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Yasmim Mascarenhas 
Psicologia 
 
 
Definição: psicofarmacologia é o estudo dos psicotrópicos (substâncias que 
atuam no Sistema Nervoso Central). 
Avaliação inicial: diagnóstico e exclusão de causas biológicas. É importante 
atentar-se às causas biológicas, pois algumas patologias clínicas podem se 
apresentar como quadros psiquiátricos (os sintomas psiquiátricos podem ser se-
cundários a causas orgânicas). Uma desregulação na tireoide, por exemplo, 
pode simular um quadro depressivo. 
Sintomas-alvo: objetivos específicos (transdiagnóstico). Se o sintoma que está 
atrapalhando o sujeito com mais veemência é o descontrole do impulso, por 
exemplo, este deve ser o primeiro a ser tratado. 
Interação com outras drogas: existem várias medicações que influenciam 
tanto na apresentação clínica do paciente, quanto no tratamento. 
Escolha do medicamento: deve considerar as comorbidades. Se um paciente 
apresenta TDAH e Ansiedade, por exemplo, deve-se ter cuidado para que a me-
dicação escolhida para o TDAH não piore o quadro ansioso, e vice-versa. Outro 
exemplo: se o paciente apresenta insuficiência nos rins, o medicamento esco-
lhido deve ser aquele que apresenta menor influência na excreção renal. Outro 
ponto relevante que deve ser considerado é a condição econômica do paciente, 
assim como as interações da nova medicação com os remédios que já são utili-
zados pelo paciente e os efeitos colaterais. 
Noções de farmacocinética e farmacodinâmica. 
Estes são alguns pontos a serem observados na escolha da medicação: 
O que estou tratando? O profissional deve perceber a hierarquia dos sintomas 
para decidir qual destes deve ser tratado primeiro. Quando um paciente apre-
senta comportamentos suicidas, por exemplo, independentemente se ele tem 
um transtorno de personalidade, um quadro psicótico, ou o que seja, o alvo prin-
cipal deverá ser tratar tais comportamentos. 
 
 
 
Quem é o meu paciente? O profissional deve atentar-se às comorbidades apre-
sentadas pelo paciente, se ele é idoso, se é criança etc. 
Quais possíveis interações medicamentosas? O profissional deve pensar: 
Meu paciente pode beber? Meu paciente pode utilizar anticoncepcional? Meu 
paciente pode utilizar um antibiótico x? etc. 
Neurônios: células eletricamente excitá-
veis que se comunicam através das sinap-
ses. Possuem três regiões básicas: 
• Corpo celular: contém o núcleo e 
o citoplasma. Produz os neuro-
transmissores, recebe e integra as 
informações. 
• Axônio: fibra nervosa única, responsável por propagar o impulso ner-
voso. 
• Dendritos: numerosos prolongamentos do corpo celular por onde o neu-
rônio recebe as informações. 
Sinapse: é uma conexão funcional onde uma parte do neurônio interage e se 
comunica com outro neurônio ou tipo celular. Estes são os elementos da sinapse: 
• Neurônio pré-sináptico, vesículas sinápticas, bombas de recaptação, en-
zimas degradadoras, fenda sináptica, neurotransmissores, neurônio pós-
sináptico e receptores. A maioria das reações ocorre na fenda sináptica 
(espaço entre um neurônio e outro). 
Neurotransmissores: substâncias químicas produzidas pelos neurônios e que 
são usadas para transmitir informações entre eles. São conhecidos como “men-
sageiros químicos”. Os principais para a psicofarmacologia, são: 
• Serotonina, noradrenalina e dopamina. 
Teoria Monoamnérgica: a causa dos transtornos mentais é um desbalanço na 
quantidade ou função das monoaminas (neurotransmissores). 
 
 
Teoria Neurotrófica: alterações relacionadas ao estresse diminuem os níveis 
de BDNF (Fator Neurotrófico), corroborando para o desenvolvimento do trans-
torno. 
Os psicofármacos agem modulando a quantidade ou função das monoamidas, 
por meio dos mecanismos: 
• Aumento de neurotransmissores na fenda sináptica (local onde os neuro-
transmissores podem produzir seus efeitos); 
• Diminuição de neurotransmissores na fenda sináptica; 
• Alteração da sensibilidade dos receptores sinápticos. 
Farmacocinética: metabolismo da droga no corpo (o que o organismo faz com 
o fármaco). Processos de absorção, distribuição, excreção etc. 
• Absorção: oral, intramuscular, intranasal, endovenosa etc. 
o As medicações orais e intramusculares são mais utilizadas na psi-
quiatria. A intranasal ainda é muito cara, e a endovena causa mui-
tos efeitos colaterais (alguns podem até causar parada respirató-
ria), assim, é utilizada, geralmente, em casos excepcionais em que 
o paciente está muito agitado. 
• Distribuição: diz respeito ao modo como o fármaco vai se espalhando 
pelas células e penetrando nos tecidos. Quanto maior a potência da me-
dicação, mais rapidamente ela será penetrada nos tecidos. 
• Biodisponibilidade: diz respeito ao quanto de fármaco é distribuído pelo 
organismo. É um conceito importante para fazer comparação com outras 
drogas, exemplo: 10mg de Diazepam corresponde a quantos miligramas 
de Clonazepam? 
• Metabolização: a maioria dos fármacos é metabolizada pelo fígado, por-
tanto o profissional precisa ter atenção quando está utilizando mais de 
uma medicação em um paciente, seja ela clínica ou psiquiátrica. 
• Excreção: o rim é responsável pela excreção no corpo humano. Portanto, 
deve-se atentar se existe uma excreção prejudicada ou não no paciente. 
 
 
• Meia-vida e efeito de descontinuação: a meia-vida diz respeito ao 
tempo necessário para que determinado fármaco diminua a concentração 
no corpo para a metade da sua concentração. Medicações com meia-vida 
mais curta, que dentro de algumas horas já apresenta apenas metade da 
concentração inicial, podem apresentar efeitos colaterais como ansie-
dade, enjoo, dor de cabeça etc. pelo efeito de descontinuação. Isso não 
significa que o sujeito está dependente da medicação! Esse conceito é 
importante para diferenciar o que é síndrome de descontinuação e sín-
drome de abstinência. 
• Sítios moleculares de ação: são locais de ação dos psicofármacos. Po-
dem ser agonistas (aumentam a resposta do receptor), antagonistas (blo-
queiam o receptor) e transportadoras. 
• Curva dose-resposta: diz respeito a como a medicação responde ao 
longo do tempo. Com o aumento da dose, qual a resposta que tenho? 
• Índice terapêutico: distância entre a dose efetiva e a dose tóxica. Quanto 
maior, mais seguro (maior margem de segurança). 
• Tolerância: conceito relacionado a necessidade de doses cada vez mai-
ores de determinadas medicações para ter o mesmo efeito. 
• Dependência: quando o sujeito apresenta tolerância, então necessita de 
doses cada vez maiores, quando tenta interromper o uso da medicação e 
não consegue, quando os laços interpessoais começam a ser prejudica-
dos para a obtenção da droga etc. Pode acontecer tanto com as drogas 
lícitas, quanto com as ilícitas. 
• Abstinência: sintomas relacionados ou a diminuição da droga ou a inter-
rupção do seu uso que normalmente são contrários ao efeito da droga 
(mas isso não é uma regra). Exemplo: quando o paciente faz abuso de 
psicoestimulante (diminui o apetite, aumenta a vigilância, reduz o sono), 
na abstinência ele apresenta efeitos contrários (aumento do apetite, so-
nolência, lentificação psicomotora etc.). 
Farmacodinâmica: efeito da droga no corpo (o que o fármaco faz com o corpo). 
Por exemplo: o Rivotril seda o paciente. 
➔ Para o tratamento é necessário estabelecer um diagnóstico, iniciá-lo 
(sempre aliado a psicoterapia) e avaliar a resposta, para decidir se a 
 
 
medicação se mantém ou deve ser modificada ou se deve aumentar ou 
diminuir a dosagem. Para avaliar a resposta é imprescindível que o psi-
quiatra esteja em contato e alinhamento terapêutico com o psicólogo. 
Explicar o porquê da introdução do medicamento para o paciente e para o psi-
cólogo, de modo que eles entendam o raciocínio e objetivo clínicos. 
Explicar o tempo de uso, possíveis efeitos colaterais na introdução e efeitos es-
perados de resposta. Para a conversa sobre o tempode uso, o profissional pre-
cisa perceber qual o momento ideal, pois uma mensagem de “tomar remédio 
para toda a vida”, por exemplo, pode assustar o paciente se não for falada no 
momento certo. Ademais, é necessário que um vínculo profissional-paciente já 
tenha sido criado. 
Solicitar os exames necessários. 
Comunicar familiares, quando necessário. 
Checar o uso atual ou prévio de outras medicações e comorbidades clínicas. 
Medicações com corticoide acima de 40mg, por exemplo, podem desencadear 
quadros de mania ou psicose. 
Aliança psicólogo + psiquiatra: qual o objetivo com esse paciente? Como avaliar 
a resposta ao fármaco e psicoeducação? 
Os profissionais (psiquiatra e psicólogo) precisam ter noção de quais são os efei-
tos colaterais que podem ocorrer na introdução das medicações (pelo menos 
das mais utilizadas) para conseguir conduzir o caso. 
O psicólogo precisa observar quais efeitos colaterais graves estão surgindo no 
seu paciente, para que possa comunicar ao psiquiatra. 
Principais efeitos colaterais: 
• Disfunção sexual: apresenta três fases: redução na libido, comprometi-
mento da ejaculação e ereção e dificuldade com o orgasmo. 
• Alterações no peso e apetite. 
 
