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Farmacologia Qualquer estímulo, seja ele de natureza química, física ou mecânica, capaz de iniciar um processo inflamatório no organismo desencadeará, de forma mais ou menos extensa, a produção de uma série de mediadores químicos, que terão sua ação centrada principalmente sobre eventos vasculares ou celulares. Processo inflamatório agudo - caracteriza-se pela curta duração e apresenta os sinais cardeais da inflamação (dor, calor, rubor e tumor, além da perda da função). Processo inflamatório crônico - perdura por um período indeterminado, não apresenta um padrão tão estereotipado, e varia de acordo com os tipos de mediadores celulares e humorais envolvidos. Mediadores químicos envolvidos no desenvolvimento do processo inflamatório: o De origem tissular: aminas vasoativas, fator de ativação plaquetária (PAF), eicosanoides, citocinas, radicais livres superóxidos, óxido nítrico e neuropeptídios o De origem plasmática: sistema de coagulação, sistema complemento e sistema das cininas. O termo “eicosanoide” refere-se aos lipídios insaturados, derivados da cisão do ácido araquidônico, a partir de enzimas específicas. o Assim, uma lesão qualquer que danifique a membrana das diferentes células do organismo será capaz de liberar frações de fosfolipídios, denominado ácido araquidônico, por meio da ação enzimática da fosfolipase A2 (FLA2), que, no estado não ativado, encontra-se na forma esterificada, ligada à membrana celular. O ácido araquidônico, quando liberado, não tem ação inflamatória. o Produtos de sua degradação, formados mediante ação de enzimas denominadas ciclooxigenase (COX) e lipooxigenase (LOX), são mediadores químicos fundamentais para o desenvolvimento do processo inflamatório. o COX origina: as prostaglandinas (PGs), prostaciclina (também chamada PGI2) e tromboxanos (TX). o LOX dão origem: aos leucotrienos (LT), às lipoxinas (LXA4 e LXB4) e às hepoxifilinas. O ácido araquidônico também dá origem aos endocanabinoides, cujos principais representantes são a anandamida e o 2araquidonilglicerol (2AG). DINÂMICA DO PROCESSO INFLAMATÓRIO: Após a liberação de mediadores químicos, inicia-se a fase vascular, caracterizada por vasodilatação (que confere o aspecto avermelhado ao tecido inflamado e promove o calor na região) e aumento da permeabilidade vascular; Estes eventos facilitam a passagem de proteínas plasmáticas para o tecido, carreando, consequentemente, uma grande quantidade de água, o que, por sua vez, origina o edema. Marginação leucocitária no leito vascular e a passagem destes para o tecido por meio de diapedese. Este mecanismo é auxiliado pela expressão de moléculas de adesão específicas na superfície de células endoteliais, denominadas moléculas de adesão intracelular integrinas além das selectinas. Estas moléculas, assim expressas, promovem a aderência dos leucócitos à parede vascular, facilitando a migração para o tecido extravascular. O processo inflamatório passa para a fase de reparação, no caso de uma evolução favorável, por meio da eliminação do agente causal, formação de tecido de granulação e cicatrização; Se o processo não caminhar para a resolução, poderá ocorrer supuração. DOR Experiência sensitiva e emocional desagradável. Pode ser periférica, central, vesicular ou somática. Mecanismos fisiopatológicos: o Neuropática: lesão ou doença do sistema nervoso somatossensorial, aguda e ardente, alterações na via nervosa. o Nociceptiva: originada por dano tecidual; compreende a dor somática e visceral; ocorre por meio da ativação ou sensibilização de nociceptores na periferia. o Nociplástica: decorre de plasticidade nociceptiva que reflete mudanças na função das vias nociceptivas. FEBRE O processo febril ocorre quando os leucócitos, que estão fagocitando partículas estranhas, liberam pirogênios endógenos (citocinas), que, após liberados, ligam-se a receptores endoteliais cerebrais, ou interagem com células da micróglia, ativando a formação de ácido araquidônico, via PLA2. Então, a COX2 cerebral produz PGE2, que, por sua vez, aumenta a temperatura corporal, por desregular o funcionamento hipotalâmico. o A temperatura permanecerá elevada até que não mais exista PGE2, ou até que o patógeno desapareça. Anti-inflamatórios Os AINEs têm maior efeito sobre a dor somática do que sobre a dor visceral, porém, só serão eficazes nas dores potencializadas pela presença de PG, ou seja, principalmente aquelas associadas a processos inflamatórios. Alguns anti-inflamatórios demonstram ação condroprotetora, a utilização de AINE nas terapias de degenerações articulares deve ser cautelosa, já que alguns deles (p. ex., ácido acetilsalicílico, fenilbutazona, indometacina, ibuprofeno