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CLASSIFICAÇÃO-DOS-SINTOMAS-HOMEOPÁTICOS-LIVRO

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1 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS SINTOMAS HOMEOPÁTICOS 
 
 
 
2 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de em-
presários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Gradua-
ção e Pós-Graduação. Com isso foi criada a nossa instituição, como entidade 
oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a partici-
pação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua forma-
ção contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, ci-
entíficos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de for-
ma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma 
base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das ins-
tituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação 
tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
CLASSIFICAÇÃO DOS SINTOMAS HOMEOPÁTICOS ............................................ 1 
NOSSA HISTÓRIA ......................................................................................................... 2 
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 4 
2. A HOMEOPATIA .................................................................................................... 7 
3. UMA ABORDAGEM DO SUJEITO NO PROCESSO DE ADOECIMENTO E 
CLASSIFICAÇÃO DOS SINTOMAS .......................................................................... 11 
4. A CONSULTA MÉDICA COMO ATO TERAPÊUTICO ................................ 16 
5. A CONSTRUÇÃO DA INTERSUBJETIVIDADE NO PROCESSO 
TERAPÊUTICO ........................................................................................................... 17 
6. A ESCUTA HOMEOPÁTICA ............................................................................. 20 
7. CONTEÚDOS TERAPÊUTICOS DO VÍNCULO ............................................ 23 
8. A ANAMMESE NA HOMEOPATIA ........................................................... 29 
9. O DIAGNÓSTICO ......................................................................................... 31 
10. VANTAGENS DA HOMEOPATIA ....................................................................... 34 
11. EFEITO PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO DOS MEDICAMENTOS 
HOMEOPÁTICOS ......................................................................................................... 35 
12. PRESCRIÇÕES HOMEOPÁTICAS ........................................................... 36 
13. REFERÊNCIAS ................................................................................................ 37 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
file://192.168.40.10/O/Pedagogico/SAÚDE%20E%20BEM-ESTAR/HOMEOPATIA/CLASSIFICAÇÃO%20DOS%20SINTOMAS%20HOMEOPÁTICOS/CLASSIFICAÇÃO%20DOS%20SINTOMAS%20HOMEOPÁTICOS.docx%23_Toc94527032
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A homeopatia foi introduzida no Brasil pelo médico homeopata francês 
Benoit Mure, em 1840, e sua difusão oscilou com influência direta dos fatores 
históricos, sociais, econômicos e culturais, com períodos de reconhecimento, 
ascensão e decadência. 
Segundo Luz (1996), 9 a homeopatia é marcada por diferentes fases na 
sua história no Brasil, com destaque para as décadas de 1970 e 1980, nas 
quais se identifica a retomada do ensino da homeopatia e o seu reconhecimen-
to como especialidade médica em 1979, pela Associação Médica Brasileira, e, 
logo a seguir, em 1980, pelo Conselho Federal de Medicina. Assim, naqueles 
anos ocorreram a implantação e o desenvolvimento de inúmeras instituições 
formadoras em homeopatia no país e a retomada de associações como a As-
sociação Paulista de Homeopatia (APH). 
Em 1981, foi criada a Associação Médica Homeopática Brasileira 
(AMHB), órgão corporativo que tem como objetivos: estabelecer diretrizes para 
os cursos de formação do médico homeopata, regulamentar o ensino e nor-
matizar a concessão do "Título de Especialista em Homeopatia". 
Atualmente, os cursos de formação em homeopatia são oferecidos a 
médicos graduados, em caráter de especialização, com carga horária de mil e 
duzentas horas, distribuídas ao longo de dois ou três anos. São ministrados por 
entidades de ensino que compõem um Conselho de Entidades Formadoras em 
Homeopatia, criado em 1997, para tratar de assuntos como: o estabelecimento 
das metas de ensino, o intercâmbio entre as formadoras, os planejamentos e o 
estímulo à pesquisa. 28 
Há décadas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) vem apoiando a 
inclusão das chamadas “práticas alternativas de tratamento” no sistema de 
atenção à saúde das pessoas. Estas práticas recebem a denominação de “me-
 
 
 
5 
dicina tradicional e complementar” (MTC). No que diz respeito à MTC, cuja 
missão é “ajudar a salvar vidas e melhorar a saúde”, a OMS vem facilitando 
sua inserção nos sistemas de saúde, elaborando diretrizes, estimulando a “in-
vestigação clínica sobre segurança e eficácia” e “atuando como centro coor-
denador para facilitar o intercâmbio de informação.” 28 
Em seu discurso na Conferência Internacional sobre MTC (Nova Delhi, 
Índia, fevereiro de 2013), a Dra. Margaret Chan, Diretora Geral da OMS, apon-
ta por que estas terapias estão sendo consideradas como uma parte im-
portante do sistema de saúde. Segundo ela, usuários de serviços de saúde em 
todo o mundo têm demonstrado interesse crescente pela MTC e, em decorrên-
cia, este segmento passou a desempenhar papel importante no desenvolvi-
mento econômico de alguns países, reduzindo gastos sanitários. Além disso, 
tem havido grande progresso na investigação e no desenvolvimento de 
conhecimento na área. 28 
Decorre daí o entendimento da OMS sobre a necessidade de uma “inte-
gração mais estreita” da MTC nos sistemas de saúde e, para isso, “as instânci-
as normativas e os usuários deveriam examinar de que maneira isso deve ser 
viabilizado.” 28 
Falando sobre a integração da MTC com a medicina hegemônica, Mar-
garet Chan afirma que “Os dois sistemas de medicina (...) não precisam se 
chocar. No contexto dos cuidados de saúde primários, eles podem se misturar 
numa harmonia benéfica, usando as melhores características de cada sistema 
e compensando certas fraquezas de cada um. Isso não é algo que acontecerá 
sozinho. Decisões políticas deliberadas têm de ser tomadas. Mas pode ser feito 
com sucesso.” 28 
A homeopatia é tradicionalmente incluída entre as MTC, caracterizando-
se, porém, como a que mais se aproxima da prática da clínica médica 
ocidental; vem daí sua grande importância social e corporativa. Trata-se de 
uma prática médica bicentenária, idealizada e organizada pelo médico alemão 
Samuel Hahnemann (nascido em 10 de abril de 1755, Meissen, Alemanha; 
falecido em 2 de julho de 1843, Paris, França) caracterizada por sua resolu-
tividade, baixo custo, amplo alcance e incontestável aceitação social. 29-37 
Desde 1796, quando começou a ser praticada na Saxônia, até os dias de hoje, 
ou seja, ao longo de 220 anos, o saber acumulado tem mostrado que esta 
 
 
 
6 
práxis clínica e terapêutica tem potencial para melhorar a saúde das pessoas, 
não apenas a um custo menor que o da prática hegemônica, mas também e 
especialmente, sem efeitos colaterais adversos. 32 
Sobre os marcos referenciais, esclarecemos que, em 2014, a Liga Médi-
ca Homeopática Internacional (LMHI), em parceria com o Comitê Europeu de 
Homeopatia (Bélgica) e com o Conselho Central de Investigação Homeopática 
(Índia), fundamentada em publicações anteriores e nos trabalhos apresentadosem seu 69o Congresso (Paris, França, julho de 2014), elaborou um panorama 
científico da homeopatia, com o objetivo principal de firmar a posição desta 
prática clínica e terapêutica, contextualizando-a no mundo de hoje, e, desta 
forma, torná-la mais visível globalmente e, particular e especialmente, no uni-
verso médico.39 
Em 2015, o governo da Índia - país no qual a homeopatia está envolvida 
nos sistemas de atenção à saúde, ensino e pesquisa - designou um comitê pa-
ra elaborar um dossiê que proporcionasse uma visão ampla e atualizada da 
homeopatia “a partir de uma breve introdução à ciência, à sua rede, infraestru-
tura e status em várias partes do mundo, com especial ênfase para a Índia” 41. 
Importante salientar que esta publicação contou com corpo de referen-
cias locais e internacionais - França, Reino Unido, EUA, Hungria e Brasil, este 
representado por Flavio Dantas e Silvia Waisse. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
2. A HOMEOPATIA 
 
Na arte da significação (semântica), estudamos as mudanças ou as 
transições sofridas pelas palavras em seus significados, ao longo do tempo e 
do espaço. No intuito de caracterizar a homeopatia como modelo terapêutico 
para o tratamento das enfermidades humanas, inúmeros adjetivos são-lhe 
atribuídos: medicina alternativa, complementar, não-convencional, coadjuvante, 
integrativa, etc ( 64 
Nestas acepções imputadas ao modelo homeopático, importa enten-
dermos o conceito ou a noção do que os termos expressam ou exprimem, pois 
representam o papel que o agente da ação (médico homeopata) deverá des-
empenhar quando assumir tal ou qual atribuição.64 
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), “os termos ‘comple-
mentar’ e ‘alternativa’ (e, às vezes, também ‘não-convencional’ ou ‘paralela’) 
são utilizados para referir-se a um amplo grupo de práticas sanitárias que não 
fazem parte da tradição de um país, ou não estão integradas em seu sistema 
sanitário prevalente”, estando a homeopatia encaixada nesta classificação. 56 
Dentro de uma conotação terapêutica, o adjetivo “alternativo” significa “o 
que se diz ou faz com alternação” ou “que vem ora um, ora outro”, descartando 
a frequente atuação da homeopatia de forma concomitante a outras práticas 
médicas. 64 
A denominação “complementar” também não condiz com a atuação des-
ta prática no tratamento das enfermidades humanas, pois significa “que serve 
de complemento” ou “que sucede ao elementar”, em contradição às evidências 
clínicas que apontam para a resolutividade de diversos problemas de saúde 
tratados exclusivamente pela homeopatia. Assim como para outras formas de 
tratar distintas das empregadas comumente pelo modelo tradicional, o termo 
“não-convencional” exprime uma conotação institucional e política para estas 
atitudes terapêuticas “distintas das amplamente ensinadas nas faculdades de 
medicina e geralmente utilizadas em hospitais.” 57 
No termo “coadjuvante”, que significa aquele que “coadjuva, ajuda ou 
concorre para um fim comum”, encontramos um significado apropriado para a 
 
