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modulo 3 - Licitações públicas e a nova Lei de Licitações;

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MÓDULO III – LICITAÇÕES PÚBLICAS – NOVA LEI DE 
LICITAÇÕES 
 
Neste módulo, vamos estudar a nova lei de licitações, Lei 14.133/2021. Todos 
os conceitos e práticas que vimos até aqui devem ter respaldo nessa lei, para que 
possam ser aplicados. 
Iremos tratar das novidades que ela trouxe, das dificuldades para utilização 
imediata, dos personagens envolvidos no processo licitatório. Além disso, temos 
algumas questões controversas, como a existência simultânea de normas distintas 
tratando de um mesmo assunto, a constitucionalidade de alguns pontos da lei, 
bem como do controle do processo licitatório. 
Leia com bastante atenção e recorra sempre ao texto da Lei 14.133/2021, e 
também ao da Lei 8.666/1993, quando for o caso. 
Aula 1 – Processo Licitatório 
Estudo do processo licitatório, de suas diversas fases, e dos princípios que 
norteiam as licitações públicas. Conceito de estudo técnico preliminar, termo de 
referência, edital, planilha de custo, minuta de contrato, e assim por diante. 
OBJETIVO 
O aluno deve ter uma visão clara de todo o processo licitatório, de suas fases e 
da finalidade de cada um dos artefatos que são elaborados. 
 
1. Introdução 
A Lei 14.133/2021 é basicamente uma consolidação de normas que 
regulamenta o processo de compras públicas. Ela substituirá as Leis 8.666/93, 
10.520/2002 e 12.462/2021, mas isso só ocorrerá, de fato, após dois anos de sua 
publicação. Durante esse período, as duas normas estão valendo. Ou seja, o 
gestor pode optar pela utilização das leis revogadas ou da nova lei. Pois é, essa 
nova lei tem muitas peculiaridades que iremos examinar à medida que formos 
avançando em nosso estudo. 
Podemos dizer que ela deu importância maior às questões de 
sustentabilidade, contemplou várias recomendações feitas reiteradamente pelos 
órgãos de controle, especialmente pelo TCU; por exemplo, a necessidade de 
controlar os riscos do processo licitatório, praticar a governança e o 
planejamento. Além disso, atribuiu novas responsabilidades aos agentes 
públicos e às unidades de controle envolvidas no processo licitatório. 
Contudo, ela possui muitos pontos que estão carentes de regulamentação e 
muitas questões que precisam ser resolvidas, como a disponibilidade 
operacional do Portal Nacional de Compras Públicas (PNCP) – outra novidade 
dessa lei. 
A Lei 14.133/2021 estabelece normas gerais de licitação e contratos, 
conforme competência privativa da União prevista no artigo 22, inciso XXVII, 
da CF, transcrito a seguir: 
 
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as 
modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas 
e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, 
obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas 
e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; 
As empresas públicas e as sociedades de economia mista são regidas pela 
Lei nº 13.303/2016, conforme ressalva apontada no inciso XXVII. 
A nova lei deve ser aplicada nas seguintes hipóteses (art. 2º): 
I – alienação e concessão de direito real de uso de bens; 
II – compra, inclusive por encomenda; 
III – locação; 
IV – concessão e permissão de uso de bens públicos; 
V – prestação de serviços, inclusive os técnico-profissionais 
especializados; 
VI – obras e serviços de arquitetura e engenharia; 
VII – contratações de tecnologia da informação e de 
comunicação. 
 
Em seu art. 5º, a Lei 14.133/2021 destaca os princípios aos quais ela se 
submete. Vejamos. 
Art. 5º Na aplicação desta Lei, serão observados os princípios da 
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade, da 
eficiência, do interesse público, da probidade administrativa, da 
igualdade, do planejamento, da transparência, da eficácia, da 
segregação de funções, da motivação, da vinculação ao edital, do 
julgamento objetivo, da segurança jurídica, da razoabilidade, da 
competitividade, da proporcionalidade, da celeridade, da 
economicidade e do desenvolvimento nacional sustentável, assim 
como as disposições do Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 
1942 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro). 
São 21 princípios!!! 
 
Destacamos os princípios do desenvolvimento nacional sustentável, do 
planejamento e da segregação de funções. O primeiro por conta do tema 
sustentabilidade. Na Lei 8.666/93 (art. 3º), a licitação tem o objetivo de promover 
o desenvolvimento nacional sustentável; na nova lei, esse objetivo tornou-se um 
princípio. Em termos objetivos, não percebemos significados práticos na 
alteração. O segundo, por representar uma necessidade real de profissionalizar e 
organizar as unidades de compras na Administração Pública, conforme reiteradas 
recomendações do TCU; e o terceiro, pelo fato de sabermos da dificuldade que 
os órgãos enfrentam com quadro de pessoal às vezes mal preparado, às vezes 
insuficiente e quase sempre sem a estrutura logística necessária. De todo modo, 
a colocação desse último serve como um indicativo de que a Administração 
precisa resolver essa questão para prestar um serviço público de qualidade. 
No art. 6º da nova lei, temos uma série de definições que são muito 
importantes para a compreensão de todo o contexto legal. Sugerimos, então, uma 
leitura atenta do art. 6º da Lei 14.133/2021, que pode ser acessada no link a 
seguir. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm 
2. O Processo Licitatório 
 
Na sistemática da Lei 8.666/1993, tínhamos o procedimento licitatório; 
agora temos o processo licitatório. Qual a diferença entre esses dois institutos? 
Segundo Marçal Justen Filho, os conceitos de procedimento e de processo 
se inter-relacionam, mas não se confundem. O processo é um instrumento para 
eliminar um conflito mediante a observância inclusive de um procedimento 
diferenciado. Logo, pode existir um procedimento sem haver processo. 
Sempre que existir um conflito envolvendo a Administração, caberá adotar 
um processo. Isso significará a adoção de um procedimento. Mas não haverá 
apenas o procedimento. Haverá o procedimento norteado pela ampla defesa, pelo 
contraditório e pela imparcialidade. (JUSTEN FILHO. Comentários à Lei de 
Licitações e Contratações Administrativas, Ed. Revista dos Tribunais, 2021, p. 
255 e 256). 
Outro ponto destacado por Marçal Justen Filho refere-se ao fato de a CF/88 
adotar disciplina específica quanto à competência para legislar sobre direito 
processual. O art. 22, inciso I, da CF/88, atribuiu à União a competência privativa 
para legislar sobre direito processual. O art. 24, inc. XI, por sua vez, prevê 
competência concorrente entre União, Estados e DF para legislar em matéria de 
procedimento (obra citada, p. 17). O motivo da alteração parece mesmo ser que, 
com a mudança de terminologia, a competência da União agora é privativa. 
2.1 Objetivos do Processo Licitatório 
 
Art. 11. O processo licitatório tem por objetivos: 
I – assegurar a seleção da proposta apta a gerar o resultado de 
contratação mais vantajoso para a Administração Pública, inclusive 
no que se refere ao ciclo de vida do objeto; 
II – assegurar tratamento isonômico entre os licitantes, bem como 
a justa competição; 
III – evitar contratações com sobrepreço ou com preços 
manifestamente inexequíveis e superfaturamento na execução dos 
contratos; 
IV – incentivar a inovação e o desenvolvimento nacional 
sustentável. 
Parágrafo único. A alta administração do órgão ou entidade é 
responsável pela governança das contratações e deve implementar 
processos e estruturas, inclusive de gestão de riscos e controles 
internos, para avaliar, direcionar e monitorar os processos 
licitatórios e os respectivos contratos, com o intuito de alcançar os 
objetivos estabelecidos no caput deste artigo, promover um 
ambiente íntegro e confiável, assegurar o alinhamento das 
contratações ao planejamento estratégico e às leis orçamentárias e 
promover eficiência, efetividade e eficácia em suas contratações 
(Lei 14.133/2021). 
Esse parágrafoúnico é notável. Trata de governança, gestão de riscos, 
monitoramento de processos, integridade e planejamento estratégico. Essas são 
questões que, por muito tempo, foram apontadas pelo TCU como necessárias 
para uma boa gestão dos recursos públicos. 
No artigo 12, o inciso VII aborda a possibilidade de elaboração do plano 
anual de contratações com o objetivo de racionalizar as compras públicas e de 
subsidiar a elaboração da lei orçamentária. Esse plano deverá ser divulgado ao 
público, pois em princípio, todos os atos são públicos (art. 13). 
2.2 Fases do processo de licitação 
 
Art. 17. O processo de licitação observará as seguintes fases, em 
sequência: 
I - preparatória; 
II - de divulgação do edital de licitação; 
III - de apresentação de propostas e lances, quando for o caso; 
IV - de julgamento; 
V - de habilitação; 
VI - recursal; 
VII - de homologação. 
§ 1º A fase referida no inciso V do caput deste artigo poderá, 
mediante ato motivado com explicitação dos benefícios 
decorrentes, anteceder as fases referidas nos incisos III e IV 
do caput deste artigo, desde que expressamente previsto no edital 
de licitação (Lei 14.133/2021). 
Esse artigo, na verdade, estabelece a inversão de fases em todas as 
modalidades de licitação, reduzindo consideravelmente a burocracia no 
processo de compras. As fases indicadas seguem uma sequência lógica, 
estabelecendo um rito que deve ser observado, para regularidade processual. 
2.3 Fase Preparatória – Instrução do Processo 
 
