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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA MATHEUS RAMALHO CHIM PRODUÇÃO DE VIDRO COLORIDO A PARTIR DA CINZA DA CASACA DE ARROZ Trabalho referente ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Engenharia – PPEng da Universidade Federal do Pampa, como requisito parcial para a obtenção do Título de Mestre em Engenharia, da disciplina: Técnicas De Caracterização Dos Materiais II Prof. Dr. Jacson Weber de Menezes ALEGRETE 2023 1. Introdução As matérias primas utilizadas na produção deste tipo de vidro são a sílica, carbonato de cálcio e carbonato de sódio. A sílica é proveniente de areias de quartzo mineradas, contudo a extração da areia é danosa ao meio ambiente por estar envolvida com a retirada das espécies de vegetação nativas, ligadas a erosão e ao assoreamento de cursos de água (SCHAEFFER, 1998; MAIA, 2017). Em contrapartida um resíduo da indústria do arroz com alto percentual de sílica vem se mostrando promissor para sua substituição, a sílica da cinza da casca do arroz substitui a areia na produção de vidros (GONÇALVES, 2019). Contudo ainda existem barreiras a ultrapassar, conhecer as formulas para produção de vidros coloridos ainda é uma delas. Com intuito de gerar tais conhecimentos esse estudo está em desenvolvimento. 2. Artigo 1: Avaliação da interação da radiação solar com vidros coloridos e seu comportamento térmico 2.1. Introdução O estudo visa caracterizar o comportamento térmico de vidros coloridos sódico cálcicos, a partir fenômenos físicos ocorridos quando a luz solar interage os materiais, objetivando entender o aquecimento diferencial e a degradação dos vidros, são utilizados vidros de coloração vermelha, incolor, amarela, verde, turquesa, azul, violeta e marrom. 2.2. Caracterização dos vidros coloridos e seus comportamentos térmicos: Os vidros foram adquiridos na LambertsGlas®, depois polidos e em forma de lâminas com 1mm de espessura, para sua caracterização foi utilizada as técnicas de espectroscopia de fluorescência de raios X, dilatometria, espectrofotometria UV-vis-IR, condutividade térmica e termocâmera infravermelha. A análise química foi feita através da fluorescência de raios X. 2.3. Fluorescência de raios X FRX Através da fluorescência de raios X foi demonstrado que as amostras de vidros diferem em suas composições em razão das características de coloração de cada um (tabela 1). Tabela 1: Composição química dos vidros coloridos Principais formadores do vidro O óxido de silício (SiO2) é o principal formador de vidro seguidos pelo óxido de alumínio (Al2O3) e pentóxido de fósforo (P2O5) que se mostrou mais comum em vidros de coloração vermelha e amarela. Óxidos alcalinos – Fundentes Os óxidos alcalinos são óxido de sódio (Na2O) e óxido de potássio (K2O) ajudam a fundir o vidro em temperaturas mais baixas. Óxidos alcalinos-terrosos – Estabilizadores: Os óxidos alcalinos-terrosos são estabilizadores que evitam a degradação dos vidros e a formação de cristalizações, compostos por óxido de cálcio (CaO), óxido de magnésio (MgO) e óxido de bário (BaO). Outros Óxidos – Estabilizadores: Outros óxidos que estabilizam são o óxido de chumbo (PbO) e o óxido de zinco (ZnO), detectados naqueles vidros com baixo teor de óxidos alcalino- terrosos Óxidos que conferem cor ao vidro Óxidos que conferem coloração através da absorção de frequências na região do visível (400-700 nm) são óxido de cromo (Cr2O3), que confere cor verde, óxido de cobre (CuO) de cor azul, óxido de manganês (MnO), de cor violeta, óxido de ferro (Fe2O3). O óxido de cádmio (CdO) pode produzir coloração vermelha/amarela devido ao mecanismo sinérgico de absorção-dispersão da luz de agregações coloidais ou microcristalinas. O óxido de arsênio (As2O3) tem sido utilizado como agente descolorante através da indução a formação de Fe3+ gerando tonalidade amarelada pálida, favorece também a remoção de bolhas de vidro durante a fusão. 2.4. Comportamento térmico O espectro solar é dividido em três faixas com contribuição com apenas 10% UV (200– 400 nm) é a faixa mais energética, contudo na menor região; 40% Visível (400–700 nm); 50% Infravermelho Próximo (NIR) (700–2500 nm) é a faixa menos energética, porém mais extensa. Nos vidros do estudo a absorbância no nível infravermelho foi determinada com maior aquecimento. 