 
 
8 
forma como a terapêutica homeopática deve se colocar perante as demais 
práticas médicas vigentes, em vista de buscarem, como objetivo comum, o 
bem-estar físico, psíquico, social e espiritual dos seus pacientes. 64 
O adjetivo “integrativo” (“capaz de integrar ou juntar-se, tornando-se 
parte integrante”) também exprime a idéia de atuar de forma integrada com 
outras abordagens terapêuticas. Aspectos práticos da terapêutica homeopática 
impedem que ela se arrogue no direito de atuar, indistintamente, de forma in-
dependente e autônoma (não-coadjuvante, não-integrativa) dos demais 
conhecimentos e práticas da medicina moderna, como a prerrogativa sinequa 
non de se valorizar a individualização do medicamento homeopático, que sig-
nifica a aplicação do princípio da semelhança entre a totalidade de sintomas 
característicos do indivíduo e as manifestações patogenéticas despertadas pe-
las substâncias nos experimentadores humanos.58 
Apenas o medicamento homeopático corretamente adaptado ao conjun-
to de sintomas característicos da individualidade enferma (individualizado) po-
derá promover a reação homeostática almejada, responsável pela cura de 
enfermidades crônicas e agudas das mais diversas categorias. 64 
A não observância deste pressuposto obrigatório e intrínseco ao modelo 
homeopático de tratamento das doenças redunda em ineficácia terapêutica, 
como demonstrou a meta-análise do The Lancet publicada em 2005: não foram 
observadas diferenças estatisticamente significativas quando se comparou a 
eficácia do placebo versus a eficácia dos tratamentos homeopáticos que 
desprezaram a individualização do medicamento homeopático [a grande ma-
ioria dos ensaios clínicos homeopáticos selecionados apresentava desenhos 
impróprios à clínica da individualidade, empregando “um mesmo medicamento” 
ou “uma mesma mistura de medicamentos (complexos homeopáticos)” para 
uma queixa clínica comum de todos os pacientes, sendo que na análise final 
nenhum dos oito ensaios clínicos homeopáticos incluídos aplicava a individual-
ização na escolha do medicamento]. 59,60 
Por outro lado, quaisquer médicos homeopatas honestos, que aprove-
item os ensinamentos que a prática clínica lhe demonstra diariamente, sabem 
que este “processo de individualização medicamentosa” nem sempre é imedi-
ato, exigindo consultas e avaliações periódicas no processo gradual de 
 
 
 
9 
conhecimento do binômio doente-doença e suas suscetibilidades mórbidas in-
dividuais. 64 
De forma análoga às outras práticas médicas, incertas por natureza, as 
limitações existentes na homeopatia, no médico homeopata e no paciente ex-
igem um tempo mínimo para que o ajuste satisfatório do medicamento e suas 
potências ocorram, fazendo do tratamento homeopático uma técnica empírica, 
na qual os resultados somente serão observados a posteriori da administração 
da terapêutica. Assim sendo, o diagnóstico medicamentoso correto poderá ser 
um processo mais ou menos demorado (horas a dias nos processos agudos; 
semanas a meses nos processos crônicos), exigindo do médico homeopata 
uma conduta consciente e ética que impeça a suspensão imediata dos demais 
medicamentos em uso, desde que necessários e indispensáveis ao bem-estar 
físico, psíquico, social e espiritual do paciente. 64 
Ao contrário dos episódios benignos, que evoluem de forma satisfatória, 
causando incômodos suportáveis ao paciente, nas doenças agudas e crônicas 
graves a intervenção terapêutica pode ser o diferencial entre a vida e a morte. 
Todo médico homeopata consciente deve refletir na capacidade pessoal, evi-
denciada em sua experiência clínica diária, de atingir o diagnóstico precoce do 
medicamento homeopático individualizado ideal (simillimum), único capaz de 
atuar em profundidade e estimular a resposta homeostática terapêutica nestes 
casos complexos.64 
Homeopatas respeitados referem o índice de 20%-30% de acerto do 
medicamento simillimum num curto período de acompanhamento do paciente. 
Desta forma, 70%-80% destes casos graves, que necessitam de drogas alo-
páticas para a manutenção das funções vitais, estariam desprotegidos e sus-
cetíveis a desenvolverem iatrogenias fatais com a suspensão prematura dos 
medicamentos em uso.64 
Desprezando estas premissas inerentes ao modelo, muitos colegas não 
assumem o caráter “coadjuvante” do tratamento homeopático, suspendendo 
drogas aloenantiopáticas imprescindíveis à manutenção do equilíbrio orgânico 
numa primeira consulta, ou mesmo antes de terem a confirmação da resposta 
clínica do medicamento indicado, desrespeitando critérios fundamentais e sec-
ulares da “boa prática médica homeopática”. 64 
 
 
 
10 
Como aceitar a suspensão imediata de hipotensores em pacientes 
hipertensos graves, da insulina em diabéticos tipo 1, de anticoagulantes em 
cardiopatas severos, de broncodilatadores em asmáticosgraves, etc., sem que 
tenhamos total segurança da atuação substitutiva do medicamento homeopáti-
co prescrito? Além do possível agravamento da doença de base (AVE, cetoac-
idose diabética, IAM, crise asmática grave, respectivamente), a suspensão ab-
rupta e indiscriminada dos medicamentos enantiopáticos poderá desencadear 
a reação paradoxal ou efeito rebote do organismo (reação vital) causando 
eventos graves e fatais. 61-63 
Como desprezar a probabilidade da ocorrência destas iatrogenias nesta 
conduta homeopática imprudente? Exemplos deste tipo de conduta inaceitável 
por parte de colegas “homeopatas” são vivenciados freqüentemente em pronto-
socorros ou atendimentos de emergência, transmitindo a falsa idéia de que “a 
suspensão imediata dos medicamentos alopáticos em uso” representa uma 
prerrogativa da clínica homeopática. Este preconceito, fomentado pelos casos 
de insucesso inicial da terapêutica associados à postura irresponsável de mé-
dicos, contribui para que a homeopatia encontre dificuldades em ser aceita 
como uma importante colaboradora no tratamento de inúmeras doenças 
perante a medicina convencional.64 
Em vista de ser um modelo de difícil execução, que exige dedicação e 
estudo constante, a terapêutica homeopática deve ser encarada como “prática 
médica coadjuvante” perante as demais especialidades médicas, até que se 
atinja o status medicamentoso ideal (simillimum), que poderá permitir a substi-
tuição gradativa das drogas aloenantiopáticas em uso, desde que viável fisio-
logicamente.64 
Para isto, devemos embasar nossa conduta substitutiva em exames clí-
nicos e subsidiários (bioquímicos, provas de função, imagens, etc.) que 
atestem o reequilíbrio dos sistemas orgânicos primordialmente alterados, 
desprezando as suposições da mentalidade “contra cultural”, avessa aos 
avanços da ciência contemporânea, que ainda impregna alguns segmentos do 
movimento homeopático. 64 
Homeopatia não pode ser encarada como um deslumbre de médicos “al-
ternativos” que desprezam a integridade de seus pacientes por acreditarem 
num “poder absoluto e imediato” de qualquer substância homeopática prescri-
 
 
 
11 
ta, desprezando, na maioria das vezes, o critério da individualização medica-
mentosa, fundamental para o sucesso da terapêutica homeopática. 64 
Para evitarmos estas disparidades, presentes em todas as classes de especial-
istas despreparados, os cursos de formação e educação continuada em home-
opatia deveriam explicitar, de formas claras e objetivas, as limitações temporais 
do modelo, evitando os exageros da prática médica homeopática displicente, 
que pode se transformar num instrumento nocivo quando utilizada de forma 
inconseqüente. 64 
Juntamente com a certeza dos benefícios do tratamento homeopático 
bem conduzido, que contribui de forma eficaz e efetiva na resolutividade de 
inúmeras enfermidades humanas, o médico homeopata deve incorporar à sua 
conduta holística, generalista e integrativa o aforismo hipocrático primo non 
nocere. 64 
 
