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LLIIVVRROOSS DDEE AATTOOSS 
 
CENTRO TEOLÓGICO FATAD 
CURSO EM TEOLOGIA MODULAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROF.º JALES BARBOSA 
 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 2 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
 
Amados e queridos estudantes, amigos da verdade, povo adquirido, nação eleita. 
 
Graça e paz, da parte de Deus nosso pai, e do nosso Senhor Jesus Cristo. 
 
Grande é a nossa responsabilidade do servo e salvo em Jeová, de anunciar, 
apresentar, fazer chegar claramente à todos, da infinita bondade e grandeza, de tão grande 
salvação em Cristo Jesus. 
 
Conscientes dessa grande, esplendida, árdua e laboriosa tarefa do ensino da palavra. 
E te convidamos para estudar a Santa e maravilhosa palavra de Deus. 
 
Numa serie de apostilas andaremos juntos, passo a passo com, o Senhor Jesus. Nos 
evangelhos; seremos missionário com os apóstolos em atos; profetizaremos com Isaias, 
Ezequiel, e outros profetas; caminharemos com Moisés pelo deserto, passaremos o Jordão 
com Josué; venceremos todos os Golias ao lado de Davi em nome de Jeová; salmodiaremos 
canções ao nosso Deus com “Asafe”, teremos a coragem de Débora, a sabedoria de Salomão, 
a graça de Jesus, a visão de Paulo, a fidelidade de Samuel, amaremos e reclinaremos nosso 
rosto no peito de Cristo, tal qual João. 
 
Venha conosco, seja como os crentes de Beréia (At, 17.10-12), examinando cada dia 
as escrituras, você estará tomando posse das bênçãos do Senhor, fortalecendo-se, 
aprendendo e falando dessa palavra, você salvará tomando a ti mesmo como seus ouvintes. 
(1 Tm 4:16). 
 
Em Cristo Jesus, 
 
 
A Diretoria 
 
 
 
 
 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 3 
 
 
 
COMO ESTUDAR ESTE LIVRO 
 
Às vezes estudamos muito e aprendemos ou retemos pouco ou nada. 
Isto em parte acontece pelo fato de estudarmos sem ordem nem método. 
Embora sucintas as orientações que passamos a expor ser-lhe-á muito útil. 
 
1. Busque a ajuda divina 
 
Ore a Deus dando-lhe graças e suplicando direção e iluminação do alto. Deus pode 
vitalizar e capacitar nossas faculdades mentais quanto ao estudo da Palavra de Deus. Nunca 
execute qualquer tarefa de estudo ou trabalhos da palavra de Deus sem primeiro orar. 
 
2. Além da matéria a ser estudada , tenha à mão as seguintes fontes de consulta e refe-
rência: 
 
• Bíblia. Se POSSÍVEL em mais de uma versão. 
• Dicionário Bíblico. 
• Atlas Bíblico. 
• Concordância Bíblica. 
• Livro ou caderno de apontamentos -individuais. 
• Habitue-se a sempre tomar notas de seus estudos e meditações. 
 
3. Seja ORGANIZADO ao estudar 
 
A. Ao primeiro contato com a matéria procure obter uma visão global da mesma isto é 
como um todo. Não sublinhe nada. Não faça apontamentos. Não procure referências 
na Bíblia. Procure sim descobrir o propósito da matéria em estudos, isto é o que 
deseja ela comunicar-lhe. 
 
B. Passe então ao estudo de cada lição observando a SEQÜÊNCIA dos Textos que a 
englobam. Agora sim à medida que for estudando sublinhe palavras frases e trechos-
chaves. Faça anotações no caderno a isso destinado. 
 
C. Ao final de cada lição encontra-se uma revisão geral de cada parte do livro perguntas 
e EXERCÍCIO que deverão ser respondidas ao termino de cada parte, que deverão 
ser respondidas sem consulta ao texto correspondente. responda todas as perguntas 
que for POSSÍVEL, logo em seguida volte ao texto e confira as suas respostas. 
Fazendo assim VOCÊ chegara a um final do seu estudo, com um bom aprendizado 
quanto no conhecimento intelectual e ESPIRITUAL. 
 
 
 
 
 
 
 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 4 
 
 
ÍNDICE 
 
 
INTRODUÇÃO .........................................................................................................................................7 
AUTORIA .................................................................................................................................................7 
OBJEÇÕES À AUTORIA DE LUCAS....................................................................................................7 
ARGUMENTOS A FAVOR DA AUTORIA DE LUCAS...........................................................................7 
DATA .......................................................................................................................................................8 
PROPÓSITO............................................................................................................................................8 
Capítulo I - INSTRUÇÕES FINAIS E A ASCENSÃO DE JESUS............................................................10 
1. Atos 1. 1-11.....................................................................................................................................10 
2. A Substituição de Judas - Atos 1.12-25...........................................................................................12 
2.1. O Cenáculo (vv 12-14) ..............................................................................................................12 
2.2. O caso de Judas ( vv 15-20) .....................................................................................................12 
2.3. A escolha de Matias (vv. 21-26) ................................................................................................12 
Capítulo II - A IGREJA REVESTIDA DE PODER ...................................................................................15 
1. A Relação entre o Reino e a Igreja..................................................................................................15 
2. O Espírito Santo do Ponto de Vista do Velho Testamento...............................................................15 
3. A Descida do Espírito Santo em Pentecostes – At 2.1-13 ...............................................................16 
4. O Sermão de Pedro - At 2.14-37.....................................................................................................17 
5. O Povo Atende ao Apelo - At 2.37-41..............................................................................................18 
6. As Atividades dos primeiros Cristãos – At 2.42-47 ..........................................................................18 
7. Compartilhamento espontâneo (vv. 44-47)......................................................................................19 
Capítulo III - AS EVIDÊNCIAS DO PODER DO REINO – At 3.1-26 .......................................................21 
1. A cura do paralítico (vv. 1-10) .........................................................................................................21 
2. Segundo sermão de Pedro (vv. 11-26)............................................................................................21 
Capítulo IV - PROBLEMAS ENFRENTADOS PELA IGREJA PRIMITIVA - At 4.1 - 6.7 ..........................22 
1. Oposição da Parte dos Saduceus - At 4.1-2, 21..............................................................................23 
2. O Aprisionamento de Pedro e João (vv. 1-4)...................................................................................23 
3. O julgamento de Pedro e João (vv. 5-22) ........................................................................................24 
4. O Gozo da Igreja - At 4.23-31 .........................................................................................................24 
5. Um Sumário das Circunstâncias Vividas pelos Crentes e o Exemplo de Barnabé -At 4.32-37 ........25 
6.A Decepção causada por Ananias e Safira - Atos 5.1-11 ................................................................26 
7. A Igreja Continua a Atuar com Poder - At 5.12-16...........................................................................26 
8. Nova oposição dos Saduceus - At 5.17-42......................................................................................27 
9. Igualdade de Tratamento Dentro da Comunidade - At 6.1-6 ...........................................................28 
10. Conclusão - At 6.7.........................................................................................................................29 
Capítulo V - PERSEGUIÇÃO E CRESCIMENTO DA IGREJA - At 6.8-8.40. ..........................................31 
1. A Acusação contra Estevão - At 6.8-15...........................................................................................31 
2. A Mensagem de Estevão - At 7.1-53...............................................................................................32 
2.1. Replica à acusação de estar falando contra Deus.....................................................................33 
2.2. A acusação de estar falando contra a lei também é contestada................................................34 
3. A Morte de Estevão - At 7.54-60 .....................................................................................................34 
4. Paulo Entra em Cena - At 7.57-8.1-3...............................................................................................35 
5. A Perseguição e Seus Efeitos sobre a Igreja - At 8.4-8 ...................................................................36 
6. A Tentação de Perverter o Poder de Deus - At 8.9-13 ....................................................................36 
7. A Conversão do Etíope - At 8.25-40................................................................................................37 
Capítulo VI - PREPARAÇÃO PARA A EXPANSÃO ENTRE OS GENTIOS - At 9.1- 11.18 ....................39 
1. A Conversão de Paulo - At 9.1-19 ...................................................................................................39 
2. Primeiros Dias do Discipulado de Paulo - At 9.19-30 ......................................................................40 
3. Um Sumário da Expansão da Igreja na Palestina - At 9. 31-43 .......................................................41 
4. A Conversão do Cornélio - At 10.1-48.............................................................................................41 
4.1 A visão do Cornélio - At 10.1-8...................................................................................................41 
4.2. A visão de Pedro (vv. 9-22).......................................................................................................41 
4.3. Pedro testifica a Cornélio (vv. 23-48) ........................................................................................42 
5. A defesa de Pedro, por sua associação com gentios (11.1-18) .......................................................43 
Capítulo VII - ATIVIDADES EM ANTIOQUIA, JERUSALÉM E CHIPRE - At 11.19-13.12.......................44 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 5 
 
 
1. Conversões Gentias em Antioquia - At 11.19-30.............................................................................45 
1.1. A visita de Barnabé a Antioquia (w. 22-24)................................................................................45 
1.2. A ação educativa de Paulo em Antioquia (vv 25-26) .................................................................45 
1.3. Atitude cristã diante de um período de fome (w. 27-30) ............................................................45 
2. Nova Perseguição na Judéia - At 12.1-25 .......................................................................................46 
2.1. A Perseguição de Herodes (vv.1-5)...........................................................................................46 
2.2. A maravilhosa libertação de Pedro (vv 6-16).............................................................................46 
2.3. A narrativa de Pedro e a sua partida (vv 17-19) ........................................................................47 
2.4. A morte de Herodes Agripa (vv. 20-23) .....................................................................................47 
2.5. Uma explicação Resumida (vv. 24 e 25) ...................................................................................47 
3. Expansão Missionária a Chipre - At 13.1-12....................................................................................48 
3.1. Os líderes em Antioquia (v. 1) ...................................................................................................48 
3.2. O plano de expansão da Igreja em Antioquia (vv 2 e 3) ............................................................48 
3.3. A missão em Chipre (vv 4-12) ...................................................................................................49 
Capítulo VIII - A PRIMEIRA MISSÃO À ÁSIA MENOR – At 13.13-14.28................................................51 
1. O Retorno de João Marcos de Perge na Panfília - At 13.13 ............................................................51 
2. Testemunhando em Antioquia da Pisídia - At 13.14-52...................................................................51 
2.1. A viagem a Antioquia (v. 14) .....................................................................................................51 
2.2. Sermão em Antioquia (vv. 15-41)..............................................................................................52 
3. Acontecimentos em Icônio - At 14.1-7.............................................................................................54 
4. Um milagre em Listra (v. 8-20) ........................................................................................................54 
5. Visitas na volta a Antioquia da Síria (vv 21-28) ...............................................................................55 
Capítulo IX - A CONFERÊNCIA EM JERUSALÉM - At 15.1-35 .............................................................56 
1. Três anos após a sua conversão (cerca de 37 A. D). ......................................................................56 
2. A Viagem a Jerusalém (vv 2-4). ......................................................................................................56 
3. A Realização da Conferência (vv. 5-11) ..........................................................................................57 
4. Os Discursos de Paulo, Barnabé e Tiago (vv 12-21). ......................................................................58 
5. A Decisão da Conferência (vv 22-29) ..............................................................................................59 
6. O relatório perante a Igreja em Antioquia (vv. 30-35) ......................................................................59 
Capítulo X - VISITAS AS IGREJAS NA SÍRIA, CILÍCIA E GALÁCIA – At 15. 36-16.5. ...........................59 
1. Separação entre Paulo e Barnabé (w. 36-41)..................................................................................59 
2. As Visitas às Igrejas da Galácia - At 16.1-5.....................................................................................60 
Capítulo XI - O MINISTÉRIO DE PAULO NA MACEDÔNIA - At 16.6-17.15...........................................61 
1. O Início de uma Nova Campanha Evangelística (vv. 6-10)..............................................................61 
2. Testificando em Filipos (vv. 11-40)..................................................................................................62 
2.1. A Conversão de Lídia (vv. 14 e 15) ...........................................................................................622.2. A cura da jovem escrava (vv. 16-24) .........................................................................................63 
2.3. Uma libertação milagrosa (vv. 25-26)........................................................................................64 
2.4. A conversão do carcereiro de Filipos (vv. 29-34).......................................................................64 
3. Evangelização em Tessalônica - At 17.1-9......................................................................................67 
3.1. Testemunhando na Sinagoga (vv.2-4) ......................................................................................67 
3.2. O tumulto em Tessalônica (vv. 5-9)...........................................................................................67 
4. A Aceitação em Beréia (vv. 10-15) ..................................................................................................68 
Capítulo XII - O MINISTÉRIO DE PAULO EM ATENAS ATOS - At 17. 16- 34.......................................68 
1. O testemunhar de Paulo na cidade (vv. 16 e 17).............................................................................69 
2. O discurso de Paulo (vv. 18 e 34). ..................................................................................................69 
Capítulo XIII – PAULO EM CORINTO E EM ANTIOQUIA DA SÍRIA- AT 18.1-20.1................................70 
1. Paulo em Corinto – At 18.1-17 ........................................................................................................70 
1.1. Primeiros Contatos em Corinto (vv. 2-5) ...................................................................................71 
1.2. Separação da Sinagoga (vv. 6-11)............................................................................................71 
1.3. O julgamento perante Gálio (vv. 12-17).....................................................................................71 
2. O Retomo de Paulo a Antioquia da Síria – At 18.18-22...................................................................72 
3. A Igreja em Éfeso - At 18.23-19.41 .................................................................................................72 
3.1. A visita de Paulo à Galácia e à Frigia (v. 23).............................................................................73 
3.2. As atividades de Apolo (vv. 24-28)............................................................................................73 
3.3. O Trabalho de Paulo em Éfeso (19:1-41)..................................................................................73 
4. Paulo Deixa Éfeso - At 20.1 ............................................................................................................76 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 6 
 
 
Capítulo XIV - A VIAGEM DE PAULO A JERUSALÉM E SUA PRISÃO - At 20:2-24.27 ........................76 
1. A última visita à Macedônia e a Acácia - At 20.2-6..........................................................................77 
2. Um Culto Dominical em Troas - At 20.7-12 .....................................................................................77 
3. A Viagem de Assôs a Mileto - At 20.13-16 ......................................................................................78 
4. Instruções Finais aos Presbíteros de Éfeso - At 20.17-38 ...............................................................78 
5. Continuando a Viagem a Jerusalém - At 21.1-16 ............................................................................80 
6. Acontecimentos que Culminaram com o Aprisionamento de Paulo – At 21.17-40...........................81 
7. A Autodefesa de Paulo perante os Judeus –At 22.1-21 ..................................................................82 
8. O Apelo de Paulo à sua Cidadania - At 22.23-30 ............................................................................83 
9. Paulo perante o Sinédrio - At 23.1-10..............................................................................................84 
10. O Apoio Divino e a Libertação - At 23.11-35..................................................................................84 
11. O Julgamento de Paulo perante Félix - At 24.1-27 ........................................................................85 
11.1. O caso contra Paulo (vv. 1-9)..................................................................................................85 
11.2. A defesa de Paulo (vv. 10-21) .................................................................................................86 
11.3. A decisão de Félix (vv. 22-27) .................................................................................................86 
Capítulo XV – A MISSÃO DE PAULO A ROMA - At 25.1-28.31 .............................................................88 
1. O Apelo a César - At 25.1-12 ..........................................................................................................88 
2. Caso Paulo, discutido com Agripa II - At 25:13-27...........................................................................89 
3. O Testemunho de Paulo Perante Agripa II - At 26.1-29...................................................................90 
3.1. O discurso de Paulo – At 26.1-23..............................................................................................90 
3.2. As reações à mensagem de Paulo - At 26.24-32 ......................................................................91 
4. A Viagem de Paulo a Roma - At 27.1-28.15....................................................................................92 
4.1. De Cesaréia a Bons Portos (27.1-8)..........................................................................................92 
4.2. A tempestade na viagem a Malta (27.9-44)...............................................................................93 
5. O inverno em Malta (28:1-10)..........................................................................................................94 
6. A etapa final da viagem (28.11-15)..................................................................................................94 
7. As atividades de Paulo em Roma - At 28.16-31 ..............................................................................94 
7.1. O encontro de Paulo com os judeus de Roma (vv 17-22). ........................................................94 
7.2. A pregação do evangelho por Paulo em Roma (vv. 23-31) .......................................................95 
QUESTIONÁRIO FINAL DO LIVRO DE ATOS.......................................................................................95 
BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................................97 
MAPAS...................................................................................................................................................98 
 
 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 7 
 
 
IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO 
As duas divisões primárias da literatura do Novo Testamento são os Evangelhos e as 
Epístolas. Os evangelhos preparam o surgimento da Igreja, enquanto as Epístolas as seguem. O Livro 
de Atos é o elemento de ligação entre a recém-formada Igreja de Jesus e dos Apóstolos com a Igreja 
em expansão, à qual as Epístolas foram enviadas. 
Conquanto Atos é um sumário histórico do crescimento da Igreja Primitiva, não é um tipo de 
História do século 20. O primeiro título do livro foi “Os Atos dos Apóstolos”. Este título foi dado mais ou 
menos por volta de 150 A.D. Entretanto, o conteúdo de Atos não corresponde exatamente a este título, 
pois não registram osatos de todos os apóstolos. 
As atividades de Pedro dominam a primeira parte do livro e as de Paulo a outra parte. Os 
demais apóstolos recebem nele pouca atenção. A respeito de uma igreja ter sido fundada bem cedo no 
Egito, não há menção da mesma no Livro de Atos. Falando-se francamente, Atos não é nem a história 
dos apóstolos nem a história da Igreja Primitiva. 
O autor de Atos menciona os nomes de todos os apóstolos no capítulo 1-13, mas, com 
exceção de Pedro e João, nenhum dos demais é sequer mencionado outra vez. Ele não nos conta o 
que aconteceu a Pedro depois de Atos 12.8. Teria Pedro estado em Roma? Desde que Tiago, o irmão 
do Senhor, se tornou o líder da Igreja, aparentemente Pedro deixou Jerusalém. O autor, mesmo a 
respeito de Paulo, deixa sem respostas algumas questões. É possível que muitas das atividades 
importantes de Paulo sejam omitidas. Ele não menciona, por exemplo, as atividades literárias de Paulo 
e a sua libertação das garras de Nero. 
Atos é importante como elemento de ligação entre as atividades de Jesus e as igrejas 
estabelecidas pelos apóstolos. Ele apresenta o fundo panorâmico que torna mais compreensíveis as 
cartas de Paulo. 
 
AAUUTTOORRIIAA 
 
OBJEÇÕES À AUTORIA DE LUCAS 
Ultimamente alguns têm posto em dúvida a autoria de Lucas. A.C Clark, no livro “Os Atos 
Apóstolos” (1933), pôs em dúvida o fato de que o autor do Evangelho de Lucas e do Livro de Atos seja 
o mesmo, argumentando com a disparidade de certos aspectos de estilo.W.L. Knox, no livro “Os Atos 
dos Apóstolos” (1948), fez um estudo semelhante e chegou a uma conclusão diferente. A conclusão a 
que chegou é a de que a metodologia usada por Clark era falha, em virtude de não saber distinguir 
entre as fontes de que Lucas se utilizou e o seu estilo pessoal de redação. Outros têm indagado porque 
o conteúdo de Atos e o estilo de Paulo diferem tanto entre si, quando os seus autores foram 
companheiros nas atividades missionárias. Por exemplo: Atos 15 deixa-nos a impressão de que a 
questão das exigências legais e cerimoniais impostas aos gentios convertidos teria sido solucionada; 
contudo, Paulo indica, em sua Carta aos Gálatas, que o próprio Pedro encontrou dificuldades em aceitar 
a solução dada pela Conferência de Jerusalém. Esta objeção ignora a informação em Atos, que revela 
ter Paulo continuado a encontrar oposição da parte dos judaizantes mesmo após a conferência; a 
decisão tomada na mesma não removeu as dificuldades pessoais que alguns tiveram quanto ao 
problema, nem mesmo às de Pedro. 
 
ARGUMENTOS A FAVOR DA AUTORIA DE LUCAS 
O autor indica que ele tinha escrito um tratado anterior (At 1.1). Ambos, tanto o Evangelho 
quanto Atos, são destinados a Teófilo e apresentam fortes semelhanças na linguagem como no estilo. 
Atos é uma continuação das atividades de Jesus apresentadas em Lucas (At 1.1 e ss.). Se o terceiro 
Evangelho foi escrito pelo médico Lucas, semelhantemente Atos também o foi. 
Há indicações em Atos de que o autor foi companheiro de Paulo em parte de suas atividades. 
Inúmeras passagens usam a primeira pessoa do plural (nós), ao invés da terceira do singular (ele) (cf. 
At 16.10–17; 20.5; 21.18; 27.1; 28.16). O autor iniciou o seu contato com Paulo em Filipos e aparece 
novamente por ocasião do retorno de Paulo a Filipos. Acompanhou a Paulo viagem a Jerusalém e 
esteve com Filipe e Cesaréia. Depois da prisão de Paulo em Cesaréia durante dois anos, o escritor de 
Atos o acompanhou até Roma e experimentou o naufrágio com ele. Também parece que ele esteve 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 8 
 
 
com Paulo durante o seu período de prisão em Roma. Aliás, o livro termina com informações desse 
período. Lucas estava com Paulo quando este escreveu, da prisão, a sua Carta aos Colossenses (cf Cl 
4.10-14). 
O fato de Lucas se reunir a Paulo em Filipos sugere que ele morava ali. A lista de saudações 
em Colossenses distingue Lucas dos homens da circuncisão; por essa razão, é de se supor que Lucas 
fosse gentio (cf Cl 4.11e ss.). Cl 4.14 afirma que ele era médico. 
É possível que Lucas tivesse recebido do próprio Paulo as informações contidas em At 7.9; 
11.25-30 e 12.25; 28.31. Lucas conhecia a Marcos e ambos estavam com Paulo quando este escreveu 
Cl (cf. 4:10 e 14). Conforme At 12.12, a igreja em Jerusalém se reunia na casa da mãe de Marcos. 
Marcos teve, certamente, conhecimento em primeira mão dos acontecimentos que antecederam a 
Conferência de Jerusalém. A informação em At 6.1; 8.40 poderia ter sido obtida de Filipe, o qual 
acolheu a Paulo e Lucas (cf. At 21.8). 
 
DDAATTAA 
 
Desde que as atividades de Paulo até o ano 62 a.D. se encontram incluídas em Atos, o livro 
não poderia ter sido escrito antes dessa data. O fato de o livro não incluir a descrição da morte de 
Paulo, indica, naturalmente, que deve ter sido escrito antes desse acontecimento. A tradição dá a morte 
de Paulo ter ocorrido por volta do ano 65 a.D. Alguns eruditos fazem objeções a uma data anterior a 
esta, porque o Livro de Atos foi escrito depois do Evangelho de Lucas, o qual dependeu do Evangelho 
de Marcos. Entretanto, ambos foram companheiros de Paulo quando de sua prisão escreveu a Carta 
aos Colossenses (cf. 4.1-14), provavelmente pouco tempo antes da morte de Paulo. Contudo, não está 
totalmente fora de cogitação que os Evangelhos de Marcos e Lucas tenham sido ambos completados 
por volta de 64 a.D. e Atos tenha sido escrito logo depois, antes da morte de Paulo. 
 
 
PPRROOPPÓÓSSIITTOO 
 
Uma história das Origens do Cristianismo – alguns eruditos acreditavam que Lucas desejou 
que a sua obra fosse vista como uma história, e não simplesmente como uma cronologia de 
acontecimentos. Donald Guthrie sugere que a obra fragmentária de Lucas dá a impressão de que o 
propósito do autor era o de acompanhar a Paulo tão perto quanto possível. 
O fato de omitir certos elementos, como, por exemplo, a visita de Paulo à Arábia e a 
informação sobre a maioria dos apóstolos, revela que Lucas não se preocupou em escrever exata e 
cientificamente a história da igreja primitiva. Ele, tanto quanto outros escritores dos livros da Bíblia, 
visava um propósito teológico através da apresentação histórica. O seu objetivo era o de apresentar os 
acontecimentos históricos de tal maneira que, através deles, os propósitos de Deus pudessem ser 
vistos claramente. 
Um Evangelho do Espírito Santo - O prólogo de Atos indica que a atividade de Jesus, iniciada 
no Evangelho, seria continuada sob a orientação do Espírito no Livro de Atos (cf 1.2). Frank Stagg 
afirma que a ênfase está na obra levada a efeito pelo Espírito, e não em uma doutrina a respeito do 
Espírito. É verdade que há no livro uma grande obra do Espírito Santo. A Igreja veio a existir através do 
batismo no Espírito Santo (2.38) a plenitude do Espírito equipou os discípulos para a unção da vitória 
(2.4; 4.3; 8.17; 10.44; 19.6). Não há nenhuma diferença entre a obra do Espírito e a continuação da 
atividade de Jesus (cf. 3.6; 4.10). Os apóstolos executaram as suas tarefas no poder do Espírito Santo 
e no nome de Jesus Cristo. As duas frases são sinônimas. 
Defesa do Cristianismo - Alguns eruditos usam a ênfase que Atos dá no fato de Paulo observar 
as cerimônias judaicas para afirmarem que o propósito do livro era o de influenciar os leitores judeus a 
olharem com melhores olhos para a Igreja Primitiva. Timóteo foi circuncidado e Paulo fez um voto 
judaico. Há uma ênfase especial quanto ao cumprimento das predições do Velho Testamento a respeito 
da Igreja. Outros eruditos acham que o propósito do autor era o de apresentar a Igreja às autoridades 
romanas sob um aspecto positivo. As decisões e ações das autoridades romanas são criticadas. Os 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATADProf. Jales Barbosa 9 
 
 
romanos que se mostraram simpáticos para com o evangelho merecem, no livro, um destaque especial. 
Os judeus são apresentados como instigadores de tumultos surgidos contra o evangelho. 
Jesus como Senhor Universal - O Evangelho de Lucas apresenta a Jesus como Senhor, tanto 
dos judeus como dos gentios. O propósito principal do autor de Atos também parece ser o de 
apresentar a Jesus como Senhor, tanto dos judeus como dos gentios. Alguns cristãos judeus tinham 
tentado restringir o senhorio de Jesus ao povo judeu. Lucas mostra como o Reino de Deus inclui gentios 
como judeus. A Igreja se iniciou com um movimento entre os judeus, mas o evangelho cruzou as 
fronteiras do nacionalismo e racismo prejudiciais e tornou um movimento universal. Como gentio, Lucas 
tinha um interesse especial em que o plano de Deus incluísse os gentios. 
 
 
COMPLETE AS LACUNAS: 
1. O livro de Atos é o elemento de ligação entre a recém-formada igreja de ___________ e dos 
____________________com a sua igreja a qual as ____________foram escritas. 
 
2. O livro de Atos _____________ registra o ato de todos Apóstolos. 
 
RESPONDA: 
3. A afirmação que segue é certa ou errada? O livro de Atos é uma história completa dos apóstolos e da 
igreja primitiva. 
( ) Certa ( ) errada 
 
4. Com exceção da lista de todos os apóstolos em Atos 1, somente três deles são mencionados mais 
algumas vezes em Atos. São Eles? 
__________________ ___________________ _______________________ 
 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 10 
 
 
CCaappííttuulloo II -- IINNSSTTRRUUÇÇÕÕEESS FFIINNAAIISS EE AA AASSCCEENNSSÃÃOO DDEE JJEESSUUSS 
1. Atos 1. 1-11 
Verso 1 - O autor faz referência à outra obra anteriormente composta, também dirigida a 
Teófilo (cf.1.1-4). Ele diz que aquela contém “tudo quanto Jesus começou a fazer e ensinar" (At 1.1). A 
afirmação indica a intenção de escrever um trabalho histórico. O Prólogo do Evangelho (Lc 1.1-4) 
poderia ter servido como introdução a ambos os livros. At 1.1-5 poderia ter sido uma segunda 
introdução. No prólogo do Evangelho, o propósito estabelecido pelo autor foi o de escrever um registro 
ordenado “dos fatos que entre nós se realizaram" (Lc 1.1). Lucas pressupõe que Teófilo já tivesse 
algum conhecimento da matéria (Lc 1.4). Ele demonstra acuidade histórica na afirmação "depois de 
haver investigado tudo cuidadosamente desde o começo" (Lc 1:3). Na obra em dois volumes, Lucas e 
Atos, temos a afirmação que Lucas, tanto investigou cuidadosamente todas as coisas, principiando com 
o nascimento de Jesus, como participou pessoalmente em muitas das atividades que ele registrou. 
O nome “Teófilo” significa “amigo de Deus”. O título “Excelentíssimo” que precede o seu nome 
em Lucas era a expressão grega usada na época, para indicar que alguém ocupava uma alta posição 
social (cf At 23.26; 24.2; 26.25). Teófilo poderia ter sido um oficial romano que já tivesse recebido 
alguma instrução cristã. Poderia ter sido um oficial que teria ouvido das aflições de Paulo. Lucas 
desejaria que ele tivesse uma informação completa do conteúdo da mensagem de Paulo (Kerygma), a 
qual causou a sua prisão e aflição. Alguns eruditos acham que o nome Teófilo se referia a qualquer 
cristão que amasse a Deus; então, o nome estaria sendo usado de forma genérica, dirigindo a qualquer 
cristão. 
Verso 2 A afirmação de que o Espírito Santo instruiu os apóstolos depois da ressurreição de 
Jesus significa que a obra de Jesus encarnado e a do Cristo ressurreto era a mesma. Lucas não está 
pensando em um Evangelho de Jesus e outro do Espírito Santo. Ele dá ênfase ao fato de que o 
Evangelho de Jesus foi continuado, depois da sua morte e ressurreição pelo Espírito Santo. 
Verso 3 Lucas dá uma indicação a respeito do propósito de atos. Após a sua ressurreição; 
Jesus continuou aparecendo aos seus discípulos durante um período de 40 dias. Eram dois os seus 
propósitos nessas aparições: 
1. Dar aos discípulos as provas da sua ressurreição; 
2. Dar-lhes orientações concernentes ao Reino de Deus. 
Era propósito de Lucas mostrar como o Reino de Deus de uma perspectiva judaica limitada e 
nacionalista uma perspectiva espiritual e universal. Atos começa com a pergunta dos discípulos: 
"Senhor, é neste tempo que restaurarás o Reino de Israel?" (At 1.6). Ao mesmo tempo convém notar 
que o livro termina com Paulo "pregando o reino de Deus e ensinando as coisas concernentes ao 
Senhor Jesus Cristo, com toda a liberdade, sem impedimento algum" (At 28.31). Atos mostra como os 
ensinos de Jesus a respeito Reino de Deus se tornaram uma realidade prática na vida dos homens. 
Lucas apresenta Jesus como o Filho do Altíssimo a quem será dado o trono de seu pai Davi 
(cf. Lc 1.32). O seu Reino não terá fim. O Reino de Deus é o domínio e o governo de Deus sobre o seu 
povo. O Reino chegou com poder por ocasião do batismo de Jesus quando este recebeu o Espírito 
Santo (cf. Lc 3.21 e ss). João Batista profetizou a respeito daquele que, vindo após ele, seria mais 
poderoso que ele e batizaria os seus discípulos no Espírito Santo e em fogo (cf Lc 3.16). As atividades e 
ensino de Jesus demonstraram a presença do Reino. O poder do Reino de Deus estava presente na 
vida e ministério de Jesus e seria mais adiante conferido aos seus discípulos ao serem batizados no 
Espírito Santo. 
No início, os discípulos pensavam que o Reino de Deus pertenceria a Israel e o poder do 
mesmo seria expresso pela força militar. Após a sua ressurreição, Jesus apareceu aos discípulos 
durante um período 40 dias de instruí-los no sentido de que o Reino de Deus não consistia na força de 
Israel como nação, e sim, em dádiva prometida pelo Pai. 
Verso 4 - A vinda do Espírito Santo é considerada como o cumprimento da promessa do Pai (cf 
At 1.4), batismo no Espírito Santo (cf At 1.5) e a plenitude do Espírito (cf At 2.4). 
Instruções a Respeito do Reino (1.6-8) 
Verso 6 - Os discípulos não tinham compreendido totalmente os ensinos de Jesus a respeito 
do Reino de Deus. Eles lhe perguntaram: “Senhor, restaurarás tu neste tempo o Reino de Israel?” A sua 
indagação revela uma concepção do Reino ainda estreita e nacionalista. 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 11 
 
 
A crucificação forçou-os a abandonar um tanto essa idéia de um Reino temporal e político; 
contudo, ainda continuariam a crer que o Reino seria uma expansão do judaísmo. Para eles, o judaísmo 
significava ao mesmo tempo uma nação e uma religião. 
Os profetas pregaram a vinda do Reino de Deus. De acordo com Ezequiel, o Reino significaria 
principalmente a libertação e restauração de Israel (Ez 36.37). Libertação do domínio estrangeiro 
significaria uma questão de honra para a santidade de Yahweh, cujo nome fora profanado pelas nações 
em que o povo de Israel vivia cativo. Aparentemente, os Israelitas se contaminaram com a idolatria 
durante o seu exílio (cf Ez 36.25). As nações pagãs interpretaram a derrota de Israel como resultado da 
fraqueza de Yahweh diante dos deuses das nações conquistadoras. Assim a glória e o poder de 
Yahweh haveriam de ser demonstrados através da libertação do seu povo e da restauração de sua 
terra. Isaías viu um outro propósito na libertação de Israel. A gloriosa libertação dos Israelitas por 
Yahweh levaria os pagãos a cultuá-lo (cf. Is 42.6 e ss; Sf 3.9 e ss). 
O Messias vitorioso haveria de ser um príncipe da casa de Davi (Is 9.6 e ss; 11.1-5; Jr 23.5; 
30.9) tinha feito referência a Jesus como aquele que ocuparia o trono de Davi, seu pai, e reinaria para 
sempre sobre à casa de Jacó (Lc 1.3 e ss). Zacarias demonstra o seu regozijo pelo cumprimento das 
profecias que traziam consigo a promessa de que a casade Davi libertaria Israel de seus inimigos (Lc 
1.68-71). Jesus foi apresentado no seu ministério público, com o anúncio da chegada do Reino de Deus 
(cf Mt 3). 
Alguns dos judeus basearam as suas esperanças na profecia de Daniel e esperavam a vinda 
do Filho do Homem celestial que estabeleceria um Reino em poder e glória (cf. Dn 7.13 e ss). Outros 
aguardavam um rei davídico que, dotado de poderes sobrenaturais, destruiria os inimigos de Deus e 
estabeleceria um reinado de paz e justiça (cf Is 11).Outros esperavam uma guerra santa, na qual os 
anjos auxiliariam os justos a destruir os ímpios. Lucas mencionou o fato de que todo o povo estava em 
situação de grande expectativa a respeito do Messias (3.15). A morte de Jesus na cruz não extinguiu as 
esperanças messiânicas dos discípulos. A morte e a ressurreição de Jesus acrescentou uma nova 
dimensão a natureza do Reino. 
Verso 7- Lucas registra a dificuldade dos discípulos em relação à restauração do reino a Israel 
como história de Atos. Os fariseus tinham levantado anteriormente uma questão semelhante. Jesus lhes 
respondeu, fazendo a seguinte afirmação: "O Reino de Deus não vem com aparência exterior; nem 
dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Pois o Reino de Deus está dentro de vós" (Lc 17.20-21 - IBB). O Reino de 
Deus não viria com sinais exteriores observáveis. Os discípulos não deveriam se enganar com os que 
se proclamassem Messias, pretendendo estabelecer um reino político. 
Jesus respondeu à indagação dos discípulos, fazendo-lhes duas declarações: 1) o Reino 
não virá em dia marcado previamente no calendário e anunciado pelo Pai aos discípulos. 2) cabe aos 
discípulos testemunhar no poder do Espírito Santo. Desde que Jesus estava falando acerca do Reino 
de Deus (v. 3), parece que ele queria que os discípulos compreendessem que o mesmo viria através do 
testemunho deles. Isto, porque o Reino de Deus se expande na terra à medida que os homens atendem 
ao apelo da pregação do evangelho, submetendo-se ao Rei pela fé. 
Verso 8 - Jesus iniciou o seu ministério no poder do Reino. O mesmo poder viria sobre os seus 
discípulos mais adiante, quando da descida do Espírito Santo sobre eles. Desta forma, estariam 
qualificados para a obra do testemunho não só aos judeus de Jerusalém e da Judéia, mas também aos 
samaritanos e aos gentios de todas as partes da terra. Jesus concluiu os seus ensinos a respeito do 
Reino de Deus com a promessa do Espírito Santo. 
Verso 9 - A vida terrena e o ministério de Jesus tiveram um início e um final bem definido. A 
sua vida terrena, que começou na manjedoura, terminou no monte das Oliveiras, onde uma nuvem o 
recebeu à vista dos discípulos. Talvez os discípulos, numa conclusão apressada, tivessem imaginado 
que o seu ministério terreno tivesse terminado com sua morte. 
Versos 10 e 11 - Os dois homens vestidos de branco informaram aos discípulos que Jesus não 
efetuaria mais nenhuma aparição como as outras do período após a sua ressurreição. Entretanto, não 
deveriam os discípulos imaginar que o ministério de Jesus estaria encerrado com a sua ascensão aos 
céus. Eles foram orientados no sentido de que continuariam o ministério no poder do Espírito Santo. Os 
dois homens disseram aos discípulos que Jesus voltaria exatamente da mesma maneira como eles o 
tinham visto partir de entre eles. 
Lucas asseverou claramente, nos versos 6-11, as bases da história do Reino como haveria de 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 12 
 
 
se desenrolar através do livro de Atos. Os discípulos realizariam as tarefas do Reino (testemunho) no 
poder do Espírito Santo, enquanto aguardariam o retorno de Jesus. Essa tarefa era a de estender o 
Reino através do testemunho até os confins da terra. 
2. A Substituição de Judas - Atos 1.12-25 
2.1. O Cenáculo (vv 12-14) 
O Evangelho de Lucas identifica o lugar da ascensão como sendo Betânia, mas Atos o 
identifica como o Monte das Oliveiras. Parece que Lucas não faz distinção entre Betânia e o Monte das 
Oliveiras. Ele descreve a distância entre o Monte das Oliveiras e Jerusalém como “a jornada de um 
sábado” (aproximadamente, um quilômetro). A afirmação pode igualmente indicar que a ascensão 
ocorreu em um dia de sábado. 
O Cenáculo bem pode ter sido o lugar em que ocorreu a última ceia. Pensa-se que teria sido 
um compartimento na casa de Maria, a mãe de João marcos, um lugar de reunião para os cristãos em 
Jerusalém (cf At 12.12). Os nomes dos onze discípulos são citados no verso 13. Com exceção de 
Pedro, João e Tiago, nenhum outro é mencionado novamente em Atos. 
Lucas afirma que os apóstolos obedeceram às orientações de Jesus, no sentido de esperarem 
a vinda do Espírito Santo. Eles gastaram aquele tempo em oração juntamente com a mãe de Jesus, 
seus irmãos e várias mulheres. Essas mulheres provavelmente incluiriam Maria Madalena, uma outra 
Maria, Salomé, Joana, Susana e outras. 
Maria, a mãe de Jesus, foi mencionada somente uma vez em todo o livro de Atos. Ela era 
muito querida, como mãe de Jesus, mas a escritura não justifica a posição excepcional que lhe é 
conferida pela igreja católica. Os “irmãos de Jesus” obviamente eram filhos de Maria. Mc 6.3 dá seus 
nomes como sendo Tiago, José, Judas e Simão. Parece que eles tiveram dúvidas quanto à real missão 
de Jesus antes de sua morte e ressurreição. A conversão deles deve ter ocorrido, provavelmente, 
depois da ressurreição de Jesus. Paulo menciona a aparição de Jesus a Tiago (I Co 5.17), o qual 
parece ter se tornado mais tarde um verdadeiro líder da igreja em Jerusalém. A teoria de alguns dos 
chamados “pais da Igreja”, segundo a qual os irmãos do Senhor eram filhos de José em outro 
casamento, não encontra apoio em evidências históricas. 
2.2. O caso de Judas ( vv 15-20) 
O verso 15 denota a liderança de Pedro naquela Igreja Primitiva. O grupo dos 120 
provavelmente era composto de pessoas vindas da Galiléia a Jerusalém. Paulo afirma que Jesus 
apareceu na Galiléia a mais de quinhentos irmãos (I Co 15.6). Visto que na palestina tinha, na época 
cerca de 4 milhões de habitantes, os 120 davam uma porcentagem mínima de 111 para 30.000, 
aproximadamente. O futuro do Reino de Deus não dependia da força dos discípulos, mas do poder de 
Deus. 
Três fatos são mencionados em conexão com a morte de Judas. Mt 27.3-5 relata que Judas se 
suicidou. Depois de Jesus ser preso e trazido perante Pilatos, Judas expressou a sua tristeza por causa 
do seu feito, devolvendo aos sacerdotes as trinta moedas de prata, admitindo que trairia sangue 
inocente. Depois de Judas ter se enforcado, os sacerdotes decidiram que o dinheiro, o qual 
representava sangue, poderia ser utilizado, de acordo com a lei, para se comprar um pedaço de terreno, 
a fim de se estabelecer ali um cemitério para estrangeiros. 
Papias, um dos “Pais da Igreja” do segundo século, afirma que Judas inchou muito e foi 
esmagado em uma estrada estreita por uma carroça. Lucas, em Atos, diz que o próprio Judas adquiriu 
um pedaço de terra com o preço de seu erro. Lucas não deixa transparecer nem menciona 
especificamente que Judas tenha se enforcado. Afirma que ele se precipitou e arrebentou. E, em virtude 
de seus órgãos internos e o seu sangue terem sido derramados sobre a terra, essa propriedade por ele 
adquirida recebeu o nome de “campo de sangue”. 
2.3. A escolha de Matias (vv. 21-26) 
A interpretação do texto do Sl 109.8 levou a igreja em Jerusalém a escolher Matias a fim de 
que substituísse a Judas. A natureza da missão e a função dos apóstolos evitaram que o apostolado 
fosse transferível. T.W. Manson mostra que o equivalente hebraico para "apóstolos" grego é shaliach 
(enviar). A ênfase recai sobre aquele que envia, e não sobre o enviado. O que envia pode comissionar 
alguém como seu representante, mas essa comissão não pode ser transferida outros. O Sl 109.8 foi 
interpretado como o próprio Deus comissionandooutro homem, a fim de assumir a missão que o traidor 
não assumira. Contudo Tiago foi levado à morte por Herodes, treze mais tarde, anos mais tarde, 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 13 
 
 
ninguém foi escolhido para substituí-lo (cf At 12). 
As qualificações necessárias àquele que substituísse a Judas revelam a natureza da função 
apostólica. Era necessária que tivesse estado com Jesus desde a ocasião de seu batismo até a sua 
morte, e, além disso, precisaria ter presenciado alguma aparição de Jesus após sua ressurreição. A 
missão específica dos apóstolos era a de relatar as atividades e ensinos de Jesus e der mostrar que ele 
é um Senhor vivo, como resultado de sua ressurreição. As narrativas escritas dos Evangelhos mais 
tarde tomaram o lugar das palavras dos apóstolos a respeito das atividades e ensinos de Jesus. 
Conquanto Jesus tivesse aparecido na Galiléia a mais de 500 irmãos, apenas dois 
apresentaram as qualificações necessárias para substituir a Judas. Mais tarde o apóstolo Paulo recebeu 
missão especial em uma visão do Senhor ressurreto, sendo comissionado a representar Jesus diante 
dos gentios. 
O processo da escolha revela o procedimento cauteloso da Igreja primitiva. A despeito de 
Pedro ser o líder, não tinha autoridade especial; assim, ele não tinha substituto de Judas. Pedro estava 
falando aos 120, quando explicou as qualificações necessárias do substituto de Judas. Aparentemente, 
o a respeito de quem preenchia as qualificações requeridas ("e eles apresentaram dois homens”). E 
então se voltaram para o Senhor, a fim de que ele fizesse a escolha entre os dois. O método de lançar 
sortes deve ter seguido a tradição judaica de, nesses casos, escrever nomes em pedras, colocando-as 
em uma vasilha, a qual era girada até que uma das pedras saísse fora e caísse ao solo. Considerava-se 
nessas situações especiais que a pedra não sairia ao acaso, mas que realmente a que saísse era 
aquela orientada por Deus. Três aspectos caracterizam as resoluções tomadas pela Igreja Primitiva: 
1) o fato de que a interpretação ou compreensão da Escritura determinou a medida a ser 
tomada; 
2) a participação de todos os crentes no trabalho a ser realizado; 
3) a determinação do que era à vontade de Deus através da oração. 
O fato de manter o número "12" para a liderança da Igreja primitiva deve ter simbolizado que 
esta representava o novo Israel. De acordo com o Mishnah. O número de vagas constituídas para 
liderar uma congregação era de um décimo de seus membros. E, no caso, a congregação era de 120. É 
interessante observar que, antes do Pentecostes, os discípulos dependiam de lançar sortes para 
conhecer a direção divina. Depois do Pentecostes, os crentes se tornaram a comunidade do Espírito 
Santo, o qual lhes dava a orientação divina. 
 
 
Anotações: 
 
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
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COMPLETE AS LACUNAS: 
 
1. “Teofilo” significa: _________________________Teófilo poderia ter sido um____________________ 
de Jesus, um __________________________Romano, um ___________________________________ 
 
2. Lucas da ênfase ao fato de que o envangelho continuou depois da _______________________ e 
___________________________ de Jesus, pelo _____________________________. 
 