 
• Sedação. 
• Sudorese. 
• Náuseas. 
• Constipação. 
• Cefaleia. 
Os pacientes costumam descontinuar a medicação por dois principais motivos: 
disfunções sexuais e alterações no peso e apetite. 
Pode ser necessário que o fármaco seja substituído dependendo do grau em 
que o paciente se sinta prejudicado, ou que outro seja adicionado. Mas, antes 
de qualquer coisa, é preciso investigar se existem outras causas para os efeitos 
colaterais. O ganho de peso pode ser por conta de um erro alimentar, por exem-
plo, e não devido ao uso do fármaco. Contudo, em alguns casos não é possível 
que a medicação seja substituída. 
Efeitos colaterais pouco comuns, porém graves: 
• Aumento do intervalo QT (alteração no eletrocardiograma). 
• Alteração no sódio. 
• Inibição da agregação plaquetária. 
• Agranulocitose (diminuição da contagem de glóbulos vermelhos e bran-
cos do sangue). Sob o uso de alguns fármacos, o paciente precisará fazer 
exames semanais por 24 semanas para o controle da agranulocitose. 
Como prever interações medicamentosas: 
• Lembrar que existem psicofármacos com o mesmo mecanismo de ação. 
A Velanfaxina (antidepressivo) não tem indicação de ser utilizada com a 
Sertralina, por exemplo, pois as duas apresentam uma ação parecida. As-
sim, os psicofármacos com combinação favorável são aqueles que apre-
sentam ações diferentes. 
• Observar outros fármacos que interagem com o fármaco utilizado. 
• Ter cuidado com associações de uso de chás, fórmulas “naturais”, hor-
mônios, anti-inflamatório, corticoide, anticoncepcional oral etc. O uso de 
corticoides está muito associado a piora de quadros psiquiátricos. Alguns 
fármacos diminuem a eficácia do anticoncepcional. 
 
 
Jim, 24 anos, sexo masculino, com história de três anos de Transtorno Bipolar. 
Apresentava-se estável, até que interrompeu, por conta própria, a medicação 
(estabilizador de humor) há três semanas, alegando lentificação psicomotora. 
Relata que está 48 horas sem dormir e compareceu ao consultório com aparên-
cia desleixada, pressão de fala, grandiosidade e ideação paranoide. Quais os 
pontos temporais para avaliação? Ou seja, qual deve ser a hierarquia do trata-
mento? 
Em primeiro lugar, Jim precisa dormir, diminuir a agitação e não apresentar mais 
perigo para si mesmo ou para terceiros. Normalmente, benzodiazepínicos e an-
tipsicóticos seriam indicados. Com a privação do sono, pode-se desencadear 
episódios de mania; portanto, a prioridade é reverter esse quadro. 
A primeira avaliação do efeito da medicação deve ser feita logo após a sua ad-
missão na emergência. A próxima importante avaliação deverá ocorrer nos dias 
seguintes até uma ou duas semanas, para assegurar a estabilização do humor. 
Por último, estabilizado o paciente, deverá ser avaliada a tolerabilidade a longo-
tempo do tratamento, para garantir maiores chances de adesão ao tratamento. 
Sue, 42 anos, apresenta seu segundo episódio de Depressão Maior. Ela nunca 
fez uso de antidepressivos, mas agora está disposta a tentar o tratamento medi-
camentoso. Quando ela deverá passar por uma reavaliação? 
A reavaliação deverá ocorrer nos primeiros dias, até uma semana após o início 
do tratamento, para controle dos efeitos colaterais. Após três a quatro semanas, 
já se espera melhora do humor. No entanto, na ausência de melhora, pode-se 
considerar a modificação da droga após quatro a cinco semanas. A aliança entre 
o psicólogo e o psiquiatra nesse caso é fundamental para o seguimento do caso, 
psicoeduação em relação ao transtorno, sobre a medicação e a avaliação de 
situações iminentes de risco. Escala para mensuração de sintomas podem ser 
aplicadas. 
Um paciente deprimido que está muito mal e não consegue levantar da cama, 
melhora um pouco a ativação comportamental com o uso do antidepressivo, mas 
 
 
o humor demora mais um pouco para melhorar e, por isso, nessa primeira se-
mana, a ativação comportamental associada ainda com o humor deprimido, 
pode aumentar o risco de suicídio. 
O tratamento deve ser individualizado para cada paciente, avaliando o número 
de episódios, sintomas vigentes, qual o transtorno, quais as comorbidades etc. 
O protocolo deve ser transdignóstico, ou seja, o foco deve ser no problema prin-
cipal do paciente, e não no diagnóstico em si. 
O alvo terapêutico é sempre o retorno da funcionalidade, mas cabe ressaltar que 
a funcionalidade é subjetiva, depende de cada sujeito. 
Durante o tratamento é indispensável as reavaliações para ajustes, associações 
ou substituições do psicoterápico. 
Transtornos Depressivos segundo o DSM-V-TR: 
• Transtorno Disruptivo da Desregulação do Humor (< 12 anos). 
• Transtorno Depressivo Maior. 
• Transtorno Depressivo Persistente (Distimia); 
• Transtorno Disfórico Pré-Menstrual. 
• Transtorno Depressivo Induzido por Substância/Medicamento. 
• Transtorno Depressivo Devido a Outra Condição Médica. 
• Transtorno Depressivo Não Especificado. 
As principais medicações que podem induzir um quadro depressivo, são: 
Roacutan (para tratamento de acne grave); Tamoxifeno (utilizada para pacientes 
que tiveram câncer de mama para prevenir a reincidência do câncer) etc. 
Apenas em 1972 foi criado o primeiro antidepressivo inibidor seletivo da recap-
tação de serotonina (Fluoxetina), conhecido por muito tempo como a “pílula da 
felicidade”. 
Os antidepressivos não servem apenas para o tratamento da depressão na 
prática da Psiquiatria. Também podem ser úteis para: 
 
 
• Episódio Depressivo Maior (EDM). 
• Transtorno Depressivo Recorrente (TDR). 
• Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). 
o As doses utilizadas para tratar o TOC costumam ser maiores em 
relação aos outros transtornos. 
• Transtorno de Ansiedade Generalizado (TAG). 
• Transtorno do Pânico. 
• Transtorno do Estresse Pós Traumático (TEPT). 
• Transtornos Alimentares. 
o O único medicamento aprovado para Bulimia é um inibidor seletivo 
de recaptação de serotonina, chamado de Fluoxetina/Prozac. 
• Transtorno Disfórico Pré-Menstrual. 
• Dor crônica. 
• Ejaculação precoce. 
A Mirtazapina, p. ex., é utilizada para um paciente deprimido com sintomas an-
siosos, pois além de melhorar a depressão, melhora a insônia e a agitação. 
Como escolher o antidepressivo: 
• Observando os efeitos colaterais, a segurança e o custo. Não adianta 
prescrever uma medicação para um paciente que nitidamente não supor-
tará os seus efeitos colaterais. 
• Observando as particularidades do transtorno/episódio. 
 
➔ Os antidepressivos comercializados não são igualmente eficazes para a 
depressão. 
Por que o tratamento falha em alguns casos? 
• Complexidade e heterogeneidade da doença depressiva (fenótipos e en-
dofenótipos distintos).Isso significa dizer que a depressão tem diversas 
apresentações clínicas: existe depressão mais ansiosa, psicótica etc. 
Ademais, deve-se levar em consideração as particularidades do paciente. 
• Limitações dos antidepressivos existentes até o momento. 
• Manejo inadequado do tratamento pelo psiquiatra ou pelo paciente. 
 
 
Princípios básicos do manejo da farmacoterapia: 
• Avaliação clínica detalhada. Inicia-se desde a anamnese. Quanto tempo 
esse paciente tem deprimido? Quais são os fatores precipitantes? Quais 
são os fatores associados? É uma depressão com sintomas ansiosos? O 
paciente tem muito pensamento ruminativo? O paciente apresenta pen-
samentos de morte? 
• Transtorno Bipolar. Por vezes, não é depressão, mas sim, TAB. E, em 
alguns casos, só se descobre o TAB após o uso do antidepressivo, pois 
o sujeito apresenta uma virada maníaca (sai do estado depressivo para a 
mania). É importante saber diferenciar o que é sintoma de melhora e o 
que é sintoma de um episódio maníaco. 
• Risco de suicídio. O profissional sempre deve acessar o risco de suicídio 
do paciente (se ele tem pensamentos de morte, se já houve uma tentativa, 
se existe planos para morrer etc.). Cabe ressaltar que o maior fator de 
risco para o suicídio é uma tentativa prévia. O início do antidepressivo 
para pacientes com pensamentos suicidas deve ser bastante cauteloso, 
pois às vezes o sujeito desenvolve a motivação para levantar-se da cama, 
mas ainda pensa em muitas coisas ruins e, assim, pode suicidar-se após 
o uso do fármaco. 
• Comorbidades psiquiátricas e não psiquiátricas. 
• Uso de outras medicações. É fundamental saber se o paciente faz uso 
de outros fármacos, para que a combinação do antidepressivo com outras 
medicações não culmine em uma piora do caso ou intoxicação. 
• Avaliação dos tratamentos prévios (dose, duração, resposta, efeitos 
colaterais). O que o paciente já utilizou de antidepressivos? Por quanto 
tempo? Teve resposta ou não teve? Quais foram os efeitos colaterais? 
• Avaliação laboratorial. Importante para saber como está a tireoide, o ní-
vel de ferro, o nível de serotonina, de cortisol etc. 
• Determinação da adesão, tolerabilidade e segurança. É essencial psi-
coeducar o paciente para que ele compreenda que deve tomar o antide-
pressivo todos os dias, e não apenas naqueles que está triste, além de 
que o início do tratamento pode ser muito chato, pois ele pode piorar um 
pouco para só depois melhorar. 
 
