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Microbiologia Medica e Imunologia II

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1 
Microbiologia Médica e Imunologia II 
Aula – 1 
Vírus 
- Ubiquitários na Terra 
- Razões para os estudar: Doenças, utilidade e conhecimento. 
- Organismo codificador de cápsides. 
- Parasita obrigatório na medida em que precisam de uma célula para completar o seu 
ciclo biológico. 
 
Capside encoding organism – Vírus of Archea 
 - Virus of Bacteria 
 - Virus of Eukaria 
 
Definição de vírus: Os vírus são unidades infeciosas com diâmetros de cerca de 16 nm 
(parvovírus e circovírus) a mais de 300 nm (poxvírus e mimivírus). O seu tamanho pequeno torna-
os ultrafiltráveis, ou seja, não são retidos em filtros à prova de bactérias. 
 
NOVA definição de vírus: Um organismo codificador de cápside, que é composto por proteínas 
e ácidos nucleicos, que se “auto-monta” numa nucleocápside e que utiliza um organismo 
codificador de ribossomas para a conclusão do seu ciclo de vida. 
 
 
Paleovirologia: Estudo de vírus antigos, tipicamente sobre escalas de tempo pré-históricas ou 
geológicas. Não há nenhum "registo fóssil" de vírus; os viriões persistem durante curtos 
períodos de tempo, e degradam-se rapidamente, não deixando vestígio da sua existência. 
Mas: muitos vírus podem entrar nos genomas dos seus hospedeiros. 
O estudo deste "registo fóssil" genómico levou ao campo crescente da paleovirologia, que 
utiliza estes vírus endógenos para desvendar a história evolutiva das interações vírus-
hospedeiro. 
 
Vírus endógenos – vírus que conseguem integrar o próprio genoma do hospedeiro. 
Nem todos os vírus conseguem, apenas os vírus endógenos. 
 
ORIGEM: 
5 hipótese: 3 modelos clássico e 2 modelos hídrios (baseados em genómica comparativa). 
 
A. Teoria coevolutiva (“Vírus first”) - Também conhecida como Hipótese de autorreplicação. 
Esta hipótese coloca um sistema de autorreplicação semelhante ao de outras moléculas auto-
replicáveis, evoluindo provavelmente juntamente com as células de que dependem como 
hospedeiros. Estudos de alguns agentes patogénicos vegetais apoiam esta hipótese. Os vírus 
coevoluíram com a Vida. 
a. Evoluíram à medida que as células auto-replicáveis evoluíram. 
 
B. Teoria regressiva (“Reduction”) – Também conhecida como a Devolução ou Hipótese 
regressiva. Esta hipótese propõe explicar a origem dos vírus, sugerindo que os vírus 
evoluíram a partir de células de vida livre. No entanto, muitos componentes de como este 
 2 
processo poderia ter ocorrido são um mistério. Formas degeneradas de parasitas 
intracelulares. O bacilo da lepra, riquétsias e clamídias evoluíram nessa direção (parasitas 
intracelulares). As mitocôndrias e cloroplastos derivam de parasitas intracelulares. 
a. Origem em células de vida livre, sendo formas degeneradas de parasitas 
intracelulares. 
 
C. Teoria progressiva (“Escape”) – Também conhecida como Hipótese escapista ou 
progressiva. Esta hipótese é responsável por vírus com um genoma de RNA ou de DNA e 
sugere que os vírus tiveram origem no RNA e moléculas de DNA que escaparam de uma 
célula hospedeira. No entanto, esta hipótese não explica as complexas cápsides e outras 
estruturas sobre partículas de vírus.Os ácidos nucleicos celulares adquirem a capacidade de 
replicar de forma autónoma e portanto de evoluir. Os vírus DNA vêm de plasmídeos ou 
transposões. Adquiriram invólucro e capacidade de transmissão. Os Retrovírus têm origem 
em retrotransposões, outros vírus RNA vírus provêm do mRNA. 
a. Vírus com origem no RNA e DNA que escaparam de uma célula hospedeira. Não 
explica como é que os vírus teriam adquirido a cápside. 
 
Modelo quimérico – A cápside vem de um recrutamento por parte da célula. 
Modelo Simbiogénico – Hidrido de modelos clássicos com apoio genómico. As células 
modernas e os vírus coexistiam e foram evoluindo. 
 
 
ORIGEM (?) 
Os vírus de DNA tiveram origem em vírus de RNA ou nas células primitivas? Ou ambas? 
Será que o DNA apareceu primeiro nos vírus e depois foi transferido para as células? 
 
Qual parece o modelo mais aceite? Modelo em que o RNA (+ antigo que o DNA) sugere que o 
vírus precedeu à célula moderna. 
 
 
Evolução VIRAL 
Como é que os vírus evoluem? 
- Erros na replicação de ácidos nucleico 
- Recombinação entre diferentes estirpes de vírus. 
- Reordenação entre diferentes estirpes de vírus; 
- Aquisição de genes das células do hospedeiro. 
A evolução viral pode sere monitorizada através da sequência dos seus genomas e da criação 
de árvores filogenéticas. 
Novos vírus podem evoluir como resultado de vírus que infetam novas espécies hospedeiras. 
 
 3 
TAXA DE EVOLUÇÃO: 
Vírus de RNA e reverse transcrição – maior taxa de evolução. Os vírus de DNA evoluem a taxa 
mais baixa, exemplo: Poxvirus comparado ao vírus de RNA (SARS-CoV). 
 
História 
1882 – Adolf Mayer - Origem infeciosa mas não era possível isolar, bactéria ou fungo. 
Não verificava os postulados de Koch. A causa poderia ser “solúvel, possivelmente provocado 
por uma substância parecida a enzima...” . 
Ivanofsky –1892 – 1º virus a ser descoberto - virus do mosaico do tabaco, 1º a identificar o vírus 
como uma partícula filtrável 
Martinus Beijerinck – 1898 – provou que a bactéria é diferente de agente filtrável. PAI DA 
VIRULOGIA 
Loefller, Frosch – 1898 – Foot-and-mouth disease causada por um agente filtrável (1ª virus 
animal) 
Redd – 1901 - vírus da febre amarela (1º virus humano) 
Aujeszky –1902 - virus pseudoraiva 
Doyle –1927- Newcastle disease virus 
Woodruff, Goodpasture – 1931 - proparação de virus em ovos embrionados 
Montagnier, Barre-Sinoussi, Gallo – 1983 - descoberta do HIV 
 
 
Propriedades dos vírus 
- Não são células, não têm núcleos, mitocôndrias, ribossomas nem outros componentes 
celulares. 
- Replicam-se/multiplicam-se dentro de células vivas. Não crescem. 
- São parasitas intracelulares obrigatórios. 
- Vírus deriva da palavra veneno. 
- Primeiras vacinas: Jenner e Pasteur 
- Têm ≠ formas, tamanhos, estratégias de replicação, 
tropismos e virulência. 
 