3. Escreva dois propósitos das aparições de Jesus após a sua ressurreição: 
a) _________________________________________________________________________________ 
b) _________________________________________________________________________________ 
 
4. Jesus disse que o reino de Deus era a dávida prometida pelo ________________________________ 
 _________________________________________________________________________________ 
 
5. A vinda do Espírito Santo no dia de pentecostes é considerada como: 
a) _________________________________________________________________________________ 
b) _________________________________________________________________________________ 
c)_________________________________________________________________________________ 
 
6. Apresente 3 qualificações necessárias ao apostolado. 
a) _________________________________________________________________________________ 
b) _________________________________________________________________________________ 
c) _________________________________________________________________________________ 
 
7. A ordem seguida na escolha de Matias foi: 
a) Pedro explicou quais as ______________________________ necessárias ao substitulo de Judas. 
b) O grupo decidiu quais eram os homens _________________________________________________ 
c) Eles oraram para que recebessem a ____________________________ divina na escolha. 
d) O grupo seguiu o método de lançar ___________________________________________________ 
 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 15 
 
 
CCaappííttuulloo IIII -- AA IIGGRREEJJAA RREEVVEESSTTIIDDAA DDEE PPOODDEERR 
A um pequeno grupo de discípulos tinha sido entregue a grande tarefa de levar o evangelho 
até os confins da terra. Do ponto de vista humano a tarefa era impossível. Se o cometimento tivesse 
sido limitado à Palestina, haveria uma de um cristão para trinta mil judeus sem salvação. Mas, se 
acrescentarmos ainda o número de gentios, a responsabilidade seria multiplicada em muito. O 
cumprimento, pois, da tarefa recebida era humanamente impossível. 
Algumas questões têm sido levantadas em torno do significado da vinda do Espírito Santo no 
dia de Pentecostes. Lucas tinha afirmado anteriormente que o Espírito estava; presente por ocasião do 
nascimento de Jesus. Da mesma forma, ele descreve a unção de Jesus pelo Espírito por ocasião do 
batismo. Lucas mostra que na oportunidade em que os Setenta saíram a realizar a sua tarefa, fizeram-
no acompanhados pelo poder do Espírito (Lc 10.17-24). O poder para a vitória, na tarefa de estabelecer 
o Reino de Deus na terra, foi dado pelo Espírito Santo (Lc 11.14 e ss; Mt 12.28). De acordo com João, 
Jesus ensinou que ninguém pode entrar no Reino, se não nascer do Espírito (Jo 3.5). João t0ambém 
menciona o fato de que Jesus deu o Espírito Santo aos discípulos antes de sua ascensão. Estes textos 
da Escritura parecem dificultar a compreensão dos acontecimentos do Dia de Pentecostes. 
1. A Relação entre o Reino e a Igreja 
Não é muito difícil encontrar-se quem se confunda na compreensão exata dos conceitos de 
Reino de Deus e de Igreja. De acordo com os Evangelhos Sinópticos, Jesus usou mais a idéia de 
Reino, enquanto a palavra foi por ele empregada apenas duas vezes. Com a expressão Reino,queria 
ele significar o povo de Deus, que se submeteu ao controle divino e que constitui de servos leais ao seu 
Rei. 
A Igreja é composta daqueles que nasceram no, ou seja, (para o) Reino. Quando o povo de 
Deus se reúne para cultuá-lo e servi-lo, ele é “a Igreja” (reunião). Os cidadãos do Reino são “a Igreja”, 
mesmo quando estão espalhados, realizando as tarefas do Reino. A Igreja se estrutura e se organiza a 
fim de realizar essas tarefas (trazendo outros para dentro do Reino e ensinando-os a viver como 
cidadãos do Reino). 
2. O Espírito Santo do Ponto de Vista do Velho Testamento 
Em virtude da falta de espaço, a doutrina do Espírito como aparece no Velho Testamento só 
poderá ser acordada de modo sumário. Entretanto. Esse sumário é importante para a melhor 
compreensão, mais adiante dos acontecimentos do Pentecostes. 
A doutrina Velho-Testamentária do Espírito não dá ênfase à pessoa do Espírito como separada 
do Pai. Desde que Deus é Espírito. As suas atividades na história são realizadas ora por anjos 
(mensageiros), ora pelo seu Espírito. O próprio poder criador de Deus é manifestado através do seu 
Espírito (cf. Gn 1.2). A palavra hebraica para Espírito também significa "sopro ou vento" (Jo 3.5). O 
Espírito do Senhor deu a Ezequiel a visão do vale de ossos secos (Ez 37.1 e ss). O "sopro" do Senhor 
fez retornar vida àqueles ossos sem vida (Ez 37.5 e ss). 
O Espírito agraciou homens com dádivas especiais, Tais como: sabedoria, compreensão e 
habilidade manual (Ex 31.3). Os juízes de Israel foram agraciados com sabedoria e vitória nas guerras 
pelo espírito de Deus (Jz 3.10). O Espírito de Deus deu a Sansão um poder fora do comum (Jz 14.16).O 
Espírito do Senhor deu ao rei de Israel a qualidade de liderança (I Sm 16.13 e ss.). 
Além de agraciar os homens com poder e sabedoria, o Espírito era a fonte da mensagem 
profética (Mq 3.8) Miquéias considera que os falsos profetas não têm o Espírito do Senhor. Os falsos 
profetas profetizavam conforme os seus próprios espíritos e não tinham visão do Senhor (Ez 13.3) 
Desde Os primórdios da história de Israel. O espírito estava ligado à função profética (I Sm 10.6). 0s 
verdadeiros profetas apresentavam a Palavra do Senhor, a qual, ao que parece, vinha a eles pela 
instrumentalidade e atividade do Espírito de Deus. Aproximando-se o final do período profético. Joel 
predisse que dias viriam em que Deus derramaria de seu Espírito sobre toda a carne, habilitando, 
assim, todo o seu povo a profetizar. Aparece claramente a idéia de que o Espírito tornaria conhecida a 
Palavra do Senhor ao seu povo através de sonhos e visões (Jl 2.28 e ss.). O conceito do papel do 
Espírito Santo na atividade profética, É apresentado em I Pedro 1.21. A verdadeira profecia era 
originária não da vontade ou mente humana, mas santos homens falaram a Palavra de Deus, enquanto 
movido pelo Espírito Santo. 
A Palavra de Deus trazia em si mesma no seu bojo, o poder. No ato da criação. Deus falou. E a 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 16 
 
 
sua Palavra, ou a sua ordem, se transformou em realidade palpável. Os profetas que proclamavam a 
Palavra do Senhor estavam seguros de que os acontecimentos preditos tornar-se-iam realidade. O 
Espírito não somente revelou a Palavra do Senhor, mas tornava o acontecimento predito em realidade. 
Desde que o Espírito era o instrumento da Palavra do Senhor, evidentemente não se poderia 
admitir uma verdadeira profecia ou revelação divina sem que acontecesse a atividade do Espírito. Os 
rabinos criam que a Lei de Moisés continha a revelação completa de Deus, entretanto, o Espírito não 
continuou a sua atividade profética a partir de 400 a.C. A voz profética esteve silenciosa durante todo 
esse tempo, até o aparecimento de João Batista. No Velho Testamento, são três as funções 
importantes do Espírito Santo: 
1) O Poder de Deus relativo à existência física, incluindo a criação e a implantação da vida. 
2) O revestimento operado por Deus nos líderes políticos de Israel, qualificando-os para a sua 
tarefa. 
3) O revestimento operado por Deus nos profetas, capacitando-os a proclama a palavra do 
Senhor. 
A atuação do Espírito no nascimento e batismo de Jesus está intimamente ligada às duas 
primeiras ênfases mencionadas no Velho Testamento. O corpo humano de Jesus foi resultado da 
atuação do Espírito. Ele foi ungido como o líder escolhido por Deus ou o Messias pelo Espírito. Os 
próprios discípulos, para que pudessem continuar o ministério de Jesus, também necessitaram da 
plenitude do Espírito. Essa plenitude do Espírito foi prometida pelo Pai (Is 42.1 e ss, Lc 3.16). Jesus 
instruiu os discípulos a permanecerem em Jerusalém até que tivessem recebido o que o Pai prometera 
(At 1.4) e que estava relacionado com o batismo no Espírito Santo mencionado por João (At 1.5). A 
promessa do Pai ou o batismo no Espírito Santo aconteceria "não muitos dias" após a ascensão 
(aparentemente dez dias depois no dia de Pentecostes). 
3. A Descida do Espírito Santo em Pentecostes – At 2.1-13 
O Significado dos Símbolos (vv. 1-4) 
Os discípulos tomaram consciência do fato de que o Espírito Santo. Estava descendo sobre 
eles através dos sentidos da audição e da visão. Ouviram um ruído como de um vento impetuoso. O 
vento era usado muitas vezes para simbolizar o Espírito invisível. Vento impetuoso trazia em si a idéia 
de poder. O som capacitou os discípulos a compreenderem que o Espírito tinha vindo e os estava 
enchendo de poder para a realização das tarefas do Reino. 
O símbolo visível foi descrito pelos discípulos como o de línguas de fogo, que desceram sobre 
cada um deles. Fogo geralmente traz consigo a idéia de purificação, mas línguas de fogo podem 
significar o papel do Espírito na proclamação da Palavra de Deus. O verso 4 mostra que a plenitude do 
Espírito Santo capacitou os discípulos a proclamarem a Palavra de Deus mesmo em outras línguas. A 
plenitude do Espírito no dia de Pentecostes foi o cumprimento da promessa do Pai e da predição por 
João que Jesus haveria de batizar os seus discípulos no Espírito Santo. 
O Miraculoso Testemunhar dos Discípulos - (vv. 5-13) 
Durante as festividades de Pentecostes, a cidade de Jerusalém estava movimentada pela 
vinda dos judeus e dos prosélitos (gentios que tinham adotado o culto judaico e tinham aceitado os 
rituais dos judeus). O ruído resultante da vinda do Espírito atraiu as multidões. Não está claro se o 
milagre das outras línguas estava no falar ou no ouvir. Os discípulos, sendo galileus, estavam contando 
como aconteceu a ressurreição de Jesus, e os ouvintes, provenientes das variadas partes do Império 
Romano compreenderam a mensagem em sua própria língua ou dialeto. Os eruditos não têm perdido 
explicar a natureza do milagre. Alguns acham que o fenômeno daquele dia seria o testemunho dos 
discípulos falando mesmo aquelas outras línguas. Outros acham que estavam os discípulos falando as 
línguas numa situação de êxtase espiritual, o que os levou a serem considerados como embriagados. 
Os que ridicularizaram os discípulos teriam baseadas suas acusações mais na incrível "estória" da 
ressurreição de Jesus, do que propriamente no fato de não compreenderem as línguas que estavam 
falando. Pessoas embriagadas seriam capazes de muitas proezas: Assim, pessoas embriagadas 
falariam tranqüilamente até de coisas que poderiam comprometê-las. A fala dos discípulos era 
inteligível, mas a sua mensagem e coragem é que eram incríveis: Pessoas em pleno uso da razão não 
poderiam agir assim tão loucamente, então foram considerados como embriagados. 
É bem possível que os 120 discípulos. Depois de terem sido cheios do Espírito Santo. 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 17 
 
 
Misturaram-seà multidão e começaram a dar o seu testemunho a respeito da ressurreição de Jesus e 
da chegada do Reino de Deus. Muitos intérpretes ficam tão perturbados com o problema da natureza do 
dom de línguas que se esquecem da mensagem. A principal mensagem é a de que o Espírito de Deus. 
Prometido pelo Pai, qualificou os discípulos a fim de testemunharem ao povo das várias nações do 
mundo de então. De certo modo, a Grande Comissão já começou a ser cumprida no dia de 
Pentecostes. Depois de a Igreja estar revestida do poder do Espírito de Deus, as forças satânicas não 
podiam conter a expansão do testemunho da mesma Igreja e o crescimento do Reino de Deus na terra. 
O cumprimento da Grande Comissão por um pequeno grupo tornou-se possível em razão da 
capacitação pelo poder de Deus. 
4. O Sermão de Pedro - At 2.14-37 
Pedro explicou inicialmente que a coragem dos discípulos não era resultado de embriaguez 
cinqüenta dias antes, aqueles galileus tiveram medo de se identificarem como discípulos de Jesus. 
Agora, eles anunciavam corajosa e publicamente a sua lealdade a ele. Tanto a sua intrepidez quanto a 
sua coragem eram surpreendentes. 
Pedro baseou as atividades e a mensagem dos discípulos em textos do Velho Testamento. 
Ele usou Joel 2. 28-32 para identificar os acontecimentos do Pentecostes como o início da era 
dos "últimos dias". O mesmo Espírito que habilitou o profeta do Velho Testamento a ver as visões e 
anunciar a Palavra de Deus estava agora vindo desta forma sobre os homens. Nos velhos tempos, só 
determinado profeta era habilitado a falar a Palavra de Deus. Joel, Entretanto, proclamou a verdade de 
que a partir de determinado dia, cada discípulo cheio do Espírito Santo, proclamaria a mensagem divina 
(profecia). A profecia de Joel também inclui linguagem referindo-se à alteração de certos fenômenos da 
natureza como, por exemplo, o sol, fonte de luz, tornando-se trevas e a lua transformando-se em 
sangue. Esses acontecimentos fora do comum iriam significar o grande “Dia do Senhor”. 
O "Dia do Senhor", a princípio, referia-se às bênçãos de Deus e à libertação de seu povo da 
ação no oitavo século antes de Cristo. Amós proclamou que o "Dia do Senhor" era um dia de juízo. Mas 
não dos inimigos de Israel. Os pecados de Israel lhe trariam a ira divina "naquele dia" ao invés de 
bênçãos (Am 5.18). Na época de Joel, a ira divina se manifestou através da praga de gafanhotos, a qual 
nessa situação, foi o instrumento do juízo de Deus. O povo foi convidado a se arrepender e então 
receberia as bênçãos do Senhor através do derramamento do seu Espírito. Pedro achou que o dia 
predito por Joel era chegado. Era um dia de bênçãos para os que tinham se arrependido. Com o 
conseqüente resultado do derramamento do Espírito de Deus. Era um dia de julgamento para aqueles 
que se mantinham rebeldes contra Deus. Qualquer que clamasse pelo nome de Yahweh (aplicado a 
Jesus cf. v. 21) seria salvo. 
O "Dia do Senhor", ou os "últimos dias" não significam que era imediato o fim dos tempos. 
Referem-se. Antes, ao último período da atuação divina na história. Esse período poderia durar por 
longos anos. “Um período em que o Reino Satânico vai sendo vencido pelo Reino de Deus, e a maior 
arma para essa vitória é a cruz. A pregação da cruz e da ressurreição é a estratégia usada para 
alcançar essa vitória. Pedro se utilizou dessa estratégia no dia de Pentecostes e experimentou a 
vitória”. 
A fim de mostrar a importância da ressurreição, Pedro argumentou que toda a vida terrena de 
Jesus foi narrada por um poder divino fora do comum (vv. 22-24). Os milagres foram sinais da atuação 
divina por intermédio dele. Os mesmos evidenciavam que Deus estava com ele e aprovava os seus 
ensinos e o seu ministério. Os Judeus rejeitaram a sua atuação e o levaram à morte; mas, desde que 
Deus o fez ressurgir dentre os mortos. (era evidente que o estava apoiando) destarte, os judeus que 
combateram a Jesus, na prática, realmente, o que estavam fazendo era opor-se a Deus. Então foram 
considerados como "impuros e perversos". 
O segundo argumento usado por Pedro a fim de mostrar a importância da ressurreição de 
Jesus está baseado no Salmo (16.8-11 vv 25 -31). Pedro argumentou que o Salmo não poderia referir-
se a Davi porque a sua carne se decompôs depois de seu sepultamento. A existência do túmulo de Davi 
mostra que o seu corpo continua na sepultura e a sua alma no Hades (região do invisível). Pedro 
sustenta a tese de que Davi estava falando linguagem profética, referindo-se a Jesus. A sua 
interpretação do Salmo é a de que contém a predição da ressurreição do Messias, o descendente de 
Davi. 
O terceiro argumento usado por Pedro é o do seu testemunho pessoal (vv. 32 e 33). Os 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 18 
 
 
discípulos tinham testemunhado as aparições do Senhor ressurreto e estavam convictos de que ele 
tinha sido exaltado à destra de Deus. O ruído que o povo ouvira, as visíveis línguas como que de fogo, 
e a aparentemente incrível mensagem a respeito da ressurreição de Jesus só poderiam ser 
compreendidos como o cumprimento da promessa referente ao Espírito Santo. 
Pedro concluiu o seu sermão dando ênfase ao fato de que a ressurreição e exaltação de Jesus 
tornaram-no tanto Senhor quanto Messias (vv. 34-36). O povo rejeitou a Cristo em virtude de ele não 
aceitar ser o tipo do Messias que eles desejavam. Mas Deus demonstrou a sua aprovação à natureza 
messiânica, levantando-o dentre os mortos. 
5. O Povo Atende ao Apelo - At 2.37-41 
O Evangelho de João registra a promessa de que, quando o Espírito Santo viesse, haveria de 
convencer ao mundo do pecado de não crer em Jesus. A promessa se mostrou real no dia de 
Pentecostes. O povo foi levado a uma profunda convicção dessa realidade e pediu a Pedro, bem como 
aos demais apóstolos a orientação a respeito de como proceder no caso. 
A orientação dada foi: "Arrependei-vos e cada um seja batizado no nome de Jesus Cristo para 
remissão dos pecados. E recebereis a dádiva do Espírito Santo". Arrepender-se significa “alguém mudar 
a mente”. O povo tinha estado em situação de equívoco quanto à natureza do Messias. E ao seu 
engano ainda acrescentaram a tragédia de crucificarem o Ungido do Senhor. Assim é que seria 
necessário a eles mudarem as suas mentes a respeito de Jesus, e demonstrarem a sua nova atitude 
para com ele, aceitando o batismo em seu nome. O batismo, no seu aspecto público, identifica o crente 
perante o povo como discípulo de Jesus. Então, reconhecendo o seu engano e mudando a sua atitude 
para com Jesus, de rejeição para aceitação, o que seria simbolizado através do batismo, experimentaria 
o perdão de seus pecados. 
Para as pessoas nascidas no (para o) Reino de Deus a base pela qual recebem a dádiva do 
Espírito Santo é a aceitação de Jesus como Messias e Libertador. A orientação dada por Pedro aos 
judeus não foi a “sejam batizados no nome de Jesus Cristo para (a fim de receber) o perdão dos 
pecados”, mas “Sejam batizados... no nome de Jesus Cristo por (em razão de) eles terem sido 
perdoados os pecados” (v. 33). Um criminoso recebe o castigo pelo (por causa de) seu crime, e não 
para ser encorajado a praticar crimes. Um empregado recebe o seu salário pelo (por causa de) seu 
trabalho. Esta tradução do texto está de acordo exatamente com a estrutura gramatical da construção 
de frase grega, e ao mesmo tempo também está de acordo com os outros ensinos do Novo Testamento 
a respeito de a salvação ser em razão da fé, e não do batismo. 
Conforme o v. 39, Pedro explicou que a promessa do Pai referente ao revestimento de seus 
servos com o Espírito Santo inclui os elementos das nações gentias - todos que estão longe (Is 42.1). 
Não é qualquer gentio que pode adentrar o Reino, mas somente aqueles a quem Deus chamou a si. 
Pedro mostrou, em sua mensagem, que a humanidade está dividida em dois gruposdistintos, um é o 
daqueles que sob o controle do Maligno, se opõem a Deus, e o outro, o daqueles que aceitando a 
orientação do Espírito Santo, andam conforme os preceitos do Reino de Deus. O grupo dos que se 
opõem a Deus e ao "seu Messias" já está condenado. Pedro advertiu o povo a se afastar "desta 
geração perversa". E Lucas observa que cerca de três mil almas foram salvas naquele dia. 
A conversão de elementos de várias nações no dia de Pentecostes explica a rápida expansão 
do evangelho no mundo romano de então. Embora Lucas nada relate a respeito da origem das igrejas 
em Roma e no Egito. E de se notar que ele menciona a presença de pessoas desses lugares em 
Jerusalém, no dia de Pentecostes, onde e quando ouviram o evangelho. 
6. As Atividades dos primeiros Cristãos – At 2.42-47 
Em virtude do seu rápido crescimento a Igreja necessitou de providências igualmente rápidas 
para o trabalho de Educação Religiosa, ou seja, o doutrinamento do povo. Não se sabe quantos 
daqueles novos convertidos permaneceram em Jerusalém, mantendo o contato com os apóstolos. 
Entretanto, tudo parece indicar a sua permanência por tempo suficiente para aprenderem o necessário 
a respeito da vida e ensinos de Jesus. Lucas mostra que eles atentaram cuidadosamente para a 
doutrina ou ensinos dos apóstolos. Os apóstolos se constituíram nos mais autênticos mestres daquilo 
que Jesus ensinou e praticou. Talvez, em suas atividades didáticas, eles ajudassem os novos 
convertidos a memorizar os principais ensinos de Jesus e também algumas de suas atividades mais 
importantes. E perfeitamente aceitável que eles dessem grande ênfase ao fato de que a nova realidade 
que o povo estava vivendo era o cumprimento das promessas feitas no Velho Testamento, e isto em 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 19 
 
 
razão de a maioria ser constituída de judeus. Os encontros para o ensino eram acompanhados de 
períodos de comunhão fraternal e regozijo mútuo diante do Senhor. 
Não se sabe ao certo se o "partir do pão" se referia à celebração da ceia do Senhor ou se 
refeições conjuntas feitas pelo povo. Pode ser que se reunissem cada noite em várias casas e fizessem 
refeições conjuntas. Parece, por outro lado, haver indicações de que os discípulos combinariam 
reuniões de confraternização com a celebração, na mesma ocasião, da ceia do Senhor. Os discípulos 
experimentaram a presença e o poder de Deus através da oração; por essa razão mantiveram a 
comunhão em oração. A sua experiência genuína da presença e do poder de Deus em suas vidas 
gerou neles um sentimento de real temor ao Senhor e que resultou em muitos milagres, que ocorreram 
por intermédio dos apóstolos. Lucas não dá um destaque especial aos milagres, porém não deixa de 
mencioná-los como sinais que ratificavam a presença do poder do Deus entre o seu povo. 
A comunhão fraternal é a tônica dominante na vida da Igreja Primitiva, enquanto os oficiais, a 
organização ou estrutura da Igreja, os seus recursos, são considerados elementos secundários. Nem 
sempre destacamos, em nosso meio, essa realidade quando, como batistas, definimos o que seja uma 
igreja. Ao invés de definirmos a Igreja como "um corpo de crentes batizados", seria melhor dizermos 
que é "a comunhão fraternal do povo de Deus, que pela fé é revestido do Espírito e que proclama 
publicamente a sua relação com Cristo através do batismo". 
7. Compartilhamento espontâneo (vv. 44-47) 
O gozo da nova vida em Cristo suscitou um movimento espontâneo de compartilhamento de 
bens. “Modernamente o ponto de vista comunista é o de que os bens materiais devem ser distribuídos a 
todos igualmente. O comunista impõe ao seu povo o princípio da distribuição eqüitativa, entretanto, a 
natureza pervertida do ser humano impede o pleno funcionamento desse princípio. Não há distribuição 
eqüitativa nas sociedades comunistas, por partes daqueles que dominam as massas”. 
A motivação básica, donde resultou o compartilhar de bens nessa primeira comunidade, foi o 
amor, e não a imposição. Vários dos primeiros cristãos eram ricos. Os que tinham propriedades 
venderam-nas a fim de repartir com os irmãos mais necessitados. Vários fatores contribuíram para que 
eles adotassem essa atitude. 
1) A realidade da presença de Deus e o gozo proveniente de uma jornada cristã plena do poder 
do Reino fazia com que a satisfação com essa realidade suplantasse o apego aos bens materiais. 
2). A crença na imediata volta de Cristo fez com que os bens materiais perdessem o seu 
significado. 
3) O amor e o carinho para com os necessitados resultaram em ações que satisfizessem às 
suas necessidades 
O gozo estampado na vida dos novos cristãos e o seu amor uns para com os outros e para 
com Senhor deixou profundas impressões no povo não pertencente à igreja. Os primeiros cristãos 
viviam uma constante de que o seu gozo e o êxito em suas vidas provinham do Senhor. Eles 
permaneceram na atitude de louvar ao Senhor e de glorificar por tudo quanto estavam experimentando. 
E assim o Senhor usou o seu testemunho diário a fim de conduzir muitos à salvação. 
Apesar dos esforços empregados na construção desse tipo de vida em comum, aconteceram 
sérios problemas. A decepção resultante da quantia conseguida com a venda das propriedades e a falta 
de critério na distribuição dos bens se transformou muito cedo em sério impedimento para a 
continuação da comunhão fraterna e do amor expresso pela entrega voluntária dos bens. Ainda hoje, a 
decepção, a auto-afirmação e a discriminação continuam a solapar esse modelo de vida em 
comunidade. 
 
COMPLETE AS LACUNAS 
1. O poder criador de Deus é manifesto através do seu _______________________________________ 
___________________________________________________________________________________ 
2.No Velho Testamento, o Espírito deu dávidas aos homens, tais como: 
 
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___________________________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________________________ 
3. Indique três fatos nos Evangelhos que trazem, aparentemente algumas difilculdades na compreensão 
da vinda do espírito ao mundo por ocasião do pentecoste: 
a)_________________________________________________________________________________ 
b)_________________________________________________________________________________ 
c)_________________________________________________________________________________ 
4. Esvreva a letra correspondente à escritura mencionada de cada um dos ensinos concernentes ao 
espírito. 
I) A promessa do pai_____________________________ A. Atos 2:4 
II) O batismo no espírito __________________________ B. Atos 1:5 
III) A plenitude do espírito ________________________ C. Atos 1:4 
5. Quais eram as três funções do Espírito no Velho Testamento? 
a) _________________________________________________________________________________ 
b)_________________________________________________________________________________ 
c)_________________________________________________________________________________ 
RESPONDA: 
6. Qual é o significado de arrependimento? 
___________________________________________________________________________________ 
7. Porque alguém deve ser batizado? 
___________________________________________________________________________________ 
8. Como o Evangelho se espalhou “até os confins da terra” como resultado do dia de pentecoste? 
___________________________________________________________________________________ 
9. Em que consistia a doutrina dos apóstolos? 
___________________________________________________________________________________ 
10. Defina o que é igreja.___________________________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________________________ 
 
 
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FATAD Prof. Jales Barbosa 21 
 
 
CCaappííttuulloo IIIIII -- AASS EEVVIIDDÊÊNNCCIIAASS DDOO PPOODDEERR DDOO RREEIINNOO –– AAtt 33..11--2266 
1. A cura do paralítico (vv. 1-10) 
O poder do Espírito não se limitou à atuação profética da proclamação da Palavra de Deus. Os 
judeus não faziam separação entre vida material e espiritual como é a forte tendência dos homens de 
nosso tempo. As bênçãos materiais ou os sofrimentos eram considerados por eles como diretamente 
resultantes da condição espiritual do indivíduo. O homem moderno, diferentemente, tende a uma 
separação entre a vida material e a espiritual, ligando as coisas materiais a causas naturais, ao invés de 
ligá-las a condições espirituais. 
Os membros da Igreja Primitiva não deixaram de participar das cerimônias judaicas no templo 
em Jerusalém. Pedro e João estavam a caminho do templo a fim de participarem da hora da oração às 
três horas da tarde. Era precisamente a hora em que acontecia, dentro do programa diário do sacrifício 
de cordeiros, o segundo sacrifício do dia. Enquanto o animal sacrificado era consumido pelo fogo no 
altar, o sacerdote se retirava para a câmara feita de pedras lavradas e ali oferecia o incenso. (Recitava 
a bênção, os dez mandamentos e o Shema “ouve, tu” – Dt 6.4). Durante a caminhada de Pedro e João 
ao templo, para esse ato de culto, a sua atenção se dirigiu para um coxo que clamava por esmolas. O 
pobre homem tinha a idade de quarenta anos e era paralítico desde o seu nascimento. Era trazido 
diariamente ao templo a fim de pedir esmolas, através das quais haveria de conseguir o seu sustento. 
Diante do fato de que o dar esmolas era considerado então como ato de religiosidade esperava ele 
também receber alguma coisa de Pedro e João, que estavam adentrando o templo. Tudo parece indicar 
que ele, ao pedir esmolas, mantinha a cabeça baixa e não olhavam para quem lhe estava dando a 
esmola. Daí a razão porque, quando Pedro lhe disse: "olha para nós", ele levantou a cabeça e fixou 
neles os olhos. Certamente que ficou desapontado, no instante inicial em que ouviu a informação de 
Pedro de que eles não tinham ouro nem prata. Entretanto, o seu desapontamento rapidamente se 
transformou em gozo quando experimentou em seu físico o dom da cura operada em nome de Jesus 
Cristo de Nazaré. 
Como apóstolo, Pedro tinha sido comissionado por Jesus Cristo a representá-lo em seu 
ministério. Os atos de Pedro eram executados em nome do Senhor, que o tinha comissionado. Pedro 
ordenou que o homem andasse "em nome de" ou em virtude da autoridade que recebera do Senhor. 
Assim, Pedro tomou o homem pela mão direita e o levantou, e imediatamente este teve força em seus 
pés e tornozelos. Ele começou a andar e a saltar de alegria. Compreendeu que aquela cura tinha 
ocorrido pelo poder de Deus; então se pôs a glorificar a Deus. Ele adentrou o templo com Pedro e João, 
sendo imediatamente reconhecido como o pobre coxo que se assentava diariamente à entrada da porta 
chamada "Formosa”. 
O milagre foi prova da realidade do Reino de Deus. Isaías tinha proclamado a era messiânica 
em que, "o coxo saltará como o cervo, e a língua do mudo cantará de alegria" (Is 35.6). Pedro tinha 
explicado em seu sermão no Dia de Pentecostes que o "Dia Glorioso do Senhor" tinha chegado na 
pessoa do Senhor Jesus. Esses “Dia” estavam sendo comprovados por Deus com milagres, maravilhas 
e sinais (At 2.22). A cura do coxo, conquanto significasse um ato de misericórdia, era ao mesmo tempo 
um atestado da vinda do Reino de Deus em Cristo. 
2. Segundo sermão de Pedro (vv. 11-26) 
O milagre da cura do coxo atraiu a atenção do povo para os dois apóstolos, e Pedro utilizou-se 
da oportunidade para falar novamente a respeito de Jesus. Pedro procurava corrigir uma noção errada 
no pensamento do povo que se reunia junto ao pórtico de Salomão. As duas questões com as quais 
Pedro iniciou a sua palavra revelam que o povo ainda não tinha compreendido que o poder do Reino 
tinha chegado na pessoa de Cristo, pois que a sua tendência generalizada era a de atribuir a Pedro o 
poder da cura. Daí a palavra de Pedro, explicando que o poder sobrenatural não era dele próprio, mas 
provinha daquele que o comissionara e a quem ele estava representando. 
O povo não tinha condições de negar que um milagre tinha ocorrido. Pedro se utilizou desse 
milagre a fim de provar àquele povo que Jesus Cristo, a quem eles rejeitaram e mataram, era 
justamente o escolhido de Deus. Cristo, em nome de quem foi realizado o milagre, não teria tido poder 
sobrenatural para realizá-lo se não o tivesse recebido de Deus. O que estava sendo presenciado era 
Deus glorificando a Jesus, seu servo. 
Jesus tinha sido condenado como um impostor que blasfemava ao declarar que tinha uma 
relação especial com Deus. O poder sobrenatural com que o Pai agraciou o seu Filho é prova suficiente 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 22 
 
 
de sua santidade e justiça. E isto contradiz o julgamento feito pelos judeus. Eles, na escolha que 
fizeram, optaram por um salteador, em lugar de Jesus, que é o autor da vida. O próprio Pilatos, a 
despeito de seu egoísmo, foi relativamente mais justo que os judeus, pois que desejou libertar a Jesus. 
Os judeus manifestaram a sua perversidade ao escolherem um assassino em lugar do autor da vida. 
Pedro afirmou que Deus levantou a Jesus da morte, e apontou para o coxo curado, como prova 
evidente dessa realidade. 
Em prosseguimento, Pedro se referiu ao fato de que o Velho Testamento contém profecias a 
respeito do Messias. A expectativa judaica não era a de um Messias sofredor e isto porque não 
estabeleciam ligação entre o servo de Isaías 53 e o Messias prometido. Pedro reconheceu o fato de que 
o que o povo fez, fê-lo em sua ignorância da Escritura. E então admoestou o povo a que se 
arrependesse, pois esta é a condição para o perdão de pecados. 
Pela porta do arrependimento adentrariam o Reino de Deus, onde experimentariam a 
suavidade da presença do Senhor. O arrependimento fará com que seja apressado o dia da volta de 
Cristo. Quando tudo virá a ser como o foi previsto por Deus e proclamado pelos lábios de seus profetas. 
O Reino (governo) de Deus será estabelecido por meio do arrependimento. 
Pedro citou Dt 18.15-16; 19. Que prediz a vinda de um profeta semelhante a Moisés. 
Conclamou o povo a prestar bastante atenção “Aquilo que o profeta dissera. O livro de Deuteronômio 
era aceito pelos judeus como palavra autorizada de Deus. E se eles aceitavam a identificação que 
Pedro fazia, de que Jesus era aquele de quem o profeta falara. Logicamente teriam de dar ouvidos ao 
que Jesus dissera. Moisés declara que todo aquele que não desse ouvidos ao profeta dos últimos dias 
seria destruído. Muitos dos judeus ouviram os ensinos de Jesus e perceberam que ele falava com 
autoridade, e não como os fariseus e escribas. Pedro usou o texto da escritura para com ele 
argumentar que o dia do qual os profetas falaram era chegado. E era exatamente Jesus o profeta de 
Deuteronômio 18. Não tinha sido somente a Lei que predisse algo a respeito do Dia do Senhor. Mas 
todos os profetas do Velho Testamento, a partir de Samuel, se referiram ao fato. Pedro acreditava que 
aqueles eram os dias em que Deus iria abençoar de forma especial ao Seu povo e todas as famílias da 
terra. E desde Que o "Dia" era chegado, os judeus só não poderiam receber as bênçãos que Deus tinha 
reservado para eles se recusassem aceitar o arrependimento. 
Estaria Pedro equivocado quanto à chegada dos últimosdias, nos quais o Reino de Deus seria 
estabelecido? Havia realmente uma diferença entre as vidas dos que tinham crido e dos que tinham 
rejeitado a Jesus? Parece que Pedro e os outros discípulos estavam tendo uma experiência de poder, 
gozo e comunhão com Deus que lhes trouxe um novo tipo de vida. A novidade em suas vidas era o 
resultado de eles estarem andando no poder do Reino de Deus. O Reino, estabelecido por Jesus, 
alcançará o seu clímax em significado por ocasião da volta de Jesus. 
CCaappííttuulloo IIVV -- PPRROOBBLLEEMMAASS EENNFFRREENNTTAADDOOSS PPEELLAA IIGGRREEJJAA PPRRIIMMIITTIIVVAA -- AAtt 44..11 -- 66..77 
Muitos eruditos dizem que a Igreja teve o seu início com o Dia de Pentecostes. Outros dizem 
que ela se originou em Cesáreia de Filipe por ocasião da chamada confissão de Pedro. Ainda uma 
terceira corrente a firma que o princípio ocorreu quando Jesus chamou os discípulos. Conquanto o 
gérmen da Igreja tinha surgido por ocasião da grande confissão de Pedro, com a ocorrência de uma 
nova relação entre os discípulos e Jesus como Messias, baseada na fé, temos de aceitar o fato de que 
a Igreja continuou em seu estado embrionário até o dia de Pentecostes. Com a vinda do Espírito, 
ocorreram o nascimento da Igreja e o seu rápido desenvolvimento. Os primeiros meses de vida cristã se 
caracterizaram por gozo, harmonia e vitória. Muitos judeus foram acrescidos à Igreja, tão logo o Espírito 
os convenceu de seu erro em condenar a Jesus, e passaram então a aceitá-lo como o seu Messias. 
Aceitar a Jesus como Messias significava adotar uma nova concepção do Reino. Não mais se 
conservaria, para quem aceitasse a Jesus, a idéia de um Reino com forças militares e poder político, o 
qual viesse a dominar outras nações, mas, pelo contrário, agora a idéia era a de que o poder de Deus 
venceria as forças de Satanás. O Reino não traria consigo a idéia de extensão territorial, nem de 
fronteiras nacionais. Não prometia que os judeus seriam superiores aos gentios; ao contrário, o que 
acontecia era o oferecimento de uma vida nova, plena de poder e regozijo na comunhão com Deus e a 
fraternidade com os outros irmãos. O poder se expressava através do livramento das garras de satanás, 
trazendo a cura a organismos humanos aflitos e livrando almas do domínio do pecado. Expressava-se 
ainda através das que conquistas que fazia, como resultantes do testemunho. Aqueles Que atendiam 
ao apelo da mensagem e se arrependiam nasciam de novo e adentravam o Reino de Deus recebiam a 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 23 
 
 
dádiva do Espírito Santo. É difícil compreender o Reino de Deus sem usar a analogia de um reino 
terrestre ou de uma nação. Entretanto, sempre é perigoso reduzir a sua natureza ao nível de um império 
terrestre. 
O reino e a Igreja estão intimamente relacionados, mas não são a mesma coisa. Reino de 
Deus é o domínio de Deus nos corações e vidas do povo independentemente de espaço geográfico ou 
territorial. A igreja é composta de cidadãos do Reino que se reúnem a fim de dar expressão estrutural 
ao Reino de Deus e executar a ordem da assim chamada Grande Comissão. A distinção entre a Igreja 
Universal, composta de todos os crentes de Deus é mínima. O Reino de Deus é uma concepção judaica 
e, ao que parece, era mais usada quando se falava aos judeus do que quando se falava aos gentios. 
A palavra "Igreja" é proveniente da idéia grega cujo significado é o de “Assembléia" e a sua 
concepção era mais usada entre os gentios. A palavra foi usada para comunicar a idéia de 
"congregação de Israel" por ocasião de tradução do Velho Testamento do hebraico para o grego. 
Os discípulos, ao mesmo tempo em que experimentavam a paz, a harmonia e a vitória, por 
outro lado, muito cedo sentiram a oposição e as ameaças por parte dos judeus que não creram em 
Jesus como o Messias. E os problemas não se limitaram aos de fora da Igreja. Muito cedo começaram 
a se manifestar no seio da própria Igreja. Conquanto o primeiro sermão de Pedro fosse de caráter 
universal, "sua aplicação prática, que incluía os gentios, tornou-se terrível dificuldade interna da Igreja”. 
O sermão de Estevão também revelava a nova idéia teológica da universalidade, que teria de ser aceita 
antes do Reino de Deus poder atravessar os limites das fronteiras do nacionalismo. E Estevão pagou 
com a sua vida" o preço do seu ponto de vista. 
1. Oposição da Parte dos Saduceus - At 4.1-2, 21 
O rápido crescimento do cristianismo não podia deixar de alarmar o Sinédrio, que fora 
responsável pela crucificação de Jesus. O Sinédrio era o principal conselho judicial dos judeus, mas, 
sob o domínio romano, a sua atuação fora limitada aos aspectos religiosos. Era composto de líderes de 
dois grupos religiosos entre os judeus, os fariseus e os saduceus. Os saduceus pertenciam à classe 
aristocrática de sacerdotes. Mantinham suas ambições políticas e econômicas, ao mesmo tempo em 
que procuravam manter-se nas boas graças dos romanos. E assim é que o rápido crescimento do 
movimento cristão os atemorizou, pois que, se viesse a acontecer uma revolução, essa viria ocasionar 
embaraços nas suas relações com os romanos. Grande parte de sua fortuna era constituída de 
propriedades, as quais os romanos viriam a encampar, caso acontecesse uma revolução. Os cristãos, 
porém, continuavam a pregar que Jesus estava vivo e que o Reino de Deus estava se estendendo na 
terra. 
2. O Aprisionamento de Pedro e João (vv. 1-4) 
O Conselho controlava a ação das forças policiais do templo. Lucas menciona que os 
sacerdotes e capitães do templo, juntamente com os saduceus, chegaram a aprisionar Pedro e João. 
Os membros do Conselho estavam aborrecidos porque Pedro e João estavam assumindo o papel de 
líderes religiosos e tinham proclamado que Jesus levantara dos mortos. Somente o Sinédrio poderia 
conceder autorização a alguém para ser reconhecido oficialmente como líder religioso e intérprete da lei 
mosaica. 
Ora, a pregação de Pedro e João não somente enfraquecida a posição dos saduceus perante 
os romanos, como também trouxe uma alteração da autoridade dos líderes religiosos sobre o povo. 
Muita gente estava reconhecendo a Jesus como Senhor; isto resultava no enfraquecimento da 
autoridade do Sinédrio. Se Jesus era o Messias e o Filho de Deus, o Sinédrio tinha cometido um 
engano ao condená-lo à morte. Destarte, um de dois caminhos teria de ser seguido: admitir o terrível 
equívoco ou proibir a pregação por parte dos discípulos. Os líderes, então, decidiram seguir o último 
dos caminhos, dando ordens para que Pedro e João fossem presos. E Lucas observa, que essa 
decisão não deu para o Sinédrio os resultados esperados, pelo contrário, aumentavam o número dos 
que abraçavam a fé, chegando este rapidamente a 5.000 (v. 4). Os saduceus rejeitavam a doutrina da 
ressurreição dos mortos. E, desde que os fariseus aceitavam tal doutrina, o fato de ser ela proclamada 
pelos discípulos não se constituía para eles em razão suficiente para aprisioná-los. A ação contra os 
discípulos foi principalmente precipitada por causa de os líderes sentirem o seu orgulho ferido e ao 
mesmo tempo perceberem o enfraquecimento de sua posição. Cinco mil era um número bem 
representativo de cristãos levando-se em conta o curto tempo de pregação e testemunho. Mesmo 
considerando-se esse grande desenvolvimento em comparação à população total da Palestina, cerca 
de quatro milhões de pessoas, o número de cristãos, a essa altura, era ainda de significação muito 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 24 
 
 
pequena. 
3. O julgamento de Pedro e João (vv. 5-22) 
A fim de continuar a alcançar as boas graças dos romanos, mantendo a ordem entre os judeus, 
os saduceus levaramPedro e João a julgamento. Por outro lado, os fariseus se alegravam com o apoio 
que recebiam dos discípulos quanto à doutrina da ressurreição dos mortos. O milagre levado a efeito 
por Pedro e João, em nome de Jesus, tinha alvoroçado o povo. Os líderes religiosos decidiram abafar o 
movimento antes de ele se espalhar mais. E então os discípulos foram conduzidos perante o Conselho. 
Sinédrio era constituído de autoridades, anciãos e escribas. Os membros da família do sumo 
sacerdote eram as autoridades. Os anciãos eram cidadãos com certo grau de liderança popular, e os 
escribas eram os estudiosos da Lei, principalmente os fariseus. Caifás era o Sumo Sacerdote, O seu 
sogro Anás tinha servido Sumo Sacerdote desde 6 A.D. até 15 A.D., e ainda depois dessa época era 
considerado por alguns como Sumo Sacerdote de fato. Apesar de ser Caifás o Sumo Sacerdote, de 
direito, àquela altura, Anás continuava a exercer grande influência. 
O interrogatório começou com indagações a respeito da autorização para pregar. Pedro e João 
eram homens simples, que não tiveram nenhum preparo específico para a liderança religiosa. O 
Sinédrio reservava a si o direito de conceder a alguém o direito de se tornar intérprete oficial da Lei. E 
agora esses dois homens assumiram o papel de intérpretes da lei sem terem sido oficialmente 
credenciados para isso. 
O mesmo Espírito que desceu sobre eles no dia de Pentecostes agora estava capacitando a 
Pedro para a tarefa que tinha diante dele. O Espírito o encheu de coragem para testificar de Jesus 
Cristo diante das autoridades. Não há termos de comparação entre o Pedro que negou a Jesus perante 
uma criada e o Pedro que agora proclama corajosamente o nome de Jesus diante do Sinédrio. 
O coxo que fora curado deu evidências do milagre acontecido, indicando, assim, a aprovação 
divina à obra dos discípulos. Pedro não tomou para si as honras do milagre por ele operado. Ele 
explicou que o poder atuante na cura fora o de Jesus, a quem o Sinédrio rejeitara e crucificara e a quem 
Deus levantara dos mortos, dando, assim, a sua aprovação a ele. A teologia do Conselho não lhe 
permitia negar a mão divina atuando na cura do coxo. Uma vez que o homem estava são diante deles, 
havia possibilidade de negar a realidade do milagre ocorrido. Enquanto o Sinédrio arrogava a si o direito 
da última palavra em assuntos religiosos, Deus contradizia as suas decisões, demonstrando a sua 
vontade na cura do coxo. Em resumo, Pedro estava dizendo que recebera a autorização divina para a 
sua tarefa, e não de um corpo judicial humano que não era infalível. 
O Sinédrio não tinha como retrucar à resposta de Pedro e João. Eles tinham dado provas 
infalíveis de sua autoridade para ensinar e do conhecimento da verdade. O fato de não terem uma 
formação religiosa formal fez com que fossem tidos como homens simples e sem preparo, Mas eles, 
tanto quanto o seu Mestre Jesus, foram capazes de refutar os argumentos de seus acusadores. O 
Sinédrio não tinha condição de negar o milagre, de vez que o homem curado estava diante deles. Alem 
disso, a sua atuação, aprisionando os dois homens, tinha colocado em perigo as suas relações com o 
povo, que havia se alvoroçado acerca do milagre e da presença do Reino de Deus. Assim, reunido à 
parte, o Conselho chegou à conclusão de que poderia exercer a sua autoridade proibindo a pregação 
em nome de Jesus. Quando apresentaram a sua sentença aos discípulos, viram a situação mudar 
radicalmente de rumo, quando Pedro colocou diante do Conselho a questão de que mais convinha 
obedecer a Deus do que ao Sinédrio. 
Pedro e João afirmavam que a sua experiência em Cristo era superior ao preparo que 
recebiam os rabis na época. Eles entendiam que a sua tarefa era a de dar testemunho da experiência 
audível e visível que tiveram. Um testemunho é aquilo que alguém compartilha com outrem a respeito 
do que experimentou. Um professor relata aquilo que aprendeu de outros. 
Os cristãos somente podem se constituir em boas testemunhas quando experimentaram, de 
fato, a realidade da presença e poder divinos em suas vidas. E Pedro e João o experimentaram; e então 
poderiam conter seu testemunho. Desde que o Sinédrio não pôde negar o fato de que a autoridade dos 
discípulos vinha de Deus, somente os ameaçou e a seguir os soltou. Não daria bom resultado assumir 
uma posição antagônica à do povo, que exaltava a Deus pela cura de um coxo de 40 anos. 
4. O Gozo da Igreja - At 4.23-31 
Depois de terem sido soltos, Pedro e João contaram aos seus amigos o que os príncipes dos 
sacerdotes e os anciãos lhes disseram. E então o povo cristão se regozijou e exaltou a Deus porque o 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 25 
 