 
• Compreender como o paciente está na terapia. Deve sempre haver um 
diálogo com o psicólogo para que a medicação não interfira no tratamento 
psicológico, afinal, geralmente a relação do paciente com o psicólogo é 
mais profunda do que com o psiquiatra e, assim, alguns pacientes não 
comentam sobre suas vidas com o médico, apenas sobre os sintomas. 
• Seguimento a cada 2-4 semanas. É importante que no período de adap-
tação ao medicamento, o paciente dê notícias diariamente para o profis-
sional, para que se observe se existe algum efeito colateral grave. 
• Uso de escalas validadas para monitorar resultados e orientar deci-
sões clínicas. 
Planejamento Terapêutico: 
• Hipótese diagnóstica do episódio atual, de especificadores de sub-
tipo clínico e do transtorno de base. 
• Diagnóstico diferencial, tanto psiquiátricos quanto não psiquiátricos. Im-
portante para saber, por exemplo, se o humor deprimido é realmente de 
uma Depressão ou de um episódio depressivo do TAB ou de qualquer 
outro transtorno que também apresente este sintoma. 
• Presença de doenças ou transtornos comórbidos clínicos ou psiqui-
átricos. As doenças clínicas crônicas (diabetes, hipertensão etc.) aumen-
tam a prevalência de transtornos psiquiátricos, principalmente a Depres-
são, assim como a Depressão aumenta a prevalência dessas doenças. 
• Aspectos da dinâmica do paciente. Separar traços do transtorno de 
personalidade do que é do episódio depressivo ou da ansiedade etc. Exis-
tem pacientes que naturalmente já são mais retraídos. 
• Aspectos familiares. Qual a história de vida do paciente? Quais as suas 
crenças? Existem mais pessoas com transtornos na família? 
• Aspectos ambientais (sono, estilo de vida). Não adianta tratar o paciente 
se ele está sem uma rotina de sono, se ele bebe todos os dias, se ele não 
tem uma rotina de alimentação, se ele não faz atividade física etc. Então 
é necessário investigar como é a rotina desse paciente. 
• Risco de auto/heteroagressão. O paciente está sendo agressivo com 
outras pessoas? Existe risco de suicídio? O paciente toma as suas 
 
 
medicações todos os dias nos horários corretos? É importante saber so-
bre isso para decidir se o sujeito pode ou não ser tratado em casa. 
• Estimular fatores de proteção e reduzir fatores de risco para recaída 
ou recorrência. Fatores de proteção: atividade física, alimentação balan-
ceada, prática da religiosidade, menor índice de uso de substâncias. Fa-
tores de risco: maus hábitos, esquecimento da medicação, uso de subs-
tâncias etc. 
A regra na Psiquiatria é a comorbidade. Em quase todas as vezes, um transtorno 
psiquiátrico está relacionado a outro transtorno psiquiátrico. 
Pontos-chave: 
• O planejamento terapêutico envolve elementos biológicos, psicoló-
gicos, socioculturais e ambientais. 
o Elementos biológicos: alguns indivíduos metabolizam melhor os re-
médios devido a sua etnia; é importante ficar atento se algum pa-
rente próximo já teve alguma reação grave com determinado me-
dicamento etc. 
o Elementos psicológicos: devem ser observados antes da introdu-
ção ou retirada da medicação. Se o paciente está em um contexto 
de divórcio, por exemplo, não é indicado que deixe de utilizar o 
antidepressivo. 
o Elementos socioculturais: p. ex., em algumas culturas o uso dos 
antidepressivos pode ser mal visto e, assim, o profissional preci-
sará psicoeducar o paciente, ter empatia e compreensão etc. Outro 
exemplo: o profissional precisa ter cautela para explicar o uso e a 
importância da medicação para aqueles pacientes muito religiosos. 
o Elementos ambientais: quando é uma medicação que precisa de 
cuidado e o paciente é muito impulsivo, por exemplo, pensa-se na 
possibilidade de deixá-la sob a responsabilidade de outra pessoa. 
• Objetivo do tratamento: remissão dos sintomas (retorno a funcionali-
dade), recuperação funcional e prevenção de recorrências/recaídas. 
• Escolha baseada na tolerabilidade (individual para cada paciente). 
• Tratamentos além dos medicamentosos. 
 
 
Objetivos do tratamento: 
• Melhora da qualidade de vida e capacidade funcional. Espera-se que 
o paciente volte a viver da forma mais parecida possível com a que ele 
vivia antes de desenvolver o transtorno. 
• Remissão máxima possível de sintomas, pois a persistência de sinto-
mas residuais subsindrômicos são associados a um maior risco de recor-
rência. 
• Tempo do tratamento: normalmente há resposta a partir de duas sema-
nas. Dificilmente haverá melhora plena antes de quatro semanas. Já al-
guns pacientes só respondem a partir de seis meses. 
• Se a resposta for satisfatória: permanecer com a dose por 6-12 meses. 
É importante psiceducar o paciente de que o tratamento ocorrerá por no 
mínimo seis meses. 
• Paciente assintomático por seis meses é considerado recuperado do epi-
sódio atual, o que não significa que ao retirar a medicação ele não terá 
outro episódio depressivo. 
• Alguns precisam de manutenção do tratamento (continuar a medicação 
sem previsão de retirada) com o objetivo de prevenção de recorrência. 
Casos que necessitam do tratamento de manutenção: 
• Episódios longos (mais de dois anos). 
• Episódios graves (tentativa de suicídio ou sintomas psicóticos). 
• Depressões resistentes ao tratamento. Quando dois fármacos de classes 
diferentes são utilizadas por tempo e doses adequadas e o paciente não 
melhora. 
• Episódios recorrentes (três ou mais). 
• Depressãono idoso. 
• Presença de sintomas residuais. 
É importante compreender como foi exatamente a tentativa de suicídio. Se o 
paciente apenas se sentou na varanda de sua casa com o pensamento de morte, 
mas não se jogou, esse episódio não se encaixa em uma tentativa de suicídio, 
pois a tentativa é realmente TENTAR. Nesse caso seria ideação suicida. 
 
 
O profissional precisa saber quando pode ser portadora de más notícias. Por-
tanto, se o paciente não está legal e/ou ainda está aceitando o transtorno, este 
não é o momento adequado de esclarecer que ele precisará de medicação para 
toda a vida, exceto em casos que o paciente consegue ser muito flexível. 
Síndrome de Descontinuação: 
Ocorre quando o paciente esquece de tomar a medicação ou quando retira a 
medicação de vez por conta própria ou quando o psiquiatra retira de vez, fazendo 
com que surjam diversos sintomas físicos. Assim, quando uma medicação será 
retirada ou trocada, precisa ocorrer de forma gradual. 
• Recomenda-se que o antidepressivo seja retirado de forma gradativa 
(50% inicialmente e 25% a cada três dias) e assistida. 
• Se houver retirada abrupta da medicação, é necessário diferenciar recor-
rência depressiva da síndrome de descontinuação. A recorrência depres-
siva necessita de um tempo, já os sintomas da síndrome de descontinua-
ção aparecem nas primeiras 24 horas. 
• Os sintomas da síndrome de descontinuação podem ser: náuseas, vômi-
tos, tonturas, irritabilidade, fadiga e sensação de desânimo. A possibili-
dade de ocorrência desses sintomas deve ser comunicada ao paciente. 
O psiquiatra deve monitorar o paciente por mais dois meses após a retirada da 
medicação. 
A Sertralina, por exemplo, só apresenta efeitos após 75mg. No mercado existem 
dosagens menores, que não são terapêuticas, a partir de 25mg, pois são impor-
tantes para a retirada gradual da medicação ou para sua introdução gradual. 
Fatores de risco para a recorrência (recaída): 
• Mais de três episódios. 
• Sintomas residuais. 
• Depressão dupla: quando ocorre um episódio depressivo dentro de um 
quadro de Distimia. 
• Gravidade do episódio. 
• Longos episódios anteriores. 
• Abuso de substâncias concomitantes atualmente. 
 
 
• Transtorno de Ansiedade concomitante. 
• Início antes dos 30 anos. 
FISIOPATOLOGIA DA DEPRESSÃO 
Hipótese Monoamnérgica: diminuição dos níveis sinápticos de monoaminas 
(noradrenalina, serotonina e dopamina), que pode ocorrer por menor síntese ou 
maior metabolização enzimática ou recaptação. 
• Hipótese mais aceita. 
Hipótese Neurotrófica: o estresse (alteração no eixo HHA) associado à predis-
posição genética levam à diminuição da expressão de BNDF e atrofia de estru-
turas límbicas (redução da neuroplasticidade). Isso significa dizer que o estresse 
pode ativar genes que expressam menos o BNDF, o qual está associado a re-
dução da neuroplasticidade e depressão. 
• BNDF: é um fator neurotrófico de grande importância sobre a neuroplas-
ticidade, por promover a sobrevivência e a diferenciação neuronal. Tam-
bém é um componente crítico de mecanismos moleculares, pelos quais 
os exercícios têm impacto na neuroplasticidade após lesões do sistema 
nervoso central. 
Epigenética: os fatores ambientais podem influenciar no aparecimento de deter-
minada pré-disposição genética. Muitos pacientes que fazem uso da cannabis 
apresentam sintomas psicóticos e é bem estabelecido na literatura hoje que os 
sintomas psicóticos poderiam ficar adormecidos se o paciente não tivesse tido o 
estresse da cannabis. 
Hipótese Inflamatória: estudos têm relacionado o sistema imunológico e a pro-
dução de citocinas pró-inflamatórias à neurobiologia da depressão. Indivíduos 
depressivos parecem ter maior resistência à insulina e proteína C reativa (PCR) 
elevada. É como se esse circuito se retroalimentasse: o paciente que tem dor 
crônica, por exemplo, libera mais citocinas inflamatórias, que pré-dispõem a qua-
dros depressivos, que predispõem a piora da dor, que predispõe a mais depres-
são e assim por diante. 
 
