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2010 Projeto de Produto e Processo Prof. Alfredo Pieritz Netto Copyright © UNIASSELVI 2010 Elaboração: Prof. Alfredo Pieritz Netto Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: 338.52 N476p Netto, Alfredo Pieritz. Projeto de Produto e Processo / Alfredo Pieritz Netto. Centro Universitário Leonardo da Vinci – Indaial: Grupo UNIASSELVI, 2010.x ; 216. p.: il Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830-270-2 1. Projeto 2. Projetos e Processos de Produto I. Centro Universitário Leonardo da Vinci II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título III APresentAção Caro Acadêmico! Na atualidade, o engenheiro(a) de produção está sendo confrontado por diversas necessidades e cobranças dentro das organizações em que atua. Verificamos uma cobrança grande em atingimento de resultados produtivos, melhorias de sistemas e da qualidade do produto, gestão de processos etc. O mercado tem cobrado das organizações posturas mais inovadoras, com novos focos de trabalho, com mais responsabilidade social e ambiental, de modo que as fábricas lancem novos produtos para serem consumidos. A formação do engenheiro de produção na área de Projeto de Produto e Processo, que é uma das áreas apresentadas pela ABEPRO (Associação Brasileira de Engenharia de Produção), é um dos diferenciais que tem habilitado a este profissional uma atuação mais dinâmica dentro das organizações, desenvolvendo novas oportunidades de negócios através de lançamento de novos produtos. Neste livro didático, você irá estudar os principais passos que os engenheiros de produção e profissionais de desenvolvimento de produtos utilizam para trabalhar o desenvolvimento de produtos nas organizações. Verificamos atualmente que a metodologia utilizada na prática profissional dentro das empresas pode variar um pouco pela experiência do profissional, mas o conhecimento das técnicas e metodologias desenvolvidas neste livro são utilizados de forma corrente por estes profissionais para auxiliá-los no desenvolvimento de novos produtos. Neste livro, desenvolveremos o estudo dos principais procedimentos para desenvolvimento de produtos, bem como estudaremos algumas ferramentas de apoio a este processo. Assim, na Primeira Unidade, você estudará sobre o desenvolvimento de produto nas organizações, trabalharemos as principais terminologias utilizadas e os principais conceitos utilizados pelos engenheiros de produção em sua prática, bem como os passos que são utilizados para o desenvolvimento de um novo projeto de produto, bem como a sua importância para as empresas que buscam a continuidade no mercado através da inovação de seus produtos. Na Segunda Unidade, são os processos de Gestão de Desenvolvimento de Produtos, em que buscamos desenvolver os conceitos relacionados à gestão de projetos de produtos, bem como estudaremos as principais ferramentas de apoio ao processo, entre as quais estão a ferramenta de análise IV da concorrência, o QFD, FMEA etc. Para encerrar esta unidade, trabalhamos o projeto conceitual do produto, que abrange todo o processo de definição de conceito de produtos que pretendemos lançar e a sua influência em todo o processo de projeto. Na Unidade 3, desenvolveu-se a visão da busca de solução para os clientes, em que os produtos e serviços são apresentados como soluções a novas necessidades dos consumidores. Estudaremos as estratégias de lançamento dos produtos para o mercado e introduziremos alguns conceitos básicos de marketing, ferramenta fundamental para o sucesso de lançamento de novos produtos no mercado. Encerrando está unidade e o presente livro, você irá trabalhar um roteiro básico para o desenvolvimento de um novo produto. Atualmente, os engenheiros que trabalham o desenvolvimento de produto contam com diversas ferramentas de suporte informatizadas, como planilhas de cálculo, simuladores, softwares de desenho etc. Todavia, nesta ciência de desenvolvimento de produtos, precisamos da pessoa, do profissional que concilia os conhecimentos práticos com os teóricos, os conhecimentos de mercado e o do consumidor, com o da fábrica. Assim, nesta área da engenharia de produção, a busca incessante da inovação e o profissionalismo são essenciais para o sucesso. Espero que você aproveite bem este livro didático, pois tentamos buscar os melhores conceitos, as melhores fontes de pesquisa, para que você engendre neste campo de estudo tão importante para nós engenheiros de produção. Bons Estudos! Prof. Alfredo Pieritz Netto V Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA VI VII UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO NAS ORGANIZAÇÕES ................. 1 TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO E PRINCIPAIS CONCEITOS REFERENTES A PRODUTOS ....................................................................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 CONCEITOS RELACIONADOS A DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E GESTÃO ..... 6 3 CICLO DE VIDA DO PRODUTO ................................................................................................... 13 3.1 FASE DE DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO ...............................................................................................15 3.2 FASE DE INTRODUÇÃO DO PRODUTO ...................................................................................................................17 3.3 FASE DE CRESCIMENTO ........................................................................................................................................................17 3.4 FASE DE MATURIDADE ..........................................................................................................................................................18 3.5 FASE DE DECLÍNIO ......................................................................................................................................................................19 3.6 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS ......................................................19 4 A PRÁTICA DO DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO .........................................................20 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 23 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 27 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 28 TÓPICO 2 – PRINCÍPIOS DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO ..........................................29 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 29 2 FASES DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO .................................... 31 2.1 PRÉ-PROJETO .................................................................................................................................. 33 2.2 FASE DE DESENVOLVIMENTO .................................................................................................. 38 2.2.1 Projeto informacional ............................................................................................................. 39 2.2.2 Projeto conceitual e detalhamento do projeto .................................................................... 40 2.2.3 Estudo do processo de fabricação ........................................................................................ 43 2.2.4 Estudo do processo de lançamento do produto ................................................................. 44 2.3 FASE DE PÓS-PROJETO ................................................................................................................. 45 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 48 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 50 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 52 TÓPICO 3 – A EMPRESA QUE INOVA ........................................................................................... 53 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 53 2 INOVAÇÃO E ESTRATÉGIA EMPRESARIAL .............................................................................. 54 3 NOVAS TECNOLOGIAS ................................................................................................................. 57 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 60 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 61 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 62 sumário VIII UNIDADE 2 – GESTÃO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS - GDP .......................... 63 TÓPICO 1 – GESTÃO, PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS ...... 65 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 65 2 GESTÃO DE PROJETO DE PRODUTO VERSUS GERENCIAMENTO DE PRODUTO ...... 66 3 ENGENHARIA SIMULTÂNEA E PROJECT MANAGEMENT ADAPTADO AO PRODUTO ......72 4 CONTROLES E INDICADORES DE SUCESSO .......................................................................... 78 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 84 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 85 TÓPICO 2 – FERRAMENTAS DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO DE PROJETO ...........87 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 87 2 FERRAMENTAS UTILIZADAS NO PDP ....................................................................................... 88 2.1 ANÁLISE DOS CONCORRENTES ............................................................................................... 