A instrução do processo inicia a fase preparatória da licitatória e perpassa 
todo o procedimento, que deve ser caracterizado pelo planejamento (existência 
de plano anual de contratação – art. 12). Na fase preparatória, as seguintes 
considerações devem ser abordadas, conforme previsto no art. 18 da Lei 
14.133/2021: 
I - a descrição da necessidade da contratação fundamentada em 
estudo técnico preliminar que caracterize o interesse público 
envolvido; 
II - a definição do objeto para o atendimento da necessidade, por 
meio de termo de referência, anteprojeto, projeto básico ou 
projeto executivo, conforme o caso; 
III - a definição das condições de execução e pagamento, das 
garantias exigidas e ofertadas e das condições de recebimento; 
IV - o orçamento estimado, com as composições dos preços 
utilizados para sua formação; 
V - a elaboração do edital de licitação; 
VI - a elaboração de minuta de contrato, quando necessária, que 
constará obrigatoriamente como anexo do edital de licitação; 
VII - o regime de fornecimento de bens, de prestação de serviços 
ou de execução de obras e serviços de engenharia, observados os 
potenciais de economia de escala; 
VIII - a modalidade de licitação, o critério de julgamento, o modo 
de disputa e a adequação e eficiência da forma de combinação 
desses parâmetros, para os fins de seleção da proposta apta a gerar 
o resultado de contratação mais vantajoso para a Administração 
Pública, considerado todo o ciclo de vida do objeto; 
IX - a motivação circunstanciada das condições do edital, tais como 
justificativa de exigências de qualificação técnica, mediante 
indicação das parcelas de maior relevância técnica ou valor 
significativo do objeto, e de qualificação econômico-financeira, 
justificativa dos critérios de pontuação e julgamento das propostas 
técnicas, nas licitações com julgamento por melhor técnica ou 
técnica e preço, e justificativa das regras pertinentes à participação 
de empresas em consórcio; 
X - a análise dos riscos que possam comprometer o sucesso da 
licitação e a boa execução contratual; 
XI - a motivação sobre o momento da divulgação do orçamento da 
licitação, observado o art. 24 desta Lei. 
§ 1º - § 1º O estudo técnico preliminar a que se refere o inciso I 
do caput deste artigo deverá evidenciar o problema a ser resolvido 
e a sua melhor solução, de modo a permitir a avaliação da 
viabilidade técnica e econômica da contratação, e conterá os 
seguintes elementos: 
...………………. 
XII - descrição de possíveis impactos ambientais e respectivas 
medidas mitigadoras, incluídos requisitos de baixo consumo de 
energia e de outros recursos, bem como logística reversa para 
desfazimento e reciclagem de bens e refugos, quando 
aplicável………………… 
§ 3º Nas licitações de obras e serviços de engenharia e arquitetura, 
sempre que adequada ao objeto da licitação, será preferencialmente 
adotada a Modelagem da Informação da Construção (Building 
Information Modelling - BIM) ou tecnologias e processos 
integrados similares ou mais avançados que venham a substituí-la. 
 
Interessante o disposto no art. 20; vejam: 
 
Art. 20. Os itens de consumo adquiridos para suprir as demandas 
das estruturas da Administração Pública deverão ser de qualidade 
comum, não superior à necessária para cumprir as finalidades às 
quais se destinam, vedada a aquisição de artigos de luxo. 
§ 1º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário definirão em 
regulamento os limites para o enquadramento dos bens de consumo 
nas categorias comum e luxo. 
Uma novidade importante refere-se à matriz de riscos, documento que 
poderá constar do edital de licitação. Os riscos identificados podem interferir na 
execução do objeto, e a responsabilidade pela mitigação ou pelo controle deles 
deverá ser atribuída às partes envolvidas no contrato já no início do processo, a 
depender do caso (Administração e/ou prestador de serviço). 
A estimativa de preços em um processo licitatório é muito importante, e o 
procedimento para sua definição está previsto nos arts. 23 e 24. 
O valor deve ser compatível com os preços de mercado, deve considerar os 
preços disponíveis em bancos de dados públicos e a possibilidade de se obter 
economia de escala. 
Art. 23 [...] 
§ 1º No processo licitatório para aquisição de bens e contratação de 
serviços em geral, conforme regulamento, o valor estimado será 
definido com base no melhor preço aferido por meio da utilização 
dos seguintes parâmetros, adotados de forma combinada ou não 
(art. 23): 
I - composição de custos unitários menores ou iguais à mediana do 
item correspondente no painel para consulta de preços ou no banco 
de preços em saúde disponíveis no Portal Nacional de Contratações 
Públicas (PNCP); 
II - contratações similares feitas pela Administração Pública, em 
execução ou concluídas no período de 1 (um) ano anterior à data 
da pesquisa de preços, inclusive mediante sistema de registro de 
preços, observado o índice de atualização de preços 
correspondente; 
III - utilização de dados de pesquisa publicada em mídia 
especializada, de tabela de referência formalmente aprovada pelo 
Poder Executivo federal e de sítios eletrônicos especializados ou 
de domínio amplo, desde que contenham a data e hora de acesso; 
IV - pesquisa direta com no mínimo 3 (três) fornecedores, mediante 
solicitação formal de cotação, desde que seja apresentada 
justificativa da escolha desses fornecedores e que não tenham sido 
obtidos os orçamentos com mais de 6 (seis) meses de antecedência 
da data de divulgação do edital; 
V - pesquisa na base nacional de notas fiscais eletrônicas, na forma 
de regulamento. 
§ 2º No processo licitatório para contratação de obras e serviços de 
engenharia, conforme regulamento, o valor estimado, acrescido do 
percentual de Benefícios e Despesas Indiretas (BDI) de referência 
e dos Encargos Sociais (ES) cabíveis, será definido por meio da 
utilização de parâmetros na seguinte ordem: 
§ 4º Nas contratações diretas por inexigibilidade ou por dispensa, 
quando não for possível estimar o valor do objeto na forma 
estabelecida nos §§ 1º, 2º e 3º deste artigo, o contratado deverá 
comprovar previamente que os preços estão em conformidade com 
os praticados em contratações semelhantes de objetos de mesma 
natureza, por meio da apresentação de notas fiscais emitidas para 
outros contratantes no período de até 1 (um) ano anterior à data da 
contratação pela Administração, ou por outro meio idôneo. 
 
Art. 24. Desde que justificado, o orçamento estimado dacontratação poderá ter caráter sigiloso, sem prejuízo da 
divulgação do detalhamento dos quantitativos e das demais 
informações necessárias para a elaboração das propostas, e, nesse 
caso: 
I - o sigilo não prevalecerá para os órgãos de controle interno e 
externo; 
Parágrafo único. Na hipótese de licitação em que for adotado o 
critério de julgamento por maior desconto, o preço estimado ou o 
máximo aceitável constará do edital da licitação. 
A maior dificuldade de toda licitação pública sempre foi estimar o preço do 
objeto que se pretende contratar. Situação de mercado, visão do poder público 
como mal pagador, nível de exigência estabelecido no edital, e outras questões, 
sempre dificultaram uma definição precisa desse valor. Atualmente, com o 
desenvolvimento da tecnologia, a adequação da jurisprudência às práticas do 
mercado e com algumas medidas adotadas pelo poder público, essa dificuldade 
aos poucos vai sendo superada, mas é preciso avançar mais. 
Ao se debruçar sobre esse assunto, o TCU manifestou o seguinte 
entendimento: 
[...] a cesta de preços aceitáveis pode ser oriunda, por exemplo, de 
pesquisas junto a fornecedores, valores adjudicados em licitações 
de órgãos públicos – inclusos aqueles constantes no Comprasnet -, 
valores registrados em atas de SRP, entre outras fontes disponíveis 
tanto para os gestores como para os órgãos de controle – a exemplo 
de compras/contratações realizadas por corporações privadas em 
condições idênticas às da Administração Pública (Acórdão nº 
2.170/2007-P). 
 
 
A lógica inerente a esse Acórdão é que quanto mais fontes de informação 
tivermos, mais chance teremos de obter o preço real do bem ou serviço que 
pretendemos contratar. Assim, consideramos razoável que a Administração 
Pública utilize várias fontes. 
 
Como visto, nessa fase inicial é que são preparados os principais 
documentos relacionados com a licitação, tais como estudos técnicos 
preliminares, termo de referência, planilha de custos, minuta de contrato e edital. 
A seguir, vamos apresentar alguns detalhes sobre cada um desses documentos. 
 
Estudo Técnico Preliminar (ETP) – Documento constitutivo da primeira 
etapa do planejamento de uma contratação. Deve caracterizar o interesse público 
envolvido na contratação, a melhor solução para atender a demanda, servindo de 
base ao anteprojeto, ao termo de referência ou ao projeto básico, que somente 
serão elaborados caso se conclua pela viabilidade da contratação (art. 6º, inciso 
XX). 
Os objetivos do ETP são: a) assegurar a viabilidade técnica da contratação; 
b) avaliar os resultados que se espera obter; c) servir de referência para a 
elaboração do termo de referência ou do projeto básico. 
Para que esses objetivos sejam alcançados, o ETP deve conter: 
- elementos que demonstrem a necessidade de contratação (motivação ou 
justificativa); 
- requisitos da contratação: referem-se à solução escolhida. São as 
especificações técnicas do produto ou do serviço que se deseja contratar. Qual a 
razão da escolha de uma solução e não de outra, quais são os resultados que se 
espera alcançar. Nesse documento, devem ser inseridos os requisitos de 
sustentabilidade de maneira justificada. 
- quantidade de itens a serem adquiridos e estimativa de custos; 
- levantamento de mercado: verificar se o mercado tem condições de 
fornecer o objeto pretendido, se existe diversidade de fornecedores. No caso de 
produtos sustentáveis, deve ser considerada a possibilidade de valores mais altos, 
por isso o estudo não deve se limitar ao preço propriamente dito, mas considerar 
ganhos de longo prazo, pay-back da contratação, possibilidade de 
reaproveitamento dos resíduos e outros requisitos de sustentabilidade aplicáveis; 
- resultados pretendidos: são os benefícios diretos que se pretende alcançar 
com a contratação. Deve ser avaliada sob a ótica da economicidade, da eficácia, 
da eficiência, dos recursos humanos e financeiros, e com relação aos impactos 
ambientais, quando for o caso; 
- análise de riscos: relativa à contratação e à gestão do contrato. 
 