 
 
Mecanismos de ação das medicações: 
• Clássico: modulação da quantidade ou função das monoaminas na fenda 
sináptica, através do bloqueio de um ou mais transportadores de seroto-
nina, noradrenalina e/ou dopamina. Esse bloqueio inibe a recaptação das 
monoaminas. 
o A recaptação é um mecanismo que o neurônio realiza para retirar 
o neurotransmissor da fenda sináptica. 
o Quando a recaptação é inibida, aumenta a quantidade de monoa-
midas disponível para os neurônios. 
• Cetamina: anestésico. Antagonista não competitivo dos receptores de 
glutamato NMDA. Utilizado quando os outros tratamentos para depressão 
falham ou quando o paciente tem muitos efeitos colaterais com os antide-
pressivos ou quando se deseja uma ação anti suicida mais rápida. É indi-
cada para casos bem específicos, pois pode causar muita dependência, 
além de ter efeitos dissociativos (que passam em algumas horas, neces-
sitando que o paciente seja monitorado ao utilizá-la). 
CLASSE FÁRMACOS 
Inibidores da Monamina Oxidase 
(IMAO). 
Tanilcipromina, Selegilina, Fenelzina, 
Mociobemida 
Antidepressivos Tricíclicos (ADT) Imipramina, Amitriptilina, Nortriptilina, 
Clomipramina 
Inibidores Seletivos da Recaptação 
de Serotonina (ISRS) 
Fluoxetina, Paroxetina, Sertralina, Ci-
talopram, Escitalopram, Fluvoxamina 
Atípico Inibidor de Recaptação de 
Dopamina e Noradrenalina (IRDN) 
Bupropiona 
Inibidor da Recaptação de Serotonina 
e Antagonista Alfa 2 (IRSA2) 
Trazodona 
Noradrenérgico e Serotoninérgico Es-
pecífico (NASSA) 
Mirtazapina 
Inibidores Seletivos da Recaptação 
de Serotonina e Noradrenalina 
(ISRSN) 
Veniafaxina, Desveniafaxina, Duloxe-
tina, Levomilnaciprano 
 
 
Agonista de Melatonina (AM) Agomelatina 
Serotoninérgico Multimodal (S-MM) Vortioxetina 
 
Os IMAOs geralmente são utilizados quando todos os outros tratamentos falham, 
pois são muito potentes, então agem em muitas vias e produzem muitos efeitos 
colaterais. 
Os triciclicos são boas medicações, pois são eficazes, mas também apresentam 
muitos efeitos colaterais. Costumam ser utilizados quando a primeira escolha 
(que costuma ser o ISRS) do tratamento da depressão falha. 
 
Os ISRS inibem seletivamente a recaptação apenas da serotonina, para que o 
paciente possa tolerar os efeitos colaterais. Tem menor eficácia quando compa-
rados aos tricíclicos e aos IMAOs, mas apresentam boas respostas dependendo 
do paciente. São os mais prescritos no Brasil. 
• Fluoxetina (20 - 80mg). Inibe a recaptação de serotonina e, em doses 
mais elevadas, inibe a recaptação de noradrenalina e, por isso, é útil tanto 
para a depressão, quanto para o TOC (as outras medicações ISRS tam-
bém servem para o TOC). 
o Piora a ansiedade na introdução, em muitos casos, pois tem ação 
ativadora, ou seja, reduz a fadiga e tem efeito energizante. É se-
guro na gravidez. Melhora a concentração e a atenção. Apresenta 
ação antibulimia. Tem meia vida longa (2-3 dias), assim, se o paci-
ente esquecer de tomar a medicação, ele tem menos chance de 
apresentar Síndrome de Descontinuação. Ao mesmo tempo, se 
precisar ser retirada ou trocada, demorará mais para que a outra 
medicação seja introduzida, e os efeitos colaterais podem persistir 
mesmo com sua retirada. O paciente pode apresentar perda de 
peso nos primeiros três meses, pois no início inibe o apetite, mas 
depois volta ao peso anterior ou ganha peso. 
o Deve-se ter cautela ao trocar a Fluoxetina por algum IMAO, pois a 
Fluoxetina tem meia vida longa e os IMAOS são muito potentes. 
Assim, se os dois se correlacionarem, o paciente pode apresentar 
 
 
um nível de serotonina muito elevado e ter uma crise serotoninér-
gica (que é grave). 
• Sertralina (25 - 200mg). 25mg e 50mg não são doses terapêutica; ser-
vem para introduzir ou descontinuar o uso. Inibe os receptores de seroto-
nina, inibe o transportador de dopamina(DAT) e liga-se aos receptores 
sigma-1. 
o É uma das medicações mais estudadas na gestação e lactação. É 
associada à Síndrome de Descontinuação, então o paciente não 
pode esquecer de tomar todos os dias mais ou menos no mesmo 
horário. Indica-se, nesse caso, que uma cartela do remédio seja 
deixada em todos os ambientes frequentados pelo sujeito. Alguns 
pacientes apresentam sonolência no início do tratamento. 
• Paroxetina (10 - 60mg). Pode ser indicada para sintomas ansiosos asso-
ciados com a Depressão, para pacientes com ejaculação precoce etc. É 
bom para aqueles pacientes depressivos que não comem e não dormem. 
o Tem ação anticolonérgica, então pode estar associada a ganho de 
peso (inclusive, é o mais associado ao ganho de peso), sudorese 
etc. Não é comumente indicada na gravidez. Inibe a enzima óxido 
nítrico sintetase, podendo causar disfunção sexual em homens, 
mas ao mesmo tempo é um bom medicamento para sujeitos com 
ejaculação precoce. O efeito de descontinuação ocorre pelo rebote 
anticolinérgico. 
• Fluvoxamina (50 - 300mg). 
o Apresenta meia-vida mais curta, enão pode ser administrada em 
duas tomadas. A longo prazo, é o que está menos associado a 
alterações no peso. Apresenta boa eficácia para o TOC em altas 
doses. Interage com muitas medicações. Não é muito segura du-
rante a gravidez. 
• Citalopram (20 - 40mg). Muito utilizada em idosos. 
o Apresenta dois componentes específicos que influenciam em al-
guns efeitos colaterais, como alterações no eletrocardiograma. É 
um inibidor seletivo muito tolerado, geralmente utilizado para De-
pressão em idosos. 
 
 
• Escitalopram (10 - 30mg). Tem uma resposta mais rápida que os de-
mais, e talvez seja o mais bem tolerado, pois atua de forma bastante iso-
lada, inibindo a recaptação apenas da serotonina. Pode estar associado 
à piora da libido e à anorgasmia (não conseguir chegar ao orgasmo). 
o É uma “versão melhorada” do Citalopram, pois não apresenta 
ações anti-histamínicas, ou seja, não dá sono e não seda o paci-
ente, e evita alterações no eletrocardiograma. 
Quando escolher um ISRS? 
Os ISRS são a primeira escolha para vários transtornos: Transtorno Depressivo 
Unipolar; TOC; TEPT; Transtorno de Ansiedade; Transtorno Dimórfico Pré-
Menstrual. 
 
Os ISRSN, chamados de “duais”, apresentam maior eficácia em relação ao 
ISRS, pois atuam em duas vias, e, dessa forma, são utilizados em casos mais 
graves, como aqueles em que ocorrem resistência ao tratamento. Aumenta a 
disponibilidade de serotonina e noradrenalina na fenda sináptica. São eles: 
• Venlafaxina (75 - 300mg): apresenta ação dual (na setotonina e na no-
radrenalina) apenas a partir de 150mg. Assim, se o paciente utiliza uma 
dosagem menor do que 150mg, é como se ele estivesse utilizando um 
ISRS, o que significa dizer que as ações noradrenérgicas são intensifica-
das com o aumento da dose. 
o Quando adiciona a inibição da recaptação da noradrenalina, o pa-
ciente pode apresentar alguns efeitos colaterais, como o aumento 
da pressão arterial e sudorese. 
o A Venlafaxina tem maior afinidade com a serotonina do que com a 
noradrenalina, isto é, aumenta mais a disponibilidade da serotonina 
na fenda sináptica. 
• Desvenlafaxina (50 - 200mg): apresenta menos efeitos adversos que a 
Venlafaxina. 
o Apresenta mais afinidade com a noradrenalina (aumenta mais a 
disponibilidade de noradrenalina na fenda sináptica) e, por isso, 
pode levar à vasoconstrição e ao aumento da pressão arterial. 
 
 
o Apresenta mais ação dopaminérgica que a Venlafaxina e, devido a 
esta ação, melhora a atenção. 
• Duloxetina (60 - 120mg): muito utilizado para dor crônica. 
o Inibição mais potente da recaptação da serotonina do que da no-
radrenalina. Apresenta reações de descontinuação mais leves. 
Quando escolher um ISRSN? 
Utiliza-se os ISRSN em casos de dor crônica e em casos em que o paciente não 
responde aos ISRS (que são a primeira escolha). 
Apesar de conhecido como “duais”, têm tripla ação: ação na dopamina no córtex 
pré-frontal, principalmente a Desvenlafaxina. 
 
