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CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA ENG 350 - CONSTRUÇÕES RURAIS Atividade Avaliativa 2 Relatório: Propriedades físicas e mecânicas da madeira, concreto e aço Leticia Carvalho Passos - 98688 Viçosa - MG 2023 1. Introdução Os ensaios laboratoriais de resistência dos materiais visam a determinação das propriedades físicas e mecânicas, como o módulo de elasticidade, alongamento máximo, plasticidade, entre outras. Tais propriedades indicam qual será o comportamento do material sob diversos esforços mecânicos. Dessa forma, os ensaios buscam avaliar a resposta de tais materiais à aplicação de diferentes esforços, simulando situações reais em corpos de prova, isto é, uma fração com dimensões conhecidas do material a ser analisado. Nesse sentido, a realização dos testes de resistência é fundamental para a prevenção do comportamento do material sob tais esforços, visto que, é a partir desses testes é realizado o adequado dimensionamento dos elementos estruturais a serem utilizados nas construções. Assim sendo, a realização desses testes antes do dimensionamento dos elementos estruturais de uma construção minimiza a deformação, garantindo conformidade às normas técnicas e aumentando a segurança (SARTOR & BETA, 2011). Este relatório apresenta os resultados dos testes conduzidos durante uma aula prática da disciplina de Construções Rurais. Nesta aula, foram realizados ensaios laboratoriais para madeira, concreto simples e aço sob esforços mecânicos de tração, compressão, flexão e cisalhamento. Sendo estudado, respectivamente, as respectivas propriedades para cada material: 1. Resistência e coeficiente de segurança na compressão, cisalhamento e flexão, e módulo de elasticidade; 2. massa específica, resistência e tensão de escoamento na tração, coeficiente de segurança, módulo de elasticidade e alongamento máximo na ruptura; 3. massa específica e resistência à compressão. 2. Objetivo Os ensaios realizados nessa atividade têm como objetivo calcular as propriedades físicas e mecânicas da madeira, concreto simples e aço utilizando corpos de prova de diferentes espécies de madeira e de diferentes traços e idades no caso do concreto. 3. Materiais e Métodos Foram realizados testes de resistência de materiais à esforços mecânicos em uma aula prática extra/substituta realizada no horário do almoço para da disciplina Construções Rurais no laboratório de materiais do Departamento de Engenharia Agrícola da UFV em abril de 2023. Tais ensaios avaliaram a resistência para madeira, aço e concreto simples. Os testes com madeira foram realizados na prensa Marshall com as seguintes espécies Pinus (Pinus spp.) e Angelim-amargoso (Hymenolobium spp) sob compressão paralela às fibras, Pinus e Peroba Rosa (Aspidosperma polyneuron) sob cisalhamento e Pinus e Eucalipto Saligna (Eucalyptus saligna) sob flexão estática. As espécies apresentam características diversas: o pinus é uma madeira mole usada em movelaria ou como material temporário em construções, já o angelim-amargoso, peroba rosa e o eucalipto saligna são madeiras mais densas, portanto são consideradas nobres podendo ser utilizadas como vigas, caibros, portas e outros. Foram utilizados 6 corpos de prova diferentes, um para cada tipo de madeira e esforço testado, sendo realizado a leitura das dimensões e peso das madeiras e em seguida estas foram submetidas à prensa e as leituras de cada propriedade foram registradas. Os dados obtidos foram utilizados para determinar as propriedades físicas e mecânicas e elaboração do gráfico de carga por deformação. Para os testes com concreto simples e aço utilizou-se