Termo de Referência (TR) – Documento necessário para a contratação 
de bens e serviços, que é divulgado como anexo ao edital de licitação. O TR deve 
conter os seguintes parâmetros e elementos descritivos, conforme art. 6º, inciso 
XXIII, da nova lei: 
 
a) definição do objeto, incluídos sua natureza, os quantitativos, o 
prazo do contrato e, se for o caso, a possibilidade de sua 
prorrogação; 
b) fundamentação da contratação, que consiste na referência aos 
estudos técnicos preliminares correspondentes ou, quando não for 
possível divulgar esses estudos, no extrato das partes que não 
contiverem informações sigilosas; 
c) descrição da solução como um todo, considerado todo o ciclo de 
vida do objeto; 
d) requisitos da contratação; 
e) modelo de execução do objeto, que consiste na definição de 
como o contrato deverá produzir os resultados pretendidos desde o 
seu início até o seu encerramento; 
f) modelo de gestão do contrato, que descreve como a execução do 
objeto será acompanhada e fiscalizada pelo órgão ou entidade; 
g) critérios de medição e de pagamento; 
h) forma e critérios de seleção do fornecedor; 
i) estimativas do valor da contratação, acompanhadas dos preços 
unitários referenciais, das memórias de cálculo e dos documentos 
que lhe dão suporte, com os parâmetros utilizados para a obtenção 
dos preços e para os respectivos cálculos, que devem constar de 
documento separado e classificado; 
j) adequação orçamentária; 
 
O TR utiliza as informações básicas apuradas no momento da elaboração 
dos ETPs, agregando outras, como critérios de seleção, adequação orçamentária, 
gestão do contrato, medição. 
Planilha de custos – Esse documento deve conter o detalhamento dos 
custos incorridos pela empresa na execução de determinado serviço. O § 6º do 
artigo 135 da Lei 1.433/2021 assim dispõe: “A repactuação será precedida de 
solicitação do contratado, acompanhada de demonstração analítica da variação 
dos custos, por meio de apresentação da planilha de custos e formação de preços, 
ou do novo acordo, convenção ou sentença normativa que fundamenta a 
repactuação.” 
No caso de obras e terceirização de serviços, existem diversas componentes 
de custos envolvidas na execução do objeto: salários, encargos sociais, tributos, 
transporte, materiais diversos etc. Tratando-se de um objeto que demanda algum 
tempo para a sua execução, é natural que esses custos oscilem, o que permite ao 
contratado pleitear a repactuação do contrato. 
Essa planilha deve ser elaborada pela Administração e divulgada aos 
interessados como anexo do edital de licitação e servirá de base para as futuras 
repactuações. 
Minuta de Contrato – Quando a licitação resultar na formalização de um 
contrato com o vencedor do certame, a Administração divulgará, como anexo do 
edital, uma minuta contendo todos os detalhes da execução daquilo que está 
sendo licitado (prazos, direitos, deveres, cronogramas etc.). Esse documento é 
uma cópia fiel do contrato que será assinado com o licitante vencedor e não deve 
ter suas cláusulas alteradas. 
Edital da Licitação – Segundo Hely Lopes de Meirelles, em Direito 
Administrativo Brasileiro, Editora Malheiros, 1994, p. 278: 
Edital é o instrumento pelo qual a Administração leva ao 
conhecimento público a abertura de concorrência, de tomada de 
preços, de concurso e de leilão, fixa as condições de sua realização 
e convoca os interessados para a apresentação de suas propostas. 
Como Lei interna da concorrência e da tomada de preços, vincula 
inteiramente a administração e os proponentes. Todavia o edital 
não é exaustivo, porque normas superiores e anteriores do órgão 
licitante o complementam, embora não reproduzidas em seu texto. 
 
 
É o documento por meio do qual a Administração torna pública a realização 
de uma licitação, definindo o objeto licitado, os documentos a serem 
apresentados pelas interessadas, os critérios de seleção da proposta vencedorae 
todas as regras que serão utilizadas na condução do processo licitatório. 
Com a publicação do edital e sua divulgação, inicia-se a fase externa da 
licitação pública. Por meio do seu conteúdo e de seus anexos (termo de 
referência, planilhas de custos, minuta de contrato), os interessados serão 
informados sobre o que a Administração pretende adquirir e quais os critérios 
para seleção do fornecedor com o maior nível de detalhamento possível. 
 
Os requisitos de sustentabilidade necessários, e a certificação exigida, 
estarão definidos no edital, assim como eventuais ensaios e avaliação de amostras 
para confirmação do atendimento de tais requisitos por parte do interessado. 
 
O edital deve contemplar todas as informações necessárias para que os 
interessados possam elaborar suas propostas e avaliar se têm condições de 
executar o objeto. Assim, todas as condições de habilitação, critérios de 
aceitabilidade da proposta, critérios de julgamento, projeto básico e executivo, 
prazos, locais de execução, desenhos, especificações, orçamento, minuta de 
contrato, normas de execução e outros devem constar do edital (art. 25). 
 
A lei de licitações estabelece os prazos entre a data da publicação do edital 
e a data de apresentação das propostas. O prazo é contado desconsiderando-se o 
dia da publicação. Esse prazo deve ser suficiente para que os interessados 
elaborem as suas propostas técnicas e comerciais e deverá ser tanto maior quanto 
mais complexo for o objeto da licitação: 
 
Art. 55. Os prazos mínimos para apresentação de propostas e 
lances, contados a partir da data de divulgação do edital de 
licitação, são de: 
I – para aquisição de bens: 
a) 8 (oito) dias úteis, quando adotados os critérios de julgamento 
de menor preço ou de maior desconto; 
b) 15 (quinze) dias úteis, nas hipóteses não abrangidas pela alínea 
“a” deste inciso; 
II – no caso de serviços e obras: 
a) 10 (dez) dias úteis, quando adotados os critérios de julgamento 
de menor preço ou de maior desconto, no caso de serviços comuns 
e de obras e serviços comuns de engenharia; 
b) 25 (vinte e cinco) dias úteis, quando adotados os critérios de 
julgamento de menor preço ou de maior desconto, no caso de 
serviços especiais e de obras e serviços especiais de engenharia; 
c) 60 (sessenta) dias úteis, quando o regime de execução for de 
contratação integrada; 
d) 35 (trinta e cinco) dias úteis, quando o regime de execução for o 
de contratação semi-integrada ou nas hipóteses não abrangidas 
pelas alíneas “a”, “b” e “c” deste inciso; 
III – para licitação em que se adote o critério de julgamento de 
maior lance, 15 (quinze) dias úteis; 
IV – para licitação em que se adote o critério de julgamento de 
técnica e preço ou de melhor técnica ou conteúdo artístico, 35 
(trinta e cinco) dias úteis.” 
 
O modo de disputa é a maneira como os interessados apresentam as suas 
propostas de preços e dão lances, reduzindo os valores durante a sessão pública. 
De acordo com o art. 56, o modo de disputa poderá ser feito isolada ou 
conjuntamente: 
I – aberto, hipótese em que os licitantes apresentarão suas 
propostas por meio de lances públicos e sucessivos, crescentes 
ou decrescentes; 
II – fechado, hipótese em que as propostas permanecerão em 
sigilo até a data e hora designadas para sua divulgação. 
§ 1º A utilização isolada do modo de disputa fechado será 
vedada quando adotados os critérios de julgamento de menor 
preço ou de maior desconto. 
 
Assim, podemos ter modos de disputa aberto, fechado, aberto-fechado, 
fechado-aberto. A escolha deve ser feita de acordo com as características do 
objeto licitado, práticas de mercado etc. 
 
De acordo com o art. 53, ao final da fase preparatória, o processo licitatório 
seguirá para o órgão de assessoramento jurídico da Administração, que realizará 
controle prévio de legalidade mediante análise jurídica da contratação. 
Aqui temos uma mudança importante. No regime da Lei 8.666/1993, ao 
tratar do procedimento licitatório, tínhamos disposto o seguinte: 
Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com a abertura 
de processo administrativo, devidamente autuado, protocolado e 
numerado, contendo a autorização respectiva, a indicação sucinta 
de seu objeto e do recurso próprio para a despesa, e ao qual serão 
juntados oportunamente: […] 
Parágrafo único. As minutas de editais de licitação, bem como as 
dos contratos, acordos, convênios ou ajustes devem ser 
previamente examinadas e aprovadas por assessoria jurídica da 
Administração. 
O papel da assessoria jurídica era o de examinar e aprovar as minutas dos 
editais, contratos, acordos etc., documentos que, assinados pela autoridade 
responsável ao final do procedimento, atribuem à Administração direitos e 
deveres. 
 
Agora, a assessoria jurídica passa a fazer o controle prévio de legalidade de 
todo o processo licitatório. Por conta disso, o jurídico precisará acompanhar em 
detalhes todos os trabalhos realizados ao longo da fase preparatória do certame. 
O que exigirá maiores esforços, nível de conhecimento técnico e uma estrutura 
de pessoal bem mais expressiva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 2 – Modalidades de licitação e Critérios de seleção de propostas 
Nesta aula, vamos ver as modalidades de licitação existentes na Lei 14.133/2021, 
os critérios de julgamento e as modalidades que deixarão de existir quando a Lei 
8.666/93 for revogada. 
OBJETIVO 
O aluno deve ser capaz de identificar cada uma das modalidades de licitação 
previstas na nova lei de licitações e quando devem ser utilizadas. Deve ainda 
aprender a estabelecer critérios de seleção de propostas e como a documentação 
das empresas deve ser examinada, além de conhecer os casos em que a avaliação 
de amostras deve ser utilizada e em que momento do processo. 
 
1. Introdução 
Modalidade de licitação é a forma como o processo de compra de produtos 
e serviços públicos é conduzido e as propostas analisadas ou avaliadas. Para 
julgamento de cada proposta, Lei 14.133/2021 estabelece diversos critérios. A 
seguir, tratamos tanto dos tipos de modalidades quanto desses critérios. 
 