e naproxeno) podem produzir efeito inverso. PRINCIPAIS AINEs UTILIZADOS EM MEDICINA VETERINÁRIA Podem ser divididos em dois grandes grupos: o Derivados do ácido carboxílico (RCOOH). o Derivados do ácido enólico (RCOH). O paracetamol e a dipirona, apesar de praticamente não apresentarem efeito anti- inflamatório, devem ser inseridos neste grupo, porque o mecanismo de ação é o mesmo dos AINEs (ou seja, por meio da inibição da COX). Derivados do ácido carboxílico: Salicilatos o Ácido acetilsalicílico (AAS) Apresenta propriedades analgésicas, anti-inflamatórias e antipiréticas, além de também promover a inibição da agregação plaquetária. Bem absorvido pelo trato gastrintestinal, pois se apresenta na forma não ionizada no estômago. Doses baixas já podem estar causando ações ulcerativas gastrintestinais, sangramentos e reações de hipersensibilidade. Doses tóxicas podem gerar febre, acidose metabólica, hipoprotrombinemia, bem como falha renal e respiratória, o que resulta em fatalidade. Os felinos, por possuírem pequena concentração de glicuroniltransferase, uma enzima que realiza a conjugação do ácido glicurônico presente na biotransfromação do ácido acetilsalicílico e compostos afins, desenvolvem sintomas de intoxicação. A sintomatologia caracteriza-se por: depressão, anorexia, hemorragia gástrica, vômitos, anemia, hepatite, hiperpneia e febre. Ácidos acéticos o Diclofenaco Anti-inflamatório de ação equipotente sobre a COX1 e a COX2. Possui alta potência anti-inflamatória e analgésica. É menos ulcerogênico que o ácido acetilsalicílico e a indometacina nas doses anti-inflamatórias. O diclofenaco também tem demonstrado ação condroprotetora Uso restrito em cães, devido ao desenvolvimento de sérios efeitos colaterais, principalmente os relacionados com sangramentos gástricos. Ácidos propiônicos o Ibuprofeno Propriedades farmacológicas melhores do que as obtidas com a utilização dos derivados do ácido acético. Inibe a COX1 e a COX2, além de também inibir a ativação e a agregação de neutrófilos, a geração de radicais livres e a liberação de enzimas lisossomais. É utilizado no tratamento de infecções de bovinos, principalmente aquelas relacionadas com choques endotóxicos e mastites, e no alívio de dores associadas a processos inflamatórios e adesões pós cirúrgicas. Não é indicado para uso em pequenos animais, já que possui baixa margem de segurança. o Carprofeno É utilizado principalmente em cães e equinos para obtenção de efeitos analgésicos. Em cães é também indicado para o tratamento de osteoartrites. É o mais seguro no que se refere aos efeitos indesejáveis sobre o trato gastrintestinal. Maior seletividade (afinidade) à COX2. o Cetoprofeno É um inibidor de COX e LOX, levando ao bloqueio das respostas inflamatórias celulares e vasculares. Capaz de antagonizar a ação da bradicinina e exerce ação estabilizadora de membranas. É aprovado para utilização em equinos, para alívio de inflamações e dores relacionadas com problemas musculoesqueléticose nos casos de cólica, devendo ser administrado por via intravenosa. Anti-inflamatório não esteroidal Ácido aminonicotínico o Flunixino meglumina Inibe COX Apresenta grande ação analgésica e anti-inflamatória em cavalos. No caso de endotoxemia ou dores de origem desconhecida, a dose preconizada deve ser diminuída para um quarto daquela utilizada no tratamento de processos inflamatórios. Derivados do ácido enólico: Pirazolonas o Fenilbutazona Equinos: inflamações ósseas e de articulação, assim como claudicações (preferido ao flunixino), cólicas agudas causadas por endotoxemia e afecções de tecidos moles, devido a sua eficácia e baixo custo; Entretanto, oferece pouca margem de segurança nesta espécie animal. Ação condrodegenerativa. Esta substância tem a propriedade de diminuir a produção de superóxidos (ação antioxidante), sendo também inibidor irreversível da COX. Não deve ser administrado perivascularmente, sob pena de causar flebites e necroses. Uso contínuo vem sendo associado a distúrbios do trato gastrintestinal, discrasias sanguíneas (agranulocitose e anemia aplástica), hepatotoxicidade e nefropatias em cães. Capacidade de aumentar a reabsorção de sódio e cloretos, o que a contraindica para pacientes com problemas renais, hepáticos e cardíacos. O uso deste anti-inflamatório em felinos deve ser feito com muita cautela, pois há grande número de relatos de intoxicação nestes animais. Oxicans o Piroxicam Longo período da ação anti-inflamatória. Inibi a formação de superóxidos, além de impedir ativação e agregação de neutrófilos e liberação de enzimas lisossomais. Ação analgésica satisfatória em cães. Tem mostrado ação antitumoral. Não se