 
Componentes dos vírus 
- Todos os vírus têm uma camada/concha proteica/cápside que protege o ácido nucleico. 
- Alguns têm envelope/membrana lipídica que envolve a nucleocápside. 
- O envelope é formado pelas membranas da célula hospedeira. 
- Alguns vírus possuem enzimas. Exemplo: RNA-polimerase dependente de RNA, ou não. 
- VIRIÃO – partícula infeciosa viral. 
- Nem todas as partículas virais são infeciosas. 
- Os virus ou são compostos por RNA ou por DNA, nunca ambos. 
 
Assim, o virus é composto por: 
- Ácido nucleico: DNA ou RNA (3-400 genes). 
- Cápside: dá forma ao virião. Constituída por subunidades denominadas protómeros que 
se agregam em capsómeros. 
 4 
- Invólucro ou Envelope: Estrutura amorfa constituída por lípidos, proteínas e 
carboidratos. Reveste a cápside. Os virus nus não a possuem. 
- Espículas ou Peplómeros: projeções glicoproteicas que sobressaem a partir do 
envelope. Têm propriedades de absorção ou atividade hemaglutinante. Ligação a 
recetores. Composição muito imunogénica, responsável pela indução de anticorpos (Ac) 
neutralizantes. 
 
GENOMA: codifica proteínas com funções: replicação, morfogénese e encapsidação, 
regulação e temporização do ciclo replicativo, evasão das defesas do hospedeiro e transmissão 
a outras células e hospedeiros. 
 
PROTEINAS 
PROTEÍNAS ESTRUTURAIS 
- Protegem o ácido nucleico 
- Ligam-se a recetores nas células e transmitem sinais que induzem a 
desembalagem do envelope e libertação do genoma na CH. 
- Facilitam a penetração nas membranas da célula 
- Interagem com os componentes da célula 
- Replicam o ácido nucleico 
- Modificam a CH 
PROTEÍNAS NÃO ESTRUTURAIS 
- Enzimas (polimerases e protéases) 
- Proteínas reguladoras (muito precoces, precoces e tardias) 
Aula - 2 
 
Morfologias dos vírus 
 
 
 
1. Icosaédrica 
Os protómeros agrupam-se em número de 5 ou 6 para formar o capsómero. Ao ME os 
capsómeros surgem como anéis espaçados. Os 12 vértices são ocupados por 5 capsómeros e as 
20 faces têm todas 6 capsómeros. 
Exemplo: Adenovírus 
2. HelicoidalOs protómeros não se agrupam em capsómeros, mas ligam-se uns aos outros para formar umas 
estruturas em fita que se dobram em hélice. 
Exemplo: TMV, Vírus da gripe, Vírus da doença de Newcastle 
3. Com invólucro 
Todos os vírus dos 2 grupos anteriores, mas com invólucro/envelope. O genoma não 
codifica enzimas para a síntese de lípidos. 
Ectodomínio: ligação a recetor; fusão; Ag (neutralização) 
Domínio interno: montagem. 
Oligómeros: Espículas 
 5 
 
4. Complexa 
Todos os vírus dos dois primeiros grupos, pleomórficos ou de estrutura complexa. 
Exemplo: Poxvirus (vírus da varíola), Bacteriófagos, HIV 
 
Vírus vs. Outros microrganismos 
 
 
 
Mimivírus vs. Micoplasmas 
Maiores vírus conhecidos Bactérias mais pequenas 
400 nm 200-300 nm 
dsDNA 1,2 Mb DNA ~500Kb 
1000 genes <500 genes 
É um erro frequente dizer-se que os vírus são mais pequenos que as bactérias. Embora seja 
verdade na maioria dos casos. 
 
Tropismo 
O tropismo dos vírus é relativo à afinidade destes para diferentes células ou tecidos. 
Exemplos: 
- SARS-CoV-2 vias respiratórias 
- Gripe vias respiratórias superiores 
- Hepatite fígado 
- Raiva células nervosas 
 
Virulência 
A virulência = capacidade de um vírus produzir uma patologia no hospedeiro. 
- Muito virulentos Ebola, Marburg 
- Pouco virulentos coronavírus dos resfriados, rotavírus das diarreias 
 
Classificação Taxonómica dos Vírus 
 
ICTV – International Committee on Taxonomy of Viruses (ICTV) 
 6 
 
Ordem . virales 
Família – viridae 
Subfamília – virinae 
Género – virus 
 
Exemplo: Poxvirales, Poxviridae, Poxvirus 
 
Critérios para a Classificação Taxonómica 
1. Estrutura do virião (tamanho, forma, envelope) 
2. Genoma viral (RNA/DNA,ss/ds, linear/circular, Baltimore, sequencia nucleotídica) 
3. Proteínas (número, tamanho, função) 
4. Replicação 
5. Propriedades físicas das partículas (ambiente de estabilidade) 
6. Propriedades biológicas (serologia, espetro de H, patogenicidade, vetores) 
 
ESTRUTURAS DO VIRIÃO 
 
- Família de virus NUS 
DNA: Parvoviridae, Polyomaviridae, Papillomaviridae, Adenoviridae 
RNA: Picornaviridae, Hepeviridae, Caliciviridae, Reoviridae 
 
- Família de virus com ENVELOPE 
DNA: Hepadnaviridae, Herpesviridae, Poxviridae 
RNA: Flaviviridae, Togaviridae, Retroviridae, Orthomyxoviridae, Paramyxoviridae, Rhabdoviridae, 
Filoviridae, Coronaviridae, Arenaviridae, Bunyaviridae, Deltaviridae 
 
 
VÍRUS DE DNA 
Com exceção dos Poxviridae e Iridoviridae todos os vírus DNA replicam no núcleo. 
 
VÍRUS DE RNA 
As células não têm uma polimerase de RNA dependente de RNA para replicar o RNA 
viral, ou sintetizar mRNA de RNA 
Os vírus com genomas RNA codificam uma polimerase de RNA dependente de RNA 
(RdRp) 
Estas polimerases sintetizam tanto o RNA genómico com o mRNA a partir de um molde 
RNA. 
O mRNA produzido é traduzido pelos ribossomas da célula hospedeira 
 
Com exceção dos Retroviridae, Orthomyxoviridae e Bornaviridae, todos os vírus 
conhecidos de RNA replicam no citoplasma da célula hospedeira. 
 