2. Modalidades 
A Lei 14.133/2021 extinguiu as modalidades convite e tomada de preços. 
O fato é que as modalidades não são mais definidas em razão do valor da 
contratação, mas das características do objeto que está sendo licitado, tornando 
sem muito sentido tais modalidades. 
2.1 Concorrência: modalidade de licitação para contratação de bens e 
serviços especiais e de obras e serviços comuns e especiais de engenharia, cujo 
critério de julgamento poderá ser (inciso XXXVIII, art. 6º): 
 
a) menor preço; 
b) melhor técnica ou conteúdo artístico; 
c) técnica e preço; 
d) maior retorno econômico; 
e) maior desconto; 
 
A concorrência agora segue o mesmo rito do pregão (art. 17). É como se 
fosse um tipo de pregão destinado a obras e demais objetos que não sejam 
comuns. A inversão de fases, contudo, pode ser desconsiderada pelo gestor de 
maneira justificada. 
 
2.2 Pregão: modalidade de licitação obrigatória para aquisição de bens e 
serviços comuns, cujo critério de julgamento poderá ser o de menor preço ou o 
de maior desconto (art. 6º, inciso XLI): “Bens e serviços comuns – são aqueles 
que possuem padrões de desempenho e qualidade que podem ser objetivamente 
definidos no edital, por meio de especificações usuais de mercado”. 
2.3 Concurso: modalidade de licitação para escolha de trabalho técnico, 
científico ou artístico, cujo critério de julgamento será o de melhor técnica ou 
conteúdo artístico, e para concessão de prêmio ou remuneração ao vencedor (art. 
6º, inciso XXXIX). 
2.4 Leilão: modalidade de licitação para alienação de bens imóveis ou de 
bens móveis inservíveis ou legalmente apreendidos a quem oferecer o maior 
lance (art. 6º, inciso XL). 
2.5 Diálogo Competitivo: modalidade de licitação para contratação de 
obras, serviços e compras em que a Administração Pública realiza diálogos com 
licitantes previamenteselecionados mediante critérios objetivos, com o intuito 
de desenvolver uma ou mais alternativas capazes de atender às suas necessidades, 
devendo os licitantes apresentar proposta final após o encerramento dos diálogos 
(art. 6º, inciso XLII). 
O processo começa com a definição das necessidades da Administração e 
dos critérios de pré-seleção dos licitantes constantes do edital de manifestação 
de interesse. Depois disso, são feitas reuniões com os selecionados, buscando a 
melhor solução para resolver a necessidade apontada pela Administração. Após 
a definição da solução, tem início a fase competitiva propriamente dita com a 
seleção da proposta mais vantajosa de acordo com os requisitos previstos em um 
novo edital. 
De acordo com o art. 32, da Lei 14.133/2021, a modalidade diálogo 
competitivo é restrita a contratos em que a Administração: 
I - vise a contratar objeto que envolva as seguintes condições: 
a) inovação tecnológica ou técnica; 
b) impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua necessidade 
satisfeita sem a adaptação de soluções disponíveis no mercado; e 
c) impossibilidade de as especificações técnicas serem definidas 
com precisão suficiente pela Administração; 
II - verifique a necessidade de definir e identificar os meios e as 
alternativas que possam satisfazer suas necessidades, com destaque 
para os seguintes aspectos: 
a) a solução técnica mais adequada; 
b) os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já definida; 
c) a estrutura jurídica ou financeira do contrato; 
 
3. Critérios de Seleção de Propostas 
 
Art. 33. O julgamento das propostas será realizado de acordo 
com os seguintes critérios: 
I - menor preço; 
II - maior desconto; 
III - melhor técnica ou conteúdo artístico; 
IV - técnica e preço; 
V - maior lance, no caso de leilão; 
VI - maior retorno econômico. 
No julgamento por melhor técnica ou conteúdo artístico serão consideradas 
apenas as propostas técnicas ou artísticas apresentadas pelos licitantes. O edital 
definirá o prêmio ou a remuneração que será atribuída ao vencedor (art. 35). 
Esse tipo deve ser utilizado na contratação de projetos e trabalhos de 
natureza técnica, científica ou artística. 
O julgamento por técnica e preço considerará a maior pontuação obtida a 
partir da ponderação, segundo fatores objetivos previstos no edital, das notas 
atribuídas aos aspectos de técnica e de preço da proposta (art. 36). 
§ 2º No julgamento por técnica e preço, deverão ser avaliadas e 
ponderadas as propostas técnicas e, em seguida, as propostas de 
preço apresentadas pelos licitantes, na proporção máxima de 70% 
(setenta por cento) de valoração para a proposta técnica. 
Assim, poderemos ter ponderações de 60% ou 50% para a técnica, mas 
nunca mais de 70%. 
No inciso VI, temos uma novidade. Trata-se de critério a ser utilizado 
exclusivamente na celebração de contratos de eficiência. Nesse tipo de contrato, 
o contratado propõe uma série de medidas que resultam em economia de recursos 
para a Administração. Por exemplo, energia elétrica, água, telefone, 
combustíveis. A remuneração da empresa, então, deve ser fixada em um 
percentual da economia proporcionada. Vence a licitação a solução que 
proporcionar a maior economia de recursos. 
 
As propostas devem ser apresentadas nos exatos termos previstos no edital 
de licitação. O art. 58 prevê que a Administração poderá exigir garantia de 
proposta de até 1% do valor estimado da contratação. Marçal Justen Filho (2021) 
entende tratar-se de uma incompatibilidade com o art. 37, inciso XXI da CF, 
configurando a inconstitucionalidade da exigência (obra citada, p. 699). 
 
Não conseguimos entender em que situações essa garantia deve ser exigida 
e qual o propósito de tudo isso. Apenas imaginamos que seja uma forma pensada 
para evitar a participação de aventureiros ou algo semelhante. De todo modo, o 
administrador tem a prerrogativa de não exigir tal garantia, o que parece ser mais 
adequado. 
 
Na primeira parte do exame das propostas, os responsáveis irão 
desclassificar aquelas que se enquadrarem nas condições indesejáveis 
relacionadas no art. 59. 
 
Art. 59. Serão desclassificadas as propostas que: 
I - contiverem vícios insanáveis; 
II - não obedecerem às especificações técnicas pormenorizadas no 
edital; 
III - apresentarem preços inexequíveis ou permanecerem acima do 
orçamento estimado para a contratação; 
IV - não tiverem sua exequibilidade demonstrada, quando exigido 
pela Administração; 
V - apresentarem desconformidade com quaisquer outras 
exigências do edital, desde que insanável. 
 
Pode ser que uma proposta não se refira exatamente ao objeto que está sendo 
licitado, que indique um preço superior ao estimado ou muito abaixo do que seja 
razoável. São situações que determinam a desclassificação da proposta. 
 
Normalmente, muitas verificações são feitas apenas em relação à proposta 
mais bem classificada. Quando o preço estiver abaixo do esperado, a 
exequibilidade deve ser avaliada com cautela, dando-se oportunidade ao 
proponente de demonstrar a sua viabilidade (inciso IV). A Administração pode 
realizar diligências junto aos licitantes para corrigir vícios sanáveis. 
 
Em caso de empate, a escolha do vencedor será feita utilizando-se os 
critérios previstos no art. 60, que transcrevemos a seguir. 
 
Art. 60. Em caso de empate entre duas ou mais propostas, serão 
utilizados os seguintes critérios de desempate, nesta ordem: 
I - disputa final, hipótese em que os licitantes empatados poderão 
apresentar nova proposta em ato contínuo à classificação; 
II - avaliação do desempenho contratual prévio dos licitantes, para 
a qual deverão preferencialmente ser utilizados registros cadastrais 
para efeito de atesto de cumprimento de obrigações previstos nesta 
Lei; 
III - desenvolvimento pelo licitante de ações de equidade entre 
homens e mulheres no ambiente de trabalho, conforme 
regulamento; 
IV - desenvolvimento pelo licitante de programa de integridade, 
conforme orientações dos órgãos de controle. 
§ 1º Em igualdade de condições, se não houver desempate, será 
assegurada preferência, sucessivamente, aos bens e serviços 
produzidos ou prestados por: 
I - empresas estabelecidas no território do Estado ou do Distrito 
Federal do órgão ou entidade da Administração Pública estadual ou 
distrital licitante ou, no caso de licitação realizada por órgão ou 
entidade de Município, no território do Estado em que este se 
localize; 
II - empresas brasileiras; 
III - empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de 
tecnologia no País; 
IV - empresas que comprovem a prática de mitigação, nos termos 
da Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009. 
§ 2º As regras previstas no caput deste artigo não prejudicarão a 
aplicação do disposto no art. 44 da Lei Complementar nº 123, de 
14 de dezembro de 2006. 
 
Os benefícios concedidos às ME/EPP no art. 44 da LC 123, de 2006, 
continuam prevalecendo (§ 2º acima e art. 4º da Lei 14.133/2021). 
 
Após a definição do resultado, a Administração poderá negociar condições 
mais vantajosas com o primeiro colocado (art. 61). Tendo sido o processo 
realizado conforme previsto no edital e obtido um preço de acordo com o 
estimado, dificilmente haverá grandes ganhos nessa negociação. 
 
4. Análise da Documentação dos Licitantes e Exame de 
Amostras 
 
Para aprovação definitiva da proposta e antes do exame da documentação, 
a Administração tem a possibilidade de exame de amostras, protótipos etc. A 
nova lei veio suprir uma lacuna que há muito preocupava os operadores das 
licitações públicas – é o que diz o art. 17, § 3º (grifos nossos): 
§ 3º Desde que previsto no edital, na fase a que se refere o inciso 
IV do caput deste artigo, o órgão ou entidade licitante poderá, em 
relação ao licitante provisoriamente vencedor, realizar análise e 
avaliação da conformidade da proposta, mediante homologação de 
amostras, exame de conformidade e prova de conceito, entre 
outros testes de interesse da Administração, de modo a 
comprovarsua aderência às especificações definidas no termo de 
referência ou no projeto básico. 
Assim, definido o primeiro colocado, o processo entra na fase de 
habilitação. Nesse momento, será verificada a capacidade técnica, jurídica, 
econômico-financeira e fiscal, social e trabalhista do licitante vencedor. Todas 
as condições de habilitação devem ser avaliadas de acordo com o que está 
definido no edital. 
 