recomenda sua administração a felinos. o Meloxicam É um potente inibidor de TX e PG, com excelentes propriedades antipirética e analgésica, sendo usado para o tratamento de afecções musculoesqueléticas (osteoartrites), bem como précirurgicamente tratamento de afecções musculoesqueléticas (osteoartrites), bem como pré cirurgicamente Inibidor preferencial da COX2. Pode causar vômito, diarreia e inapetência em alguns animais, mas em doses altas relata-se ocorrência de hepatotoxicidade, perfuração de úlcera duodenal, com consequente peritonite e morte. Coxibes AINEs inibidores seletivos da COX2; Esses anti-inflamatórios também apresentam ações analgésicas e antitérmicas. Menor potencial ulcerogênico e nefrotóxico em relação aos outros grupos de anti- inflamatórios que inibem indistintamente as várias isoformas da COX. COX2 não está relacionada apenas à ocorrência das ações inflamatórias, mas também à função fisiológica sobre o parênquima renal, e que sua inibição neste nível pode levar a danos renais, de forma que somente seria interessante a prescrição destes medicamentos em pacientes em que se desejasse evitar lesões de ordem gastrintestinal. Recomenda-se que o tratamento das inflamações na Medicina Veterinária seja inicialmente realizado com AINEs convencionais. Lista C1 – receita de controle especial. o Firocoxibe Atua no controle da dor e da inflamação associada a osteoartrite em cães e equinos, particularmente para a osteoartrite crônica. É aprovado para o controle da dor e inflamação por até 14 dias. Efeitos colaterais leves estão associados à ocorrência de vômito, diarreia e inapetência. Filhotes menores de 7 meses são sensíveis a altas doses deste medicamento, podendo, mesmo, ir à óbito. o Robenacoxibe Uso exclusivo em gatos. Tem indicação para uso no tratamento da inflamação e dor aguda (de curta duração) associada a problemas musculoesqueléticos, bem como na dor e inflamação associadas à cirurgia ortopédica ou dos tecidos moles (como, por exemplo, na castração). Inibidores da ciclo-oxigenase com fraca ação anti-inflamatória São representantes desse grupo o paracetamol e a dipirona. o Paracetamol Caracterizam por possuir alto pKa e baixo grau de ligação com proteínas plasmáticas, o que lhes confere características farmacodinâmicas distintas daquelas obtidas na administração dos AINEs. Sua ação farmacológica é importante pelo efeito analgésico e antipirético; Porém, este composto possui baixa potência anti- inflamatória. Embora ainda não esteja completamente elucidado e havendo ainda muita controvérsia na literatura, propõe-se que os efeitos antipirético e analgésico do paracetamol sejam devidos à sua atuação inibitória sobre a COX2 cerebral. Os felinos são especialmente sensíveis à ação do paracetamol, pois esta espécie animal não realiza bem a conjugação pela glicuroniltransferase, enzima hepática necessária para a correta eliminação deste anti-inflamatório. Os gatos intoxicados apresentam inicialmente mucosa de coloração azulada, salivação e vômitos, que se iniciam nas primeiras 4 h de exposição. o Dipirona Também conhecida como metamizol. Confere fraca ação anti-inflamatória, apesar das propriedades antipirética e analgésica. Eficaz no alívio de dores leves e moderadas, e também das dores viscerais; Porém, a dipirona apresenta efeito de curta duração, pois é rapidamente biotransformada a compostos relacionados à pirazolona. Anti-inflamatórios que não atuam pela inibição de eicosanoides o Dimetil sulfóxido (DMSO) Subproduto do processamento da madeira e da destilação do petróleo. Propriedade de carrear consigo substâncias de pequeno peso molecular. A ação anti-inflamatória do DMSO e do seu metabólito, o dimetil sulfeto, reside na propriedade de remover radicais livres, principalmente hidroxilas. Possui propriedades analgésicas (devido à depressão da condução dos impulsos aferentes nervosos, a partir das áreas inflamadas), reduz a agregação plaquetária, protege o endotélio vascular, diminui a formação de trombos inflamadas), reduz a agregação plaquetária e protege o endotélio vascular. Quando aplicado por via tópica, é rapidamente absorvido, sendo também capaz de penetrar a barreira hematencefálica, diminuindo a produção de PG no SNC. Os principais efeitos colaterais: edema, eritema, desidratação cutânea e prurido, por causa da liberação de histamina. o Canabinoides Efeitos anti-inflamatórios promissores sobre o sistema nervoso, com ênfase em doenças crônicas degenerativas, de caráter imune, neuroendócrinas. A ação analgésica parece estar relacionada à supressão da via de transmissão nociceptiva. Também tem sido utilizado pela sua ação anticonvulsivante, anticancerígena, orexígena, antialérgica, sobre