3. UMA ABORDAGEM DO SUJEITO NO PROCESSO DE 
ADOECIMENTO E CLASSIFICAÇÃO DOS SINTOMAS 
 
A Medicina Homeopática como prática de saúde que, ao assumir o pa-
ciente como sujeito portador de necessidades e expectativas, favorece a am-
pliação de sua autonomia no processo de adoecimento, possibilitando maior 
consciência com relação à sua maneira própria de enfermar-se, o que permite 
remetê-lo a um projeto de saúde. 
A questão do cuidado ao paciente caracteriza-se como crucial no campo 
da Saúde Pública e sua relevância, para o doente e para o médico, pode ser 
evidenciada nos diferentes componentes do processo terapêutico da Home-
opatia. 
A centralidade da doença no paradigma da medicina ocidental contem-
porânea e a crescente intermediação tecnológica que têm ocorrido nos últimos 
anos incidem nos diferentes componentes de sua prática, implicando no dis-
tanciamento do médico da situação de adoecimento dos pacientes e abalando 
uma relação milenar associada ao processo de cura. 3,4 
Estes aspectos permitem compreender por que o paciente não se sente 
cuidado e tratado, apesar de sua doença ser objeto de múltiplas e sofisticadas 
 
 
 
12 
intervenções tecnológicas, e constituem-se em razões de busca de outros 
modelos terapêuticos, tanto por parte dos médicos, como dos pacientes. 5 
Sabemos que parte significativa da demanda que busca atenção médica 
ambulatorial não preenche os requisitos para um diagnóstico de base anátomo-
clínica e é caracterizada por queixas vagas e inespecíficas, manifestações de 
um sofrimento que não se traduz, necessariamente, em lesões ou disfunções 
que possam ser enquadradas em alguma nosologia. 6,7 
A tendência a desqualificar algumas queixas de pacientes, traduzidas 
por “mal-estares” e sintomas indefinidos, representa uma situação bastante 
comum nos serviços de saúde, decorrente, justamente, dos desencontros entre 
a expectativa do médico em identificar e reconhecer doenças e as demandas 
do doente de obter atenção para o seu sofrimento. 
É possível considerar que certas queixas trazidas por muitos pacientes que 
escapam a sua objetivação como doença e, portanto, não são legitimadas pelo 
saber e pela prática médica, representam fenômeno experimentado por su-
jeitos numa situação singular do adoecimento referida ao seu universo simbóli-
co. 
Ou seja, a percepção do doente sobre suas enfermidade, inúmeras ve-
zes, não coincide com a doença lesional ou orgânica diagnosticada pelo médi-
co, o que pode explicar os motivos de descontinuidade e falta de adesão aos 
processos terapêuticos. Ao perceber que o médico frequentemente não valori-
za ou não valida suas queixas, aborta-se a possibilidade do vínculo e o trata-
mento não se instaura. Ou seja, o fato de identificar categorias e de obter uma 
classificação nosográfica não encerra o processo terapêutico e não parece 
atender às expectativas de cuidado dos pacientes. 
Conforme adverte Luz 8-10, a “irracionalidade” da medicina não se resume 
a um problema somente gerencial ou de políticas públicas inadequadas. Há de 
se destacar que o próprio paradigma que rege a medicina contemporânea 
afastou-se do sujeito humano sofredor como uma totalidade viva, tanto em su-
as investigações diagnósticas, como em sua prática de intervenção. 
A revalorização dos aspectos interativos do ato médico no contexto atual 
das práticas de saúde parece estar vinculada a preocupações que buscam re-
colocar a pessoa como objeto central do processo terapêutico. Componentes 
 
 
 
13 
deste processo que favoreçam a construção de um espaço intersubjetivo po-
dem propiciar o resgate de sujeitos adoecidos, através de uma aproximação 
não somente do paciente ao seu médico, mas também da doença ao seu por-
tador, o doente, e da terapêutica ao processo de recuperação dos pacientes. 
A discussão dos aspectos constituintes da prática homeopática capazes 
de resgatar a dimensão do cuidado ao indivíduo doente tem como pressuposto 
o entendimento de que a Homeopatia é dotada de uma racionalidade médica 
específica que possibilita ser reconhecida como campo de saber e de prática 
com características próprias. 11 
A concepção a respeito do processo saúde doença na prática homeopáti-
ca é norteada por uma visão que inclui, necessariamente, o sujeito enfermo 
sob um enfoque que valoriza, sobretudo, a singularidade do adoecer humano, 
enfatizando as características assumidas pela doença em cada paciente, não 
se limitando a compreendê-la de maneira restrita à condição de entidade noso-
lógica ou apenas como evento biológico. 
Uma medicina do sujeito (na alopatia) os pacientes praticamente não ti-
nham nomes, eram patologias a serem tratadas. Comecei a me desencantar. 
Mais parece que a gente está numa oficina de automóvel, parecia que o paci-
ente entrava em uma linha de produção, uma coisa muito mecanicista, e a pes-
soa não existia. 11 
(Dr. Joel) Certos elementosdo campo do saber e da prática homeopática 
permitem caracterizá-la como um sistema médico que, ao resgatar a dimensão 
da arte de curar, está centrada no sujeito doente portador de uma cultura e de 
uma historicidade, tanto no que se refere aos elementos da diagnose como da 
terapêutica. 11 
De acordo com estas características do seu objeto de abordagem, a diag-
nose em Homeopatia se propõe a entender e interpretar o fenômeno do adoe-
cimento dentro da realidade específica de cada paciente, não se restringindo 
apenas à caracterização do evento patológico. Para tanto, busca individualizar 
o sofrimento da pessoa, conhecendo sua maneira particular de vivenciar a ex-
periência da doença. 
 
 
 
14 
A ênfase no sujeito adoecido amplia as possibilidades de compreensão 
do enfermo, inserindo-o em um contexto sociocultural que contempla aspectos 
de sua história de vida a ser recuperada no processo de entendimento da do-
ença. Além disso, resgata manifestações de sua suscetibilidade e sensibilidade 
determinantes de uma forma particular de expressão dos sintomas. 
A proposta terapêutica homeopática não se restringe, portanto, a afastar 
sintomas ou a eliminar queixas; busca compreender o enfermo dentro da espe-
cificidade do seu processo de adoecimento, o que inclui aspectos da relação 
do doente com sua doença e os sentidos que ele atribui a esta experiência. Isto 
permite entender o indivíduo adoecido no processo de resgate de sua singula-
ridade e não reduzido a um conjunto de órgãos ou a uma patologia específica. 
Compreender o paciente como sujeito adoecido implica, portanto, consi-
derá-lo em todos os seus aspectos, não somente biológicos e psíquicos, mas 
também como porta-voz de um conjunto de representações social e cultural e 
agente de um processo de interação que pode aproximá-lo, inclusive, da res-
significação dos conceitos de saúde, cura e doença. “Sintoma é um modo de 
ser” (Thiago, 8 anos).27 
Ao ter como foco de abordagem as manifestações do sofrimento que indi-
vidualizam o doente, a Homeopatia fundamenta-se nos critérios de singularida-
de, buscando encontrar a expressão destas particularidades nos sintomas 
apresentados pelos pacientes. Seu enfoque está voltado, portanto, para escu-
tar, olhar, observar e examinar aquilo que é inusitado em cada paciente e que 
se manifesta por meio dos sintomas. 27 
Sintomas representam, por conseguinte, a própria doença, a expressão 
do paciente e o meio de se encontrar o medicamento apropriado. Ao contem-
plar os sintomas do ponto de vista da singularidade ou como parcialidades que 
engendram a dinâmica de cada sujeito, podemos afirmar que não existem dois 
sintomas idênticos mesmo diante de fenomenologias clínicas semelhantes. 27 
Os sentidos subjetivos atribuídos aos sintomas e à própria doença são 
distintos de um paciente para outro e correspondem à maneira como cada um 
vivencia a experiência do adoecimento de acordo com suas particularidades e 
com as circunstâncias do ambiente social e cultural em que estão inseridos. 19 
 
 
 
15 
Em face disso, é possível considerar que os sintomas podem ser compre-
endidos como representações do sujeito enfermo na medida em que trazem 
em si certos conteúdos vivenciais do mesmo. Constituem-se, portanto, no obje-
to a ser captado para a apreensão da “diferença”, do não habitual, do singular, 
através da utilização do princípio da semelhança na terapêutica homeopática. 
Segundo Hahnemann, os sintomas homeopáticos são “uma manifestação 
anômala na maneira de sentir e de operar da parte do organismo acessível aos 
sentidos do observador e do médico”, “produzidos pela desarmonia da força 
vital que provoca as desagradáveis sensações que experimenta o organismo e 
o impele a reações anormais que conhecemos com o nome de enfermidade”. 
 Os sintomas homeopáticos podem ser classificados: 
 Quanto ao observador 
 Sintomas subjetivos: são sofridos ou percebidos somente pelo enfermo sem 
que o observador possa ter conhecimento deles, a menos que o próprio pa-
ciente o manifeste. 
A este grupo correspondem numerosos sintomas mentais, tais como temores, 
penas, ilusões, etc., e todas as manifestações dolorosas com suas sensações 
respectivas. 
 Sintomas objetivos: quando podem ser apreciados pelo observador ou o médi-
co, tais como alterações no aspecto, forma ou volume de algum setor orgânico, 
transtornos nos movimentos, nos sons normais de certos órgãos (coração, 
pulmão), alterações nas excreções normais, secreções patológicas, etc., assim 
como alterações detectadas através de exames laboratoriais (sangue, urina, 
fezes, etc). 
Inclui-se também nesse grupo os processos inflamatórios e neoplásicos. Natu-
ralmente, muitos desses fenômenos objetivos podem e são observados pelo 
próprio paciente. 
 Quanto à localização 
 Sintomas mentais: quando suas manifestações consistem em transtornos 
psíquicos da afetividade, do juízo, da inteligência, ilusões, alucinações, etc. 
 Sintomas gerais: manifestações que devem ser referidas a totalidade do or-
ganismo e são a expressão de uma perturbação geral como: o cansaço, a de-
 