A habilitação jurídica visa demonstrar a capacidade da empresa de exercer 
direitos e cumprir obrigações e, basicamente, resume-se aos documentos que 
comprovem a sua existência como pessoa jurídica (art. 66). 
A habilitação técnica deve se restringir ao necessário para comprovar a 
capacidade técnico-profissional e operacional do licitante de executar o objeto 
licitado (art. 67). 
 
Em alguns casos, é muito importante a comprovação de experiência na 
execução de objetos semelhantes; por exemplo, nos serviços contínuos. É 
oportuno também que a empresa demonstre a capacidade de assumir, em termos 
operacionais e financeiros, o novo contrato. Isso pode ser feito por meio da 
análise da relação de compromissos que a empresa possui. 
 
A habilitação técnica é a mais difícil de ser feita, pois pode exigir 
conhecimentos específicos do objeto que está sendo licitado. Em alguns casos, 
existem múltiplos documentos relacionados aos profissionais, à experiência 
anterior, à capacidade operacional etc., que podem dificultar uma avaliação mais 
precisa. Portanto, é necessário um cuidado maior ao examinar esses documentos. 
Em regra, os avaliadores devem ser profissionais que atuam no segmento de 
mercado em que o objeto se insere. 
 
Os documentos necessários para comprovar a habilitação fiscal, social, 
trabalhista e econômico-financeira do licitante estão previstos nos artigos 68 e 
69. 
 
I - a inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro 
Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ); 
II - a inscrição no cadastro de contribuintes estadual e/ou 
municipal, se houver, relativo ao domicílio ou sede do licitante, 
pertinente ao seu ramo de atividade e compatível com o objeto 
contratual; 
III - a regularidade perante a Fazenda federal, estadual e/ou 
municipal do domicílio ou sede do licitante, ou outra equivalente, 
na forma da lei; 
IV - a regularidade relativa à Seguridade Social e ao FGTS, que 
demonstre cumprimento dos encargos sociais instituídos por lei; 
V - a regularidade perante a Justiça do Trabalho; 
VI - o cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7º da 
Constituição Federal. [...] 
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a 
menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis 
anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; 
(conforme previsão na CF, art. 7º) 
 
Art. 69. A habilitação econômico-financeira visa a demonstrar a 
aptidão econômica do licitante para cumprir as obrigações 
decorrentes do futuro contrato, devendo ser comprovada de forma 
objetiva, por coeficientes e índices econômicos previstos no edital, 
devidamente justificados no processo licitatório, e será restrita à 
apresentação da seguinte documentação: 
I - balanço patrimonial, demonstração de resultado de exercício e 
demais demonstrações contábeis dos 2 (dois) últimos exercícios 
sociais; 
II - certidão negativa de feitos sobre falência expedida pelo 
distribuidor da sede do licitante 
§ 2º Para o atendimento do disposto no caput deste artigo, é vedada 
a exigência de valores mínimos de faturamento anterior e de 
índices de rentabilidade ou lucratividade. 
§ 3º É admitida a exigência da relação dos compromissos 
assumidos pelo licitante que importem em diminuição de sua 
capacidade econômico-financeira, excluídas parcelas já executadas 
de contratos firmados. 
§ 4º A Administração, nas compras para entrega futura e na 
execução de obras e serviços, poderá estabelecer no edital a 
exigência de capital mínimo ou de patrimônio líquido mínimo 
equivalente a até 10% (dez por cento) do valor estimado da 
contratação. 
Um ponto importante é que toda a documentação de habilitação poderá ser 
mantida em registro cadastral, sendo desnecessária a sua apresentação a cada 
licitação de que o interessado participe. É o que ocorre atualmente com o cadastro 
do Sicaf. A documentação também pode ser dispensada, como medida 
desburocratizante, nos termos previstos no inciso III, do art. 70: “III - dispensada, 
total ou parcialmente, nas contratações para entrega imediata, nas contratações 
em valores inferiores a 1/4 (um quarto) do limite para dispensa de licitação para 
compras em geral e nas contratações de produto para pesquisa e desenvolvimento 
até o valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais”. 
 
Quando o licitante melhor colocado for habilitado, a licitação poderá 
prosseguir. Nesse caso, teremos a fase de recursos, que será vista mais à frente. 
Superada essa fase, o processo vai à autoridade superior, que poderá adotar as 
medidas previstas no art. 71: 
 
Art. 71. Encerradas as fases de julgamento e habilitação, e 
exauridos os recursos administrativos, o processo licitatório será 
encaminhado à autoridade superior, que poderá: 
I - determinar o retorno dos autos para saneamento de 
irregularidades; 
II - revogar a licitação por motivo de conveniência e oportunidade; 
III - proceder à anulação da licitação, de ofício ou mediante 
provocação de terceiros, sempre que presente ilegalidade 
insanável; 
IV - adjudicar o objeto e homologar a licitação. 
§ 1º Ao pronunciar a nulidade, a autoridade indicará expressamente 
os atos com vícios insanáveis, tornando sem efeito todos os 
subsequentes que deles dependam, e dará ensejo à apuração de 
responsabilidade de quem lhes tenha dado causa. 
 
A adjudicação, e posterior homologação, ocorrerá sempre que o processo 
tiver superado todas as suas fases de maneira regular. Então o licitante vencedor 
será contratado normalmente e executará o contrato. 
 
Se ocorreram falhas que podem ser sanadas, a autoridade determinará o 
retorno do processo ao agente responsável para as devidas correções. 
 
A revogação pode acontecer por motivo de conveniência e oportunidade. A 
contratação não é mais conveniente, ou seja, não é mais importante para a 
Administração, não é mais necessária. Pode ser também inoportuna quando o 
momento não for adequado. 
 
No caso de ilegalidade insanável, o processo deve ser anulado pela 
autoridade competente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 3 – Dispensa e Inexigibilidade de Licitação 
 
Nesta aula, vamos estudar os casos em que o gestor público está autorizado a não 
instaurar processo licitatório e a realizar contratações diretas. 
OBJETIVO 
O aluno deve ser capaz de diferenciar as situações de dispensa e inexigibilidade 
de licitação e indicar o fundamento legal aplicável a cada caso, especialmente 
quando se tratar de dispensa de licitação. 
 Leia os artigos 74 e 75 da Lei 14.133/2021, que tratam, respectivamente, da 
inexigibilidade e da dispensa de licitação. 
https://pesquisa.apps.tcu.gov.br/#/resultado/portal?ts=1657208826843&gsc.q=
manual%20de%20compras%20diretas 
Acesse o link acima e veja, no manual de compras diretas do TCU, o item 2 que 
trata da dispensa e do fracionamento de despesa. 
 
 
1. Introdução 
 
Nem sempre a licitação é a melhor alternativa para a Administração. 
Existem situações em que o processo licitatório é contraindicado, quer por 
representar um custo desnecessário, quer por demandar muito tempo para sua 
conclusão, ou mesmo por ser um processo totalmente inviável, a depender do 
caso. São as situações que caracterizam as contratações diretas, ou contratações 
sem licitação. Essas podem ser de dois tipos: contratação por dispensa de 
licitação ou por inexigibilidade de licitação. 
Em que pese a inexistência de processo licitatório, as compras diretas 
também possuem um rito, consistente no processo de contratação previsto nos 
arts. 72 e 73. 
 
Art. 72. O processo de contratação direta, quecompreende os casos 
de inexigibilidade e de dispensa de licitação, deverá ser instruído 
com os seguintes documentos: 
I - documento de formalização de demanda e, se for o caso, estudo 
técnico preliminar, análise de riscos, termo de referência, projeto 
básico ou projeto executivo; 
II - estimativa de despesa, que deverá ser calculada na forma 
estabelecida no art. 23 desta Lei; 
III - parecer jurídico e pareceres técnicos, se for o caso, que 
demonstrem o atendimento dos requisitos exigidos; 
IV - demonstração da compatibilidade da previsão de recursos 
orçamentários com o compromisso a ser assumido; 
V - comprovação de que o contratado preenche os requisitos de 
habilitação e qualificação mínima necessária; 
VI - razão da escolha do contratado; 
VII - justificativa de preço; 
VIII - autorização da autoridade competente. 
Parágrafo único. O ato que autoriza a contratação direta ou o 
extrato decorrente do contrato deverá ser divulgado e mantido à 
disposição do público em sítio eletrônico oficial. 
Art. 73. Na hipótese de contratação direta indevida ocorrida com 
dolo, fraude ou erro grosseiro, o contratado e o agente público 
responsável responderão solidariamente pelo dano causado ao 
erário, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis. 
2. Dispensa de Licitação 
A dispensa de licitação ocorre naquelas situações em que é possível realizá-
la, mas o legislador dispensou o gestor dessa obrigação. Ele pode fazer a 
licitação, mas não está obrigado a tal. 
 2.1. Baixo Valor de Aquisição: é a primeira justificativa para a não 
realização do certame. Nesse caso, o custo de realização do processo é maior que 
o benefício que será proporcionado. Além disso, existe uma série de necessidades 
rotineiras de baixo valor que exigem uma certa agilidade da Administração, que 
seria prejudicada, caso precisassem de um moroso processo licitatório. A lei de 
licitações trata do assunto em seu art. 75, abaixo transcrito. 
 