 
incidente mostrou que as suas atividades eram protegidas e sustentadas pelo Senhor que criou os céus 
e a terra. Mesmo sendo o Sinédrio uma coorte poderosa, não pôde causar tropeço ao propósito e 
planos de Deus. Tinha já tentado impedir o desenvolvimento da atuação de Jesus. Condenando-o à 
morte. Nem mesmo a própria morte do Filho de Deus pôde derrotar o propósito divino. O Reino de Deus 
crescia mais rapidamente depois da morte de Jesus do que mesmo antes dela. A referência ao Salmo 
2.1 e 2 expressam a confiança dos cristãos em que toda a sabedoria e força da parte dos inimigos não 
resistiria diante do Senhor e do seu Cristo (ungido). Os judeus e gentios (romanos), sob a liderança de 
Caifás, e Pôncio Pilatos, tinham tentado derrotar a obra de Deus em Cristo, mas não conseguiram. Os 
discípulos estavam convictos de que a oposição continuaria a falhar; e assim eles não levavam em 
conta as ameaças do Sinédrio. Aliás, ao contrário, pediam a Deus que os revestisse de coragem para 
proclamarem a sua palavra, e de poder para realizarem milagres que viessem a honrar o nome de 
Jesus. E o Senhor deu provas de que respondera às suas súplicas. O lugar em que estavam reunidos 
se moveu. Como sinal da atuação do Espírito Santo. Os discípulos proclamavam a Palavra do Senhor 
corajosamente. 
Aparece de maneira patente, na primeira parte de Atos, que o revestimento com o Espírito 
Santo não foi uma experiência válida de uma vez por todas. Os discípulos foram revestidos no dia de 
Pentecostes (cf. At 2:4). Esta era a experiência da "promessa do Pai" e da palavra prenunciada por 
João Batista de que Jesus batizaria os seus discípulos no Espírito Santo. Pedro estava entre aqueles 
que foram revestidos naquele dia; contudo, ele teve nova experiência de revestimento do poder do 
Espírito na ocasião em que ele se deparou com o Sinédrio (cf. At 4.8). Pedro por igual, estava entre 
aqueles que foram revestidos de poder e coragem após a oração feita com essa finalidade (cf. At 4.31). 
O pensamento é que o Espírito Santo pode conferir aos crentes uma capacitação especial para a 
realização de tarefas específicas. 
O revestimento com o Espírito Santo não é uma experiência que leve o indivíduo à perda de 
sua racionalidade, nem tampouco é uma experiência puramente emocional. Ao contrário, é uma 
experiência que resulta em fé e coragem para proclamar a Palavra de Deus. O revestimento com o 
Espírito Santo proporcionou gozo aos cristãos primitivos e os moveu a experimentarem o grande anseio 
de repartir com os não salvos aquela realidade que estavam vivendo no seu contato diário com o 
Senhor. A sua própria experiência parece ter contribuído para que eles mesmos alcançassem uma 
compreensão mais ampla do significado da Ressurreição e do Poder do Reino. Infelizmente, muitas 
vezes acontece que o emocionalismo e a irracionalidade são confundidos com a genuína experiência do 
revestimento com o Espírito. Pedro talvez em nenhuma outra ocasião esteve perante o Sinédrio. A 
experiência vivida proporcionou-lhe ainda mais coragem e convicção da presença real de Deus, com o 
seu poder para confirmar as suas palavras e obter os resultados. 
5. Um Sumáriodas Circunstâncias Vividas pelos Crentes e o Exemplo de Barnabé -At 4.32-37 
Lucas menciona de novo a unidade entre os crentes. A movida pelo Sinédrio não causou 
divisão entre eles, nem tampouco impediu as suas atividades. Muitas vezes acontece que igrejas são 
enfraquecidas por causa de divisões entre os seus membros como resultado de ciúmes e egoísmo. O 
poder do Espírito livrou os discípulos dessas atitudes destruidoras. Ao invés disso, eles eram possuídos 
por um espírito e amor tais que os levou voluntariamente a repartir as suas propriedades uns com os 
outros. Os apóstolos continuavam a dar o seu testemunho no poder do Espírito Santo. A sua vida nova 
no Reino era caracterizada por gozo e abundância, ao mesmo tempo em que iam experimentando 
continuamente a graça divina, Parece que a pobreza alcançou muito cedo os cristãos de Jerusalém. 
Talvez os que se opuseram à expansão do cristianismo tivessem exercido pressões econômicas sobre 
eles. O fato de aceitar o cristianismo por vezes resulta no rompimento de certos laços sociais e na 
eliminação de certos círculos econômicos. Elementos não cristãos muitas vezes têm se recusado a dar 
emprego a crentes ou mesmo a manter relações comerciais com eles. Os necessitados, na Igreja 
Primitiva, não foram negligenciados, mas assistidos por aqueles que, possuindo casas ou outras 
propriedades, as venderam e entregaram o dinheiro aos apóstolos para ser distribuído com aqueles que 
tinham necessidades. Lucas apresenta um discípulo profundamente dedicado à causa, cujo nome era 
José, mas que foi chamado de Barnabé pelos apóstolos. O nome significa “filho da consolação". 
Barnabé teve um significado muito especial no âmbito da Igreja Primitiva; contudo, ele foi, mais tarde, 
sobrepujado em significação pelo seu mais ilustre companheiro, o apóstolo Paulo. Não se deve 
esquecer que Barnabé deu o seu apoio a Paulo, enquanto os outros discípulos, temerosos, o rejeitaram, 
a princípio, e se afastaram dele. Além disso, apoiou o jovem Marcos. 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
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Talvez o nome "Barnabé” tivesse sido dado a José em virtude de o seu gesto de vender sua 
propriedade e entregar como oferta à quantia recebida ter proporcionado grande conforto aos mais 
necessitados. Ele era um homem rico natural de Chipre e que colocou à disposição dos apóstolos a 
importância recebida. Proveniente da venda da propriedade. A sua generosidade não era motivada pelo 
desejo de ser honrado e reconhecido; todas as indicações no sentido de ter sido ele um homem de 
sentimentos e motivação básica era do amor a seus irmãos e a da honra ao seu Senhor. Barnabé era 
sensível à necessidade dos outros e o seu desprendimento natural o moveu a atender aos 
necessitados. A Igreja de hoje também precisa de muitos Barnabés. 
6. A Decepção causada por Ananias e Safira - Atos 5.1-11 
Ananias e Safira ficaram impressionados com a dedicação de Barnabé e as honrarias que 
recebeu. Almejando o mesmo reconhecimento e honraria que Barnabé recebeu. Eles também 
venderam só parte de sua propriedade e, alem disso, ainda entregaram aos apóstolos só parte da 
importância recebida, para distribuição aos necessitados. Eles disseram que tinham entregado tudo. 
Era costume sepultar-se alguém no dia de seu falecimento, mas no caso de Ananias e Safira 
aconteceu algo não comum, ou seja, Ananias ser sepultado sem o conhecimento de sua esposa (v. 7). 
Três horas depois do sepultamento, Safira compareceu perante Pedro. Ele lhe indagou se a 
propriedade tinha sido vendida pelo preço indicado por Ananias, e ela o confirmou. A palavra que Pedro 
disse a seguir contém três verdades chocantes: 
1) A mentira dela, revelada pelo Espírito Santo. 
2) A morte e sepultamento de seu marido lhe foram anunciados. 
3) Ela foi informada de que, semelhantemente a seu marido, também seria levada dali e 
sepultada. 
E Safira morreu instantaneamente, sendo sepultada ao lado do seu marido. As mortes de 
Ananias e Safira podem ter sido resultantes do choque que tiveram em virtude de ter sido descoberta a 
sua mentira. Por outro lado. o fato de que ambos morreram da mesma forma não pode ser explicado 
como tendo sido por razões naturais; isto, a despeito de Deus poder se utilizar de meios naturais para 
cumprir os seus propósitos. 
O incidente dá ênfase ao fato de que é perigoso tentar iludir a Igreja e o Espírito Santo com 
atos não corretos. Jesus ensinou que o pecado de blasfêmia contra o Espírito Santo não poderia ser 
perdoado. As mentiras de Ananias e Safira são do mesmo teor que o pecado dos fariseus que 
atribuíram a atuação do Espírito como sendo da parte do maligno. Ananias e Safira estavam praticando 
as obras de Satanás como sendo da parte do Espírito Santo. Em ambos o caso é perigoso tentar usar 
erradamente o poder divino. 
Pedro explicou que Ananias e Safira não foram obrigados a vender as suas propriedades e dar 
o resultado da venda para auxílio aos pobres. Mesmo depois de vendidas as propriedades, não 
necessitariam entregar toda a importância recebida. Eles poderiam ter decidido dar apenas uma parte à 
Igreja, para a distribuição; teria sido uma atitude apreciável. O seu grande pecado foi a hipocrisia 
caracterizada por parecer dar mais do que aquilo que estavam dando. Eles estavam vivendo a mentira. 
E Pedro ainda acrescentou que a mentira deles era ao Espírito Santo. “É possível que eles tivessem 
manifestado, de alguma forma, terem sido inspirados pelo Espírito a venderem a propriedade e a darem 
o produto da venda para ser distribuído entre os pobres. Pedro disse que a sua mentira não fora aos 
homens, mas a Deus. Eles pretenderam envolver o Espírito Santo como participante de seu crime”. 
No verso 11 está pela primeira vez no livro de Atos a referência à comunidade cristã como 
"igreja". Conquanto algumas versões usem o termo "igreja" em Atos 2.47, ali não aparece a palavra 
ekklesia na línguagem original do Novo Testamento, ou seja, no grego. Apenas afirma que o Senhor 
acrescentava, diariamente, ao grupo dos salvos, aqueles que iam se salvando. Na versão do Velho 
Testamento para o grego a palavra ekklesia é usada para traduzir a palavra hebraica qahal, que 
significa a "congregação" de Israel. Lucas usou o termo "igreja" certamente para dar à comunidade dos 
salvos a idéia da "nova congregação" de Israel. Estava se tornando, passo a passo, mais evidente que 
o novo tipo de comunhão não poderia mais ser identificado como uma seita do judaísmo. 
7. A Igreja Continua a Atuar com Poder - At 5.12-16 
A Igreja Primitiva continuava a experimentar a maravilhosa graça divina. Sinais e milagres 
continuavam a ocorrer, dando provas de que realmente estava acontecendo a "nova era" do Reino de 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
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Deus. O poder de Deus era evidenciado através das mãos dos apóstolos, seus servos. 
A igreja cristã vinha sendo ameaçada da parte dos de fora, mas ela nem por isso procurou se 
esconder. O seu lugar de reuniões era público - o Pórtico de Salomão. Não se sabe ao certo a que 
grupo se refere a expressão "os outros" no versículo 13. 
Talvez fossem judeus não crentes que tinham o cuidado de não interferir na atuação dos 
apóstolos após terem ouvido a respeito do ocorrido com Ananias e Safira. "O povo" talvez fossem 
aqueles que, vindo ao templo diariamente, tivessem os apóstolos em grande estima. Muitos dos que 
criam continuavam a se unir ao Senhor. A cura de enfermos e a expulsão de demônios continuavam a 
evidenciar a realidade da presença atuante do poder divino. 
8. Nova oposição dos Saduceus - At 5.17-42 
A ordem do Conselho proibindo os discípulos a pregarem a Jesus como sendo o Cristo não 
tinha sido obedecida. O número dos que criam cresciarapidamente. A esta altura, o movimento cristão 
já deixara de ser insignificante; já se transformara em seria ameaça à posição sustentada pelos 
saduceus, bem como às tradições do judaísmo. Tornava-se necessário prender pela segunda vez os 
apóstolos, visto que eles publicamente tinham desrespeitado a sentença dada pelo Sinédrio. Do ponto 
de vista dos líderes judaicos, os apóstolos eram: 
1) herejes que continuavam a proclamar que Jesus era o Messias, em franca oposição à 
decisão do Conselho de que a alegação messiânica a respeito de Jesus era blasfema e digna de morte. 
2) potencialmente perturbadores da ordem. 
O orgulho nacionalista judaico reagia fortemente contra a presença dos conquistadores 
romanos nas terras da Palestina. Durante as guerras dos Macabeus, Judá tinha conseguido uma 
independência parcial do domínio grego. O povo estava confiante no fato de que, sob a liderança de 
alguém como Davi ou Judas Macabeu, poderia conquistar independência completa para a sua terra. 
Assim os saduceus temiam que um movimento popular como o cristão poderia resultar numa revolta 
das massas judaicas, que seriam dominadas facilmente pelas forças romanas, se acrescentado a isto a 
confiscação de seus bens. Destarte, os saduceus se encheram de ciúmes. Se a sua autoridade fosse 
atingida, o respeito e honra de que gozavam da parte do povo declinaria. 
Os apóstolos sabiam que, voltando à área do templo e continuando a proclamar a Cristo, 
certamente seriam presos de novo. Os discípulos não tinham orado, pedindo que o Senhor os 
dispensasse da responsabilidade de proclamar a Cristo publicamente, antes pelo contrário, que lhes 
desse a coragem de pregar a Palavra com confiança. A segunda prisão tem alguns pontos de 
semelhança com a primeira, enquanto também alguns de diferença. Na primeira vez só Pedro e João 
foram presos, na segunda, todos os apóstolos o foram. Os saduceus tornaram-se tão violentos, nessa 
segunda oportunidade, que começaram a pensar em matar os apóstolos. 
Desta feita, ou seja, na segunda decisão·do Conselho, também os fariseus estavam 
envolvidos. Os apóstolos receberam os costumeiros 39 açoites e novamente lhes foi ordenado que não 
mais pregassem em nome de Jesus. 
Os apóstolos foram libertos da prisão numa noite por um anjo ou mensageiro do Senhor. O 
mesmo ordenou-lhes que retornassem à área do templo e proclamassem em sua inteireza a mensagem 
da vida nova em Cristo. 
Na manhã seguinte ocorreu uma tremenda confusão interna no Sinédrio, quando os guardas 
vieram contar que a despeito de estar o cárcere fechado com toda a segurança, os apóstolos não se 
encontravam mais nele. E logo a notícia de que eles estavam na área do Templo, proclamando o 
evangelho. O capitão e os oficiais da guarda do Templo escoltaram os apóstolos da·do Templo até o 
recinto em que se reunia·o durante as prisões, tomaram eles todo o cuidado para evitar a violência, pois 
que esta poderia lhes custar um apedrejamento da parte do povo. 
E então os apóstolos foram interrogados pelo Sumo Sacerdote, o qual, ao que parece, era o 
presidente do Conselho. Ele verificou que os apóstolos continuavam a afirmar que Jesus era justo; 
donde se devia concluir que os líderes judeus tinham sido injustos ao condenar um justo à morte. Se o 
povo continuasse a aceitar o ensino dos apóstolos, o Conselho seria mais e mais desacreditado. E 
Pedro novamente falou em nome do grupo, reafirmando: “Convém mais obedecer a Deus do que ao 
homem” Corajosamente ele afirmou que Deus tornou Sem efeito o ato do Sinédrio, o qual condenou 
Jesus à morte. Pedro experimentou o gozo e poder da vida nova pela fé em Jesus, “então 
corajosamente proclamou que Deus exaltou a Jesus como Príncipe e Salvador, por meio de quem o 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
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povo de Israel poderia alcançar o perdão de seus pecados após o seu arrependimento. E então Pedro 
novamente afirmou que a eles como apóstolos convinha mais obedecer a Deus do que aos homens. 
Essa afirmação significaria porventura, que os cristãos, a fim de obedecer a Deus, deveriam sempre 
desobedecer ás leis civis? O que Pedro afirmou foi a lealdade à pátria, família, sociedade importante, 
mas a lealdade a Deus suplanta a lealdade a tudo o mais. 
A corajosa afirmação de Pedro de que os líderes eram culpados de homicídio era 
demasiadamente forte para que pudessem aceitá-la. Decidiram então matar os apóstolos, mas a sábia 
sugestão de Gamaliel impediu que acontecesse essa tragédia. Gamaliel, pertencente à escola de Hillel, 
era o que liderava os pronunciamentos dos fariseus. Provavelmente ele fosse um dos netos de Hillel, o 
qual seguia uma linha de interpretação mais liberal da Lei, ao contrário de seu rival. Gamaliel também 
era mestre de Paulo (cf. At 22.3). 
Gamaliel lembrou ao Sinédrio que Deus tem a capacidade de demonstrar qual é a sua vontade. 
O homem é que muitas vezes comete erros, por agir precipitadamente, no santo desejo de realizar, na 
causa do Senhor, aquilo que a Ele compete. Gamaliel mostrou que se os cristãos estavam errados, eles 
estavam trabalhando contra Deus e seriam derrotados por Ele. Mas se eles estavam dentro da vontade 
de Deus, aqueles que se opusessem a eles e os perseguissem estariam lutando contra Deus. E 
Gamaliel usou dois exemplos para fortalecer o seu argumento. Um grupo de insatisfeitos, liderados por 
Teudas, foi mal sucedido (cf. Antig. XX, v. 1). Teudas liderou um grupo de seguidores ao rio Jordão, 
prometendo-lhes que dividiria as águas como Josué o fez A insurreição foi dominada por Fadus, o 
procurador romano, cujos soldados cortaram a cabeça de Teudas e mataram muitos dos seus 
seguidores. A acuidade de Lucas, como historiador, tem sido posta em dúvida, porque o Teudas 
referido por Josefo foi decapitado por Fadus, algum tempo depois, em 44 A.D., quando este último se 
tornou procurador romano. A palavra de Gamaliel aconteceu cerca de 10 anos antes. A dúvida ainda 
continua em aberto e sem solução. 
Gamaliel também fez referência a Judas, da Galiléia, o qual liderou uma revolta contra os 
romanos no ano 6. A.D., quando Cirônio tentou realizar um censo na Palestina, Judas e seus 
companheiros foram derrotados por Herodes, o Grande, e dominados imediatamente pelos romanos. 
Josefo afirma que o partido dos zelotes originou-se nesse movimento liderado por Judas. 
As igrejas de hoje farão bem em seguir a lógica de Gamaliel. Deus e sua obra não poderão ser 
derrotados pelos homens. Ele não precisa de homens que o defendam, nem quem livre a sua causa do 
poder de Satanás. Deus precisa de homens que estejam em condições de serem usados por ele na 
expansão a sua obra, ao invés de tentarem protegê-la. 
9. Igualdade de Tratamento Dentro da Comunidade - At 6.1-6 
Os judeus dividiam-se em dois grupos gerais: 
1) Os hebreus, que mantinham as tradições dos Pais e se recuavam à associação com 
estrangeiros; e, 
2) Os gregos (helenistas) que eram tolerantes para com os gentios, dos quais aceitavam 
alguns costumes. 
Os apóstolos estavam mais intimamente identificados com os tradicionalistas e conservadores; 
contudo, não eram tão restritos quanto os fariseus. 
Os apóstolos eram, sem dúvida, os líderes da Igreja Primitiva. Eles eram responsáveis pela 
distribuição de mantimentos aos necessitados, proclamavam o evangelho, pregavam a Palavra de Deus 
e passavam muito tempo em oração. Com o crescimento da Igreja em número, as responsabilidades 
administrativas de distribuição de alimentos aos pobres tornaram-se pesado fardo. Não se pode 
compreender como foi possível acontecer que as viúvas helenas, as quais estavam tão de perto 
relacionadas com os apóstolos como as viúvas hebréias, fossem freqüentemente negligenciadas. Os 
Doze então solicitaram da Igreja que indicasse sete irmãos a quem coubesse a responsabilidade da 
distribuição diária de mantimentos e do compartilhar da Palavrade Deus. 
Os sete homens escolhidos são geralmente mencionados como tendo sido os primeiros 
Diáconos; contudo, eles não foram chamados assim. Deveriam ser homens que tivessem as seguintes 
qualificações especiais: 
1) Deveriam gozar de boa reputação dentro da comunidade. 
2) Deveriam ser cheios do Espírito. 
 
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3) Deveriam ser sábios em suas decisões práticas. 
Convém ser observado que aqueles sete homens não iriam assumir a responsabilidade de 
dirigir os negócios da Igreja, mas, sim, executar as determinações da mesma. Também é importante 
observar que não foram os líderes da Igreja que fizeram a indicação. Eles foram eleitos pelos 
discípulos, ou seja, os membros da Igreja. Os líderes sugeriram à Igreja que sete homens deveriam ser 
designados para a missão da distribuição diária e da pregação do evangelho. A sugestão "agradou a 
toda a multidão, e eles escolheram os homens". Os homens escolhidos foram conduzidos perante os 
líderes e "eles" oraram e lhes impuseram as mãos. Não se sabe se a palavra "eles" se refere aos 
apóstolos ou aos membros da Igreja. Frank Stagg acha que o antecedente gramatical do "eles" é "toda 
a multidão" e não somente os apóstolos. Isto significa que toda a Igreja participou da ordenação com a 
imposição das mãos. 
Os sete tinham todos nomes gregos, o que significa terem sido helenistas. A sua 
responsabilidade especial era a de zelar para que as viúvas gregas não mais fossem negligenciadas na 
distribuição diária de alimentos; contudo, as suas atividades não estavam limitadas ao servir às mesas. 
Dois deles, Estevão e Filipe, tornaram-se bons evangelistas e pregadores. 
Lucas dá uma informação especial a respeito de Estevão, dizendo que era um homem "cheio 
de fé e do Espírito Santo". Nicolau era um prosélito de Antioquia; isto significa que era um gentio 
convertido ao judaísmo, antes de se converter ao cristianismo. Com a eleição dos sete, o evangelho 
começou a se expandir mais e mais, a partir de seu centro em Jerusalém, atingindo a Samaria e "até os 
confins da terra". 
10. Conclusão - At 6.7 
Neste versículo, Lucas apresenta um sumário geral, com o qual ele indica estar concluindo 
uma parte de seu livro de Atos. Ele mostrou, nesta parte, como cresceu a Igreja em Jerusalém. Muitos 
dos judeus tinham aceito a Cristo como seu Messias e Salvador. Lucas menciona o fato de que até 
mesmo muitos sacerdotes seguiram o caminho da fé. A oposição não pôde deter a marcha de 
expansão do evangelho. Satanás, mesmo utilizando os seus melhores instrumentos, não conseguiu 
impedir o crescimento do Reino de Deus, e isto em razão de os discípulos se apropriarem do poder de 
Deus, pela fé, ao tempo em que se dispuseram a um testemunho fiel. 
Os seis primeiros capítulos de Atos revelam que obstáculo principal dos judeus, que os impedia 
de se tornarem cristãos, não consiste no fato de não aceitarem que Jesus é o Messias. A Igreja 
experimentou um desenvolvimento espantoso entre os judeus nos seus estágios iniciais. Mesmo 
sacerdotes e membros do Sinédrio adentraram a porta da fé. Em capítulos posteriores, Lucas mostra 
que o principal impedimento residia no fato de ser aberta aos gentios a porta da fé. 
 
Anotações: 
 
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RESPONDA 
1. Quando foi que a igreja veio a existir como tal? 
___________________________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________________________ 
2. Faça a distinção entre reino e igreja. 
___________________________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________________________ 
3. Dê três razões, porque os saduceus se oporem aos cristãos. 
___________________________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________________________ 
4. Porque puderam os cristãos regogijar em meio a perseguições? 
___________________________________________________________________________________ 
5. Mostre quais as diferenças entre a primeira e a segunda prisão dos apóstolos. 
___________________________________________________________________________________ 
6. Qual foi à razão da escolha dos sete? 
___________________________________________________________________________________ 
7. Cite as qualificações dos sete? 
a)_________________________________________________________________________________ 
b)_________________________________________________________________________________ 
c)_________________________________________________________________________________ 
8. Apresente os problemas internos e externos enfrentados pela igreja primitiva, explicando como cada 
um foi encarado. 
___________________________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________________________ 
9. Porque a mensagem apostólica de que Deus levantou a Jesus dentre os mortos ofendeu aos lideres 
judeus? 
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___________________________________________________________________________________ 
 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 31 
 
 
CCaappííttuulloo VV -- PPEERRSSEEGGUUIIÇÇÃÃOO EE CCRREESSCCIIMMEENNTTOO DDAA IIGGRREEJJAA -- AAtt 66..88--88..4400.. 
A afirmação sumária de At 6.7 demonstra o estreito relacionamento entre o cristianismo 
nascente e o judaísmo em muitos aspectos. Os cristãos continuavam a participar nos atos religiosos 
das sinagogas e do templo. Provavelmente a nova doutrina foi levada a províncias romanas por judeus 
que estiveram no dia de Pentecostes. Contudo, o movimento continuava restrito aos judeus. Mesmo 
que o Sinédrio tivesse se preocupado com as implicações políticas que o movimento pudesse provocar, 
não há indicações que o fato de incluir os gentios nas atividades da igreja tivesse o seu início por causa 
do problema com o Sinédrio. 
O problema relativo à desigualdade de tratamento para com as viúvas gregas forçou o 
surgimento de uma nova perspectiva na Igreja, referente à direção a ser dada quanto à sua expansão o 
Evangelho de Mateus mostrou que Jesus instruíra os seus apóstolos a irem primeiro à Casa de Israel. 
O ministério dos Doze continuou primariamente entre os judeus. O seu trabalho se concentrou em 
Jerusalém. Entre os sete que foram eleitos para auxiliarna distribuição diária de alimento, havia 
homens que tinham uma visão universal da expansão do evangelho. Cada um tinha um nome grego e 
provavelmente seriam helenistas. Depois de Lucas apresentá-los, referindo-se às condições 
necessárias a sua eleição e ordenação, ele muda imediatamente o rumo de sua narrativa, passando à 
nova dimensão teológica da expansão do evangelho. 
1. A Acusação contra Estevão - At 6.8-15 
Lucas inicia a nova parte da sua narrativa dando ênfase à espiritualidade de Estevão. Ele 
praticamente repete a afirmação do verso 5, dizendo que Estevão era homem “cheio de fé e de Poder” 
(v.8) “poder” é usado em lugar de “Espírito Santo”. Uma vez que iniciou um novo período na história do 
cristianismo, Lucas tem o cuidado especial de indicar que ele era menor que os apóstolos no que se 
referia a fazer "grandes maravilhas e milagres entre o povo". O Espírito Santo continuou a operar 
milagres por meio das vidas dos discípulos. 
Estevão foi envolvido num debate com judeus precedentes de províncias fora da Palestina (v. 9 
e ss.). Nada se sabe a respeito da natureza, da "sinagoga dos libertinos e de Cirene, e de Alexandria, e 
os de Cilícia e Ásia". Eram líderes de cinco sinagogas, ao que parece, os que fizeram oposição a 
Estevão, ou pode ser que constituíssem um grupo cosmopolita de uma só sinagoga. Alguns eruditos 
supõem que os libertinos poderiam ser "libertos" que tinham sido transportados Roma por Pompeu em 
63 A.C. 
O ponto central dos argumentos de Estevão pode ser deduzido das acusações feitas a ele. Ele 
estava sendo acusado de falar contra o templo e contra a Lei (cf. v. 13). Os seus adversários não 
puderam sair vitoriosos sobre a sua sabedoria e seu espírito. Tudo indica ter tido ele grande capacidade 
de firmar as bases de seus argumentos no Velho Testamento. Sendo incapazes de afirmar as suas 
posições quanto às suas ações e costumes diante de Estevão, os líderes das sinagogas empregaram o 
argumento dos fracos. Eles disseram que ele proferia palavras blasfemas contra Deus e contra Moisés 
(v. 11 e 55.). O povo, os anciãos e os escribas ficaram perturbados com a acusação, contudo, levaram 
Estevão diante do Sinédrio para audiência e julgamento. 
Mais ainda, outros falsos testemunhos foram acrescentados à acusação contra Estevão, 
dizendo que Jesus teria afirmado que iria destruir o templo e que iria mudar os costumes de Moisés (v. 
31 e ss.). Por ocasião do julgamento de Jesus, os adversários o acusaram, dizendo que ele afirmara ter 
o propósito de destruir o Templo (Mc 14.58). Na verdade, Jesus dissera aos seus discípulos que o 
Templo haveria de ser destruído, mas o de que ele estava predizendo era a respeito da ocasião em que 
os romanos haveriam de invadir Jerusalém a fim de dominar uma revolta dos judeus, o que de fato 
aconteceu no ano 70 a.D. (cf. Mt 24). Em outra oportunidade, Jesus estava se referindo a seu próprio 
corpo (cf. Jo 2.19-21), Uma tática antiqüíssima é a de tomar uma expressão do adversário, arrancando-
a do contexto em que foi dita, e dando a ela um significado diferente daquele que realmente tem. Jesus 
afirmou que chegara o dia em que o culto tradicional a Deus no Templo de Jerusalém e no monte 
Gerizim não era mais aceitável. Deus deveria ser cultuado em espírito e em verdade (cf. Jo 4:21 e ss.). 
O serviço religioso em Jerusalém limitava-se tão-somente ao povo judeu, mas, ainda pior do que isso 
excluía radicalmente os não judeus da participação no culto. Aos prosélitos, isto é, gentios convertidos 
ao judaísmo, era permitido chegar só à parte externa do templo (ao chamado Átrio dos gentios), durante 
o culto, mas era-lhes terminantemente proibido adentrar o átrio dos israelitas, o qual estava mais 
próximo da câmara interior, que representava a presença gloriosa de Deus (o Santo dos Santos, ou 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 32 
 
 
Santíssimo Lugar), 
O relacionamento do povo judeu com Deus tornara-se ritualista, legalista e formalista. As suas 
cerimônias religiosas não tinham efeito nenhum sobre a sua maneira de tratar o próximo. A sua religião 
era vazia, na sua comunhão pessoal com Deus, através da qual o Pai poderia participar e orientar a 
vida diária de cada um. 
A sua religião exaltava a nação judaica e eliminava a de outros povos também participarem 
dado conhecimento de Deus. A vida judaica, tanto nacional quanto religiosa, estava centralizada no 
templo e na Lei de Moisés. O tratamento que envolvia o templo ou a Lei de Moisés era levado muito a 
sério. O centro das esperanças de Israel estava no templo, que, para eles, era o único lugar que 
representava a presença de Deus. Eles esperavam que, da parte de seu Deus, fosse enviado um 
Messias político, o qual viria a conduzi-los vitoriosamente sobre os seus inimigos. Os fariseus 
acreditavam seriamente que o Messias viria quando a Lei fosse cumprida fielmente, ao menos por um 
dia, pelos judeus. A afirmação de Estevão fazia cair em descrédito essas proclamações dos fariseus, 
bem como enfraquecia as esperanças nacionais dos judeus. Lucas observa que o Conselho, 
contemplando a Estevão. Via sua face como a de um anjo v. (15). A face de Moisés refletia a presença 
de Deus quando ele desceu do monte Sinai. Um anjo é um mensageiro de Deus, e Estevão estava ali, 
manifestando claramente a realidade de estar vivendo na presença direta de Deus, e por isso atuando 
como seu mensageiro. 
2. A Mensagem de Estevão - At 7.1-53 
Deus não está limitado ao Templo 
Tem sido sugerido que os pontos principais da mensagem de Estevão não respondiam 
diretamente às acusações feitas a ele diante do Sinédrio. A breve narrativa de Lucas sobre a 
controvérsia não procura apresentar os detalhes dos principais pontos da contenda. Um estudo mais 
acurado da mensagem de Estevão, entretanto, revela que estava atingindo as acusações de maneira 
muito mais ampla e profunda do que parece. Os adversários acusavam Estevão de falar contra o 
templo, contra a Lei e contra Deus (cf 6.11 - 13). 
Os judeus criam que havia um único Deus. Este Deus verdadeiro habitava em Jerusalém, na 
casa preparada e destinada a ele. Jerusalém era chamada a Cidade Santa por causa da presença de 
Deus entre o seu povo. Se os gentios quisessem adorar ao único Deus vivo, teriam de vir a Jerusalém, 
acompanhar os rituais religiosos judaicos e se tornar prosélitos da religião dos judeus, para poderem ter 
acesso a Yahweh. E Estevão refutou essa idéia. Quando o Sumo Sacerdote lhe perguntou a respeito 
das acusações feitas contra ele, Estevão pregou um extraordinário sermão, provando, pelo Velho 
Testamento, que Deus se manifestara também em outros lugares e não só no templo. Deus não era um 
Deus nacional apenas dos judeus, mas um Deus universal para todos os povos. 
A presença de Deus em Harã e no Egito (vv. 4-15). Yahweh apareceu a Abraão em Harã, 
guiando-o para a terra de Canaã (cf. Gn 12.1 e ss.). Estevão demonstrou que Abraão, naquela 
oportunidade, ainda não adentrava a terra, para possuí-la. Abraão recebeu a promessa de que os seus 
descendentes a herdariam totalmente. Antes do cumprimento da promessa os israelitas foram escravos 
no Egito durante cerca de 400 anos. Estevão descreveu as circunstâncias pelas quais os israelitas 
passaram e que os levou à escravidão. A menção à escravidão egípcia foi feita a fim de provar ao 
Sinédrio que Deus se utilizou José, mesmo através de circunstâncias adversas em terra estrangeira (cf. 
v. 3). 
Deus aprova Samaria (v. 16) Estevão citou ainda uma outra terra, com a qual os judeus não 
queriam nenhuma comunicação, a fim de demonstrar o plano universal de Deus. Fez uma rápida alusão 
ao fato do sepultamento de José e Jacó, narrado em Gênesis. Jacó foi sepultado em Macpela, em uma 
cova que Abraão adquirira de Efrom (Gn 50.13). José foi sepultado em Siquém, em um campo que Jacó 
comprou dos filhos de Hamor (Js 24.32). Sea terra da Judéia e a cidade de Jerusalém fossem 
especialmente santificadas por Deus, argumentava Estevão que os Patriarcas deveriam ter sido 
sepultados ali. Ao invés disso, eles foram sepultados com aprovação divina, na desprezada terra da 
Samaria. 
Presença divina em Midiã (vv. 17-37) - Estevão continuou a sua narrativa dos aparecimentos 
de Deus a seu povo em terras outras. Fora da Judéia, referindo-se também às experiências de Moisés. 
Aquela por meio de quem foi dada a lei nasceu no Egito. Deus não apareceu a ele em Jerusalém, mas 
no deserto do monte Sinai (a terra dos midianitas ou Arábia) na sarça ardente (cf. v. 30 e 55.). O local 
se transformou em lugar especialmente santificado. 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
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A presença de Deus no deserto (vv. 38-50). A seguir, Estevão usou como argumento o 
tabernáculo, que era desmontável, para mostrar que a presença de Deus não estava restrita a 
Jerusalém. Nos tempos de Josué a presença de Deus estava simbolizada na Arca do Concerto, a qual 
deu aos israelitas a coragem e capacidade para os inimigos das terras de Canaã (v. 45 e ss.). Muitos 
anos mais tarde, o lugar da habitação para o Deus de Jacó, o Templo, foi construído por Salomão em 
Jerusalém (v. 46 e ss.). 
Evidentemente, na palavra de Estevão estava implícita a verdade de que Yahweh poderia ser 
encontrado também por outros povos, em seus próprios territórios, não sendo necessário, 
especificamente, tornarem-se prosélitos e virem a Jerusalém a fim de diante de Yahweh. O pensamento 
e a prédica de Estevão carregava, em si, a diminuição e importância do Templo os adversários de 
Estevão não puderam resistir à sua sabedoria e ao seu espírito, porque os seus argumentos estavam 
solidamente plantados na Escritura. 
Ele mostrou que Deus "não habita em templos construídos por mãos humanas", pois, como diz 
o profeta: O céu é o meu trono e a terra é o escabelo de meus pés; que casa me construireis, diz o 
Senhor, ou qual é o lugar do meu descanso? (v. 48 e ss.). O único Deus, o qual criou os céus e a terra, 
não pode ser circunscrito a um templo. Ele é um Deus universal e pode ser encontrado em qualquer 
nação. Não é necessário aos verdadeiros adoradores uma peregrinação longa e penosa a Jerusalém, 
para participar da cerimônia e outras atividades religiosas no templo. 
2.1. Replica à acusação de estar falando contra Deus 
É bastante comum acontecer que pessoas dedicadas em sua vida religiosa tentem como 
monopolizar o conhecimento da vontade de Deus. Os fariseus denunciaram e crucificaram a Jesus em 
nome de Deus e de sua causa. Eles estavam convictos de que todo aquele que não concordasse com 
eles estaria errado e conseqüentemente sujeito à ira divina. Os fariseus se consideravam como 
instrumentos de Deus, punindo aqueles que contrariassem a sua posição, e achavam que com isto 
estavam prestando um santo serviço a Deus. Constantemente, encontramos pessoas que acham ser 
autoridade na interpretação da vontade de Deus. O seu zelo religioso em geral e motivado mais pelo 
seu orgulho do que por uma atuação do Espírito Santo. O orgulho com freqüência leva à seguinte 
posição: “Eu estou certo, e você errado", ou "Deus está comigo, eu sou correto:" O orgulho judaico 
levava os fariseus a adotarem essa posição em relação a Jesus e a Estevão. Estevão mostrou que o 
orgulho pecaminoso dos israelitas já vinha desde o tempo dos Patriarcas. 
José, traído por seus irmãos enciumados, foi um perfeito paralelo da rejeição de Jesus por 
parte de seu povo (v. 9). O fato de que Deus esteve com José durante a sua escravidão egípcia e 
extraordinária prova de que ele não era “contra Deus”. José estava totalmente dentro do plano e 
vontade de Deus, enquanto os seus irmãos estavam errados. Os líderes judaicos não deixar de 
compreender as implicações a que Estevão os desejava conduzir no paralelo traçado entre José e 
Jesus. Deus libertou a Jose das aflições que lhe aconteceram em razão da atitude de seus irmãos. 
Assim Deus libertou o Jesus da morte a que foi conduzido por seus adversários. 
Estevão usou a Moisés como um e exemplo da rejeição do Ungido de Deus por parte dos 
israelitas. Já no principio da libertação do povo, eles se voltaram contra Moisés (cf. v. 24 e ss.). Moisés 
sabia que os israelitas tinham compreendido que Deus os estava libertando por seu intermédio. Moisés 
interveio e matou um egípcio quando este estava maltratando um israelita. No dia seguinte ele viu dois 
israelitas brigando, e procurou pacificá-los, mas foi rejeitado por eles, talvez por terem ciúme dele. Do 
mesmo modo. Jesus foi indicado por Deus como libertador. 
Mas os líderes judaicos rejeitaram a Deus e ao seu plano, crucificando a Jesus. Moisés deveria 
ter sido altamente admirado e honrado como um grande libertador, mas ele foi rejeitado logo que iniciou 
o trabalho de libertação do povo do cativeiro egípcio. De modo idêntico, Jesus foi rejeitado pelos seus. 
Moisés escreveu que: “O Senhor levantará dentre os seus irmãos um Profeta como eu; a ele 
havereis de ouvir (Lv 37)”. Os líderes judaicos tinham os escritos de Moisés na conta de verdadeiro 
tesouro, e estavam aguardando esse profeta semelhante a Moisés. O povo se recusou a o grande líder 
nas jornadas pelo deserto. Eles tinham determinado voltar ao Egito. Foram castigados por Deus por 
terem rejeitado o líder que ele providenciara para libertá-los. O mesmo acontecimento histórico se 
repetiu nos dias de Estevão, em virtude de os líderes judaicos terem rejeitado o profeta semelhante a 
Moisés (v. 37 e ss.). 
 
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2.2. A acusação de estar falando contra a lei também é contestada 
Os fariseus tinham grande confiança na lei. Estevão traçou a história de Moisés, por meio de 
quem a lei foi dada. Ele não nasceu na terra chamada santa, nem tampouco recebeu a lei no monte 
Sião. Ele nasceu e foi educado no Egito (v. 22). Viveu durante quarenta anos na terra de Midiã e se 
casou com uma midianita. De acordo com a interpretação rabínica da Lei. Um israelita não podia casar 
com uma estrangeira: contudo, aquele através de quem a Lei foi dada casou-se com uma estrangeira. 
Estevão estava convicto de que a interpretação, e as ações dos líderes judaicos, ao contrário do que 
diziam, eram de fato, contra a Lei. As interpretações tradicionais da lei separavam-nos dos não judeus. 
Do ponto de vista dos líderes judaicos, Estevão estava pregando uma interpretação duvidosa, e por isso 
eles o estavam acusando de mudar "Os costumes que Moisés nos legou" (At 6.14 – IBB). 
O sermão do Estevão chega ao seu clímax em 7.51 e ss. Ele afirma que os líderes judaicos, e 
não ele, é que eram "de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido". Eles se constituíram nos 
autênticos filhos de seus pais, que dantes rejeitaram os líderes a quem Deus escolhera. Os seus pais 
perseguiram os profetas que os advertiam do julgamento divino de seus pecados. O povo justificava os 
seus erros e rejeitava os profetas. Estevão mostrou a eles que os seus pais mataram os profetas que 
revelaram a vinda de Cristo (v. 52). Os contemporâneos de Estevão aguardavam a vinda do Messias. 
Mas, quando ele veio, eles o rejeitaram. A mesma história estava se repetindo. Estevão era um profeta 
que estava exortando o povo a respeito de seus erros. Mas eles o rejeitaram e mataram, ao invés de se 
arrependerem. Aqueles que se orgulhavam de guardar a lei, que afirma: “não matarás”. Foram os que 
mataram a Jesus e estavam as vésperas de transgredirem a lei de novo. 
3. A Morte de Estevão - At 7.54-60 
Os líderes judaicos seguiram o exemplo de seus pais. Eles se enraiveceram e rangeram os 
dentes contra Estevão. O trauma emocional sofrido pelo Sinédrioimpediu que eles agissem com justiça. 
Estevão foi conduzido para fora cidade e apedrejado. 
Algumas indagações têm sido feitas acerca da legalidade da sentença passada pelo Sinédrio. 
Os judeus reconheceram que não tinham poder para matar a Jesus, mas, na sua raiva, apedrejaram 
Estevão. Parece que na ocasião não havia forças militares romanas suficientes presentes que 
impedissem a ação da turba judaica contra Estevão. Os romanos não estavam tão atentos quanto 
deviam estar às questões de justiça como o estavam quanto às de paz na Palestina. Talvez eles 
quisessem evitar as represálias contra os ofensores com receio de que pudessem agitar os judeus para 
violências maiores. 
Lucas afirma que Estevão estava “cheio do Espírito Santo”. O Espírito deu a ele a força 
necessária para ter a atitude de Cristo diante de seus adversários e perseguidores. Estevão foi 
fortalecido em sua morte pela visão celestial do Filho do Homem de pé à mão direita de Deus (v. 56). O 
Senhor prometeu estar com os seus profetas, para livrá-los (Jr 1.8-19). Quando aqueles três jovens 
hebreus citados em Daniel foram lançados no forno de fogo ardente, o rei Nabucodonozor viu uma 
quarta pessoa, dentro do forno, cuja aparência era de um "filho dos deuses" (Dn 3.25). Os três servos 
de Deus, Sadraque, Mesaque e Abednego foram maravilhosamente libertados do fogo. Em uma "visão 
noturna", Daniel viu "um como o Filho do Homem", que vinha com as multidões celestiais ao "ancião de 
dias, e o fizeram chegar até ele" (Dn. 7.13). Foi dado a ele um reino eterno por esse "ancião de dias" ou 
Deus. O Filho do Homem era um ser celestial e divino, o qual podia aproximar se de Deus. Ele era 
chamado "Filho do Homem" por ter forma e aparência humanas. Os judeus sabiam que Deus não 
poderia ser visto. O unigênito enviado por Deus para estabelecer um reino eterno, não podia ser visto 
porque tinha um corpo de homem. A visão de Daniel foi repetida para Estevão. Os céus se abriram e 
Estevão viu o Filho do Homem, de pé, à destra do Deus”. A sua posição à direita de Deus indicava 
autoridade. O fato de estar de pé indicava a sua intensa apreciação pelo seu servo, que estava sendo 
apedrejado por causa da sua fidelidade a Ele”. 
Estevão é o único que se refere a Jesus como o Filho do homem, além do próprio Jesus. Jesus 
preferiu este título ao de "Messias", pois que este estava ligado a conceitos errôneos por parte dos de 
seu povo e de seu tempo. Muitos estudiosos acham que título “Filho do homem” dá ênfase à 
humanidade de Jesus. A ênfase de Daniel parece estar na natureza divina do Filho de Deus. Desde que 
Deus não pode ser visto, ele é representado, em seu Reino, um ser divino que assume forma humana. 
Estevão não pôde ver o Deus invisível, mas pôde ver o Filho divino, que nasceu como Filho do homem, 
com um corpo físico humano”. 
De acordo com a visão em Daniel, ao Filho do Homem foi dado um Reino Eterno; entretanto, o 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 35 
 
 
Reino não é descrito em termos de poder político e militar. Mas com termos de poder divino. O Reino 
não era limitado ao povo judeu, mas todas as nações seriam trazidas sob o seu domínio de divino Filho 
do Homem. O “povo dos santos do Altíssimo” (Dn 7.27) seria vitorioso quando o Ancião de dias 
interviesse na história através do Filho do Homem. 
Estevão teve a sua participação no santo movimento de conquista do mundo, no qual o 
domínio do Filho do Homem estava sendo estabelecido sobre todas as nações. Jesus retornara aos 
céus e enviara o Espírito Santo, que revestia os seus servos com o poder necessário à implantação de 
seu Reino. Os dois anjos, por ocasião da ascensão de Jesus, prometeram aos discípulos que ele 
voltaria dos céus como para o céu o vistes ir “(At 1.11) Os discípulos deveriam proclamar o evangelho a 
todo o mundo como o meio pelo qual o Reino seria implantado. Estevão, em sua morte, não estampava 
derrota em sua face. A visão celestial o habilitava a contemplar a glória de Deus e de Seu vitorioso 
Servo Filho-Rei à sua direita. Desde que o Reino não estava limitado a uma organização terrena ou 
física, a morte não destruiria o movimento do Reino nem os seus cidadãos. Essa esperança e a 
presença do Espírito de Deus deu a força que o capacitou a dizer: “Senhor Jesus, recebe o meu 
espírito”. As suas últimas palavras foram características de um cidadão do Reino “Senhor, não lhes 
imputes este pecado”. A morte de Estevão não significou a sua derrota, mas descanso da labuta e da 
perseguição - "Tendo dito isto, adormeceu". 
4. Paulo Entra em Cena - At 7.57-8.1-3 
"Saulo" é o nome hebraico daquele que é mais conhecido pelo seu nome romano, “Paulo”. 
Lucas mostra que ele tinha muito zelo religioso. O fato de que "as testemunhas depuseram as suas 
vestes aos pés de um mancebo chamado Saulo", indica ter sido ele o líder do grupo que apedrejou 
Estevão (7.58). Paulo estava inteiramente de acordo com a morte de Estevão (18.1). As emoções de 
orgulho e ira cegam um homem em relação à verdade. Saulo era um fariseu que se orgulhava de 
guardara Lei; contudo, ele se uniu a outros fariseus, em quebrar o sexto mandamento, quando matou a 
Estevão. 
Saulo nasceu em Tarso, sendo cidadão da mesma cidade, capital da Cilícia (At 9.11-22.3). Ele 
era um fariseu (At 23.5) da tribo de Benjamim (Fp 3.5). O seu nome foi dado em honra ao primeiro rei 
de Israel, que também era benjamita. 
A língua usada nas ruas de Tarso era o grego. O interesse religioso de Saulo explica o seu 
conhecimento de aramaico e hebraico. Ele tinha grande satisfação em sua herança, tanto da religião 
judaica como da cidadania romana (At 22.2-28). 
Embora Saulo fosse um fariseu (estritamente judaico) em seu treinamento religioso, ele 
incorporou o espírito helenístico de Tarso. Na cidade comercial de sua juventude, ele teve contato com 
as bênçãos materiais do Império Romano. Ele apreciava as rodovias romanas, pontes, portos e a paz 
de que desfrutavam. Tinha por fundamento uma curiosa mistura entre o conservadorismo religioso e o 
liberalismo nacionalista. Ele se caracterizava por um envolvimento profundo e real naquilo em que cria. 
Saulo deveria ter cerca de vinte anos quando ingressou na escola rabínica dos fariseus, tendo 
a Gamaliel como professor em Jerusalém. Sua vivacidade e zelo muito cedo fizeram com que se 
constituísse líder dentre o seu grupo. O seu professor Gamaliel, era um fariseu conservador, mas não 
possuía espírito nacionalista estreito. Tudo indica ter Gamaliel exercido uma grande influência sobre o 
jovem Saulo. Este era fanático e radical ao tempo do apedrejamento de Estevão, mas esse seu zelo 
contribuiu imensamente para que mais tarde se tornasse também uma testemunha fiel de Cristo. 
A perseguição a Estevão desencadeou uma perseguição mais ampla contra a Igreja. Quando a 
igreja em Jerusalém foi perseguida, os seus membros "se espalharam pelas regiões da Judéia e 
Samaria, exceto os apóstolos" (8.1). O novo movimento dentro da Igreja, de libertação de um espírito 
nacionalista judaico estreito. Não foi acompanhado pelos apóstolos, mas levado a efeito por outros 
discípulos, como Estevão e Filipe. 
Lucas menciona o respeito e a tristeza expressados por ocasião da cerimônia fúnebre de 
Estevão. Muito ao contrário do que era esperado por Saulo. O movimento cristão, ao invés de ser 
destruído com a morte de Estevão e a perseguição desencadeada contra a Igreja, fez com que o 
cristianismo progredisse mais e se tornasse forte. Mas Saulo não era homem de se conformar com 
derrotas. Assim, ele começou a devastar a Igreja, “entrando em cada casa e arrastando à prisão 
homens e mulheres” (8.3). 
 