 
 
16 
bilidade, a insônia ou sonolência, alterações da transpiração, da temperatura, o 
apetite, os desejos sexuais, os desejos e aversões. 
São as expressões do estado geral do paciente frente a distintas circunstânci-
as. Pergunta: “como se sente” 
 Sintomas locais: quando os transtornos envolvem somente um setor da eco-
nomia, um aparelho ou um órgão sem repercussão no estado geral, tais como 
dores, inflamações, tumores, etc. 
 Segundo sua Frequência: 
 Sintomas Comuns: quando se apresentam em grande quantidade de pa-
cientes e de enfermidades e são também produzidos por grande quantidade de 
medicamentos nas experimentações patogênicas, na esfera mental, geral ou 
local. Ex: irritabilidade, insônia, déficit memória, a tristeza, a cefaléia, o cansa-
ço, a febre, a falta de apetite, etc. 
Sintomas patognomônicos: quando são fundamentais para diagnóstico fisio-
patológico, o qual não pode ser formulado até que se achem presentes Ex: 
hiperglicemia nos diabetes o exantema morbiliforme no sarampo. 
Sintomas característicos: quando ao sintoma comum se agrega uma modali-
dade reacional de agravação ou melhoria. Esta modalidade singulariza e cir-
cunscreve o sintoma, de maneira tal que já não são muitos os sujeitos que 
apresentam, nem são tantos os remédios. Ex: cefaléia que se agrava pelo mo-
vimento e por tossir e que se alivia pela pressão externa. 
 Sintomas peculiares: quando possuem alguma modalidade ainda menos 
freqüente que as anteriores e provocadas patogeneticamente por uns poucos 
medicamentos. Ex: cefaléia quando tem fome (antes de comer). 
 Sintomas raros: quando escassos indivíduos e pouquíssimos remédios ou um 
só os produz. Ex: alegria durante as tormentas (tempestades). 
Essa perspectiva de análise convida-nos para um novo entendimento sobre os 
sintomas, que implica em ampliar o olhar sobre eles, não se restringindo à cap-
tura de transtornos a serem classificados nosologicamente, mas privilegiando a 
maneira como eles são qualificados e como foram sendo ressignificados na 
ação terapêutica. 27 
 
4. A CONSULTA MÉDICA COMO ATO TERAPÊUTICO 
 
 
 
 
17 
O momento da consulta tem especial importância para a prática da Home-
opatia pelo fato de mobilizar e materializar elementos que dão especificidade 
ao seu processo terapêutico e, também, por constituir-se no espaço de con-
strução da intersubjetividade entre médicos e pacientes. 27 
Na Biomedicina, a consulta vem sofrendo interferências de uma prática tec-
nicista que, diante dos procedimentos e equipamentos diagnósticos, tende a 
restringir sua importância e reduzi-la a uma intervenção mecânica e técnica. Ao 
ter seu foco de conhecimento e de intervenção centrado, sobretudo, na busca 
da lesão ou disfunção, a prática médica atual tem utilizado cada vez menos a 
semiologia clássica colocando,muitas vezes, em plano secundário este com-
ponente do agir médico que traduz a essência da clínica. 27 
Já a Homeopatia, ao fundamentar todo o seu sistema diagnóstico e 
terapêutico na individualização do adoecer humano, necessita de uma anam-
nese mais profunda que busca aproximar-se do paciente com o intuito de 
conhecer as manifestações da doença através das diferentes modalidades de 
sintomas que expressam, em última instância, a forma particular de ser 
daquele paciente. 27 
Sob este enfoque, as queixas não podem ser traduzidas somente por uma 
leitura técnica e a fala do paciente adquire um outro significado; ela é provida 
de sentidos que permitem uma maior compreensão do adoecimento. O que se 
busca alcançar, portanto, no espaço da consulta homeopática, é uma ampli-
ação da abordagem do paciente de tal forma que não se restrinja aos sinais da 
doença, mas sim às manifestações que o doente transmite em sua totalidade 
de sujeito sofredor. 27 
Para tanto, são necessários procedimentos que permitam individualizar o 
sujeito doente, tais como a escuta e a observação, os quais possuem uma na-
tureza específica e são considerados essenciais para a operacionalização da 
técnica homeopática. 27 
 
5. A CONSTRUÇÃO DA INTERSUBJETIVIDADE NO PROCESSO TE-
RAPÊUTICO 
 
 
 
 
18 
Eu acho que o bom médico é aquele que se interessa pelo caso do pa-
ciente como se fosse o único caso. Ele tem que atender aquele paciente como 
se fosse o único. 27 
As características singulares do objeto de abordagem em Homeopatia - o 
sujeito humano - determinam a natureza particular dos componentes da consul-
ta permeados de elementos que expressam conteúdos subjetivos, tanto do 
médico como do paciente. 27 
Ao assumir o sofrimento das pessoas enfermas como unidade funda-
mental de sua abordagem, os traços de intersubjetividade estão inscritos na 
prática homeopática. Nessa perspectiva, a boa consulta é caracterizada, por 
pacientes, como aquela que dispõem de tempo e onde se materializam ele-
mentos que permitem que o ato médico realize-se plenamente, quais sejam, 
olhar, escutar, tocar e observar a pessoa doente. 27 
Estes componentes de uma prática menos tecnificada contribuem para a ex-
pressão da subjetividade do paciente, propiciando maior aproximação com os 
sintomas, além do sentimento de poder compartilhar seu sofrimento dentro de 
um processo interativo. 27 
Por outro lado, são associados às manifestações de atenção e de inter-
esse, favorecendo maior confiança e segurança dos pacientes no profissional e 
no tratamento. Diante disso têm, muitas vezes, relevância maior que o próprio 
medicamento e representam um estímulo para retornar à consulta favorecendo 
o estabelecimento do vínculo, conforme pode ser observado neste depoimento: 
me sinto bem só de estar vindo à consulta, fico até em dúvida se estou mesmo 
precisando do medicamento. (Caderno de campo) 27 
Evidencia-se assim o papel “psicossocial” desempenhado pelo espaço 
da consulta homeopática no contexto atual, onde o paciente é estimulado a 
falar de si e expor os aspectos diversos de sua vida. Estes elementos constitu-
tivos da natureza da consulta homeopática têm sido destacados como motivos 
de satisfação de pacientes e de médicos com o atendimento. 27 
Assim, ao tomar como questão essencial de sua diagnose a biopatografia de 
sujeitos adoecidos, a Homeopatia não está tão mediada pelo objeto, o que 
possibilita que a construção de um espaço interativo entre o paciente e o médi-
co represente uma das dimensões fundamentais de sua prática terapêutica. 
Tecendo a relação. 27 
 
 
 
19 
O primeiro elemento preponderante é estabelecer uma boa relação de 
duas pessoas que estão querendo atingir um objetivo comum, um objetivo in-
terpessoal. (Dr. Joel) A busca das particularidades que caracterizam o adoeci-
mento e não apenas dos aspectos técnicos da doença requer uma aproxima-
ção mais ampla e profunda com o paciente, permitindo que ocorra um vínculo 
de natureza mais consistente. 27 
Sob este enfoque, a relação médico-paciente refere-se ao ato de com-
por e entrelaçar elementos de natureza intersubjetiva que emergem no momen-
to da consulta e que permitem caracterizá-la como um espaço interativo. Estes 
conteúdos intersubjetivos traduzem aspectos essenciais da racionalidade ho-
meopática, tanto em sua dimensão técnica como interpessoal. A conceituação 
de pacientes e médicos como sujeitos no espaço do atendimento tem, portan-
to, um caráter mais abrangente do que os referir como agentes ou objetos de 
ação técnica, já que envolve, também, os aspectos afetivos, éticos e sociocul-
turais. 14 
O deslocamento do enfoque da doença para o paciente abre possi-
bilidades para a incorporação de conteúdos de natureza interativa, que possi-
bilita uma perspectiva de atenção à saúde nas quais se destacam as noções 
de cuidado e de pessoa. 27 
Por outro lado, a intersubjetividade presente no espaço da relação fa-
vorece o surgimento de uma postura mais ativa do paciente, o que representa 
estímulo ao compartilhamento de responsabilidades no que diz respeito aos 
diferentes aspectos do tratamento. 27 
A disponibilidade de tempo durante a consulta, permitindo maior espaço 
para a conversa e para a escuta, constitui-se em componente do vínculo e 
pode ser destacada como fator que proporciona outra dimensão ao atendimen-
to, importante tanto para o paciente como para o trabalho do médico. 27 
A percepção de um bom médico se manifesta, de acordo com muitos 
pacientes, já “na porta do consultório”, o que evidencia a relevância dos com-
ponentes intersubjetivos da relação. Tais aspectos estão também subjacentes 
à motivação de muitos médicos ao optarem pela Homeopatia, conforme sugere 
este entrevistado: eu ia deixar de ser médico quando tomei contato com a Ho-
meopatia. Foi uma forma de ser médico sem ser aquele médico que eu rejeita-
va uma forma mais humana. (Dr. Roger). 27 
 