a máquina Universal de Ensaios (MUE), pois permite a análise de diversos materiais sob esforços diversos. Para o concreto, foram utilizados dois corpos de prova com traços diferentes e idade de 30 dias. As leituras obtidas foram utilizadas para calcular as propriedades físicas e mecânicas do concreto, sendo que foram realizados 6 ensaios anteriores com os mesmos traços utilizados e com idades diversas para comparação da resistência desse material devido a idade. Para o ensaio com aço na MUE foi utilizado um vergalhão GG-50 com 5/16 (8mm) de diâmetro, que foi pesado e submetido a um extensômetro na MUE para determinação do alongamento máximo antes da ruptura. Posteriormente o vergalhão foi submetido a esforços de tração até que se rompesse. As leituras adquiridas foram utilizadas para calcular as propriedades físicas e mecânicas do vergalhão de aço. As leituras obtidas foram registradas e utilizadas para determinação das propriedades físicas e mecânicas dos materiais anteriormente citados foram realizados a partir das seguintes equações: 1.1 Madeira • Resistência na compressão: • Resistência no cisalhamento: • Resistência na flexão: • Coeficiente de segurança na flexão: • Coeficiente de segurança na compressão: • Coeficiente de segurança no cisalhamento: • Lei de Hooke e Módulo de Elasticidade • Módulo de elasticidade na flexão 1.2 Concreto Simples: • Massa específica • Resistência a compressão: 1.3 Vergalhão de aço: • Resistência na tração: • Tensão de escoamento na tração: • Coeficiente de segurança: • Alongamento máximo: • Lei de Hooke e Módulo de Elasticidade: 4. Resultados A seguir estão dispostas as talelas com os resultados obtidos a partir dos cálculos seguindo a metodologia já mencionada, também há a descrição dos dados obtidos a partir dos ensaios realizados em laboratório. 1. Madeira: 1. Tabela 1: Dados de leituras obtidas através do ensaio de flexão estática em madeira pinus e eucalipto saligna e da carga atuante calculada pela constate (1 mm = 696kgf) do anel da prensa Marshall. Flecha Leitura e- 1 Carga e-1 Leitura e- 2 Carga e-2 (mm) (mm) (kgf) (mm) (kgf) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,50 0,04 27,84 0,04 27,84 1,00 0,08 55,68 0,09 62,64 1,50 0,11 76,56 0,13 90,48 2,00 0,14 97,44 0,17 118,32 2,50 0,16 111,36 0,22 153,12 3,00 0,19 132,24 0,25 174,00 3,50 0,20 139,20 0,28 194,88 4,00 0,21 146,16 0,31 215,76 4,50 0,22 153,12 0,32 222,72 5,00 0,23 160,08 0,34 236,64 5,50 0,24 167,04 0,35 243,60 6,00 0,24 167,04 0,36 250,56 6,50 0,24 167,04 0,36 250,56 2. Tabela 2: Dados e propriedades físicas obtidas a partir da análise de dados referente ao ensaio de flexão estática para pinus e eucalipto saligna. Flexão Massa Base Altura L Área da base Volume Massa específica Pmáx (g) (cm) (cm) (cm) (cm²) (cm³) (g/cm³) (kgf) Pinus 74,40 2,15 2,15 29,90 4,62 138,21 0,54 167,04 E. saligna 139,80 2,29 2,31 30,00 5,29 158,70 0,88 250,56 3. Tabela 3: Propriedades mecânicas obtidas a partir da análise de dados referente ao ensaio de flexão estatística para pinus e eucalipto saligna. Flexão frup fadm k M S I E D (flecha) (kgf/cm²) (kgf/cm²) (kgf.cm) (cm³) (cm4) (kgf/cm²) (mm) Pinus 753,82 70,00 10,77 1248,62 1,66 1,78 50000 1,04 E. saligna 922,71 130,00 7,10 1879,20 2,04 2,35 110000 0,54 4. Tabela 4: Dados e propriedades obtidas a partir da análise de dados referente ao ensaio de compressão paralela às fibras para pinus e angelim amargoso. Compressão Massa Base Altura L Área da base Volume Massa específica Pmáx σrup σadm v (g) (cm) (cm) (cm) (cm²) (cm³) (g/cm³) (kgf) (kgf/cm²) (kgf/cm²) Pinus 37,90 3,05 3,05 9,10 9,30 84,65 0,45 2240 240,80 50,00 4,82 A. Amargoso 75,20 3,00 