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FATAD Prof. Jales Barbosa 36 
 
 
5. A Perseguição e Seus Efeitossobre a Igreja - At 8.4-8 
O fato de a perseguição fazer com que a igreja se espalhasse, "exceto os apóstolos" (8.1), 
pode indicar que a perseguição fosse dirigida àqueles que adotaram o mesmo ponto de vista de 
Estevão. A afirmação implica em que os apóstolos não estavam pregando nada que ofendesse os 
fariseus. Aparentemente, os fariseus não se sentiram ofendidos com a pregação de que Jesus era o 
Messias e que fora levantado dos mortos. Eles se revoltaram. Entretanto, com o ataque à sua 
interpretação tradicional da Lei, o que resultava na separação entre eles e os gentios. Eles também 
ficaram aborrecidos com a crítica que sofreram por causa da sua interpretação legalista do conceito de 
justiça, a qual, segundo eles, era obtida mediante a observação de ritos e regras. Apesar de Jesus ter 
advertido os seus discípulos quanto ao "fermento dos fariseus", eles tinham dificuldade em distinguir 
entre justiça legal e “pureza do coração". 
Os discípulos foram perseguidos e espalhados, mas não foi possível silenciá-los. Filipe, um 
judeu grego pregou em Samaria. Convém ser lembrado que os fariseus não tinham ligação com os 
samaritanos. Filipe não foi atingido pela cegueira resultante do orgulho e do preconceito. Outros judeus 
tinham sérias dificuldades no seu relacionamento com os samaritanos, sob a alegação de que estes 
tinham o seu sangue misturado com elementos não israelitas. O orgulho e o preconceito cegaram os 
judeus, que não conseguiram, assim, perceber o fato de que Moisés se casou com uma midianita; 
quatro dos doze filhos de Jacó, os Patriarcas das doze tribos de Israel eram filhos de Zilpa e Bila, as 
quais não eram israelitas; os filhos de José eram do seu casamento com Asenate, uma das filhas do 
sacerdote de Om; Davi era descendente de Rute, a moabita, e Salomão se casaram com várias 
mulheres estrangeiras. 
A experiência da conversão não traz consigo, automaticamente, a eliminação de todos os 
problemas relacionados com o preconceito e o orgulho. Aqueles que cresceram num ambiente sem 
preconceitos têm mais facilidade em se comportar corretamente diante desses problemas. Aqueles, 
porém, que foram durante a sua formação cercados por uma situação de preconceito e de orgulho 
nacionalista, certamente terão maiores dificuldades ao se defrontarem com os ditos problemas. O 
envolvimento do Espírito, na verdade, capacita o homem a controlar as atitudes humanas erradas; mas, 
para isso, é necessário que primeiramente a pessoa reconheça o erro, depois o confesse e se confie ao 
Espírito envolvedor, para que Deus possa expressar o seu amor através da sua vida. Filipe era um 
discípulo que fora cheio (controlado pelo) do Espírito, tanto quanto também Estevão o fora. 
O povo de Samaria estava atendendo aos apelos da mensagem que Filipe pregava. O Espírito 
Santo continuou a operar maravilhas por seu intermédio. Muitos espíritos imundos foram expulsos, e 
muitos paralíticos e mancos, curados. 
6. A Tentação de Perverter o Poder de Deus - At 8.9-13 
Simão, o Mago, era um mágico que causava espanto ao povo com seus poderes estranhos, 
e com isto conseguiu alcançar uma vida relativamente confortável, criando ao seu redor um clima de um 
certo temor reverente, através de suas mágicas. Ele estava perplexo e preocupado com os milagres 
operados por Filipe. Ele “creu”, mas não se "converteu". 
Depois de os apóstolos em Jerusalém terem tomado conhecimento de que os samaritanos 
aceitaram o evangelho, enviaram Pedro e João para fazerem a constatação dos fatos. Os que tinham 
crido, entretanto, não tinham ainda recebido o poder do Espírito. Então, os apóstolos oraram para que 
também eles recebessem a plenitude do Espírito Santo. Os novos discípulos tinham sido batizados a 
fim de manifestarem publicamente a sua fé em Jesus, mas não tinham recebido o poder para uma 
vivência continuamente vitoriosa no Reino de Deus. Nessa oportunidade, o Espírito Santo foi conferido 
aos samaritanos, acompanhado de sinais externos, pela imposição das mãos dos apóstolos. Não há 
qualquer indicação que esse acontecimento ali se repetisse. Em Atos 19, os discípulos batizados, que 
não tinham ainda recebido o Espírito. Foram instruídos a crer no Senhor Jesus e foram batizados, 
então, em seu nome (19.1-6), imposição das mãos estava novamente ligada ao revestimento com o 
Espírito Santo. Em outras ocasiões, o Espírito Santo vinha sobre os novos convertidos 
independentemente da imposição de mãos (cf. At 10.44). 
Era necessária uma manifestação externa da renovação espiritual dos discípulos no dia de 
Pentecostes. Igualmente era necessária uma manifestação do nascimento espiritual dos samaritanos. 
Lucas mostra que, após a imposição das mãos da parte dos apóstolos sobre os novos convertidos 
samaritanos, milagres também aconteceram através da instrumentalidade destes. Simão ficou 
impressionado com o fato de que o poder de Deus pudesse ser transmitido pela imposição das mãos 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 37 
 
 
dos apóstolos. Então ele ofereceu dinheiro para conseguir o poder ou o segredo do sucesso deles. 
Talvez e!e imaginasse quão mais popular ainda ele se tornasse se viesse a conseguir a capacidade de 
transmitir aos outros o poder de realizar milagres. A Igreja já tinha tido a experiência de perder dois de 
seus membros, que procuraram perverter a pureza da comunhão. Pedro disse a Simão que ele 
cometera um grande pecado, pretendendo obter o Espírito Santo para fins de interesses pessoais. A 
"simonia" de Simão revelou que o seu coração não estava correto diante de Deus. Ele não tinha 
experimentado real arrependimento. Os seus interesses eram egoístas. Ele próprio pretendia ocupar o 
lugar que só cabia a Deus. 
Pedro fez a Simão uma confrontação com a sua perversidade e perigo que corria. Por causa 
do acontecimento desastroso de Ananias e Safira, que tentaram enganar a igreja e os apóstolos, Pedro 
possivelmente fez diante de Simão descrição das coisas tristes que poderiam lhe sobrevir. E então 
Simão rogou a Pedro que orasse por ele a fim de que nada daquilo lhe sobreviesse. 
7. A Conversão do Etíope - At 8.25-40 
Lucas mostrara de início como o evangelho se espalhara rapidamente entre os judeus e fora 
levado a Samaria. O próximo passo era o de mostrar como o evangelho iria se expandir ainda mais, a 
ponto de incluir prosélitos gentios. 
Depois de Pedro e João terem constatado o avivamento ocorrido em Samaria, eles 
continuaram o trabalho de pregar o evangelho a outras vilas dos samaritanos. Filipe recebeu orientação 
especial do anjo (mensageiro) do Senhor para testemunhar ao eunuco etíope, um gentio temente a 
Deus, na estrada de Jerusalém a Gaza. O Etíope era um prosélito do judaísmo e um "oficial de 
Candace, rainha dos etíopes". Ele voltava de uma peregrinação a Jerusalém, onde fora fazer a sua 
adoração ao Senhor. Nessa viagem de retorno, estava lendo o profeta Isaías. Filipe foi orientado pelo 
Espírito a se juntar ao etíope, nessa sua viagem. Filipe ao se aproximar dele, ouviu que lia um texto de 
Isaías 53. Então Filipe lhe indagou se estava compreendendo exatamente o que lia. O etíope respondeu 
que, na verdade, necessitaria de um intérprete que lhe explicasse o significado da passagem. A sua 
dúvida consistia em saber se o profeta dizia aquelas palavras em referência a si mesmo ou em 
referência a alguém de uma das duas correntes judaicas de interpretação de que ele tinha 
conhecimento. A resposta de Filipe foi a de que a Igreja Primitiva identificava o Servo Sofredor de Isaías 
53 com Jesus. 
O cumprimento da comissão de Jesus envolvia o espalhar do evangelho para além de 
Samaria, ao mundo gentílico. O primeiro passo foi a conversão do gentio temente a Deus, o eunuco 
etíope. Conquanto ele quisesse ser um prosélito do judaísmo, a sua mutilação física, como um eunuco, 
poderia tê-lo impedido de contar com esse privilégio.Todavia, ele se sentia atraído ao monoteísmo e 
aos altos ensinos morais do judaísmo. Depois de Filipe lhe ter apresentado Jesus, ele fez a penetrante 
pergunta, "Que me impede de ser batizado?" O judaísmo lhe tinha impedido ou ao menos limitado a sua 
total integração. Assim ele perguntava se a sua nacionalidade ou condição física também o impediriam 
de ser cristão. E Filipe lhe assegurou que nada o impedia. 
Tudo nos faz crer que o eunuco creu que Jesus era realmente o Messias. O verso 37 afirma: "E 
disse Filipe: É lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o 
Filho de Deus”. É o que se lê nos manuscritos mais antigos. Lucas não se importa em registrar tudo o 
que Filipe compartilhou com o eunuco. E o etíope respondeu, pedindo para ser batizado. O seu pedido 
indica que ele creu ser Jesus o Messias e estava disposto a se identificar publicamente com ele. E 
Filipe mandou parar a carruagem, batizando o eunuco. E este, com a experiência da vida nova, encheu-
se de júbilo (cf.v.39). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 38 
 
 
 
COMPLETE AS LACUNAS 
1. O Evangelho foi levado ás províncias romanas pelos ____________________ que estiveram 
presentes no dia de __________________________________________ 
 
2. Uma vez que Estevão iniciou uma nova era histórica do cristianismo, Lucas diz que Estevão era 
menor que os _____________________________________________________________________ 
 
RESPONDA 
3. Porque foi necessário, entre os samaritanos, a manifestação da presença do Espírito? 
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________ 
4. Quem foi o primeiro gentio convertido? 
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________ 
5. Faça uma distinção entre samaritanos, tementes a Deus, prosélitos e gentios. 
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________ 
6. De que maneira os novos cristãos recebiam o Espírito Santo? 
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________ 
7. Compare e contraste o conceito de Estevão referente ao reino com o conceito expresso em Daniel 7. 
___________________________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________________________ 
8. Qual o efeito que a perseguição causou sobre o cristianismo? 
___________________________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________________________ 
 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 39 
 
 
CCaappííttuulloo VVII -- PPRREEPPAARRAAÇÇÃÃOO PPAARRAA AA EEXXPPAANNSSÃÃOO EENNTTRREE OOSS GGEENNTTIIOOSS -- AAtt 99..11-- 1111..1188 
Os samaritanos eram uma mistura de judeus e gentios. Depois de Filipe ter pregado a eles, e 
muitos se terem convertido, a igreja em Jerusalém enviou Pedro e João para constatar as realidades 
dessa nova área de desenvolvimento. A igreja não podia deixar de aceitar o fato de que Deus aceitara 
os samaritanos, depois de se ter tornado óbvio que eles também receberam o Espírito Santo. O fato de 
que o Espírito operava maravilhas por instrumentalidade de Filipe, entre os samaritanos, deu evidências 
do plano divino de incluir os samaritanos em seus propósitos. 
É interessante que Deus escolhesse exatamente aquele que reagiu mais fortemente contra a 
inclusão dos gentios, para ser o primeiro, por meio de quem os gentios ouvissem o evangelho. A 
conversão de Paulo não deixa dúvidas de que o evangelho é poder para mudar terminantemente vidas 
pecaminosas. A sua conversão marca um significativo ponto de mudança na história da Igreja Primitiva. 
Ele tinha sido o mais ardoroso opositor ao novo movimento e o que mais tinha lutado para destruí-lo. 
Pedro e os outros apóstolos se davam por insatisfeitos em limitar o movimento aos judeus. 
1. A Conversão de Paulo - At 9.1-19 
Lucas apresenta a nova direção no desenvolvimento da Igreja Primitiva, descrevendo a 
determinação, da parte de Saulo, de destruir a igreja nascente. Saulo era extraordinariamente zeloso 
nas tradições dos pais. Ele se achegou ao Sumo Sacerdote e conseguiu dele documentos que o 
autorizavam a extraditar judeus da sinagoga de Damasco. Saulo não se contentou em exterminar o 
cristianismo só em Jerusalém. Ele foi ao encalço dos cristãos refugiados em outras cidades. Talvez 
muitos tenham fugido para a área de Damasco porque lá havia uma boa população judaica. Tudo 
parece indicar que o Sumo Sacerdote tinha autoridade para emitir documentos de extradição aos judeus 
que tivessem, de alguma forma, ofendido a religião judaica. Paulo pretendia trazer esses cristãos de 
volta a Jerusalém, para julgamento e possível condenação à morte. 
É interessante observar como os cristãos continuavam o seu relacionamento com a sinagoga. 
Começa, entretanto, a haver uma distinção entre eles e os cristãos não judeus. Eles começaram a ser 
identificados como aqueles que "pertenciam ao Caminho" (v. 3), em virtude de sua ênfase à expressão 
"o caminho do Senhor" (Is. 40.3). Por outro lado, a expressão poderia ter demonstrado a sua nova 
maneira de viver. 
É impossível explicar a experiência de Saulo no caminho de Damasco em termos de um 
acontecimento natural. A experiência envolveu os sentidos da visão e da audição. Saulo foi atingido 
repentinamente por um jato de luz, que o fez cair ao chão. Ele ouviu uma voz que lhe dizia: "Saulo, 
Saulo, por que me persegues?" Algumas pessoas têm procurado dar, à experiência, uma explicação 
psicológica. A mudança ocorrida na conduta de Paulo só pode ser explicada como resultado de um 
encontro sobrenatural. A pergunta feita pelo Senhor a Saulo indica nitidamente a identificação que Ele 
tinha com os seus seguidores, então perseguidos. 
O testemunho de Estevão e a sua morte certamente ajudaram a preparar Saulo para a sua 
experiência de conversão. Uma vez que Saulo era um estudioso do Velho Testamento, ele deve ter 
estado atento ao fato de que os cristãos judeus helenistas estavam certos a cerca da inclusão dos 
gentios no Reino. Mas ele intentava abafar as suas dúvidas com redobrado zelo pela sua religião. 
Saulo é uma amostra autêntica daqueles que pretendem alcançar maior sucesso pelo caminho 
dos próprios esforços e zelo. O ato de se prostrar no chão, diante do ressurreto, é símbolo da sua 
realidade espiritual, em que, quebrado o seu orgulho, jaz agora humilde diante daquele a quem 
intentara continuar perseguindo. E, em lugar de dirigir ele os planos para levar a cabo os seus 
propósitos de destruir o movimento cristão, ei-lo sendo instruído pelo Senhor por meio de seus servos. 
Os companheiros de Saulo, nessa sua jornada, ouviram uma voz, mas não viram ninguém. A 
afirmação de Lucas em Atos 9.7 de que eles ouviram um som, mas não compreenderam as palavras, At 
22.9 parece fazer uma afirmação que contradiz esta, ao dizer não ouviram a voz, entretanto, a estrutura 
da língua grega permite compreender que eles ouviram uma voz. 
Acontecimentos físicos são utilizados muitas vezes por Deus como símbolos para a 
comunicação de verdades espirituais. Quando Saulo se levantou do chão nada podia ver. Talvez a sua 
cegueira física simbolizava sua cegueira espiritual. A luz brilhante dos céus podiater simbolizado a 
descida da verdade espiritual. Saulo foi conduzido a Damasco a fim de aguardar os acontecimentos que 
teriam lugar em sua nova experiência espiritual. Continuou cego durante três dias, tempo em que 
também nada comeu nem bebeu. 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 40 
 
 
Esse período deu-lhe oportunidade de se concentrar durante três dias inteiros, refletindo sobre 
a sua dramática experiência. O encontro com Cristo significava uma mudança completa em sua vida e 
seus conceitos. Parte de seu zelo poderia ser que fosse motivado pelo seu desejo de se sobressair 
como indivíduo. Duras tinham sido, até então, as suas oposições aos cristãos e denúncias, e agora, 
era-lhe necessário ter de admitir que ele próprio estivera errado e que eles estavam certos. Ele, que 
tinha se insurgido contra a inclusão de gentios no Reino de Deus, tornar-se-ia agora o Apóstolo aos 
Gentios. 
Lucas faz questão de destacar a reação de Ananias, demonstrando o terror que o nome 
"Saulo" provocara entre os cristãos. O Senhor revelara a Ananias, em visão, que ele fosse à casa de 
Judas e impusesse as mãos em Saulo, a fim de que este recobrasse a vista. Mesmo estando Saulo 
orando, Ananias, que conhecia a sua fama, estava temeroso de se aproximar dele. Talvez ele temesse 
que aquela atitude fosse uma cilada, pois que sabia que Saulo tinha vindo com documentos expedidos 
pelo Sumo Sacerdote, dando-lhe autoridade para extraditar aqueles que se chamassem pelo nome de 
Cristo. Somente depois que o Senhor lhe revelou que Saulo era um vaso escolhido por Ele para levar o 
evangelho aos gentios, é que Ananias se acalmou e aceitou a incumbência de ir até lá. Aquele que 
tinha causado tanto sofrimento aos cristãos estava agora pronto a sofrer por Cristo. 
Ananias se dirigiu para a casa indicada e impôs suas mãos sobre Saulo, chamando-o de 
"irmão". O Senhor Jesus atua através de seus servos quando estes se colocam à sua disposição para 
servirem como vasos. Pelo ato da imposição das mãos, a visão de Saulo foi restaurada e ele foi cheio 
do Espírito Santo (v. 17). A restauração de sua visão é descrita como algo semelhante a escamas, 
caindo-lhe dos olhos. Depois de Saulo ter recobrado a sua visão, ele foi batizado e tomou alimento. O 
batismo e a alimentação indicam que Saulo, depois da dramática e profunda experiência pela qual a 
sua vida passou, tinha agora aceito a submissão total à vontade de Deus. Ele se agregou·aos discípulos 
de Damasco e “imediatamente” começou a proclamar que Jesus é o Filho de Deus. A experiência da 
conversão de Saulo é emocionante e encorajadora. 
2. Primeiros Dias do Discipulado de Paulo - At 9.19-30 
Lucas afirma que Saulo continuou com os discípulos por "alguns dias". Ele não se cansava 
de proclamar Jesus como o Filho de Deus. Os que o ouviram na sinagoga estavam atônitos com a 
reviravolta ocorrida na doutrina e vida de Saulo. Aquele que destruía os que "se chamavam por esse 
nome" agora passou a persuadir a outros que cressem "nesse nome". Os discípulos, a princípio, 
estavam um tanto desconfiados; os judeus não cristãos estavam impressionados. Saulo era profundo 
conhecedor do Velho Testamento, ele mostrava aos judeus que viviam em Damasco, que Jesus era o 
cumprimento das Escrituras Messiânicas. 
Lucas não registra o retiro de Saulo na Arábia. É o próprio Saulo que revela ter passado ali um 
período de três anos (cf. Gl 1.17-18). É possível que ele estivesse passando aquele tempo ali. 
Estudando as escrituras do Velho Testamento. A sua experiência no caminho de Damasco fez com que 
ele necessitasse reinterpretar o Velho Testamento e mudar a sua teologia. Ele precisava de algum 
tempo para todo esse processo. 
Em breve a surpresa dos judeus não crentes se transformou em desejo de matar Saulo. A 
trama de sua morte sem apoio de um julgamento seria ilegal. Assim, os que tramavam a sua morte 
vigiavam constantemente todas as saídas da cidade, a fim de evitar que ele escapasse às suas mãos. 
É bem possível que tivessem planejado matá-lo, em lugar deserto, após segui-lo durante algum tempo 
na estrada por onde estivesse viajando, depois de deixar a cidade. Quando o plano foi revelado a 
Saulo, os discípulos o ajudaram a fugir, descendo-o num cesto, à noite, por uma abertura no muro da 
cidade. A oposição da parte de seus concidadãos. Provavelmente, ajudou Saulo na sua decisão (o que 
estava dentro do plano divino) de se voltar para os gentios. 
Conforme Gálatas 1.6 e ss, Saulo não retornou imediatamente a Jerusalém, ele passou algum 
tempo no Arábia e voltou a Damasco, antes de retornar a Jerusalém. A decepção de Paulo, em relação 
com os judeus de Damasco, provavelmente ocorreu depois de seu retorno da Arábia. 
Depois de Saulo ter deixado Damasco, ele seguiu para Jerusalém, onde ficou durante quinze 
dias com Pedro, quando também viu a Tiago, o irmão do Senhor (cf Gl 1.18 e ss). Quando Saulo 
chegou a Jerusalém, os discípulos tiveram medo dele, não crendo que fosse discípulo. Mesmo tendo, já 
passados três anos ou mais, eles tinham bem vivas em suas lembranças a sua cruel perseguição e 
morte de Estevão. Barnabé, homem de fé e de compreensão, e que, além nisso, se caracterizava pelo 
interesse que demonstrava para com os outros, foi quem trouxe Saulo perante os apóstolos, 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
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assegurando-lhes que ele experimentara uma conversão genuína. Embora quase completamente 
desconhecido. Por falta de maiores informações Barnabé foi uma das grandes figuras do cristianismo 
primitivo, ele estendeu sua mão a viúvas necessitadas, a um Saulo suspeito e a um João Marcos 
rejeitado. As poucas referências a ele no livro de Atos são o suficiente para indicar que era um dos 
líderes cristãos mais amadurecidos de seus dias. 
O zelo de Paulo por Cristo muito cedo o levou a se envolver em argumentação com os judeus 
helenistas em Jerusalém. Não se sabe ao certo quais as razões que o levaram a se opor a Saulo, visto 
que tinham visão mais aberta em relação aos gentios. É possível que fosse ainda uma lembrança 
íntima, quase inconsciente daquilo que Saulo praticara na sua perseguição a eles. Talvez até alguns 
helenistas não cristãos tivessem sido atingidos também por aquela perseguição, E assim o esforço de 
Saulo para trazer esses helenistas judeus a Cristo foram prejudicados pelo contínuo desejo, da parte 
deles, de uma vingança. 
Alguns dos irmãos em Jerusalém tendo ouvido a respeito da que estava sendo preparada 
pelos judeus levaram Saulo até o porto de Cesárea, onde embarcou em um navio para Tarso. Contudo 
não quiseram se identificar com ele, a fim de que não acontecesse de atraírem sobre si os resultados 
da animosidade dos helenistas irritados. 
3. Um Sumário da Expansão da Igreja na Palestina - At 9. 31-43 
Depois de Lucas ter apresentado o Apóstolo, que seria enviado aos gentios, e ter narrado a 
sua experiência com Cristo, volta ao assunto da expansão da igreja na Judéia, Galiléia e Samaria. Após 
a conversão de Saulo, a igreja desfrutava de paz e continuava a crescer. Um exemplo de sua 
prosperidade é o ministério de Pedro em Lida. Um homem chamado Enéas, que estivera acamado 
durante oito anos foi curado. O milagre resultou em que muitos se voltassem para o Senhor. 
Tabita (Dorcas, em grego), outra discípula fiel, adoeceu e morreu. Era uma crente 
amadurecida, muito apreciada por sua gentileza e interesse pelos outros. As notícias dos milagres 
operados através de Pedro em Lida chegaram também a Jope; então, os cristãos enviaram dois 
representantes para convidar Pedro a ir imediatamente a Jope. Depois de Pedro ter sido atendido no 
seu pedido de todos se retirarem do quarto em que jazia o corpo de Dorcas, ele orou para quea vida 
fosse restabelecida àquele corpo, e a seguir disse: “Tabita, levanta-te”. Quando se espalhou por toda a 
Jope a notícia da sua ressurreição, muitos creram no Senhor. Pedro continuou ainda durante algum 
tempo em Jope, residindo com um certo curtidor chamado Simão. 
4. A Conversão do Cornélio - At 10.1-48 
4.1 A visão do Cornélio - At 10.1-8 
Cornélio era um centurião romano, dedicado estudioso do judaísmo. Era um homem temente a 
Deus, mas não um prosélito, visto que não tinha sido circuncidado e batizado (cf. 11.3). Um centurião 
era comandante de 100 soldados pertencentes a uma coorte, por sua vez, era a décima parte de uma 
legião Romana. Cornélio residia em Cesáreia, Quartel-General do Procurador de Samaria, Judéia e 
Iduméia. Cesáreia já tinha sido uma grande cidade e em algum tempo foi chamada de Torre de Strabo. 
A cidade fora reconstruída cerca de 12 a.C., por Herodes, o Grande, que lhe deu o nome em honra a 
César Augusto. Era habitada por uma população mista de gentios e judeus. 
Lucas descreve o gentio Cornélio com palavras elogiosas. Ele o apresenta como 1) um homem 
devoto, 2) que temia a Deus, com toda a sua casa, 3) que dava muitas esmolas ao povo judeu. e 4) que 
de contínuo orava a Deus. Embora pertencesse à nação que conquistara e governava o povo judeu, 
caracterizava-se por respeitar esse povo. 
Às três horas, a hora da oração, certa tarde, Cornélio teve uma visão, na qual um anjo de Deus 
lhe dizia que as suas orações e feitos caridosos não passaram desapercebidos diante de Deus. Esses 
atos de piedade, embora não lhe assegurassem a salvação, revelavam, entretanto, que estava disposto 
a servir ao Senhor. Assim é que, ele foi instruído a enviar mensageiros a Jope, para buscarem a Pedro, 
que iria lhe dizer o que fazer para ser salvo. Então Cornélio enviou dois de seus criados, provavelmente 
jovens judeus, com Simão, o curtidor. 
4.2. A visão de Pedro (vv. 9-22) 
Enquanto os três homens se dirigiam a Jope, Pedro subiu, à tarde, ao terraço da casa em 
que estava, a fim de orar. Lucas mostra que, às vezes, as visões estão relacionadas com desejos 
naturais. Pedro estava com fome, e enquanto aguardava a hora da refeição teve visão. Nela, ele viu um 
grande lençol com animais quadrúpedes, répteis e aves, descendo dos céus. Pedro recebeu a ordem 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
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de matar e comer. Como bom judeu, ele recusou porque eram animais considerados imundos, e 
comuns. A ordem foi dada uma segunda e terceira vez Depois a mesma voz disse o Pedro, "Não 
considere imundo ou comum o que Deus purificou" (v. 15). A seguir o lençol foi recolhido ao céu. 
A Lei judaica proibia comer carne de animais que: 
1) ruminam, mas não tem unhas fendidas (Lv 11.4); 
2) não tem barbatanas nem escamas (Lv 11.10); 
3) se alimentam de lixo ou carne putrefata, como o abutre (Lv 11.13 e ss) , 
4) rastejam ou, são répteis (Lv 11.20-29); 
5) são plantígrados entre os quadrúpedes (Lv. 11.27); 
6) tiverem morrido de morte natural (Lv 11.39 e ss.). 
A lei não proibia comer insetos, tais como gafanhotos e grilos, Pedro estava se apoiando na lei 
judaica, quando se recusou a matar e comer os animais que havia no lençol. O propósito dessa visão 
especial era mostrar a Pedro que não deveria ser considerado comum ou imundo tudo quanto Deus 
criou, essa visão trazia o ensino especial de que a igreja cristã não estava mais sob o domínio da lei 
judaica, a respeito de carne comum ou imunda. 
A visão também se aplicava à relação entre judeus gentios. Os gentios tanto quanto os 
judeus foram criados por Deus, e estes não os deveriam considerar comuns ou imundos. A igreja não 
deveria manter os gentios fora de sua comunhão, à base do exclusivismo judaico. A visão foi manifesta 
a Pedro com a finalidade de prepará-lo para a chegada dos criados de Cornélio. Fosse um gentio, Deus 
o escolhera para a salvação. Havia necessidade de uma revelação especial a Pedro para que este 
aceitasse a idéia de que gentio podia ter acesso à igreja cristã. A tradição judaica deixou quase que 
totalmente fora do templo os gentios. Os gentios prosélitos circuncidados podiam ter acesso apenas ao 
átrio externo do templo, mas não podiam se aproximar de Deus da mesma forma que um judeu, que 
tinha direito ao acesso do átrio mais interior. A visão especial tinha por fim derrubar, dentro do coração 
de Pedro, o muro que separava os judeus dos gentios. Os judeus não deveriam se considerar 
superiores aos gentios dentro da igreja cristã. 
Pedro não pôde compreender o significado da visão até o momento em que atendeu aos três 
mensageiros de Cornélio à porta. Eles lhe contaram a respeito de sua missão e de como o anjo 
orientara a Cornélio, para enviá-los. A narrativa da visão de Cornélio, e o convite para visitá-lo em sua 
casa fez com que Pedro pudesse compreender o real significado da visão e também de expressão de 
Jesus, quando disse que: "Nada há, fora do homem que, entrando nele, o possa contaminar" (Mc 7.15), 
de Jesus queria significar que todos os alimentos são por ele limpos (Mc 7.19). 
4.3. Pedro testifica a Cornélio (vv. 23-48) 
Pedro foi com os criados de Cornélio. Fez-se acompanhar de “irmãos de Jope". Sem a visão 
especial da parte do Senhor, Pedro seguramente teria mantido a sua posição exclusivamente judaica e 
não teria ido até Cornélio. 
O profundo desejo de Cornélio, de receber a visita de Pedro é evidenciado pelos preparativos 
que fez para a sua recepção. Ele se desobrigou de outros compromissos por quatro dias e convidou 
todos os seus parentes e amigos mais achegados para que estivessem presentes quando Pedro 
chegasse. A hesitação de Pedro é extraordinariamente contrastante com a atitude de expectativa de 
Cornélio. Quando Pedro entrou na casa, Cornélio caiu a seus pés e o adorou. 
Esse gesto da parte de um romano para com um judeu não era absolutamente comum. Pedro 
"o ergueu", afirmando que ele também era apenas um homem. A visão que Pedro tivera em Jope teve o 
seu significado ainda mais realçado quando, adentrando a casa, viu a grande reunião de gentios. Ele 
teve o cuidado de explicar que não era permitido um judeu associar-se com estrangeiros, especialmente 
entrar em suas casas; contudo. Deus tinha mostrado a ele, de maneira especialíssima, que ninguém 
tem o direito de considerar a outrem comum ou impuro. Pedro sabia que, ao adentrar a casa de um 
gentio, estava se expondo a severas críticas por parte de outros irmãos judeus (cf 11.2 e ss.). Mesmo 
tendo a consciência de que estava agindo em conformidade com a orientação divina, sabia que não 
seria fácil para ele, enfrentar face a face os seus irmãos judeus. Antes de fazermos um julgamento de 
Pedro nessa circunstância convém que nos coloquemos em seu lugar e imaginemos como seria se 
tivéssemos de quebrar os nossos próprios costumes e práticas nacionais e aceitar os dos estrangeiros, 
para poder ajudá-los, especialmente em se tratando de elementos que pertencessem à nação que 
 
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FATAD Prof. Jales Barbosa 43 
 
 
conquistou e domina a nossa. 
Pedro indagou de Cornélio por que razão ele solicitou a sua vinda. Cornélio passou a 
descrever a visão que tivera quatro dias antes. Em sua maneira gentil, Cornélio reconheceu que Pedro 
fora "muito atencioso em vir" (v. 33). E então Cornélio pediu a Pedro que repartisse com eles aquilo de 
que o Senhor o encarregara. 
Em sua saudação inicial, Pedro reconheceu que Deus não usa de parcialidade. Os judeus 
estavam totalmente enganados ao pensarem que Deus os escolhera como seus favoritos em virtude de 
seus méritos, quando, na realidade, a escolha ocorrera para servirem ao Senhor, tornando-o conhecido 
perante os outros povos. Os judeus estavam interpretando asbênçãos que Deus lhes dava como sinal 
de que eram os "queridinhos" do Senhor. Ter sido escolhido "para servir" facilmente pode ser 
confundido com o ter sido escolhido por ser o "favorito de Deus”. 
Para que Pedro pudesse repartir com aqueles gentios a mensagem do evangelho, foi 
necessário primeiro o reconhecimento, de sua parte, de que Deus não têm favoritos. O sermão de 
Pedro destaca os seguintes principais tópicos: 
1) O ministério e ensinos de Jesus. Pedro dá ênfase ao fato de que Deus encheu a Jesus com 
o seu poder pelo Espírito Santo, o que se evidenciou pelos milagres e curas que operou. "Deus estava 
com ele" na pessoa do Espírito Santo (v. 38). 
2) A morte e ressurreição de Jesus. Depois de descrever a morte de Jesus na cruz. Pedro falou 
da realidade de sua ressurreição. Uma das primeiras tarefas dos apóstolos foi a de dar o seu 
testemunho a respeito das aparições de Jesus após a sua ressurreição. 
3) A magistratura e messianidade de Jesus. O ensino de Jesus, interpretado à luz de sua morte 
e ressurreição deveriam ser proclamados ao povo, porque cada um é responsável perante o Juiz 
indicado por Deus. 
4) O cumprimento do Velho Testamento. Os profetas predisseram a vinda de Jesus como o 
Messias Sofredor. O sistema sacrificial do Velho Testamento se constituiu em preparo para a sua morte 
vicária na cruz. 
5) A boa vontade de Jesus em perdoar os pecados. Cada indivíduo no mundo inteiro deveria 
crer nele e, destarte, receber o perdão de seus pecados. O clímax do sermão de Pedro foi quando ele 
afirmou que "quem crer nele, receberá o perdão de seus pecados" (v. 43). 
Pedro poderia ser considerado um tanto negativo no que se refere à sua aproximação de 
Cornélio, explicando de início que, sendo judeu, relutou em se aproximar de alguém pertencente à outra 
nacionalidade. Lembramos que foi diferente a atitude de Filipe, quando se regozijou ao se ajuntar ao 
etíope em sua carruagem. Sabemos que Pedro não se recusou terminantemente a testemunhar a um 
estrangeiro, mas sentiu bastante relutância. Foi necessária a ele uma manifestação especial do Espírito 
Santo, para tranqüilizá-lo e convencê-lo de que os gentios também podem ser recebidos no seio do 
Reino de Deus, pelo novo nascimento. Enquanto Pedro falava, veio o Espírito Santo sobre os que 
atentamente ouviam. A dádiva do Espírito foi atestada pelo falar em línguas e o exaltar a Deus. Os 
crentes circuncidados (judeus cristãos), que acompanhavam Pedro ficaram entusiasmados com o fato 
que os gentios também houvessem recebido a dádiva do Espírito Santo. O falar em línguas, como 
prova do revestimento com o Espírito Santo, foi uma necessidade para que Pedro e os seus 
companheiros se convencessem da realidade de que os gentios poderiam ser batizados e recebidos na 
Igreja. Conforme o plano divino, nada deveria impedir o ingresso de gentios no Reino dos Céus. 
As línguas em Cesaréia parecem ter se manifestado sob forma de louvor a Deus. A dádiva de 
línguas nessa ocasião teve o propósito especial de convencer os judeus cristãos que os gentios 
ingressaram no Reino. A demonstração da aprovação formal divina derrubou toda idéia de impedimento 
ao batismo no nome de Jesus Cristo àqueles novos convertidos. 
5. A defesa de Pedro, por sua associação com gentios (11.1-18) 
Pedro demonstrou prudência ao fazer-se acompanhar de seis irmãos até Cesaréia, para que 
testemunhassem pessoalmente os acontecimentos ali quando gentios se converteram. Quando se 
espalhou em Jerusalém a notícia de que os gentios receberam a Palavra de Deus, os que eram da 
circuncisão decidiram contender com Pedro (v. 2). Os judeus se dispunham a se associar a gentios que 
tivessem sido circuncidados, mas a idéia de associação com gentios não circuncidados era-lhes por 
demais difícil aceitar. O seu problema em parte era o orgulho, e em parte, uma falsa interpretação do 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 44 
 
 
Velho Testamento. 
No Velho Testamento a relação com Deus estava expressa no Concerto. Aqueles que 
adentravam a comunhão com Deus deveriam demonstrar a sua aceitação do Concerto, simbolizada na 
circuncisão. Infelizmente, os judeus cristãos ainda não tinham se familiarizado com a idéia de que o 
Novo Concerto teria também um novo símbolo. A Igreja teria de resolver o problema de como os 
cristãos haveriam de demonstrar a sua relação com Jesus através de Cristo. Deveria o Novo Concerto 
continuar a ser simbolizado pela circuncisão? 
O orgulho também estava presente no fato desse requerer a circuncisão dos gentios. Mesmo 
sendo o povo judeu dominado pelos romanos, considerava a sua nação superior a destes, por causa da 
eleição divina. Eles confundiam eleição como honra, com eleição como serviço. Estrangeiros que 
desejassem cultuar o Deus que se revelou por meio de Israel teria de se submeter aos rituais que o 
identificassem coma nação judaica. O conceito de ingresso na religião e cidadania judaica pode ser 
compreendido melhor quando se leva em conta a teologia rabínica, na qual agradar a Deus significava 
simplesmente guardar a Lei, idéia essa que conduziria fatalmente à esperança de um messias político. 
Pedro foi convocado a dar contas de sua associação com os incircuncisos. Então ele contou a 
sua visão em Jope. Destacando as palavras da voz dos céus, “o que Deus purificou, não chames de 
imundo" (v. 9). Continuou narrando que, quando chegaram a Jope os três homens de Cesaréia, "o 
Espírito disse-me que os acompanhasse sem constrangimento" (v.12). E ele acrescentou que, 
prudentemente levou mais seis judeus cristãos consigo, a fim de que acompanhassem pessoalmente os 
acontecimentos relativos à conversão dos gentios. A visão de Cornélio acrescentou mais uma evidência 
de que a atuação de Pedro coincidia exatamente com a vontade de Deus. E ainda, depois de o Espírito 
Santo vir sobre os gentios, exatamente como acontecera com os judeus no Pentecostes, quem poderia 
duvidar dos caminhos de Deus? O orgulho e o preconceito certamente levaram os judeus cristãos 
primeiro a lamentar que Deus tenha dado também aos gentios a oportunidade do arrependimento e do 
acesso à vida" (v. 18). 
Com as experiências de Filipe e de Pedro, o evangelho tornou-se suficientemente livre para 
incluir no seio da igreja os gentios tementes a Deus. Começara a batalha para a liberação completa e a 
remoção do muro da separação entre judeus e gentios. 
 
CCaappííttuulloo VVIIII -- AATTIIVVIIDDAADDEESS EEMM AANNTTIIOOQQUUIIAA,, JJEERRUUSSAALLÉÉMM EE CCHHIIPPRREE -- AAtt 1111..1199--1133..1122 
As portas da Igreja foram abertas apenas o suficiente para receber certos gentios, os mais 
selecionados. Somente tementes a Deus que, tendo aceito o judaísmo, não tinham sido ainda 
circuncidados, poderiam adentrar a Igreja. Certa cegueira causada pelo preconceito impediu os judeus 
de convidar os gentios a participarem da igreja até a ocasião da manifestação especial da aprovação de 
Deus ocorrida em Cesaréia. Cornélio e sua família foram revestidos pelo Espírito Santo, com a dádiva 
de línguas, a fim de demonstrar aos cristãos judeus que esses gentios tinham também sido aprovados 
por Deus como cidadãos do Reino. 
Em Jerusalém, e aceitação do evangelho, que, a princípio, acontecia em ritmo acelerado, 
começava agora a diminuir de intensidade. A perseguição fez com que os cristãos se espalhassem, e, 
por onde quer que fossem, pregavam a Palavra. Consta na parte final do Livro de Atos, que Jerusalém 
já não era mais o centro cristão de maior influência e crescimento. Enquanto os apóstolos lideravam 
diretamente igreja em Jerusalém, ela ocupava posição de primazia e destaque, inclusive nas decisões a 
respeito de questões doutrinárias, mas, com o decorrer do tempo, mesmo numericamente, os centros 
de crescimento se deslocaram para outras áreas. 
Os cristãos continuaram a lutar com o problema da relação do cristianismocom o judaísmo. De 
vez que o cristianismo surgiu no seio da religião judaica, apresentava-se a seguinte indagação: Haveria 
o cristianismo de reformar o judaísmo, ou seria melhor separar-se dele? São os seguintes os Fatores 
importantes que criaram tensões entre os líderes judaicos e cristãos: 
1) A aceitação da messianidade de Cristo e o nascimento espiritual para a entrada no Reino; 
2) A atitude em relação à entrada de elementos não judeus para a entrada no Reino; 
3) O senso de responsabilidade quanto à ordem de levar o evangelho aos gentios. 
Por causa de seu passado judaico, os primitivos judeus cristãos não puderam concordar 
 
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plenamente com as realidades contidas nestes fatores. E assim, eles convocaram uma reunião 
especial, da Igreja em Jerusalém, a fim de discutir sobre esses, assuntos, tendo sido essa a ocasião em 
que se verificou que muitos gentios haveriam de nascer para o Reino e haveriam de solicitar a sua 
entrada para a Igreja. 
1. Conversões Gentias em Antioquia - At 11.19-30 
Como o evangelho foi levado a Antioquia. Lucas registra que Pedro reconheceu, na ocasião da 
experiência da conversão de Cornélio, que a vinda do Espírito Santo sobre os gentios significava que 
Deus os incluíra no plano da salvação. Desde que nasceram para o Reino de também não poderiam ser 
impedidos de manifestarem publicamente, pelo batismo em nome de Jesus Cristo, a sua identificação 
como os demais cristãos. Lembramos que o início da pregação aos gentios deu-se pela pregação de 
Filipe, um dos sete. A Igreja agora estava disposta a reconhecer a realidade da salvação dos gentios, 
depois da experiência de Pedro na casa de Cornélio. Mas, mesmo assim, a Igreja considerou 
inicialmente o caso de Cornélio como uma exceção, em vez de considerá-lo como um plano divino para 
com os gentios. 
Deus tem condições de manifestar a sua vontade mesmo por meto de experiências 
aparentemente negativas ou desagradáveis. Quando a perseguição que se levantou nos dias da morte 
de Estevão espalhou os discípulos de Jerusalém. Alguns atravessaram a Fenícia e chegaram até 
Antioquia. Lucas mostra como a pregação em Antioquia estava intimamente ligada à de Estevão. Os 
refugiados procuravam inicialmente as comunidades judaicas a fim de compartilhar com elas a sua a 
sua fé. Homens de Cirene, no norte da África, estiveram presentes no dia de Pentecostes e ouviram o 
evangelho. Alguns dos cristãos foram a Chipre, como resultado da perseguição. 
Tudo parece indicar que entre os acontecimentos relatados pelos versos 19 a 20 há um espaço 
de tempo de vários anos. Imediatamente após a morte de Estevão, o evangelho ainda continuava a ser 
pregado apenas entre os judeus. Alguns anos mais tarde. Cristãos de Chipre, No Mediterrâneo, e de 
Cirene, no norte da África, homens de Deus, sobre os quais Estevão exerceu grande influência, 
transferiu-se para Antioquia, na Síria. Estes testemunharam aos gentios. A pregação aos gregos, em 
Antioquia, parece ter sido após a conversão do eunuco e de Cornélio. 
1.1. A visita de Barnabé a Antioquia (w. 22-24) 
A igreja em Jerusalém ainda não estava inteiramente convicta de que Deus aceitara em seu 
Reino os gentios. Então enviaram um mensageiro, Barnabé, para constatar se era verdadeira a notícia 
de que um grande número de gentios estava se convertendo ao Senhor. O fato de a igreja escolher 
Barnabé como seu representante indica ter sido ele um homem maduro e digno de confiança. 
Lucas destaca novamente, que Barnabé era homem de fé, o qual estava totalmente disposto a 
acatar o plano divino. Quando ele constatou que a Graça Divina se estendia aos gentios, sua alma se 
encheu do júbilo e encorajou os irmãos a prosseguirem nessa tarefa. 
1.2. A ação educativa de Paulo em Antioquia (vv 25-26) 
Tantos foram os que se converteram ao Senhor, que se tornou necessário um maior auxílio na 
tarefa da instrução dos novos convertidos. E assim é que Barnabé partiu para Tarso, em busca do 
Saulo. Ambos voltaram a Antioquia e instruíram o povo recém-convertido durante um ano inteiro. Os 
gentios convertidos necessitavam de conhecimento do Velho Testamento. 
Foi ali em Antioquia que pela primeira vez os discípulos foram chamados de "cristãos", e isto 
pelos de fora da igreja. A palavra "cristão" era composta de duas partes, a primeira era aquela que 
continha a idéia messiânica hebraica, e a segunda, o sufixo latino que indicava "adepto". Os cristãos 
eram, pois, os "adeptos do Messias". 
1.3. Atitude cristã diante de um período de fome (w. 27-30) 
Ágabo e outros profetas vieram de Jerusalém a Antioquia, anunciando que um período de fome 
haveria de sobrevir a todo o mundo. Lucas observa que isto aconteceu realmente no tempo do 
imperador Cláudio (41-54 a.D.) Os historiadores romanos, Suetônio e Tácito, também afirmam que esse 
período de fome ocorreu durante o reinado de Cláudio. Josefo, historiador judaico, afirma que um 
período de fome ocorreu em Jerusalém cerca dos anos 44 a 48 a.D. A menos que Lucas não tenha 
situado o capítulo 12 cronologicamente, o período a que Ágabo se refere deve ter ocorrido antes da 
morte de Herodes em 44 a.D. 
Os novos cristãos gentios expressaram a genuinidade de sua fé enviando uma contribuição 
para aliviar as necessidades de seus irmãos na Judéia. Os cristãos em Jerusalém foram atingidos mais 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
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seriamente pela fome, em virtude da discriminação econômica por parte dos judeus não cristãos. O 
propósito do envio da oferta poderá ter sido duplo: 
1) Uma de amor para com os necessitados; 
2) Uma tentativa de diminuir a tensão entre os irmãos judeus eles próprios. 
Saulo e Barnabé eram os representantes naturais para levarem a contribuição Judéia. Eles 
eram judeus; destarte, seriam recebidos pelos irmãos da igreja em Jerusalém. Barnabé era muito 
respeitado pelos cristãos de Jerusalém. 
Ambos eram tidos em alta conta pelos cristãos gentios e judeus em Antioquia. Eles levaram a 
oferta aos anciãos eram os homens maduros das sinagogas, que nelas serviam como líderes. A palavra 
é usada alternadamente com a palavra "bispo" nas Epístolas pastorais (cf. Tt 1.5 e 7). Também é usada 
como sinônimo de pastor e bispo em At 20.17-78. 
2. Nova Perseguição na Judéia - At 12.1-25 
A esta altura, Lucas retorna à história da igreja em Jerusalém. A breve introdução à história da 
igreja em Antioquia denota que foi naquela oportunidade, dentro da expansão da Igreja Primitiva, que o 
ponto-chave do processo se transferiu de Jerusalém para Antioquia. 
2.1. A Perseguição de Herodes (vv.1-5) 
Os doze tinham sido presos ao tempo da morte de Estevão, mas não foram condenados à 
morte. Depois de um período de tranqüilidade, um terceiro movimento de perseguição contra a Igreja foi 
levado a efeito por Herodes. Por causa de seus antepassados, os Herodes nunca se tomaram 
benquistos pelos judeus. Herodes Agripa era o neto de Herodes, o grande Aristóbulo, pai de Herodes 
Agripa, foi executado em 7 A.C por seu próprio pai, Herodes, o Grande. Desde que Herodes Agripa se 
tornara amigo pessoal do Imperador Calígula 37-47. a.D., em Roma, este o transformou em rei da 
Tetrarquia de Filipos e mais tarde da Galiléia e Peréia. A Judéia e Samaria foram acrescentadas ao seu 
reino quando ele ajudou Cláudio (41-54 a.D.), a se tomar imperador romano, mediante a aprovação do 
Senado. A fim de conquistar a simpatia dos judeus, Herodes utilizou-se da situação conflitante entre 
judeus e cristãos para seu proveito. Então mandou executar Tiago e aprisionou Pedro. 
A ação de Herodes e a reação dos judeus mostram que os cristãos tinham caído em situação 
de desagrado diante dos judeus não cristãos em Jerusalém.Talvez por se ter espalhado entre eles a 
notícia de que Pedro entrara na casa de um gentio, Herodes também decapitou Tiago, o irmão de João 
e filho de Zebedeu. Pedro foi detido e preso durante a festa dos pães amos. A Páscoa e a festa dos 
pães asmos são considerados como uma só festa. Naquela época, os sete dias de pães asmos 
sucediam à páscoa, mas Lucas se refere aos oito dias como sendo de celebração da Páscoa. Agripa 
tinha o cuidado de não violar os costumes dos judeus, assim, ele adiou a execução de Pedro para 
depois da Páscoa. 
2.2. A maravilhosa libertação de Pedro (vv 6-16) 
A Igreja cria no poder da oração intercessória. Os cristãos criam que Deus tinha o poder para 
tirar Pedro da prisão. As suas orações “foram ouvidas”. Pedro foi liberto a despeito do esquema do 
segurança montado pelos soldados que o guardavam, cumprindo as quatro escalas de três horas cada 
uma durante a noite. Pedro estava atado e dormindo tranqüilamente, quando o anjo apareceu na cela e 
o instruiu a levantar-se rapidamente, Lucas inclui na narrativa o toque físico no lado de Pedro para 
acordá-lo, a fim de suscitar a sua coragem e fé. Pedro estava dormindo tranqüilamente na noite que 
precedia o dia de sua execução. 
As correntes que prendiam Pedro aos dois soldados caíram, e ele seguiu o anjo através das 
portas, para fora da prisão. Lucas registra que a Porta de ferro que dava para a cidade abriu-se por si 
mesma. Pedro ao se encontrar na rua, o anjo o deixou. 
O profundo sono em que Pedro caíra e os acontecimentos rápidos e impressionantes de sua 
libertação deixaram-no aturdidos. Depois de se convencer de que não estava sonhando, ele 
reconheceu que o Senhor o livrara da execução de Herodes. A seguir ele foi à casa de Maria, a mãe de 
João Marcos, onde a igreja estava reunida em oração. A princípio, os discípulos ainda participavam dos 
cultos e demais atividades religiosas no templo, e nas sinagogas, mas também mantinham encontro nos 
lares para estudo, oração e comunhão fraterna quando os cristãos se separaram dos costumes e do 
culto judaico. A casa de Maria seria, provavelmente, o lugar dos encontros regulares da comunidade 
cristã primitiva. Poderá ter sido o lugar em que Jesus celebrou a ultima ceia, com os seus discípulos, e 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
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onde estes se reuniram após a ascensão de Jesus. 
Rode, uma jovem criada, atendeu às batidas de Pedro na porta. Ela reconheceu a sua voz, 
mas, em sua alegria, esqueceu de abrir a porta, ela voltou rapidamente, ao grupo reunido que estava 
orando e comunicou que Pedro esta à porta. Eles não acreditaram e a acusaram de estar fora de si. Ela 
insistiu que era Pedro. Em sua incredulidade, e eles concluíram que deveria ser o anjo guardião de 
Pedro. Os judeus criam que um anjo guardião era parecido com a pessoa que estava sob a sua guarda. 
A insistência de Pedro em continuar a bater à porta levou os discípulos a abri-la, então eles se 
alegraram imensamente ao vê-lo. Estavam orando peia libertação de Pedro, mas não esperavam que 
Deus atendesse à suas orações. 
2.3. A narrativa de Pedro e a sua partida (vv 17-19) 
Depois de Pedro adentrar a casa, ele fez sinal com a mão a fim de chamar a atenção de todos 
que estavam reunidos. Então ele descreveu como o Senhor o livrara da prisão, e fossem “dar a notícia a 
Tiago e aos outros (v.v.12-17). Pedro não permaneceu ali a fim de ver se o Senhor o livraria 
milagrosamente pela segunda vez Partiu para outro lugar”. 
O Tiago mencionado em 12.17 era o líder da Igreja em Jerusalém. Sabemos que era irmão do 
Senhor (Gl 1.19). O fato de que o seu nome foi especificamente mencionado é a prova do que acaba de 
ser dito, que ele era o líder da igreja, em Jerusalém. Tiago, o apóstolo tinha sido morto por Herodes. 
Quem eram os outros irmãos? Não sabemos. Talvez alguns dos outros apóstolos, estivessem incluídos 
entre eles. Depois deste incidente, os apóstolos, como grupo, desaparecem da narrativa de Lucas. As 
poucas vezes em que ele retorna à história da igreja em Jerusalém, sempre é Tiago, o líder. 
Não se sabe para onde Pedro foi. A Igreja Católica Romana acredita que ele tenha ido para 
Roma, onde teria se tornado o primeiro papa. Não há evidências seguras de que assim tenha sido, o 
mais antigo dos chamados pais da igreja do segundo século, afirma que Pedro pregou em Roma. 
Entretanto, esteve presente à conferência em Jerusalém no ano 49 a.D. (At 15) e não é mencionado por 
Paulo na carta aos Romanos escrita lá pelo ano 56 a.D. Nem Lucas menciona em seu registro da 
"chegada de Paulo a Roma no ano 60 A.D. Frank Stagg observa que, quando Paulo chegou a Roma, 
parece que nenhum dos apóstolos estava pois os judeus vieram a ele saberem algo mais a respeito 
“dessa nova seita”. É possível que Pedro tivesse trabalhado na própria Palestina, em áreas rurais, até a 
morte de Herodes Agripa, no ano 44 a.D. 
Herodes e os seus soldados ficaram grandemente perturbados com aquela saída de Pedro da 
prisão. É bem possível que tenham sabido da intervenção divina no fato e não quisessem por isso 
interferir mais na ação de Deus. Contudo, Herodes executou os guardas que estavam a postos por 
ocasião da saída de Pedro da prisão. 
2.4. A morte de Herodes Agripa (vv. 20-23) 
Lucas inclui, em sua narrativa, a morte de Herodes a fim de mostrar que o Senhor Jeová 
continua a ter em suas mãos o controle da história. Em seu orgulho, Herodes tinha se arrogado o papel 
de Deus, e colocando de lado o Criador. 
Herodes, àquela altura estava envolvido em disputas com as cidades de Tiro e Sidom. Havia 
vantagens para o povo daquelas cidades em buscar uma vez que dependiam economicamente do 
território administrado por Herodes. As negociações da reconciliação estavam sendo conduzidas por 
Blasto, o mordomo do rei. Parece que o povo já estava preparado para aceitar a Herodes como o seu 
rei. Durante uma festividade em homenagem ao Imperador Cláudio; Herodes se apresentou em suas 
vestes reais e dirigiu a eles a sua mensagem, a fim de agradá-lo, o povo gritava: "é a voz de um deus 
não de um homem. Por causa de seu orgulho e ambição Herodes não rejeitou a aclamação. Josefo 
(Antig. XIX VIII 2) mostra que Herodes, durante a sua fala, olhou e viu uma coruja sobre uma corda. Ele 
a interpretou como um mau presságio, começando a padecer fortes dores de estômago durante cinco 
dias. Lucas considera a sua morte como punição da parte do Senhor por ele não ter dado a glória a 
Deus. É bem provável que Lucas tenha incluído o incidente para mostrar que Deus castiga aqueles que 
causam aflições à Igreja e tentam impedir o crescimento do Reino. Deus prometeu, pelos profetas, que 
haveria de trazer a vingança a fim de salvar o seu povo (Is 35.4). Lucas mostra que as promessas de 
Deus são sólidas. 
2.5. Uma explicação Resumida (vv. 24 e 25) 
Mais um problema enfrentado pela Igreja, o do perigo de perseguição por parte das 
autoridades políticas, tinha sido superado com a morte de Herodes Agripa. Os cristãos agora estavam 
 