À exceção dos vírus +ssRNA, o virião de todos os outros vírus RNA ( -ssRNA, dsRNA), 
transporta uma polimerase de RNA dependente de RNA. 
 
 7 
AUSÊNCIA de enzimas de processamento de RNA (splicing) no citoplasma 
- Quais são as soluções? 
o Genoma é segmentado 
o Produção de transcritos RNA monocistrónico a partir de mecanismos de início e 
terminação da transcrição 
o Transcrição de um conjunto de mRNA subgenómicos (sobrepostos) com terminal 
3’ comum 
o Transcrição de um RNA policistrónico, traduzido numa poliproteína 
posteriormente clivada para originar as proteínas finais 
 
Tipos de Genomas 
 
DNA cadeia dupla – dsDNA 
- Raramente segmentados; geralmente grande; lineares ou circulares 
 
DNA cadeia simples – ssDNA 
- Raramente grande; menos comuns que dsDNA, lineares ou circulares 
 
RNA cadeia simples sentido negativo -ssRNA 
- Frequente em virus que infetam várias espécies; segmentados ou não 
 
RNA cadeia simples sentido positivo +ssRNA 
- Os mais comuns; diploides ou não 
 
RNA cadeia dupla 
- Frequentemente segmentados 
 
Classificação de Baltimore 
- Desenvolvido por David Baltimore em 1971 – prémio nobel. 
- Baseada no método de síntese viral. 
- Agrupa os vírus em 7 classes dependendo do seu genoma (DNA ou RNA) e se têm cadeia 
simples ou dupla. 
- agrupa os vírus de acordo com a forma como o mRNA é produzido durante o ciclo de 
replicação do vírus – IMPORTANTE 
 
 
 
 
Definições importantes 
 
O mRNA tem sempre sentido positivo (+) 
O DNA de polaridade equivalente é também de sentido positivo (+) 
As cadeias complementares de RNA e DNA de sentido positivo (+) são de sentido negativo (-). 
O mRNA está pronto para o ribossoma: pode ser traduzido em proteínas. 
Nem todos os RNA de sentido positivo (+) são mRNA! 
 
 8 
Classificação de Baltimore 
 
 
 
 
- Na classificação original de Baltimore faltava um grupo (VII) – corresponde ao tipo de genoma 
dos Hepadnaviridae (dsDNA-RT). 
 
 
Vamos analisar melhor cada uma das classes: 
CLASSE I 
- Os virus têm genoma dsDNA. 
- O mRNA é produzido por transcrição de forma muito semelhante à do DNA celular. 
- RNA polimerase dependente de DNA. 
- O mRNA é produzido quando a polimerase de RNA dependente de DNA transcreve a cadeia 
DNA (-) 
- só o dsDNA é transcrito em mRNA 
Exemplos: Polyomaviridae, Herperviridae, Adenoviridae, Poxviridae 
CLASSE II 
- Os virus têm genoma ssDNA. 
- Convertem o seu genoma num dsDNA intermediário antes da transcrição para mRNA. 
- Dificuldades: A transcrição só é possível a partir de um molde de dsDNA, independentemente 
da polaridade de ssDNA. Necessidade de conversão do ssDNA em dsDNS. A replicação é 
realizada pelas polimerases de DNA celulares. 
Exemplos: Anelloviridae, Circoviridae, Parvoviridae 
 
 9 
CLASSE III 
- Os virus têm genoma dsRNA. 
- As cadeias separam-se e uma delas é utilizada como modelo para gerar mRNA. 
- É utilizada uma RNA polimerase dependente do RNA codificada pelo virus. 
- Dificuldades: o dsRNA não pode ser traduzido pelas ribossomas. Muitos têm o genoma 
segmentado. Polimerase de RNA na partícula viral. 
Exemplos: Reoviridae, Birnaviridae 
 
CLASSE IV 
- Os virus têm genoma ssRNA (+) 
- A polaridade positiva significa que o RNA genómico pode servir diretamente como mRNA. 
- Os intermediários do dsRNA são feitos no processo de cópia do RNA genómico. A partir destes 
intermediários replicativos formam-se múltiplos RNA completos de polaridade negativa 
(complementar ao RNA genómico de cadeia positiva), que podem então servir como modelos 
para a produção de RNA com polaridade positiva, incluindo tanto o RNA genómico de cadeia 
completa como os mRNAs virais mais curtos. 
- Polimerase de RNA (viral) , para replicar o genoma e sintetizar mRNA 
- Os genomas ssRNA (+) são diretamente traduzidos em proteína pelos ribossomas celulares 
- São obrigatoriamente traduzidos antes da replicação do RNA ou síntese de mRNA 
Exemplos: Coronaviridae, Flaviviridae, Astroviridae, Picornaviridae 
 
CLASSE V 
- Os virus têm genoma ssRNA (-) 
- Tal como com os vírus do Grupo IV, os intermediários de dsRNA são utilizados para fazer cópias 
do genoma e produzir o mRNA. Neste caso, o genoma de cadeia negativa pode ser convertido 
diretamente em mRNA. Além disso, os filamentos de RNA positivos são feitos para servir de 
modelos para a produção do genoma de sentido negativo. 
- Transportam uma polimerase de RNA dependente de RNA viral 
- Cadeia (-) serve de molde à síntese da cadeia (+) mRNA que é traduzida 
- Há produção de (+)RNA que não é mRNA mas sim molde para a síntese RNA genómico (-)RNA 
Exemplos: Orthomyxoviridae, Paramyxoviridae, Rhabodviridae. 
 