Art. 75. É dispensável a licitação: 
I - para a contratação que envolva valores inferiores a R$ 100.000,00 (cem mil 
reais), no caso de obras e serviços de engenharia ou de serviços de manutenção de 
veículos automotores; (Vide Decreto nº 10.922, de 2021) 
I - para contratação que envolva valores inferiores a R$ 50.000,00 (cinquenta 
mil reais), no caso de outros serviços e compras; (Vide Decreto nº 10.922, de 
2021) 
 
O Decreto 10.922/2021 atualizou esses valores para R$ 108.040,82 e R$ 
54.020,41. 
 
Nas compras diretas fundamentadas no valor, é preciso ter cuidado para não 
ocorrer o fracionamento de despesa, que é uma irregularidade grave. Os casos de 
dispensa ilegal de licitação ocorrem quando uma aquisição de alto valor é 
dividida em diversas pequenas aquisições de valores abaixo do teto estabelecido 
para dispensa de licitação, nos incisos I e II do art. 75 da Lei 14.133/2021. Esta 
prática contraria o planejamento prévio, a padronização, a economia de escala, a 
moralidade e a legalidade. 
2.2 Licitação Deserta: ocorre quando não aparecem interessados em uma 
licitação. (art. 75, III, a). Nesse caso a licitação está dispensada. Em princípio, 
pode parecer uma situação inusitada. Ora, se uma empresa pode ser contratada 
diretamente, qual a razão para ela não ter participado da licitação? Muitas 
empresas simplesmente não participam de licitações por uma série de razões que 
não vêm ao caso discutir agora, mas isso é um fato. 
2.3 Licitação Fracassada: quando todas as propostas que 
participaram da licitação cotarem preços acima do praticado no mercado 
(supondo que a estimativa esteja de acordo com o mercado), a contratação direta 
também está autorizada. 
2.4 Situações Específicas: são as que estão previstas no art. 75 da Lei 
14.133/2021, ao qual remetemos o leitor. Esse rol é exaustivo, ou seja, somente 
podem justificar a dispensa de licitação as situações textualmente elencadas 
nesse artigo. 
 
2.5 Inexigibilidade de Licitação: ocorre nas situações em que não é 
possível estabelecer uma competição objetiva entre fornecedores ou pela simples 
impossibilidade de definir os requisitos que serão utilizados na avaliação das 
propostas, ou ainda pela inexistência de mais de um fornecedor. 
 
É o caso, por exemplo, da contratação de um artista. Que critérios de 
avaliação podem ser utilizados? O forte subjetivismo desses “critérios” 
inviabiliza a realização de uma licitação. 
 
A relação apresentada no artigo 74 é exemplificativa. Assim, várias 
situações de inexigibilidade podem acontecer sem que estejam relacionadas na 
lei. O importante, no caso da inexigibilidade, é que fique caracterizada a 
inviabilidade de competição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 4 – Procedimentos auxiliares 
Identificar os procedimentos auxiliares criados ou regularizados pela Lei 
14.133/2021. 
OBJETIVO 
Conhecer os procedimentos auxiliares previstos na lei de licitações e em que 
casos eles devem ser utilizados. 
 
1. Introdução 
Trata-se de uma evolução o reconhecimento pela lei da importância de 
procedimentos auxiliares nas licitações públicas. Esses procedimentos são: o 
credenciamento, a pré-qualificação, a manifestação de interesse, o registro de 
preços e o registro cadastral. Por outro lado, o § 1º. do art. 78 prevê “Os 
procedimentos auxiliares de que trata o caput deste artigo obedecerão a critérios 
claros e objetivos definidos em regulamento.” 
Desse modo, a utilização dos instrumentos auxiliares somente poderá 
acontecer após a sua plena regulamentação. 
2. Credenciamento 
O credenciamento está previsto no art. 6º, inciso XLIII, da Lei 14.133/2021, 
nos seguintes termos: processo administrativo de chamamento público em que a 
Administração Pública convoca interessados em prestar serviços ou fornecer 
bens para que, preenchidos os requisitos necessários, se credenciem no órgão ou 
na entidade para executar o objeto quando convocados. 
Ou seja, os interessados em fornecer determinado produto à Administração 
serão cadastrados e convocados para execução do objeto, de acordo com critérios 
objetivos previstos no edital. Em regra, não existe uma disputa de preços, sendo 
esses fixados previamente pela Administração de acordo com a prática de 
mercado. 
Serviços e fornecimento, como passagens aéreas, combustíveis, consultas 
médicas, exames médicos, tradução, são contratações que se enquadram 
perfeitamente nesse tipo de procedimento. 
3. Manifestação de Interesse 
 
Esse procedimento consiste basicamente na convocação de interessados em 
realizar estudos, projetos e buscar soluções inovadoras de interesse da 
Administração. Assim, a Administração publica um edital de chamamento 
público, convocando os interessados. A seleção é feita de acordo com os 
requisitos previstos nesse edital. Com base no estudo apresentado, poderá ser 
realizada uma licitação e o vencedor da licitação terá o encargo de remunerar o 
realizador do projeto ou estudo pelo trabalho feito. 
 
A manifestação de interesse está prevista no art. 81 da Lei 14.133/2021: 
 
Art. 81. A Administração poderá solicitar à iniciativa privada, 
mediante procedimento aberto de manifestação de interesse a ser 
iniciado com a publicação de edital de chamamento público, a 
propositura e a realização de estudos, investigações, levantamentos 
e projetos de soluções inovadoras que contribuam com questões de 
relevância pública, na forma de regulamento. 
 ............................................................................. 
§ 2º A realização, pela iniciativa privada, de estudos, 
investigações, levantamentos e projetos em decorrência do 
procedimento de manifestação de interesse previsto 
no caput deste artigo: 
I - não atribuirá ao realizador direito de preferência no processo 
licitatório; 
II - não obrigará o poder público a realizar licitação; 
III - não implicará, por si só, direito a ressarcimento de valores 
envolvidos em sua elaboração; 
IV - será remunerada somente pelo vencedor. 
 
4. Pré-qualificação 
A pré-qualificação éum procedimento que pode agilizar bastante os 
processos licitatórios. Está prevista no art. 6°, inciso XLIV, da Lei 14.133/2021: 
“XLIV - pré-qualificação: procedimento seletivo prévio à licitação, convocado 
por meio de edital, destinado à análise das condições de habilitação, total ou 
parcial, dos interessados ou do objeto.” 
Com a pré-qualificação, um licitante já habilitado poderá participar de 
vários certames sem a necessidade de se habilitar em cada processo. Além 
disso, questões sujeitas a recursos serão superadas previamente à realização da 
licitação propriamente dita, evitando atrasos e adiamentos indesejáveis. 
5. Registro Cadastral 
O registro cadastral das empresas estará disponível no Portal Nacional de 
Compras Públicas, que permitirá o acesso aos documentos de habilitação dos 
licitantes nas esferas federal, estadual, distrital e municipal. Funcionará como um 
Sicaf mais efetivo e agilizará bastante o processo licitatório. O registro cadastral 
está previsto no artigo 87 da nova lei. 
Art. 87. Para os fins desta Lei, os órgãos e entidades da 
Administração Pública deverão utilizar o sistema de registro 
cadastral unificado disponível no Portal Nacional de Contratações 
Públicas (PNCP), para efeito de cadastro unificado de licitantes, na 
forma disposta em regulamento. 
§ 1º O sistema de registro cadastral unificado será público e deverá 
ser amplamente divulgado e estar permanentemente aberto aos 
interessados, e será obrigatória a realização de chamamento público 
pela internet, no mínimo anualmente, para atualização dos registros 
existentes e para ingresso de novos interessados. 
§ 2º É proibida a exigência, pelo órgão ou entidade licitante, de 
registro cadastral complementar para acesso a edital e anexos. 
§ 3º A Administração poderá realizar licitação restrita a fornecedores 
cadastrados, atendidos os critérios, as condições e os limites 
estabelecidos em regulamento, bem como a ampla publicidade dos 
procedimentos para o cadastramento. 
6. Registro de Preços 
Conforme conceito presente no inciso XLV do art. 6º da Lei 14.133, sistema 
de registro de preços é o conjunto de procedimentos para realização, mediante 
contratação direta ou licitação nas modalidades pregão ou concorrência, de 
registro formal de preços relativos à prestação de serviços, a obras e à aquisição 
e locação de bens para contratações futuras. É um instituto que já vem sendo 
utilizado pela Administração e que sofreu algumas atualizações interessantes. 
Essa sistemática permite que uma única licitação seja aproveitada por 
inúmeras unidades, com evidentes ganhos para a Administração Pública. É muito 
simples: 
Ao dar início à licitação para registro de preços, o órgão responsável 
(gerenciador) disponibiliza aviso tornando pública sua intenção. Isso permite que 
outros órgãos que precisam do mesmo objeto participem da licitação (órgãos 
participantes) e indiquem os quantitativos que precisam. Feito isso, a licitação é 
realizada com um só edital contendo o quantitativo total informado pelos 
diversos órgãos participantes e pelo gerenciador. Isso reduz muito o preço final 
em decorrência do ganho de escala observado no processo. 
Concluído o certame, o vencedor assina um documento denominado Ata de 
registro de preços, por intermédio do qual ele se obriga a vender o objeto pelo 
valor registrado no quantitativo total previsto. A ata tem prazo de validade de um 
ano, prorrogável por mais um ano. Ao contrário do fornecedor, que está obrigado 
a vender o produto pelo valor registrado, a Administração não está obrigada a 
adquiri-lo. Essa possibilidade permite que a Administração utilize o registro de 
preços como um instrumento de gestão. 
Outros órgãos que não participaram do certame (não participantes ou 
caronas) podem aderir à Ata de registro de preços de acordo com o limite de 
quantitativos previstos em lei. 
Essa possibilidade talvez seja a maior vantagem do registro de preços, pois 
existem muitos órgãos que não possuem a estrutura logística e de pessoal 
necessária para conduzir um processo licitatório ou mesmo para especificar um 
objeto. O assunto é resolvido por meio da participação ou da adesão. 
Funciona assim: o órgão interessado em aderir a determinada Ata de 
registro de preços encaminha ofício ao órgão gerenciador, indicando a 
especificação e o quantitativo do bem ou serviço que deseja contratar. O órgão 
gerenciador comunica isso ao fornecedor, a quem cabe aceitar ou não a adesão. 
Aceita a adesão, o órgão interessado é informado e passa a tratar diretamente 
com o fornecedor os detalhes da contratação. Podem existir diversos caronas em 
uma única ata. O Decreto 9.488/2018 regulamenta os limites de adesão no âmbito 
da Lei 8.666/1993. 
O sistema de registro de preços é indicado nos seguintes casos: 
- objeto com aquisições frequentes; 
- aquisição de produtos para entrega parcelada; 
- controle de estoque e redução do desperdício; 
- dificuldades de se avaliar o quantitativo a ser adquirido; 
- aquisição para vários órgãos da Administração ou programas de 
governo; 
- dificuldades de se fazer a adequação orçamentária; 
- produtos em que seja possível obter ganho de escala na aquisição. 
A nova lei de licitações, ao dispor sobre o registro de preços, fez algumas 
alterações, como o citado prazo de vigência da ata e a previsão de que o SRP 
também pode ser utilizado nas hipóteses de inexigibilidade e de dispensa de 
licitação. Contudo, a própria Lei 14.133/2021 remete o assunto à 
regulamentação. Assim, devemos aguardar a edição do regulamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 5 – O Agente de Compras Públicas e as Comissões 
Identificar os principais agentes públicos e as comissões envolvidas nos 
procedimentos licitatórios previstos na Lei 14.133/2021. 
OBJETIVO 
Ao final da aula, o aluno deve ser capaz de identificar os responsáveis pelas 
diversas atividades que integram um processo licitatório, assim como as 
competências necessárias ao exercício de suas funções. Deve conhecer as 
situações que exigem a participação de uma comissão. 
 