 
 
20 
Para muitos profissionais, o fato de poder vivenciar a experiência da 
relação e de compartilhar com os pacientes os componentes subjetivos refer-
entes ao sofrimento humano é considerado mais gratificante e prazeroso que o 
próprio exercício da técnica: eu estou falando que é mais fundamental do que a 
própria técnica, é esse compartilhar de responsabilidades do sofrimento do pa-
ciente, conhecer a vida dele, compartilhar a vida com ele. (Dr. Fabricio) 27 
O fato de a Homeopatia ser norteada por concepções com relação ao 
adoecimento e a cura, cuja finalidade é “encontrar o paciente”, imprime certas 
características à relação, que podem ser compreendidas como elementos de 
legitimação dessa prática e que serão discutidas a seguir. 27 
 
6. A ESCUTA HOMEOPÁTICA 
 
Ao conceber a Homeopatia como um sistema médico centrado no sujeito 
humano, a escuta pode ser caracterizada como componente intrinsecamente 
relacionado à sua episteme e como instrumento de abordagem fundamental 
para a realização de sua prática. 15,16 
O caráter amplo da escuta decorre dos propósitos de conhecer as mani-
festações da enfermidade sob um enfoque que privilegia a intersubjetividade 
na compreensão do adoecer humano. 15,16 
A relevância deste componente no âmbito de um sistema médico repre-
senta uma questão específica da prática homeopática pela simples razão que, 
de maneira semelhante às disciplinas do campo denominado “psi”, esta prática 
lida com a questão do sujeito. 17 
A fragmentação da abordagem do paciente na Biomedicina e a intermedi-
ação tecnológica representada por exames e procedimentos diagnósticos re-
sultam em uma escuta “focada” e pontual, coerente com o seu objeto específi-
co, a doença ou uma determinada queixa relacionada a um órgão ou aparelho. 
O médico, de um modo geral, retém uma pequena parcela do discurso do do-
ente, quando o deixa discursar, e isso ocorre devido à frágil intersecção da 
“doença do médico” com a “doença do doente”. 17 Ou seja, grande partedo 
relato de pacientes, muitas vezes transbordantes de sentidos variados, mas 
 
 
 
21 
que não podem ser identificáveis como patologias, interessa secundariamente 
ao profissional, já que para ele tem pouca utilidade como informação útil à in-
vestigação e ao tratamento. 17 
As narrativas dos pacientes são fundamentais na abordagem da Medicina 
Homeopática; é justamente a palavra, o discurso do enfermo que lhe possibilita 
situar-se como sujeito no espaço de uma consulta médica e no processo de 
adoecimento. 18-20 
O objeto central da escuta homeopática é, portanto, a história do pacien-
te, a sua biografia pessoal obtida através de suas narrativas. Relaciona-se à 
compreensão de que toda enfermidade integra uma unidade de sentido que 
necessita ser situada no contexto individual e cultural do paciente para a sua 
adequada compreensão. 21,22 
O discurso da pessoa enferma representa fonte privilegiada de informa-
ções e de investigação, não somente no que se refere ao relato técnico de sin-
tomas e queixas, mas, sobretudo, no que tange às manifestações de uma for-
ma particular de lidar com o sofrimento relacionado a uma dinâmica própria no 
processo de adoecimento. 27 
Ouvir o paciente, do ponto de vista da homeopatia, não é, por conseguin-
te, uma questão de maior ou menor paciência de um profissional “da espécie 
de um psicólogo”, de disponibilidade para confidências, ou somente uma de-
monstração de “humanismo” ou de compaixão do médico. Trata-se de um traço 
próprio do exercício da diagnose e da terapêutica desta prática que operacio-
naliza um método ampliado de abordagem do processo de adoecimento. 23 
Podemos afirmar que todo indivíduo adoecido terá sempre um discurso a 
ser proferido, uma narrativa que lhe permite traduzir as condições biopsicosso-
ciais que refletem seu estado de maior ou menor desconforto. 23 
Possibilitar esse espaço durante a consulta, permitindo, através da escu-
ta, que o paciente manifeste seu universo subjetivo, tem grande importância do 
ponto de vista terapêutico e pode favorecer o processo de cura. O ato de ouvir 
possibilita recuperar a dimensão do enfermo como sujeito mediante o reconhe-
 
 
 
22 
cimento da forma como ele vivencia a experiência da doença e do processo de 
tratamento. 27 
Para muitos pacientes, “um bom médico tem que ser bom ouvinte”, e ser 
bom ouvinte é assegurar espaço na consulta para conhecer bem o paciente. 
“Saber ouvir” é considerado atributo da mesma ordem de importância que os 
elementos concernentes à competência técnica do médico e representa mani-
festação de interesse capaz de estimular uma postura mais ativa do paciente 
no seu processo terapêutico. 27 
A natureza de uma escuta cujo objeto primordial é a narrativa do sujeito 
humano pressupõe uma atitude de interesse e de disponibilidade para “o ou-
tro”, isto é, uma abertura ao processo de interação com o paciente. Tal atitude 
é influenciada por certos aspectos que indicam o modo de proceder do médico 
e que se refere ao ato de observar, olhar e ver o paciente. 27 
A escuta e o olhar não representam, portanto, apenas procedimentos de 
natureza técnica relacionados à investigação; são atitudes que revelam a dis-
posição de perceber, conhecer e compreender o doente como portador de um 
sofrimento específico. Ver: um gesto físico e psicológico “Ver” pode ser enten-
dido como uma categoria ao mesmo tempo física e psicológica, representando 
uma forma de olhar relacionada a “olhar para”. Neste sentido, não significa 
simplesmente enxergar alguém ou alguma coisa, mas caracteriza-se como 
uma tomada de consideração pela pessoa. Ver o enfermo no sentido técnico 
de examinar, de investigar e de observar seus sintomas constitui-se em com-
ponente de qualquer consulta médica. 27 
No enfoque homeopático, no entanto, o ver é compreendido como uma 
atitude de “olhar em face”, isto é, de enxergar o paciente como pessoa, o que 
faz com que ele traduza este gesto como manifestação de respeito e de consi-
deração. 27 
Não ser olhado ou não ver uma pessoa representa uma atitude de arro-
gância, é ignorá-la, é não desejar conhecê-la, é desconsiderá-la e o paciente 
sofre com isso. A ausência do olhar compromete os elementos intersubjetivos 
do encontro entre o médico e o paciente, podendo interferir na qualidade e na 
continuidade do atendimento. 27 
 
 
 
23 
Nesse sentido, o ver representa uma atitude que permeia uma relação 
capaz de produzir vínculo, caracterizando-se como componente de um proces-
so interativo entre dois sujeitos. Ser olhado pelo médico é parte de um atendi-
mento e do contexto de uma consulta na qual existe atenção e na qual o paci-
ente se sente respeitado. 27 
Assim sendo, pacientes consideram bom médico aquele que olha a gente 
desde a hora que a gente entra no consultório. Ele observa desde o modo de 
andar. (Irani). Estes componentes presentes na prática homeopática possibili-
tam enxergar o paciente como sujeito e permitem caracterizar a consulta como 
espaço de um encontro intersubjetivo que pode favorecer maior adesão e par-
ticipação do paciente, tanto na consulta como no tratamento, contribuindo para 
a construção de maior autonomia no processo de cura. 27 
 
7. CONTEÚDOS TERAPÊUTICOS DO VÍNCULO 
 
“Porque ele entende as coisas, ele entende o que eu sinto, quer dizer, ele 
já vai sentido o que eu estou sentindo só de olhar para mim. Agora o doutor 
normal não, ele nem sequer olha na sua cara. Aí que eu fico mais atacado.” 
(Cristovão). 27 
A ênfase nos aspectos que particularizam o adoecimento de cada pessoa 
a partir da compreensão do enfermo como sujeito vivo e não como objeto de 
intervenção técnico científico representa um dos traços essenciais da aborda-
gem homeopática. 27 
A consulta médica homeopática, conforme discutimos anteriormente, pos-
sui características que traduzem aspectos essenciais da natureza do processo 
terapêutico da Homeopatia, favorecendo uma postura do profissional que pode 
ser considerada determinante para a constituição do vínculo com o paciente. 27 
Olhar, no sentido de enxergar o indivíduo portador de sofrimento e não 
somente visando acessar tecnicamente as manifestações da doença. Ouvir as 
queixas do doente, não apenas como relato de um conjunto de sintomas, mas 
como expressão de um sujeito adoecido. Tocar o corpo do paciente e não sim-
plesmente palpar e percutir em busca de sinais de seus órgãos ou sistemas. O 
 