O IRDN (Bupropiona) não é utilizado apenas para Depressão. 
• Tabagismo: 150 - 300mg. Utilizado para auxiliar o paciente no processo 
de deixar de fumar, pois sustenta os efeitos da abstinência. 
• Depressão: 150 - 450mg. A Bupropiona em monoterapia, ou seja, 
quando utilizada sozinha, não é eficaz para a Depressão, portanto precisa 
estar associada a um outro antidepressivo com outro mecanismo de ação 
(para Depressão Unipolar). No caso da Depressão Bipolar, precisa estar 
associada a um estabilizador de humor. 
• TDAH: 3 - 6mg/kg por dia. Geralmente utilizada para aqueles pacientes 
que não suportam os efeitos dos psicoestimulantes. Segunda linha para 
o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade. 
A Bupropiona é uma medicação que pode desencadear picos ansiosos. Nesse 
sentido, quando tem uma liberação mais estendida, apresenta menos picos e, 
assim, é menos associada à ansiedade. 
Costuma ser utilizada nos pacientes que apresentam disfunção sexual devido ao 
uso de um outro antidepressivo ou para tratar desejo sexual hipoativo. Tem uma 
moderada ação na perda de peso e na compulsão alimentar. 
Inibe a recaptação da noradrenalina e da dopamina (NAT e DAT). Não age no 
sistema serotoninérgico e, talvez por isso, não faz virada maníaca (apresenta 
 
 
menos probabilidade de precipitar um quadro de mania). Não é seletivo, bloqueia 
outros receptores alfa-1, adrenérgicos, histamínicos H1 etc. 
Como possibilita maior disponibilidade de dopamina na fenda sináptica, pode 
estar associada a euforia, porém, como ocupa os receptores de forma mais lenta 
(XL), a euforia despertada é menor do que a despertada pelos psicoestimulan-
tes, por exemplo. 
Existe pequeno risco de efeito sexual ou sedação. 
Os pacientes costumam perder peso de forma moderada com seu uso. 
Quando apresenta liberação imediata, precisa ser utilizada três vezes ao dia. 
Quando apresenta ação prolongada, precisa ser utilizada de uma a duas vezes 
ao dia. O pico de concentração é atingido em duas horas (convencional) ou em 
três horas (liberação prolongada). Tem meia-vida de 12 horas. 
➔ A Bupropiona apresenta menor chance de virada maníaca. 
Efeitos colaterais: 
• Comuns: cefaleia, insônia, boca seca, tremor, náuseas, agitação, irritabi-
lidade e insônia. 
• Ansiedade e pânico não devem ser tratados com Bupropiona, devido a 
ação da dopamina, que está associada ao aumento da vigilância e da 
ansiedade. 
• Dopamina: pode causar sintomas psicóticos, como alucinações e delí-
rios. 
• Preocupação com convulsões: o risco aumenta com a dose, por isso, não 
é indicado que seja utilizado em pacientes com histórico de epilepsia. 
Também há risco de convulsão nos usuários alcóolatras, que estão reti-
rando o álcool do seu cotidiano, e nos usuários de benzodiazepínicos que 
estão retirando o seu uso. 
• Interage com a Venlafaxina, aumentando seu nível sérico, isto é, a sua 
quantidade no sangue. 
• Pode interagir com a Fluoxetina, fazendo aumentar o risco de convulsão, 
pânico e ansiedade, devido a possível ocorrência de uma síndrome sero-
toninérgica. 
 
 
o Cabe destacar que a Fluoxetina tem meia-vida muito longa, então 
é necessário esperar até 18 dias para que a substância saia do 
corpo, para então fazer o uso da Bupropiona. 
• Não pode ser utilizada com IMAO. É necessário aguardar 14 dias da in-
terrupção. 
 
Os ADT (Tricíclicos) são: 
• Imipramina (25 - 300mg). 
• Nortriptilina (25 - 150mg): usada na dor crônica. Apresenta os efeitos 
colaterais mais tolerados da classe. 
• Amitriptilina (10 - 150mg): usada na dor crônica (em doses baixas é 
muito utilizada para enxaqueca). Apresenta efeitos colaterais mais pro-
nunciados que a Nortriptilina. 
• Clomipramina (25 - 300mg): muito usada no TOC. É mais sedativa e 
mais associada a ganho de peso. 
 
➔ No grupo dos Tricíclicos, todosaumentam o peso e todos são sedativos, 
mas a Clomipramina aumenta o peso e seda mais do que os demais. 
Os Tricíclicos são assim conhecidos, pois são compostos por três anéis em sua 
estrutura química. Estes apresentam cinco drogas em uma: 1) Inibidor da Re-
captação da Serotonina; 2) Inibidor da Recaptação da Noradrenalina; 3) Antico-
linérgico/antimuscarínico; 4) Antagonista alfa-adrenérgico; e 5) Anti-histamínico. 
São muito eficientes para o tratamento da Depressão, mas apresentam muitos 
efeitos colaterais. 
 
A Trazodona (IRSA2) é um inibidor da recaptação de serotonina e antagonista 
alfa-1, que em doses baixas pode servir para o sono e em doses altas pode servir 
para o tratamento da Depressão. Devido ao seu efeito sedativo, é utilizado sem-
pre a noite. Não é associado ao ganho de peso, nem à piora da disfunção sexual. 
A dose mínima para a Depressão é 150mg e a máxima é 800mg. 
A Mirtazapina (NASSA) é uma medicação indicada principalmente para Trans-
torno Depressivo associado à ansiedade, insônia, perda de peso e náuseas. 
 
 
Pode ser utilizada para induzir o sono. Geralmente é utilizada após a falha da 
primeira escolha (ou em associação). Apresenta antagonismo de receptores his-
tamínicos H1 e, assim, está associada a sedação. Tem ação no 5HT3 (receptor 
de serotonina) e, assim, está associada a menos náuseas e diarreia. À vista 
disto, naqueles casos em que o paciente não consegue comer devido às náu-
seas causadas pela Depressão, a Mirtazapina pode ser um bom fármaco, assim 
como nos casos de tratamentos clínicos que causam muitas náuseas. Seu pico 
é atingido até duas horas após a ingestão e apresenta meia-vida de 30 horas. 
Apresenta menos efeitos colaterais sexuais quando comparada aos outros anti-
depressivos e, por isso, é um bom fármaco para pacientes com queixa de redu-
ção da libido. 
• Diferentemente da maioria dos fármacos psiquiátricos, quanto menor for 
a sua dose, maior será o nível de sonolência que provocará. 
A Agomelatina (AM) é agonista de Melatonina 1 (MT1) e Melatonina 2 (MT2). É 
uma medicação que está associada a menos efeitos colaterais, mas que também 
apresenta pouca ação. Tem muita ação no fígado, então é necessário solicitar 
exames TGO e TGP para conferir o estado deste órgão do paciente antes de 
iniciar o tratamento com esta medicação. 
A Vortioxetina (S-MM) é um antidepressivo multimodal, pois atinge muitos recep-
tores, porém apresenta inibição fraca da recaptação destes receptores. Devido 
a essa fraca inibição, pode ser um bom fármaco para aqueles pacientes muito 
sensíveis aos antidepressivos, pois manifesta poucos efeitos colaterais. Não 
está associada à disfunção sexual e ganho de peso. Seus principais efeitos co-
laterais são gastrointestinais, principalmente náuseas. 
Os Inibidores da Monoamina Oxidase (IMAO) são potentes antidepressivos, por-
que aumentam a concentração de todos os neurotransmissores, mas são pouco 
utilizados atualmente, pois apresentam muitas interações com outras medica-
ções e com diversos alimentos, desse modo, são indicados geralmente após fa-
lha terapêutica de um outro fármaco. Dependendo do alimento que interage, 
pode desenvolver uma tempestade catecolaminérgica, isto é, uma intoxicação 
de serotonina. Recomenda-se que seja utilizado em monoterapia. 
 
 
 
Como calcular quanto tempo o fármaco fica no organismo? 
Para calcular quanto tempo o fármaco fica no organismo, multiplica-se a sua 
meia-vida por seis. A meia-vida da Fluoxetina, por exemplo, é de dois a três dias. 
Dessa forma, ela atua no organismo por 18 dias, mesmo que seja retirada. Dessa 
forma, o paciente pode ainda apresentar efeitos colaterais nesses 18 dias. 
➔ As doses das medicações são variáveis, pois dependem do paciente, po-
dendo ser maiores ou menores do que os intervalos postos neste resumo. 
PERGUNTAS E RESPOSTAS – SÍNTESE/RESUMO 
Qual antidepressivo está sendo mais estudado na gravidez e lactação nos últi-
mos anos? A Sertralina, pois não passa na barreira placentária. 
Uma adolescente de 17 anos sofre de bulimia nervosa e está muito deprimida. 
Qual medicação pode ser usada? A Fluoxetina. 
Quais são os antidepressivos menos associados a disfunção sexual? A Mirtaza-
pina, a Trazodona e a Bupropiona. 
Qual o tricíclico com melhor ação para o Transtorno Obsessivo Compulsivo 
(TOC)? A Clomipramina em doses elevadas. 
Quando utilizar um ISRS? Em vários transtornos, normalmente sendo o primeiro 
a ser utilizado. 
Quando usar um tricíclico? Em pacientes com síndrome dolorosa, quando há 
falha na primeira escolha, quando o paciente tem baixo poder aquisitivo e nos 
casos de TDAH (segunda linha). 
Quando usar IRSN (dual)? Em casos de síndrome dolorosa, quando há falha na 
primeira escolha e quando o paciente apresenta baixo poder aquisitivo. 
Os antipsicóticos, apesar da nomenclatura, não servem apenas para casos de 
psicose. Assim, podem ser utilizados para: 
• Episódios psicóticos agudos em esquizofrenia e transtorno esquizoafe-
tivo. 
 
 
• Tratamento de manutenção em esquizofrenia e transtornos esquizoafe-
tivo. 
• Mania. 
• Depressão com sintomas psicóticos. 
• Transtorno Delirante. 
• Transtorno da Personalidade Borderline. 
• Transtorno Psicótico Induzido por Substância. 
• Delirium e Demência. 
• Transtornos mentais causados por uma condição clínica. 
• Esquizofrenia Infantil. 
• Transtorno Global do Desenvolvimento. 
• Transtorno de Tourette. 
• Doença de Huntington. 
• Transtorno do Estresse Pós-traumático (TEPT). 
• Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). 
• Transtorno do Sono-Vigília. 
É muito importante esclarecer para os pacientes que os antidepressivos não ser-
vem apenas para a depressão, assim como os antipsicóticos não servem apenas 
para psicose, pois do contrário o paciente pode achar que o profissional o con-
sidera depressivo ou psicótico, quebrando, assim, o vínculo. Devido a este fato, 
a Psiquiatria vem tentando mudar a nomenclatura dos antipsicóticos para “anta-
gonistas dos receptores de dopamina” (típicos, tradicionais ou convencionais - 
1ª geração) e “antagonistas dos receptores de dopamina-serotonina” (atípicos 
ou novos - 2ª geração). 
Como o psiquiatra escolhe um antipsicótico? 
Primeiramente, o profissional deve pensar no paciente: quais são as crenças 
dele sobre a doença e sobre o remédio? Qual é a melhor forma de falar para 
este sujeito que ele precisará utilizar o fármaco? Esse sujeito consegue ter in-
sights para compreender que a medicação vai ajudá-lo? 
Em alguns casos o paciente psicótico pode acreditar que a medicação é algo 
que estão tentando utilizar contra ele, principalmente quando não se dá conta do 
seu transtorno. Deve-se, primordialmente, tentar conversar com ele e convencê-
 