CLASSE VI 
- Os virus têm genomas de ssRNA diplóides (duas cópias de ssRNA) – enzima transcriptase 
reversa converte em dsDNA. 
- dsDNA é transportado para o núcleo da CH e inserido no genoma. 
- Depois o mRNA pode ser produzido por transcrição do DNA viral que foi integrado no genoma 
do hospedeiro. 
- Transcriptase reversa (RT): Polimerase de DNA dependentede RNA; RNAse H; DNA 
polimerase. 
- O ssRNA apesar de ser um RNA (+) não é traduzido 
- Após infeção da célula é convertido em dsDNA pela RT 
- O dsDNA intermediário integra o genoma da célula – PROVIRUS 
- A RNA polimerase transcreve o DNA proviral em mRNA. 
- Parte do mRNA viral é traduzido em proteínas virais. 
- Assim, parte do mRNA constitui o genoma viral. 
Exemplo: Retroviridae 
 10 
 
CLASSE IV 
- Vírus com genoma dsDNA parcial (incompleto e circular) 
- Os vírus do Grupo VII têm genomas de dsDNA parciais e fazem intermediários de ssRNA que 
atuam como mRNA, mas também são convertidos de volta em genomas de dsDNA pela 
transcriptase reversa, necessários para a replicação do genoma. 
- RNA polimerase II (celular) & transcriptase reversa (RT) viral 
- Proteína ligada à extremidade 5’ da cadeia (-) e um pequeno RNA ligado à extremidade 5 ́da 
cadeia (+) 
- Uma das cadeias (+) é incompleta, cerca de metade da outra 
- Este genoma não pode ser transcrito em mRNA 
1. Remoção da proteína 
2. Síntese da cadeia incompleta. Forma-se a cadeia dsDNA circular 
3. Parte do mRNA serve de molde à síntese de DNA(incompleto) pela ação da RT viral 
Exemplos: Vírus da hepatite B 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 11 
Aula-3 
Ciclo de Replicação VIRAL 
1. Ligação à célula/ Adsorção do vírus 
2. Entrada/ Penetração 
3. Perda de invólucro ou descapsidação (Fase de Eclipse) 
4. Biossíntese de proteínas & ácidos nucleicos (Fase de Eclipse) 
5. Montagem/Morfogénese [Maturação] – Novas partículas virais infeciosas 
6. Saída [Maturação] 
 
Fase de eclipse: Não conseguimos detetar a presença de virus nas células. 
Maturação: Conseguimos detetar novas partículas virais 
 
1. Ligação à célula: Consiste na interação específica de uma proteína vírica de ligação (anti-
recetor) ao recetor celular. Ex. proteínas da cápside ou espículas. Recetor celular: molécula 
celular à qual o virião se liga para entrar na célula. A membrana plasmática das células e os vírus 
estão carregados negativamente, contudo ocorrem contactos ocasionais e a adsorção inicial 
poderá ser facilitada pela presença de catiões. A presença de recetores e co-recetores na 
membrana plasmática origina ligações vírus-célula mais fortes. Especificidade relativa no 
reconhecimento do recetor pelo vírus. Contudo diferentes vírus podem utilizar o mesmo recetor. 
Início: Os vírus não entram por difusão dentro das CH (são demasiado grandes). 
Os virus não têm meio de locomoção – estão sujeitos: ao movimento browniano, às leis de 
difusão e às forças eletrostáticas. 
 
A ligação do vírus depende do pH, força iónica e natureza dos iões. É INDEPENDENTE da 
temperatura!! 
O que é dependente da temperatura é a entrada do virus na célula! 
Por isto, as temperaturas baixas são utilizadas para sincronizar a infeção celular in vitro. A 
temperaturas baixas, pode ocorrer a ligação, mas não a entrada na célula. 
 
2. Entrada: Endocitose, Endocitose mediada por ligação a recetor, Fusão e Translocação (vírus 
nus). 
 
VIAS DE ENTRADA 
As vias de entrada dos virões são distintas – dependem do tipo de vírus: 
- Vírus com envelope 
A. Fusão do envelope com a membrana na CH. Perda do involucro. Genoma libertado no 
citoplasma. 
A fusão é independente do pH. 
Exemplo: Paramyxovirus, Vírus da doença de Newcastle, HIV, FIV 
 
B. Fusão do envelope com a membrana da CH. Genoma libertado no núcleo. 
Nota: a perda da cápside acontece apenas na m. nuclear. Estes são normalmente vírus de DNA. 
Exemplo: Herpesvirus 
 
C. Endocitose mediada por recetor. Fusão com a membrana do endossoma da CH. Genoma 
libertado no citoplasma. 
A fusão é dependente do pH. 
 12 
Exemplo: Vírus influenza A 
 
- Vírus nus 
Translocação; Endocitose (Adsorção e entrada. Nos vírus nus é chamada de translocação) 
A endocitose é mediada por recetor. Dá-se proteólise no endossoma. 
Endocitose independente da clatrina, caveolina e microtúbulos mas dependente da actina e 
tirosina quinase. 
Exemplo: Reovirus, Poliovirus. 
 
Passagem do genoma para o núcleo: 
1. Histona H 1 + cápside 
2. Importinas ligam-se à histona H1/cápside 
3. Desmontagem da cápside 
4. Passagem do complexo para o núcleo. 
 
3. Perda do invólucro e/ou cápside: Nos vírus que entram na célula por fusão do invólucro 
com a MP ou com o lisossoma, a perda do invólucro coincide com a penetração. Lisossomas 
(proteases, lipases); alterações conformacionais após a adsorção, originando a perda das 
proteínas da cápside (provável para os vírus icosaédricos - vírus nus). Para os vírus com 
replicação nuclear o final da descapsidação ocorre no núcleo. 
 
4. Biossíntese: 
 
Transcrição: à exceção dos vírus de ssRNA+ (Retrovirus, Picornavirus, Togavirus e Coronavirus) 
todas as classes de genomas têm de ser transcritos em mRNA. 
Vírus de DNA com replicação nuclear utilizam a RNA polimerase II celular. 
 
Genes precoces: codificam enzimas necessárias ao inicio da replicação vírica. 
Genes tardios: codificam proteínas estruturais necessárias à formação de novas partículas 
víricas infeciosas. 
 
Replicação: 
 No citoplasma 
 Vírus RNA 
 Alguns vírus DNA (Poxvirus) 
 No núcleo 
 Vírus DNA 
 Alguns vírus de RNA (Gripo e Retrovirus=HIV) 
 
 Estratégias de Replicação: 
 Vírus de DNA: DNA polimerase DNA dependente 
 Vírus de RNA: RNA polimerase RNA dependente ou DNA polimerase RNA dependente 
(transcriptase reversa - Retrovirus). 
 
 13 
5. Morfogénese: 
Vírus nus: Formação da cápside 	→ Associação com o ácido nucleico 
Vírus com envelope: Associação com a cápside e ácido nucleico → Aquisição do 
envelope por “budding” através das membranas celulares. 
Nota: O envelope é formado pela membrana celular da CH – tem natureza fosfolipídica. 
6. Saída: 
- Libertação de partículas virais por lise celular (Parvovirus, Adenovirus, Reovirus) 
ou 
- “Budding” a partir das membranas celulares: 
 m. plasmática (Influenza A) 
 m. nuclear e Golgi (Herpesvirus) 
 R. endoplasmático (Coronaviridae) 
 
 
 
Ciclo de Replicação VIRAL - Gráfico 
 
 
Notas: O eclipse e a maturação não se sobrepõem. 
 