1. Introdução 
De acordo com o art. 6º, inciso LX, da Lei 14.133/2021, agente de 
contratação é a 
pessoa designada pela autoridade competente, entre servidores 
efetivos ou empregados públicos dos quadros permanentes da 
Administração Pública, para tomar decisões, acompanhar o trâmite 
da licitação, dar impulso ao procedimento licitatório e executar 
quaisquer outras atividades necessárias ao bom andamento do 
certame até a homologação. 
Veja que essa é uma mudança importante. Na Lei 8.666/93, as licitações 
são conduzidas por uma comissão de licitações. A partir de agora, como ocorre 
no pregão, as licitações, serão conduzidas por um agente de contratação com o 
auxílio de uma equipe de apoio. Evidentemente, em algumas situações, o agente 
poderá ser substituído por uma comissão (art. 8º, § 2º). 
 A regra é que somente servidores efetivos ou empregados públicos sejam 
designados para atuar como agente de contratação (art. 6º, inciso LX, e art. 7º, 
inciso I). 
O ideal é que a preferência recaia sobre servidores efetivos. Contudo, 
haverá situações em que alguns órgãos públicos não disporão de servidores aptos 
ou suficientes. Nesse caso, servidores titulares de cargo em comissão podem ser 
designados. 
Além da restrição apontada, o agente de contratação deve: 
- ter atribuições relacionadas a licitações e contratos, ou seja, possuir 
experiência profissional nesse assunto; 
- possuir formação compatível com as atividades que serão executadas ou 
qualificação atestada por certificação profissional emitida por escola de 
governo criada e mantida pelo poder público. 
A segregação de funções é um dos princípios que regem a aplicação da Lei 
14.133/2021 e deve ser observado com rigor. Trata-se de um princípio 
relacionado com o controle no âmbito da Administração Pública. 
Em um processo, as ações ocorrem obedecendo a uma sequência lógica, e 
o desejável é que servidores que pratiquemdeterminados atos precisem avaliar 
o ato precedente. Assim, o servidor responsável exercerá um controle de 
regularidade técnica e legal sobre o que foi feito antes de sua participação no 
processo. 
Por isso mesmo, algumas funções, não são todas, devem ser exercidas por 
servidores diferentes. Por exemplo, o servidor que autoriza a realização da 
licitação não deve ser o mesmo a executá-la; o servidor que fiscaliza a execução 
do contrato não deve ser o mesmo que autoriza o pagamento, e assim por 
diante. 
A segregação está expressa na nova lei da seguinte maneira: “é vedada a 
designação do mesmo agente público para atuação simultânea em funções mais 
suscetíveis a riscos, de modo a reduzir a possibilidade de ocultação de erros e de 
ocorrência de fraudes na respectiva contratação” (art. 7º, § 1º). 
2. O Agente de Compras públicas 
O servidor deve ser treinado para o exercício da função de agente de 
contratação. Esse treinamento deve ser realizado em escola de governo ou em 
organização aprovada pelo governo. 
2.1 O Pregoeiro 
O Pregoeiro é o responsável pela condução do processo na modalidade 
pregão, é o que diz o art. 8º, § 5º: “Em licitação na modalidade pregão, o agente 
responsável pela condução do certame será designado pregoeiro”. Pode ser 
entendido que o pregoeiro deve ser um agente de contratação e que também 
contará com uma equipe de apoio. 
A designação, tanto do agente de contratação como do pregoeiro, deve ser 
feita por intermédio do instrumento adequado, normalmente uma portaria. Esse 
documento é importante para delimitar as atribuições do agente, dando-lhe maior 
segurança na execução dos atos de sua competência. 
Os requisitos que tanto o agente quanto o pregoeiro devem possuir estão 
previstos no art. 7º da lei, e foram tratados no tópico precedente. 
O art. 7º também diz que “caberá à autoridade máxima do órgão ou da 
entidade, ou a quem as normas de organização administrativa indicarem, 
promover gestão por competências e designar agentes públicos para o 
desempenho das funções essenciais [...]” (grifo nosso). 
A gestão por competências tratada neste artigo busca evitar que a autoridade 
escolha pessoas sem condições técnico-profissionais para exercer a função de 
agente de contratações. Veja, uma boa escolha é dever da autoridade responsável, 
que pode ser responsabilizada por uma nomeação inadequada. 
O § 1º traz o seguinte: 
§ 1º A autoridade referida no caput deste artigo deverá observar o 
princípio da segregação de funções, vedada a designação do 
mesmo agente público para atuação simultânea em funções mais 
suscetíveis a riscos, de modo a reduzir a possibilidade de ocultação 
de erros e de ocorrência de fraudes na respectiva contratação. 
(grifos nossos) 
Como visto, trata-se de um princípio a ser observado. Não é desejável, por 
exemplo, que o fiscal do contrato também seja responsável pelo pagamento ou 
pela seleção do fornecedor. 
No artigo 8º, § 3º, a lei informa que 
As regras relativas à atuação do agente de contratação e da equipe 
de apoio, ao funcionamento da comissão de contratação e à atuação 
de fiscais e gestores de contratos de que trata esta Lei serão 
estabelecidas em regulamento, e deverá ser prevista a 
possibilidade de eles contarem com o apoio dos órgãos de 
assessoramento jurídico e de controle interno para o desempenho 
das funções essenciais à execução do disposto nesta Lei. 
Assim, as ações do agente de contratação e o funcionamento das 
comissões ainda devem ser objeto de regulamentação. Vamos aguardar. 
Contudo, não devem ocorrer muitas alterações em relação ao que está previsto 
na Lei 8.666/1993. 
2.2 O Fiscal do Contrato 
O fiscal do contrato é o servidor designado para acompanhar a execução 
do contrato e atestar ou não a conclusão de todas as obrigações da empresa 
contratada pela Administração. É obrigatória a designação de um fiscal para 
todos os contratos (art. 117, caput), o que deve ser feito de maneira formal. 
O fiscal deve ser designado de acordo com o art. 7º, inciso I, da lei de 
licitações, e possuir as competências necessárias para o exercício da função 
(inciso II). O inciso III destaca as pessoas que não podem exercer a função de 
fiscal. 
Na fase preparatória da licitação, que deve ser caracterizada pelo 
planejamento (art. 18, caput), a Administração deve adotar providências 
previamente à celebração do contrato, inclusive quanto à capacitação de 
servidores ou de empregados para fiscalização e gestão contratual (art. 18, § 1º, 
inciso X). Esse parágrafo 1º trata do estudo técnico preliminar e deixa clara a 
importância do fiscal do contrato e da necessidade de que ele seja capacitado 
para que possa exercer bem o seu mister. 
 
O artigo 117 dispõe sobre a necessidade de fiscalização do contrato, 
esclarecendo que o fiscal poderá ser auxiliado por terceiros contratados 
especificamente para isso, e, também, pelo jurídico e pelo controle interno do 
órgão. Trata-se de um verdadeiro assessoramento a que fará jus o fiscal, o que é 
uma boa medida adotada pela nova lei. Essa possibilidade dará muito mais 
segurança ao fiscal, especialmente nos casos mais complexos. 
 
Art. 117. A execução do contrato deverá ser acompanhada e 
fiscalizada por 1 (um) ou mais fiscais do contrato, representantes 
da Administração especialmente designados conforme requisitos 
estabelecidos no art. 7º desta Lei, ou pelos respectivos substitutos, 
permitida a contratação de terceiros para assisti-los e subsidiá-los 
com informações pertinentes a essa atribuição. 
§ 1º O fiscal do contrato anotará em registro próprio todas as 
ocorrências relacionadas à execução do contrato, determinando o 
que for necessário para a regularização das faltas ou dos defeitos 
observados. 
§ 2º O fiscal do contrato informará a seus superiores, em tempo 
hábil para a adoção das medidas convenientes, a situação que 
demandar decisão ou providência que ultrapasse sua competência. 
§ 3º O fiscal do contrato será auxiliado pelos órgãos de 
assessoramento jurídico e de controle interno da Administração, 
que deverão dirimir dúvidas e subsidiá-lo com informações 
relevantes para prevenir riscos na execução contratual. 
§ 4º Na hipótese da contratação de terceiros prevista no caput deste 
artigo, deverão ser observadas as seguintes regras: 
I - a empresa ou o profissional contratado assumirá 
responsabilidade civil objetiva pela veracidade e pela precisão das 
informações prestadas, firmará termo de compromisso de 
confidencialidade e não poderá exercer atribuição própria e 
exclusiva de fiscal de contrato; 
II - a contratação de terceiros não eximirá de responsabilidade o 
fiscal do contrato, nos limites das informações recebidas do 
terceiro contratado. 
art. 118. O contratado deverá manter preposto aceito pela 
Administração no local da obra ou do serviço para representá-
lo na execução do contrato. 
 
