão considerados válidos por 90 (noventa) dias da data da emissão, salvo disposiião contrária de Lei a respeito; d) Os documentos necessários à habilitaião poderão ser apresentados por qualquer processo de cópia, a exceião de fotocópias em papel termo-sensível (fac-símile), autenticada por tabelião de notas ou por funcionário da unidade que realiza a licitaião ou publicaião em órgão de imprensa oficial; e) Na hipótese do interessado pretender servir-se de autenticaião por membro da Comissão de Licitaião deverá oferecer previamente original e cópia, não se admitindo a autenticaião depois de abertos os envelopes ou no momento da abertura. Para esse procedimento a Comissão de Licitaião deverá ficar antecipadamente à disposiião dos interessados no horário de expediente. Habilitação para Tomada de Preços Os interessados pleitearão sua habilitaião mediante a apresentaião dos documentos abaixo relacionados em envelope fechado: Envelope no 01 – Documentaião 1) Documentaião Referente a Habilitaião Jurídica, consistirá na apresentaião de: a) Certificado de Registro de Habilitaião fornecido pela entidade federativa, quando for o caso. b) Comprovaião através do Certificado acima mencionado, que desenvolve atividade pertinente e compatível com o objeto da presente licitaião; c) Declaraião da licitante da inexistência de superveniência de fato impeditivo da habilitaião, nos termos do art. 32 § 2º da Lei no 8.666/93 e alteraiões, de que não foi declarada inidônea e nem está suspensa em nenhum órgão público Federal, Estadual ou Municipal, conforme modelo Anexo III, assinada pelo representante legal da empresa, declarando também que analisou os termos do Edital com os quais está de pleno acordo, sob pena de ser inabilitada da presente licitaião. 2) Documentaião Relativa à Regularidade Fiscal, consistirá em: a) Prova de regularidade para com a Fazenda Federal, Estadual e Municipal do domicílio ou sede do licitante, art. 29 inciso III da Lei no 8.666/93 e alteraiões, ou outra equivalente, na forma da lei. A exigência de que trata a letra “a” deste item, assim se resume: – Certidão de Quitaião de Tributos Federais expedido pela Secretaria
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