Este gráfico permite-nos compreender o processo de 
sincronização (infeção sincronizada). 
 
SINCRONIZAÇÃO: 
Ligação do vírus à célula – INDEPENDENTE da temperatura 
Entrada do vírus na célula – DEPENDENTE da temperatura 
Assim, de forma a sincronizar a infeção, o meio com vírus e células é colocada durante algum 
tempo a temperatura baixa (para que haja ligação do vírus à celular). Depois a temp. é 
aumentada para 37º C para que haja entrada do vírus na célula. 
 
É a sincronização viral que nos permite obter o gráfico: One-step growth experiment. 
 
Fase 1: Adsorção e entrada. Nos vírus nus é chamada de translocação. 
Fase 2: ECLIPSE – 10 a 12 horas após a infeção – Durante este período não se detetam vírus. É 
neste período que os vírus com envelope perdem o envelope. Está a ocorrer a biossíntese de 
ácidos nucleicos e proteínas. 
 Fase Eclipse envolve os passos 3 e 4 - Perda de invólucro ou descapsidação e Biossíntese. 
Fase 3: MATURAÇÃO – morfogénese ou montagem das partículas virais. No final já há 
partículas virais (nos vírus nus). 
Fase 4: SAÍDA – saída por “budding” ou porque ocorre lise celular (vírus extracelular). 
 
Fase de latência: Período no qual o vírus extracelular não é detetável. Após 
aproximadamente 18 h p.i. começa ser possível. A produção de viriões aumenta 
progressivamente para finalmente atingir um valor máximo e estabilizar. Compreende as Fases 2 
e 3. 
 
 
 14 
CURVA RV 
– vírus nus - A: quantidade de viriões total corresponde às partículas 
intracelulares. Adenovirus 
 - vírus com envelope - B: quantidade de viriões total corresponde às partículas 
extracelulares. Togaviridae 
 
Nota: 
Acerca do vírus com envelope – Este vírus adquire infecciosidade após a maturação na 
membrana plasmática, e, portanto, pouco vírus intracelular pode ser detetado. As pequenas 
quantidades observadas em cada ponto de tempo provavelmente representam vírus libertados 
contaminando o extratocelular. 
 
EXEMPLOS DE VÍRUS 
POLIOVIRUS 
 
 
VÍRUS DOENÇA DE NEWCASTLE 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 – Virião liga-se ao recetor CH 
2 - Libertação do genoma no citoplasma 
3 a 11 - Síntese de proteínas 
7 a 10 - Síntese de ácidos nucleicos. 
12 – Montagem de proteínas + ácidos nucleicos. Encapsidação 
do ácido nucleico. 
13 – Saída dos viriões 
 
Picornaviridae; vírus nu; RNA; Classe IV; ssRNA+ 
1 - Virião liga-se ao recetor CH. 
2 – Fusão da membrana viral com MC da CH. Libertação do 
genoma no citoplasma. Via de entrada tipo A 
3 a 5 – Síntese de mRNA, Tradução de mRNA, Síntese de 
proteínas 
6 – Síntese de RNA + - molde para produção de genomas de 
descendência viral = Síntese de ácidos nucleicos 
7 – Montagem de proteínas + ácidos nucleicos. Encapsidação 
do ácido nucleico. 
8 – Tradução de proteínas do envelope. 
9 – Saída do vírus – formação do virião 
 
Paramyxoviridae; c/ envelope; RNA; Classe V; ssRNA --; 
Paramyxoviridae 
 
 15 
VÍRUS DA LÍNGUA AZUL 
 
 
 
 
 
 
Genética Viral 
- Os Vírus multiplicam-se rapidamente pelo que a genética vírica é mais fácil de estudar. 
- Há maior probabilidade de ocorrer mutações. 
- Os vírus de genomas de DNA têm acesso aos sistemas de “edição” e de reparação da CH, os vírus 
de RNA, não. 
- Vírus RNA: 1 erro a cada103-104 bases copiadas 
- Vírus DNA: 1 erro a cada108-1011 bases copiadas 
Mutações 
 Espontâneas 
Erros das polimerases de DNA ou RNA. Incorporação de isómeros de nucleótidos (em equilíbrio - 
tautómeros). 
 Induzidas 
- mutagénese in vitro – ácidos nucleicos quimicamente modificados não requerem replicação do 
genoma para a sua atividade. ( Ex. ácido nitroso, hidroxilamina). 
- Mutagénese in vivo - requer ácido nucleico metabolicamente ativo para a sua atuação. (Ex. 
análogos de nucleótidos, radiação UV) 
o ORIGINAM: codão de terminação, substituição sinónima ou não sinónima, inserção ou 
deleção de nucleótidos. 
Recombinação 
- Troca de material genético entre 2 genomas. 
- Recombinação intramolecular por quebra ou religação. Ocorre em todos os vírus DNA e vírus RNA 
que repliquem via um DNA intermédio 
Reassortment 
- Ocorre apenas nos vírus com genoma segmentado e implica a permuta de segmentos genómicos 
entre 2 vírus. 
- Muito eficiente. Muito usado para produção de algumas vacinas. 
 
Erros nas replicações originem quasispecies 
- As populações de vírus existem como distribuições dinâmicas de viriões não idênticos mas 
similares, frequentemente chamados quasispecies. 
 
1 - Virião liga-se ao recetor CH 
2 – Entrada por endocitose mediada por recetores 
3 – Clivagem proteolítica nos endossomas e lisossomas 
4 – Penetra na m. do endossoma 
5 – Liberta o genoma no citoplasma 
6 a 9 – síntese proteica 
10 - Montagem de proteínas + ácidos nucleicos. Encapsidação 
do ácido nucleico. 
11 – Montagem da cápside 
12 - Saída do vírus por lise celular – formação do virião 
 
 
Reoviridae; c/envelope; RNA; Classe III; dsRNA 
 16 
Vírus oncogénicos 
- Causam tumores 
- Normalmente são retrovírus porque integram o genoma da CH. Mas também há adenovírus 
oncogénicos. 
Oncogénese viral: 
c-onc (oncogene celular) e v-onc (oncogene viral) 
c-onc → capturado por retrovírus → mutações pontuais → v-onc 
 
Exemplos: 
v-src (Rous sarcoma virus) 
v-sis (simian sarcoma virus) 
 
Grupos de retrovírus oncogénicos 
Transdutores Não transdutores 
Sarcoma de Roux Leucose aviária 
Altamente carcinogénicos Menos oncogénicos 
Causam tumores em 100% dos animais infetados Não codificam genes oncogénicos de origem 
celular. 
O genoma contem genes celulares que se 
tornaram oncogenes. 
Os oncogenes celulares quando transduzidos 
pelos virus têm o nome de v-oncogenes. 
Ativam a transcrição de c-oncogenes quando por 
acidente o provirus se inetgra no genoma da CH 
junto ao promotor de um gene c-onc. 
 