88 2.2 ANÁLISE DO CICLO DE VIDA DO PRODUTO ........................................................................ 88 2.3 A CASA DA QUALIDADE - QFD (QUALITY FUNCTION DEPLOYMENT) OU DESDOBRAMENTO DA FUNÇÃO QUALIDADE.................................................................... 89 2.3.1 O Desdobramento da Função Qualidade - QFD ............................................................... 91 2.4 MATRIZ DE NECESSIDADE VERSUS TECNOLOGIAS .......................................................107 2.5 MÉTODO DE ANÁLISE DO ESTILO DE VIDA .......................................................................108 2.6 CURVAS S .......................................................................................................................................109 2.7 MATRIZ DE ANÁLISE DE IMPACTO CRUZADO .................................................................110 2.8 MAPEAMENTO TECNOLÓGICO .............................................................................................111 2.9 MATRIZ DE ANÁLISE DE PORTFÓLIO TECNOLÓGICO ....................................................113 2.10 ANÁLISE DE VALOR ................................................................................................................113 2.11 MÉTODO TAGUCHI PARA O PROJETO ROBUSTO............................................................116 2.12 METODOLOGIA PARA PROJETO DE EXPERIMENTO ......................................................118 2.13 MÉTODO DE ANÁLISE DO PROBLEMA ..............................................................................121 2.14 MÉTODO DE ANÁLISE MORFOLÓGICA .............................................................................123 2.15 MÉTODO DE ANALOGIAS ......................................................................................................124 2.16 MÉTODO DO PAINEL DE CONSUMIDORES .......................................................................126 2.17 MAPA PREÇO-VALOR ...............................................................................................................127 2.18 FERRAMENTA DE ANÁLISE DAS FUNÇÕES DO PRODUTO .........................................129 2.19 O MÉTODO DELPHI ..................................................................................................................130 2.20 FERRAMENTA DE ANÁLISE DE FALHAS ............................................................................132 2.21 MESCRAI ......................................................................................................................................134 3 ORIENTAÇÕES SOBRE O USO DAS FERRAMENTAS ..........................................................134 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................137 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................139 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................140 TÓPICO 3 – PROJETO CONCEITUAL E DETALHAMENTO DO PROJETO .........................141 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................141 2 O PROJETO CONCEITUAL ...........................................................................................................141 3 DETALHAMENTO DO PROJETO.................................................................................................145 LEITURACOMPLEMENTAR .............................................................................................................150 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................152 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................153 IX UNIDADE 3 – ESTRATÉGIAS DE LANÇAMENTO DE PRODUTO NO MERCADO ..........155 TÓPICO 1 – PLANEJAMENTO DE SOLUÇÃO PARA OS CLIENTES – NECESSIDADES DE INOVAÇÃO ............................................................................157 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................157 2 NECESSIDADES E DESEJOS DOS CONSUMIDORES ......................................................159 3 O CONSUMIDOR E A INOVAÇÃO DOS PRODUTOS ...............................................164 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................167 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................171 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................172 TÓPICO 2 – O LANÇAMENTO DE PRODUTO – UMA FASE MUITO IMPORTANTE ................................................................................................................ 173 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................173 2 O QUE FAZER PARA LANÇAR UM PRODUTO PARA O MERCADO ..............................174 3 O ACOMPANHAMENTO DE UM NOVO PRODUTO NO MERCADO .......................181 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................183 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................185 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................186 TÓPICO 3 – UM ROTEIRO PARA O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO .............................................................................................................187 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................187 2 UM ROTEIRO PARA O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS .........................................................................................................................................188 2.1 IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES ...............................................................................190 2.2 INVESTIGAÇÃO DAS IDEIAS GERADAS ...............................................................................193 2.3 ANÁLISE DE VIABILIDADE DO PRODUTO ..........................................................................194 2.4 DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO, PROTOTIPAGEM E TESTE DE CONCEITO .....197 2.5 TESTE DE MERCADO ..................................................................................................................198 2.6 INTRODUÇÃO DO PRODUTO NO MERCADO: DESENVOLVENDO ESTRATÉGIA DE MARKETING E DE COMERCIALIZAÇÃO ......................................................................202 2.7 ACOMPANHAMENTO DE MERCADO E FECHAMENTO DO PROJETO........................205 3 GESTÃO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO E A ESTRATÉGIA DAS ORGANIZAÇÕES ............................................................................................................................206 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................208 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................211 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................212 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................213 X 1 UNIDADE 1 O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO NAS ORGANIZAÇÕES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade, você será capaz de: • conhecer as diversas terminologias utilizadas pelos engenheiros quando trabalham em projetos de produtos; • compreender o processo de desenvolvimento de produto (PDP) em uma organização; • identificar as fases do ciclo de vida de um produto; • conhecer as principais fases do desenvolvimento de um produto; • compreender as questões relacionadas ao projeto informacional e conceitual de um produto; • identificar um produto evolucionário e um produto revolucionário no mercado. Esta unidade está dividida em três tópicos e, ao final de cada um deles, você terá a oportunidade de fixar seus conhecimentos realizando as atividades propostas. TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO E PRINCIPAIS CONCEITOS REFERENTES A PRODUTOS TÓPICO 2 – PRINCÍPIOS DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO TÓPICO 3 – A EMPRESA QUE INOVA 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO E PRINCIPAIS CONCEITOS REFERENTES A PRODUTOS 1 INTRODUÇÃO Atualmente, as organizações têm tido uma preocupação muito grande em seu mix de produtos e nas inovações que estão sendo lançadas no mercado nacional e internacional. Poucos anos atrás, o lançamento de novos produtos no mercado podiam demorar mais de 5 anos, principalmente para empresas com produtos de alta complexidade, tais como automóveis, eletroeletrônicos etc. Conforme Sanches (2006), as estratégias de desenvolvimento de produto podem gerar o crescimento da companhia ou acabar com ela. Para Back et al (2008, p.159), “a importância do planejamento de produtos reside na necessidade de as organizações atuarem em mercados cada vez mais competitivos. A competitividade tem sido promovida, em grande parte , pela inovação em produtos, que precisa ser contínua e rápida”. Desta forma, verificamos que o Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP) é um assunto estratégico para as organizações preocupadas com o seu crescimento e futuro. Considerando todo o ciclo de desenvolvimento de um produto novo até chegar a sua comercialização, temos um árduo caminho desenvolvido por uma equipe multidisciplinar que vai desde pessoas ligadas à área de marketing e pesquisa de mercado, equipes dos diversos campos da engenharia (projeto, ferramentaria, produção etc.), suprimentos, logística (principalmente quando envolvemos aquisições de peças e componentes de outros países), departamento de custos, design etc. Conforme expressamos acima, dificilmente ocorrerá em um processo de desenvolvimento de produto para uma empresa, que o projeto seja desenvolvido