Uma providência que o fiscal não pode deixar de adotar é registrar as 
ocorrências relacionadas com a execução contratual (§ 1º). É importante, 
inclusive, que a empresa contratada, por meio de seu preposto, dê ciência dessas 
ocorrências nesses apontamentos. 
 
Algumas situações constatadas durante a execução do contrato podem 
extrapolar as atribuições do fiscal. Nesse caso, ele deve comunicar 
imediatamente o ocorrido a seus superiores, de preferência por escrito (§ 2º). 
 
Em seu art. 19, a nova lei de licitações atribui ao setor responsável por 
licitações, contratos, materiais, patrimônio e obras, algumas obrigações que 
ajudarão bastante na realização do processo de compras e na fiscalização da 
execução do contrato. A padronização de procedimentos, a centralização das 
compras e a informatização certamente conduzirão a modelos de documentos 
que irão aperfeiçoar o processo licitatório. No caso dos contratos, muitos 
procedimentos de fiscalização podem e devem ser padronizados por meio da 
criação de modelos de formulários. 
 
Art. 19. Os órgãos da Administração com competências 
regulamentares relativas às atividadesde administração de 
materiais, de obras e serviços e de licitações e contratos deverão: 
I - instituir instrumentos que permitam, preferencialmente, a 
centralização dos procedimentos de aquisição e contratação de 
bens e serviços; 
II - criar catálogo eletrônico de padronização de compras, 
serviços e obras, admitida a adoção do catálogo do Poder 
Executivo federal por todos os entes federativos; 
III - instituir sistema informatizado de acompanhamento de obras, 
inclusive com recursos de imagem e vídeo; 
IV - instituir, com auxílio dos órgãos de assessoramento jurídico 
e de controle interno, modelos de minutas de editais, de termos 
de referência, de contratos padronizados e de outros documentos, 
admitida a adoção das minutas do Poder Executivo federal por 
todos os entes federativos; 
 
Da mesma forma que no caso dos demais personagens dessa lei, as regras e 
o detalhamento das ações do fiscal estão pendentes de regulamentação, conforme 
art. 8º, § 3º, já vistos. 
A Instrução Normativa nº 05/2017 do Ministério do Planejamento trata, de 
forma detalhada, do processo de contratação de serviços e pode ser utilizada até 
que tenhamos uma regulamentação específica da Lei 14.133/2021. 
Essa IN, no art. 40, cuida da gestão e da fiscalização do contratos, que são 
institutos distintos. A gestão trata do processo de contratação como um todo, 
mediante ações de coordenação. A fiscalização, por sua vez, preocupa-se com a 
execução dos contratos propriamente dita. 
 
3. As Comissões na Nova Lei de Licitações 
 
Em regra, as comissões atuam nos processos de compras que possuem 
maior complexidade. Nesses processos, muitas vezes, as competências 
necessárias à sua condução e o volume de trabalho não poderão ser assumidos 
por apenas um servidor. 
3.1 Comissão de Contratação 
 
 Pode ser constituída nos casos que envolvem a licitação de bens ou serviços 
especiais. Será constituída por, no mínimo, 3 (três) membros, que responderão 
solidariamente por todos os atos praticados pela comissão, ressalvado o membro 
que expressar posição individual divergente fundamentada e registrada em ata 
lavrada na reunião em que houver sido tomada a decisão (art. 8º, §2º). Bens e 
serviços especiais são os que possuem alta heterogeneidade ou complexidade, e 
não podem ser objetivamente definidos pelo edital através de especificações 
usuais de mercado (art. 6º, inciso III). Tais objetos, por conseguinte, devem ser 
licitados mediante modalidade Concorrência. 
 
3.2 Comissão de Contratação do Diálogo Competitivo 
A comissão nesse caso é obrigatória. A previsão está consignada no art. 32, 
§ 1º, XI, nos seguintes termos: 
 
XI - o diálogo competitivo será conduzido por comissão de 
contratação composta de pelo menos 3 (três) servidores efetivos ou 
empregados públicos pertencentes aos quadros permanentes da 
Administração, admitida a contratação de profissionais para 
assessoramento técnico da comissão; 
§ 2º Os profissionais contratados para os fins do inciso XI do § 1º 
deste artigo assinarão termo de confidencialidade e abster-se-ão de 
atividades que possam configurar conflito de interesses. 
Dadas as características específicas do objeto, é admitida a contratação de 
profissionais para realizar o assessoramento da comissão de contratação do 
diálogo competitivo. 
 
3.3 Comissão de Recebimento Definitivo 
Essa comissão tem àtribuição de fazer o recebimento definitivo do objeto. 
O artigo 140 indica as situações em que será necessário designar uma comissão 
de recebimento. 
 
Art. 140. O objeto do contrato será recebido: 
I - em se tratando de obras e serviços: 
a) provisoriamente, pelo responsável por seu acompanhamento e 
fiscalização, mediante termo detalhado, quando verificado o 
cumprimento das exigências de caráter técnico; 
b) definitivamente, por servidor ou comissão designada pela 
autoridade competente, mediante termo detalhado que comprove o 
atendimento das exigências contratuais; 
II - em se tratando de compras: 
a) provisoriamente, de forma sumária, pelo responsável por seu 
acompanhamento e fiscalização, com verificação posterior da 
conformidade do material com as exigências contratuais; 
b) definitivamente, por servidor ou comissão designada pela 
autoridade competente, mediante termo detalhado que comprove o 
atendimento das exigências contratuais. 
§ 1º O objeto do contrato poderá ser rejeitado, no todo ou em parte, 
quando estiver em desacordo com o contrato. 
§ 2º O recebimento provisório ou definitivo não excluirá a 
responsabilidade civil pela solidez e pela segurança da obra ou 
serviço nem a responsabilidade ético-profissional pela perfeita 
execução do contrato, nos limites estabelecidos pela lei ou pelo 
contrato. 
§ 3º Os prazos e os métodos para a realização dos recebimentos 
provisório e definitivo serão definidos em regulamento ou no 
contrato. 
§ 4º Salvo disposição em contrário constante do edital ou de ato 
normativo, os ensaios, os testes e as demais provas para aferição da 
boa execução do objeto do contrato exigidos por normas técnicas 
oficiais correrão por conta do contratado. 
§ 5º Em se tratando de projeto de obra, o recebimento definitivo 
pela Administração não eximirá o projetista ou o consultor da 
responsabilidade objetiva por todos os danos causados por falha de 
projeto. 
§ 6º Em se tratando de obra, o recebimento definitivo pela 
Administração não eximirá o contratado, pelo prazo mínimo de 5 
(cinco) anos, admitida a previsão de prazo de garantia superior no 
edital e no contrato, da responsabilidade objetiva pela solidez e pela 
segurança dos materiais e dos serviços executados e pela 
funcionalidade da construção, da reforma, da recuperação ou da 
ampliação do bem imóvel, e, em caso de vício, defeito ou 
incorreção identificados, o contratado ficará responsável pela 
reparação, pela correção, pela reconstrução ou pela substituição 
necessárias. 
 
Não há dúvidas quanto ao recebimento provisório, que será feito apenas 
pelo servidor responsável, dispensando-se, nesse caso, a constituição de 
comissão. 
3.4 Comissão Para Aplicação de Sanções 
A composição da comissão responsável pela aplicação de sanções está 
prevista no art. 158. Para aplicação das sanções consignadas no art. 156, I e II, é 
necessária a instauração de processo de responsabilização, produzido por 
comissão composta de 2 ou mais servidores estáveis. 
 
Apenas servidores estáveis podem compor a comissão para aplicação das 
sanções de impedimento de licitar e contratar, e da declaração de inidoneidade 
para licitar ou contratar, que são consideradas as penas mais severas no rol do 
art. 156 da Lei 14.133/2021. Nos órgãos que não utilizem o regime estatutário, a 
comissão deve ser composta por empregados públicos do quadro permanente da 
organização. 
 
 
 
 
3.5 A Autoridade Competente (Ordenador de Despesas) 
Autoridade competente, em regra, confunde-se com a figura do ordenador 
de despesas, que é toda e qualquer autoridade de cujos atos resultem emissão de 
empenho, autorização de pagamento, suprimento ou dispêndio (§ 1º do art. 80 do 
Decreto-Lei nº 200/1967). Também pode ser caracterizada como a autoridade 
com atribuições definidas em ato próprio, entre as quais as de movimentar 
créditos orçamentários, empenhar despesas e efetuar pagamentos. (IN/DTN nº 
10/1991). 
 
Suas responsabilidades exigem conhecimentos em diversas áreas, reunindo, 
para tomada de decisões, informações que transitam em finanças, contratos, 
licitação, obras, recursos humanos, transparência, bens patrimoniais, entre 
outras. 
Por centralizar as decisões finais sobre diversas áreas administrativas, o 
ordenador de despesas deve ser um líder. Além de agente condutor, deve ser 
referência de comportamento e desempenho para todos. Para ter sucesso em suas 
atribuições, é necessário desenvolver capacidade de relacionamento interpessoal, 
comunicação, automotivação e conhecimentos técnicos de gestão. 
Em muitos órgãos, a figura do ordenador de despesas também se confunde 
com a da

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