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livres para testemunharem abertamente, e "a Palavra de Deus cresceu e se multiplicou". 
E então Lucas retoma à narrativa que deixara no capítulo 11, verso 30. At 12.25 é a afirmativa 
que marca a transição entre o final das atividades de Barnabé e Saulo em Jerusalém, e o seu retorno a 
Antioquia, para nova etapa de atividades. João Marcos, o filho de Maria, em cuja casa a Igreja se 
reunia, acompanhou Barnabé e Saulo para Antioquia. 
3. Expansão Missionária a Chipre - At 13.1-12 
Atos 13 marca o início da segunda grande divisão do livro. As atividades da primeira parte 
estavam centralizadas em Jerusalém. O testemunho procura alcançar primeiramente os judeus,contudo. Lucas inclui narrativas de vários incidentes que prepararam o caminho para a grande missão 
aos gentios. 
Ao mesmo tempo que o evangelho ultrapassava os limites da Palestina e da Síria, atingindo 
outras províncias romanas, os discípulos continuavam a trabalhar para ganhar os judeus, ocorrendo, 
entretanto, as maiores conquistas entre os pagãos, chegou-se mesmo à conclusão de que os cristãos 
não poderiam continuar a tarefa, associados aos trabalhos das sinagogas. Os judaizantes de fato 
forçaram o cristianismo a se separar completamente do judaísmo. 
Atos inicia focalizando a atuação dos "Doze" na sua tarefa de testemunho em Jerusalém. A 
segunda fase foi alcançada em Atos 6, quando os "Sete" foram escolhidos. Sob a liderança destes, o 
evangelho foi levado aos samaritanos, aos prosélitos e aos gentios tementes a Deus. A influência dos 
Sete preparou a fase seguinte, em que o evangelho se expandiu até as fronteiras dos gentios pagãos. 
3.1. Os líderes em Antioquia (v. 1) 
Atos 13 inicia com uma relação de cinco "profetas e mestres" em Antioquia. Os “Doze” e os 
“Sete” formaram um panorama de fundo (background) e Lucas prossegue em sua narrativa focalizando 
as atividades de dois dos cinco líderes de Antioquia. Barnabé, originário de Chipre, já foi apresentado 
por Lucas em conexão com a obra em Jerusalém. Lucas já afirmara que homens de Chipre e Cirene, 
"espalhados pela perseguição surgida no tempo de Estevão" (11.19-20), vieram a Antioquia e 
testemunharam aos gregos. Barnabé trouxe Saulo de Tarso a fim de que o auxiliasse a doutrinar os 
novos convertidos em Antioquia. 
Simeão, chamado Níger (negro), talvez originário da África. Pode ser que fosse um dos de 
Cirene. O seu nome era latino e o latim era a língua do norte da África. Lúcio é especificamente 
identificado como cireneu. Manaém tinha íntima ligação com a família de Herodes Antipas. Três desses 
cinco profetas e mestres são apresentados apenas aqui e deles não há qualquer outra menção. 
Naturalmente Lucas deixou implícito que eles continuaram a sua tarefa em Antioquia como profetas e 
mestres. 
A igreja em Antioquia dispunha realmente de um número de líderes maior do que o exigiam as 
suas necessidades essenciais. Enquanto isso outras partes do mundo careciam de líderes. A estratégia 
divina, revelada pela liderança do Espírito Santo, era a de separar alguns dos líderes mais capazes de 
sua igreja estruturada a fim de que iniciassem trabalhos novos. Infelizmente, em nosso dias essa 
estratégia não é seguida. Acontece muitas vezes que líderes capacitados e bem treinados permanecem 
nas igrejas grandes e bem estruturadas e aqueles que têm menos capacidade são enviados a iniciar 
trabalhos novos, a abrir campos missionários. Seria interessante fazer uma investigação, a ver se o 
Reino de Deus não haveria de crescer mais rapidamente quando homens como Barnabé e Saulo 
fossem enviados a estabelecer novas frentes. 
3.2. O plano de expansão da Igreja em Antioquia (vv 2 e 3) 
A Igreja em Antioquia era sensível à liderança do Espírito Santo. Os discípulos convenceram-
se, juntamente com Barnabé e Saulo, de que o plano divino era liberar ambos de suas 
responsabilidades naquela igreja e de novas responsabilidades na obra missionária. Paulo já tinha sido 
escolhido como o apóstolo dos gentios desde o tempo de sua conversão. Ele esteve ocupado na tarefa 
de doutrinar os gentios convertidos em Antioquia, mas o plano divino incluía as regiões que estendiam-
se muito além das fronteiras da Síria. 
Na chamada missionária, não somente os indivíduos chamados, mas toda a igreja parece 
terem sentido a direção divina. Em Antioquia, a igreja participou com Deus na decisão da chamada de 
alguns dos seus membros, para um ministério especial. A igreja continuou a sua participação, 
ordenando ao ministério a Barnabé e Saulo, enviando-os ao seu novo campo de trabalho. Alguns 
interpretam o "eles" do verso e como sendo os "profetas e mestres" do verso 1; contudo, parece ser 
 
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mais razoável pensar-se que a ligação seja com a "igreja" no verso 1. Não é muito provável que os três 
profetas e mestres ordenassem para um novo ministério os outros dois iguais a eles. 
T. P. Smith sugere que a imposição das mãos não devesse ser considerada como ordenação 
ao ministério, mas, sim, como a bênção da igreja para com aqueles homens indicados para uma nova 
tarefa ou função. Ela falha por não explicar a diferença entre ordenação e indicação de homens para 
funções ou tarefas específicas. A ordenação inclui as bênçãos da igreja e a garantia de sustento 
aqueles chamados a um ministério especial. A imposição de mãos nas cerimônias judaicas simbolizava 
a transferência de pecados do adorador arrependido para o animal que havia de ser sacrificado. A 
ordenação, neste caso, simbolizava a comunicação da vida no Espírito Santo, feita pela igreja como um 
corpo, por intermédio dos membros a quem estava ordenando. Na vida e ministério de Barnabé e 
Saulo, desta forma, toda a igreja está representada. O Espírito Santo, atuando através da igreja e da 
vida individual de seus membros, proporciona a participação de todo o corpo no ministério de cada um 
dos seus membros. F.F. Bruce, mostra que não foi o ato da ordenação ou imposição das mãos que 
qualificou a Barnabé a Saulo para a obra a que Deus os chamara; mas, por esse meio, a igreja toda 
expressou a sua participação com os dois, no reconhecimento de sua divina chamada. 
3.3. A missão em Chipre (vv 4-12) 
Depois sob a liderança do Espírito Santo, liberaram a Barnabé e Saulo de suas 
responsabilidades em Antioquia, eles navegaram para Chipre. Embarcaram em um porto marítimo 
distante de Antioquia cerca de 25 quilômetros, e viajaram por mar, aproximadamente, 200 quilômetros. 
Chegando a Salamina. Começaram a pregar nas sinagogas dos judeus. João Marcos os acompanhou e 
é apresentado por Lucas como o huperetes dos missionários, que significa “ministro". A palavra era 
usada pelos judeus para designar a pessoa que, na escola da sinagoga dava instruções sobre as 
Escrituras. A tarefa de João Marcos parece ter sido a de apresentar, aos novos convertidos, os ensinos 
e atividades de Jesus. Uma vez que o Novo Testamento só poderia ser produzido em manuscrito, e o 
material a ser usado era muito dispendioso, os escritos contendo o registro dos ditos e atividades de 
Jesus não seriam fáceis de serem interpretados. Possivelmente Marcos ajudasse aos povos crentes a 
memorizarem as mais importantes afirmações de Jesus. 
Embora Lucas não mencione especificamente nenhum grupo de cristãos, é bem possível que 
houvesse alguns na ilha quando Barnabé e Saulo ali chegaram. Lucas afirma, em 11.9, que alguns dos 
refugiados pregaram na ilha. Talvez Barnabé tivesse um desejo especial de ir a Chipre, em virtude de 
ter nascido ali. 
Parece que, se havia cristãos em Chipre, estariam somente entre os judeus. Barnabé e Saulo 
certamente desejariam compartilhar o ponto de vista da igreja em Antioquia a respeito do recebimento 
de gentios. Depois de Barnabé e Saulo terem viajando mais ou menos 60 quilômetros, atravessando a 
ilha e chegando Pafos, a capital, encontraram o Procônsul romano Sérgio Paulo, que os convidou para 
falarem do evangelho. Imediatamente, Bar-Jesus, o guia espiritual de Sérgio Paulo, se opôs a isto. Bar-
Jesus Significa "Filho de Jesus". Lucas o descreve como um judeu mágico e falso profeta. Ele se opôs, 
temia perder a sua posição, junto ao Procônsul. Ele tentou desacreditar perante o Procônsul a 
mensagem de Barnabé e Saulo, desviando-o assim da fé. O Espírito Santo dirigira a ida de Saulo e 
Barnabé a Chipre, e a Sua presença foi o suficiente para atender às necessidades do momento. E 
então, Saulo, cheio do Espírito Santo, disse: “ó filho do Diabo”, cheio de todo o engano e toda a malícia, 
inimigo de toda a justiça,não cessarás de perverter os caminhos retos do Senhor?" (v. 10 - IBB). O 
falso profeta ficara cego. O incidente lembra a experiência de Saulo no caminho de Damasco. 
Lucas afirma que Sérgio Paulo creu, mas nada se sabe a respeito de sua real conversão. 
Depois de o seu orientador espiritual ter ficado cego, pela ação do Senhor, ele não podia negar que 
Barnabé e Saulo possuíam um poder espiritual superior. 
 
 
 
 
 
 
 
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COMPLETE AS LACUNAS 
1. A conversão de Saulo marca um significativo ponto de mudnça na igreja primitiva. O Evangelho não 
mais estava limitado aos ____________________________________ 
 
2. Os cristãos judeus foram identificados como aqueles que___________________________________ 
 
3. Mencione quatro coisas que Saulo fez depois de restabelecida sua visão. 
___________________________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________________________ 
 
4. Porque Pedro teve a visão do lençol com os animais? 
___________________________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________________________ 
5. Apresente os principais pontos do sermão de Pedro na casa de Cornélio. 
___________________________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________________________ 
 
6. Porque foi necessária a manifestação do Espírito Santo por meio de línguas, após a mensagem de 
Pedro a Cornélio? 
___________________________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________________________ 
 
7. Apresente as duas provas que Pedro deu para convencer os cristãos de Jerusalém que Deus 
aceitara os gentios. 
a)_________________________________________________________________________________ 
b)_______________________________________________________________________________ 
 
 
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CCaappííttuulloo VVIIIIII -- AA PPRRIIMMEEIIRRAA MMIISSSSÃÃOO ÀÀ ÁÁSSIIAA MMEENNOORR –– AAtt 1133..1133--1144..2288 
A viagem de Paulo e Barnabé a Chipre e Ásia Menor marca o início de nova fase na da Igreja 
Primitiva. A princípio, o evangelho foi apresentado primeiro aos judeus, e os cristãos permaneciam 
ligados à sinagoga. Paralelamente, eles se reuniam nos lares para a instrução e fraternidade cristãs. 
Paulo e Barnabé continuaram a usar a estratégia de participar dos cultos na sinagoga todas as vezes 
que adentravam em nova cidade, mas a pressão opositora da parte dos Judeus, iria forçá-los a deixar a 
sinagoga e partir para o contato com os gentios. 
A princípio poderá parecer surpreendente que os judeus, espalhados pelo mundo gentílico, 
cultivassem tão ferrenho nacionalismo e discriminação racial. O seu envolvimento requeria que 
estivessem em constante contato com gentios. Entretanto, muito de sua discriminação era decorrente 
do tratamento que recebiam dos gentios. Os orgulhosos romanos gostavam de humilhar os povos 
através de atitudes de superioridade e arrogância. Assim, a identidade e dignidade judaicas 
encontraram um refúgio na sinagoga. Quando este seu último refugio começou a ser ameaçado com o 
desejo dos cristãos de agregar os gentios à igreja, muitos reagiram violentamente. Política e 
socialmente, os judeus tinham de submeter-se aos romanos; entretanto, eles tentavam manter a sua 
superioridade religiosa, a qual se concentrava nas sinagogas. Mesmo os gentios que se submetessem 
aos costumes e ritos judaicos não recebiam nas sinagogas tratamento idêntico ao dos judeus. Paulo, 
como cristão, advogava a igualdade entre judeus e gentios e não requeria dos gentios, aceitarem os 
costumes judaicos. Muitos judeus se opuseram tenazmente à sua pregação, que forçou o cristianismo a 
abandonar as sinagogas. 
1. O Retorno de João Marcos de Perge na Panfília - At 13.13 
Paulo, Barnabé e João Marcos, deixando Pafos, localizada no extremo oeste de Chipre, 
navegaram para a província da Panfília. Ali, da cidade portuária de nome Atália, viajaram para Perge, 
que distava daquela cerca de 9 km, rumo ao interior. 
Desde que o nome de Paulo agora aparece primeiro, tudo indicar que se tomara o líder da 
equipe. Marcos abandonou o grupo e retomou a Jerusalém. A razão que o levou a essa atitude tem 
dado margem a muitas conjecturas. Seria, porventura, o fato de que Paulo, tomando-se líder do grupo, 
suplantara a Barnabé, primo de João Marcos? Teria Paulo, quem sabe, uma atitude de domínio, e João 
Marcos preferiria a sua liberdade, assim como gostaria de tomar as suas próprias decisões? Seria João 
Marcos contrário à posição extrema, adotada por Paulo, em relação aos gentios? Sentir-se-ia infeliz 
com a tarefa a ele delegada, ou teria ficado doente? De qualquer modo, a razão que o levou a 
abandonar o grupo deve estar envolvida com algum desacerto com Paulo ou com a tarefa a ele 
confiada, uma vez que Paulo se recusou terminantemente a aceitá-lo como companheiro na segunda 
viagem missionária (cf. At 15.38 e ss.). 
2. Testemunhando em Antioquia da Pisídia - At 13.14-52 
2.1. A viagem a Antioquia (v. 14) 
O percurso dos 150 km, de Perge, para o norte, a Antioquia uma cidade a 1.200m acima do 
nível do mar era perigoso e difícil. A jornada os conduziu através do terreno acidentado da Cordilheira 
de Taurus. A região era sujeita a freqüentes enchentes conquanto a região fosse parte da província 
romana da Galácia, os soldados não tinham ainda conseguido eliminar os salteadores, que assaltavam 
a qualquer viajante que a atravessasse. 
Se a Carta de Paulo aos Gálatas se destinou às igrejas do sul da Galácia, então a informação 
contida em Gl 4.13 e ss. dizia respeito à sua visita a Antioquia, nessa primeira viagem missionária. Gl 
4.13 mostra que Paulo planejara, inicialmente, uma viagem à outra cidade, mas que uma enfermidade o 
obrigara a mudar os planos. A referência à "enfermidade na carne" poderia ter significado a dificuldade 
que tivera com os seus olhos (cf. Gl 4.15). 
Os estudiosos estão divididos entre si, quanto à localização das igrejas às quais a Carta aos 
Gálatas foi endereçada. Alguns acham que a carta foi enviada à região norte da Ásia Menor e outros 
dizem que foi ao sul, região que incluía Antioquia. A Galácia tomou esse nome em virtude das guerras 
dos gauleses, os quais habitavam à parte do interior Ásia Menor e se estendia pelo vale do rio Hales, 
próximo ao Mar Negro. Essas tribos bárbaras foram mais tarde conquistadas pelos romanos e 
passaram a constituir uma província que ocupava essa região chamada Galácia. Da província original 
faziam parte a Frígia, a Pisídia e a Licaônia, na qual estavam localizadas as cidades de Antioquia, 
Icônio, Listra e Derbe. A área ocupada primitivamente pelos gauleses é conhecida como "Galácia do 
 
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Norte". A região da “Galácia do Sul” que os romanos incluíram, quando estabeleceram a província. 
Antioquia era uma cidade que sofrera forte influência helênica. Os reis Selêucidas plantaram ali 
colôniasjudaicas por razões comerciais, culturais e políticas. Quando lá chegou, Paulo visitou a 
sinagoga e foi recebido entusiasticamente pelos judeus liberais. 
2.2. Sermão em Antioquia (vv. 15-41) 
No primeiro sábado após a sua chegada a Antioquia, Paulo e Barnabé assistiram a reunião na 
sinagoga. Como de costume foram lidos textos da Lei e dos Profetas, e então o presidente da sinagoga 
convidou os distintos visitantes para fazerem uma interpretação dos textos lidos, e os aplicarem as 
necessidades dos que se achavam presentes. Paulo atendeu ao convite e usou a Escritura do Velho 
Testamento, para apresentar a Jesus como Salvador. Paulo cria que Jesus Cristo era a consumação do 
judaísmo, uma vez que o Velho Testamento anunciava a sua vinda. 
Descendente de Davi (vv 16-23). O auditório de Paulo certamente estava familiarizado com a 
história do Velho Testamento. Tanto judeus quanto gentios tementes a Deus se achavam presentes (v. 
16). Paulo apresentou um panorama da história de Israel, procurando exaltar a realidade da promessa 
feita a Davi, no sentido de que o seu trono permanecia estabelecido em seu "descendente". Paulo não 
acentuou o papel político-militar do Messias, libertando a Israel de seus inimigos, entretanto, deu ênfase 
ao fato de que, em sua tarefa de Libertador e Salvador, ele estabelecia a justiça. Davi tinha se 
notabilizado por suas vitórias militares e por sua lealdade a Jeová, era um homem segundo o coração 
de Deus “. 
Paulo demonstrou que o plano de Deus não deixou de ser cumprido, a despeito da rebelião de 
Israel. Deus elegera a Israel com propósitos bem definidos: cultuá-lo, viver de maneira justa em sua 
presença e ser uma bênção para as nações do mundo. Deus merecia o culto e a obediência por parte 
do povo, em virtude de tê-lo arrancado da escravidão do Egito. Apesar de sua rebelião no deserto, 
Jeová não o abandonou. E ainda, assim mesmo, deu-lhes a terra de Canaã, cumprindo, desta forma, a 
promessa feita a Abraão. Depois de possuir a terra o povo necessitava de um líder. Deus providenciou 
juízes, que o orientassem na solução de seus problemas sociais, mas Ele mesmo continuava a ser o 
seu Rei. Quando o povo pediu um rei, a fim de ser como as demais nações, Samuel se opôs ao pedido, 
mas Deus o atendeu, na pessoa de Saul, filho de Quis. Saul, que foi escolhido dentre o povo, mais 
tarde teve de ser rejeitado por causa de sua falta de justiça e rebelião. 
Deus escolheu a Davi, que adorava tão somente ao Deus único "um homem segundo o meu 
coração" e se preocupava em viver retamente, cumprindo a vontade de Deus em sua vida. E então foi 
feita a Israel a promessa de que o trono de Davi seria mantido com um descendente seu. Cumprindo 
essa promessa, Deus deu a Israel o seu Salvador e Libertador na pessoa de Jesus. 
Jesus como Salvador: o tema do sermão (vv. 24-37). O assunto do sermão de Paulo foi: "Jesus 
como Salvador”.O esboço de seu sermão é tipicamente apostólico. 
1) A vida e ministério de Jesus (v. 24 e ss.) 
Os rabinos afirmavam que, se Israel guardasse a Lei de maneira completa, ao menos por um 
só dia, Deus enviaria o Messias. Entretanto, a preparação para a sua vinda não consistia na guarda da 
lei, mas em arrependimento, que se expressava exteriormente através do batismo. Grande número de 
judeus atendeu ao apelo de João; alguns pensaram ser ele próprio o Messias. Então João lhes informou 
que ele não era o Messias, mas aquele que tinha por missão preparar o caminho para o Messias. O 
sermão de Paulo indica o seu conhecimento do evangelho, o qual possivelmente ele tivesse recebido 
de João Marcos, (cf.v.24 e ss), A afirmação de Paulo nesse texto assemelha-se à apresentada em Mc 
1.4- 7 e Jo 1.19 e ss.. 
Paulo apresenta Jesus como um Messias que haveria de trazer liberdade completa ou 
estabelecer um reino terreno. Ele deu ênfase ao fato de que Jesus era o Salvador, que daria ao homem 
arrependido uma condição de perfeita comunhão com Deus. 
2) Jesus e o pleno cumprimento do Velho Testamento (v. 26 e ss) 
Os líderes judaicos que viveram em Jerusalém não reconheceram Jesus como o cumprimento 
do que foi predito pelos Profetas, cujos textos eles liam cada sábado, por conseguinte, o mataram como 
um impostor. Até mesmo a sua ação de condenarem a Jesus foi cumprimento das Escrituras. Paulo não 
apresentou quais as escrituras que se cumpriram na rejeição de Jesus. A falha judaica em reconhecer a 
Jesus como o ungido de Deus indica a sua cegueira. Isaías falou repetidamente da cegueira de Israel e 
 
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da rejeição do "Servo". 
3. A injusta morte e sepultamento de Jesus (v. 28 e ss.) 
O sermão de Paulo denota que ele estava bastante familiarizado com o que dizia respeito ao 
acontecimento da morte de Jesus. 
Jesus tinha sido conduzido perante Pilatos e as acusações contra ele eram infundadas. Os 
judeus requereram de Pilatos que executassem Jesus mesmo não tendo Pilatos achado qualquer crime 
nele. Pilatos cedeu aos pedidos dos judeus a fim de manter a paz e deu ordens para que fosse 
castigado antes de ser morto e depois crucificado (cf. Is 53). Paulo menciona que Jesus foi colocado em 
urna sepultura a fim de dar ênfase à certeza de sua morte. 
4. Deus ressuscitou a Jesus dentre os mortos (v. 30 e ss.) 
A prova mais cabal de que Jesus é o Salvador escolhido por Deus foi a ressurreição, quando 
Deus tomou sem efeito a ação maligna dos homens. As muitas aparições de Jesus aos seus discípulos 
galileus não deixa dúvidas a realidade da sua ressurreição. Os que testemunharam as suas aparições 
após a sua ressurreição tornaram-se testemunhas perante o povo. 
Cumprimento da promessa divina (vv.32-37). Paulo deu ênfase ao fato de que Deus cumpriu a 
sua promessa feita "a nós", os filhos daqueles pais a quem a promessa foi feita. A promessa foi a de 
colocar no trono de Davi, descendente, que ocupasse para sempre a liderança do Reino (cf. 2 Sm 7.13). 
Essa promessa foi cumprida em Jesus. A promessa de um trono permanente não poderia ser cumprida 
em um ser humano, destinado a morrer e desaparecer. Paulo interpretou a expressão do Sl 2.7 "Tu és 
meu Filho, hoje te gerei” , como significando que Jesus é o Filho divino de Deus, que foi gerado por 
Deus no ato de ressuscitá-lo dentre os mortos. A promessa de que o descendente do Davi seria 
estabelecido em um trono permanente só teria sentido em alguém que não viesse a desaparecer. Paulo 
encontrou apoio velho-testamentário no Salmo 16.10, de que o cumprimento da promessa implicava em 
ressurreição, "Pois não deixarás a minha alma no Seol, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção". 
O Salmo era interpretado como se referindo a Davi, mas Paulo demonstra não ser correta essa 
interpretação, visto que Davi morreu e a sua sepultura prova que o seu corpo desapareceu. O Espírito 
de Deus falara profeticamente através do Salmo, referindo-se ao "descendente" de Davi. Paulo, mesmo 
não empregando o termo "Reino", falou do Reino Eterno, prometido ao descendente de Davi. E esse 
descendente, cujo corpo não viria a desaparecer, é Jesus, ressuscitado dentre os mortos. 
A exortação para que o povo cresse, o apelo (vv. 38.41). Paulo deu ênfase à responsabilidade 
de Davi e de seus descendentes no sentido de que conduzissem o povo num viver justo perante o 
Senhor. A Lei de Moisés não era capaz de livrar o povo de seus pecados e restaurá-lo à comunhão o 
seu Pai Celestial, porém Jesus ofereceu o perdão dos pecados, e isto Paulo disse ao povo: "E de todas 
as coisas... é justificado todo o que crê" (v. 39 - IBB). Esta afirmação faz parte da doutrina de Paulo, da 
justificação ou a justiça pela fé. 
Os gentios tinham percebido o porquê da atitude dos judeus. Eles se regozijaram e louvaram a 
Deus quando ouviram que a Palavra do Senhor também os incluía. Lucas observa que os propósitos 
preestabelecidos por Deus não podemser impedidos. Os gentios, a quem também se destinava à vida 
eterna, atenderam à mensagem de Paulo e creram (v. 48). 
O evangelho alcançou, destarte, aqueles que dele se achavam mais afastados, isto é, os 
gentios pagãos. Essa reação dos gentios trouxe ao mesmo tempo alegria e tristeza. O fato de os 
gentios terem sido incluídos no plano de salvação trouxe regozijo, mas resultou também na auto-
exclusão dos judeus. Estes se recusaram a permanecer num mesmo nível religioso com os gentios. 
Lucas observa que a Palavra do Senhor continuou a encontrar plena aceitação em toda aquela 
região (v. 49). A receptividade da parte dos gentios pode ser comparada àquela ocorrida por parte dos 
judeus no dia de Pentecostes e nos que o seguiram. A inveja dos judeus não ficou só na sua auto-
exclusão. Eles firmaram o propósito de destruir o ministério de Paulo e Barnabé da mesma forma como 
Paulo havia tentado destruir a Igreja Primitiva. Os judeus inflamaram os líderes da cidade. 
Possivelmente os "Dez Primeiros", que se constituíam numa espécie de junta de magistrados 
encarregados de assuntos gerais nas cidades gregas. Eles influenciaram as senhoras da aristocracia 
possivelmente unidas à sinagoga (v. 50). Essas deveriam ter certas ligações políticas, mas é possível 
que eles tivessem sido acusados de causar distúrbios públicos e depois fossem presos. Após vários 
sofrimentos (talvez quarenta açoites menos um, foram expulsos da cidade e área municipal a ela 
 
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pertencente (v. 50). 
Depois que Paulo e Barnabé deixaram o município de Antioquia, eles sacudiram "contra eles o 
pó dos pés", como ato de repulsa contra a cidade inóspita (v. 51) Mesmo que a perseguição tivesse 
obrigado a Paulo e Barnabé a deixar Antioquia, os efeitos da perseguição foram exatamente o contrário 
daquilo que fora desejado pelos judeus. Os crentes que permaneceram na cidade estavam cheios de 
alegria e do Espírito Santo. Paulo não mencionara o Espírito em sua mensagem; nem tampouco Lucas 
faz qualquer menção, antes do v. 52. De que os gentios pagãos que creram tivessem recebido o 
Espírito Santo. 
3. Acontecimentos em Icônio - At 14.1-7 
Depois que chegaram a Icônio, os apóstolos novamente procuraram a sinagoga e pregaram a 
Cristo. Lucas não apresenta o esboço do sermão, mas diz que uma grande multidão creu, tanto de 
judeus como de gregos. 
Os gregos provavelmente fossem gentios tementes a Deus. A experiência de Antioquia se 
repetiu em Icônio. Depois de um sucesso inicial na sinagoga, os judeus incrédulos inflamaram os 
gentios e os amarguraram contra os irmãos (v. 2). A presença do Espírito Santo se evidencia através do 
duplo aspecto do testemunho dos apóstolos e dos sinais e milagres operados por sua 
instrumentalidade. 
Apesar de os gentios (talvez os líderes da cidade) terem se voltado contra Paulo e Barnabé, 
estes permaneceram por bastante tempo em seu ministério ali (v. 31). A afirmação de Lucas parece 
indicar que os apóstolos foram conduzidos magistrados da cidade, mas absolvidos. 
É possível que a cidade tivesse experimentado uma divisão, depois de Paulo e Barnabé terem 
passado ali um longo período, pregando o evangelho. Os que se opuseram a Paulo planejaram, junto 
com os seus dirigentes provocar um tumulto público, durante o qual os apóstolos seriam apedrejados. 
Não tinham sido bem sucedidos em sua tentativa de conseguir que a coorte fizesse carga contra os 
apóstolos. A informação a respeito do plano chegou aos ouvidos dos apóstolos, e então eles fugiram 
para as cidades da Licaônia, Listra e Derbe. 
4. Um milagre em Listra (v. 8-20) 
Não havia sinagoga em Listra, mas havia alguns judeus. A judia Eunice casara com um grego, 
que provavelmente fora homem de projeção social e rico, mas tinha falecido. Eunice vivia com sua mãe 
Lóide e seu filho Timóteo. Em sua casa é provável que tivessem sido hospedados os apóstolos logo 
que chegaram a Listra. Timóteo ainda não tinha sido circuncidado. 
Não havendo sinagoga, as pregações de Paulo e Barnabé eram realizadas nas ruas e nos 
lares. Talvez tenha sido na entrada de um templo na praça do mercado que encontraram um pobre 
mendigo que era paralítico desde o ventre de sua mãe. O paralítico provavelmente já tivesse ouvido a 
respeito do Deus dos judeus, ele ouviu a mensagem de Paulo com grande interesse. Talvez o apóstolo 
estivesse falando da salvação pela fé em Jesus. A atenção de Paulo foi atraída para o paralítico, e ele 
percebeu que o homem tinha fé suficiente para ser curado. Então Paulo lhe ordenou que ficasse de pé. 
O paralítico se levantou e começou a andar. 
Sendo uma sociedade pagã, o povo concluiu que os deuses tinham se tornado semelhante aos 
homens, vindo àquela cidade. Devido ao seu passado com os deuses da mitologia grega e romana, era 
muito natural eles chegarem à conclusão de que aqueles deuses poderiam visitá-los em forma humana. 
Barnabé era o mais velho e o mais reservado, por essa razão foi identificado como Zeus 
(Júpiter, o principal deus romano), a divindade suprema e especial guardiã daquela cidade. Paulo era o 
que falava e o mais jovem dos dois; por isso foi identificado como Hermes (Mercúrio o equivalente 
romano), o mensageiro dos deuses (v. 12). Uma vez que o povo começou a falar em língua licaônica, 
provavelmente Paulo e Silas não estivessem compreendendo o que estivessem dizendo, quando 
estavam sendo identificados como Zeus e Hermes (v. 11). 
O templo do deus padroeiro da cidade estava situado fora dos muros da cidade. O sacerdote 
de Zeus uma pessoa ilustre em Listra, determinou oferecer um sacrifício a fim de festejar a grande 
ocasião. Ele trouxe touros enfeitados com grinaldas, à entrada da área do templo. Os apóstolos 
intervieram imediatamente e rasgaram as suas vestes como sinal de absoluta repulsa por essa atuação 
blasfema (v. 14). Eles mostraram que também eram homens e que pregavam o evangelho com o 
propósito de que o povo se voltasse para o Deus vivo (v. 15). 
 
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Paulo utilizou-se da oportunidade para instruir o povo a respeito do Deus vivo (vv. 15-17). Ele 
iniciou com a verdade religiosa básica de que existe apenas um único Deus, o qual é o Criador. 
Explicou que ele era apenas um mensageiro desse Deus vivo. Que os deuses dos licaônios, Zeus e 
Hermes, eram vaidade, isto é tinham existência real. Que esse único Deus não ficou sem testemunhas. 
Os seus atos de benevolência, manifestados pelas chuvas do céu e as estações frutíferas, tinham 
trazido alimento e alegria a eles. Em tempos idos, esse Deus tinha permitido que as nações seguissem 
os seus próprios desejos. Entretanto, tinha o tempo qual, cada nação tinha a responsabilidade de 
prestar ao Criador, culto e obediência. Estava errado o procedimento do povo, em oferecer o seu culto e 
a sua lealdade a homens ou a ídolos, quando, na verdade, devem ser oferecidos ao Criador. 
As notícias a respeito do trabalho dos apóstolos em Listra chegaram a Antioquia e a Icônio. 
Judeu ciumentos, que se opunham ao sucesso do evangelho entre os gentios, utilizando-se da natural 
volubilidade da massa popular, penetraram entre o povo e persuadiram-no de que os apóstolos 
estavam errados (v. 19). As massas populares foram facilmente incitadas a apedrejar os apóstolos. 
Como Paulo era o que falava, foi o principal alvo de apedrejamento, sendo a seguir carregado pelos 
seus opositores para fora da cidade, e considerado morto (v. 19). Enquanto os discípulos estavam de 
pé ao redor do corpo do amado Paulo, talvez planejando o seu sepultamento, ele se levantou, voltando 
à cidade (v. 20). No dia seguinte, ele, com o auxílio de Barnabé, foram para Derbe, quase 50 km mais 
adiante.Embora Lucas nada comente sobre a afirmação de que os inimigos o consideravam morto, o 
fato de poder logo no dia seguinte estar em condições de fazer aquela viagem sugere que o seu 
relacionamento foi um milagre operado pelo Senhor. 
5. Visitas na volta a Antioquia da Síria (vv 21-28) 
Derbe era uma pequenina cidade, onde Paulo e Barnabé pregaram sem que acontecesse algo 
que Lucas julgasse necessário registrar. Apenas menciona que em Derbe muitos se tomaram 
discípulos, significando assim que uma boa parte da pequena cidade se rendeu a Cristo. 
Depois de realizar o trabalho em Derbe, Paulo visitou novamente os novos discípulos de Listra, 
icônio e Antioquia (vv 21.23). Uma vez que as igrejas nessas cidades tinham sido estabelecidas havia 
pouco tempo, era necessário dar-lhes algumas orientações ainda relativas ao evangelho, a fim de que 
fossem solucionados alguns problemas iniciais que pudessem ter surgido, e encorajá-los a enfrentarem 
eventuais perseguições. Os novos convertidos necessitavam compreender que o fato de terem 
abraçado a fé não lhes asseguraria isenção de perseguições. A entrada para-o Reino era por uma porta 
apertada (difícil) e estreita. A idéia de Reino de Deus, que é uma concepção, judaica, raramente era 
usada entre os gentios. 
Outra razão para tomar a visitar essas igrejas novas era a de constituir presbíteros. As igrejas 
necessitavam de certa estruturação, especialmente aquelas que (entre os gentios) eram independentes 
das sinagogas. Lucas menciona que "eles indicaram presbíteros em cada igreja" (v. 23 - NASB). A 
palavra "indicaram" (ordenaram) originalmente significa "eleição por votação através do método de 
levantar as mãos". Essa significação original da palavra bem pode ter sido usado por Lucas neste 
sentido afirmando ter acontecido uma eleição formal e democrática. Ao mesmo tempo a seleção parece 
ter sido orientada pelos apóstolos. A estruturação da igreja sob a liderança de presbíteros ou anciãos 
provavelmente teria sido segundo o modelo da sinagoga judaica. Os presbíteros eram os responsáveis 
pela orientação de todas as atividades religiosas da igreja. Depois de os presbíteros terem sido 
indicados, a igreja passou algum tempo em oração e jejum. Lucas não menciona a imposição das 
mãos. Paulo e Barnabé encomendaram os presbíteros e a igreja toda ao Senhor, antes de 
prosseguirem em sua viagem de regresso a Antioquia da Síria. 
A viagem de volta de Antioquia da Pisídia para Perge podia ser feita em poucos dias. Assim os 
apóstolos utilizaram o seu tempo pregando em Perge, enquanto aguardavam um navio em Atália, o 
porto da cidade de Perge (v. 25) Eles retomaram a Antioquia da Síria após um período de ausência de 
18 meses ou mais. Eles tinham cumprido a tarefa a qual tinham sido encarregados de realizar. Deram 
um relatório de sua missão à igreja que dela participara com eles. Lucas não menciona os perigos nem 
a oposição encontrada pelos apóstolos, também dá ênfase a números estatísticos. A abertura da porta 
da fé aos gentios era o alvo e o significado da missão (v. 27). Os gentios entraram para o reino por essa 
porta da fé em Jesus Cristo, não pela circuncisão ou pela lei. Paulo e Barnabé continuaram a sua 
comunhão com a igreja em Antioquia durante um período bem longo. 
 
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CCaappííttuulloo IIXX -- AA CCOONNFFEERRÊÊNNCCIIAA EEMM JJEERRUUSSAALLÉÉMM -- AAtt 1155..11--3355 
Embora a porta do Reino já tivesse sido aberta aos gentios, a luta em torno da questão ainda 
não havia terminado. Nem todos os cristãos judeus concordavam com Paulo, de que o novo concerto 
havia sido estabelecido pela fé, ao invés de o ser pela circuncisão. Alguns cristãos judeus foram da 
Judéia a Antioquia e começaram a ensinar aos irmãos que eles precisavam ser circuncidados conforme 
o ensino de Moisés para poderem ser salvos. O cristianismo nasceu do judaísmo. Do judaísmo, o que 
deveria ser mantido e o que deveria ser rejeitado? Os cristãos mantinham o Velho Testamento, porque 
fala a respeito de Cristo, mas rejeitavam muitos os costumes e tradições dos judeus, que não tinham 
significado para a fé cristã. Desde que o Velho Testamento fala em circuncisão tanto quanto em 
sábado, ambos deveriam ser mantidos pela igreja? A fim de dar soluções a esses problemas, reuniram-
se os líderes das igrejas de Antioquia e Jerusalém, em conferência, sobre o assunto. Os representantes 
da conferência incluiriam os apóstolos e presbíteros. A igreja em Antioquia decidiu que Paulo, Barnabé 
e certos líderes iriam a Jerusalém, a fim de tratarem da questão, se as tradições e costumes judaicos 
deveriam ser mantidos pela igreja, ou não. As iniciativas apresentadas em Atos 15 geraram uma grave 
crise para a igreja. A igreja tinha se deparado com problemas de engano, murmurações e simonia. 
Agora enfrentava uma controvérsia doutrinária. 
Tem sido feito esforços no sentido de harmonizar a visita de Paulo a Jerusalém. Como 
apresentada em Atos 15, Como visitas mencionadas em suas epístolas. Tradicionalmente, os 
estudiosos têm identificado visita de Paulo a Jerusalém, para a conferência, com a escrita em (Gl 2.1-
10). Alguns estudiosos mais recentes têm, sugerido que a visita mencionada em At 11.30 é que 
correspondia à visita de Gl 2.1-10. 
A epístola aos Gálatas está relacionada com os judaizantes que perverteram o evangelho de 
Cristo, insistindo em que os gentios da Galácia deveriam observar os costumes da religião judaica. 
Paulo mostrou que ele também anteriormente tinha sido zeloso com a tradição dos pais, mas quando foi 
separado pela graça divina para pregar aos pagãos, ele não consultou carne nem sangue (cf. Gl 1.14 e 
ss.). Depois de sua conversão, ele não foi a Jerusalém para receber a doutrina cristã da parte dos 
apóstolos, mas à Arábia, e retornou a Damasco (Gl 1.17). Embora Paulo tivesse recebido informação a 
respeito dos ensinos e atividades de Jesus da parte de Marcos, a sua compreensão de Cristo lhe 
adveio de sua própria reinterpretarão do Velho Testamento, à luz da ressurreição. 
1. Três anos após a sua conversão (cerca de 37 A. D). 
Paulo passou quinze dias com Pedro. Em Jerusalém (Gl 1.18). Ao que tudo indica, Tiago, o 
irmão do Senhor tinha se tornado o líder principal da igreja a essa altura (Gl 1.19). Paulo mencionou 
outra visita sua a Jerusalém quatorze anos mais tarde (Gl 2. 1). Barnabé e Tito o acompanharam, e ele 
foi "por revelação" (Gl 2.1 e ss.). Durante essa visita, ele discutiu particularmente com Tiago, Pedro e 
João a respeito do problema da circuncisão (cf. Gl 2.1 -19). Deve-se notar que Paulo, em sua Carta aos 
Gálatas, dá ele próprio a informação de que visitou Jerusalém, a fim de se encontrar com os apóstolos. 
Apenas duas vezes, a primeira visita, para uma conferência com Pedro (cerca de 37 a.D.), descrita em 
Gl 1.18 e ss. aconteceram vários anos antes de outra, feita com Barnabé, a fim de levar uma oferta por 
causa de um período de fome (cerca de 43 a.D. At 11.30). A segunda viagem a Jerusalém para uma 
conferência ocorreu quatorze anos depois da primeira (cerca de 48-50 a.D.). Na narrativa de Gálatas, 
Paulo não menciona a viagem feita com Barnabé, para levar o auxílio aos pobres por ocasião da fome, 
em virtude de não se tratar de viagem feita para conferência com os apóstolos. Ele realmente tinha feito 
três viagens a Jerusalém antes do ano 50 a.D., mas somente duas foram para conferenciar com os 
apóstolos. 
2. A Viagem a Jerusalém (vv 2-4). 
Paulo, Barnabé e “alguns outros dentre eles” foram indicados pela igreja em Antioquia, para 
irem com seus representantes oficiais à conferência em Jerusalém. Em sua viagem a Jerusalém eles 
atravessaram a Fenícia e Samaria. Eles visitaram as igrejas naquelas regiões e lhes contaram a 
respeito da conversão dos gentios. O fato de a notícia da conversão dos gentios ter trazido “grande 
alegriaa todos os irmãos”, favoreceu de um modo especial a posição de Paulo e Barnabé na 
conferência. 
Quando Paulo e sua comitiva chegaram a Jerusalém, foram calorosamente recebidos pela 
liderança da igreja os apóstolos e os presbíteros. Antes da conferência Paulo contou tudo o que Deus 
fizera por meio de seu ministério entre os gentios. Esse encontro antes da conferência com os 
 
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FATAD Prof. Jales Barbosa 57 
 
 
apóstolos e presbíteros poderá ter sido o mesmo que a comunicação "e lhes expus o evangelho que 
prego entre os gentios. Mas em particular aos que eram de destaque, para que de algum modo não 
estivesse correndo ou não tivesse corrido em vão" (Gl 2.2 - IBB). 
3. A Realização da Conferência (vv. 5-11) 
Os fariseus que creram que Jesus era o Messias prestaram muita atenção relato de Paulo e 
Barnabé sobre a fé dos gentios (v. 6). Eles reagiram insistindo em que esses gentios deveriam ser 
circuncidados e obrigados a guardar a Lei de Moisés. Lucas nada diz a respeito de se esses fariseus 
“eram aqueles” que teriam ido a Antioquia e ali tivessem debatido com Paulo e Barnabé. Gl 2.1 afirma 
que Paulo levou consigo para Jerusalém a Tito, um gentio não circuncidado. Se Gl 2 se refere à 
conferência de Jerusalém, a hostilidade dos fariseus pode ser bem compreendida. A lei da impureza 
fazia com que os judeus olhassem os gentios como impuros. Alguns dos crentes que pertenciam ao 
grupo dos fariseus manifestaram claramente o seu antagonismo e oposição às práticas de Paulo e 
forçaram a realização da conferência. 
A conferência teve início com um debate sobre o problema levantado pelos fariseus crentes. O 
problema não era mais em torno de "pode um gentio ser salvo?" Todos o admitiam sem dificuldade. O 
problema se situava em "o que os gentios precisam fazer para serem salvos?" Todos estavam de 
acordo em que tanto os gentios como os judeus precisavam crer no nome de Jesus Cristo e que Jesus 
é o Libertador ungido por Deus. A questão que estava causando toda a dificuldade girava em torno da 
necessidade ou não de os gentios serem circuncidados e de serem obrigados ou não a guardar a Lei de 
Moisés. Poderiam os judeus cristãos se associar aos gentios não circuncidados sem se corromperem? 
Deveriam os gentios cristãos permanecer na igreja em posição inferior, como acontecia com os 
tementes a Deus na sinagoga? 
Os fariseus rigorosos temiam que os gentios não conseguissem manter o elevado padrão 
moral do judaísmo. Os seus temores não eram totalmente infundados. O Novo Testamento mostra que 
alguns gentios abusaram de sua liberdade a ponto de se tornarem antinomianistas (contra a Lei). Eles 
levaram a doutrina cristã da liberdade ao excesso da licenciosidade. O cristão não pode viver sem 
alguma lei nem pode prestar o seu culto sem alguma forma, naquela ocasião Paulo não estava 
admitindo uma libertação da lei moral do Velho Testamento, se não liberdade em relação aos costumes 
cerimoniais e nacionalistas dos judeus. Muitos costumes Tinham surgido, que os fariseus observavam 
rigorosamente. Entretanto esses costumes não tinham significado religioso para os gentios. Paulo 
considerava a circuncisão e os regulamentos da guarda do sábado como costumes sem significado 
para os gentios. As leis contra homicídio, adultério e idolatria eram leis morais e religiosas que 
precisavam ser guardadas. A distinção entre costumes sem significação e leis válidas é baseada no 
efeito que isto tem sobre o indivíduo em seu relacionamento como seu próximo e com Deus. 
O progresso feito na conferência parece ter sido muito pequeno até o momento em que Pedro 
se levantou e expôs a sua experiência quanto à conversão de Cornélio. Pedro era tido como um dos 
que mantinham uma posição de judeu cristão radical. Entretanto, ele não achava que os gentios 
deveriam ser obrigados a aceitar os costumes da sociedade judaica. 
1) Pedro não tinha dúvidas de que Deus escolhera também os gentios para a salvação. Uma 
vez que ele deu o Espírito Santo a eles "exatamente como o fez conosco" (v. 8). 
2) Argumentou no sentido de que os gentios não fossem considerados inferiores na igreja 
cristã porque Deus "não fez nenhuma distinção entre nós e ele, purificando os seus corações pela fé" 
(v. 9). 
3) Pedro considerou ainda que, desde que Deus não colocou "jugo no pescoço" dos gentios, 
por que deveria os cristãos judeus impor requisitos judaicos aos gentios que eles próprios não podiam 
guardar? (v. 10). E, ao invés de dizer que os gentios são salvos pela fé, do mesmo modo que os judeus, 
Pedro usou expressão contrária, dizendo: "Mas cremos que somos salvos pela graça do Senhor Jesus, 
do mesmo modo que eles também" (v. 11 - IBB). O argumento de Pedro era o de que também os 
cristãos judeus eram salvos pela fé e não pela circuncisão ou por guardarem as tradições dos pais. 
Os argumentos de Pedro foram decisivos. As evidências por ele apresentadas tomavam claro 
que discordar significava opor-se a Deus. Deus fizera conhecer a sua vontade a Pedro por meio de uma 
visão especial. O seu preconceito quase o levara ao desejo de rejeitar a revelação que recebera através 
da visão, mas ele sabia que não poderia se opor a Deus. A multidão compreendeu a verdade que ele 
dissera e "se calou e escutava a Barnabé e a Paulo" (v. 12) 
 