por uma única pessoa ou engenheiro, e sim ele será encaminhado por um grupo de pessoas. Quando analisamos um processo de desenvolvimento de um novo produto, o profissional que não tem muita experiência visualiza, muitas vezes, somente alguns dos processos que compõem todos os elementos e funções realmente envolvidos dentro do processo de desenvolvimento de produto. No quadro a seguir, apresentamos alguns dos principais pontos que devem ser considerados em um projeto de produto, que envolvem os diversos departamentos de uma organização, desde a área de marketing, projeto/engenharia, ferramentaria, suprimento, logística, produção e vendas, porém dependendo do projeto, poderemos ter outros setores e funções envolvidas neste processo. UNIDADE 1 | O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO NAS ORGANIZAÇÕES4 QUADRO 1 – PRINCIPAIS ÁREAS E FUNÇÕES ENVOLVIDAS EM UM PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO. MARKETING Pesquisa de mercado. Análise de mercado, segmento, potencial de vendas/consumo. Campanha de lançamento do produto. Estratégias de comunicação (propaganda). Treinamentos com vendedores. PROJETO Estudo de design. Engenharia do produto. Dimensionamentos e análises técnicas dos produtos e componentes. Desenho. Simulações de uso e aplicabilidade. Avaliação de normas (ABNT, DIN, ISO, JIS etc.) FERRAMENTARIA Projetos de ferramental e análise Preset do ferramental Análise de necessidades de ferramentas e equipamentos ENGENHARIA ECONÔMICA Análise de viabilidade do projeto. Potencial de mercado e vendas. Retorno (Taxa Interna de Retorno – TIR, Método do Valor Presente – VP, Payback – Tempo de Retorno, etc.) SUPRIMENTO Avaliação de fornecedores. Importação de matéria-prima e componentes. Levantamento de custos de aquisição. LOGÍSTICA Transporte. Condições especiais (para produtos especiais). Depósitos para armazenamento. PRODUÇÃO Análise de processo. Linha de produção. Mão de obra. VENDAS Avaliação de mercado. Treinamento de vendedores. Ações de vendas. FONTE: O Autor. Como podemos ver no quadro anterior, o processo de desenvolvimento de um novo produto não é tão simples como aparenta. Havendo necessidade de integração entre os diversos departamentos da organização e áreas de conhecimento, e mesmo com todo o cuidado tomado, ainda podemos correr o risco de que o produto lançado pela empresa poderá não atingir os objetivos de lucro estipulados pela empresa. Baxter (2000, p. 2) descreve que “a cada 10 ideias sobre novos produtos, 3 serão desenvolvidas, 1,3 lançadas no mercado e apenas uma será lucrativa”. Podemos verificar assim que, todo projeto de desenvolvimento de produto envolve riscos, que precisam ser minimizados para a empresa, pois é comum vermos empresas investirem milhares e, às vezes, até milhões de reais para lançarem um produto no mercado, e infelizmente o produto lançado não gera o resultado esperado em retorno financeiro. Assim, podemos afirmar que todo lançamento de produto no mercado, envolve incertezas e riscos para a empresa que precisam ser minimizados pelos responsáveis. TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO E PRINCIPAIS CONCEITOS REFERENTES A PRODUTOS 5 Atualmente, muitas empresas encontram dificuldade em se manterem no mercado, por serem envolvidas por uma miopia de mercado em que os produtos fabricados e a sua tecnologia são insuficientes para mantê-las no mercado. Não perceberam ainda que a tecnologia e o consumidor evoluíram e que há uma busca de novos produtos para consumir. Conforme Sanches (2006, p. 4), “Juran (1990) preconiza que as organizações existem para atender às necessidades humanas através de seus produtos e serviços. Nesse contexto, o desenvolvimento de produtos assume papel importante como fator de competitividade” para as organizações. O desempenho competitivo de uma empresa, conforme Coutinho e Ferraz (apud BACK et al, 2008, p.13), “é condicionado a diversos fatores, que podem ser subdivididos em: internos à empresa, de natureza estrutural, pertinentes aos setores e complexos industriais; e de natureza sistêmica”, como podemos ver na figura a seguir. A inovação é um elemento indispensável para que as empresas continuem competitivas no mercado. Precisamos entender que a inovação em uma empresa pode ser bastante ampla, mas para o consumidor o que importa são as questões relacionadas aos produtos que ele compra. Por isso, ressaltamos que as empresas e seus gestores precisam trabalhar constantemente, fazendo lançamentos de novos produtos no mercado. FIGURA 1 – INFLUÊNCIAS NO DESEMPENHO DE UMA EMPRESA. FONTE: BACK, Nelson et al. Projeto Integrado de Produtos: planejamento, concepção e modelagem. Barueri: Manole, 2008. p. 13. Temos diversos exemplos de tecnologias disruptivas que geraram problemas para algumas empresas, principalmente pela sua miopia de mercado. Como exemplos, temos casos de empresas fabricantes de máquinas de escrever que fecharam as suas fábricas por não terem acompanhado a tendência de UNIDADE 1 | O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO NAS ORGANIZAÇÕES 6 mercado de informatização, ou seja, do advento do computador. Outro exemplo atual é o surgimento do Blueray que veio para substituir os DVD´s e que substituiu recentemente os videocassetes, e ainda podemos afirmar, com toda a certeza, que mesmo o Blueray será substituído por uma nova tecnologia nos próximos anos. Estes são alguns exemplos sobre a questão referente à importância de as organizações terem uma preocupação constante em relação ao lançamento de novos produtos, para que a empresa permaneça competitiva no mercado, porém precisamos lembrar que não adianta somente lançarmos novos produtos, mas sim lançarmos produtos de sucesso e que gerem lucro. Você está vendo a importância que tem para as empresas o desenvolvimento de produtos para a continuidade dos negócios. Este é um dos campos de conhecimento e de trabalho do engenheiro de produção, conforme você deve ter estudado em outros módulos do curso, e que está descrito no site da ABEPRO – Associação Brasileira de Engenharia de Produção. <http://www.abepro.org.br/> UNI Vamos conhecer alguns dos principais conceitos utilizados na área de desenvolvimento de produtos e processos que estão apresentados no próximo tópico. 2 CONCEITOS RELACIONADOS A DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E GESTÃO Para que um engenheiro de produto possa desenvolver adequadamente as suas funções e trabalhar as estratégias de produtos em um mercado, é importante que ele conheça os principais conceitos utilizados neste campo profissional em que estão envolvidos conceitos relacionados às áreas de marketing, projetos, desenvolvimento de produto e gestão de seu ciclo de vida, técnicos específicos às áreas a que pertence o produto etc. Para Back et al. (2008), o desenvolvimento de produto pode ser entendido como um processo que transforma e gera informações e geralmente é desenvolvido por uma equipe multidisciplinar, envolvendo profissionais com formações complementares das mais diversas áreas de conhecimento pertinentes ao projeto. Para iniciarmos o estudo dos principais termos utilizados, vamos entender a definição de produto. O produto pode ser definido sob diversas óticas, sendo as três principais utilizadas na engenharia: a visão de marketing, a da produção/ fábrica e a do cliente. TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO E PRINCIPAIS CONCEITOS REFERENTES A PRODUTOS 7 Com relação ao marketing, podemos apresentar os seguintes conceitos: • “produto é um termo genérico que designa o que satisfaz a necessidade e o desejo do cliente, seja um bem tangível (alimento, roupa, carro), um bem intangível (serviço), ou outro meio de satisfação (pessoas, ideias, emoções, por exemplo). ”(DIAS, 2003, p. 4); • outro conceito, difundido por Kotler (1998, p. 383), é o de que produto pode ser entendido como sendo “algo que pode ser oferecido a um mercado para satisfazer a um desejo ou necessidade”. Você pode ver que o conceito trabalhado com o marketing, está ligado à interpretação, ao desejo e necessidade do consumidor, tornando o produto algo bastante amplo. Na visão da produção, podemos definir o produto como “um bem tangível, físico”, produzido pela empresa para vendê-lo ao mercado consumidor, prevalecendo o conceito clássico de mercado. O conceito clássico definido no dicionário Michaelis de produto é dado por: produto pro.du.to sm (lat productu) 1 Aquilo que é produzido; resultado da produção. 2 Resultado ou rendimento do trabalho físico ou intelectual: Ele vive do produto de seu trabalho. 3 Resultado de uma ou mais forças postas em ação: “Os basaltos são produtos vulcânicos” (Séguier). 4 Descendente, filho. 5 O que o solo ou a indústria produzem (emprega-se mais no plural): Produtos de caça; produtos de pesca; produtos da destilação da madeira. 