2.5. Espectrofotometria UV-vis-IR Figura 1: Espectros de absorbância de vidros coloridos nas regiões UV-Vis- NIR: A figura 1 mostra o espectro de absorbância de todos os vidros na faixa de 280–2500 nm. Todas as amostras apresentam grande absorção na região do UV. Na faixa do visível, a maior absorção corresponde ao vermelho, seguido do azul e dos vidros marrons (marrom e azul com cores trocadas na figura). Por fim, os vidros azul, turquesa e verde apresentam os maiores valores de absorção na região NIR, sendo o restante praticamente transparente ao infravermelho. Vidros incolores e roxos têm os valores de absorção mais baixos em todo o espectro 2.6. Conclusões Os vidros azul, turquesa, vermelho e verde apresentaram os maiores coeficientes de absorção total em razão. Os vidros azul, verde e turquesa são os que mais aquecem sob a irradiação solar, com maior absorção NIR. Os incolores e violetas os menores valores. O vidro vermelho, com alto coeficiente de absorção total, foi menos aquecido devido ao seu baixo NIR. 3. Artigo 2: Efeitos da corrosão química com ácido clorídrico em uma superfície de vidro 3.1. Introdução Alguns tratamentos de superfície de vidraria que removem alcalinidade da superfície melhorando muito a sua durabilidade, com finalidade de eliminar sódio, cálcio e alumínio na superfície do vidro a partir de tratamento de corrosão, o vidro foram quimicamente atacadas com ácido clorídrico usando três métodos diferentes. 3.2. Materiais e métodos Para o estudo foram preparadas três amostras com diferentes tratamentos de ataque químico e uma amostra sem o tratamento como testemunha: A. Vidro sem tratamento; B. Lavado com isopropanol, fervido por 30mim em HCl 36%; C. Lavado com isopropanol, sonicado por 30mim em HCl 36%; D. Lavado com isopropanol, embebido por 6horas em HCl 36%. Para analises utilizadas foram os seguintes métodos: Espectros de fotoelétrons de raios X (XPS), Retroespalhamento de Rutherford (RBS) e Microscopia de força atômica (AFM). 3.3. Resultados 3.3.1. Espectros de fotoelétrons de raios X, Retroespalhamento de Rutherford A análise espectros de Fotoelétrons de raios X mostra que o pico de Sódio (Na) diminui com o a corrosão química, mostrando ser um método mais eficaz quando aliado ao aquecimento conforme o tratamento B. Quanto a análise de Retroespalhamento de Rutherford (RBS) os tratamentos com ácido clorídrico na faixa de comprimento de onda de 400–800 nm foram quase constantes com valores de 1. 3.3.2. Microscopia de força atômica AFM A figura 2 mostra Imagens de superfície AFM do vidro como os respectivos tratamentos de corrosão: A vidro sem tratamento, B fervido por 30 min em uma solução de HCl a 36%, C sonicado por 30 min em uma solução de HCl a 36% e D embebido em uma solução de HCl a 36% em temperatura ambiente por 6 h. A Figura 3 mostra as imagens da superfície AFM do vidro após os ataques químicos com ácido clorídrico (HCl). A rugosidade superficial aumenta com o uso do HCl sendo mais áspera na amostra D com uma rugosidade de 14,3 nm; seguida pela C e rugosidade de 5,01 nm; quanto ao tratamento B, foi obtido a melhor rugosidade 2,79 nm ainda sendo mais áspero que a amostra sem tratamento com apenas 0,58 nm. 3.4. Conclusões Ferver o vidro em uma solução de HCl é o por 30 minutos se mostrou o processo mais promissor para eliminação de sódio, alumínio, e cálcio gerando uma superfície do vidrorelativamente mais suave, ou seja, com menos rugosidades que os outros tratamentos. O teor de sódio de o vidro testemunha ficou em 9% enquanto o vidro fervido por 30 min em HCl a 36% solução foi de 2%. Através do tratamento químico aliado à fervura é possível ser aplicar em grande escala para a eliminação do sódio no copo superfície. 4. Referências GONÇALVES, Jaderson. Fabricação De Vidros Utilizando Sílica Proveniente Da Cinza Da Casca De Arroz E Sua Aplicação Na Confecção De Microesferas. Orientador: Jacson Weber de Menezes. 2019. 65 f. Tcc (Mestrado) - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA, Alegrete, RS, 2019. JANG, H.K et al. Effects of chemical etching with hydrochloric acid on a glass surface. Journal of Vacuum Science & Technology A, Online, v. 18, p. 2563-2567, 3 jan. 2000. Disponível em: https://doi.org/10.1116/1.1287445. Acesso em: 23 jan. 2023. MAIA, B. G. O. et al. Caracterização de Vidros Sódico-cálcicos Produzidos a Partir de Resíduos Sólidos. Cerâmica Industrial, v. 22, p. 32 - 39, 2017. PALOMAR, T et al. Evaluation of the interaction of solar radiation with colored glasses and its thermal behavior. Journal of Non-Crystalline Solids, Madrid, Spain, 21 set. 2021. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jnoncrysol.2021.121376. Acesso em: 23 jan. 2023. SCHAEFFER, H. A. Scientific and technological challenges of industrial glass melting. Solid State Ionics, v. 105, p. 265 - 270, 1998.
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