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4. Os Discursos de Paulo, Barnabé e Tiago (vv 12-21). 
Os argumentos, de Pedro prepararam a multidão para dar atenção com mentes mais abertas à 
narrativa de Barnabé e Paulo. "A multidão" significa que muitos outros, além dos apóstolos e anciãos, 
estavam presentes à conferência. A questão em debate era tão importante que a união de toda a igreja 
em torno do assunto era extremamente necessária, a fim de evitar uma ruptura na comunhão. 
Barnabé e Paulo contaram as maravilhas que Deus operara por seu intermédio entre os 
gentios (v. 12). O poder de Deus se manifestara no ministério de Paulo e Barnabé. Um oficial romano 
tinha se convertido, um mágico judeu, que pretendia impedir o trabalho da Igreja, tinha ficado cego e um 
coxo tinha sido milagrosamente curado. Por toda parte os gentios recebiam a Palavra, o que 
evidenciava que lhes tinha sido dado o Espírito Santo. Certamente esses acontecimentos provavam que 
o Reino de Deus incluía os gentios. 
Ao que parece, Tiago não era apenas o líder da igreja em Jerusalém. Mas também do grupo 
conservador hebraico. Se havia alguém que poderia persuadir os fariseus crentes a aceitarem os 
gentios. Haveria de ser ele. Pedro também fazia parte do grupo hebraico; assim, pois Tiago achou que 
era sábia a atitude de procurar reforçar os argumentos de Pedro com textos do Velho Testamento. 
Então ele mostrou que, em acordo com Amós 9.11. Os gentios deveriam ser incluídos no Reino. 
Amós prenunciou que o reino do pecado haveria de ser varrido da face da terra. Israel haveria 
de ser espalhado entre as nações, e os pecadores seriam removidos da casa de Israel. Quando o reino 
fracassado de Davi viesse a ser restaurado o resto da humanidade teria a oportunidade de encontrar o 
Senhor. O tabernáculo restaurado, o qual era o lugar da morada divina tornar-se-ia o centro e o 
instrumento de união para todos os homens. Tanto judeus como gentios. Todos os gentios da mesma 
forma que os judeus pertenciam a Deus, que é o Criador e Senhor de todos. Quando chegasse o tempo 
em que os gentios se voltassem para o seu Criador e o buscassem, estaria sendo restabelecido o novo 
Reino de Deus. Tiago ao que parece, estava certo de que esse Dia do Senhor houvera chegado; assim 
os cristãos judeus não deveriam se tornar impedimento ao plano divino. De há muito estabelecido, 
criando dificuldades no caminho dos gentios que estavam buscandoa Deus. Tiago provou, pelo Velho 
Testamento, que a chamada aos gentios fazia parte dos eternos propósitos de Deus (cf. Is 2.22). 
A grande maioria dos hebreus seguiu a linha de Tiago e Pedro na hora da decisão. Tiago 
sugeriu que os gentios não fossem obrigados à circuncisão, mas que eles, por seu lado, se abstivessem 
de certas práticas que eram ofensivas aos judeus. Não se pode afirmar com segurança se as restrições 
eram apenas de caráter moral ou se eram de caráter tanto moral quanto ritual. Tiago sugeriu que os 
gentios se abstivessem "da contaminação com ídolos, da prostituição, do que é sufocado e do sangue" 
(v. 20). 
- O primeiro era um requisito religioso. A idolatria era largamente praticada entre os gentios, 
mas era extremamente aborrecida pelos judeus. 
- O segundo, a abstinência da prostituição, era um requisito moral. Protegia a santidade da vida 
familiar. Vícios sexuais eram comuns entre os pagãos. 
- O terceiro requisito referia-se à crença judaica que a vida estava no sangue, o qual não 
deveria ser tomado como alimento. Tiago sugeriu que os gentios se abstivessem de comer animais que 
tivessem sido mortos por sufocamento, uma vez que assim o sangue era retido no corpo do animal, 
Eles não tinham os mesmos escrúpulos que os judeus em relação ao comer sangue. 
- O quarto requisito: Abster-se de sangue, poderia estar relacionado com o terceiro, proibindo 
comer sangue, tanto quando retido na carne do animal, quanto em separado. Entretanto, há alguns 
estudiosos que pensam referir-se à proibição do homicídio, "o derramar sangue". O primitivo texto de 
Western omite a expressão "coisas estranguladas", então, todas as restrições são ao mesmo tempo, 
religiosas e morais visto que são feitas em relação a: idolatria, fornicação e homicídio. Não é muito 
provável que "coisas estranguladas" ou "sangue" possa ter sido retirado do texto ou ter sido relacionado 
com homicídio. Paulo certamente não se oporia a que os gentios respeitassem esse ponto do costume 
ritual judaico de não comer sangue. Uma vez que judeus e gentios teriam de se respeitar mutuamente, 
se quisessem estar unidos na igreja, cada qual deveria aprender a tolerância para com os costumes do 
outro. 
Ao que parece, Tiago sugeriu que os judeus continuassem com os seus cultos nas sinagogas, 
onde as leis de Moisés e os costumes dos pais seriam estudados (v.21). Nas sinagogas, a lei de Moisés 
 
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FATAD Prof. Jales Barbosa 59 
 
 
continuaria a ser lida e proclamada cada sábado. Para os judeus, a lei não sofreria qualquer prejuízo. 
Por outro lado, os gentios não seriam carregados com certos costumes e leis de importância 
secundária. A conferência de Jerusalém é a explicação para o fato de que muitos costumes e festas 
judaicas não eram observados na igreja cristã, embora apresentados no Velho Testamento. Até o 
sábado, como dia de culto, tinha se tomado objeto de tantos costumes de importância secundária para 
os gentios, que a igreja adotou o primeiro dia da semana, em lugar do sétimo, como o seu dia de 
adoração. A conferência não resolveu totalmente a questão da observância de costumes judaicos por 
parte da igreja cristã. Ainda hoje, há certos grupos que continuam a ensinar que não será salvo aquele 
que não guardar o sábado (o sétimo dia) e que deixe de observar as leis referentes às coisas limpas e 
as imundas. "Interessante que os Adventistas do Sétimo Dia selecionam apenas alguns dos costumes 
judaicos, para os guardar. Eles continuam a tropeçar na doutrina de que a salvação é pela fé, e não 
pelas obras da lei (guarda de certos costumes)". 
5. A Decisão da Conferência (vv 22-29) 
Desde que Tiago não tomou uma posição radical, as suas sugestões encaminharam a 
fundamentação de um acordo. Talvez nem todos que estavam presentes estivessem totalmente de 
acordo. Mas Lucas não faz menção de qualquer oposição à sugestão. Ele observa que os apóstolos e 
presbíteros, com "toda a igreja", concordaram com a sugestão. Era exatamente importante que a igreja 
em Jerusalém participasse na decisão. Pois era exatamente uma daquelas igrejas que precisavam 
aceitar a idéia de que os gentios deveriam poder ser admitidos na igreja pela fé, e não pela circuncisão. 
A posição da igreja em Antioquia prevaleceu. 
Paulo, Barnabé, Barsabás e Silas foram designados a levar uma carta, contendo a decisão 
da conferência, à igreja em Antioquia. A carta assegurava às igrejas dos gentios que a igreja em 
Jerusalém não apoiava a posição de homens da Judéia, os quais ensinavam que os gentios precisariam 
ser circuncidados e guardar os costumes de Moisés. Ela mostrava que os irmãos da Judéia que foram a 
Antioquia impor os seus pontos de vista não o estavam fazendo com o total apoio da igreja em 
Jerusalém (v.24). 
A conferência pôde obter o sucesso que alcançou e chegar ao acordo a que chegou, em 
virtude de os seus participantes terem sido dirigidos pelo Espírito Santo (v. 28). A vida no Espírito não 
escraviza ao uso de certos costumes e regulamentos, mas, pelo contrário, o Espírito dá liberdade e 
orientação para um serviço cristão real. 
6. O relatório perante a Igreja em Antioquia (vv. 30-35) 
Os mensageiros autorizados trouxeram a carta perante a da igreja em Antioquia. Depois de a 
carta ter sido lida perante o povo reunido, houve regozijo pelo conforto e exortação que a mesma 
trouxe. Parece que a igreja em Antioquia era composta basicamente de gentios. Judas e Silas, além da 
carta, acrescentaram ainda alguma coisa de sua própria observação e entusiasmo pelo que viram 
acontecer. A tristeza causada por aqueles que diziam falar em nome daqueles que em nome da igreja 
em Jerusalém estava, assim, oficialmente afastada. Uma vez completada a sua missão, os irmãos da 
igreja em Jerusalém retornaram em paz. O verso 34, omitido por alguns manuscritos, acrescenta que 
Silas permaneceu em Antioquia. Paulo e Barnabé continuaram em Antioquia por mais algum tempo, 
ensinando e pregando. 
CCaappííttuulloo XX -- VVIISSIITTAASS AASS IIGGRREEJJAASS NNAA SSÍÍRRIIAA,, CCIILLÍÍCCIIAA EE GGAALLÁÁCCIIAA –– AAtt 1155.. 3366--1166..55.. 
1. Separação entre Paulo e Barnabé (w. 36-41). 
Lucas deixa-nos a impressão de que a decisão tomada em Jerusalém resolveu o problema do 
relacionamento entre judeus e gentios. Seguiu-se um tempo de paz, no qual os apóstolos se 
entregaram à pregação e ao ensino. Passados alguns meses, Paulo sugeriu a Barnabé que voltassem a 
visitar "os irmãos por todas as cidades em que temos anunciado a palavra do Senhor, para ver como 
estavam (v. 36 - IBB). Barnabé achou interessante a sugestão, e desejou que levassem consigo a João 
Marcos. Paulo não aceitou a idéia, visto que Marcos os abandonara na Panfília. A discordância chegou 
a tal ponto que Paulo e Barnabé tomaram caminhos diferentes. Barnabé tomou consigo a Marcos e se 
encaminhou para Chipre. Paulo escolheu a Silas, o qual tinha sido um dos representantes oficiais de 
Jerusalém a Antioquia, seguiu pela Síria, Cilícia e Galácia. 
A discordância entre Paulo e Barnabé, a respeito do João Marcos, indica não ter obtido êxito 
total ainda a iniciativa quanto ao relacionamento entre os judeus e gentios. As sugestões de Tiago 
deixaram os livres dos costumes judaicos, mas em que os cristãos judeus poderiam continuar a praticar 
os costumes de Moisés. Uma das interpretações que se dava à Lei de Moisés era a de que os judeus 
 
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não poderiam se associar com gentios incircuncisos. Esse plano foi adotado, sutilmente, por parte 
daqueles que, em virtude de sua posição radical não compareceram conferência, levando os judeus a 
uma estrita observância dos costumes dos pais. Os costumes judaicos impediam aosjudeus até 
entrarem em casas de gentios, nesta forma, a comunhão fraterna em congregações mistas foi 
totalmente prejudicada. 
João Marcos tinha estado ligado à igreja em Jerusalém; também Barnabé. Embora ambos 
estivessem dispostos a receber os gentios na igreja, e bem possível que nenhum dos dois se sentisse 
muito à vontade na presença de gentios circuncisos. Provavelmente não percebessem tão claramente 
quanto Paulo os aspectos doutrinários e de comunhão fraternal implicados na questão. Conquanto 
Lucas não diga explicitamente que a discordância entre Barnabé e Paulo nasceu da questão da 
associação com os gentios, e carta de Paulo aos Gálatas indica ter sido essa questão fonte da tensão 
entre eles. 
Não se sabe ao certo se Gl 2.6 e ss. se referem à conferência de Jerusalém. É bem possível 
que a razão por que Paulo escreveu aos gálatas fosse o aparecimento de judaizantes, que tentaram 
desacreditar Paulo perante as igrejas por ele estabelecidas. Eles podem ter insinuado que Paulo foi 
convocado pelos líderes de Jerusalém a comparecer perante eles no concílio de Jerusalém a fim de 
defender a sua posição. Paulo afirma que "esses, digo, que pareciam ser alguma coisa (na 
conferência), nada me acrescentaram" (Gl 2.6 - IBB). Ele mostrou que Tiago, Cefas e João, que eram 
colunas na igreja, tiveram a percepção suficiente para notar que Deus, por sua graça, o tornara em 
apóstolo aos gentios; e desta forma, estenderam às suas mãos de comunhão a Paulo e Barnabé 
encorajando-os a partir para os gentios (Gl 2.9). 
Tudo parece indicar que, após a conferência de Jerusalém, Pedro veio a Antioquia. Pedro 
demonstrou boa vontade em se associar com os gentios, chegando mesmo a comer com eles, até 
chegarem alguns judeus rigorosos da parte de Tiago (Gl 2.11 e ss.). “Mas quando eles chegaram, se foi 
retirando, e se apartava deles, temendo os que eram da circuncisão" (Gl 2.12 - IBB). A atitude de Pedro 
influenciou a Barnabé e aos outros judeus em Antioquia (Gl 2.13). Paulo lembrou a Pedro que ele 
admitira que os judeus eram salvos tanto quanto os gentios (At 15.11); assim, por que exigiriam os 
judeus que os gentios vivessem como judeus? (cf Gl 2.14). 
Desde que as sugestões de Tiago permitiam que os judeus moderados escolhessem observar 
ou não os costumes de Moisés. Os judeus moderados como Pedro e Barnabé estavam dispostos a 
viver como gentios enquanto entre gentios, e como judeus entre os judeus. Essa maneira de proceder 
foi pacífica até judeus radicais entrarem em cena. Aparentemente, esses judeus impuseram a sua 
pressão social sobre Pedro e Barnabé a fim de que observassem os costumes judaicos mesmo 
enquanto a Antioquia. Os costumes judaicos exigiam uma associação com gentios incircuncisos 
independentes de eles serem cristãos ou não. Pedro e Barnabé cederam à pressão e deram aos 
gentios a impressão de que os se consideravam superiores os cristãos gentios. O incidente ao qual 
Paulo se refere em Gálatas revela os quantos eram delicadas as relações entre Paulo e Barnabé. Uma 
vez que Paulo sentia com todo o que o seu comissionamento era aos gentios. Poderia ter temido que 
Barnabé e João Marcos viessem a colocar em perigo o sucesso de sua missão. 
Depois da separação de Paulo e Barnabé, Paulo tomou condigo a Silas, a fim de visitar as 
igrejas na Síria e Cilícia. O propósito dessa visita era dar a elas um reforço tanto no ensino quanto no 
encorajamento a prosseguir na fé cristã. Barnabé tomou consigo a João Marcos e seguiu para Chipre. 
2. As Visitas às Igrejas da Galácia - At 16.1-5 
Lucas dá ênfase a dois fatos em conexão com essa segunda visita às igrejas da Galácia. 
Timóteo, natural de Listra, tomou-se companheiro de Paulo, e Paulo Compartilhava com as igrejas a 
decisão da conferência de Jerusalém. 
Alguns intérpretes têm acusado a Paulo de inconsistência, em virtude de ter circuncidado a 
Timóteo. Timóteo era filho de Eunice, senhora judia crente, sendo o seu pai um grego. Eunice ensinou a 
Escritura a Timóteo, e é possível que tivesse desejado a sua circuncisão. Vários judeus residiam em 
Listra, mas não havia ali sinagoga nem liderança judaica para executar o rito. 
Paulo não procurava hostilizar deliberadamente os judeus. Ele se mantinha firme na defesa 
da liberdade dos gentios e da doutrina da salvação pela fé independentemente da guarda dos costumes 
judaicos. Entretanto, ele não negligenciava os costumes judaicos quando risco ao seu trabalho. A 
circuncisão de Timóteo era um ato de compromisso, mas disposição de coerência com o acordo feito 
 
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em Jerusalém de que os judeus continuariam a guardar os costumes de Moisés. A circuncisão não 
haveria de ser requerida de gentios, nem era necessária à salvação. Paulo era judeu e Timóteo também 
era assim considerado em razão da nacionalidade de sua mãe e do ensino das Escrituras e costumes 
judaicos a ele comunicados. Mas Timóteo também gentio por causa de seu pai (v. 3). Uma vez que 
Timóteo haveria de desempenhar o seu ministério tanto entre judeus quanto entre gentios, era de bom 
senso que fosse circuncidado a fim de evitar qualquer impedimento de os judeus aceitarem a fé. 
Aqueles que considerassem a Timóteo como gentio não teriam dificuldade de se associarem a ele em 
virtude de ter atendido plenamente às exigências feitas aos prosélitos. 
Embora as decisões da conferência de Jerusalém fossem designadas especificamente "aos 
irmãos dentre os gentios em Antioquia, na Síria e na Cilícia" (15.23 – IBB), Paulo as entregou também 
às igrejas da Galácia, quando da visita a elas. As experiências de Paulo em sua primeira viagem 
missionária a Antioquia da Pisídia, Icônio e Listra revelam a profundidade de significado de decisões 
feitas. A carta de Paulo aos Gálatas as evidências da seriedade desses problemas. Desde que as 
decisões da igreja em Jerusalém apoiavam a posição de Paulo, era de bom alvitre comunicá-las 
também na Galácia. 
Atos 16.5 se constitui em uma afirmação sumária de que Lucas demonstra ter completado mais 
uma etapa em sua história do crescimento da Igreja Primitiva. Sendo essa a ocasião em que a carta de 
Jerusalém é mencionada pela última vez, temos indicação clara de que a essa altura se encerra a 
história da conferência. R.B. Rackham afirma que este parágrafo é real conclusão do capítulo da 
história que começa em Atos 13.1. As igrejas tinham sido ameaçadas pelos falsos judaizantes, mas as 
decisões de Jerusalém que apoiaram a posição de Paulo, trouxeram estabilidade doutrinária. "Assim as 
igrejas eram confirmadas fé" e dia a dia cresciam em número. 
CCaappííttuulloo XXII -- OO MMIINNIISSTTÉÉRRIIOO DDEE PPAAUULLOO NNAA MMAACCEEDDÔÔNNIIAA -- AAtt 1166..66--1177..1155 
Os estudos da difusão do evangelho levada a efeito por Paulo geralmente estabelecem as 
divisões principais da matéria, seguindo o plano das três viagens, cada uma delas marcando o seu 
início em Antioquia da Síria: 
1ª Viagem Missionária (At 13.4-14.28) - Missão a Chipre e Galácia. 
2ª Viagem Missionária (At 15.36-18.22) - Missão a Galácia, Macedônia e Acaia. 
3ª Viagem Missionária (At 18.23-21.14) - Missão a Ásia e visitas à Macedônia e Acaia. 
As afirmações sumárias de Lucas indicam que ele dividiu a obra de Paulo conforme os 
acontecimentos envolvidos, ao invés de fazê-lo seguindo a linha das viagens. A primeira divisão da obra 
de Paulo é apresentada em At 13.1-16.5. Paulo levou o evangelho a Chipre e Galácia, atuando 
inicialmente através das sinagogas passando depois a trabalhar diretamente com os gentios em virtude 
de ter sido rejeitado pelos judeus. Durante esse período, a questão de como os gentios seriam salvos 
transformou-se num grave problema, exigindo uma conferência em Jerusalém. A primeira grande 
campanha evangelística de Paulo completou-se com o relatório das decisões da conferência de 
Jerusalém apresentadoàs igrejas. 
A segunda divisão começa em Atos 16.5 e se estende até At 21.14. Durante esse tempo 
intensificou-se a oposição da parte dos judaizantes, a despeito das decisões da conferência de 
Jerusalém. Paulo levou o evangelho à Macedônia, Acaia e Ásia (Éfeso). 
A terceira divisão vai de At 21.15 até 28.31. Durante esse período, a oposição dos judaizantes 
chega ao seu clímax, com a detenção de Paulo em Jerusalém e o período de sua prisão em Cesaréia e 
Roma. Lucas mostra como Paulo teve a oportunidade de levar o evangelho a um rei, a oficiais do 
governo e como finalmente foi a Roma. 
1. O Início de uma Nova Campanha Evangelística (vv. 6-10) 
Por ocasião do encerramento da primeira grande campanha evangelística (v. 4). Paulo, Silas, 
Timóteo e talvez também Lucas se encontravam em Antioquia da Pisídia. Já tinham completado com 
Paulo a sua segunda visita às igrejas do sul da Galácia. Grande parte da Ásia Menor, hoje território da 
Turquia, ainda não tinha sido evangelizada. Ao oeste de Antioquia Pisídia situava-se a província 
conhecida como Ásia. Éfeso era uma importante cidade dessa província e um grande centro de 
helenismo. Paulo talvez tivesse desejado ir a Éfeso durante a sua primeira viagem, mas se viu forçado a 
voltar a Galácia, por causa de uma enfermidade física (cf. Gl 4.13). É possível que Paulo tivesse em 
mente ir a Éfeso logo no início da segunda viagem, mas Lucas mostra que ele foi impedido “pelo 
 
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Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia" (v. 6 - IBB) Lucas, não explica a maneira de que o Espírito 
Santo se utilizou para impedir a Paulo de pregar a quem quer que fosse, na Ásia. 
A seguir, Paulo se dirigiu para o norte. Na província da Bitínia havia um bom número de 
cidades florescentes. Novamente, o "Espírito de Jesus" impediu a Paulo de visitar aquelas cidades, 
levando-lhes o evangelho. Pedro, possivelmente, pregou na Bitínia alguns anos depois. 
A província da Ásia não deve ser confundida como continente da Ásia. As províncias da Ásia, 
Macedônia e Acaia, constituíam um grande centro cultural greco-romano. Cada uma dessas províncias 
era banhada pelo Mar Egeu. Depois de os apóstolos terem sido impedidos de entrar na Bitínia, eles 
atravessaram a Mísia, mas não pregaram ali (v. 8). Chegaram a Troas, que era o principal porto da 
Mísia, nome dado à região geográfica do noroeste da Ásia. Troas situava-se à margem de um dos 
principais caminhos que seguiam em direção a Roma. 
Ao chegar à colônia romana de Troas, Paulo recebeu orientação divina por meio de uma visão. 
Ele viu um homem da Macedônia que insistentemente o convidava a atravessar o mar e entrar na 
Macedônia com o evangelho (v. 9). Paulo contou a visão aos seus companheiros, e eles chegaram à 
conclusão de que o Senhor os chamava para pregar o evangelho na Macedônia (v. 10). 
O verso 10 contém o primeiro sinal da assim chamada "secção nós". O autor passa a usar dia 
para frente a pessoa do plural, o que indica a sua identificação com o grupo. O autor não apresenta o 
seu nome, mas presume-se que foi Lucas, o qual possivelmente morava em Troas naquela ocasião. 
Embora Lucas tivesse se juntado à equipe ali, a sua participação na decisão mostra que ele era um 
recém-convertido ou alguém com pequeno conhecimento do evangelho. 
2. Testificando em Filipos (vv. 11-40) 
A Macedônia fora governada depois de 360 a.C. por Filipe da Macedônia e por seu filho 
Alexandre, o Grande. Filipe conduziu os seus exércitos nas vitoriosas conquistas aos gregos, e 
Alexandre conquistou o Império Persa. Filipos recebera esse nome em homenagem a Filipe II. 
O grupo missionário experimentou uma boa travessia, puderam navegar diretamente a 
Samotrácia, no primeiro dia, e a Neápolis, no segundo dia, percorrendo uma distância de 
aproximadamente 200 km (v. 11) Neápolis servia de porto a qual se achava a uma distância de cerca de 
16 km dali. 
O autor observa que Filipos era a principal cidade da Macedônia e uma colônia romana, 
onde se haviam estabelecido soldados romanos aposentados (v. 12). Isto explica o seu forte orgulho e 
influência romana, embora a cidade esteja, historicamente, muito ligada à cultura grega. Sendo colônia 
romana Filipos desfrutava do direito de possuir governo próprio, posse da terra e algumas vezes 
dispensa de impostos. 
Filipos tinha uma localização estratégica. A sua cidadela estava construída sobre um monte de 
ladeiras íngremes, contemplando do alto um lago pantanoso. A cidade guardava o principal caminho 
entre o Oriente e o Ocidente. 
Poucos judeus moravam em Filipos; assim, não havia sinagoga. No sábado, os apóstolos se 
agregaram a um grupo de senhoras à beira do rio, onde se reuniram para orar. Paulo e o seu grupo 
foram convidados a falar. Lucas dá ênfase à sua participação na pregação, usando o pronome da 
primeira pessoa do plural (v. 13). Sem dúvida, os apóstolos compartilharam às mulheres a história de 
Jesus. 
2.1. A Conversão de Lídia (vv. 14 e 15) 
Uma das senhoras é alvo de observação especial no livro de Atos, por causa de seu 
significado para a igreja em Filipos. Lídia era da cidade de Tiatira, na província da Ásia (v. 14). A cidade 
de Tiatira localizava-se na região da Lídia. O fato de aquela senhora ter o nome de sua terra mostra 
que, provavelmente, ela não pertencia à aristocracia, mas era uma escrava liberta. Muitas vezes os 
escravos recebiam o nome de sua terra. Lídia tinha acumulado uma riqueza considerável por causa de 
sua ocupação de vendedora de tecidos de púrpura. O tingir do pano de púrpura era uma indústria lídia, 
que florescia em Tiatira. 
Lídia prestava cuidadosa atenção às palavras de Paulo. O Senhor, pelo Santo Espírito, abriu-
lhe o coração para atender pela fé às palavras ditas (v. 14). Lucas observa que ela e todos os de sua 
casa foram batizados. Isto aconteceu também no caso de Cornélio, do carcereiro de Filipos e de Crispo, 
em Corinto. 
 
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O versículo não sustenta o batismo infantil, Não se pode afirmar que a expressão "sua casa" 
também inclua seus filhos pequenos. Certamente que os seus criados e agregados, estavam incluídos, 
mas não há indicação de que tivessem sido salvos por força da fé exercitada por Lídia. Provavelmente o 
seu exemplo e influência se constituíram em fatores muito significativos para a aceitação das coisas 
ditas por Paulo. O mesmo Senhor abrira o coração dela achava-se presente para os corações deles. 
A alegria de Lídia, na sua recém-encontrada fé, manifestou-se no desejo de providenciar 
hospedagem para aqueles que lhe trouxeram o evangelho. Os apóstolos, ao que parece, sentiram a 
fidelidade dela ao Senhor, porque a batizaram, e então, ela insistiu em que Paulo e seus companheiros 
permanecessem hospedados em sua casa (v. 15). Observa que a sua casa se tomou em lar para os 
quatro missionários e a primeira igreja de Filipos (cf. v. 40). 
Lucas dedica uma boa parte de sua narrativa a descrição dos acontecimentos em Filipos; 
contudo, dá poucas informações sobre a igreja. Os apóstolos tornaram-se bem conhecidos na cidade 
em razão de seus ensinos a respeito da religião única. Eram reconhecidos como judeus que receberam 
a missão especial de seu Deus. A julgar pela Carta aos Filipenses, a Palavra se estendeu rapidamente 
e a igreja foi organizada sem demora. Clemente e Epafrodito tornaram-se obreiros valorosos na causa 
do evangelho. A Carta aos Filipenses revela que certas senhoras se tomaram proeminentes na obra da 
evangelização. A igreja foi organizada sob ar liderança de bispos (supervisores da igreja) e diáconos, ou 
servos da igreja. É bem possível que Lucas tivesse ficado como ponto de apoio à obra da igreja, e 
atuadocomo presidente do corpo de líderes eclesiásticos. 
2.2. A cura da jovem escrava (vv. 16-24) 
O autor passa rapidamente, do contato inicial com as senhoras, ao incidente que provocou a 
expulsão de Paulo e Silas da cidade. O primeiro conflito entre o Cristianismo e as práticas gentílicas não 
foi por causa de doutrina, mas por causa de dinheiro. Os senhores da jovem usavam o seu “espírito de 
adivinhação” para seu proveito, a fim de enriquecerem. Adivinhação vem da palavra "python", Conforme 
a mitologia grega, Python era a serpente em Delfos que encarnava um deus. A pessoa que possuísse o 
“espírito de Python" haveria de ter o poder de fala inspirada. De acordo com Plutarco, os sacerdotes de 
Python eram ventríloquos. A jovem escrava em filipos era dotada de ventriloquismo e ela perdeu esse 
poder de falar, quando o espírito de Python foi expulso dela. 
Dia após dia, a jovem escrava seguia a Pedro, Silas, Timóteo e Lucas, quando eles se dirigiam 
ao lugar de oração. Continuamente ela clamava: "são servos do Deus Altíssimo esses homens que vos 
anunciam um caminho de salvação" (v. 17 - IBB) ela representava os gentios, que ansiavam pela 
divindade suprema e pela salvação que pudesse libertá-los dos espíritos malignos. “Deus Altíssimo” é o 
título usado freqüentemente, nos Evangelhos, pelos possessos de espíritos malignos, para se referirem 
ao Deus dos judeus. Enquanto ouvia a Paulo e seus companheiros no seu ensino, ela chegou à 
conclusão de que estavam proclamando um caminho de libertação da ruína. Lucas deixa transparecer 
que o espírito de Python dentro da jovem reconheceu a verdade proclamada por Paulo e a levou a 
apresentar repetidamente o oráculo. Ela olhava para Paulo e Silas como sendo escravos inspirados do 
Deus a quem serviam. O seu oráculo aborreceu ou irritou a Paulo e Silas porque implicava em que o 
seu trabalho era semelhante ao dela em que o sucesso da propagação do evangelho estava 
dependendo do testemunho de espíritos malignos. 
Paulo ordenou em nome de Jesus Cristo que o espírito maligno saísse dela. O nome de Jesus 
Cristo representava seu poder e autoridade. Um feito realizado em seu nome significava que o poder 
provinha de Cristo e não da pessoa que realizava o milagre. A saída do espírito de Python, da jovem se 
evidenciou na perda de sua capacidade acontecimentos futuros. Os seus senhores perceberam 
imediatamente que a sua fonte de renda fora destruída. Não tiveram pena da jovem escrava nem 
simpatia para com a missão de Paulo e Silas. Eram totalmente dominados pelo interesse-próprio. Pode 
ser que a pregação de Paulo e Silas tenha afetado os seus negócios, por fazer o povo deixar de dar 
ouvidos a adivinhos. 
Lucas descreve o tratamento grosseiro que os cruéis senhores da jovem escrava deram a 
Paulo e Silas. Eles foram arrastados ao largo do mercado e levados perante as autoridades ou 
principais magistrados (vv. 19 e 20). O preconceito dos romanos contra os judeus “Estes homens, 
sendo judeus, estão perturbando muito a nossa cidade, e pregam costumes que não é lícito receber 
nem praticar, sendo nós romanos” (vv. 20 e 21 - IBB). A sua acusação era feita em termos que viessem 
a mexer nesse preconceito do povo e das autoridades. Seus planos alcançaram pleno êxito. Desde que 
a nação judaica tinha a reputação de ser rebelde, a associação do nome “judeu” com um tumulto trouxe 
 
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a reação imediata por parte da Multidão (v. 22). 
A mensagem de Paulo e Silas poderia provocar a religião tradicional romana, mas o judaísmo, 
com o qual estava identificado, não era considerada religião ilegal. A queixa contra os missionários 
principalmente envolvia a idéia de proselitismo. Aos judeus era permitido ter a sua própria religião 
enquanto não tentassem influenciar os romanos a aceitarem as suas convicções. A religião judaica 
tinha já sido a fonte inicial das tensões entre os judeus e Roma. 
Por causa do perigo em potencial do surgimento de tumultos, caso muitos dos romanos 
aceitassem a pregação de Paulo, os magistrados se reuniram à massa popular em considerarem a 
Paulo e Silas como culpados. O seu castigo foi o de serem açoitados com varas. A roupa de Paulo e 
Silas foi arrancada deles, o que acrescentou a vergonha ao sofrimento provocado pelos açoites. Ao que 
parece a massa popular participou do açoitamento. Depois eles foram amarrados na prisão sem 
qualquer atenção para com as suas feridas. O carcereiro recebeu ordens de dar atenção especial a que 
estes presos, fossem mantidos com segurança, desde que eram considerados prisioneiros políticos 
perigosos. Os seus pés foram atados ao tronco, tendo sido eles recolhidos a prisão interior, uma 
câmara geralmente cavada na rocha, no lado da encosta íngreme da montanha sobre a qual a cidadela 
estava construída. 
2.3. Uma libertação milagrosa (vv. 25-26) 
A despeito dos maus tratos e dos sofrimentos, Paulo e Silas mantinham a sua fé no Senhor, o 
que resultou em gozo e vitória. À meia-noite os prisioneiros continuavam surpresos, ouvindo-os orar e 
cantar louvores a Deus. Os prisioneiros ouviam atentamente as palavras daqueles companheiros 
incomuns. E como Paulo e Silas oravam para que a vontade de Deus fosse feita quanto ao seu 
testemunho, eles aguardavam uma resposta. A resposta veio através de terremoto, que abalou os 
alicerces de todo o edifício e desprendeu das paredes as correntes dos presos. O movimento das 
paredes fez com que as portas se abrissem. Contudo, os presos não fugiram de imediato, visto estarem 
sob o impacto do medo e do pânico. 
O terremoto acordou o carcereiro, o qual se apressou em entrar na prisão, sabendo de sua 
responsabilidade quanto aos prisioneiros sob sua guarda, uma vez que pagaria com a sua própria vida 
pela fuga de qualquer deles. Quando viu as portas abertas, concluiu que os presos teriam fugido. Para 
não passar pela desafortunada vergonha de ser julgado pela sua falta e condenado à morte. O 
carcereiro arrancou a sua espada e se dispôs a se suicidar. A voz de Paulo, procedente de dentro da 
prisão impediu-lhe essa ação. Paulo lhe informou que nenhum dos presos fugira. 
2.4. A conversão do carcereiro de Filipos (vv. 29-34) 
O susto provocado pelo terremoto, o temor pela possível fuga dos presos e a surpresa de ouvir 
a voz de Paulo desarmaram o arrogante e desesperado carcereiro. Algumas horas antes, quando, ao 
anoitecer, foi incumbido de guardar com segurança a Paulo e Silas, ele estava mais consciente de sua 
posição do que do bem-estar humano. Talvez, ainda um pouco antes, tivesse ouvido os ensinos desses 
dois homens. A resposta às suas orações, dada por meio do terremoto, convenceu-o de que eles eram 
homens de Deus. Depois de os seus auxiliares lhe terem trazido uma luz, ele saltou dentro da prisão e 
se prostrou diante de Paulo e Silas. Após tê-los trazido para fora, indagou-lhes: "Senhores, que me é 
necessário fazer para me salvar?" (v. 30 - IBB). Sem dúvida, o tratamento áspero que dera àqueles 
presos feridos acrescentou o seu sentimento de culpa. 
Quando o gentio pagão perguntou a respeito dos requisitos necessários à salvação, os 
missionários judeus, responderam: "Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e a tua casa" (v. 31 - IBB). 
Paulo não deu qualquer indicação de que batismo, circuncisão ou outro rito judaico fosse requisito 
necessário à salvação. Esta afirmação não significa que pela fé do carcereiro também a sua casa 
viesse a ser salva. A afirmação ensina que a mesma fé requerida do carcereiro é a requerida da parte 
de seus familiares, escravos e agregados. Não havia um plano de salvação para um oficial romano e 
outro para escravos ou criados. 
Paulo e Silas provavelmente deram uma explicação mais ampla da vida e ministério de Jesus, 
o propósito de sua morte, a vitória, de sua ressurreição e a promessas de sua segunda vinda. Jesus 
Cristo é o reiungido por Deus, o qual dá o poder do Espírito Santo a qualquer pessoa que creia nele. A 
fé do carcereiro e dos de sua casa provou ser genuína pelas ações que seguiram. O carcereiro lavou as 
feridas dos apóstolos e atendeu as suas necessidades. Ele foi batizado logo ar seguir, com outros de 
sua casa. 
 
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A experiência de uma salvação genuína traz consigo uma vida nova e muito gozo. O perdão 
dos pecados, a renovação do homem interior pelo Espírito Santo e a comunhão com outros que tiveram 
experiência idêntica resulta em uma vida abundante. O carcereiro levou os seus presos para a sua 
própria casa, não temendo mais a sua fuga. A sua experiência tinha gerado um relacionamento especial 
de compreensão e confiança para com os seus presos especiais. A disposição de eles como judeus 
comerem na casa de um gentio e a mudança de atitude do carcereiro, de um superior sobre os presos 
para a de servo de seus presos, indica as tremendas transformações que ocorreram, operadas pelo 
evangelho. 
Embora os magistrados possam não ter compreendido totalmente os ensinos de Paulo e Silas, 
eles perceberam que estes eram homens que falavam com autoridade divina. Talvez o terremoto tenha 
estado associado com milagres de cura. O chefe dos magistrados enviou ao carcereiro mensagem pela 
polícia, para que soltasse os apóstolos. Ao que parece, o carcereiro se alegrou com a palavra de que 
aos seus presos especiais era garantida a liberdade. Ele os animou a "irem em paz" (v. 36). 
A lei romana proibia terminantemente o açoitamento público de romanos. Os magistrados se 
descuidaram em verificar isto no caso de Paulo e Silas. Os juízes ordenaram o castigo sem lhes 
permitirem falar. Paulo proclamar a sua cidadania romana em meio a todo o barulho, teria sido inútil. 
Depois de a turba ter se aquietado e os magistrados terem dado conta de si, Paulo enviou uma palavra 
a respeito de sua cidadania romana, e do conseqüente tratamento injusto que recebera. Os presos 
surpreenderam os magistrados na sua violação da justiça romana. Os magistrados tinham cometido o 
engano de admitir que, sendo Paulo e Suas, judeus, não seriam cidadãos romanos. As autoridades 
tiveram de reconhecer publicamente o seu erro e inocentar os presos, acompanhando-os desde a 
obscuridade da prisão até as ruas da cidade. Conscientes da sinceridade de sua ofensa, os 
magistrados rogaram aos apóstolos que abandonassem Filipos. A posição e as vidas daqueles oficiais 
romanos corriam perigo por causa de seu flagrante desrespeito à justiça romana. 
Lucas não mostra quantos membros de igreja se encontravam no lar de Lídia. Quando os 
apóstolos entraram na casa: "e vendo os irmãos, os confortaram, e partiram" (v. 40 - IBB). 
Embora Lucas tivesse ido com Paulo e Silas ao lugar de oração, não foi preso. Ele usou 
pronomes da terceira pessoa (ele, eles) em lugar da primeira (eu, nós), para descrever a experiência da 
prisão de Paulo e Silas. Depois, de o grupo deixar Filipos, Lucas continua usando pronomes da terceira 
pessoa. Ao que parece, Timóteo acompanhou a Pedro e Silas, mas Lucas permaneceu, a fim de dar 
assistência à nova igreja. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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RESPONDA 
1. Apresente três fatores que levaram os cristãos judeus a se separarem do judaísmo. 
a)_________________________________________________________________________________ 
b)_________________________________________________________________________________ 
c)_________________________________________________________________________________ 
2. Quem se tornou o líder da igreja em Jerusalém? 
_________________________________________________________________________________ 
3. Apresente as fases da expansão do Evangelho. 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
4. Porque os judeus protegeram as sinagogas da penetração dos gentios? 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
5. O que aconteceu em Perge? 
_________________________________________________________________________________ 
6. Qual o sentido original da Palavra “indicaram”? 
_________________________________________________________________________________ 
7. Qual foi o primeiro problema doutrinário com o qual a nova igreja se deparou? 
_________________________________________________________________________________ 
8. Quem se opôs a doutrina pregada por Paulo, referente à salvação dos gentios? 
_________________________________________________________________________________ 
9. Apresente os argumentos de Pedro a favor da salvação dos gentios. 
_________________________________________________________________________________ 
10. Quem esteve presente a primeira conferência de Jerusalém? 
_________________________________________________________________________________ 
11. Qual é o ensino de Atos 15.21 
_________________________________________________________________________________ 
12. Apresnte duas ênfases que se encontram em Atos 16:1-5. 
a)_________________________________________________________________________________ 
b)_________________________________________________________________________________ 
 
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3. Evangelização em Tessalônica - At 17.1-9 
Os missionários passaram por Anfipolis e Apolônia sem pararem para pregar ali, desde que a 
distância entre Filipos e Tessalônica era de aproximadamente 160 km, Anfipolis e Apolônia eram, 
provavelmente, lugares de pousada, depois de um percurso de 50 km diários, em média. 
Tessalônica era a capital da província da Macedônia; e deste modo formava ao lado de 
Antioquia da Síria, Cesaréia, Corinto e Éfeso. Da mesma forma que Corinto, Éfeso, ela era uma 
florescente cidade comercial. Tessalônica era um porto marítimo situado no golfo de Salônica, à beira 
da planície da Macedônia. Ela, como Filipos situava-se na rota de Via Egnácia, que conduzia a Roma. 
Sendo a cidade o local de residência do procônsul, era-lhe concedida autonomia por parte de Roma, 
podendo ter até a sua própria constituição. A autoridade máxima estava com “demo” ou povo. Os 
oficiais ou principais magistrados dessa cidade eram chamados de politarcas (governadores da cidade 
(cf.v. 6). De vez que o termo não era conhecido de outras fontes, alguns estudiosos afirmam que o uso 
que Lucas Faz dele prova a sua inexatidão. Em anos mais recentes, a palavra "politarcas" tem sido 
encontrada em várias inscrições na Macedônia. O termo singular prova realmente a acuidade histórica e 
política de Lucas. 
3.1. Testemunhando na Sinagoga (vv.2-4) 
Tessalônica tinha uma grande colônia de judeus, com uma sinagoga. Quando Paulo e Silas 
entraram na cidade, encontraram a sinagoga e começaram a proclamar o evangelho. Lucas mostra que 
Paulo prosseguia no mesmo plano de estabelecer um trabalho novo em cada cidade. Em primeiro ele 
foi à sinagoga judaica, onde a sua identificação nacional com o seu próprio povo poderia estabelecer 
contatos para a sua ação de testemunho. Por outro lado, ele também sentia a responsabilidade de levar 
o evangelho aos judeus uma vez que Jesus "mostrara ter sido destinado primeiramente à casa de 
Israel". 
Em segundo lugar, Paulousou textos do Velho Testamento para provar que Jesus era o 
cumprimento das profecias e promessas concernentes ao Messias Davídico, o qual haveria de 
estabelecer um reino eterno. Jesus, como descendente de Davi era mortal, contudo, pela ressurreição, 
Deus o levantou para se tomar um Rei eterno. Paulo também precisava mostrar os judeus que o 
Messias deveria sofrer de acordo com Isaías 53, o servo do senhor haveria de ser tornar vitorioso por 
meio do sofrimento. 
Depois de Jesus ser levado a morte por mãos pecaminosas Deus deu a vitória pela 
ressurreição. Paulo tinha convicção de que muitos outros judeus ainda não teriam compreendido esses 
ensinos do Velho Testamento. Lucas observa que alguns creram naquilo que Paulo estava dizendo e se 
tornaram discípulos (aprendizes) (v. 4). Enquanto apenas alguns judeus creram, grandes multidões 
tementes a Deus e muitas das senhoras gentias de destaque creram. 
Em terceiro lugar depois de muitos gentios atenderem ao evangelho e os judeus rejeitarem a 
Paulo por causa de ciúmes, ele se voltou diretamente para os gentios. Sendo os cristãos impedidos de 
se reunirem na sinagoga, eles haveriam de encontrar uma casa onde se reunir. 
Em quarto lugar, Paulo gastou algum tempo doutrinando os crentes antes da passar a outra 
cidade, quando ele deixaria um líder mais experimentado no trabalho encarregado de atender o novo 
trabalho depois de sua saída. 
3.2. O tumulto em Tessalônica (vv. 5-9) 
Paulo argumentou com os judeus na sinagoga por três semanas antes de ser eles rejeitado e 
ter se dirigido aos gentios de seu ministério entre os gentios não é. Os judeus que foram persuadidos de 
que Jesus é o Cristo se "uniram" (juntaram) a Paulo e Silas, e estes, junto com os gregos e as senhoras 
de destaque, formaram o núcleo da primitiva igreja em Tessalônica. Paulo e Silas encontraram 
hospedagem na casa de um judeu que adotara o nome de "Jáson". Talvez colaborasse com o local da 
reunião para os convertidos. 
Os opositores de Paulo não foram capazes de encontrar algum meio legal para impedir que ele 
pregasse e ensinasse. Lucas atribuiu a inimizade dos judeus ao seu ciúme. Talvez eles tivessem 
perdendo alguns de seus adeptos judeus e tementes a Deus, os quais estavam passando para o 
cristianismo. Os judeus apelaram às emoções do populacho e contrataram homens perversos [a ralé] 
da praça do mercado para assaltarem a casa do Jáson. Enquanto a turba aguardava defronte da casa, 
os malvados entraram na casa e procuraram pelos apóstolos. Como Paulo e Silas não se encontravam 
 
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ali naquela hora, eles lançaram mão de Jáson e o arrastaram juntamente com outros levando-os 
perante os politarcas. Enquanto caminhavam pelas ruas, eles clamavam: "Estes que têm transtornado o 
mundo chegaram também aqui" (v 6 - IBB). Embora a acusação fosse exagerada, mostra, com bastante 
clareza o impacto que o cristianismo estava causando no mundo de então. 
Jáson e seus companheiros foram arrastados perante as autoridades com traição: "Todos eles 
procedem contra os decretos de César, dizendo haver outro rei, que é Jesus" (v. 7 - IBB). Jesus estava 
sendo apresentado como rival de César, e então Jáson e seus companheiros estavam sendo acusados 
de lealdade àquele que estava competindo com César. A acusação; que satisfazia os propósitos dos 
judeus, foi completada quando eles conseguiram inflamar os ânimos da massa popular e dos 
magistrados. Os oficiais decidiram deixar o caso para o outro dia; então, recebendo fiança de Jáson e 
seus companheiros, soltaram-nos. Os líderes e a povoada cidade procuraram ser cautelosos. Evitando 
a aparência de uma revolução, desde que Tessalônica poderia perder a sua posição de cidade livre se 
permitissem uma confusão. 
Paulo e Silas deixaram a casa de Jáson discretamente à noite e partiram para Beréia. O 
penhor e o acordo que as autoridades receberam da parte de Jáson e seus companheiros teriam 
perdido o seu significado, se ficasse provado que eles continuavam a proteger os homens acusados. 
4. A Aceitação em Beréia (vv. 10-15) 
Beréia distava cerca de 60 km de Tessalônica e também se situava na província da 
Macedônia. Tinha uma colônia de judeus, bem como uma sinagoga. Lucas contrasta a nobreza de 
atitude dos judeus de Beréia com a baixeza dos homens de Tessalônica. Eles levaram a sério a sua 
cidadania e, ao que parece participavam ativamente das atividades da cidade. Lucas apresenta a idéia 
de que eles eram generosos, liberais e de mente aberta. Eles estavam dispostos a estudar a Palavra de 
Deus e receberam com muito interesse as palavras de Paulo; mesmo assim, não eram ingênuos. Eles 
examinavam as Escrituras diariamente, a fim de verem se a interpretação de Paulo e a aplicação que 
fazia a Jesus eram coerentes. Muitos dos judeus com vários gentios da aristocracia, tanto homens 
como mulheres, creram nos ensinos de Paulo e receberam a Jesus como Senhor e Salvador. Os judeus 
que não creram em Cristo também manifestaram oposição. 
Chegou a Tessalônica a notícia de que a Palavra de Deus, pregada por Paulo, estava tendo 
excelente recepção em Beréia. Da mesma forma que os judeus de Icônio e de Antioquia da Pisídia, os 
judeus de Tessalônica foram a Beréia para inflamar o povo contra Pauto. Os novos convertidos 
chegaram logo à conclusão de que a solução era enviar Paulo para outro lugar. Desde que ele era o 
objeto da confusão. Parece que bom número dos novos crentes escoltou a Paulo até o mar, com o fim 
de protegê-lo ou de lhe demonstrar o seu respeito e gratidão (v. 14). Uma escolta menor acompanhou-o 
até Atenas (v. 15). Silas e Timóteo permaneceram em Beréia para fortalecer a nova igreja. E 
interessante que Paulo sofria forte oposição por parte dos judeus, Ao passo que Silas e Timóteo parece 
terem continuado a obra sem oposição. Quando a escolta deixou Paulo em Atenas. Ele mandou recado 
por eles, para Silas e Timóteo, para que viessem ter com ele tão logo quanto possível. O fato de Paulo 
ter sido acompanhado por um grupo de Beréia até Atenas poderia indicar querele não estivesse 
passando bem. Era, portanto, evidente que ele não quisesse ficar em Atenas sem os seus 
companheiros, que o sustentavam na obra. 
CCaappííttuulloo XXIIII -- OO MMIINNIISSTTÉÉRRIIOO DDEE PPAAUULLOO EEMM AATTEENNAASS AATTOOSS -- AAtt 1177.. 1166-- 3344 
Ácaia e Macedônia estavam intimamente relacionadas, tanto política como socialmente. Vez 
por outra, tornavam uma só província sob o poderio romano. Quando Paulo visitou Atenas, Acaia era 
província separada, cuja capital era Corinto. 
Atenas gozava do privilégio de ser considerada o centro cultural e intelectual do mundo. 
Sócrates e Platão nasceram ali, enquanto Aristóteles, Zenão e Epicuro ensinaram em suas ruas. O 
grego atico, que era o dialeto ateniense, era a base do grego koinê (grego comum), que se tornou a 
língua universal com as conquistas de Alexandre, o Grande. 
Atenas era uma cidade livre, regida não pelo demos (povo), mas por um conselho conhecido 
como o Areópago. O Areópago parece referir-se mais a um conselho do que a um lugar. Esse conselho 
tinha também autoridade sobre tudo o que era ensinado. Atenas dava a impressão de ser uma cidade 
muito religiosa. Desde que ídolos, altares e templos enchiam suas ruas. O Areópago servia como um 
tribunal religioso de recursos para o helenismo. 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 69 
 