6 Química Substância obtida de uma ou de outras substâncias, comoresultado de uma transformação química. Para o cliente, o mesmo define o produto como algo para ser usado, sendo um bem físico e que pode ser adquirido no mercado. Geralmente, o cliente tem conceituações diferentes para produto e serviços. A seguir apresentamos alguns dos principais conceitos comumente utilizados no dia a dia do engenheiro de produção que trabalha no processo de desenvolvimento de produtos, conforme apresentado por diversos autores, mas principalmente do dicionário do site. Por questões metodológicas, estaremos somente identificando os autores dos termos apresentados e imagens que não foram retirados do site portal do Marketing identificado acima. UNIDADE 1 | O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO NAS ORGANIZAÇÕES 8 ATRIBUTOS DO PRODUTO: “São suas características funcionais (desempenho, sabor, temperatura, velocidade etc.), formais (tamanho, cor, peso) ou estéticas (design, estilo), percebidas e conhecidas, ou não pelo cliente”. (Dias, 2003, p. 4) CICLO DE VIDA - Termo utilizado para definir os períodos de vida de um produto, que começa com sua introdução no mercado, crescimento, maturidade e declínio. Vide figura a seguir. CICLO DE VIDA DO PRODUTO (CVP) - Descreve qual o estágio ou a fase em que um produto se encontra. Ver Introdução, Crescimento, Maturidade e Declínio. FIGURA 2 – CICLO DE VIDA DE UM PRODUTO. FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_de_vida_do_produto>.Acesso em: 10 out. 2009. ENGENHARIA DO PRODUTO: Conjunto de ferramentas e processos de projeto, planejamento, organização, decisão e execução envolvidos nas atividades estratégicas e operacionais de desenvolvimento de novos produtos, compreendendo desde a concepção até o lançamento do produto e sua retirada do mercado, com a participação das diversas áreas funcionais da empresa. A atuação do engenheiro de produção desenvolve os seguintes focos: Gestão do Desenvolvimento de Produto, Processo de Desenvolvimento do Produto, Planejamento e Projeto do Produto. Disponível em: <http://www. abepro.org.br/interna.asp?p=399&m=424&s=1&c=362>. Acesso em: 12 out. 2009. MARCA - Um nome, sinal, design, símbolo ou quaisquer outras características que sirvam para diferenciar de forma distinta os produtos dos demais produtos dos concorrentes. MARCA DE FABRICANTE: Marca criada e pertencente a um fabricante de um produto ou serviço. Identificação sob a forma de nome, símbolo, termo, desenho ou alguma combinação de todos, que diferencia um produto de seus similares. TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO E PRINCIPAIS CONCEITOS REFERENTES A PRODUTOS 9 MATRIZ BCG - Matriz para análise de portfólio criada pelo Boston Consulting Group. Nesta matriz, os produtos podem ser classificados como ‘Vaca Leiteira’, ‘Abacaxi’, ‘Estrela’ ou ‘Ponto de Interrogação’. Vide figura a seguir. FIGURA 3 – MATRIZ BCG - BOSTON CONSULTING GROUP FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Matriz_bcg>. Acesso em: 10 out. 2009. MATRIZ DE PLANEJAMENTO DO PRODUTO. Estrutura de Distribuição de Funções de Qualidade (DFQ), também conhecido como QUALITY FUNCTION DEPLOYMENT (QFD), ou Desdobramento da Função Qualidade, QFD é uma metodologia organizacional que atua em todas as fases do processo de desenvolvimento de produto e busca trabalhar de forma sistemática os requisitos do cliente nas características de qualidade (qualidade, custo, segurança), buscando a total satisfação dos clientes. Veja figura a seguir. FIGURA 4 – A CASA DA QUALIDADE E SEUS ELEMENTOS OU ÁREAS Matriz Correlações Características Qualidade Metas - Alvo Matriz de Relações Re qu is ito s C lie nt es C lie nt es G er al N os sa E m pr es a Pl an o Q ua lid ad e Ín di ce M el ho ri a Po nt o Ve nd a Pe so A bs ol ut o Pe so R el at iv o C on co rr en te X C on co rr en te Y Grau Importância Avaliação Clientes Qualidade Planejada In te rn o Em pr es a N ec es si da de s Fu tu ra s Avaliação Técnica Peso Absoluto Peso Relativo Nossa Empresa Concorrente X Concorrente Y Dificuldade Técnica Qualidade Projetada Peso Corrigido Absoluto Peso Corrigido Relativo FONTE: Disponível em: <http://www.numa.org.br/conhecimentos/conhecimentos_port/doc_ conhec/A%20Casa%20da%20Qualidade.doc>. Acesso em: 05 set. 2009. UNIDADE 1 | O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO NAS ORGANIZAÇÕES 10 MATRIZ DE PRIORIZAÇÕES: Ferramenta de programação voltada para explorar Oportunidades ou resolver Problemas, apoiando-se nas pessoas que atuam nos processos que desembocam nos Indicadores de Desempenho, os quais, por sua vez, denunciam a existência dessas Oportunidades ou Problemas. A Matriz de Priorizações reúne as pessoas certas em torno das Oportunidades ou Problemas prioritários. MERCADO - Conjunto de clientes e não clientes atuais e futuros. Consiste em todos os consumidores potenciais que compartilham de uma necessidade ou desejo específico, dispostos e habilitados para fazer uma troca que satisfaça essa necessidade ou desejo. MERCADO ALVO - Mercado objetivado pela empresa ou marca. Subconjunto de integrantes do mercado que fazem parte do grupo que a empresa decidiu atender. MERCADO ATENDIDO: 1. Conjunto de consumidores potenciais que possuem características e necessidades comuns, para os quais a empresa se dispõe em vender esses produtos. 2. Parte do mercado qualificado disponível a quem a empresa decide servir. MERCADO CONSUMIDOR: Todos os indivíduos e famílias que compram ou adquirem produtos e serviços para consumo pessoal. MERCADO POTENCIAL - Conjunto de consumidores que professa um nível suficiente de interesse por uma oferta de mercado definida. Grupo de consumidores que demonstram algum nível de interesse por determinado produto/serviço. MIX DE PRODUTO: Grupo de todas as linhas e itens de produto que um vendedor em particular oferece aos compradores. PESQUISA E DESENVOLVIMENTO (P&D): Função empresarial que dedica ativos da organização para o projeto, a avaliação de novos produtos. PLANEJAMENTO DE PORTFÓLIO - O processo feito para se atacar um segmento ou o mercado através de um conjunto de ofertas, avaliado sob o ponto de vista da satisfação dos clientes, do nível de concorrência, da participação no mercado ou segmento. Visa também à alocação de recursos dadas as diferentes contribuições dos componentes do portfólio. PORTIFÓLIO- É a quantidade de tipos e o posicionamento dos nossos produtos no mercado. POTENCIAL DE MERCADO - A máxima demanda possível entre os clientes de um segmento ou de um mercado; previsão numérica do número de clientes potenciais em um determinado mercado ou segmento deste mercado. TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO E PRINCIPAIS CONCEITOS REFERENTES A PRODUTOS 11 POSICIONAMENTO DO PRODUTO: Esforço de formular um posicionamento competitivo e um mix de marketing detalhado de um produto. PRODUTO - Resultado de atividades ou processos. Notas: 1 - O termo produto pode incluir serviço, materiais e equipamentos, materiais processados, informações, ou uma combinação destes. 2 - Um produto pode ser tangível (como, por exemplo: montagens ou materiais processados) ou intangível (por exemplo, conhecimento ou conceitos), ou uma combinação dos dois. 3 - Um produto pode ser intencional (por exemplo, oferta aos clientes): ou não intencional (por exemplo, um poluente ou efeitos indesejáveis). PRODUTO AMPLIADO: Serviços e benefícios adicionais para o consumidor criados em torno dos produtos central e ampliado. PRODUTO DE COMBATE: Produto de primeira linha que apresenta perda proposital da margem de lucro, com o objetivo de atrair a atenção dos consumidores para a loja. PRODUTO ESSENCIAL: Produto ou serviço básico fornecido pela empresa, pelo qual ela é identificada. As características de um produto essencial incluem tamanho, configuração, estilo e cor. Se o produto essencial for, na verdade, em serviço, suas características incluirão cronograma, frequência, âmbito etc. PRODUTO TANGÍVEL: As partes, estilo, aspectos, marca, embalagem e outros atributosque, combinados, fornecem os benefícios básicos do produto. PRODUTO: Aquilo que é produzido pela natureza resultado de qualquer atividade humana, resultado, consequência. 2. Um dos quatro P’s da classificação do composto mercadológico de McCarthy. PRODUTOS (BENS) DE GRANDE CONSUMO DURADOUROS: Todos os produtos (bens) destinados ao cliente final (consumidor) e com uma duração de consumo relativamente demorada no tempo. Englobam, sobretudo, os produtos do tipo eletrodomésticos e outros equipamentos para o lar. PRODUTOS (BENS) DE GRANDE CONSUMO NÃO DURADOUROS: Todos os produtos (bens) destinados ao cliente final (consumidor) e a serem consumidos no imediato ou curto prazo. Englobam, sobretudo, os produtos alimentares, de higiene pessoal e de limpeza para o lar. PRODUTOS (BENS) INDUSTRIAIS: Todos os produtos (bens) destinados a serem utilizados na produção de bens ou serviços de grande consumo não duradouros ou duradouros ou outros bens ou serviços industriais. PRODUTOS BRANCOS: Produtos embalados sem marca ou com a marca do distribuidor. UNIDADE 1 | O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO NAS ORGANIZAÇÕES 12 PRODUTOS DE CONSUMO: Produtos destinados ao consumo final. PRODUTOS DE CONVENIÊNCIA: Produtos necessários, mas para os quais os consumidores não estão dispostos a gastar tempo ou empregar maior esforço para adquiri-los. PRODUTOS DE IMPULSO: Produtos comprados rapidamente; compras não planejadas em função da necessidade instantaneamente despertada; normalmente, são produtos de baixo valor de compra. PRODUTOS GENÉRICOS: Produtos sem marca, com embalagem que identifica apenas o conteúdo e o fabricante ou o intermediário. PRODUTOS HETEROGÊNEOS DE COMPRA COMPARADA: Produtos de compra comparada, mas que o consumidor considera diferentes e deseja examinar a qualidade e a adequação de uso de cada um para escolher o que para ele atende melhor a suas necessidades. PROJETO DOMINANTE: Pode ser entendido como o produto com as suas características que o definem como aquele produto que adquire a fidelidade do mercado, aquele que os concorrentes e as empresa inovadoras buscam adotar