3,00 9,05 9,00 81,45 0,92 6330 703,33 75,00 9,38 5. Tabela 5. Dados e propriedades obtidas a partir da análise de dados referente ao ensaio de cisalhamento para pinus e peroba rosa. Cisalhamento Massa Base Altura Área da base Pmáx τrup τadm v (g) (cm) (cm) (cm²)(kgf) (kgf/cm²) (kgf/cm²) Pinus 39,50 4,12 4,40 18,13 1190,00 65,64 8,00 8,21 Peroba Rosa 83,70 4,10 4,40 18,04 3090,00 171,29 18,00 9,52 6. Grafico 1: Carga X Deformação para pinus 7. Gráfico 2: Carga X Deformação para eucalipto saligna 2. Concreto simples: 1. Tabela 6: Dados e propriedades obtidas a partir da análise de dados referente ao ensaio de compressão do concreto simples traço 1:3:4. Idade Massa Diametro Altura Área da seção transversal Volume Massa específica Pmáx σrup (dias) (g) (cm) (cm) (cm²) (cm³) (g/cm³) (kgf) (kgf/cm³) 3,00 3904 10,00 19,90 78,50 1562,15 2,50 4200 53,50 7,00 3904 10,00 19,90 78,50 1562,15 2,50 5750 73,25 28,00 3904 10,00 19,90 78,50 1562,15 2,50 10100 128,66 30,00 3904 10,00 19,90 78,50 1562,15 2,50 9290 118,34 2. Tabela 7: Dados e propriedades obtidas a partir da análise de dados referente ao ensaio de compressão do concreto simples traço 1:2:3. 0,00 20,00 40,00 60,00 80,00 100,00 120,00 140,00 160,00 180,00 0,00 0,04 0,08 0,11 0,14 0,16 0,19 0,20 0,21 0,22 0,23 0,24 0,24 0,24 Carga (kgf) x Deformação (mm) 0,00 50,00 100,00 150,00 200,00 250,00 300,00 0,00 0,04 0,09 0,13 0,17 0,22 0,25 0,28 0,31 0,32 0,34 0,35 0,36 0,36 Carga (kgf) X Deformação (mm) Idade Massa Diametro Altura Área da seção transversal Volume Massa específica Pmáx σrup (dias) (g) (cm) (cm) (cm²) (cm³) (g/cm³) (kgf) (kgf/cm³) 3 3904 10 19,9 78,5 1562,15 2,49912 12500 159,23567 7 3904 10 19,9 78,5 1562,15 2,49912 17200 219,10828 28 3904 10 19,9 78,5 1562,15 2,49912 25250 321,65605 30 3904 10 19,9 78,5 1562,15 2,49912 21560 274,64968 3. Vergalhão de aço: 1. Tabela 8: Leituras obtidas no teste de tração do vergalhão. Dados de leituras △L P (mm) (kgf) 0,00 x 0,05 1360 0,10 1590 0,15 1850 0,20 2050 0,25 2260 0,30 2460 0,35 2590 0,40 2640 0,45 2700 0,5 2750 0,55 2770 2. Tabela 9 e 10 : Dados e propriedades obtidas a partir da análise de dados referente ao ensaio de tração para o vergalhão de aço 5/16. Massa Vão livre Diâmetro Volume Massa específica Área da seção transversal △L Li da seção Lf da seção Pesc Pmáx (g) (mm) (mm) (cm³) (g/cm³) (cm²) (mm) (cm) (cm) (kgf) (kgf) 230 599 8 30,09 7,64 0,50 0,55 59,9 69,4 2800 3400 σesc σmáx σadm Alonga. máx Coef. Segurança ε σrup Módulo de elasticidade tensão atuante 5573,25 6767,52 5000,00 15,86 1,11 0,00 6767,52 2004921,83 5513,54 5. Discussão 1. Madeira A partir da análise de dados, verificou-se que dentre as quatro espécies de madeiras testadas o Pinus spp. possui a menor massa específica, menor resistência física e mecânica, sendo a madeira mais mole do grupo. As outras madeiras do grupo apresentaram resistência à flexão, compressão e cisalhamento muito superiores ao pinus, sendo que o eucalipto saligna chegou a suportar carga 50% maior que o pinus sofrendo apenas metade da deformação (mm). Além disso, o angelim amargoso e a peroba rosa apresentaram tensões de ruptura para, respectivamente, compressão paralela às fibras e cisalhamento, quase três vezes maior chegando a suportar cargas tão maior quanto. O uso de madeiras mole como pinus somente é adequado para movelaria e elementos não estruturais ou temporários, visto que apresentam tensões de ruptura muito baixa o que determina a sua menor resistência e capacidade de sustentação. Ainda, é uma madeira que sofre grande deformação e por ser menos densa se deteriora com maior rapidez. Os gráficos 1 e 2 demonstram o perfil de carga atuante e a deformação causada no corpo de prova, sendo possível visualizar os trechos elásticos e plasticos dessa curva. Primeiramente o corpo de prova comporta-se como elástico, sendo representado pelo crescimento linear da deformação sob a carga atuante. Em determinado ponto o crescimento passa a não ser linear, oque representa a mudança de comportamento elástico para plástico. 