 
lo de utilizá-la. Em último caso, utiliza-se Haloperidol na comida do paciente sem 
que ele saiba, pois este fármaco não apresenta odor e nem sabor. 
Outros pontos a serem observados, são: as características da medicação (quais 
efeitos esperar, quais são os riscos, qual perfil de resposta é esperado etc.) e o 
grau de tolerabilidade do paciente. 
➔ A presença de celulares ou de anotações enquanto a entrevista com um 
paciente psicótico ocorre pode servir como um estímulo para que ele des-
confie do profissional. 
Os objetivos do profissional devem ser a remissão dos sintomas e a adesão do 
paciente à medicação e, por isso, é importante ressaltar frequentemente a im-
portância do seu uso. 
A variabilidade na resposta aos antipsicóticos depende de cada indivíduo, assim, 
não existe um fármaco deste tipo de primeira linha para todas as pessoas. 
Princípios gerais da prescrição: 
1. Deve-se escolher a menor dose possível que seja efetiva. 
2. Ajustes quinzenais (tempo menor para ajuste do que os antidepressivos, 
por exemplo). 
3. Saber quando o paciente tem indicação de antipsicótico de depósito, ou 
seja, quando a medicação precisa ser injetada,de modo que fique no 
músculo e seja liberada aos poucos, tornando seu efeito gradual. 
o É essencial que a medicação oral seja testada antes da introdução 
de uma injetável, para que os efeitos da substância sejam obser-
vados, pois a duração das medicações de depósito é maior, po-
dendo causar efeitos colaterais por muito mais tempo. 
Esquizofrenia: 
A suspensão do antipsicótico em pacientes com Esquizofrenia pode causar re-
cidiva, isto é, o reaparecimento de sintomas após um período de remissão. 
Hipótese dopaminérgica da Esquizofrenia: 
• Os pesquisadores descobriram que o hiperfuncionamento dopaminérgico 
no Sistema Nervoso Central está associado a Esquizofrenia após testes 
 
 
com os neurolépticos, os quais bloqueavam os receptores dopaminérgi-
cos, ocasionando diminuição do hiperfuncionamento dopaminérgico e, 
por consequência, a melhora da psicose. 
o Menor nível de dopamina no SNC = melhora da psicose. 
o Maior nível de dopamina no SNC = ligada à euforia, a alterações 
no nível de sensopercepção etc. O uso de psicoestimulantes e de 
drogas como a cocaína aumentam o nível de dopamina no cérebro 
e, assim, originam ou exacerbam os sintomas psicóticos. 
• Vários agentes antipsicóticos apresentam alta afinidade por receptores 
dopaminérgicos do tipo D2, diminuindo a hiperfunção dopaminérgica. 
Esse mecanismo de bloqueio de receptor dopaminérgico, que impede que a do-
pamina seja liberada de forma exacerbada no cérebro, é visto nos antipsicóti-
cos típicos (1ª geração): 
• Haloperidol (Haldol): alta potência. Geram menos sonolência. 
• Clorpromazina (Amplictil): baixa potência, isto é, requer que doses mais 
altas sejam utilizadas para gerar efeitos antipsicóticos. Normalmente os 
antipsicóticos típicos de baixa potência apresentam altas propriedades 
histamínicas e, por isso, geram sedação. 
• Levomepromazina (Neozine): também é de baixa potência e apresenta 
ação sedativa. 
Antipsicóticos atípicos (2ª geração): 
• Risperidona (Risperdal: 1-10mg/dia): é o que mais aumenta a prolac-
tina (hiperprolactinemia) e, com isso, alguns efeitos são gerados: produ-
ção de leite, aumento do peso, diminuição da fertilidade etc. Além disso, 
pode piorar os sintomas negativos. Tem efeitos parecidos com os típicos. 
• Quetiapina (Seroquel): 25-72mg (sono); 100-200mg (potencializa ação 
antidepressiva); 200-400mg (estabilizador de humor); 400-800mg (anti-
psicótico). Apresenta maior ganho de peso do que a Risperidona e menos 
do que a Olanzapina; não apresenta quase nenhum efeito extrapiramidal; 
precisa de altas doses para ter ação antipsicótica; e é utilizada para diver-
sos fins. 
 
 
• Olanzapina (Ziprexa: 2,5-30mg/dia): apresenta ação rápida, principal-
mente na mania, que na prática é superior às outras medicações. Está 
associada a mais ganho de peso do que a Quetiapina, assim como a al-
guns efeitos extrapiramidais, afinal, mesmo sendo atípico, ainda bloqueia 
parcialmente a dopamina (D2). 
• Clozapina (Leponex: 12,5-900mg): utilizada para Esquizofrenia Refratá-
ria (quando o paciente já utilizou dois antipsicóticos em doses e tempo 
suficientes, sem melhora significativa); previne suicídio em pacientes com 
Esquizofrenia Refratária; em altas doses (>400mg) deve ser associado a 
um anticonvulsivante e necessita de hemogramas semanais nos primei-
ros seis meses. Efeitos colaterais comuns: sialorreria (aumento da saliva, 
que faz com que o paciente fique babando muito), constipação, alto efeito 
sedativo. É a mais associada ao ganho de peso. 
• Aripiprazol (Aristab: 13-30mg): não está associada ao ganho de peso e 
a outras alterações metabólicas; pode ser associado para diminuir efeito 
colateral de hiperprolactinemia; é indicado na mania aguda, mas não na 
fase de depressão do TAB; e é muito associado à acatisia. 
• Lurasidona (Latuda: 40-160mg): não está associada ao ganho de peso 
e a outras alterações metabólicas; é considerada 1ª linha para tratamento 
da depressão bipolar; e está associada a acatisia (sensação subjetiva de 
inquietação interna). Alguns estudos mostram efeitos positivos na cogni-
ção. 
• Brexpiprazol (Rexulti: 1-3mg): medicação nova usada como adjuvante 
aos antidepressivos no tratamento da Depressão. Envolve mais ações 
nas vias serotoninérgicas e, por isso, não é indicada na mania. 
• Ziprasidona (Geodon). 
Mecanismo de ação dos antipsicóticos típicos: 
Os níveis de dopamina no SNC, quando muito altos, geram sintomas psicopato-
lógicos, isto é, aumentam o desejo pela ação e produz delírios, alucinações, agi-
tação etc. (hiperativação associada aos sintomas positivos). 
 
 
• Em outras palavras: a hiperatividade dopaminérgica mesolímbica seria 
responsável pelos sintomas positivos da Esquizofrenia, como ideias de-
lirantes e alucinações. 
Já a hipoatividade mesocortical seria responsável pelos sintomas negativos, 
como embotamento afetivo, pobreza de discurso e hipobulia (estado de apatia 
caracterizado por falta de energia e vontade débil). 
Quando a Esquizofrenia é tratada com os receptores que bloqueiam a ação da 
dopamina, o efeito a longo prazo é a atrofia. Assim, os sintomas negativos po-
dem estar associados tanto a Esquizofrenia, quanto aos efeitos colaterais dos 
antipsicóticos, principalmente os típicos, pois estes geram mais bloqueios de re-
ceptores dopaminérgicos. 
O que torna um antipsicótico convencional (típico)? A ação antagonista de D2. 
Principais efeitos colaterais dos antipsicóticos típicos: 
• O bloqueio de receptor de dopamina (D2) bloqueia a via da recompensa 
que está associada a dopamina e, assim, bloqueia a motivação, que está 
associada a sintomas negativos. 
• Parkinsonismo. 
• Distonias (distúrbio neurológico dos movimentos caracterizado por con-
trações involuntárias dos músculos). Quando ocorre, é caso de emergên-
cia psiquiátrica. 
• Discinesias (movimentos musculares involuntários e descontrolados). 
• Acatisia (sensação subjetiva de inquietude interna, irritabilidade ou disfo-
ria que podem ser intensas). 
Mecanismo de ação dos antipsicóticos atípicos: 
Os antipsicóticos atípicos revolucionaram o tratamento psiquiátrico no mundo, 
pois presentam ações antipsicóticas iguais sobre os sintomas positivos, não fa-
zem um bloqueio completo de D2, apresentam menos sintomas extrapiramidais 
(parkinsonismo secundário, distonias, discinesias e acatisia) e têm menor rela-
ção com a hiperprolactinemia (anomalia causada pela produção elevada de pro-
lactina, conhecida também como hormônio do leite). 
 
 
Os atípicos fazem bloqueio parcial dopaminérgico D2, agonismo parcial nos re-
ceptores serotoninérgicos 5HT1A e agem no antagonismo de serotonina 
(5HT2A). 
O que torna um antipsicótico atípico? A ação antagonista parcial, diferente dos 
típicos que é total. 
Os atípicos servem para potencializar ações antidepressivas, têm ação antima-
níaca e têm ação ansiolítica, sedativa e hipnótica. 
Principais efeitos colaterais dos antipsicóticos atípicos: 
• Alterações cardiometabólicas. 
o Alto risco metabólico: Clozapina e Olanzapina. 
o Moderado risco metabólico: Risperidona, Paliperidona e Quetia-
pina. 
o Baixo risco metabólico: Ziprasidona, Aripiprazol e Lurasidona. 
• Ganho de peso. 
• Aumento da glicemia de jejum. 
• Resistência da insulina. 
• Aumento de colesterol. 
• Alterações na pressão arterial. 
o Tais efeitos reduzem a expectativa de vida dos seus usuários. 
o Recomenda-se que os pacientes façam exames frequentemente 
para monitorar todos esses fatores e realizem atividades físicas. 
Fatores que influenciam a farmacocinética de antipsicóticos: 
• Idade: pacientes idosos metabolizam as drogas de forma mais lenta, as-
sim, podem se intoxicar e apresentar efeitos colaterais com doses meno-
res do que a população geral. Ademais, podem demonstrar índices de 
depuração reduzidos. 
• Condição médica: quando o paciente apresenta doença hepática, meta-
boliza menos a droga nofígado e, assim, esta passa mais tempo na cor-
rente sanguínea, o que diminui a depuração e aumenta os efeitos colate-
rais. 
 