para terem oportunidade de terem uma parcela significativa do mercado sucessor. O projeto dominante geralmente busca trabalhar a forma de um novo produto a partir de inovações tecnológicas disponíveis no momento de sua concepção, introduzidas de forma independente, buscando variações do produto referência do mercado no segmento específico. FONTE: Disponível em: <http://www.portaldomarketing.com.br/Dicionario_de_Marketing/P.htm>. Acesso em: 10 out. 2009. Como você pode ler, são diversos os conceitos que o engenheiro de produção precisa dominar para poder desenvolver bem o seu trabalho no processo de desenvolvimento de produto (PDP). Outros conceitos mais você deverá conhecer durante a sua vida profissional e para auxiliá-lo, você poderá procurar o significado destes novos termos nas referências apresentadas. AUTOATIVIDADE Este estudo da terminologia utilizada em engenharia é muito importante para o futuro engenheiro, pois como toda profissão, o engenheiro tem as suas terminologias técnicas para poder-se comunicar adequadamente com seus pares e redigir relatórios e outros trabalhos técnicos pertinentes ao exercício da profissão. TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO E PRINCIPAIS CONCEITOS REFERENTES A PRODUTOS 13 AUTOATIVIDADE Vamos pesquisar o significado de mais alguns termos utilizados pelos engenheiros quando estão trabalhando com produtos. Preencha o quadro a seguir: Termo Significado Fonte Projeto Conceitual Especificação do produto Design Análise Morfológica Custo do produto Estratégias de lançamento de produto CAD / CAM Processos de fabricação Logística Stakeholders Plano de marketing 3 CICLO DE VIDA DO PRODUTO Você já está se familiarizando com os principais conceitos que os engenheiros utilizam nas diversas fases de desenvolvimento de produtos, também conhecido como engenharia do produto, bem como de terminologias usadas durante a sua existência durante o seu processo de comercialização no mercado. Conforme apresentado pelos diversos autores, como Back et al. (2008), Leite (2007), Polak (2004), Baxter (2000), Dias (2004), Kotler (1998), um produto precisa ser acompanhado por experts das mais diversas áreas durante a sua existência no mercado. O conhecimento referente ao ciclo de vida do produto e respectivas estratégias utilizadas é fundamental para mapeamento de suas vendas e para medir o seu sucesso no mercado e se temos que fazer alguma ação para revitalizá-lo, ou em última situação, até descontinuá-lo. O desenvolvimento de novos produtos e a importância do acompanhamento do ciclo de vida do produto pode ser entendido conforme Sanches (2006), que escreveu em seu texto: UNIDADE 1 | O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO NAS ORGANIZAÇÕES 14 Sob a ótica da competitividade, esta decisão pode contribuir fortemente para a melhoria do desempenho das empresas (Pegels e Thirumurthy, 1996); ao contrário, a relutância em desenvolver novos produtos pode deteriorar o desempenho de determinada empresa em relação aos seus concorrentes (Chen e Small, 1996). Assim, a decisão referente à implantação de novos produtos é, por natureza, uma decisão estratégica uma vez que: afeta o desempenho e a competitividade da empresa; este tipo de decisão é geralmente difícil de reverter, seja em função do volume de investimentos envolvidos como também pelos esforços organizacionais exigidos; e a introdução de novos produtos pode representar uma descontinuidade em relação aos produtos atuais, o que implica a necessidade de gerenciar a mudança e, em alguns casos, esta questão pode ser mais importante até do que o próprio produto. (SANCHES, 2006, p. 27) É muito importante para o engenheiro que trabalha com desenvolvimento de produtos, acompanhá-los em sua empresa e no mercado, identificando em que fase de seu ciclo de vida, os produtos se encontram. IMPORTANT E O ciclo de vida de um produto pode ser entendido como sendo um processo que busca traduzir comparativamente a existência de um produto, com um ser humano, em que principalmente no produto, busca-se a alusão econômica das vendas do produto no mercado. FIGURA 5 – CICLO DE VIDA DE UM PRODUTO E LUCRO. Vendas Tempo Vendas e Lucros Lucros/ Custo DeclínioMaturidadeIntrodução Desenvolvimento de Produção 0 Crescimento FONTE: Sandhusen (apud DIAS, Sergio Roberto. Gestão de marketing. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 98) TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO E PRINCIPAIS CONCEITOS REFERENTES A PRODUTOS 15 A figura anterior apresenta as quatro fases do ciclo de vida de um produto: a introdução do produto no mercado, a fase de crescimento, maturidade e declínio. Esta figura, diferentemente, da apresentada no tópico anterior, possui ainda a fase de desenvolvimento do produto. Em cada uma destas fases de existência, é necessário desenvolver estratégias mercadológicas especificas para trabalhar a continuidade do produto no mercado de forma interessante para a empresa, gerando lucro. Vamos identificar alguns detalhes de cada fase do ciclo de vida de um produto. 3.1 FASE DE DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO A fase de desenvolvimento do produto é uma fase muito crítica no processo, pois é um momento que envolve um grande esforço dos diversos setores de uma organização. Um bom estudo sobre o produto e o mercado é fundamental para o sucesso no lançamento de um produto no mercado. Nesta fase, é onde as empresas fazem grandes investimentos para identificação de necessidades dos consumidores e no projeto do produto. Dependendo do produto a ser desenvolvido, pode ocorrer a ação de diversos campos de conhecimento para a execução de um novo projeto, como no exemplo do projeto de um novo avião a jato para transporte de passageiros. Ali temos equipes responsáveis pelos projetos aerodinâmicos, estruturais, sistemas elétricos e eletrônicos, layout e condições de ambiente internos da cabine dos passageiros, design, comunicação, sistemas decontrole do avião etc. Em empresas maiores, é comum termos diversas equipes trabalhando em cada um dos campos de projeto, já em empresas menores, muitas vezes, o engenheiro projetista acaba trabalhando sozinho, ou com equipes pequenas no PDP. É importante lembrar que o ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO estuda todo o processo de trabalho para a execução de um projeto de produto, porém ele não trabalha os conhecimentos específicos de projetos mecânicos, elétricos e outros necessários para o desenho e assinatura de responsabilidade técnica do projeto em si. Para assumir a responsabilidade técnica do projeto do produto, é necessário ser um engenheiro mecânico, elétrico, aeronáutico, civil etc. Mas o ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO tem função primordial de gestão de todo o projeto do produto, desde o momento de seu início, ou seja, o seu planejamento, até o momento da entrega das primeiras unidades para a comercialização. Atualmente, tem se trabalhado muito o conceito de Project Management (PM), ou também conhecido como Gestor de Projeto (GP), que é um campo de trabalho em expansão para o ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO. ATENCAO UNIDADE 1 | O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO NAS ORGANIZAÇÕES 16 Quanto melhor for o processo de desenvolvimento de um produto, maiores são as probabilidades de que o produto dê certo. Nesta fase, é comum serem desenvolvidos diversos tipos de pesquisa e trabalhos em projeto, conforme estão apresentados no quadro a seguir: QUADRO 2 – PESQUISAS QUE PODEM SER REALIZADAS NA FASE DE PROJETO DE PRODUTO • Pesquisa de mercado identificando as necessidades dos consumidores; • Pesquisas de tecnologias existentes; • Pesquisa de preço de produtos similares ou concorrentes; • Análises de design; • Viabilidade de projeto do produto; • Projeto do produto, componentes; • Análise estrutural; • Análise de viabilidade financeira; • Estudo de matéria-prima e fornecedores; • Estudo do processo produtivo do produto ou de seus componentes; • Projeto do ferramental; • Estudo da marca a ser colocada no produto; • Projeto de embalagem; • Plano de lançamento de produto no mercado (Plano de marketing); • Planos de distribuição etc. FONTE: O Autor. Conforme descrito por Baxter (2000, p.17), em um processo de projeto de um produto, sempre incorremos em risco, mas o engenheiro precisa lembrar que: É claro que você não pode especificar exatamente como será o novo produto, antes que ele seja desenvolvido. Mas também não é possível que você não saiba absolutamente nada sobre ele. Toda vez que identificar uma oportunidade para o desenvolvimento de um novo produto, algumas metas serão fixadas. Um produto que é idealizado para ser mais barato que o dos competidores, tem metas de custo e preço. Um novo produto que é imaginado para ser melhor que os concorrentes, significa que tem metas funcionais. Até um produto que se destina a alcançar um concorrente mais inovador, precisa, ao menos funcionar tão bem quanto este, sem acréscimo de custo. Assim, pode-se pensar em metas para novos produtos, embora com menos precisão e menos dados quantitativos, em relação a outros tipos de tarefas rotineiras. (BAXTER, 2000, p.17) Assim, podemos concluir que um bom projeto de produto é meio caminho andado para o seu sucesso no mercado. TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO E PRINCIPAIS CONCEITOS REFERENTES A PRODUTOS 17 3.2 FASE DE INTRODUÇÃO DO PRODUTO A fase de introdução do produto no mercado gera muita incerteza para a empresa, pois é neste momento que ela sentirá o seu resultado inicial de aceitação ou não pelos consumidores. Neste momento, precisamos colocar em prática todas as estratégias desenvolvidas na fase de planejamento e projeto do produto, além de monitorarmos os resultados iniciais. Geralmente, temos uma penetração lenta do produto no mercado, além de baixo ou nenhum lucro. Nesta fase, realizam-se grandes investimentos em marketing e por isso, acaba neutralizado o lucro das vendas. Muitas empresas já identificam neste momento se o produto será um campeão de vendas, ou não, e em alguns casos conseguem identificar inclusive se o produto vai ter ou não uma boa aceitação. Nestes casos, a empresa pode inclusive descontinuar já a venda deste produto. Nestes casos de insucesso no lançamento de produtos, é comum a empresa ter prejuízos decorrentes de todos os investimentos realizados neste projeto do novo produto (investimentos de projeto, ferramentaria, matéria-prima, máquinas, embalagem, estocagem etc.), e que não conseguiram ser amortizados pelas vendas realizadas no período em que esteve em comercialização. Para os produtos que são bem aceitos pelo consumidor, os mesmos acabam completando o ciclo de vida e seguindo para as etapas posteriores. 