 
 
24 
fato de poder personificar um responsável pelo tratamento e de, ao ser escuta-
do, ter seu sofrimento assumido pelo outro, faz com que o paciente se sinta 
cuidado e isso representa importante componente terapêutico capaz de interfe-
rir no processo de cura. Ao se redimensionar o objeto de enfoque do paciente, 
24,25 de portador de uma doença à condição de sujeito adoecido, modificam-se 
as características desta abordagem e dos elementos envolvidos na relação 
entre médico e paciente. 
A natureza do contato passa a ser menos tecnológica e mais permeada 
de conteúdos subjetivos tanto do médico como do paciente. Tendo em vista 
estas considerações, podemos identificar que certos componentes da prática 
homeopática têm importância particular na criação de um espaço interativo en-
tre o enfermo e o médico, engendrando possibilidades para uma outra postura 
na forma de lidar com as queixas e sintomas que são trazidos durante a con-
sulta. 27 
Já ressaltamos o papel da escuta e do ver, traços de uma atitude de aco-
lhimento e de interesse do médico, capazes de favorecer as manifestações 
subjetivas do paciente. A importância do vínculo para eficácia e resolutividade 
do tratamento, ilustrativo da histórica significação simbólica presente na relação 
terapeuta paciente, pode ser ilustrada na afirmação de um dos pacientes en-
trevistados: [...] 27 o medicamento aparece através do médico, reconhecendo 
no profissional mais que um prescritor de remédios e referindo-se a elementosde natureza intersubjetiva que emergem da relação. 27 
A noção de confiança, componente inerente e característica básica do 
vínculo, influenciam positivamente o papel que o médico pode exercer no sen-
tido de mobilizar recursos curativos nos pacientes. Tais características da práti-
ca homeopática redimensionam o papel do médico, instrumentalizando-o para 
uma ação de natureza mais ampla capaz de estimular reflexões e percepções 
que ampliem a compreensão e a autonomia do paciente sobre o seu adoeci-
mento. O relato que se segue evidencia estes aspectos: acho que é essencial 
para começar um processo terapêutico você poder se transformar em um canal 
de transmissão que inclui a sua técnica, a sua afetividade. Este papel de meio 
eu acho absolutamente fundamental. (Dr. Fabricio) 27 
 
 
 
25 
Por outro lado, o processo interativo entre médicos e pacientes não se 
restringe ao espaço da consulta, tem um caráter contínuo e dinâmico e não se 
encerra no encontro físico do consultório. A sistemática de consultas progra-
madas que caracteriza a continuidade inerente ao processo terapêutico da 
Homeopatia pode também contribuir para o fortalecimento do vínculo, o que, 
por sua vez, favorece o desenvolvimento de uma “aliança terapêutica” entre 
pacientes e médicos. 27 
A perspectiva de um tratamento que habitualmente tem como referência 
um único profissional e que implica em encontros periódicos com o paciente 
permite que se instaure um processo interativo em que o médico pode-se fazer 
presente e estar próximo, mesmo estando distante. 27 
A situação interativa entre pacientes e médicos tende a estabelecer-se de 
uma maneira mais profunda na Medicina Homeopática e favorece a ampliação 
das percepções a respeito do adoecimento e dos objetivos terapêuticos. 27 
 De acordo com outro profissional, o papel do médico, não somente como 
elemento que instrumentaliza uma substância, mas uma outra percepção para 
o problema que o paciente tem. (Dr. Joel) 27 
O medicamento: um remédio que não ataca A motivação foi que os remé-
dios que eu tomava me atacavam. Então eu tomei a iniciativa de mudar. E com 
a Homeopatia eu tomo o remédio e não me ataca, eu acho que é por causa de 
eu ter confiança que dá certo. (Olivia) 27 
A característica da não agressão, inerente à natureza da substância me-
dicamentosa homeopática, pode ser considerada um componente da racionali-
dade da Homeopatia e representa um dos principais motivos de busca do tra-
tamento. Os pacientes desejam livrar-se do uso de substâncias que conside-
ram danosas e agressivas para a sua saúde e enfatizam estes aspectos ao 
comentarem sobre sua opção pela terapêutica homeopática. 27 
A busca do tratamento homeopático é caracterizada como uma alternati-
va, muitas vezes considerada “último recurso” a ser experimentado, na tentati-
va de solucionar um determinado problema, poupando o organismo dos efeitos 
colaterais dos remédios da Biomedicina que, de acordo com a percepção de 
 
 
 
26 
pacientes, apesar de “muito fortes” e “potentes”, são considerados, muitas ve-
zes, de pouca resolutividade. Assim, a percepção da eficácia do atendimento 
na prática homeopática é influenciada pela avaliação positiva que os pacientes, 
de um modo geral, trazem a respeito do medicamento. 27 
As representações que conferem ao remédio da Homeopatia atributos de 
“bom, saudável e que não faz mal para o organismo” e que aproximam pacien-
tes do tratamento homeopático têm sido observadas em outros estudos 9 e 
contrapõem-se ao medicamento da Biomedicina, que é considerado “forte, ca-
paz de intoxicar e de dar problemas”. Tais questões podem ser consideradas 
decorrentes de um sentimento de frustração de pacientes com o fato de perce-
berem que, apesar da verdadeira “peregrinação” percorrida por diferentes ser-
viços e especialidades, permanecem sem tratamento. Ou seja, resultam da 
crescente fragmentação de uma prática que, pulverizada nas diferentes espe-
cialidades, torna-se incapaz de oferecer um tratamento para o sujeito doente 
em sua totalidade. 27 
O fato de os pacientes manifestarem a percepção de estarem carentes de 
tratamento apesar do uso continuado de medicamentos ao longo de um tempo, 
muitas vezes longo, remete à relevância de certos elementos simbólicos e sub-
jetivos que compõem suas necessidades em termos de atenção à saúde. 26 
 A natureza abrangente do medicamento, ou seja, suas possibilidades de 
atuar na totalidade do indivíduo fazem com que os pacientes considerem a 
Homeopatia “mais eficiente”, demonstrando uma expectativa de que ela é ca-
paz de dar conta de seus diferentes problemas de saúde. Ou seja, os pacien-
tes parecem estar em busca de um tratamento que lhes proporcione um cuida-
do mais amplo voltado às suas necessidades como sujeito adoecido e que re-
mete à noção de recuperação e de cura. 27 
A busca de outras formas ou outros caminhos de tratamento sugere tam-
bém uma disposição para mudanças mais amplas que envolvem aspectos di-
versos da vida do paciente, conforme sugere o depoimento: [...] um caminho, a 
impulsão para mudar certos hábitos e ter uma vida mais saudável. (Antonieta) 
27 
 
 
 
27 
No imaginário dos pacientes, o medicamento homeopático costuma ser 
referido a substâncias originadas de “ervas” ou “remédios de mato”, substân-
cias puras que pelo fato de não terem origem química representam uma alter-
nativa de tratamento mais saudável. Estas características influenciam as per-
cepções de “naturalidade” e “espontaneidade” que os pacientes têm do perfil 
do médico homeopata e que podem estar referindo-se a uma postura menos 
técnica coerente com representações de pacientes e médicos que vêem na 
homeopatia uma “resolução natural de saúde”. 27 
Outro aspecto igualmente relevante para médicos e pacientes refere-se à 
acessibilidade financeira e à “simplicidade” do medicamento, considerados “go-
tinhas simples”, “remedinhos” fáceis de tomar e baratos. As características que 
dão especificidade ao medicamento homeopático situam-se no contexto de um 
atendimento que traz implícito um outro olhar sobre o processo saúde e doen-
ça, que pode contribuir para mudar a perspectiva de pacientes e de médicos no 
tratamento. Ou seja, a percepção de um “bom medicamento” situa-se no con-
texto da atenção do “bom doutor”, no espaço onde existe o cuidado amplo, vol-
tado para a pessoa e traduzido no ato de tocar, de olhar e de escutar. 27 
O perfil das pessoas que buscam e utilizam a homeopatia como forma de 
tratamento a partir de levantamento de artigos produzidos na Europa, EUA, 
Índia e Brasil, 42-54 o Scientific Framework of Homeopathy: Evidence Based 
Homeopathy traça o perfil das pessoas que, nos dias de hoje, buscam e utili-
zam a homeopatia como forma de tratamento. Foi observado tratarem-se de 
pessoas com altos níveis de escolaridade e educação, situadas na faixa etária 
entre 33 e 55 anos, com estilo de vida saudável e atitude positiva em relação à 
terapêutica. 39 
Em síntese, os fatos observados e relatados indicam que quem se vale de 
tratamento homeopático nos dias de hoje é capaz de fazer uma escolha infor-
mada. E é desejável que a escolha de qualquer terapêutica seja feita dessa 
forma. 
Fatores que levam as pessoas doentes a buscar a homeopatia como for-
ma de tratamento 
 
 
 