 
• Indutores de enzimas: algumas medicações podem interferir na ação 
dos antipsicóticos, como a Carbamazepina. 
• Inibidores de depuração. 
• Mudança na ligação de proteínas: hipoalbuminemia pode ocorrer com 
desnutrição ou falência hepática. 
Quais são as outras indicações para o uso dos antipsicóticos? 
1. Transtorno Bipolar: podem ser utilizados tanto para mania psicótica, 
quanto para mania não psicótica. 
2. Adjuvante nos transtornos depressivos: podem potencializar os efei-
tos dos antidepressivos, quando associados. 
3. Agitação psicomotora. 
Em síntese: antipsicóticos típicos: bloqueio dopaminérgico do receptor D2, as-
sociados a síndrome extrapiramidal e hiperprolactinemia. Antipsicóticos atípicos: 
bloqueio parcial do receptor D2 e ação em vias setoroninérgias, associados a 
efeitos cardiometabólicos. 
Não existe um consenso na literatura do que é um estabilizador de humor. Nor-
malmente os estabilizadores são utilizados em casos de Transtorno Bipolar, mas 
é importante ressaltar que nem toda instabilidade de humor está relacionada a 
este transtorno, visto que não existem sintomas exclusivos de um transtorno 
mental. Percebe-se comumente a instabilidade de humor em casos de Trans-
torno de Personalidade Borderline, no TDAH, entre outros. 
Qual o estabilizador ideal para o Transtorno Bipolar? 
A apresentação clínica do Transtorno Bipolar ocorre entre a mania aguda e o 
episódio depressivo, o que torna seu tratamento complexo. Normalmente, devido 
a essa complexidade, mais de uma medicação é utilizada, e, além disso, os pa-
cientes podem precisar de ajustes mais frequentes dos fármacos. 
Além dos estabilizadores de humor, outros fármacos podem ser utilizados no 
tratamento do TAB, a exemplo dos antipsicóticos, dos anticonvulsivantes e do 
 
 
lítio. Em alguns casos, utiliza-se os antidepressivos, mas nunca em monoterapia, 
devido a possibilidade de virada maníaca. 
Lítio: 
Medicação barata, oferecida pelo Sistema Único de Saúde, que apresenta bons 
resultados. 
➔ Não existem evidências de que a baixa dosagem de lítio na corrente san-
guínea estava correlacionada com Transtorno Bipolar. 
É conhecida como a “droga antissuicida”, pois apresenta boas evidências para 
os comportamentos suicidas. 
A longo prazo o lítio promove a neuroproteção e a neuroplasticidade, o que sig-
nifica dizer que impede que o paciente “perca neurônios”. 
É utilizado na fase de mania, de depressão e de manutenção do TAB, assim 
como na instabilidade de humor em outros transtornos e na depressão unipolar 
refratária. 
Efeitos colaterais: gastrointestinais (desconforto digestivo, náuseas, vômitos e 
diarreia); ganho de peso; queda de cabelo; lentificação psicomotora; acne; tre-
mores; polidipsia (sentir mais sede do que o normal); e alteração na tireoide e no 
rim a longo prazo (é contraindicado para pacientes com doença renal crônica). 
A faixa terapêutica do lítio é estreita, o que significa dizer que a dose que é ne-
cessária para o tratamento é muito tênue da dose que intoxica e, por isso, a 
litemia (exame de sangue) deve ser solicitada periodicamente a seus usuários. 
As intoxicações por lítio podem ser agudas (por ingestão acidental ou tentativa 
de suicídio) ou crônicas (uso permanente e aumentos graduais – insuficiência 
renal, desidratação, aumento de doses ou uso de diuréticos e anti-inflamatórios). 
• Intoxicação leve: tremor, sede excessiva, náuseas, diarreia, dor epigás-
trica, fraqueza muscular, letargia e vertigem. 
• Intoxicação moderada: confusão mental, nistagmo (alteração no olho), 
disartria (dificuldade em articular as palavras), ataxia, mioclonias e altera-
ções no eletrocardiograma. 
 
 
• Intoxicação grave: estupor (alteração no nível de consciência), convul-
sões e hiperreflexia (aumento dos reflexos). Pode levar o paciente a óbito. 
Anticonvulsivantes: 
Alguns anticonvulsivantes são considerados estabilizadores do humor, entre 
eles, o Ácido Valproico, Valproato e Divalproato de Sódio (Depakene, Depakote 
e Torval); Carbamazepina/Oxicarbamazepina (Tegretol); Lamotrigina (Lamitor); 
e Topiramato (Amato). 
• Ácido Valproico: age reforçando a ação do neurotransmissor GABA/glu-
tamato, inibe canais de sódio sensíveis a voltagem e regula as cascatas 
de transdução de sinais. É indicado, principalmente, para mania/hipoma-
nia, impulsividade/compulsão, epilepsia e enxaqueca. 
o Efeitos colaterais: queda de cabelo, sonolência, ganho de peso e 
alterações gastrointestinais. Não é recomendado seu uso durante 
a gravidez e a lactação. Pode alterar a medula óssea. 
• Carbamazepina: tem o mecanismo de ação e efeitos colaterais parecidos 
com o do Ácido Valproico. Interage com muitas medicações. É indicado 
para mania (2ª linha para o tratamento e em combinação), dor neuropática 
(Herpes Zoster) e epilepsia. Não pode ser utilizado na gravidez (é terato-
gênico, ou seja, pode causar um desenvolvimento pré-natal normal). 
• Lamotrigina: primeira linha para o episódio depressivo no Transtorno Bi-
polar. Suas doses precisam ser elevadas de forma lenta e gradual, pois 
do contrário pode ocorrer o efeito colateral “Síndrome de Stevens-John-
son”. Seu mecanismo de ação envolve os canais de sódio e potássio e 
glutamato. 
o Efeitos colaterais: leucopenia, rash, insuficiência hepática, náu-
seas, vômitos, diarreia, sonolência e tontura. 
O tratamento medicamentoso do Transtorno Bipolar é complexo e diferente para 
cada fase da doença. O psiquiatra e o psicólogo precisam acompanhar o paci-
ente regularmente e reconhecer sintomas de mania, depressão e transtornos 
comorbidos. 
 
 
 
São as medicações “tarja preta”, como Diazepam (Valium), Clonazepam (Rivo-
tirl), Alprazolam (Frontal), Midazolam (Dormonid) e Flurazepam (Dalmadorm). 
Apresentam potencial risco de abuso e dependência. Servem para crise de pâ-
nico/ansiedade, distúrbios do sono, tranquilização, Síndrome de Abstinência Al-
coólica, epilepsia e indução anestésica. Além disso, são relaxantes musculares. 
• O fármaco principal que trata Transtorno de Pânico e Transtorno de Ansi-
edade é um antidepressivo ou até mesmo um anticonvulsivante, desse 
modo, os Benzodiazepínicos são utilizados para alívio dos sintomas dos 
momentos de crise. 
A retirada abrupta desse tipo de medicação pode desencadear em uma sín-
drome de abstinência, a qual apresenta efeitos contrários àqueles apresentados 
pelo uso da droga. Exemplo: os Benzodiazepínicos têm efeito anticonvulsivante, 
portanto, se retirados, o sujeito pode convulsionar. Sendo assim, existe uma ló-
gica para o tratamento da abstinência, que é colocar uma droga menos nociva 
(mesmo que ela também cause dependência, tolerância e abuso) para que os 
riscos sejam minimizados. 
➔ Medicamentos com meia-vida maior apresentam menor risco de tolerân-
cia, abuso e dependência. 
Os Benzodiazepínicos apresentam mecanismo de ação no neurotransmissor 
GABA, sendo este o principal neurotransmissor inibitório do cérebro, que nor-
malmente desempenha um papel regulador na atividade dos neurônios. O neu-
rônio se torna menos excitável com este mecanismo. 
A ativação da preocupação patológica ocorre devido a uma hiperativação do 
neurônio gabaérgico. Assim, o Benzodiazepínico age excitando pouco/depri-
mindo o Sistema Nervoso Central (hipoatividade do neurônio gabaérgico). 
Informações importantes sobre os Benzodiazepínicos: 
• Devem ser utilizados pelo menor tempo possível. Mesmo que seja indi-
cado para crises, é interessante que estas sejam manejadas com outras 
medicações e estratégias comportamentais mais apropriadas. 
 
 
• Não devem ser utilizados cotidianamente no Transtorno de Ansiedade 
Generalizada, mas sim, nas crises. 
• Em alguns casos, são necessários no início da introdução de um antide-
pressivo. 
• Nos casosde pacientes impulsivos ou que tenham histórico de dependên-
cia ou abuso (em sua vida ou na vida de algum familiar), a introdução de 
um benzodiazepínico deve ser ainda mais cuidadosa. 
Indicações: 
• Diazepam: maior meia-vida. Utilizado para tratamento de quadros de abs-
tinência, inclusive de benzodiazepínico, devido a sua liberação mais lenta, 
a qual faz com que o pico de ação seja atingido mais devagar e que a 
substância permaneça por mais tempo no organismo. 
• Lorazepam: tem meia-vida curta. É utilizado em pacientes com insufici-
ência hepática/cirrose, pois não apresenta uma metabolização hepática 
intensa. 
• Midazolam: tem meia-vida muito curta e atinge seu pico muito rápido e, 
por isso, representa um grande potencial de abuso. Tem efeito hipnótico, 
o que faz com que o paciente esqueça de alguns acontecimentos. 
• Clobazam: muito utilizado na epilepsia, principalmente quando esta é re-
fratária. 
• Clonazepam e Alprazolam: os mais prescritos, porém que apresentam 
diferenças entre si. 
Quando o pico de ação de uma medicação é muito rápido, o reforço positivo é 
grande, pois os sintomas são aliviados rapidamente, o que está relacionamento 
com potencial de abuso. 
Efeitos colaterais: 
• Imediatos (uso por um curto período): agressividade (mas inicialmente), 
disfunção sexual, tristeza, tontura, zumbido e visão borrada. 
• Uso por um longo tempo: problemas cognitivos, distúrbios do sono, outros 
transtornos psiquiátricos, supressão do sistema imunológico e adicção 
(tanto dos próprios benzodiazepínicos, quanto de outras substâncias). 
 