 
1. O testemunhar de Paulo na cidade (vv. 16 e 17). 
Enquanto Paulo percorria a cidade, ficou impressionado e perturbado com a quantidade de 
ídolos. Como judeu, certamente que aborrecia a idolatria. Como cristão, ele estava consciente da 
absoluta falta de valor e da ilusão que significavamos ídolos para aqueles que os buscavam nas suas 
horas de necessidade. 
Chegar à conclusão de que Paulo falhou em Atenas é fazer um julgamento muito apressado. A 
sua abordagem, na apresentação ao evangelho, foi, de fato, diferente, mas é preciso levar em conta 
também que os seus ouvintes filósofos eram muito diferentes daqueles a quem ele já tinha pregado 
antes. O sermão não dá qualquer indicação de que Paulo tivesse tentado demonstrar a sua própria 
capacidade intelectual, ao apresentar o evangelho. Pelo contrário, revela que Paulo levou em 
consideração os interesses e a base de conhecimentos de seus ouvintes, ao apresentar-lhes o 
evangelho. 
2. O discurso de Paulo (vv. 18 e 34). 
Paulo iniciou o seu discurso observando que o povo era muito religioso, por essa razão, era 
fácil compreender o seu interesse nesses ensinos estranhos a eles. O seu interesse religioso era 
evidenciado pelo grande número de ídolos que circundavam a agora. Paulo procedeu a sua autodefesa 
quanto à possível acusação de que estaria apresentando um deus estrangeiro, utilizando-se da idéia do 
altar que tinha visto com a inscrição "AO DEUS DESCONHECIDO". Esse deus desconhecido, mas que 
já tinha um lugar no panteão de Atenas, seria agora conhecido através dos ensinos de Paulo (v. 23). 
Paulo deu ênfase ao fato de que Deus é Criador com vários argumentos: 
1) O Criador do mundo e de todas as coisas que nele há não pode ser contido em um templo 
feito por mãos humanas (v. 24). 
2) O Criador não depende de alimentos oferecidos em sacrifício por mãos humanas. Ele é 
demasiado grande para poder ser manipulado pelo homem e para depender do homem. Realmente, é o 
homem quem depende dele para a sua vida, alimento e tudo o mais (v. 25). 
3) Uma vez que Deus é o Criador de todas as coisas, todas as nações são iguais perante ele e 
cada homem é responsável diante dele, inclusive os atenienses (v. 26). 
4) Cada homem tem a responsabilidade de cultuar o seu Criador (v. 27). 
5) Cada pessoa veio a existir pela providência divina, e, conseqüentemente, depende dele 
quanto à sua vida. 
As afirmações de Paulo, concernentes a Deus como Criador não concordavam, em muitos 
aspectos, com os ensinos dos estóicos e dos epicureus, Os epicureus criam que Deus não criou a alma 
humana, mas que a alma é uma combinação de átomos materiais. Os estóicos não criam que a alma 
humana fosse distinta de Deus. Os epicureus não aceitavam que Deus fizera o mundo (v. 24), os 
estóicos, pelo contrário, concordavam com Paulo. 
A prática idolátrica dos estóicos foi desafiada pela afirmação de que Deus não habita em 
templos feitos por mãos, nem é servido por mãos humanas (vv. 24 e 25). O Criador não deveria ser 
igualado aos ídolos feitos de ouro ou de prata, materiais que Deus criou. A afirmação de Paulo, de que 
Deus "determinando lhes os tempos já dantes ordenados e os limites da sua habitação" (v. 26 - IBB), 
demonstra o seu envolvimento com a vida humana, em contraste à posição dos epicureus que 
acreditavam estarem os deuses totalmente despreocupados quanto aos homens e inteiramente 
desligados do mundo. 
O homem não somente é originário de Deus, mas Deus é a fonte de sua existência. "Porque 
nele vivemos, e nos movemos, e existimos” (v. 28 - IBB). Deus não poderá ser confundido com o 
panteísmo dos estóicos, conforme os seus próprios poetas, o homem é a descendência de Deus". O 
homem foi criado à imagem de Deus; então, Deus é mais parecido com a natureza humana do que o 
ouro, a prata ou a pedra dos ídolos. 
O Deus único, que criou todos os homens, requer deles que viviam em justiça e para o culto 
Ele. Embora Deus tenha sido paciente com aqueles que, no passado não tinham conhecimento dele (v. 
30), chegou o tempo, com a vinda de Jesus, "em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do 
varão que para isso ordenou” (v. 31 - IBB). A prova de que Deus indicou o homem Jesus para julgar o 
mundo em justiça é a sua ressurreição da morte. Por causa dos ensinos dos profetas, os judeus 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 70 
 
 
estavam aguardando o Dia do Senhor quando o mundo todo viria a ser julgado em justiça. Paulo estava 
convicto de que esse dia tinha chegado com Jesus, desde que Deus demonstrou, pela ressurreição, 
que ele era o Ungido. 
É provável que os epicureus zombassem da idéia de ressurreição dos mortos, visto que eles 
criam na desintegração da alma por ocasião da morte. Os estóicos talvez tivessem sido mais receptivos 
e tenham desejado ouvir outra vez sobre o assunto (v. 32). Alguns de ambos os grupos pode ser que 
tenham se convencido do erro de sua filosofia; contudo, o intelectual, constitui-se em barreira à fé, não 
facilmente quebrável. 
Lucas observa que alguns homens se uniram ele e creram, “entre os quais Dionísio, areopagita 
e uma mulher por nome Dâmaris, e com eles outros” (v. 34 - IBB). Contrariamente a alguns estudiosos, 
esta informação não deixa a impressão de que Paulo tenha falhando em Atenas. Ele não tentou 
competir em sagacidade com os filósofos. Ele deu testemunho de que Deus levantou a Jesus da morte 
e convidou os seus ouvintes a se arrependerem. Desde que ele estava falando a homens sem 
conhecimento do Velho Testamento, é facilmente compreensível que não se utilizasse das Escrituras 
para provar o seu cumprimento na morte e ressurreição de Jesus. 
Capítulo XIII - TESTEMUNHANDO EM CORINTO E EFESO - At 18.1-20.1 
Paulo, em sua segunda viagem missionária, depois de deixar Atenas, continuou a testificar em 
Corinto. Ele passou mais de dezoito meses ali; então viajou por terra, de Éfeso a Jerusalém, e dali para 
Antioquia. A sua chegada a Antioquia marcou o fim da sua segunda viagem missionária, mas não foi o 
término da campanha na área do Egeu. 
Paulo desejou muito visitar Éfeso em suas primeiras duas viagens, mas foi impedido de fazê-lo 
até o fim da segunda viagem. Ele passou alguns dias em Éfeso e prometeu voltar se esta fosse “a 
vontade de Deus” (18.21). Ao que tudo indica, foi da vontade de Deus que ele pregasse a Cristo ali. 
Depois de rápida passagem por Antioquia Paulo partiu para “sua terceira viagem Missionária 
(18.23). Sua primeira preocupação foi a de visitar as igrejas na Galácia e na Frigia. A rota seguida foi 
mais ou menos a mesma que a da primeira parte da segunda viagem. Depois de ter visitado as igrejas 
na Frígia, não foi impedido de entrar na Ásia, como nas ocasiões anteriores. Ele permaneceu três anos 
em Éfeso e circunvizinhanças antes de passar novamente pela Macedônia e Acaia, em sua última visita 
à região”. 
A atividade em Éfeso encerrou a campanha na área do Egeu. Quando Paulo deixou esta 
cidade, sentiu que devia ir a Jerusalém. O seu plano era o de reunir uma oferta das igrejas gentias da 
Galácia, Macedônia, Acaia e Ásia para os cristãos judeus pobres de Jerusalém, que estavam passando 
por uma fase de tremenda necessidade; então, ele viajou pela Macedônia e Acaia, antes de ir a 
Jerusalém. A viagem proporcionou-lhe oportunidade de apresentar a sua despedida às igrejas e aos 
amigos cristãos, que não mais veria. 
CCaappííttuulloo XXIIIIII –– PPAAUULLOO EEMM CCOORRIINNTTOO EE EEMM AANNTTIIOOQQUUIIAA DDAA SSÍÍRRIIAA-- AATT 1188..11--2200..11 
1. Paulo em Corinto – At 18.1-17 
A viagem a Corinto, a capital de Acaia, foi de 80 Km. Corinto era um centro comercial, com 
uma população cosmopolita, sendo a maior de todas as cidades que Paulo visitou. Tinha sido destruída 
pelos romanos no ano 146 a.C., sendo reconstruída por Júlio César cem anos depois. Como capital da 
província, era o lugar da residência do procônsul, sendo leal a Roma. A sua situação estratégica 
garantia-lhe grande prosperidade. Os portos de Corinto eram Cencréia, no Golfo de Egina, e Lechaéia, 
no Golfo de Lepanto, e lhe ofereciam o controle do tráfico entre Roma e a Ásia. A viagem ao redor do 
cabo de Malia era longa e perigosa.Assim, as cargas dos navios, eram retiradas em um porto e 
transportadas via terrestre, atravessando o istmo de Corinto, sendo carregadas novamente nos navios 
no outro porto, para daí seguirem o seu destino. 
A prosperidade e um grande número de marinheiros, cujo trabalho impedia o estabelecimento 
de uma vida familiar aumentava a imoralidade da cidade. “A imoralidade era até consagrada pela 
religião, pois o templo de Afrodite Pandemos possuía mil sacerdotes ‘hieróduli’ ou prostitutas 
consagradas”. 
Paulo parece ter feito de Corinto o seu quartel-general para as suas atividades na Acaia; 
contudo, Lucas dedica apenas 17 versículos a esse ministério de 18 meses. Maiores detalhes do 
ministério em Corinto temos nas cartas escritas aos coríntios. Lucas preocupa-se basicamente com a 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
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separação entre a sinagoga e a igreja, e com o fato de o procônsul romano, Gálio ter-se recusado a 
julgar a questão que a sinagoga levantou contra a igreja. 
1.1. Primeiros Contatos em Corinto (vv. 2-5) 
Paulo travou conhecimento com um judeu chamado Áquila, natural de Ponto (uma região 
acidentada no nordeste de Ásia Menor). Representantes de Ponto estiveram em Jerusalém no dia de 
Pentecostes (cf. Atos 2:9). Áquila e sua esposa Priscila tinham acabado de chegar da Itália, de onde 
tinham sido expulsos pelo Imperador Cláudio. 
Suetônio (Vida de Cláudio, XXV, 4) afirma que os judeus foram expulsos de Roma por causa 
de constantes tumultos promovidos por um certo "Chrestus". Provavelmente a referência seja a Cristo, 
mas o que ocorreu no caso foi mais uma vez à troca de letras, muito comum entre os escritores 
romanos. O decreto da expulsão deverá ter acontecido no nono ano do governo de Cláudio, portanto, 
entre 25 de janeiro de 49 a.D. e 24 de janeiro de 50 a.D. Áquila deverá ter chegado a Corinto no 
princípio do ano 50, e Paulo, alguns meses depois (v. 12 e ss.). 
Talvez Áquila e Priscila já fossem cristãos quando Paulo os encontrou. Paulo precisava de 
sustento material; então ele se associou com eles na profissão de fazer tendas. Eles se tomaram 
amigos íntimos de Paulo para o resto de suas vidas. Quando Paulo defende as suas razões quanto à 
pregação do evangelho, ele lembra aos coríntios o fato que se sustentou a si próprio enquanto em 
Corinto. Ele trabalhava duramente a semana e pregava o evangelho no sábado (cf. l Co 9 e II Co 11.7 e 
ss.). 
Ao que parece, Paulo prosseguiu tentando persuadir judeus e gregos a aceitarem a Cristo 
como Senhor (v.4), mas tudo indica ter havido pouco progresso (v. 6). Ele estava fisicamente fraco e 
emocionalmente deprimido o que poderia ter sido resultante de enfermidade (cf. l Co 2.3). A chegada de 
Silas e Timóteo trouxe grande ânimo ao seu espírito. Gaio e Estevão foram os primeiros frutos na Acaia 
(Cf. I Co 1.14-16). 
Quando Silas e Timóteo chegaram, parece que Paulo foi aliviado do seu trabalho manual. Há 
indicações também de que a igreja em Filipos lhe enviou uma oferta em dinheiro, e assim ele pôde se 
dedicar inteiramente ao ensino da Palavra (v. 5). Os seus companheiros também trouxeram notícia de 
que a igreja na Macedônia prosseguia na fé e no amor. Essas notícias deram grande animo ao 
apóstolo. 
1.2. Separação da Sinagoga (vv. 6-11) 
Embora Paulo ensinasse aos judeus com toda a sinceridade que Jesus era o Cristo, eles, além 
de não o aceitarem como tal, blasfemavam contra ele. E assim, desde que eles deliberadamente 
rejeitaram a Palavra de Deus, Paulo sentia que não mais seria responsabilizado por eles. O seu sangue 
cairia sobre as suas próprias cabeças (v. 6). Paulo então, mais uma vez tornou aos gentios. 
Ao deixar a sinagoga, encontrou a casa de Tito Justo, logo na porta ao lado (v. 7). Os esforços 
de Paulo para ganhar os judeus não foram totalmente em vão. Crispo, o presidente ou dirigente da 
sinagoga, com toda a sua casa creram no Senhor. Lucas informa que muitos gentios estavam aceitando 
a Cristo e sendo Batizados (v. 8). 
Desta feita não foi a perseguição que levou Paulo a deixar a cidade, contudo parece que a sua 
vida correu algum perigo. Ele teve da parte do Senhor uma visão, na qual recebeu mensagem de ânimo 
e de instrução para a pregar (v. 9). Deus lhe assegurou a sua proteção contra os ataques dos homens. 
O Senhor não permitiria que ele fosse atingido até que o povo da cidade predestinada à vida eterna 
pela presciência divina tivesse a oportunidade de manifestar a sua fé. A estada de Paulo nas igrejas da 
Macedônia tinha sido cortada repentinamente por perseguições, mas em Corinto a sua permanência se 
estendeu por dezoito meses. 
1.3. O julgamento perante Gálio (vv. 12-17) 
Gálio deve ter se tomado procônsul da Acaia um pouco antes de os judeus acusarem a Paulo 
perante ele. Provavelmente ele assumiu o posto em 1 de julho de 51 a.C. (V. 12), Paulo deve ter 
chegado a Corinto no Fim de 50 ou princípio de 51 a.D. Os judeus não obtiveram êxito em tentar 
amedrontar a Paulo com ameaças; então procuraram soluções legais para o terem fora da cidade. Os 
judeus, como nas outras cidades, ficaram enciumados quando ouviram a Paulo ensinando aos gentios 
não lhes ser necessário guardar a lei cerimonial de Moisés. Os judeus acusaram a Paulo de persuadir 
"os homens a adorarem a Deus contrariamente a lei" (v. 13). A resposta de Gálio à acusação 
apresentada a sua interpretação de que a lei, que Paulo era acusado de transgredir, era a judaica, e 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 72 
 
 
não a romana. Gálio parece que tinha pouca paciência com os judeus (v. 14). Ele se recusou a julgar a 
querela entre os judeus referente a seus costumes religiosos e ordenou aos oficiais que fizessem o 
grupo se retirar da coorte. Parece que não sabia fazer a distinção entre o judaísmo e o cristianismo. 
Lucas não diz quem espancou a Sóstenes, o chefe da sinagoga R.B. Rackham chega 
conclusão de que recusa de Gálio diante do ódio dos judeus aos gentios a oportunidade de pegar a 
Sóstenes e espancá-lo sem terem de temer a represália da parte dele. Por outro lado, ele ter sido 
espancado pelos próprios judeus por ter tratado do caso de Paulo conforme eles gostariam que fosse 
tratado. 
2. O Retomo de Paulo a Antioquia da Síria – At 18.18-22 
Paulo permaneceu em Corinto "ainda muitos dias" depois de ter sido levado perante Gálio. À 
distância dali até Antioquia da Síria era cerca de 2.400 km. Os seus planos incluíam, provavelmente, 
uma viagem a Jerusalém, a fim de cumprir um compromisso que tinha feito consigo mesmo (v. 18). Nos 
dias de Paulo o voto de narizeu havia sido modificado. 
Ao invés de se abster de vinho e de cortar o cabelo por toda a vida, poder-se-ia fazer o 
compromisso até por um período mínimo de trinta dias. O início desse período era marcado pelo corte 
do cabelo. Ao fim do período a cabeça era raspada. Os judeus que estivessem em terras estrangeiras 
muitas vezes aguardariam a sua chegada a Jerusalém para cortar o cabelo. Então, o cabelo era 
queimado no fogo do sacrifício. Talvez Paulo tivesse se comprometido consigo mesmo com o voto de 
nazireado a fim de manifestar a Deus a sua gratidão pelo êxito alcançado no seu trabalho entre os 
gentios, tanto quanto ainda pela preservação de sua vida nas ocasiões de perseguições dos inimigos. 
Paulo não era contrário aos costumes judaicos. Como judeu, fez o compromisso de nazireado 
e participava das festas judaicas, em Jerusalém, sempre que possível. Tinha, entretanto, todo o cuidado 
para ter a doutrina da salvação pela fé. Os gentios não seriam obrigados a cumprir costumes judaicos a 
fim de serem salvos. 
Paulo levou consigo a Priscila e Áquila quando partiu de Cencréia, um dos portos marítimos de 
Corinto. O fato de ser mencionadoprimeiro o nome de Priscila bem pode indicar que ela era, dos dois, a 
dotada de maior fervor evangelístico. Enquanto o navio estava no porto de Éfeso, Paulo aproveitou uns 
poucos dias a fim de compartilhar a sua fé com os judeus na sinagoga. Os judeus lhe rogaram que 
permanecesse com eles por mais tempo. Então, Paulo deixou a Priscila e Áquila em Éfeso, a fim de 
continuar a obra. Em duas ocasiões anteriores, Paulo desejou ir a Éfeso, e finalmente conseguiu 
realizar o seu sonho. A sua visita foi breve, mas ele prometeu voltar, se assim Deus permitisse (v. 21). 
O navio de Paulo o trouxe à cidade de Cesaréia, na costa de Samaria. Paulo "subiu... e saudou 
a igreja" (v. 22). Não se sabe se essa igreja era a em Cesaréia ou a em Jerusalém. Ele provavelmente 
visitou a igreja em Jerusalém antes de descer "a Antioquia" (v. 22). A chegada de Paulo a Antioquia 
marca o que é tradicionalmente chamado de sua segunda viagem missionária. 
3. A Igreja em Éfeso - At 18.23-19.41 
Éfeso era uma cidade rica e populosa da Ásia, e, além disso, era a capital e o centro 
administrativo da província da Ásia. Roma concedera a Éfeso a categoria de "cidade livre", Em sua 
terceira viagem missionária, Paulo permaneceu ali por três anos. Talvez, durantes esse tempo a sua 
atuação tivesse atingido as cidades circunvizinhas de Esmirna, Filadélfia, Colossos, Laodicéia, 
Hierópolis e Mileto. 
O famoso templo de Ártemis situava-se nas proximidades de Éfeso. A deusa grega Ártemis (a 
Diana latina) atraía muitos peregrinos ao seu suntuoso templo, no qual serviam milhares de sacerdotes 
e outros ministros. Os efésios sabiam que a deusa era a razão da entrada de muita riqueza em sua 
cidade; por isso, eles davam todo o seu apoio a ela. Tanto para os gregos quanto para os romanos, 
Diana era a inocente deusa da caça; contudo, a sua imagem era indecente, com quatro fileiras de seios. 
Ela tinha sido a deusa da natureza ou da fertilidade antes do surgimento da cultura na Ásia Menor. 
Embora o culto a Diana não incluísse imoralidade e prostituição, contribuía, entretanto, para o 
desenvolvimento da superstição e a orática da magia. A magia veio a se constituir em uma das 
especialidades de Éfeso, dando como resultado uma curiosa mistura de cultura e filosofia helênica com 
superstição oriental. Não é, pois, de se estranhar que a igreja ali se deparasse mais adiante com o 
perigo de ser influenciada e levada à heresia pelo tipo de cultura que a cercava. Paulo advertiu os 
presbíteros de Éfeso quanto ao cuidado que deveriam tomar em relação aos falsos mestres (cf. 20.29 e 
ss.). 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 73 
 
 
Às Epístolas a Timóteo, foram escritas quando ele se achava em Éfeso; nelas, Paulo dá 
grande ênfase ao "guardar a fé". Mais tarde, o apóstolo João viveu em Éfeso e sentiu a grande 
necessidade de combater o gnosticismo. 
3.1. A visita de Paulo à Galácia e à Frigia (v. 23) 
Tem-se pensado que, durante a permanência de Paulo em Antioquia, ele teria ouvido de 
Timóteo as informações sobre as perturbações doutrinárias que as igrejas da Galácia estavam 
enfrentando. Paulo, então escreveu a sua Epístola aos Gálatas a fim de refutar os ensinos dos 
judaizantes, que estavam insistindo também ali que os gentios eram obrigados a cumprir os costumes 
de Moisés. Os judeus de Antioquia da Pisídia e de Icônio se opuseram duramente a Paulo em sua 
primeira visita a essas cidades. Não é, pois, surpresa que eles continuassem na tentativa de frustrar os 
seus ensinos depois de sua partida. 
Lucas não se demora em narrar qualquer acontecimento especial nessa visita de Paulo às 
igrejas da Galácia e da Frígia. Sabemos apenas que ele gastou o tempo necessário para ensinar os 
discípulos em cada cidade, "fortalecendo todos os discípulos" (v. 23). 
3.2. As atividades de Apolo (vv. 24-28) 
Apolo era um judeu de Alexandria, cidade em que a cultura helênica era muito forte. Filo, outro 
judeu Alexandrina, tentou harmonizar a filosofia grega com o judaísmo. Outros judeus ali também 
interessavam pelos ensinamentos gregos. 
Apolo é descrito como "um homem eloqüente, e poderoso nas Escrituras" (v. 24). Não há 
dúvida de que se tratava de homem de vasta cultura. Destarte, é bem provável que tivesse a filosofia 
grega e a retórica, a qual incluía princípios de oratória. Por isso era orador exímio, com facilidade de 
comunicar os seus pensamentos com clareza e lógica. Como judeu, tinha profundo conhecimento das 
escrituras do Velho Testamento. 
É interessante notar que Apolo e os doze de Éfeso (cf. 19.1 e ss.) tinham sido discípulos de 
João Batista. Apolo tinha aceito o ensino de João, de que o Dia do Senhor era chegado, ocasião em 
que Deus haveria de estabelecer o seu Reino; contudo, não recebera a instrução de que o Reino tinha 
chegado em Jesus Cristo. Não era possível compreender que, para ser possível Deus cumprir a sua 
promessa a respeito do Reino eterno, era necessário que o Messias sofresse, morresse e ressurgisse. 
Priscila e Áquila comunicaram a Apolo uma compreensão maior do "caminho de Deus" (v. 26). 
Eles compreendiam bem a importância do sofrimento e ressurreição do Messias, uma vez que tinham 
estado em Jerusalém no dia de Pentecostes (alguns de Ponto estiveram lá), além do que tinham 
recebido instruções de Paulo, que morava com eles. 
Lucas deixa de mencionar se Apoio recebeu o Espírito Santo e foi batizado depois de receber 
instruções mais completas. Por isso não é surpresa que ele tivesse ido para a Acaia, centro do 
helenismo, a fim de trabalhar com a igreja de Corinto. Para isso, ele foi encorajado pelos discípulos de 
Éfeso, os quais escreveram à igreja em Corinto, recomendando Apoio. Lucas observa que ele foi 
instrumento de grande fortalecimento para o trabalho em Corinto, por causa de sua habilidade em 
argumentar com os judeus, utilizando-se das escrituras do Velho Testamento para provar que Jesus era 
o Cristo (v. 28). 
3.3. O Trabalho de Paulo em Éfeso (19:1-41) 
Os doze discípulos de João (vv. 1-7). Paulo voltou a Éfeso depois de Apolo ter seguido para 
Corinto. Lucas registra o acontecimento interessante da descoberta que Paulo fez ali, de doze 
discípulos de João Batista. 
João convidou o povo a se arrepender, porque o Dia do Senhor tinha chegado. Os judeus 
acreditavam que Deus os tinha abandonado, deixando-os expostos aos seus inimigos, isto em razão de 
terem pecado, cultuando ídolos. O povo era convidado a se arrepender diante do Senhor, o qual voltaria 
lhe dispensar as suas bênçãos. João anunciou que o Dia do Senhor era chegado e o povo deveria se 
arrepender e aguardar o aparecimento do Messias (o escolhido, ou ungido de Deus) (cf. Mt 3). Os doze 
tinham crido em João, haviam-se arrependido, tendo sido batizados, demonstrando, assim, a sua 
purificação espiritual. Eles estavam esperando o Messias, mas não tinham ouvido que Jesus o era, e 
então não tinham ainda entrado para o Reino, recebendo o Espírito Santo (nascido de novo) pela fé em 
Jesus. Ao que parece, os doze não tiveram conhecimento da vida, ministério, morte e ressurreição de 
Jesus. Embora Apolo parece ter tido conhecimento do nascimento e ministério de Jesus, ele não podia 
aceitar que o Messias precisava sofrer, morrer e ressurgir a fim de ser o rei eterno. 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 74 
 
 
A vinda do Espírito Santo à vida de uma pessoa não segue determinado ao longo da narrativa 
de Atos. Conforme 8.17 e 19.6, a vinda do Espírito estava ligada com a imposição das mãos. O falar 
línguas e profetizar (19.6) são evidências de que os doze tinham recebido o Espírito Santo. No caso de 
Cornélio, o Espírito veio sobre tementes a Deus enquanto Pedro pregava (10.44). Os doze em Éfeso 
foram balizados em nomedo Senhor Jesus antes de ter recebido o Espírito. Cornélio recebeu o Espírito 
antes do batismo. O fato de ter recebido o Espírito foi à razão seu batismo. Embora nenhum padrão 
seja apresentado para o recebimento do Espírito Santo, Lucas deixa claro que tanto os judeus quanto 
os gentios que cressem em Jesus receberiam o poder do Reino, a investidura a qual os capacitaria a 
proclamar a mensagem de Cristo. 
Este trecho da narrativa de Atos deixa claro que Éfeso fora alcançada pelo evangelho antes da 
chegada de Paulo. Lucas explica como aconteceu. O sou propósito parece ter sido o de mostrar quão 
necessária era a interpretação que Paulo deu à morte e ressurreição de Cristo, a fim de corrigir 
conceitos errados e incompletos a respeito de Cristo. 
O poder da Igreja (vv. 8-12). É fácil compreender a razão porque Paulo não deu ênfase ao 
aspecto de Reino de Deus em sua atuação nas províncias romanas. Ele já tinha sido acusado de ser 
traidor de César. A expressão "Reino de Deus" poderia facilmente ser compreendida como tendo 
significado político. A palavra ekklesia (igreja) já era aceita entre judeus e os tementes a Deus como um 
termo religioso, referindo-se ao povo de Deus, por causa de ser usado na Septuaginta (a tradução do 
Velho Testamento para o grego). Paulo preferiu usar esta palavra, em lugar da expressão "Reino de 
Deus", contudo, usou -a, vez por outra, quando em contato com judeus (v. 8). 
Depois de alguns dos judeus fecharem as suas mentes e corações a Jesus como o Messias, 
Paulo decidiu novamente separar-se da sinagoga. "A multidão", possivelmente é a dos gentios 
tementes a Deus, então Paulo se retirou com eles da sinagoga antes de entrarem em confusão, pelos 
argumentos dos judeus. O cristianismo era comumente chamado de "o caminho" (v. 9). 
Depois de Paulo se retirar da sinagoga, ele ensinava "diariamente na escola de Tirano" (v. 9). A 
escola era provavelmente constituída de uma sala de preleções ao lado de um ginásio de esportes, 
usado por gramáticos poetas e filósofos para as suas preleções. O meio ambiental poderia incluir 
jardins, alamedas e colunatas. Ali, todos os que estivessem passeando (schol - escola) poderiam parar 
para ouvir schol mais tarde veio a significar a preleção. 
A decisão de Paulo de se utilizar daquela sala de preleções ofereceu ao povo que vinha a 
Éfeso a oportunidade de ouvir a Palavra de Deus, enquanto fazia o seu relax. Paulo fez as suas 
preleções ali diariamente durante dois anos. Lucas chega a afirmar que "todos os que habitavam na 
Ásia ouviram a palavra do Senhor Jesus, tanto judeus como gregos" (v. 10). 
Os judeus tinham rejeitado os ensinos de Paulo acerca do Reino de Deus, provavelmente, 
porque ele mostrou que pessoas de todas as nações poderiam dele participar. Os ensinos de Paulo a 
respeito do poder do reino ficaram comprovados como verdadeiros pelos milagres especiais operados 
intermédio das mãos de Paulo (v. 11). O uso de lenços e aventais ou toalhas foi uma adaptação ao tipo 
fé supersticiosa, própria dos efésios. Aquelas peças que tocavam o corpo de Paulo eram levadas aos 
doentes e colocadas sobre os seus corpos. O acontecimento é idêntico ao narrado em 5.12-16, onde a 
sombra de Pedro possuía o poder de trazer cura aos enfermos. O poder para a cura certamente não 
procedia nem das peças de roupa nem da sombra, mas do Senhor. As peças de roupa serviam de 
ponto de apoio para aquela fé supersticiosa. O povo creu que o Jesus que Paulo pregava tinha o poder 
de curar, mas a sua fé necessitava de sinais tangíveis - algo que pudesse ser visto e percebido. 
Os filhos de Ceva (vv. 13-18) alguns judeus exorcistas que observavam os milagres operados 
pelas mãos de Paulo tentaram perverter o uso do poder divino. Eles acharam que o nome "Jesus" seria 
uma palavra mágica, a qual poderia ser usada para se atingir fins pessoais. Magia e espiritualismo falso 
eram amplamente praticados em Éfeso. A experiência dos judeus exorcistas, os "sete filhos de um certo 
Ceva, um judeu e chefe de sacerdotes" (v. 14), serviu de advertência ao povo no sentido de que o poder 
de Deus não está aí para ser usado indevidamente. 
Dois dos exorcistas usaram o nome de Jesus diante de um endemoninhado. Da mesma forma 
os demônios apresentados nos Evangelhos, esse demônio também reconheceu que Jesus era 
poderoso e que conhecia a Paulo, mas não temia o falso poder espiritual dos filhos de Ceva. O 
endemoninhado "saltou sobre eles, e os dominou", prevaleceu contra eles, de tal modo que da casa em 
que estavam nus e feridos (v.16). As notícias desse acontecimento se espalharam rapidamente entre 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 75 
 
 
todos os judeus e gregos em efésios. 
A falsa espiritualidade dos mágicos e exorcistas estava exposta à reprovação pública, e o 
nome de Jesus foi glorificado. Muitos creram que Ele realmente era o Rei escolhido por Deus; por isso, 
confessaram os seus pecados e demonstraram o seu arrependimento através de seus atos e atitudes. 
As práticas malignas foram abandonadas. Aqueles que se orgulhavam de ser mágicos queimaram os 
seus livros publicamente, o que significava uma retratação pública. O elevado valor em prata, pelo qual 
os livros todos foram avaliados, foi calculado tomando-se por base o alto custo do material empregado, 
bem como da mão de obra utilizada na cópia dos volumes (v. 19). Lucas conclui esse trecho de sua 
narrativa mencionando que a palavra de Deus crescia poderosamente (v. 20). 
Planos futuros (vv. 21 e 22) - O verso 20 contém a oitava síntese que Lucas faz. A frase 
"depois de encerradas essas coisas" indicado término dá segunda grande campanha de Paulo e que 
uma nova etapa se iniciar. R. B. Rackham acha que no verso 21 está a indicação do começo da terceira 
divisão no ministério de Paulo. O Espírito Santo impeliu Paulo a visitar Jerusalém, depois de mais uma 
visita às igrejas da Macedônia e de Acácia. Mais tarde ele sentiu que deveria ir também a Roma (v. 21). 
Durante a sua temporada de três anos em Éfeso, Paulo escreveu ao menos uma e 
eventualmente até mesmo três cartas à igreja em Corinto. Éfeso serviu também de quartel-general a 
uma vasta campanha na Ásia. Além disso, é possível que Paulo tivesse estado preso também em 
Éfeso, mas Lucas nada diz a respeito, nem da campanha, nem da prisão. 
Lucas menciona uma viagem planejada à Macedônia e Acácia (cf 19.21; 20.1 e ss.), mas não 
menciona a oferta das igrejas gentias na Galácia, Macedônia e Ásia, para os cristãos de Jerusalém, os 
quais atravessavam uma fase de penúria (cf. l Co 16.1-3). Paulo certamente considerava que a oferta 
haveria de atenuar as tensões ainda existentes nas relações entre judeus e gentios. Ele escreveu a 
respeito dos planos de visita a Macedônia antes de chegar a Corinto, e ali passar o inverno (l Co 16.5 e 
ss.). As prováveis notícias a respeito das dificuldades existentes nas igrejas da Macedônia teriam 
chegado a Paulo ali; então, enviou a Timóteo e a Erasto adiante de si a fim de pronto encaminhamento 
às soluções até a sua chegada (At 19.22). Ele esperava permanecer em Éfeso Pentecostes do ano 
seguinte (l Co 16.8). 
Ao que parece, os planos de Paulo mudaram depois da partida de Timóteo e Erasto. Ele se 
deparou com problemas em Éfeso. Os quais quase o levaram à morte (l Co 1.10). Alguns estudiosos 
acreditam que ele tivesse sido levado à arena a fim de lutar contra animais ferozes; outros acreditam 
que a linguagem é simbólica (l Co 15:32). Lucas se preocupa em incluírem sua narrativa os perigos 
enfrentados por Paulo em Éfeso. 
A controvérsia com Demétrio (vv. 23-41). O autor de Atos já mostrou o grande impacto que o 
evangelho causou em Éfeso. A controvérsia com Demétrio, um ourives, é mais uma evidência da 
extraordinária influência da igreja. Esta controvérsia não foi resultado de instigação da parte dos judeus, 
mas da parte dos gentios, cujos interessespessoais estavam sendo afetados. A razão apresentada 
para justificar o tumulto era de caráter religioso, porém a causa real era outra em que entravam em jogo 
aspectos econômicos. Demétrio era fabricante de imagens de prata, da deusa Artêmis (Diana), negócio 
altamente rendoso; entretanto, depois de Paulo pregar alguns meses em Éfeso, o mercado de vendas 
de ídolos teve sensível baixa. Peregrinos que vinham pára adorar Artêmis também adquiriam muitas 
vezes imagens de prata para levarem consigo para casa. A influência do ministério de Paulo estava 
conduzindo a uma diminuição de compra de imagens, chegando a ponto de levantar não pequeno 
alvoroço acerca do Caminho (v. 23). Demétrio reuniu os demais artífices e lhes disse que em quase 
toda a Ásia, este Paulo tem persuadido e desviando muita gente (do culto a Diana), dizendo não serem 
deuses, os que são feitos por mãos humanas (v. 26). Mesmo que tivesse havido algum exagero nessa 
afirmação, ela revela que a atuação de Paulo tinha influenciado grandemente não só a Éfeso, quanto a 
toda a região ao redor. 
Demétrio apelou não só aos aspectos econômicos dos colegas, mas também às emoções 
religiosas. Ele lhes fez ver que, se Paulo continuasse a sua pregação livremente, em breve a grande 
deusa Diana estaria sendo desacreditada. Ainda mais, o seu argumento incluiu um toque no orgulho 
nacional, ao afirmar que o povo de todas as partes do mundo deixaria de vir a Éfeso para cultuar (v. 27). 
Muita gente se movimentou ao sentir a sua religião ameaçada. E assim ss originou grande confusão, 
em que o povo começou a gritar: "Grande é a Diana dos Efésios:" (v. 28). 
Os artífices não foram bem sucedidos em localizarem Paulo, eles arrebataram a Gaio e a 
 
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FATAD Prof. Jales Barbosa 76 
 
 
Aristarco. Os quais tinham vindo com Paulo da Macedônia e os levaram ao teatro. Embora a Ásia fosse 
governada por um procônsul, Éfeso era uma cidade livre, e muitos assuntos eram decididos pelo demos 
ou povo. Três vezes por mês o povo se reunia em sua ekklesia (assembléia). Havendo necessidade, 
poderiam ser convocadas assembléias extraordinárias. Um presidente eleito pela assembléia, ou oficial 
de registro da cidade, presidia a reunião, era responsável por cuidar da duração estabelecida para o 
encontro, e convocava e encerrava a assembléia. Uma assembléia extraordinária foi convocada para 
julgar a Gaio e a Aristarco. 
O presidente imediatamente solicitou à multidão para que mantivesse a ordem e evitasse que 
as emoções fossem causa de decisões irracionais (v. 35). Ele advertiu que era absolutamente 
desnecessário defender Artêmis ou informar a qualquer cidadão que Éfeso era a guardiã do templo da 
grande deusa. Artêmis era representada por uma pedra sagrada, que, segundo a tradição, teria caído 
do céu (talvez fosse um meteoro) (v.25b). Uma vez que a assembléia tinha poder limitado, o oficial de 
registro da cidade sugeriu que Demétrio e seus colegas se dirigissem aos procônsules que se achavam 
reunidos ali naquela ocasião. Se eles não ficassem satisfeitos com a decisão dos procônsules, o 
assunto poderia ser considerado em uma assembléia regular (v. 39). O oficial de registro lembrou que o 
tumulto poderia ser interpretado como uma revolta contra Roma, e ainda mais poderia resultar na perda 
do privilégio de ser considerada cidade livre. No fundo, a verdade é que ele não achava que as 
acusações de Demétrio e seus companheiros mereceriam a convocação de uma assembléia 
extraordinária. 
Além dos procônsules e do presidente da assembléia é necessário um terceiro grupo de 
oficiais políticos (v. 31). Quando Paulo viu os seus companheiros sendo conduzidos ao teatro, teve 
ímpetos de também entrar no teatro e falar ao povo. Nisto ele foi impedido pelos asiarcas (chefes da 
Ásia), seus amigos particulares, os quais acharam que ele se arriscaria demais. 
Os asiarcas eram oficiais provinciais. Cada província tinha um conselho, constituído de 
representantes das principais cidades, ao qual competia cuidar dos negócios da província. A sua 
principal tarefa era a de providenciar quanto ao culto provincial devido ao imperador romano. O 
propósito desse culto era uma prova de lealdade ao império e o vínculo de sua unidade. Em conexão 
com o culto comum ao imperador, aconteciam as festas provinciais, com jogos e festivais. O presidente 
do conselho provincial presidia também as festas e os jogos. O título dado a ele era o de "governador 
da província" (asiarcas). E interessante notar que exatamente aqueles que eram responsáveis pelo 
culto ao imperador se tomaram amigos particulares de Paulo. 
Ekklesia (o termo neo-testamentário para igreja) é usado em referência a uma assembléia 
secular do povo em At 19:32, 39 e 41. A palavra refere-se a um tipo de organização do povo, a qual se 
reunia em ocasiões determinadas a fim de tratar de assuntos pertinentes aquele povo. Embora a 
organização tivesse um presidente encarregado da convocação, era o povo, em regime democrático, 
que estabelecia quais os assuntos a serem tratados. E, uma vez que esse termo específico foi tomado 
para designar a igreja do Novo Testamento, é evidente que esta deveria seguir a mesma linha 
administrativa. Essa assembléia espiritual deveria ter um líder que convocasse e presidisse uma 
organização democrática. Esse líder não se constituía em autoridade para decidir pela assembléia. As 
suas responsabilidades seriam determinadas pela assembléia que o elegera. E ele era responsável pela 
execução dessa responsabilidade perante essa mesma assembléia. 
Lucas apresenta ainda o interessante incidente ocorrido (v. 33 e ss). Os judeus mantinham 
uma posição fanática contra a idolatria. Alexandre talvez com a finalidade de evitar que os judeus 
fossem identificados como cristãos, como orador que era, tentou conseguir o uso da palavra. Mas, logo 
que os gentios perceberam que ele era judeu, redobraram em gritar durante duas horas "Grande é a 
Diana dos efésios" (v.34). Só depois que se cansaram é que o oficial de registro da cidade pode obter a 
atenção dele e mostrar-lhes a sua estultícia (v.36 e ss.). 
4. Paulo Deixa Éfeso - At 20.1 
O alvoroço em Éfeso fez com que Paulo deixasse a cidade imediatamente. Durante o ano 
seguinte o apóstolo viajou pela Macedônia e Acaia a fim de encorajar as igrejas, antes de fazer a sua 
última viagem a Jerusalém. 
CCaappííttuulloo XXIIVV -- AA VVIIAAGGEEMM DDEE PPAAUULLOO AA JJEERRUUSSAALLÉÉMM EE SSUUAA PPRRIISSÃÃOO -- AAtt 2200::22--2244..2277 
Depois da longa permanência de Paulo em Éfeso, ele tinha determinado fazer uma viagem a 
Jerusalém, a fim de levar a oferta das igrejas gentias. Antes, porém, era-lhe necessário passar pela 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 77 
 
 
Macedônia e Acácia para recolher a oferta e se despedir das igrejas onde ele trabalhou 
aproximadamente 7 anos. 
A viagem de Paulo a Jerusalém teve muitas paradas. Em várias oportunidades, os seus 
amigos tentaram dissuadi-lo de ir àquela cidade, onde certamente enfrentariam problemas. Porém, em 
virtude da profunda convicção de Paulo a propósitos dos planos divinos e a sua confiança em Deus, na 
execução de seus planos, a despeito da oposição, ele permaneceu firme em sua decisão. 
Paulo seguiu o conselho dos irmãos em Jerusalém e participou dos costumes judaicos, 
Contudo, a inimizade dos judeus contra ele era tão grande que eles movimentaram o povo, criando um 
tumulto, o qual resultou em seu aprisionamento. A vontade de Deus não pode ser anulada. O servo do 
Senhor, como tinha uma oportunidade extraordinária de testemunhar a oficiais políticos, e a 
perseguição a ele oferece a oportunidade de uma sonhada viagem a Roma. 
1. A última visita à Macedônia e a Acácia- At 20.2-6 
A ocasião em que Paulo deixa Éfeso marca o início dos seus planos, de encerramento das 
atividades na área do mar Egeu. Pode ser que, sair de Éfeso, quisesse ir diretamente a Corinto, mas 
delongou a sua viagem a fim de evitar mais um encontro penoso com os coríntios (II Co 1.23-2.1). Tito 
tinha sido enviado a Corinto com uma carta Paulo esperava encontrá-lo em Troas com notícias da igreja 
em Corinto (I Co 2.12-13). 
Paulo saiu de Troas para a Macedônia e visitou as igrejas. Ele "exortou grandemente" (v. 2) a 
cada igreja. O seu maior interesse era o de recolher as ofertas para os santos em Jerusalém e dar as 
suas últimas instruções às novas igrejas, que certamente seriam assaltadas por elementos depois da 
saída de Paulo. Mais tarde ele fez referência à liberdade das igrejas pobres da Macedônia, na ocasião 
em que procurou se esforçar para orientar a igreja em Corinto, em suas cartas (II Co 8.1 e ss). 
Lucas sintetiza a última visita de Paulo a Macedônia e Acácia em apenas uma sentença (vv. 2 
e 3). Ele diz que Paulo se demorou meses, na Grécia, no inverno. Nada menciona sobre qualquer 
cidade e chama a Grécia pelo seu nome primitivo “Helas" ao invés de usar "Acaia". O nome romano (v. 
2), é provável que Paulo tenha se hospedado, quando em Corinto, na casa de Gaio (cf. Rm 16.13), e 
tenha escrito a sua carta aos romanos durante esse período de três meses de permanência na Grécia. 
Depois de todas as lutas contra os judaizantes, os quais continuamente insistiam em que os gentios 
deveriam guardar os costumes de Moisés, Paulo sistematizou toda a doutrina da justiça pela fé, nessa 
sua Carta aos Romanos. Quando escreveu, estava se preparando para a perigosa viagem a Jerusalém 
(cf. Rm 15.31). Depois de visitar ele pretendia ir até Roma e mesmo até a Espanha (cf. Rm 15.22-32). 
Com o intuito de evitar quaisquer dúvidas a respeito de sua honestidade quanto à entrega da 
oferta em Jerusalém, Paulo solicitou que fossem indicados alguns que o acompanhassem nessa missão 
(v 4, cf. II Cr 9.21). Possivelmente desejaria reunir os representantes das várias igrejas em Troas, mais 
uma conspiração contra a sua vida, movida pelos judeus obrigaram-no a deixar a cidade antes da 
época programada [v. 3]. Ele voltou à Macedônia deve ter passado algum tempo na província do Ilírico, 
antes do encontro programado em Troas (cf. Rm 15. 19). É possível que a sua visita ao Ilírico tenha 
sido antes do inverno em Corinto. Quando Paulo de volta, pela Macedônia, Sópater, de Beréia, e de 
Aristarco e Segundo, de Tessalônica, possivelmente tenham se unido ao grupo de mensageiros das 
igrejas (v. 4). Caio e Timóteo, de Derbe (Galácia), já estariam com Paulo. Tíquico e Trófimo devem ter 
chegado a Troas, vindo da Ásia (Éfeso) antes da chegada de Paulo (v. 5). Dois dos manuscritos mais 
antigos do Novo Testamento trazem, a esta altura, uma nota na qual consta que os representantes das 
igrejas iriam se encontrar com Paulo em Troas. Seria realmente muito mais natural que os da Ásia e 
Galácia o encontrassem em Troas, do que atravessarem até a Macedônia e depois voltarem com ele de 
lá (v. 5). Talvez, Timóteo, que estava com Paulo, tenha sido enviado adiante, a Troas, enquanto Paulo e 
Lucas permaneceram em Filipos até depois da Páscoa. 
O emprego da primeira pessoa do plural no verso 5 mostra que Lucas se reuniu a Paulo em 
Filipos. Ele permaneceu ali até depois dos dias dos pães asmos, talvez abril de 57 a.D. A sua viagem a 
Troas durou cinco dias, e eles permaneceram em Troas durante sete dias (v. 6). 
2. Um Culto Dominical em Troas - At 20.7-12 
A mensagem de despedida de Paulo em Troas deu grande significado à vida das primitivas 
igrejas gentias. Paulo tinha, comemorado a páscoa antes de deixar Filipos. No “primeiro dia da semana” 
ou seja, no domingo, a igreja se reuniu para partir o pão (v. 7). O partir do pão pode ter sido um jantar 
em conjunto, uma festa de confraternização ou a celebração da Ceia do Senhor. Por outro lado, a 
 
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referência pode ser a ambas as situações. A igreja poderia ter tido um jantar de confraternização ao fim 
do qual fosse celebrada a Ceia do Senhor. Essa prática tem as suas raízes na última ceia que Jesus 
tomou com os seus discípulos, quando ao final instituiu a santa ceia com os respectivos elementos 
simbólicos. 
Embora os cristãos se reunissem no sábado, esse dia da semana não tinha significado 
especial para os cristãos gentios, os quais não tinham por fundamento os costumes judaicos. Os 
cristãos fora dos arraiais judaicos começaram a se reunir espontaneamente, no chamado primeiro dia 
da semana, em virtude de ser esse o dia em que o Senhor Jesus ressurgiu. Os primitivos cristãos 
judeus continuaram a realizar os seus cultos na sinagoga por isso, continuaram a guardar o sábado. 
Quando o cristianismo se separou definitivamente do judaísmo, os cristãos escolheram o primeiro dia 
da semana como o seu dia de culto. 
João 20.1 e 26 registra que os discípulos se reuniram no “primeiro dia da semana” e se 
reuniram no mesmo dia na semana seguinte. De 1 Co 16.1, sabemos que era costume na igreja em 
Corinto realizarem-se os cultos no primeiro dia da semana. 
Paulo pregou uma longa mensagem aos discípulos reunidos. Lucas estava certamente, o 
método romano de iniciara contagem do dia à meia-noite; assim, a reunião deve ter ocorrido no 
domingo à noite. A igreja em Troas, como outras, reunia-se em casas particulares. O maior 
compartimento era a sala superior. 
Paulo tinha muito a dizer em sua última palavra à igreja; então ele se estendeu até a meia 
noite. A fim de que houvesse iluminação suficiente na sala, foram instaladas muitas luzes (V.8). Talvez 
o calor das lâmpadas e o discurso extenso contribuíram para que adormecesse, o jovem Êutico, 
assentado na janela. E então ele caiu do terceiro andar. O verso 9 parece dar a entender que Êutico 
tinha morrido, mas o verso 10 mostra que Paulo descobriu que o jovem não morrera: "Tendo Paulo 
descido, debruçou-se sobre ele e, abraçando-o, disse: Não vos perturbeis, pois a sua alma está nele" 
(v. 10 - IBB). Não se sabe se a sua vida lhe foi restaurada milagrosamente ou se Paulo chegou mesmo 
à conclusão de que a primeira informação não correspondia à realidade. 
O discurso de Paulo foi interrompido por um breve espaço de tempo. Depois de retomarem a 
reunião, Paulo partiu o pão e comeu com os discípulos (v. 11). Em seguida, continuou a sua palavra até 
tarde. 
3. A Viagem de Assôs a Mileto - At 20.13-16 
Tudo parece indicar que Paulo e seus companheiros alugaram um barco, que os conduziu até 
a Lícia. É possível que Paulo tenha decidido não embarcar em algum navio em Troas por causa de 
velejar perigoso. O navio velejou contornando o promontório (um pedaço de terra que avança pelo mar) 
e Paulo embarcou em Assôs. O uso da primeira pessoa do plural indica a presença do autor entre os 
companheiros de bordo. Depois de Paulo ter embarcado em Assôs, navegaram para Mitilene. No dia 
seguinte navegaram para Quios, dali para Samos e finalmente para Mileto. Paulo propositadamente não 
parou em Éfeso, a fim de evitar gastar mais algum tempo na Ásia. Ele pretendia estar em Jerusalém por 
ocasião do Pentecostes, para o que faltavam apenas cerca de 30 dias. 
4. Instruções Finais aos Presbíteros de Éfeso - At 20.17-38 
Em virtude de sua profunda apreciação pelos cristãos da Ásia, Paulo enviou mensagem, 
convidando os presbíteros de Éfeso, para se encontrarem com ele em Mileto. Quando eles chegaram, 
ele lhes entregou uma mensagem que era ao mesmo tempo conselho, incumbência e despedida. 
Rackham divide a mensagem em três tópicos, e cada tópico tem três subdivisões que se destinam ao 
mundo, a igreja e ao crente individualmente. Ele vê nos versos 18-27 a autodefesa de Paulo. Paulo se 
defende diante do mundo, depois diante da igreja e finalmentequanto a sua sinceridade pessoal. Nos 
versos 28-31 convoca a todos os crentes no mundo ao se arrependerem e crerem, os presbíteros a 
serem fiéis em seu ministério e os cristãos como indivíduos a viverem uma vida de autodevoção nos 
versos 32-35 ele apresenta as suas despedidas à igreja e encomenda os crentes à graça do Senhor. 
Paulo defendeu o seu caráter e sua conduta diante deles porque ele sabia que, depois de sua 
partida, os judaizantes haveriam de atacar o seu caráter a fim de desviar os discípulos dos ensinos 
recebidos dele. As suas cartas aos Gálatas e Coríntios deixam transparecer que ele estava sendo 
acusado de pregar por dinheiro, prestígio e posição social pessoal. Ele, então, assegurou aos 
presbíteros que em seu trabalho buscou tão-somente servir ao Senhor em humildade, sem a 
preocupação de tirar qualquer vantagem pessoal ou de explorar o povo. Todas as recompensas 
 