28 
No panorama elaborado pela LMHI são relatados também quais fatores 
determinaram a busca dessa opção terapêutica. Com base em estudos reali-
zados principalmente na Europa (42,43,45,46,48,50,51,53,55) são apontados os seguin-
tes determinantes: 
(a) Preocupação com os efeitos colaterais dos outros métodos de trata-
mento; 
(b) Falta de resultado dos tratamentos convencionais ou desejo de evitar 
este tipo de tratamento por longo prazo; 
(c) Experiências positivas nas consultas; 
(d) Preferência pessoal ou tradição familiar; 
(e) Custo menor; 
(f) Bem-estar geral; 
(g) Crença tradicional no conceito imaterialou holístico; 
(h) Conscientização sobre a falta de papel dos antibióticos nas doenças 
virais; e 
(i) Desconfiança em relação à medicina convencional. 39 
Pode-se inferir que a opção pela homeopatia se deve, em parte, à cres-
cente percepção, pelos que a adotam como opção de tratamento, de suas vir-
tudes como terapêutica com visão sistêmica, por ser isenta de efeitos adversos 
e pela relação custo-efetividade, mas também, em parte, devido à crescente 
desconfiança em relação às práticas oferecidas pela medicina convencional. 39 
Neste sentido, o dossiê Homoeopathy: science of gentle healing observa 
que “tato, simpatia e compreensão são esperados do médico, pois o paciente 
não é mera coleção de sintomas, sinais, funções desordenadas, órgãos danifi-
cados e emoções perturbadas” 41 (...) a pessoa doente é “um ser humano, te-
meroso, esperançoso buscando alívio, ajuda e tranquilidade (...)”. 41 
Estes requisitos são aplicáveis na integralidade na prática homeopática, 
uma vez que “o objetivo da homeopatia não é apenas combater doenças indi-
 
 
 
29 
viduais numa pessoa, mas compreendê-la como um todo e aliviá-la de suas 
queixas” 41. 
Para reforçar esta tendência de busca da homeopatia como opção tera-
pêutica, o documento afirma que, apesar destas milhares de observações e 
relatos necessitarem de “(...) ensaios de controle pragmáticos e aleatórios, (...) 
ao longo dos anos, os medicamentos homeopáticos têm sido utilizados com 
sucesso no tratamento de várias condições, tais como doenças pépticas, ansi-
edade, dermatite atópica, autismo, distúrbios comportamentais, fraturas, con-
juntivite, varicela, depressão, dismenorreia, dores de cabeça, herpes zoster, 
gripe (...) fobias, cálculos renais (...) cólicas ou dores da dentição em crianças 
(...)” 41. 
Este relato está baseado no atendimento de cerca de 1,1 milhão de pes-
soas que buscam cuidados primários em dispensários homeopáticos em Nova 
Delhi 41. 
Os autores relatam, também, que a homeopatia é usada em casos de 
câncer, HIV/AIDS e doenças terminais, com o objetivo de proporcionar cuida-
dos paliativos sintomáticos e melhorar a qualidade de vida das pessoas doen-
tes 41. A notícia promissora deste documento é que “(...) estudos têm gerado 
evidências a favor da homeopatia, mesmo através de ensaios de controle ran-
domizado e meta-análises em muitas condições como diarreia e infecções do 
trato respiratório em crianças (...) febre do feno, queixas da menopausa, doen-
ças musculoesqueléticas, osteoartrite, rinofaringite (...) artrite reumatoide (...)” 
41. 
 
8. A ANAMMESE NA HOMEOPATIA 
 
Antes de dar continuidade à leitura assista o vídeo abaixo, que irá auxiliá-lo 
de forma prática, por parte de profissionais, quanto ao processo de anammese 
numa consulta homeopática. 
--------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
 Vídeo de apoio: Anamnese homeopática 
Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=_GBGAK_BCmY> 
https://www.youtube.com/watch?v=_GBGAK_BCmY
 
 
 
30 
Sinopse: Prof. Reinaldo Mota Gaspar apresenta detalhadamente os procedi-
mentos durante uma anammese numa consulta homeopática, abordagem e 
modalização dos sintomas. 
-------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
Como descrito acima a escuta é de suma importância no processo homeo-
pático, por isso a anamnese homeopática é caracterizada pela escuta atenta, 
interessada e sem julgamento de todo o relato do paciente. 
Assim, pode-se dizer que a anamnese homeopática ou entrevista vitalista, 
investiga-se todas as queixas, as sensações subjetivas, assim como os 
sintomas mentais, gerais e particulares. Pesquisa-se os hábitos de vida e de 
modo especial o psiquismo do paciente, o seu humor, sua sensibilidade, suas 
reações emocionais, sua memória, como se relaciona consigo mesmo e com 
os outros, seu sono, seus sonhos, seus desejos, fatos marcantes de sua vida e 
como os vivenciou. A história biopatográfica (tudo que aconteceu antes do 
adoecimento) e a história familiar complementam a investigação. É por meio da 
anamnese que se busca a singularidade de cada pessoa, observando o que há 
de mais característico, ou seja, aquilo que o particulariza. A subjetividade de 
cada sujeito será considerada na tomada e na análise de cada caso. Para isso, 
o tempo destinado à consulta deve ser suficiente para que possa ter a quali-
dade necessária para uma boa prescrição. 
Só depois de concluída esta fase de relato espontâneo, deve o médico pro-
ceder com um interrogatório, através de perguntas não diretivas, que iInicial-
mente visam esclarecer, especificar e modalizar os sintomas relatados pelo 
paciente. Depois, investigar sua história familiar, seus hábitos e condições de 
vida, sua história patológica pregressa. 
E só após deve-se iniciar as perguntas que buscam conhecer as condições 
atuais de funcionamento do organismo, como um todo (relação com clima, ho-
rários, sono, sede, desejos e aversões alimentares, sexualidade, suor...) e de 
cada parte (revisão de cada sistema e função). 
Aos exames físicos e os exames complementares deve-se dar o devido 
valor, pois além de um bom homeopata, ser um bom clínico é impresindível, 
ser capaz de fazer não apenas o diagnóstico homeopático (medicamentoso), 
mas também o diagnóstico das entidades nosológicas. Isto é importante não 
 
 
 
31 
apenas pela necessidade de comunicação com o paciente, seus familiares e o 
meio médico-sanitário em geral, mas também para o estabelecimento do 
prognóstico e a avaliação do caso em consultas subsequentes. 
Na anamnese identificam-se os sintomas homeopáticos, que podem ser 
mentais, gerais e locais (ou particulares). Para que um sintoma seja consider-
ado homeopático deve estar modalizado, isto é, associado às circunstâncias e 
condições que o provocam ou modificam. A valorização dos sintomas, além de 
considerar a hierarquia mental - geral - local, depende de sua raridade (fator 
que torna o sintoma específico ao indivíduo e pouco comum no conjunto de 
pessoas portadoras de uma determinada enfermidade); intensidade (diz re-
speito a quanto o sintoma perturba ou limita o indivíduo), antiguidade (diz re-
speito ao tempo prolongado de inserção do sintoma na vida do indivíduo), 
frequência e duração. 
 Construída a síndrome mínima de valor máximo (conjunto de sintomas 
mais relevantes) para o paciente, procede-se à reavaliação do caso, que con-
duz ao diagnóstico medicamentoso, aquele a ser prescrito. 
Com base no diagnóstico das entidades nosológicas, avalia-se o grau de aco-
metimento da energia vital e formulam-se as observações prognósticas: como 
se espera que o paciente reaja ao tratamento? Como deve se apresentar na 
próxima consulta, obedecidas às leis de cura? 
Lembrar que a matéria médica clínica homeopática, que é a organi-
zação e a reunião dos dados resultantes da observação da ação de substânci-
as no organismo sadio, visando à aplicação da Lei da Semelhança, é um in-
strumento utilizado pelo homeopata no estudo dos medicamentos, que o auxil-
iará na prescrição para cada caso em particular. Há diversos tipos de matérias 
médicas, como as clínicas e a matéria médica pura. O repertório homeopático 
é o índice de sintomas coletados a partir de registros toxicológicos, experi-
mentações em indivíduos "sãos" e curas na prática clínica, que é um instru-
mento complementar ao uso da matéria médica homeopática, na escolha do 
medicamento melhor indicado. 
 