3.3 FASE DE CRESCIMENTO O produto que passa para a fase de crescimento em venda, geralmente já começa a dar sinais de lucratividade para a empresa. Nesta fase do ciclo de vida dos produtos, as vendas começam a crescer, os concorrentes começam a prestar atenção no produto e é chegado o momento em que começam a ser lançados produtos similares no mercado. Um exemplo atual é do lançamento do celular iPhone da Apple, veja figura a seguir. O aparelho foi lançado em 29 de junho de 2007. Conforme dados apresentados pela Apple, até o final de 2007, o novo lançamento venderia mais de 3 milhões de unidades. Seria o celular de maior sucesso em todos os tempos e um dos produtos mais lucrativos na história da Apple. Mas como acontece com todo produto campeão de vendas, a concorrência começou a lançar similares e em menos de seis meses de seu lançamento, já havia produtos chineses com design e tecnologias similares ao iPhone disponíveis no mercado internacional. UNIDADE 1 | O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO NAS ORGANIZAÇÕES 18 FIGURA 6 – FOTOGRAFIA DO CELULAR IPHONE DA APPLE FONTE: Disponível em: <http://culturautil.files.wordpress.com/2008/10/iphone2.jpg>. Acesso em: 18 nov. 2009. 3.4 FASE DE MATURIDADE A fase da maturidade é marcada pela competição plena no mercado. Os principais concorrentes estão instalados e todos buscam a plenitude de suas vendas. Nesta fase do ciclo de vida, é que verificamos que os preços dos produtos começam a ser reduzidos, principalmente pela ação da concorrência. Nesta fase, conforme Dias (2003, p.100), “as vendas do produto tendem a se estabilizar, acompanhando o crescimento vegetativo do mercado”, e os consumidores já estão acostumados em adquirir o produto. Geralmente, a concorrência é bastante acirrada, pois o número de concorrentes é grande. Dias (ibid) expõe ainda que “a estratégia mais adotada é a manutenção da participação do mercado por meio de investimentos em promoções, ofertas e descontos de preço, de modo a gerar volume de vendas”. É importante para a empresa monitorar os sinais, para verificar que estratégia de produto deverá trabalhar no mercado. TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO E PRINCIPAIS CONCEITOS REFERENTES A PRODUTOS 19 3.5 FASE DE DECLÍNIO A fase de declínio no ciclo de vida de um produto é marcada com a queda em vendas do mesmo, que pode advir de diversos fatores, desde a obsolescência tecnológica, até mudança de hábitos de consumo dos consumidores do produto. É comum as empresas reduzirem os investimentos no produto, principalmente os relacionados ao marketing, pois nesta fase, a gestão do produto precisa estar focada em evitar prejuízo para o negócio. Muitas empresas acabam saindo do mercado com o produto e, portanto, pode, em algumas situações, gerar pequenos aumentos de vendas novamente para as empresas que ainda continuam com o produto no mercado. 3.6 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS O estudo do ciclo de vida dos produtos e sua plena compreensão é muito importante para o engenheiro que visa trabalhar em projetos de produtos. Existem muitas estratégias que lançamos mão, dependendo do que está acontecendo no mercado com os nossos produtos. Além disso, cada produto tem características específicas que podem ser influenciadas por diversos fatores de mercado.Assim, precisamos ficar atentos ao que está acontecendo para que possamos ser proativos e não sejamos pegos de surpresa por alguma ação da concorrência, ou lançamento de produtos. Para Hamel e Prahalad (1995, p. 233), trabalhar “as competências centrais são as fontes de desenvolvimento de futuros produtos, são as raízes da competitividade e os produtos são os seus frutos”. É importante salientar que o ciclo de vida de um produto pode ser diferente de um produto para o outro, portanto, termos ciclos de vida de produto bastante pequenos, como no caso da moda, em que uma peça nova desenvolvida para uma coleção, pode ter uma vida de 2 a 3 meses, ou ainda podemos ter produtos como a coca-cola, que está na fase de maturidade há muitos anos, sendo, que seu consumo ainda encontra-se em fase de crescimento. UNIDADE 1 | O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO NAS ORGANIZAÇÕES 20 Faça uma análise dos produtos apresentados abaixo e tente identificar em que fase do ciclo de vida o produto se encontra: AUTOATIVIDADE Produto Fase do ciclo de vida Arroz Pepsi-cola Carro gol da Volkswagen Note Book Relógio Identifique ainda produtos que estão disponíveis no mercado e que estão na fase de introdução: _____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ 4 A PRÁTICA DO DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO Como estudamos até agora, você deve ter percebido que o processo de desenvolvimento de novos produtos em uma empresa, não é um processo tão simples assim. Existe todo um processo a ser trabalhado e acompanhado detalhadamente pelo responsável do projeto, também conhecido como Gestor do Projeto ou Gerente do Projeto (GP). Todo o processo compreende diversas etapas, que podem levar dias ou até semanas para serem realizados em projetos de menor monta, ou ainda levar anos em projetos complexos até se chegar ao final com o produto pronto, como por exemplo, em projetos de carros, remédios ou aviões. Dentro da definição de novos produtos conforme Crawford e Griffin e Page (apud Sanches 2006), eles apresentam seis estratégias genéricas utilizadas no processo de desenvolvimento de produtos e são classificadas como seguem: 1. Novos para o mundo: produtos que são invenções; elevado grau de inovação; geralmente geram disrupção no segmento ou criam novos, e geralmente envolvem elevados riscos; produtos novos que criam um mercado novo inexistente até então. TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO E PRINCIPAIS CONCEITOS REFERENTES A PRODUTOS 21 2. Novos para a empresa: envolve produtos que levam uma firma a entrar em uma nova categoria de produtos para a empresa, mas não são produtos novos para o mundo; produtos novos, geralmente permitem a uma organização entrar em um mercado estabelecido e que não participava até o momento. 3. Ampliação de linha: são produtos desenvolvidos para gerar extensões de linha, complementando o mix de produtos atuais da empresa. 4. Melhoria: são produtos que são aperfeiçoados pela empresa da linha de produtos já existentes; produtos novos que são desenvolvidos, melhorando o desempenho dos produtos já existentes, gerando maior valor percebido aos clientes e substituem os produtos atuais da empresa. 5. Reposicionamento: se caracteriza por produtos que são desenvolvidos para um novo mercado, segmento, uso ou aplicação, reposicionando os produtos atuais para esta nova situação. 6. Redução de custos: produtos novos que são desenvolvidos semelhantemente aos atuais e a um custo mais baixo que os produtos atuais; o projeto trabalha esforços para reduzir custos dos produtos. Estas seis estratégias podem ser visualizadas, conforme apresentado no quadro a seguir, e é muito importante para o gestor direcionar suas ações de coordenação do projeto. Quadro 3 – Novidade para o mercado X Novidade para a empresa. Novo para a empresa Novo para o Mundo Revisões de melhorias dos produtos existentes Adições para linhas de produto existentes Redução de custos Reposicionamento Baixo Alto Alto Baixo Novidade para o Mercado Novidade para a Empresa FONTE: SANCHES, Carlos Eduardo da Silva. Apostila de Gestão do Processo de Desenvolvimento de Produtos, Universidade Federal de Itajubá – UNIFEI. Jan. 2006. Revisão 08. Disponível em: <http://www.carlosmello.unifei.edu.br/ppp.htm>. Acesso em: 15 out. 2009. UNIDADE 1 | O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO NAS ORGANIZAÇÕES 22 Cada projeto traz características especificas em si, e mesmo com toda a experiência que o gestor tem, sempre estaremos à mercê de situações momentâneas de cada projeto, equipe e mercado, o que leva a este grande grau de variabilidade no processo. Verifica-se que equipes de grande assertividade em projetos de produtos são aquelas equipes que trabalham em sintonia com as necessidades do mercado, estão atentos a novas tecnologias e trabalham de forma cooperativa de modo a buscarem o crescimento de