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materiais que recebera não poderiam nem sequer ao menos apagar as tristezas que experimentou da 
parte dos judeus em sua conspiração contra ele. 
Verso 19. Embora o ponto de vista de Paulo a salvação pela fé sem a necessidade de guardar 
os costumes de Moisés lhe tivesse trazido muitas perseguições, ele não temia proclamar vigorosamente 
que isto era o que tinha recebido do Senhor. Ele não deixava de proclamar essa mensagem, mesmo 
sabendo que os judeus poderiam reagir com violências. Ele disse tanto a judeus quanto gregos, que 
uma real ligação com Deus só era estabelecida por meio da fé em Cristo, e não por guardar os 
costumes de Moisés (v. 21). 
Paulo tinha sido advertido de que, ao chegar a Jerusalém, haveria de se deparar com tristezas 
e aflições (v. 23). Entretanto, ele se sentia impelido pelo Espírito Santo a ir a Jerusalém; e então não 
queria deixar de cumprir a vontade do Senhor e evitar assim quaisquer dificuldades pessoais. A maior 
parte de seu ministério tinha sido entre os gentios. De sua Carta aos Romanos, sabemos que ele sentia 
grandemente a situação de seu próprio povo. Ele desejava tanto que todos eles pudessem 
experimentar o amor e o poder de Deus que vêm pela fé no Senhor Jesus Cristo. Do verso 24 
dependemos que Paulo sentia a obrigação compartilhar também o Evangelho da Graça com os judeus 
em Jerusalém antes de ter completado a tarefa para a qual o Senhor o convocara. 
O apóstolo sabia que não retornaria à Ásia (v. 25). A afirmação não significa que ele esperava 
morrer em Jerusalém, mas que a sua expectativa era a de se dirigir a outras províncias depois de ter 
estado em Jerusalém. Paulo sentia que o seu trabalho na Ásia e províncias vizinhas tinha sido 
completado, "estou limpo do sangue de todos" (v. 26 - IBB). Paulo tinha usado sabiamente o seu tempo, 
em o plano divino em todos os lugares por onde passaria (v. 27). Ele proclamou o plano divino de incluir 
os gentios no Reino de Deus, embora essa proclamação lhe custasse a rejeição de seus próprios 
concidadãos o propósito completo de Deus incluía a união de gregos e judeus dentro da igreja". 
O verso 28 reflete aspectos do conceito de liderança no seio da Igreja Primitiva. Lembremos 
que Paulo estava se dirigindo aos presbíteros da igreja em Éfeso (v. 17). O termo "ancião" (ou 
presbítero) foi adotado do seu uso no conceito judaico de liderança na sinagoga e no sinédrio. Os 
líderes das instituições sociais judaicas eram os chefes das famílias ou "anciãos". A sociedade judaica 
de cunho patriarcal favorecia formas aristocráticas de governo das instituições. Os anciãos eram 
homens experimentados, que tinham autoridade sobre a menor instituição social, que é o lar. O chefe 
dos anciãos de sinagoga era o responsável pelos cultos nas sinagogas. 
Uma vez que a igreja em Éfeso se reunia nos lares, estava dividida em unidades menores ou 
grupos cuja constituição era determinada pela localização geográfica e facilidades de comunicação. 
Provavelmente pertencessem também à igreja em Éfeso as congregações nas cidades vizinhas. Um 
grupo de anciãos da igreja veio ter com Paulo, e cada unidade menor da igreja tinha mais do que um 
ancião, não se sabe ao certo. 
O verso 28 apresenta os anciãos como guardiões, pastores e supervisores (bispos). A igreja é 
chamada "o rebanho", que deve ser protegida contra falsos mestres. Os anciãos deveriam ter cuidado 
consigo mesmos a fim de se guardarem das doutrinas dos judaizantes e dos gnósticos; além disso, 
deveriam ser os supervisores da igreja, sob a orientação do Espírito Santo. A um supervisor (bispo) 
cabia apenas cuidar da congregação e protegê-la, não dirigi-la. Os anciãos-bispos foram instruídos a 
“apascentar a Igreja de Deus". Os pastores guiam, guardam e alimentam o rebanho. Um ancião-bispo 
haveria de ser um líder experimentado e respeitado, guardando o rebanho de doutrinas falsas, 
alimentando-o com a palavra de Deus e conduzindo-o na prática da vontade de Deus, atendendo às 
necessidades do mesmo. Ele é o responsável perante o Espírito santo por essas atividades. Ninguém 
deveria escolher essa posição movida por razões de ambição ou de orgulho. 
A igreja pertence a Deus. É identificada como "a Igreja de Deus", significando o povo de Deus. 
Os cristãos ficaram em lugar dos israelitas como povo de Deus. Foram adquiridos (comprados) com o 
sangue do próprio Deus. Paulo não fez distinção entre o sangue derramado por Cristo e o de Deus, no 
verso 28. Sangue representa vida, Deus entregou a vida do seu próprio filho, a fim de que a igreja 
pudesse ter vida. 
Paulo estava consciente de que após a sua partida, "lobos ferozes" haveriam de tentar destruir 
o rebanho. Os judaizantes já dantes tinham tentado tantas vezes destruir as igrejas na Galácia e na 
Macedônia. Outros líderes, que se chamaram a si próprios, com ensinos pervertidos, haveriam de tentar 
arrastar os discípulos após si (v. 30). Paulo lembrou aos anciãos que ele dedicou três anos de trabalho 
 
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constante e diligente de ensino entre eles (v. 31). Depois de sua partida, seriam eles os responsáveis 
por continuarem a proclamação da Palavra de Deus. Ele reconhecia que eles haveriam de ser tentados 
e provados, mas a graça de Deus haveria de sustentá-los e de lhes dar a vitória (v. 32). 
Paulo refutou a acusação feita por alguns, de que ele pregava a Cristo, a fim de receber ofertas 
em prata, ouro ou roupas (v. 33). Lembrou o fato de que, enquanto entre eles, ele se manteve 
ganhando o sustento com o trabalho de suas próprias mãos. Ao invés de pregar para conseguir escapar 
do trabalho manual, ele reuniu esses dois elementos a fim de ajudar aos pobres em suas necessidades 
(v. 35). A mensagem de Paulo contém uma expressão de Jesus que não é apresentada nos 
Evangelhos, "Coisa mais bem-aventurada é dar do que receber" (v. 35 - IBB). 
Paulo concluiu o seu encontro com os anciãos de Éfeso, fazendo uma oração. E, em virtude de 
Paulo lhes ter dito que não o veriam mais, eles choraram e o abraçaram repetidamente antes de ele 
partir. O verso 38 é um quadro do quanto de amor e de respeito os anciãos tinham para com Paulo. 
5. Continuando a Viagem a Jerusalém - At 21.1-16 
Depois da triste partida de Mileto, Paulo e seus companheiros fizeram uma boa viagem a Cós, 
Rodes e Pátara, que estavam na costa de Lícia. Pátara e Mira era normalmente as paradas para 
viagens em que se cruzasse o mar na direção do Egito quanto na de Chipre e Síria. Paulo, seus 
companheiros e os mensageiros das igrejas encontraram em Pátara um navio que se destinava à 
Fenícia. A distância era de aproximadamente 650 km, a qual poderia ser percorrida em cerca de quatro 
dias, caso os ventos fossem favoráveis. O mar aberto entre Pátara e Tiro exigia uma embarcaçãomaior 
do que aquela em que viajaram anteriormente. Enquanto o navio estava descarregando em Tiro, Paulo 
procurou os discípulos. As igrejas na Fenícia tinham sido fundadas por helenistas; portanto, os 
discípulos não seriam hostis ao evangelho de Paulo. Já em oportunidade anterior, eles tinham 
manifestado o seu regozijo ao ouvir as notícias da conversão de gentios (At 15.3). 
O propósito de Lucas em registrar essa parte é o de apresentar a fé firme de diante Paulo das 
palavras de que não subisse a Jerusalém. A hostilidade dos judeus com os gentios tinha aumentado, e 
assim a posição de Paulo tinha lhe trazido à conseqüência do que a sua vida corria por causa dos 
zelotes judeus. Eles tinham crescido em número e em atrevimento. 
A troca de carga em Tiro permitiu que Paulo e seu grupo permanecessem ali sete dias com os 
discípulos. Quando chegou o dia da partida, os discípulos e suas famílias acompanharam a Paulo e 
seus companheiros até o navio. Após orarem juntos na praia, mais uma despedida teve lugar na manhã 
do quinto domingo depois da páscoa (v. 5). 
Seguiram de Tiro para Ptolemaida, e de lá para Cesaréia. Ali se hospedaram em casa de 
Filipe, que era um dos sete. Filipe já estava trabalhando na evangelização de Cesaréia havia vinte e 
quatro anos. Ao que parece, ele tinha se estabelecido ali, tendo quatro filhas que eram profetisas (v. 9). 
Lucas nada diz a respeito da natureza da atividade profética delas. O fato de o autor mencionar que 
elas eram virgens não significa absolutamente que a Igreja Primitiva mantivesse a posição de que a 
virgindade era superior ao matrimônio. Aquelas jovens devem ter advertido a Paulo dos perigos que o 
aguardavam em Jerusalém 
Ágabo que já tinha profetizado anteriormente em Antioquia, apresentou agora mensagem 
profética, atando os pés e as mãos de Paulo com o próprio cinto deste, significando, assim, aquilo que 
havia de suceder a Paulo em Jerusalém. Ágabo profetizou que aquele a quem pertencia o cinto haveria 
de ser amarrado pelos judeus em Jerusalém e depois ser entregue aos gentios (v. 11). Os profetas 
apresentavam a sua mensagem como sendo "a palavra do Senhor" Ágabo apresentou aquilo que "o 
Espírito Santo diz". Paulo tinha plena convicção de que o Espírito Santo o estava dirigindo a Jerusalém. 
Os seus amigos tentavam dissuadi-lo desse propósito, achando que o Espírito Santo o estaria dirigindo 
em outra direção (vv. 12 e 13). 
Paulo estava convicto de que a sua viagem a Jerusalém se achava conforme a vontade do 
Senhor, de tal modo que estava disposto não somente a ser preso, mas a morrer por ele, se fosse 
necessário (v. 15). Jesus também tinha a sua face voltada para Jerusalém, mesmo cabendo que essa 
sua ida até lá significava a sua morte. A firme convicção de Paulo não era produto de uma simples 
obstinação, mais do que isso era o resultado de uma firmeza de caráter. Ele estava convicto de que a 
doutrina da salvação só pela fé e a unidade de gentios e judeus dentro da igreja eram princípios 
fundamentais, revelados por Deus em todo o Velho Testamento e por Cristo. 
A última etapa da viagem é descrita no verso 15, "Depois destes dias... (IBB). Muitos judeus 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 81 
 
 
estavam se dirigindo a Jerusalém para a Festa de Pentecostes, a qual acontecia cinqüenta dias após a 
Páscoa. Alguns discípulos de Cesaréia se uniram a Paulo e seus companheiros. A viagem era mais ou 
menos de cem quilômetros, e assim não era possível percorrer essa distância em um dia apenas. 
Destarte, o grupo passou uma noite numa pequena aldeia em que morava Maáson. Este era um dos 
primeiros discípulos, tendo feito parte, provavelmente, do grupo dos 120 que participaram da vinda do 
Espírito Santo no Pentecostes. Uma vez era originário de Chipre pensa-se que ele deve ter levado o 
evangelho àquela ilha, por onde Paulo e Barnabé iniciaram a sua primeira viagem missionária. 
6. Acontecimentos que Culminaram com o Aprisionamento de Paulo – At 21.17-40 
As apreensões de Paulo foram parcialmente aliviadas quando, chegando a Jerusalém, foi 
cordialmente recebido pelos cristãos dali, que lhe deram um tratamento autêntico de fraternidade cristã 
(v. 17). No dia seguinte, Paulo teve um encontro com Tiago e outros anciãos, os quais glorificaram a 
Deus quando ouviram de Paulo as experiências a respeito da atuação divina entre os gentios. Eles 
informaram a Paulo, por outro lado, que muitos dos crentes judeus continuavam a ser zelosos da lei. 
Tinha sido combinado na Conferência de Jerusalém que os cristãos judeus continuariam as suas 
práticas, guardando a lei mosaica, mas que não obrigariam os gentios a fazê-lo. 
Um dos pontos principais estava na circuncisão das crianças. Os cristãos de Jerusalém tinham 
recebido a notícia de que Paulo estaria ensinando aos judeus que viviam entre os gentios a não 
circuncidarem os seus filhos, nem praticarem os costumes de Moisés. E, desde que um dos principais 
dentre os costumes judaicos era o que os judeus não se associassem a gentios incircuncisos, seria 
impossível que houvesse judeus e gentios em uma mesma igreja, se os judeus continuassem a manter 
seus costumes e os gentios não fossem circuncidados, então, a fim de que pudesse haver melhor união 
nas igrejas mistas, é bem possível que Paulo tenha insistido com os judeus a abrirem mão da prática 
dos costumes judaica, a fim de poderem se associar com os gentios incircuncisos. 
Os cristãos da igreja em Jerusalém não tinham esse problema. Eles podiam se regozijar com 
Paulo quanto às bênçãos de Deus sobre o seu ministério entre os gentios. Mas, por outro lado, eles 
também sabiam do problema que se criara por causa de sua recepção cordial a Paulo e de sua relação 
fraternal com ele nessa ocasião. Então eles sugeriram que Paulo demonstrasse publicamente, que não 
era contrário à prática dos costumes. E isto ele faria procedendo a um rito de purificação juntamente 
com outros quatro homens que tinham feito voto. Outrossim, recomendaram que ele todas as despesas 
que envolviam a prática do rito, a fim de que os judeus vissem que Paulo não se opunha à guarda da lei 
e dos costumes judaicos. 
O propósito de Paulo em ir a Jerusalém não era remediar o problema entre os cristãos judeus e 
gentios, mas muito pelo contrário, tentar contribuir para maior aceitação mútua. A sugestão dos líderes 
de Jerusalém estava absolutamente de acordo com a decisão da conferência e não agredia a liberdade 
dos gentios companheiros de Paulo, que não foram obrigados a cumprir a lei mosaica enquanto em 
Jerusalém. Quanto a Paulo, como era judeu, não havia problema em que procedesse conforme os 
costumes judaicos, então ele participou do rito da purificação e concordou em pagar as despesas, não 
somente as suas, mas também dos outros quatro que estavam cumprindo o seu voto. Quando o voto do 
nazireado estava cumprido, com o raspar a cabeça e queimar o cabelo no altar, eram oferecidos em 
sacrifício dois cordeiros, um carneiro, um pão e um bolo com farinha, e ainda oferta de bebidas. Era 
considerado como prática de piedade, para os judeus mais abastados, custear as despesas do 
oferecimento de sacrifícios, aos irmãos pobres que não dispusessem de recursos. Esse ato 
demonstraria publicamente que Paulo era a favor dos costumes judaicos. 
Proceder à purificação significava uma demonstração pública para os judeus, de que Paulo e 
os quatro outros homens tinham estado sob o voto do nazireado, mas que os dias do voto tinham sido 
completados. Tudo parece indicar que Paulo passava pelo templo com cada um dos quatro, 
demonstrando, assim, a sua participação com eles no voto cumprido (v. 26). 
Quando chegou o último dia da prática do rito de purificação, alguns judeus não cristãos, da 
Ásia, viram Paulo no templo em Jerusalém. Imediatamente eles lançaram mão dele e tumultuaram a 
multidão. Acusando-o de quatro afrontas aosjudeus: 
1) Paulo não era leal ao seu próprio povo. 
2) Paulo pregava que os cristãos não eram obrigados a participar das festas em Jerusalém 
nem das cerimônias no templo. 
3) Paulo pregava que não era necessário guardar a Lei de Moisés. 
 
LIVROS DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
FATAD Prof. Jales Barbosa 82 
 
 
4) Paulo introduzia gregos no interior do templo, violando o lugar santo, 
O preconceito sempre perde a objetividade. Esta última acusação contra Paulo era baseada 
em conclusões apressadas. Os judeus tinham visto Paulo junto com Trófímo na cidade, mas não no 
templo (v. 2). Então concluíram que se Trófimo estava com Paulo cidade, certamente também teria sido 
levado por Paulo ao templo. 
O preconceito também torce e perverte a verdade. Possivelmente os judeus da Ásia tivessem 
ouvido Paulo ensinando aos gentios que eles seriam salvos e aceitos na igreja cristã 
independentemente das leis do proselitismo. 
O preconceito também cega o homem quanto a realidade. Alegavam que os seus costumes 
traziam a sanção divina, e com isto concluíram que o praticar esses costumes garantia a sua situação 
de justos perante Deus. Tinham transformado os seus costumes como pré-requisitos a salvação. As 
suas atitudes reduziam a religião a um conjunto de costumes com força de lei. Jesus se deparou com 
circunstancias idênticas. Foi rejeitado e morto pelos líderes religiosos de sua época, que julgaram estar 
ele blasfemando contra Deus, em virtude de não concordar com a substituição dos reais valores 
espirituais por legalismo. 
Paulo estava sendo acusado de profanar a coorte interna, a coorte de Israel, Introduzindo 
Trófimo na área sagrada. Os que agarraram a Paulo arrastaram-na da interna para a externa, chamada 
átrio dos gentios, lugar esse que os estrangeiros poder adentrar. Entre as duas áreas havia paredes e 
colunas contendo inscrições em grego e latim, com a proibição de qualquer estrangeiro passar, "sob 
pena de morte". Depois de Paulo ter sido retirado da corte interna, a porta foi fechada (v. 30). 
A área externa era cercada de colunatas que formavam grandes abóbadas com telhados 
espaçosos. No canto da coorte, situado na direção noroeste, havia a escadaria que dava na fortaleza de 
Antônia. Essa fortaleza, que fora construída inicialmente pelos hasmoneos, foi mais tarde usada como 
quartel-general da guarnição romana ou coorte. Uma coorte era constituída de mil homens e 
comandada por um tribuno ou “capitão”. Cada coorte era constituída de dez centúrias, cada uma delas 
sob as ordens de um centurião. O comandante ou o tribuno da coorte era Cláudio Lísias. O seu nome 
grego indica não ser romano de nascimento. Possivelmente fosse originário da região da Lícia e 
recebeu a cidadania romana ao tempo do Imperador Cláudio. 
Como era comum haver confusões entre os judeus, os soldados romanos montavam guarda na 
área do templo. Eles perceberam o tumulto que envolvia a Paulo em tempo de conseguirem retirá-lo 
antes que fosse morto. Lucas descreve a extensão do tumulto, afirmando que "toda a Jerusalém estava 
em alvoroço" (v. 31). 
Em casos de blasfêmia, a penalidade era o apedrejamento, contudo, a multidão procurava 
matar a Paulo através socos e pancadas. Alguns centuriões foram enviados, cada um com os seus cem 
homens. Por fim, mais duzentos soldados foram enviados a fim de dominar a multidão, e qual parou de 
espancar a Paulo quando viu o capitão, os centuriões e os soldados (v. 32). 
Paulo foi preso e algemado a dois soldados. Os soldados tiveram ordens de conduzi-lo pela 
escadaria até o quartel. A multidão preferia tê-lo morto, que vê-lo escapar-lhe das mãos, conduzido 
pelos gentios (v. 36). Quando Paulo alcançou a segunda parte da escadaria, a qual levava da abóbada 
para a fortaleza pediu permissão para falar. E, desde que ele falou em grego, o capitão, desapontado, 
chegou à conclusão de que ele não era "o egípcio" (v. 38). 
Ao que parece, Lísias pensou que tinha agora conseguido capturar um impostor egípcio, que, 
pouco tempo ante, tinha liderado uma revolta, levando 4.000 sicários (bandidos) para o deserto (v. 38). 
Josefo (Antig. XX. 8.6) faz a descrição da revolta liderada pelo egípcio, o qual assegurou aos seus 
seguidores que os muros de Jerusalém cairiam diante deles como os muros de Jericó caíram diante de 
Josué. Mas, ao contrário disto, quando ele e seus seguidores chegaram a Jerusalém, os soldados 
romanos, comandados por Félix, deram sobre eles. Alguns morreram, outros foram capturados, mas o 
egípcio conseguiu fugir. 
Paulo se identificou como sendo um judeu de Tarso na Cilícia (v. 39). Foi-lhe dada a permissão 
para falar ao povo e ele se dirigiu a eles no dialeto hebraico, provavelmente o aramaico (v. 40). 
7. A Autodefesa de Paulo perante os Judeus –At 22.1-21 
Muitos judeus da diáspora só falavam o grego; e por isso quando o apóstolo inesperadamente 
falou à multidão em seu prórpio dialeto, ganhou sua atenção(v. 1 e 2). Uma vez que a origem e o 
 
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passado de Paulo eram desconhecidos da maior parte dos judeus, ele fez um relato de sua vida 
pregressa (v. 3 e ss.). Conquanto fossem quatro as acusações contra ele, poderiam, Entretanto, ser 
resumidas em uma só, e esta era a de ensinar que judeus e gentios são iguais no Reino de Deus. 
Assim ele era considerado traidor do seu povo e da religião de seus antepassados. Defendendo-se 
dessas acusações, Paulo observou que tinha sido sempre um judeu muito leal e que o seu ministério 
aos gentios foi em atendimento divino. 
Paulo disse que nasceu em Tarso, na Cilícia. Embora a sua terra natal não pertencesse ao 
território da chamada Terra Santa, os seus estudos superiores do Velho Testamento e da Lei, fê-los 
com Gamaliel, um eminente fariseu. A sua formação fora sob os mais escrupulosos rigores da Lei e da 
tradição dos Pais. Os fariseus eram conhecidos pelo seu zelo em guardar a lei. Paulo, agora, não tinha 
nenhuma dificuldade em compreender o comportamento da multidão, pois que outrora, em sua própria 
experiência, ele também "perseguiu o caminho até à morte" (v. 4). Reconhecia ele que a multidão 
expressava daquela forma, de acordo com o seu entendimento, o seu zelo para com Deus (v. 3). Foi 
movido por esse mesmo zelo, que ele participara do apedrejamento de Estevão. Da mesma forma que 
os seus opositores agora, também ele outrora, perseguira a homens e mulheres que lhe pareciam 
desrespeitar a Lei. Talvez alguns dos líderes judaicos tivessem se lembrado de Paulo, que cerca de 
vinte e três anos antes perseguira os cristãos (v. 5). 
Conquanto a palavra de Paulo servisse como autodefesa, na realidade ele a usou a fim de 
testemunhar de sua experiência com Cristo (vv. 6-16). A experiência não tinha sido programada por ele, 
antes a recebera como divina. A grande luz que brilhou dos céus aconteceu à tarde, não havia dúvida 
de que se tratava de milagre divino. Com a luz, a voz do Senhor, identificando-se como Jesus de 
Nazaré a quem Paulo estava perseguindo enquanto lançava mão dos cristãos (v. 8). Paulo disse que os 
seus companheiros viram a luz, mas "não ouviram a voz que falava a mim" (v. 9). Lucas mostra, no 
capítulo 9, que aqueles que acompanhavam a Paulo ouviram a voz. Um acurado exame gramatical de 
22.9 revela que os companheiros ouviram a voz, mas não compreenderam nada; o que os seus ouvidos 
perceberam foi apenas ruído. 
Paulo continuou apresentando a série de acontecimentos que o deixaram numa situação em 
que não deixar de atender à vontade divina. Recebera instruções de que Ananias de Damasco haveria 
de lhe dar ainda outras orientações. 
Ananias não poderia ser acusado de perverter a teologia judaica de Paulo, pois que ele próprio, 
sendo judeu devoto, guardava a Lei. Acegueira proveniente do brilho da luz na estrada foi removida 
quando Ananias impôs as suas mãos sobre Paulo. Esse milagre comprovava, mais uma vez, que a 
experiência que Paulo tivera de Deus. O milagre do restabelecimento da visão poderia ocorrer senão 
pelo poder de Deus. Ananias interpretou o acontecimento como indicação de Deus escolhera Paulo 
para a salvação pela fé no "justo" (v. 14). A eleição de Paulo não tinha sido arenas para a salvação, 
mas também para o serviço. Haveria de se tomar uma testemunha "a todos os homens", daquilo que 
vira e ouvira (v. 15). 
O verso 16 tem sido usado, às vezes, para argumentar a favor do batismo como elemento 
necessário à regeneração. Entretanto, o texto em apreço não ensina que os pecados são lavados no 
ato do batismo. A ênfase está no final da frase "invocando o seu nome" (IBB). Ele fora purificado de 
seus pecados invocando o nome do Senhor, e a sua experiência fora simbolizada no seu batismo. 
Paulo se refere a uma viagem que teria feito a Jerusalém e a uma experiência que teria tido no 
templo, o Senhor lhe teria revelado que deveria deixar Jerusalém (v. 17 e ss.). Paulo tinha mais 
habilidade que Pedro, quando se referia a respeito da rejeição de Jesus por parte dos judeus (v. 18). 
Ele relutou, da mesma forma que Jonas, em deixar o seu povo, em obediência à ordem do Senhor (v. 
19). 
Não se sabe se ao final de sua palavra o povo estaria continuando a dar atenção ou não. 
Parece que teria estado atento até o momento em que ele narrava a respeito da ordem taxativa que 
recebera do Senhor: “Vai, porque eu te enviarei para longe aos gentios” (v. 21 - IBB). No instante em 
que mencionou a palavra "gentios" a multidão reagiu violentamente e pedia a sua morte (v. 22). 
8. O Apelo de Paulo à sua Cidadania - At 22.23-30 
A multidão ouvia atentamente, até que Paulo mencionou aos gentios. Essa única palavra 
confirmava a sua suspeição resultou em que o julgassem como traidor; digno de morte. Os judeus se 
expressaram, conforme o costume oriental, a rasgar as vestes e lançar pó pelo ar. 
 
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O tribuno romano, não entendeu a razão da reação dos judeus. Então determinou arrancar a 
verdade do próprio Paulo, utilizando-se do açoite, para que Paulo confessasse porque os judeus 
clamavam contra ele. Paulo foi estendido, pelos soldados romanos, para o açoitamento brutal, que, às 
vezes resultava em morte do açoitado. Paulo aguardou até o último instante para usar privilégio da 
cidadania romana a fim de evitar o suplício. Súditos e escravos de Roma eram muitas vezes 
maltratados pelos soldados romanos, mas era absolutamente ilegal o espancamento vergonhoso e 
público de um cidadão ou a sua condenação sumária sem um cuidadoso e apurado exame do crime 
praticado. O fato de Paulo invocar a sua cidadania romana agravava ainda mais a sua situação perante 
os judeus. 
Lucas mostra que os centuriões e o tribuno reconheceram a gravidade de sua ação, ao 
maltratarem um cidadão romano. Paulo não esperou mais, para revelar ao tribuno, que ele era um 
cidadão livre (v. 28). O tribuno ficou tremendamente receoso, pois que ele sabia estar em falta por ter 
prendido Paulo (v. 29). Então ele instalou um julgamento particular, onde compareceriam os 
acusadores, que apresentariam as suas razões contra Paulo. A identidade judaica de Paulo não o 
beneficiava mais, assim ele se viu forçado a se utilizar sua origem romana. 
9. Paulo perante o Sinédrio - At 23.1-10 
Uma vez que as acusações contra Paulo lhe pareciam envolver aspectos da lei dos judeus, 
Lísias decidiu levar Paulo para ser julgado pelo Sinédrio. Diante do Sinédrio, Paulo não se sentia como 
um criminoso, mas na situação de igual para igual. Ele olhou detidamente para o Conselho e se dirigiu a 
eles chamando-os "irmãos" (v. 1). Paulo já ocupara o seu lugar entre eles, tanto nos bancos como entre 
os discípulos. Ele estava acostumado a tratar com procônsules, asiarcas e outros líderes, tanto judaicos 
quanto gentios. 
Paulo informou o Conselho de sua absoluta convicção quanto ao estar fazendo a vontade de 
Deus (v. 1). O sumo sacerdote Ananias reagiu violentamente a essa afirmação de Paulo e ordenou que 
lhe batessem na boca. O tipo de reação, conforme Josefo, eram bem característica de Ananias, o qual é 
descrito como tendo sido avarento e cruel. Ele teria adquirido grandes fortunas utilizando-se de meios 
violentos. Paulo, por sua vez, reagiu espontaneamente, com as seguintes palavras: "Deus te ferirá a ti, 
parede branqueada" (v. 3 - IBB). Ele estava sendo julgado como tendo quebrado a lei, mas Ananias 
acabara de quebrar a lei também, dando ordens que a contrariavam. Então alguém lembrou a Paulo 
que ele estava falando com o "Sumo Sacerdote de Deus" (v. 4). E, uma vez que, a Escritura afirma; 
"Não dirás mal do príncipe do teu povo" (v. 5 - IBB), Pauto reconheceu que tinha cometido um erro. 
Então, ele disse quê não sabia tratar-se do sumo sacerdote. Ele certamente estava se referindo à do 
homem que dera a ordem. Paulo respeitava a função e não o homem que a ocupava. 
Paulo viu uma última oportunidade de comunicar a esperança em Cristo com os seus irmãos. 
Os seus acusadores não tinham nenhuma disposição de admitir a causa real da acusação era outra. 
Eles se estribavam em razões religiosas, em sua oposição a ele. Paulo tinha conseguido algum 
progresso em seu esforço de convencê-los de que todo o seu trabalho na Causa fora em obediência à 
vontade de Deus. Ele conseguiu conduzir o assunto até o ponto da controvérsia doutrinária quando 
percebeu que estava perante um grupo em que uma parte era de saduceus e a outra de fariseus. 
A sua esperança cristã estava baseada na ressurreição dos mortos. Ele discordava dos 
fariseus, no aspecto em que reconhecia que a esperança cristã incluirá tanto judeus quanto gentios. 
Habilmente, não mencionou esse aspecto, porque sabia que a base principal do problema que estava 
enfrentando situava-se exatamente na área de não aceitação dos gentios por parte dos judeus, em 
virtude de seu orgulho nacional. 
Então, Paulo afirmou que estava sendo julgado porque pregava a ressurreição dos mortos. Ele 
pertencera ao sinédrio e conhecia a diferença de dois grupos quanto à doutrina da ressurreição, aos 
anjos e dos espíritos. A sua afirmação incendiou o conflito entre os dois grupos, e os fariseus vieram em 
seu auxílio. Eles declararam não achar mal nenhum nele (v. 9). O grupo sacerdotal aristocrático, dos 
saduceus, continuou a sua oposição a Paulo. Os fariseus argumentavam que, se Deus falara a Paulo, o 
Sinédrio não teria o direito de causar qualquer impedimento, ou mesmo de condenar o seu trabalho. O 
debate entre as duas partes se tornou tão acirrado que o capitão decidiu levar Paulo antes que fosse 
agredido pelos membros do Sinédrio. 
10. O Apoio Divino e a Libertação - At 23.11-35 
Deus se manifestou a Paulo em visão, na qual ele foi confortado e orientado. Ele viera a 
 
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Jerusalém convicto de que ainda tinha por tarefa testemunhar por Cristo aos judeus. Tanto ele próprio 
quanto o evangelho foram totalmente rejeitados pelos judeus. Paulo desejara ir a Roma, e nessa 
oportunidade foi-lhe assegurado que ele também haveria de testemunhar ali (v. 11). 
A relação de Paulo com a cidadania romana assegurou-lhe julgamento honrado, mas não a 
proteção quanto à astúcia dos judeus. Quarenta judeus fanáticos, talvez zelotes, organizaram uma 
conspiração contra ele e fizeram um voto de que não comeriam nem beberiam enquanto não tivessem 
matado a Paulo (v. 12). Os quarenta provavelmente fossem sicários, que conduziam armas, 
escondendo-as sob as roupas, com as quais assassinavam os seusinimigos enquanto se misturavam 
ao povo. Eles combinaram com o Sinédrio que Paulo seria trazido de novo perante o Conselho para 
maiores investigações. E então os zelotes planejaram matá-lo antes que chegasse ao recinto do 
Sinédrio (vv. 14-15). O seu plano teria dado certo se o sobrinho de Paulo não o tivesse avisado disto (v. 
16). A informação foi dada a Lísias, que tomou conhecimento dela e decidiu transportar Paulo para 
Cesaréia durante a noite (vv. 17-23). Duzentos soldados, setenta cavaleiros, e duzentos homens com 
lança, de uma força militar especial, foram encarregados, de conduzir com a máxima segurança esse 
prisioneiro importante. Lísias tinha consciência da delicadeza da situação e por isso estava determinado 
a evitar que o seu prisioneiro fosse morto. 
O capitão orientou o sobrinho de Paulo para que não contasse a ninguém aquilo que ele sabia 
a respeito do assunto. Lucas não nos informa sobre como o sobrinho de Paulo tomou conhecimento do 
plano dos zelotes. Nem, tampouco, explica o que aconteceu aos quarenta homens quando o seu plano 
falhou. Uma vez que foi providenciado mais de um cavalo para Paulo, deduz-se facilmente que havia 
alguns companheiros com ele (v.24). Nenhum outro prisioneiro é mencionado, mas é possível que 
algum companheiro de Paulo tivesse sido preso com ele (cf. 27.2). O julgamento deste companheiro 
não era importante, desde que ele não significava para os judeus tanta ameaça como a que Paulo 
representava. 
Cláudio Lísias escreveu uma carta a Félix, o governante da província (vv. 25-30). Explicou as 
condições pelas quais estava enviando Paulo com tanta cautela e acrescentou a informação sobre a 
cidadania romana de Paulo. Mencionou o plano que fez com que ele decidisse transportar Paulo para 
Cesáreia com tanta urgência e declarou a inocência de Paulo quanto a qualquer crime digno de morte 
ou de aprisionamento (v. 29). Os soldados partiram com a carta e o seu prisioneiro, e percorreram a 
distância de cerca de cinqüenta quilômetros, até Antipátride, durante a noite. Desde que a distância era 
suficiente para colocar Paulo a salvo dos zelotes, os soldados que marchavam a pé retomaram a 
Jerusalém no dia seguinte (v. 32). Uma viagem como essa teria sido impossível a que não tivesse o 
treinamento militar. Os cavaleiros prosseguiram a viagem e entregaram Paulo e a carta ao governador. 
Paulo foi guardado com toda a cautela no pretório (palácio) de Herodes, o qual servia de residência ao 
governador ou procurador romano. 
11. O Julgamento de Paulo perante Félix - At 24.1-27 
11.1. O caso contra Paulo (vv. 1-9) 
O governador programou o julgamento de Paulo para a ocasião em que chegassem os seus 
acusadores. Mas Paulo não teve de esperar muito tempo à chegada do sumo sacerdote Ananias, que 
veio com alguns anciãos e um orador ou advogado, chamado Tértulo, o qual colocou o caso de Paulo 
diante do procurador. 
"Tértulo iniciou o seu discurso com a saudação pessoal, característica da oratória romana. 
Comentou a sua missão de paz, correção de erros e a que judeus tinham para com o governo de Félix. 
De fato, Félix era homem de caráter duvidoso, mas haveria alguma base para a apreciação de Tértulo. 
Ele tinha eliminado os bandidos quando assumiu o poder. O historiador Tácito (Hist. V. 9) disse que 
Félix "divertia-se com as crueldades e paixões ardentes, e manejava o poder real com a mentalidade de 
um escravo". A sua terceira mulher era Drusila, uma judia. 
As acusações de que criara discussões entre os judeus e que era líder da seita dos nazarenos 
tinham conotações políticas. É claro que a "seita dos nazarenos" se referia aos cristãos, cujo líder era 
Jesus de Nazaré. Paulo era acusado de violação religiosa, por profanar o templo (v. 6). O verso 7 é 
omitido nos manuscritos mais antigos. Tértulo pressionou a Félix para que examinasse com toda a 
urgência, a fim de estabelecer a procedência de suas acusações (v. 8). Os judeus que acompanharam 
Tértulo confirmaram o que ele disse. 
 
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11.2. A defesa de Paulo (vv. 10-21) 
Paulo negou duas das três acusações feitas por Tértulo. Ele negou que fosse um agitador e 
que tivesse feito o tumulto em Jerusalém (v. 12), pois que tinha vindo a Jerusalém para adorar apenas 
doze dias antes (v. 11). Reconheceu parcialmente a segunda acusação, segundo a qual era o líder mais 
ardoroso da seita "cujo caminho eles chamavam de heresia" (v. 14), mas negou que os seguidores do 
"caminho" tivessem rejeitado o culto a Deus conforme a Lei e os profetas (v. 14). Como seguidor do 
"caminho", Paulo afirmava ser um judeu mais leal que os seus acusadores. "A seita" dava ênfase à 
ressurreição tanto de justos como de injustos, doutrina ensinada pelos fariseus (v. 15). Os fariseus 
também insistiam que a pessoa deveria ser inculpável diante de Deus, pela observância da Lei. Paulo 
somente mantinha uma consciência sem culpa diante de Deus e dos homens, mas tinha ido além 
daquilo que lei estabelecia por ter trazido uma oferta para o seu próprio povo (vv. 16 e 17). 
Paulo refutou a terceira acusação de que ele profanara o templo, afirmando: "certos judeus da 
Ásia, me encontraram no templo, purificado; não estava misturado à multidão, nem tão pouco metido 
em tumulto" (V.18. NASB). Os judeus da Ásia é que foram realmente os responsáveis pelo tumulto. 
Paulo lembrou aos seus acusadores havia sido ouvido pelo Sinédrio, que não foi capaz de estabelecer 
a sua culpabilidade quanto a ato menos digno (cf. 23.1-10) Os próprios fariseus tinham defendido a 
proclamação que ele fizera quanto e ressurreição, no Conselho. 
11.3. A decisão de Félix (vv. 22-27) 
A ênfase que Paulo dera à doutrina básica do cristianismo, que é a que se refere à 
ressurreição, fez com que os fariseus absolutamente não pudessem apoiar os saduceus e condenarem 
a Paulo como hereje. E assim, desde que não havia acordo entre os acusadores de Paulo e o seu 
testemunho contradizia as suas acusações, Félix achou por bem proceder a uma investigação mais 
profunda, antes de tomar qualquer decisão. Paulo foi guardado com cautela, mas foi-lhe concedida 
certa liberdade; assim, Lucas deixa transparecer Félix não considerava Paulo culpado de qualquer 
crime que coubesse à sua coorte decidir. 
Félix era casado com a judia Drusila, filha de Agripa II, que foi quem matou Tiago. Ela era irmã 
de Agripa II e de Berenice (cf. 25.23). Drusila nascera em 38 a.D. e se casara com Azizo, rei de 
Emessa, com a idade de quinze anos. Ela e Berenice tinham ciúmes uma da beleza da outra, e então 
cada qual procurava passar a outra para trás, nas oportunidades do galgar posições sociais. Drusila 
abandonou a Azizo, para se tomar a terceira mulher de Félix. 
Félix tinha algum conhecimento do cristianismo e desejava conhecê-lo melhor. Ele e Drusila 
convidaram, então, Paulo para lhes falar "a respeito da fé em Cristo" (v. 24). Paulo não usava as suas 
oportunidades diante das autoridades romanas para a sua própria defesa, mas para testemunhar de 
Cristo. As palavras de Paulo quanto à justiça, temperança e juízo vindouro aplicava-se diretamente à 
ambição monetária de Félix a sua paixão de suborno (v. 26), de poder político e social, e auto-
recompensa. Da mesma forma, a mensagem se aplicava a Drusila, controlada pela vaidade, pelo ciúme 
e pela ambição social. Embora Félix reconhecesse a inocência de Paulo, manteve-o preso, na 
esperança de receber dinheiro, por um lado, e, por outro, para agradar aos judeus (v.27). Ao invés de 
se arrepender, ao se conscientizar de sua culpa. Félix despediu-se de Paulo com a desculpa fraca de 
que não tinha tempo de continuar a ouvi-lo (v. 25). E assim, Paulo continuou preso em Cesaréia até que 
Festo se tomou procurador. 
 
 
 
QUESTIONÁRIO 
1. Faça a ligação entre os lugares visitados e a respectiva viagem, colocando a letra antes do número 
da viagem._________ 1ª viagem a) Macedônia e Acaia 
_________2ª viagem b) Ásia, Macedônia e Acaia 
_________3ª viagem c) Chipre e Galácia 
 
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2. Qual era a principal cidade da Macedônia? _____________________________ 
3. Quais os passos que Paulo dava no estabelecimento de um novo trabalho em uma cidade? 
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________ 
4. Qual era o nome do conselho em Atenas? _______________________________________________ 
 
COMPLETE 
5. Os estóicos criam que o significado da vida se achava: 
a) No_______________________________________________________________________________ 
b) Na_______________________________________________________________________________ 
c) Na_______________________________________________________________________________ 
6. De acordo com os estóicos, o homem, ao morrer é _______________________no_______________ 
7. Apresente os argumentos que Paulo usa para demonstrar que Deus é criador. 
a) _______________________________________________________________________________ 
b) _______________________________________________________________________________ 
c) _______________________________________________________________________________ 
d) _______________________________________________________________________________ 
e) _______________________________________________________________________________ 
8. Quais as áreas visitadas por Paulo nas quais estabeleceram igrejas em cada uma de suas três 
viagens missionárias? 
b) ______________________________________________________________________________ 
c) ______________________________________________________________________________ 
9. Porque Paulo e Silas foram considerados como presos políticos perigosos? 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
10. O que levou Paulo a deixar Tessalônica e Bereia apressadamente? 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
11. O que é tomado como marco do encerramento da segunda viagem missionária de Paulo? 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
 
 
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CCaappííttuulloo XXVV –– AA MMIISSSSÃÃOO DDEE PPAAUULLOO AA RROOMMAA -- AAtt 2255..11--2288..3311 
O propósito de Lucas ao escrever o livro de Atos, era o de mostrar que Jesus de Nazaré era o 
Senhor e rei do Universo. Ele tinha especial interesse em indicar o senhorio de Cristo sobre os gentios, 
sendo ele próprio um dentre eles. A fim de o seu propósito era necessário demonstrar as conquistas 
geográficas, sociais e nacionais do evangelho sob o poder do Espírito Santo. Não se propunha Lucas a 
montar uma história completa de toda a expansão do evangelho, mas incluir o suficiente para mostrar 
que Cristo é o Senhor de todos os povos. 
Lucas mostra como pessoas de todos os níveis sociais eram trazidas para o Reino. Muitos dos 
que, a princípio, aceitaram o evangelho tanto em Jerusalém quanto na Galiléia, pertenciam à classe dos 
pobres. Logo depois começaram a se converter os sacerdotes. Mais a adiante, o evangelho vencendo 
as barreiras nacionalistas dos judeus, foi pregado a um oficial da rainha etíope. Durante a primeira 
viagem missionária, converteu-se um governador romano. Em um sem-número de ocasiões, Paulo 
tivera a oportunidade de compartilhar das verdades do evangelho com oficiais romanos. Em Atenas, ele 
teve ocasião de falar aos intelectuais. Lucas mostra que o cristianismo não estava limitado a uma 
determinada nação, nem a determinado grupo social. Cristo é o Senhor de todos. 
O propósito de Lucas em mostrar que Cristo é o Senhor de todos, só se completou quando o 
testemunho do evangelho foi levado a Roma. Paulo não foi o pioneiro nessa tarefa, entretanto a sua 
contribuição à igreja em Roma, por meio da carta que lhe dirigiu, bem assim como a sua visita pessoal a 
ela, merece o destaque dado por Lucas, em Atos, de sua viagem a Roma. Lucas descreve, antes de 
mais nada, as circunstâncias que ocasionaram a referida viagem. Depois passa as experiências 
ocorridas durante a mesma. O livro termina com um breve relato da recepção que Paulo teve por parte 
dos cristãos e o seu ministério entre os gentios de Roma. Uma vez que a igreja em Roma foi se 
tomando aos poucos, predominantemente gentia, pode-se compreender o significado da contribuição de 
Paulo a ela. 
1. O Apelo a César - At 25.1-12 
Durante os dois anos de sua prisão em Cesaréia, Paulo não foi mantido isolado totalmente. 
E bem possível que ele tivesse tido a oportunidade de permanecer em casa particular gozando de 
liberdade, a despeito de estar algemado a um soldado. Foi-lhe permitido ter consigo os seus amigos e 
cooperadores. Talvez Filipe e outros cristãos de Cesaréia, o visitassem constantemente. Lucas e 
Aristarco, possivelmente estivessem continuamente ao seu lado. Acredita-se que as chamadas 
epístolas da prisão destinadas aos Efésios, Colossenses a Filemon, tenham sido escritas de Cesaréia. 
Félix, como procurador, foi sucedido por Festo, entre os anos 55 a 59 a.C. Embora não se 
saiba exatamente qual a ocasião de sua chegada a Cesaréia, uma data do fim desse período é a que 
melhor se ajusta cronologia de Lucas. O julgamento de Paulo perante Festo ocorreu cerca de 58 ou 59 
a.D. 
Ao compartilhar o seu terceiro dia de governo, Festo viajou para Jerusalém e ali foi abordado 
especialmente, a respeito de Paulo. Sendo responsável pela manutenção da paz na sua província, ele 
procurou as boas graças do povo. Sabendo do desejo do procurador, de agradar aos judeus, os 
principais sacerdotes lhe fizeram um pedido que pensavam, não lhes haveria de negar. Eles pediram 
que Paulo fosse trazido de volta a Jerusalém para julgamento. O Sinédrio estava montando um 
esquema, exatamente idêntico ao plano dos sicários, de assassinarem a Paulo, caso ele viesse a ser 
transportado de Cesaréia a Jerusalém. Festo manifestou o seu espírito de equilíbrio e de sabedoria, 
negando o atendimento ao pedido, oferecendo, entretanto, a alternativa de reabrir o julgamento de 
Paulo, caso os líderes judaicos desejassem renovar as suas acusações a ele. 
Festo, como romano, não se achava ainda, suficientemente em condições de compreender as 
leis próprias dos judeus e tão poucas as acusações que faziam contra um dos seus. Parece que ele 
estava convicto de que Paulo não era culpado de algo que fosse propriamente crime, mas iniciando a 
sua atividade como procurador não poderia simplesmente ignorar o pedido que os líderes lhe estavam 
fazendo. 
Depois de oito ou dez dias, Festo retornou a Cesaréia e os líderes judaicos o acompanharam, 
para o julgamento de Paulo (v. 6). Lucas não repete as acusações feitas a Paulo. Ele, apenas, diz que 
eles trouxeram "contra ele muitas e graves acusações, que não podiam provar" (v. 7 – IBB). Pela defesa 
apresentada por Paulo, deduzimos que estava sendo novamente acusado, de quebrar a lei religiosa dos 
judeus (ensinando que a circuncisão não era pré-requisito para a comunhão com Deus), de quebrar o 
 
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