a isquemia cerebral, o diabetes, a artrite, dentre várias outras condições. As glândulas adrenais, presentes em todos os animais vertebrados, são responsáveis, em sua porção cortical, pela produção dos hormônios esteroides, sintetizados a partir do colesterol. Esses hormônios, também chamados de corticosteroides ou corticoides. Nos glicorticoides sintéticos a atividade anti- inflamatória/imunossupressora foi ampliada (bem como a atividade metabólica), e a atividade mineralorreguladora foi diminuída ou abolida, obtendo-se então os principais anti-inflamatórios esteroidais. Estes esteroides podem ser divididos de acordo com a duração de seus efeitos: o Ação rápida - hidrocortisona e a cortisona, apresentam potência menor do que os de ação mais prolongada. o Ação prolongada - betametasona e a dexametasona, apresentam estas características graças a sua ligação reduzida com proteínas plasmáticas, menor velocidade de excreção e (provavelmente) maior afinidade aos receptores. o Ação intermediária - prednisona, a prednisolona, a metilprednisolona e a triancinolona, se mostram extremamente adequados às terapias crônicas. Anti-inflamatório esteroidal Biotransformação e excreção: o A biotransformaçãodos glicocorticoides se dá principalmente no fígado, onde eles sofrem processos de oxidação, redução, hidroxilação e conjugação, sendo inativados, em sua maioria, embora alguns, como a cortisona e a prednisona, usem as vias metabólicas hepáticas para se tornarem ativos (hidrocortisona e prednisolona), por meio de processos de redução. o Uma vez transformados em compostos hidrossolúveis, são, na sua maioria, excretados por via renal. Parte dos corticosteroides metabolizados é adicionada à bile e excretada pela rota intestinal. Efeitos metabólicos gerais o Os hormônios glicocorticoides são agentes hiperglicemiantes, obtendo este efeito por meio de: inibição da captação e da utilização periférica da glicose (antagonizando a ação da insulina); E promoção da gliconeogênese. o O cortisol e alguns glicocorticoides sintéticos, em concentrações farmacológicas, podem apresentar alguns efeitos mineralocorticoides, promovendo retenção de sódio, excreção de potássio e expansão do volume extracelular. o O metabolismo do cálcio também é afetado pelos esteroides adrenais, pelo aumento da excreção urinária, causado pela diminuição da reabsorção renal, com consequente hipercalciúria. A absorção intestinal de cálcio também é diminuída. Efeitos nos sistemas orgânicos o No trato gastrintestinal, observam-se aumento da secreção de ácido gástrico, de pepsina e do suco pancreático; Redução do crescimento e da renovação das células gástricas, bem como redução da produção de muco. o Diminuição da secreção do hormônio de crescimento (GH). o Na pele, inibem a síntese de material conjuntivo (colágeno e ácido hialurônico, principalmente), com consequente diminuição da espessura dérmica, tornando difícil a cicatrização. o Promovem atrofia e fraqueza muscular. Também aumentam a reabsorção óssea. o Aumentam o débito cardíaco e o tônus vascular ao proporcionar maior sensibilidade às catecolaminas pela ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona, por sua atividade mineralocorticoide intrínseca e por sua capacidade de suprimir as respostas vasodilatadoras. Desse modo, o hipercortisolismo pode causar hipertensão arterial, hipocortisolismo e hipotensão. o Efeito supressor em sua própria secreção. o Tireotropina (TSH), GH, hormônio foliculoestimulante (FSH), hormônio luteinizante (LH) e prolactina, também podem ter as suas taxas de secreção severamente comprometidas. Efeitos anti-inflamatórios e imunossupressores o A principal indicação terapêutica dos glicocorticoides deve-se aos seus potentes efeitos anti-inflamatórios e imunossupressores. Eles são capazes de bloquear desde as manifestações mais precoces do processo inflamatório, como dor, calor e rubor, até as mais tardias como reparação e proliferação tecidual. o Nos leucócitos atuam de forma a diminuir a migração de neutrófilos para o sítio de lesão, ao mesmo tempo que estimula a sua liberação pela medula óssea, o que resulta em neutrofilia. o No sistema linfoide, sabe-se que doses farmacológicas de glicocorticoides levam à linfopenia. A linfopenia se deve à redistribuição dos linfócitos contidos no compartimento intravascular para os compartimentos extravasculares (linfonodos, baço, medula óssea e ducto torácico). o No processo inflamatório, sua atuação se dá por meio da atuação no metabolismo dos mediadores imunoestimulantes e pró- inflamatórios. Assim, um dos mais importantes efeitos se dá pela inibição do fator de transcrição nuclear NF-κB, que aumenta a transcrição de