 
ONCOGÉNESE POR: 
 
GENE EXTRA 
- Alguns retrovírus têm um gene extra (SRC). O oncogene SRC (sarcoma) não é necessário à replicação do 
vrius do sarcome de Rous (RSV). Trata-se um retrovírus pouco comum pelo facto de apesar da presença de 
um gene extra, manter intacto o genoma típico dos retrovírus simples (gag-pol-env). 
 
 
PERDA DE GENES 
- Alguns retrovírus têm um oncogene com perda total ou parcial dos genes habituais. 
 
INSERÇÃO E ATIVIDADE DE UM PROMOTOR VIRAL 
- Transcrição de C-ONC a partir de um promotor viral inserido a montante do oncogene 
 
INSERÇÃO DE AMPLIFICADOR VIRAL 
- A inserção de uma região amplificadora (enhancer) viral pode estimular a transcrição de um C-
ONC a partir do promotor (celular) desse oncogene. 
Nota: A inserção viral pode ocorrer a montante ou a jusante do promotor do oncogene. 
 
 
 
 
 17 
INTERAÇÃO entre virus e CH 
Célula Suscetível: Tem recetor para o virião - célula pode ou não ser competente para suportar a 
replicação viral. 
Célula Resistente: Não tem recetor para o virião - célula pode ou não ser competente para suportar a 
replicação viral. 
Célula Permissiva: A célula tem a capacidade para replicar o vírus. Pode ser ou não suscetível. 
Célula Suscetível & Permissiva: É a célula com recetor adequado e capaz de replicar a partícula viral. 
 
Infeção pode ser: 
 Produtiva – Após a entrada em células suscetíveis e permissivas há produção de viriões. 
Abortiva – Após a entrada em células não permissivas não há produção de viriões 
porque um gene essencial, vírico ou celular, não é expresso. 
Restringente ou restritiva - A célula é transientemente permissiva e algumas partículas 
virais são produzidas. Pouco depois a produção de vírus para, mas o genoma viral mantém-se 
presente na célula (ex. Epstein Barr Virus e Herpesvirus). Este tipo de infeção pode ter 
consequências graves para a célula (ex. Transformação celular – células tumorais). 
 
 
 
Alterações citopáticas 
 
Origem não viral 
 Meio de cultura 
 Tóxicos 
 Infeção por Bactérias e fungos. 
Origem viral 
 Vírus citopáticos1 
 Vírus não citopáticos2 
 
1 Mecanismos de virus citopatico: 
Mecanismos de lesão celular 
- Inibição da sintese de ácidos nucleicos (Exemplos: Poxvirus – produção de DNAases e 
Herpesvirus – desvio para a síntese de DNA viral) 
- Inibição da transcrição de RNA da CH 
- Interferência no processo de RNA (splicing) acumulação de mRNA não processado. 
- Inibição de síntese proteica (precoce e acentuada; tardia e gradual). Produção de 
enzimas que degradam os mRNA, fatores virais q/ se ligam aos ribossomas impedindo a 
tradução dos mRNA celulares, competição dos mRNA virais com os mRNA celulares). 
- Acumulação e toxicidade de algumas proteínas virais (corpos de inclusão) com 
localização intranuclear ou citoplasmática. Viroplasma (Fábrica de virus). 
- Alterações da membrana plasmática (aumento da permeabilidade). Fusão e formação 
de sincícios. Hemadsorção e hemaglutinação. 
- Lise celular por mecanismos imunológicos (ADCC, NK) 
- Alterações morfológicas envolvendo o citoesqueleto (despolimerização dos 
microfilamentos de actina; alterações nos microtúbulos. Ex. vírus da esgana; Vaccinia; 
Herpesvirus; Enterovirus). 
 
 18 
1 Mecanismos de virus não citopaticos: 
- Infeções sem danos evidentes nas células. Testes adicionais para revelar a presença do 
vírus nas culturas (hemaglutinação, hemadsorção, fenómeno de interferência com outro 
vírus - ncBVD/NDV, imunofluorescência, ELISA- Ag, amplificação de ácidos nucleicos, 
M.E.). 
- Infeções persistentes, afetando apenas um pequeno número de células. Tapete 
celular aparentemente normal (Pestivírus). 
- Infeções latentes, ausência de expressão viral (adição de indutores químicos, divisão 
e/ou diferenciação celular, superinfeção com vírus helper ou co-cultura com células 
capazes de fornecer sistemas metabólicos ausentes nas células originalmente infetadas). 
 
 
 
 
 
Vírus citopáticos 
Induzem alterações na morfologia das células, facilmente visíveis ao microscópio ótico ou 
mesmo a olho nu. 
- Arredondamento e aumento da refringência 
- Morfologia anormal (formas estreladas, alongamento) 
- Formação de sincícios 
- Modificaçãona atividade celular (citofagia, citocinas) 
- Transformação celular por vírus oncogénicos 
- Aparecimento de inclusões (acumulação no citoplasma ou núcleo de proteínas, lípidos, 
hidratos de carbono, ácidos nucleicos) 
- Morte e destacamento das células, aparecimento de “placas” de lise celular 
 
 
Aula 5 - Patogénese Viral 
O que é a patogénese viral? Forma pela qual os vírus são capazes de induzir o aparecimento de 
patologias no hospedeiro. 
 
 
 19 
Formas de combater a entrada dos vírus 
- Impedir a entrada do vírus na célula 
- Forma natural que o organismo natural tem de reagir a uma infeção viral: produzir 
proteínas/Ac que bloqueiam a ligação do vírus ao recetor celular ou que impedem 
a fusão do involucro do vírus com a membrana do endossoma. 
- Usar drogas que impeçam a atuação das polimerases dos vírus. 
- Quando é que usamos drogas antivirais? Para vírus muito letais. 
- Impedir a saída do vírus para o exterior da célula 
Vias de entrada
- Pele 
- Via transcutânea 
- Via respiratória 
- Via gastrointestinal 
- Via geniturinária 
- Via mucosa oral 
- Via conjuntiva
 
 
Barreiras e portas de entrada às infeções virais 
- Inatas: ausência de recetores, muco, cílios no epitélio, diferenças de pH 
- Adquiridas: resposta imune (celular e humoral) 
- Induzida: febre, inflamação/pH baixo, resposta imune 
- Sistema Nervoso1 
 
 Em virologia é mais fácil tomar medidas preventivas do que de tratamento. 
 