2. Concreto Nos testes realizados com corpos de prova de concreto foi possível perceber que há um aumento expressivo da resistência a compressão, que se dá pelo processo de cura do concreto, que aumenta a resistência do concreto conforme o acréscimo de idade nesse material. Entretanto, nesse ensaio tanto o concreto com traço 1:3:4 e 1:2:3 apresentaram uma queda na resistência quando comparado so corpos de prova de 28 e 30 dias. Esses dados indicam que ambos os corpos com 30 dias deveriam possuir alguma imperfeição como trincas que o fizeram menos resistentes, ainda, podem ter passado por secagem com condições de umidade do ar e temperatura diferentes podendo ter acelarado a secagem e prejudicado a cura do concreto. Entre os diferentes traços de concretos analisados, o traço que apresentou maior resistência foi o 1:2:3, sendo considerado um concreto forte já que suportou cargas quase 3 vezes maior quando comparada ao 1:3:4. Isso é consequência da menor quantidade de areia na formulação 1:2:3, que confere uma ação cimentante mais eficiente ao cimento nessa massa. Por outro lado, esse traço possui um valor econômico maior e o dimensionamento estrutural pode auxiliar na economia e uso eficiente dos recursos. Entretanto, o traço 1:3:4 apresentou resistência abaixo do recomendado e, portanto não atende às recomendações para a utilização enquanto elemento estrutural. 3. Vergalhão de aço Nos testes realizados com vergalhão de aço GG-50 com 8mm de diâmetro mostraram o vergalhão sofreu um alongamento máximo de 15,86% antes de sua ruptura, valor acima do valor mínimo exigido pela NBR 7480 da ABNT. Além disso, a mesma norma descreve o limite mínimo de 500Mpa para tensão de escoamento, e os testes descreveu que o vergalhão analisado apresentou 557Mpa estando de acordo com as normas também nesse aspecto. 6. Conclusão Os testes laboratoriais e análise de dados desempenhados demonstram o baixo potencial do pinus para uso permanente em construções rurais e que o eucalipto salina, angelim amargoso e a peroba rosa apresentam, respectivamente, maior resistência à flexão estática, compressão paralela às fiibras e cisalhamento que o pinus. Ainda, comparando o concreto e as madeiras sob esforços de compressão, o concreto com traço 1:2:3 com 28 dias de cura apresentou a maior resistência e o pinus a menor resistência. Nos ensaios com o aço, avalia-se que o material foi dimensionado adequadamente. Contudo, a realização de testes de resistência é fundamental para o correto dimensionamento dos materiais de construção, auxiliando na escolha de materiais adequados e garantindo a segurança das construções. 7. Referências Associação Brasileira De Normas Técnicas. NBR 7480:2007 Aço destinado a armaduras para estruturas de concreto armado – Especificação. Rio de Janeiro. 2007. Ensaios de materiais: qual a importância e como funciona cada tipo de ensaio. Publicado em: 6 de maio de 2021. Disponível em: < https://eescjr.com.br/blog/ensaios-de-materiais/>. Acesso em: 30 de abril de 2023. Sartor, V.; Baêta, F.C. Resistência dos materiais e dimensionamento de estruturas para construções rurais. Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Engenharia Agrícola -Construções Rurais e Ambiência. Viçosa, MG, 2011
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