genes de citocinas, quimiocinas, fatores de crescimento, moléculas de adesão celular, fatores de complemento, imunorreceptores e enzimas importantes no processo inflamatório, como a ciclooxigenase2 (COX2). Implicações hemostásticas dos glicocorticoides o Elevados níveis de glicocorticoide, cronicamente, na corrente sanguínea, podem acarretar um estado de hipercoagulabilidade sanguínea - desenvolver eventos tromboembólicos. o o aumento de fatores pró coagulantes, tais como II, V, VII, IX, X, XII, fibrinogênio e também à diminuição de um fator natural anticoagulante, a antitrombina. INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS E POSOLOGIA o A dose adequada para um determinado paciente deve ser ajustada em base de tentativas e erros e, no caso de se tratar de tratamento a longo prazo, a dose ideal deve ser ajustada periodicamente tratamento a longo prazo, a dose ideal deve ser ajustada periodicamente. o Uma única dose de um corticosteroide com ação rápida, mesmo que em concentrações elevadas, é virtualmente desprovida de efeitos colaterais. o Por poucos dias de corticoidoterapia de efeito rápido, em doses baixas a moderadas, o aparecimento de efeitos indesejáveis é improvável, desde que não existam contraindicações. o A terapia com glicocorticoides é prolongada para semanas a meses, a administração do medicamento em doses acima das necessidades fisiológicas aumenta a incidência de manifestações colaterais. o Com exceção dos casos de insuficiência adrenal, em que há necessidade do uso de glicocorticoides, as demais aplicações dos esteroides são de natureza sintomática, não atuando sobre a causa da doença e, portanto, não levando à cura. o A interrupção abrupta da medicação em casos de terapia crônica e em altas doses leva ao aparecimento de sintomas clínicos de privação, isto é, a uma situação de hipoadrenocorticismo. INDICAÇÕES TERAPEUTICAS: Insuficiência adrenal o Reposição esteroide no tratamento do hipoadrenocorticismo, endógeno ou iatrogênico, é a única indicação primária para o uso dos glicocorticoides, na qual se trata a causa e não as consequências. o Nas situações de ausência ou diminuição concomitante da aldosterona (hipoadrenocorticismo primário), faz-se necessária a aplicação de esteroides que também tenham atividade mineralocorticoide, como a hidrocortisona. Doenças imunomediadas Doenças autoimunes o Anemia hemolítica e a trombocitopenia autoimunes, lúpus eritematoso sistêmico, pênfigos, polineuropatias e polimiosites. o Uso deve ser crônico. o Fase de indução, esta dose pode ser dividida e fornecida a cada 8 ou 12 h, ou em dose total, a cada 24 h. Nos casos mais agudos ou mais graves, pode-se optar por corticosteroides de ação mais rápida e por via intravenosa. Esta fase de indução deve durar de 7 a 10 dias, ou até a normalização clínica do paciente. o Estabilizado o quadro, deve-se tentar uma dose mais baixa, de manutenção, a cada 24 h, nos primeiros 7 a 10 dias e, então, sempre que possível, instituir a corticoidoterapia em dias alternados. Uso de esteroides em dias alternados, ou a cada 3 dias, permite a recuperação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e minimiza o aparecimento de efeitos colaterais. Condições alérgicas o A maioria das doenças imunomediadas, originadas de reações inflamatórias contra agentes alergênicos, é controlável pelo uso de glicorticoides. o Neste grupo de doenças incluem-se as dermatopatias alérgicas (tais como atopia, dermatite alérgica à picada de pulga ou outros ectoparasitas, dermatite alérgica de contato, hipersensibilidade alimentar), as reações a picadas de animais peçonhentos e também as doenças do sistema digestório e doenças broncopulmonares de natureza alérgica. Doenças brônquicas e pulmonares o Utilizados no tratamento de doenças brônquicas e pulmonares obstrutivas, como a bronquite crônica e a asma. o Trata-se de condições clínicas que envolvem reações imunológicas de hipersensibilidade do tipo I. o Os glicocorticoides são essenciais nessas condições, pois reduzem a inflamação, estabilizam os mastócitos e diminuem a produção de muco. Além disso, apresentam efeitos sinérgicos com os broncodilatadores. Traumas articulares o O principal uso dos glicocorticoides na clínica de equinos é para o tratamento de traumas articulares.o A administração deste medicamento se faz por via intra-articular com o objetivo de se minimizarem os efeitos sistêmicos produzidos pelos anti-inflamatórios esteroidais. o A administração intra-articular poderá produzir efeitos intrassinoviais bastante sérios, tais como o decréscimo da elasticidade da cartilagem e da quantidade de glicosaminoglicano, produzindo progressiva degeneração da cartilagem; Depósitos