Tropismo viral – em tipos de células diferentes temos diferente afinidade viral. 
 
1Doença de Aujeszky – “Pseudoraiva”. Pode causar doença ao nível do sistema nervoso, trato 
respiratório, trato digestivo. O vírus pode ficar latente no organismo do animal e voltar a ficar 
ativo em ocasiões diversificadas: pode ser associado a alterações do sistema nervoso, imunitário 
... 
Doneça da raiva/esgana. 
 
Exemplo de vírus respiratório: Parainfluenza virus; Epstein-Barr vírus; Adenovirus; Rhinovirus 
Exemplo de vírus do trato intestinal: Enterovirus; Rotavirus 
Exemplos de vírus do SN: Togavirus 
Exemplos de vírus dos rins: Polyomavirus 
Exemplos de vírus das mucosas: Rhinovirus 
Exemplos de vírus da pele: Varicella – zoster vírus; Mousepox vírus 
 
 
 20 
Aula - Viremia 
Viremia – presença de vírus no sangue. 
Mecanismos e vias de entrada do vírus no hospedeiro e como eles se podem disseminar por 
todo o corpo. Os vírus têm diferentes tropismos, preferências por diferentes órgãos/tecidos. 
 
Disseminação – A disseminação pode dar-se de diferentes formas: 
- Infeção localizada vs. infeção generalizada/sistémica; 
- Infeção das células epiteliais; 
- Disseminação sanguínea; 
- Disseminação do sangue para os tecidos; 
- Disseminação pelo tecido nervoso. 
 
Viremia passiva – vírus introduzido na corrente sanguínea, mas sem multiplicação viral prévia. 
Viremia passiva – resulta da replicação viral. 
Viremia primária – vírus libertado na corrente sanguínea após replicação viral inicial no local de 
entrada. 
Viremia secundária – ocorre ao nível dos tecidos aos quais cada vírus têm tropismo. Vírus na 
corrente sanguínea após replicação em diferentes órgãos ou tecidos (infeções sistémicas). 
 
Valor de diagnóstico 
- A viremia tem valor de diagnostico para monitorizar o curso da infeção num individuo ao 
longo do tempo, e os epidemiologistas utilizam a deteção de viremia para identificar 
indivíduos infetados dentro de uma população. 
- Frequentemente, pode ser difícil, ou tecnicamente impossível, quantificar partículas 
infeciosas no sangue, como é o caso do vírus da hepatite B. 
- Nestas situações, a presença de proteínas virais características, tais como a transcriptase reversa 
para o vírus da imunodeficiência humana, fornece marcadores substitutos para a viremia. 
 
Tropismo viral 
- O tipo de infeção (sistémica ou localizada), o tipo de sinais clínicos associados a essa 
infeção e as vias de transmissão dependem em larga medida da capacidade de um 
determinado vírus infetar células constituintes de um determinado órgão ou tecido. 
- Este conceito é definido como tropismo e determinada quais as células que irão ser 
infetadas no decurso de uma infeção viral. 
- Através do conceito de tropismo pode ainda perceber-se um outro conceito mais 
abrangente que se refere ao tipo de espécie animal ... 
O tropismo de alguns vírus é limitado: 
 Vírus entéricos – replicam exclusiva ou predominantemente no intestino e não no pulmão, 
rim, SN, ... 
 Vírus neurotrópicos – replicam nas células nervosas. 
 Vírus pantrópicos – têm tropismo para várias células e tecidos. 
 
 21 
Transmissão a novos hospedeiros 
- Trato gastrointestinal 
- Tratos respiratórios superior e inferior 
- Pele 
- Fluídos orais 
- Fluídos genitais 
- Sangue 
- Urina 
- Transplacentária 
- Leite 
 
 
 
Retrovírus oncogénicos 
- Vírus xenotrópicos – não produzem doença no hospedeiro. Replicam-se apenas nas 
células de espécies diferentes dos hospedeiro natural. 
- Vírus anfotrópicos - Não produzem doença no hospedeiro. Replicam-se nas células de 
espécies diferentes do hospedeiro natural e nas culturas de células de outras espécies. 
- Virus ectotropicos – Não produzem doença no hospedeiro, mas replicam nas culturas de 
células do hospedeiro. 
 
Infeções & Invasão do Sistema Nervoso Central 
Vírus neurotrópico – Infeta células nervosas. A infeção e disseminação pode ocorrer por via 
neural ou por via hematogénea. 
Vírus neuroinvasivo - Atinge o sistema nervoso central após infeção de terminações nervosas 
periféricas. 
Vírus neurovirulento: Origina lesões do tecido nervoso e sintomatologia (doença) nervosa 
 
Neuroinvasão – capacidade de afetar o SN Central! 
Neurovirulência – causa sintomatologia nervosa 
 
Exemplos: HSV – neuroinvasão baixa, neurovirulência alta. 
 Vírus da papeira – neuroinvasão baixa, neurovirulência baixa. 
 Vírus da raiva – neuroinvasão alta, neurovirulência alta. 
 
Determinantes do Tropismo Viral 
- Suscetibilidade – distribuição de recetores celulares apropriados aos vírus. 
- Permissividade – produtos resultantes da expressão génica celular necessários para 
completar a infeção. Exemplo: proteínas celulares que regulam a transcrição viral. 
- Acessibilidade – barreiras físicas que impedem o virião de contactar com células 
suscetíveis/permissivas. 
- Defesas – Barreiras físicas, defesas inatas ou induzidas, no local de infeção – fortes, fracas 
ou ausentes. Por vezes, as células suscetíveis/permissivas estão acessíveis mas as defesas 
são muito rápidas e eficazes. 
Só vai haver replicação viral na célula se esta for suscetível e permissível. 
 
Excreção viral 
- Aerossóis 
- Fezes 
- Sangue 
- Urina (21antavírus) 
- Sémen (HIV; herpesvirus; HBV) 
- Leite (CAEV; MVV; MMTV) 
- Lesões da pele (herpesvirus; 
poxvirus; papilomavirus) 
 
 22 
Transmissão viral 
O local de excreção viral e estabilidade física determinam a via de transmissão. 
 Vírus com invólucro – frágeis, susceteis ao detergente e pH baixo. 
 Vírus nus – mais resistentes à dessecação, detergentes, pH baixo, temperaturas altas. 
 