9. O DIAGNÓSTICO 
 
 
 
 
32 
Na prática, pode-se se dizer que a predisposição inclina o sujeito a ex-
primir determinado distúrbio, ao passo que a suscetibilidade corresponde à 
permissão para que algum fator externo o provoque. A presença num mesmo 
indivíduo de predisposição e vulnerabilidade acentuadas aumenta bastante a 
probabilidade de ocorrência de uma possível alteração. As duasalternativas, 
em geral, se conjugam, ora sobrepujando a predisposição individual, ora a in-
fluência do ambiente. Ainda que se reafirme que o fator externo não tem poder 
de manifestar sintomas por si só e depende do organismo para elaborar as al-
terações, é necessário reconhecer que o ambiente não é totalmente passivo e 
inerte, como postularam alguns homeopatas: as bactérias são resultados da 
doença 65. 
Sob preceitos reducionistas, o conhecimento científico progrediu 
deveras quanto aos fatores locais da enfermidade. Sabe-se que muitas patolo-
gias estão relacionadas com a presença de determinado patógeno, com al-
terações moleculares e fisiopatológicas ou alguma condição do meio. No caso 
das infectocontagiosas, valoriza-se o grau de infectividade e de patogenicid-
ade, que varia para cada agente externo e aquele, com altos índices nesses 
dois aspectos, contagiará muitas pessoas e grande parte delas manifestará os 
respectivos sinais mórbidos. Desse modo, um microrganismo com alta pato-
genicidade, a exemplo do sarampo, tende a se manifestar em 99% das pes-
soas suscetíveis que se expõem a esse vírus66. Comparativamente, o vírus da 
poliomielite mostra baixa patogenicidade já que apenas 0,5% dos suscetíveis 
expostos apresentam a doença. 
Acrescente-se também que a variação de infectividade às vezes de-
pende da faixa etária, como na hepatite, em que a infecção crônica ocorre em 
mais de 95% das crianças infectadas ao nascimento, em 25 a 50% das cri-
anças infectadas entre 1 e 5 anos de idade e menos de 5% no adulto. A visão 
homeopática valoriza mais o sujeito, restringindo nele, praticamente, toda a 
possibilidade de adoecer, inclusive nos transtornos infectocontagiosos. 
A homeopatia propõe que a enfermidade depende de uma susceti-
bilidade pessoal e, sem esta, o fator extrínseco torna-se inócuo: a verdadeira 
causa da enfermidade está no próprio paciente. Existem alguns, em zonas ma-
láricas, que estão livres de infecção... 65 
 
 
 
33 
Nesse enfoque, o meio ambiente só atua quando existe vulnerabilidade 
ou idiossincrasia, que significa disposição de temperamento do indivíduo que o 
faz reagir de maneira muito pessoal à ação dos agentes externos. Ao afirmar 
que sem vulnerabilidade do sujeito não há doença, caminha-se para o extremo 
de menosprezar a participação do meio ambiente na causalidade da patologia, 
considerando-o sempre subordinado à suscetibilidade individual. Contudo, im-
porta admitir a existência de casos nos quais prepondera a predisposição e 
outros em que predomina o meio ambiente, sem esquecer aqueles em que 
ambos participam com cotas semelhantes. Focalizando a tendência individual 
para se manifestar determinado distúrbio, podemos classificá-la em discreta, 
moderada e intensa. 
O primeiro tipo dificilmente apresentará alterações de modo espontâneo, 
a não ser em presença de algum agente fortemente desencadeante. O ele-
mento com propensão moderada tem maiores possibilidades de manifestar as 
perturbações decorrentes do contato, especialmente se o fator externo tiver 
média ou alta patogenicidade. Finalmente, o sujeito com predisposição intensa 
pode exteriorizar a moléstia, sob estimulação exterior débil ou ausente. Em 
relação ao último tipo, a Teoria do Caos em Epidemiologia — que deve merec-
er a atenção do homeopata, ocupa-se com questões muito relevantes, por is-
so, questiona-se como alguém pode explicar que a doença possa desenvolver 
livremente, sem influência do meio ambiente, uma vez iniciado, o processo 
patológico se desenrola como se as condições iniciais ou contextuais não 
tivessem impacto algum sobre a progressão da doença? 
Assim, é, portanto, necessário conciliar a predisposição e o meio, dando 
a cada um o seu peso. A valorização de ambos, idiossincrasia e ambiente, na 
gênese das enfermidades produz uma teoria ampla, capaz de responder satis-
fatoriamente a uma gama de questões referentes ao tema. 
Ao se investigar a saúde ou eventual predisposição a qualquer patologia 
torna-se imprescindível verificar a trajetória de vida da pessoa, observando 
como reagiu ao impacto das experiências que ela própria classifica como 
difíceis. 
De acordo com as características do seu objeto de abordadem, a diag-
nose em Homeopatia, requer uma compreensão mais ampla, e se refere ao 
modo de entender e interpretar o fenômeno do adoecimento dentro da reali-
 
 
 
34 
dade específica de cada paciente, não se atendo, assim, apneas à classifi-
cação nosológica de doenças. 
Assim, para entender a diagnose em Homeopatia, é necessário ressaltar 
a importância dos conceitos de sensibilidade e de suscetibilidade para a prática 
centrada na totalidade da pessoa doente, cujos critérios terapêuticos e de in-
vestigação são baseados na individualização do paciente. 
Confirmando toda está ideia 70 discorre que toda e qualquer doença só 
poderia se instalar em um sujeito a ela predisposto, constituindo o mais im-
portante dos momentos etiol´gicos observados na clínica e na anátomo patolo-
gia. Portanto, em seu ponto de vista, a predisposição consiste na vulnerabi-
lidade do organismo em geral, ou em qualquer de suas partes, a determinadas 
moléstias. 
Dentro da visão homeopática, tanto a suscetibilidade, como a sensi-
bilidade, caracterizam-se como fenômenos não localizáveis, que se referem à 
totalidade do organismo e denotam a vulnerabilidade a que está exposto o pa-
ciente. 
Desta forma, ao buscarmos apreender o complexo sintomatológico com 
vistas à investigação do processo de adoecimento, parace necessário 
reconhecer as interferênicas do ambiente cultural e social na conformação da 
identidade do enfermo e da singularidade da doença. Ou seja, contextualiza o 
paciente e sua doença do processo histórico em que ele foi constituído como 
sujeito. 
Quanto à seleção dos medicamentos o profissional deve seguir os 
baseiam-se, também, nos parâmentros acima descritos, que são os mais am-
plos, à medida que levam em conta os sintomas físicos e mentais do paciente. 
 
10. VANTAGENS DA HOMEOPATIA 
 
Após apresentar amplo material atualizado e rigorosamente analisado, 
sobre pesquisas básicas, ensaios clínicos e revisões da literatura, o dossiê in-
diano conclui que o tratamento com medicamentos homeopáticos traz como 
vantagens: 
 
 
 
35 
(a) “(...) ser seguro, eficaz e baseado em substâncias naturais”; 
(b) por utilizar “(...) substâncias simples em microdoses, os medicamentos 
não estão associados com qualquer efeito tóxico e podem ser utilizado com 
segurança em mulheres grávidas, mães lactantes, lactentes e crianças e na 
população geriátrica”; 
(c) nas infecções, “pelo fato dos medicamentos homeopáticos não agirem 
diretamente sobre os microrganismos e sim sobre o sistema imune (autoprote-
tor) para combater o processo da doença (...) não se conhece resistência mi-
crobiana a homeopáticos”; 
(d) “o modo de administração de medicamentos homeopáticos é simples 
(...)”, não sendo utilizados “(...) métodos invasivos (...)” e, além disso, “(...) os 
medicamentos são altamente palatáveis, aumentando assim sua aceitação”; 
(e) “a falta de diagnóstico confirmado não representa um obstáculo para 
iniciar o tratamento com medicamentos homeopáticos”; 
(f) “a abordagem individualizada do tratamento está em consonância com 
a crescente tendência do tratamento preconizado na era moderna”; 
(g) “remédios homeopáticos não viciam: uma vez que o alívio ocorre, a 
pessoa doente pode facilmente parar de tomá-los”; e 
(h) “a relação custo-benefício do tratamento homeopático é comparativa-
mente melhor do que a de outros sistemas terapêuticos”41. 
 
11. EFEITO PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO DOS MEDICAMENTOS HOME-
OPÁTICOS 
As substâncias atuam nos organismos vivos produzindo uma per-
turbação que denominamos de efeito primário, provocado diretamente por elas. 
Para o reestabelecimento do estado normal após essa perturbação, o organis-
mo desenvolvereações, que denominamos de efeito secundário. O efeito 
secundário é oposto ao primário, pois é uma reação a ele. A utilização das 
doses mínimas em homeopatia tem por objetivo estimular o efeito secundário, 
oposto ao provocado pelo agente nocivo, possibilitando o reequilíbrio do organ-
 
 
 
36 
ismo, sem os indesejáveis efeitos primários71. O efeito secundário depende de 
fatores próprios do indivíduo, como sua sensibilidade, mas está relacionado 
também à potência do medicamento que deverá ser adequada para estimular 
de modo apropriado a força vital (KOSSACKROMANACH,2003). 
 
 
12. PRESCRIÇÕES HOMEOPÁTICAS 
Para esclarecer procedimentos e normas para a prescrição homeopáticas, as-
sita o vídeo abaixo indicado, que lhe agregará mais conhecimento prático, 
quanto ao assunto. 
---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
 Vídeo de apoio: HOMEOPATIA - O medicamento homeopático 
 
Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=cU7QizTXhJQ> 
 
Sinopse: O Dr. Moisés, nesta resportagem, no vídeo apresenta que o 
medicamento homeopático é receitado após uma consulta médica específica. 
Sendo assim, ele é único, para aquele quadro e para aquele momento (o simil-
limum). Assim, o medicamento precisa ser manipulado por profissional far-
macêutico habilitado a fabricá-lo, estocá-lo e dispensá-lo de forma adequada e 
que esteja apto a prestar. 
 
https://www.youtube.com/watch?v=cU7QizTXhJQ
 
 
 
37 
 
13. REFERÊNCIAS 
 
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