de cálcio na superfície hialina; Adelgaçamento e fissura da cartilagem e também decréscimo tanto da viscosidade como do conteúdo do ácido hialurônico no fluido sinovial. Traumas e edemas cerebrospinais o Tratamento de casos de traumas dos sistemas nervoso central e periférico. São também frequentes as suas aplicações em casos de edemas e reações inflamatórias causadas por neoplasias ou infecções do tecido nervoso. o Normalmente altas doses são necessárias para se obterem efeitos benéficos, principalmente nos casos traumáticos. o Terapia anti-inflamatória de curta duração. Choques o Hemorrágico e os choques sépticos. o Consequência da má perfusão de órgãos e tecidos, sendo objetivos do tratamento o restabelecimento da perfusão tecidual e a normalização do volume intravascular. o Preservação da integridade da microvasculatura e da inibição dos eventos que levam à citotoxicidade e à atuação dos radicais livres. Terapia antineoplásica o Usados como coadjuvante nas quimioterapias em virtude de seu efeito citotóxico, além de diminuírem o edema, o processo inflamatório e estimularem o apetite. o No tecido linfoide, seu efeito de promoção de apoptose é evidente nas células cancerosas, sendo um coadjuvante muito utilizado na quimioterapia dos linfomas. EFEITOS COLATERAIS Precauções e contraindicações: o Devem ser evitados, ou usados o mais criteriosamente possível quando da presença de condições como: Doenças infecciosas, devido à sua natureza imunossupressora; Hemorragias e/ou perfurações, dada a sua interferência na vascularização, na secreção gástrica e nos mecanismos de reepitelização das mucosas. Diabetes melito, uma vez que são hormônios hiperglicemiantes e antagônicos à ação da insulina. Pancreatites, pela sua capacidade de aumentar a viscosidade das secreções pancreáticas, promover hiperplasia dos ductos pancreáticos e provocar lipemia. Doenças renais, visto que os esteroides promovem o catabolismo proteico, com consequente aumento dos produtos nitrogenados e agravamento das situações de azotemia; Cardiopatias, visto que alguns esteroides sintéticos retêm a atividade mineralocorticoide, o que leva à retenção hídrica, piorando os estados congestivos. Substâncias químicas usadas para combater os microrganismos. Os antimicrobianos inespecíficos atuam nos microrganismos em geral, quer sejam patogênicos, ou não; Pertencem a este grupo os antissépticos e os desinfetantes Os antimicrobianos específicos atuam em microrganismos responsáveis pelas doenças infecciosas que acometem os animais. Quimioterápico a substância química definida (produzida por síntese laboratorial) que, introduzida no organismo animal, age de maneira seletiva no agente causador do processo infeccioso, sem causar efeito nocivo sobre o hospedeiro. o Atualmente, o uso do termo quimioterápico foi ampliado, sendo empregado também com outra conotação, referindo-se a medicamentos que não são usados para o tratamento de processos infecciosos, como inicialmente proposto. Terapia de neoplasias. Antibióticos: substâncias químicas (medicamentos) produzidas por microrganismos, ou os seus equivalentes sintéticos, que têm a capacidade de, em pequenas doses, inibir o crescimento (bacteriostático, fungistático etc.) ou destruir (bactericida, fungicida etc.) microrganismos causadores de doenças. Antibióticos biossintéticos: são aqueles que são obtidos a partir de cultura de microrganismos, à qual acrescentam-se substâncias químicas capazes de alterar a estrutura molecular do antibiótico que está sendo produzido; Como exemplo, tem-se a penicilina V (fenoximetilpenicilina). Antibióticos semissintéticos: são obtidos em laboratório acrescentando-se radicais químicos ao núcleo ativo de um antibiótico isolado de um meio de cultura, no qual cresce um microrganismo; São exemplos as penicilinas semissintéticas oxacilina, ampicilina, amoxicilina etc. Sintobióticos: antibióticos obtidos exclusivamente por síntese laboratorial, tanto parcial como total, porém a partir do estudo dos precursores obtidos de microrganismos. USO DE ANTIMICROBIANOS EM MEDICINA VETERINÁRIA Antimicrobianos inespecíficos, por exemplo, os desinfetantes, para auxiliar na limpeza e na desinfecção das instalações zootécnicas a fim de garantir a sanidade dos animais alojados, em materiais que entram em contato com produtos de origem animal na indústria de alimentos e em equipamentos. Antimicrobianos Antimicrobianos específicos- terapêutico, profilaxia, metafiláticos e aditivos zootécnicos. ATIVIDADES BACTERIOSTÁTICA E BACTERICIDA DOS ANTIMICROBIANOS o Bacteriostático - inibe a multiplicação da bactéria, mas não a destrói, com a suspensão da exposição ao antimicrobiano a bactéria volta a