todos, evitando a geração de conflitos de interesses, e sim trabalham de forma harmoniosa no processo de projeto do produto. Assim, podemos afirmar que o segredo para um bom processo de desenvolvimento de produtos (PDP) visa garantir que as incertezas encontradas durante o desenvolvimento do projeto sejam minimizadas principalmente devido à qualidade das informações levantadas nas etapas iniciais e na profundidade da coleta de informações realmente importantes ao processo. As informações coletadas precisam auxiliar os gestores e responsáveis pelo projeto a tomar decisões corretas, podendo afirmar que é necessário uma sintonia fina entre o setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e o Mercado. Para fechar, as equipes de projeto de produto que melhor resultados trazem para as organizações, são aquelas equipes que desenvolvem os seus trabalhos de forma metodológica e sistemática. Você verá no próximo tópico as principais etapas de um processo de desenvolvimento de novo produto, bem como, aprenderá, neste livro, diversas ferramentas que o auxiliarão neste processo. ESTUDOS FU TUROS TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO E PRINCIPAIS CONCEITOS REFERENTES A PRODUTOS 23 CEM ANOS DE MUDANÇAS COLOCAM A INOVAÇÃO NO CENTRO DO NEGÓCIO Cem anos transcorreram até que a empresa industrial colocasse a inovação no centro do negócio. Para que isso acontecesse, concorreram a globalização do mercado, o desenvolvimento tecnológico e, sobretudo, o comportamento cada vez mais exigente dos clientes em relação à qualidade dos produtos. O desenvolvimento de produtos, uma atividade e responsabilidade praticamente individual, no final do século XIX, é hoje atribuição de um grupo multidisciplinar. A partir do final do século XIX, a indústria começou a elaborar o que se tornou hoje um complexo processo para criar, produzir e vender um novo produto. A partir desta percepção, cresceu progressivamente o papel do profissional da indústria participando desse processo. Em seguida, como resultado do desenvolvimento tecnológico, as empresas compreenderam que a tarefa exigia uma equipe multidisciplinar que a ela se dedicasse de forma cooperativa e integrada. Com o passar do tempo, a empresa foi incorporando diferentes focos a sua posição. No início dessa evolução, a preocupação estava centrada nos sistemas técnicos. Num segundo momento, o desenvolvimento de produtos surgiu como fator mercadológico que poderia assegurar para a empresa posições mais fortes no mercado por atender as necessidades e desejos dos clientes. Finalmente, o lançamento de um novo produto passa a ser visto como fator reestruturante do próprio negócio da empresa. É relevante assinalar que estas três tendências não se substituíram, mas se complementaram ao longo do processo que culminou nos anos 1990 com a inclusão da inovação dos produtos no planejamento estratégico das empresas, abrangendo toda a linha de produtos. A necessidade de reuniruma equipe multiprofissional para executar o projeto de um novo produto trouxe para o gestor do projeto, com frequência, a exigência de administrar os conflitos decorrentes das diferentes perspectivas sobre a concepção do produto e da forma de projetá-lo, que caracterizam os diversos profissionais envolvidos. De maneira geral, profissionais com formação nas ciências exatas estão mais focados nas características físicas e funcionalidades do produto. Já, os formados nas ciências humanas tendem a priorizar as necessidades dos usuários. LEITURA COMPLEMENTAR UNIDADE 1 | O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO NAS ORGANIZAÇÕES 24 O resultado dessa diversidade de visões é que ao produto esperado se acrescentam novas dimensões, pela inclusão das condições de entrega, distribuição, garantias, instalação e manutenção. O produto, agora aumentado, amplia os benefícios do produto esperado e a ele se pode acrescentar ainda o produto potencial, ou seja, o produto com suas possibilidades de alterações futuras. Afinal, o produto é um composto de bens e serviços, tangíveis alguns, intangíveis outros. A definição das características do produto é feita pelos profissionais qualificados na avaliação das necessidades do mercado, que definirão sua forma no projeto, na prototipagem e na engenharia de produção. Existem diferentes modelos para o desenvolvimento do produto e para a integração dos profissionais envolvidos. Um deles, proposto em 1990 por N. P. Suh em seu livro The Principles of Design, evidencia a natureza cíclica do processo, como mostra ao lado. Tecnologia acelera o processo As técnicas auxiliares no desenvolvimento de produtos surgiram, ou foram mais bem elaboradas, a partir da metade do século passado. Estão incluídas, neste caso, técnicas como brainstorming, focus group, lista de atributos, formulário de ideias, definição do marketing mix, índice ponderado, estatísticas de análise de demanda, mapas de posicionamento e técnicas de estimativa de custo e de vendas. Como exemplos de técnicas aplicáveis ao projeto do produto, estão o desdobramento da função qualidade, o projeto axiomático, a análise morfológica, o projeto modular, a engenharia de valor, técnicas de maquetaria e os sistemas Trabalho Colaborativo Gestão de visões conflitantes Desenvolvimento do produto Economistas Designers Advogados EngenheirosAdministradores Profissionais de Marketing As diversas funções profissionais em interação no cenário do desenvolvimento integrado de produto Modelo de integração projeto-produção-marketing Design HelixSuh Marketing Marketing Produção Produção Projeto Projeto TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO E PRINCIPAIS CONCEITOS REFERENTES A PRODUTOS 25 computacionais Computer Aided Design - CAD, Computer Aided Engineering - CAE, Design of Experiments - DOE, Design for Manufacture and Assembly - DFMA e Failure Mode and Effect Analysis - FMEA. Quando o desenvolvimento do produto envolve toda a empresa, novas ferramentas da informática são incorporadas: Product Data Management - PDM, Workflow e a mais atual tecnologia, cobrindo todo o ciclo, a Product Lifecycle Management - PLM associada aos sistemas de gestão Enterprise Resources Planning - ERP. Foco no tempo A engenharia concorrente ou simultânea, impulsionada pela necessidade de diminuir o tempo de desenvolvimento do produto, dominou a metodologia de organização do trabalho a partir dos anos 1980. Seu objetivo central era reduzir o tempo entre projeto e fabricação. Para obter ganhos de tempo introduziu-se a execução paralela das diversas etapas ou fases do desenvolvimento do produto, enfatizando ao mesmo tempo o trabalho de uma equipe multidisciplinar de engenharia. O resultado foi um ganho de tempo tanto para o desenvolvimento do produto quanto para a produção, permitindo projetos mais bem elaborados. Teoricamente, a produção poderia usar o tempo obtido para reduzir o time-to- market e, portanto, antecipar o retorno do investimento realizado. O desenvolvimento integrado do produto se apoia na mesma base da engenharia concorrente, mas amplia o trabalho em equipe para envolver todos os profissionais não engenheiros no desenvolvimento do produto. Alguns dos membros recém-incorporados à equipe ganharam participação relevante devido à globalização econômica. A ampliação da equipe impõe também maior coordenação entre as várias funções, reforço na disposição para o trabalho em equipe, maior receptividade a perspectivas diferentes e normalização dos fluxos de informação intercambiados. O surgimento do mercado global e as exigências crescentes da demanda em termos de qualidade e especificidade conduziram as empresas a uma política de inovação de produto que implica a inovação do próprio negócio - o product-based business de alguns autores. Em outras palavras, a gestão da linha de produtos incorpora a inovação como diretriz permanente e em torno dela se estrutura o negócio da empresa. Isso não significa necessariamente uma busca da invenção, mas significa procurar novas e melhores maneiras de atender as necessidades dos clientes. Para os profissionais das indústrias envolvidos no desenvolvimento de novos produtos, é importante observar: UNIDADE 1 | O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO NAS ORGANIZAÇÕES 26 Os fatores que provocaram as grandes modificações no processo de desenvolvimento de produtos - globalização, evolução tecnológica, demandas exigentes de qualidade - continuam exercendo pressão sobre as indústrias. Em outras palavras, continua a busca da inovação. O trabalho será cada vez mais multiprofissional e o ponto de partida das inovações estará na prospecção das necessidades dos clientes, o que significa colocar a iniciativa mais distante da engenharia de projeto e de produção. Ambas, contudo, serão ouvidas com frequência ao longo dessa fase inicial, até que as características do produto estejam definidas e consideradas viáveis. A integração exige de todos compreensão e tolerância para pontos de vista de profissionais não engenheiros ou engenheiros que ampliaram seu conhecimento para o campo mercadológico. As empresas tenderão a desenvolver uma cultura que favoreça o desenvolvimento de produtos e modelos estruturais que tenham a representação do ciclo de vida de produto. Crédito O artigo “Cem anos de mudanças colocam a inovação no centro do negócio” foi elaborado pelo departamento editorial de Noticiário de Equipamentos Industriais-NEI com base em trabalho do engenheiro e professor doutor Gilberto Dias da Cunha. A responsabilidade, pela forma e conteúdo deste artigo, é inteira da área editorial de NEI. FONTE: Disponível em: <http://www.nei.com.br/artigos/artigo.aspx?i=83>. Acesso em: 10 out. 2009. Para um aprofundamento destes temas, sugiro que você leia o capitulo 3 do livro Administração da Produção de Petrônio G. Martins e Fernando P. Laugeni. (MARTINS, Petrônio Garcia e LAUGENI, Fernando P. Administração da produção. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2005.) DICAS 27 Neste tópico, podemos observar uma discussão acerca do significado da importância devida ao desenvolvimento de novos produtos para as empresas, em que foram abordados os seguintes itens: • Atualmente, as organizações têm tido uma preocupação muito grande em seu mix de produtos e nas inovações que estão sendo lançadas no mercado nacional e internacional. • O processo de desenvolvimento de novos produtos é complexo e, dependendo do produto, pode levar alguns dias ou semanas para projetos mais simples, podendo levar anos em projetos complexos como o projeto de um gerador para uma usina hidrelétrica. • Tecnologia disruptiva pode ser entendido como uma tecnologia revolucionária que veio para desbancar a tecnologia vigente até então no mercado. Exemplo: o computador desbancou diversas tecnologias, tais como a máquina de datilografia, arquivos de papel para arquivos digitais etc. • A área de desenvolvimento de produtos tem diversas terminologias específicas que o engenheiro de produçãoprecisa dominar para poder trabalhar neste campo de trabalho, envolvendo conceitos da engenharia, administração e marketing. • A definição de produto pode ser entendida sob diversas óticas. As três principais utilizadas na engenharia são: a visão de marketing, a da produção/fábrica e a do cliente. • CICLO DE VIDA - Termo utilizado para definir os períodos de vida de um produto, que começa com sua introdução no mercado, crescimento, maturidade e declínio. • O estudo do ciclo de vida dos produtos e sua plena compreensão é muito importante para o engenheiro que visa trabalhar em projetos de produtos. • O engenheiro de produção que pretende trabalhar com projeto de produto precisa buscar diversos conhecimentos de apoio e suporte para o desenvolvimento de projetos de produto, que vão desde conhecimentos de mercado, marketing, custos entre outros. RESUMO DO TÓPICO 1 28 Resolva as questões a seguir, exercitando seus conhecimentos adquiridos. 1 Faça uma análise até a próxima semana de novos produtos lançados no mercado, anotando a fonte. Utilize como fonte revistas semanais, internet, jornais e até o mercado em que você faz compras. 2 Faça um resumo sobre o ciclo de vida do produto, e se você trabalha em uma empresa, tente identificar em que fase do ciclo de vida os produtos analisados se encontram. 3 Descreva qual a importância para o engenheiro dominar as terminologias específicas do campo de trabalho de projeto do produto e porque precisa conhecer termos ligados à área de marketing e outros mais pertinentes ao tema. Justifique? AUTOATIVIDADE 29 TÓPICO 2 PRINCÍPIOS DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Como estudamos no tópico 1, o processo de Gestão de Desenvolvimento de Produtos (GDP), é um dos campos da Engenharia de Produção de grande importância para as organizações, pois atualmente os consumidores estão cada vez mais ávidos por novidades para consumirem. Os principais interesses envolvidos em um processo de desenvolvimento de produto foi apresentado por Baxter (2000, p. 2) e são: Os consumidores desejam novidades, melhores produtos, a preços razoáveis; Os Vendedores desejam diferenciações e vantagens competitivas; Os engenheiros de produção desejam simplicidade na fabricação e facilidade de montagem; Os designers gostariam de experimentar novos materiais, processos e soluções formais; e Os empresários querem poucos investimentos e retorno rápido do capital. O processo de desenvolvimento de produto precisa ser metódico e tem diversas fases para serem executadas. De forma macro, podemos definir as seguintes fases conforme Baxter(2000): Análise da viabilidade e especificação do produto, Projeto e desenvolvimento de protótipos e ferramentais, Estudos de processo ligados à Engenharia de Produção, Fabricação e Vendas. Conforme Back et al. (2008), uma metodologia clara e trabalhada de forma consistente, permitirá ao gestor aperfeiçoar o processo de desenvolvimento de produto e principalmente, minimizar o risco de que o produto a ser lançado tenha problemas de aceitação no mercado. UNIDADE 1 | O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO NAS ORGANIZAÇÕES 30 Este tópico trabalhará diversas ferramentas que auxiliarão o engenheiro a desenvolver um projeto de produto buscando aperfeiçoar o seu processo. Atenção nos estudos e lembre-se de que um processo importante para aprendizado é elaborar uma ficha resumo do material que está estudando, bem como tentar desenvolver ou buscar exemplos práticos de seu dia a dia. Bom estudo! ATENCAO Podemos ver a metodologia de desenvolvimento de produto, de uma forma mais visual, na figura a seguir, apresentada por Cheng e Melo (2007), que apresenta o funil de desenvolvimento, desde o processo de entrada do processo, o processamento e a saída. FIGURA 7 – FUNIL DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO. EVOLUÇÃO DO MERCADO GESTÃO DE PORTFÓLIO > CAPACIDADE INSTALADA EVOLUÇÃO DA TECNOLOGIA ENTRADA SAÍDAPROCESSAMENTO Mercado/ Clientes Mapeamento Tecnológico Novas ideias de produtos Geração de novos projetos Re vi ta liz aç ão d e p ro du to s pe lo co nc ei to d e p la ta fo rm a Pl an ej am en to es tra té gi co d o ne gó ci o da em pr es a Produto 1 Produto 2 Produto 3 Processo de desenvolvimento - Etapas/ Momentos de decisões FONTE: CHENG, Lin Chih.; MELO, Leonel Del Rey Filho. QFD: desdobramento da função qualidade na gestão de desenvolvimento de produtos. São Paulo: Editora Blücher, 2007, p. 3. Vamos estudar no próximo tópico, as diversas fases que devemos seguir para que possamos trabalhar o desenvolvimento de um projeto de forma profissional e metódica, e assim minimizarmos os problemas de projeto e de lançamento de um produto no mercado. TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO 31 2 FASES DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO Diversas metodologias foram desenvolvidas para auxiliar os engenheiros no processo de desenvolvimento de produto. Existem modelos que inicialmente focavam-se mais nos processos relacionados à engenharia (projeto, estrutural, processos produtivos, matéria-prima, qualidade, fábrica etc.), outros voltados aos processos relacionados somente com a parte de marketing ou comercial/vendas. Porém, atualmente o PDP está caminhando para metodologias integradoras, quando os diversos setores da empresa se unem com seus conhecimentos específicos e formam uma equipe multidisciplinar de desenvolvimento de produto, quando cada expertise é aproveitada para minimizar os erros e ajudar no sucesso do projeto. Baxter (2000) apresenta o funil de decisões que uma equipe de projeto precisa analisar e acompanhar durante todas as fases do processo de desenvolvimento de produto. Quanto mais assertivo e aprofundado forem as suas análises, menores serão os riscos de se cometer erros no projeto final. Assim, uma das primeiras perguntas que a equipe precisa fazer para si é se a empresa precisa e tem condições de trabalhar inovação em sua linha de produtos e se ela está preparada. Na figura a seguir, temos um exemplo de funil de decisões que pode auxiliar na compreensão dos conteúdos apresentados. FIGURA 8 – FUNIL DE DECISÕES. FONTE: BAXTER, M. Projeto de produto: guia prático para o design de novos produtos. São Paulo: Edgard Blücher, 2000, p. 9. UNIDADE 1 | O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO NAS ORGANIZAÇÕES 32 Este funil de decisões apresentadas por Baxter nos leva a refletir sobre as fases necessárias ao PDP. As fases do Processo de Desenvolvimento do Produto (PDP), apresentadas por Back et al. (2008) e Rozenfeld et al. (2006), podem ser definidas de forma macro, como seguindo os seguintes passos: Planejamento do Projeto, Projeto Informacional, Projeto Conceitual, Projeto Detalhado, Planejamento da Produção e Lançamento do Produto. Este processo está apresentado de forma resumida na figura que segue. FIGURA 9 – PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO. Gerenciamento de mudanças de projeto e engenharia Melhoria do processo de desenvolvimento de produtos Pré PósDesenvolvimento Estágio Planejamento Estratégico dos Produtos Acompanhar Produto/ Processo Mercado Descontinuar Produto Processos de apoio Planejamento do Projeto Projeto Informacional Projeto Conceitual Projeto Detalhado Preparação da Produção Lançamento do Produto Processo de Desenvolvimento de Produto PDP FONTE: Adaptado de: ROZENFELD, H. et al. Gestão de desenvolvimento de produto: uma referência para a melhoria do processo. São Paulo: Saraiva, 2006. Conforme pudemos ver na figura anterior, todo o processo de desenvolvimento de produto (PDP) passa por três fases distintas, que são definidas como as macro fases de: 1. Pré-Projeto 2. Desenvolvimento, e 3. Pós-projeto. Em cada uma destas fases, existem diversos estágios que precisamos desenvolver para que possamos cumprir os nossos objetivos de desenvolvimento de produto, que estão apresentados resumidamente no quadro a seguir. TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO 33
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