Transmissão: 
 Iatrogénica - Cirurgias, injeções, suturas 
 Nasocomial – infeção durante a hospitalização 
 
 Vertical – progenitores para descendência. 
 Horizontal - Contacto direto ou indireto, aerógena, oral, etc 
Exemplo de transmissão vertical – transmissão pelas células germinativas. 
 
Distribuição Geográfica: Ser médico veterinário em Portugal é diferente de ser médico em 
Angola. As doenças que são comuns nuns países podem não ser noutros. 
PSA – Peste suína africana (dsDNA; com envelope) 
MMV – Mouse minute virus (ssDNA; nu) 
Peste bovina (ssRNA(-); com envelope) 
 
Variação Sazonal: Vírus da gripe (Influenza); rotavírus, virus da língua azul 
 
INFEÇÃO ≠ DOENÇA 
Infeções: subclínicas ou clinicas. 
 
Virulência e Patogenicidade : Capacidade para causar doença. Termo quantifica ou classifica 
de forma relativa a patogenicidade de um vírus. 
Vírus patogénico – causa doença 
Vírus não patogénico – não causadoença ou infeção subclínica. 
 
Dose infeciosa (ID) – quantidade de vírus para causar infeção 
Dose letal (LD) – quantidade de vírus necessária para causar morte 
 
Virulência: multigénica – ou seja, depende da estirpe do virus, virus virulentos ou virus 
naturalmente atenuados. 
Diferenças quantitativas: níveis de replicação; no partículas virais produzidas; no células 
infetadas. 
 Diferenças qualitativas: tropismo; grau de lesão celular; modo e eficiência de invasão do 
hospedeiro; patogénese. 
 
Resistência/Suscetibilidade: Multifatorial 
Resistência inata - constituição genética; idade; estado nutricional; stress; fatores 
hormonais (gravidez). 
Resistência adquirida (específica) – resposta imune do hospedeiro. 
 
 
 
 
 23 
Avaliação: 
 Quantificar virulência: Podemos quantificar a virulência com: tempo médio para a 
morte, tempo médio para o aparecimento de sintomas e temperatura, perda de peso, lesões e 
redução de células TCD4+ no H. 
 Avaliação da virulência: a partir da estirpe, dose, via de inoculação, idade e espécie 
animal. 
 
Animal A: ID50 = 10 viriões LD50=50 
Animal B: ID50 = 10 viriões LD50=1000 
Assim, animal B tem maior resistência que o animal A. 
 
 
DETERMINANTES DA VIRULÊNCIA 
- Genes que codificam proteínas essenciais à replicação viral 
- Genes que promovem a produção de viriões ao baixarem o nível de expressão de genes 
celulares aumentado a expressão de genes virais. 
- Mutações 
- Virocinas – proteínas virais não envolvidas na replicação viral in vitro mas influenciando a 
patogénese da infeção diminuindo a resistência inata ou a resposta imune. Limitadas aos 
Pox-, Adeno-, Herpes- e Retrovirus. 
• Inibidores de células T citotóxicas, inibidores de citoquinas, cascata do 
complemento, ADCC, inibição da apresentação de antigénios pelos MHC I. 
- Tropismo viral 
• Enhancers: Zonas de genoma que ativam e aumentam a eficiência de transcrição 
dos genes virais ou celulares. Estas sequências nucleotídicas contêm locais de 
ligação para fatores transcricionais, que facilitam a ligação da RNA polimerase II ao 
promotor, aumentando a transcrição. 
 
DETERMINANTES DA RESISTÊNCIA DO HOSPEDEIRO 
- Diferenças genéticas (espécies diferentes, genes ligados à reposta imune1, 
Agamaglobulinemia2, genes ativados por interferão3 e recetores celulares TNF, 
interferão, citoquinas). 
- Fatores fisiológicos (idade, estado nutricional, estado hormonal, febre4 e diferenciação 
celular5) 
1 Genes imunorreguladores maioritariamente situados no MHC: Classe I e Classe II 
2 Agamaglobulinemia - células B em no reduzido ou ausentes. Resposta de células T. Lesões do 
timo 
3 codificam proteínas que inibem ou favorecem a replicação viral; que codificam recetores 
necessários à entrada do vírus; que determinam se determinados vírus infetam ou são destruídos 
pelos macrófagos. 
4 Macrófagos produzem IL-1, aumenta a atividade metabólica, inflamatória e fagocitária. 
5 Papilomavirus, Lentivirus, Parvovirus (fase S) 
 
 
 
 
 
 
 24 
Agentes infeciosos invulgares 
Viroides – só infetam plantas 
Satélites – Agentes subvirais que diferem dos viróides porque dependem da presença de outro 
virus (virus helper) para a sua propagação. O vírus satélite da hepatite delta, que exacerba a 
patogénese do vírus da hepatite B, é um híbrido único de um viróide e de um satélite. 
Priões – proteínas infeciosas que provocam doenças neurológicas de misfolding proteico (pode 
ter conformação alterada). 
 Há 3 formas de contrair uma TSE (encefalopatias espongiformes transmissíveis): 
esporádica, infeciosa e familiar. 
 Os seres humanos têm aumentado a prevalência de TSE ao alimentar o gado com rstos 
de animais doentes. 
 
 
Agentes antivirais 
Análogos dos nucleósidos (inibem a polimerases virais) – como: aciclocivir, brivudina, cidofovir ... 
Outros antivirais - Inibidores não nucleosídicos de DNA polimerase 
 
Outros: fomivirseno, pleconaril, palivizumab, fármacos antigripais, interferão α 
 
 
Importante - Principais alvos terapêuticos dos antivirais: 
Ligação do vírus à célula hospedeira; 
 Síntese de RNA; 
 Replicação do genoma viral; 
 Montagem, libertação e maturação dos viriões. 
 
 
Vírus que podem integrar o DNA: retrovírus e alguns adenovírus 
 
Vírus para os quais estão disponíveis fármacos antivirais: 
- Citomegalovírus (CMV) 
- Papilomavírus 
- Picornavírus 
- HIV 
- Influenza A e B (vírus da gripe) 
- Vírus da hepatite B (HBV) 
- Vírus da hepatite C (HCV) 
- Herpesvírus simples 
- Vírus da varicela zóster (VZV)

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