crescer. o Bactericida - exerce efeito letal sobre a bactéria, sendo esse efeito irreversível. Da mesma forma são empregados os termos fungistático, fungicida, virustático e virucida. o As atividades bacteriostática e bactericida do antimicrobiano dependem de sua concentração no local. o Alguns antimicrobianos inibem o crescimento bacteriano em determinada concentração, a concentração inibitória mínima (CIM ou MIC, minimum inhibitory concentration), e necessitam de uma concentração maior para matar o microrganismo, a concentração bactericida mínima (CBM ou MBC, minimum bactericidal concentration). o Quanto maior a distância entre esses valores - atividade bacteriostática. Quanto mais próximos forem esses valores - atividade bactericida. FATORES DETERMINANTES NA PRESCRIÇÃO DE ANTIMICROBIANOS Agente etiológico (microrganismo) deve ser identificado, sempre que possível. Quando não for possível, deve-se presumi-lo, considerando dados como quadro clínico, localização do processo infeccioso, faixa etária, achados epidemiológicos e laboratoriais. A escolha do antimicrobiano deve ser fundamentada no conhecimento de suas propriedades e estas devem se aproximar daquelas do antimicrobiano ideal. As propriedades do antimicrobiano ideal são: o Destruir o microrganismo (bactericida, fungicida) em vez de inibir o seu desenvolvimento (bacteriostático, fungistático). o Apresentar amplo espectro de ação sobre os microrganismos patogênicos. o Ter alto índice terapêutico. o Exercer atividade na presença de fluidos do organismo (exsudato, pus etc.) o Não perturbar as defesas do organismo (síntese de anticorpos, migração de células de defesa). o Não produzir reações de sensibilização alérgica. o Não favorecer o desenvolvimento de resistência bacteriana. o Distribuir-se por todos os tecidos e líquidos do organismo, em concentrações adequadas. o Poder ser administrado por diferentes vias (vias oral, parenteral e local). o Ter preço acessível. Portanto, na escolha do antimicrobiano devem-se considerar: o Características farmacocinéticas do antimicrobiano: via de administração, propriedades físico-químicas, distribuição e eliminação, volume de distribuição, meia- vida, taxa de depuração e barreiras para penetração. o Características farmacodinâmicas do antimicrobiano: CIM, CBM, atividades concentração-dependente e tempo- dependente e efeito pós-antibiótico. o Riscos ligados ao uso do antimicrobiano: toxicidade para o hospedeiro, interações medicamentosas, destruição da flora do hospedeiro, promoção de resistência bacteriana, dano tecidual no local da administração, resíduos em animaisprodutores de alimento, interferência nos mecanismos de defesa do animal. o Custos: do tratamento, valor zootécnico do animal e perda na produção. CAUSAS DO INSUCESSO DA TERAPIA ANTIMICROBIANA o Tratamento de infecções não sensíveis, como a maioria das viroses. o Tratamento de febres de origem desconhecida, em que o agente causal pode não ser infeccioso. o Erro na escolha do antimicrobiano e/ou na sua posologia (dose, intervalo entre doses, duração do tratamento). o Tratamento iniciado com atraso, quando o microrganismo já causou as lesões no organismo animal. o Focos infecciosos encistados, pus, tecidos necróticos, corpos estranhos, cálculos renais, sequestros ósseos que dificultam a atuação do antimicrobiano. o Processos infecciosos em tecidos não atingidos pelo antimicrobiano ou, quando o fazem, as concentrações são insuficientes. o Persistência, isto é, o agente infeccioso é sensível ao antimicrobiano in vitro, porém nos tecidos do animal o microrganismo pode encontrar-se em uma fase do seu ciclo na qual é refratário ao medicamento. o Resistência bacteriana, que pode ser natural ou adquirida. A resistência bacteriana adquirida pode ser por mutação (ocorre por acaso) ou transferência de genes de bactéria receptora), como extracromossômica (através do plasmídeo ou fator de resistência, que representa 1% do material genético do cromossomo) e pode ocorrer por: o Transformação: a bactéria incorpora genes de resistência presentes no meio, os quais foram produzidos por outra bactéria. o Transdução: o gene de resistência é transferido de uma bactéria para outra por meio de um bacteriófago. o Conjugação: a transferência do gene de resistência é feita através de uma ponte citoplasmática que é estabelecida entre duas bactérias, e uma delas deve possuir o fator F (fertilidade) para que este processo ocorra. o Transposição: é feita por meio de transpósons, que são segmentos de DNA que podem transferir-se de uma molécula de DNA para outra. Assim, a transferência de gene de resistência ocorre de um plasmídeo para outro, para o cromossomo ou para um bacteriófago, porém, diferentemente do plasmídeo, os transpósons não são capazes de replicar-se independentemente. Os transpósons, ao incorporarem-se ao cromossomo bacteriano ou ao plasmídeo, podem manter-se estáveis e replicar-se junto com o DNA bacteriano. Há também os intégrons, que são geralmente parte da composição dos transpósons, aumentando a mobilidade dos determinantes da resistência. Mutação, transdução e transformação são formas de resistência mais comuns em bactérias gram-positivas; as gram-negativas podem apresentar qualquer uma destas formas, predominando, contudo, a transposição. Vários mecanismos de resistência aos antimicrobianos foram identificados nas bactérias e classificados em quatro categorias: o Redução da permeabilidade da célula bacteriana ao antimicrobiano: redução da formação de porina (proteína transmembrana que permite a passagem de substâncias para o interior da bactéria). o Bomba de efluxo que lança para fora da célula bacteriana o antimicrobiano: efluxo de macrolídios e estreptograminas. o Inativação do antimicrobiano antes ou após sua penetração no microrganismo o Modificação do alvo no qual age o antimicrobiano ou aquisição de uma via alternativa: observada em bactérias gram- positivas que protegem o ribossomo da ligação com tetraciclina. Biofilme bacteriano - responsável pela resistência bacteriana. o Matriz extracelular protetora, composta por polissacarídeos, DNA extracelular, enzimas e outros componentes produzidos pelas bactérias em resposta a condições ambientais adversas (p. ex., presença de antimicrobianos), fazendo com que as bactérias deixem de se comportar como seres unicelulares e formem uma grande colônia. o A formação do biofilme bacteriano durante infecções crônicas confere à bactéria tolerância aos antimicrobianos e citotoxicidade. ASSOCIAÇÃO DE ANTIMICROBIANOS Tratamento de infecções mistas, em que os microrganismos são sensíveis a diferentes antimicrobianos. Para evitar ou retardar o aparecimento de resistência na bactéria. Este é um aspecto controverso. Para maior efeito terapêutico o tratamento do processo infeccioso com uma associação de antimicrobianos. Para obter-se sinergismo, isto é, quando a atividade antimicrobiana da associação é maior do que aquela obtida quando cada um deles é usado isoladamente. Processos infecciosos em pacientes imunodeprimidos, os quais geralmente apresentam resposta deficiente ao tratamento; A associação visa melhorar esta resposta. As associações de antimicrobianos com efeito sinérgico: Sulfa + trimetoprima: inibição sequencial de etapas sucessivas do metabolismo da bactéria). Mecilinam + ampicilina: Inibição sequencial da síntese da parede celular. Antibiótico betalactâmico + aminoglicosídio: facilitação da entrada na célula bacteriana de um antimicrobiano por outro. Ampicilina + ácido clavulânico: inibição de enzimas inativadoras. Eritromicina + rifampicina: prevenção do surgimento de resistência bacteriana. As associações de antimicrobianos que mostraram antagonismo são: Macrolídios e cloranfenicol: competição pelo mesmo sítio de ação Aminoglicosídios e cloranfenicol: inibição de mecanismos de permeabilidade celular Imipeném e cefoxitina associados aos betalactâmicos mais antigos instáveis à betalactamase: indução de betalactamases por antibióticos betalactâmicos. Antisséptico e desinfetantes Assepsia: conjunto de medidas empregadas para impedir a penetração e o crescimento de germes em um determinado ambiente, material, ou superfície, tornando-os livres de agentes infectantes. Antissepsia: eliminação de microrganismos da pele, mucosa ou tecidos vivos, com auxílio de agentes antissépticos (substâncias microbicidas ou microbiostáticas). Desinfecção: conjunto de medidas empregadas para eliminação de microrganismos, exceto esporulados, de materiais, objetos ou superfícies inanimadas, por meio de processo físico ou químico, com auxílio de desinfetantes. Esterilização: processo de destruição absoluta ou remoção de todos os microrganismos, inclusive esporos. Uma inadequada antissepsia da pele pode ser resultado de: o Perda da atividade antimicrobiana intrínseca do antisséptico; o Resistência do microrganismo (ou patógeno); o (3) excesso de diluição; o Contaminação do antisséptico. Da mesma forma, a inadequada desinfecção de equipamentos médicos, ou de ambientes e superfícies pode ser devida a: o Perda da atividade intrínseca do desinfetante; o Escolha incorreta do desinfetante; o Resistência do patógeno; o Excesso de diluição do desinfetante; o Tempo inadequado de duração da desinfecção; o Perda do contato entre o desinfetante e o patógeno; o Contaminação do desinfetante. o
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