 
• Principais: sonolência excessiva diurna/redução da vigilância (popular-
mente conhecida como “ressaca”), piora da coordenação motora fina, pi-
ora da memória, tonturas, zumbidos e risco de quedas (é importante ter 
cuidado ao ser receitado para idosos), fraturas e acidentes de trânsito. 
• Alguns pacientes apresentam reação paradoxal, isto é, um efeito contrário 
ao esperado da droga, como excitação, agressividade e desinibição (mais 
frequentemente em crianças e idosos). 
• Em idosos há maior risco de interação medicamentosa e piora dos de-
sempenhos psicomotor e cognitivo (reversível). 
• Risco de dependência: estudos mostram que 50% dos que usaram por 
mais de um ano chegaram a usar por 5 a 10 anos. 
Síndrome de Abstinência: muito parecida com a abstinência do álcool. Alguns 
dos sintomas, são: náuseas e enjoos, insônia, humor deprimido, sensações 
anormais pelo corpo, dor, delirium, espasmos musculares, ansiedade/ataque de 
pânico, palpitações, cefaleia, disforia, pesadelos, irritabilidade, prejuízo da me-
mória, agitação etc. Estes sintomas começam com a suspensão ou diminuição 
da dose: dois a três dias, para aqueles com meia-vida curta, e cinco a dez dias, 
para aqueles com meia-vida longa. Algumas complicações são mais imediatas 
(como as náuseas) e outras são mais tardias (como o delirium). 
➔ Até mesmo doses terapêuticas podem levar à dependência. 
A retirada dos benzodiazepínicos deve ser gradual, mesmo para aqueles paci-
entes que utilizam doses terapêuticas, de modo que haja a redução de ¼ da 
dose por semana, durante seis a oito semanas. 
➔ A retirada dos 50% iniciais é mais fácil e plausível de ser concluída nas 
primeiras duas semanas, mas o restante da medicação pode requerer 
mais tempo. Não se deve reduzir mais que 25% da dose total semanas 
após uma administração de longo prazo. 
É de grande valia oferecer esquemas de redução das doses por escrito, com 
desenhos dos comprimidos e datas subsequentes de redução. 
 
 
Pacientes que não conseguem concluir o plano de redução gradual podem se 
beneficiar da troca para um agente de meia-vida mais longa (p. ex., Diazepam, 
antipsicótico atípico em dose baixa, antidepressivo etc.). 
Medidas não farmacológicas para o desmame: 
• Psicoterapia: deve ser mantida durante e após a redução da dose, inclu-
indo informações sobre os benzodiazepínicos (para que servem, qual a 
importância do desmame etc. – psicoeducação), reasseguramento e pro-
moção de medidas não farmacológicas para lidar com a ansiedade (téc-
nica de respiração, não utilizar estimulantes após a tarde etc.). 
• Higiene do sono. 
• Contato mais intensivo entre o psiquiatra e psicólogo e entre o paciente 
com estes profissionais. 
Os psicoestimulantes são medicações controladas (necessário ter receita ama-
rela para adquirir), devido ao alto risco de abuso, dependência e tolerância. Os 
principais, são: Metilfenidato (Ritalina), Metilfenidato liberação lenta (Ritalina LA), 
Metilfenidato liberação lenta (Concerta) e Lidexafetamina (Venvanse). 
O que os psicoestimulantes tratam: 
• São a primeira escolha para o tratamento do TDAH. 
• Podem ser utilizados para depressão refratária com efeitos colaterais in-
desejados, como fadiga e sonolência, quando o tratamento com os anti-
depressivos não se mostrar capaz de cessar estes efeitos. 
o O uso de psicoestimulantes em quadros de depressão deve ser 
bastante cuidadoso e orientado, pois a queda do seu efeito ao fim 
do dia pode piorar alguns dos sintomas depressivos. 
• O Venvanse/Juneve foram aprovados para a compulsão alimentar. 
Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH): 
O TDAH distingue-se por uma tríade de sintomas: desatenção, hiperatividade e 
impulsividade. Os sintomas originam-se, em parte, de anormalidades em vários 
circuitos que envolvem o córtex pré-frontal. 
 
 
Em indivíduos com TDAH a dopamina e a noradrenalina estão baixas e a força 
do impulso do córtex pré-frontal para outras partes do cérebro reduzida, o que 
leva a desatenção e agitação. 
O estresse pode ativar os circuitos noradrenalina e dopamina do córtex pré-fron-
tal, o que resulta em excesso de descargas fásicas dessa substância, o que ex-
plica o hiperfoco que acontece com alguns indivíduos que tem TDAH. Por vezes, 
estes indivíduos procrastinam bastante a entrega de suas tarefas e, assim, 
quando estão próximos à data limite, com a atuação do estresse, há uma hipe-
rativação destes circuitos, o que faz com que a recaptação da noradrenalina e 
dopamina ocorra de forma intensiva e fásica, o que a longo prazo é prejudicial 
para o cérebro. Alguns estudos demonstram demência precoce em indivíduos 
com este tipo de funcionamento. 
Como o TDAH aparece na prática clínica: 
Não é incomum que o indivíduo chegue ao consultório com um Transtorno por 
Uso de Substâncias ou com Transtornos do Humor ou com Transtornos de An-
siedade e que estes diagnósticos ocorram antes do diagnóstico do TDAH, prin-
cipalmente naqueles pacientes com TDAH que tiveram mais manobras de ajus-
tamento ao longo da vida. 
• A hierarquia do tratamento, quando existe uma comorbidade de TDAH e 
algum dos transtornos supracitados, ocorre de modo que o TDAH seja 
tratado depois, o que significa dizer que o Transtorno por Uso de Subs-
tâncias, os Transtornos de Humor e os Transtornos de Ansiedade devem 
ser tratados antes do TDAH. No caso da coexistência dos quatro ao 
mesmo tempo, segue-se a ordem: 1) primeiro, trata-se o Transtorno por 
Uso de Substâncias; 2) posteriormente, trata-se os Transtornos do Hu-
mor; 3) em terceiro lugar, trata-se os Transtornos de Ansiedade; e 4) por 
fim, trata-se o TDAH. 
Ação dos psicoestimulantes: 
Os psicoestimulantes fazem com que ocorra um aumento na liberação da dopa-
mina e da noradrenalina, de modo que alcancem níveis ótimos, e diminuem as 
 
 
secreções fásicas de dopamina e noradrenalina que ocorrem nos momentos de 
hiperfoco. Ademais, fortalecem o impulso cortical pré-frontal. 
Efeitos colaterais: diminuição do apetite; dor de cabeça; ansiedade; náuseas; 
insônia; psicose; euforia; e tics. 
Cuidados prévios à introdução dos psicoestimulantes: 
Revisão da saúde física, incluindo: um histórico médico, levando em conta as 
condições que podem ser contra indicações de medicamentos específicos; quais 
outras medicações estãosendo usadas pelo paciente atualmente; altura e peso 
(principalmente nas crianças, pois o uso dos psicoestimulantes pode interferir no 
apetite e, consequentemente, no desenvolvimento); pulso e pressão arterial ba-
sais; e uma avaliação cardiovascular, incluindo um eletrocardiograma. 
Metilfenidato: 
• Ritalina: tem meia-vida menor quando comparada aos demais (três a 
quatro horas) e precisa ser ingerida em três a cinco doses diárias. Seu 
método de liberação é imediato. Por necessitar de tantas doses diárias, 
costuma apresentar maior dificuldade para a adesão ao tratamento e 
apresenta alto risco de abuso/tolerância e dependência, contudo, é inte-
ressante para aqueles indivíduos que precisam de um efeito mais imedi-
ato, como crianças em idade escolar, pois ajuda a manter o foco com mais 
qualidade. Apresenta menor custo. 
• Ritalina LA: apresenta meia-vida de oito horas, sendo necessário tomar 
uma a duas doses diárias. Seu método de liberação é prolongado. 
• Concerta: apresenta a maior meia-vida quando comparada aos demais 
(10 a 12 horas) e precisa ser ingerida apenas uma vez ao dia. Seu método 
de liberação é prolongado: combinação de 22% de liberação imediata e 
78% de liberação de ação prolongada, sugerindo uma longa duração do 
efeito. É mais difícil de quebrar, cortar ou esmagar do que a Ritalina, o 
que reduz seu risco de abuso. 
Lidexafetamina: 
• Venvanse: não tem ação intravenosa e inalatória, o que faz diminuir o 
risco de abuso. Além disso, é improvável que seja afetado pela ingestão 
 
 
de alimentos. Quando comparado com o Concerta, apresenta maior libe-
ração nas primeiras horas. Sua meia-vida varia entre 10 e 12 horas (ou 
até 13 a 14 horas). 
Como reduzir risco de abuso, dependência e tolerância: 
• Acompanhamento regular psiquiátrico e psicológico com a comunicação 
assertiva em relação à mensuração da melhora ou piora (escalas) antes 
da progressão de dose ou associação medicamentosa. 
• Em alguns casos, a dose da medicação pode ser reduzida ou retirada em 
momentos de menor demanda, como em férias, fins de semana etc. 
• Alternância de medicação após dose máxima permitida, principalmente 
quando observado que o efeito da medicação já não é mais o mesmo. 
• É importante que o paciente seja psicoeducado em relação aos efeitos 
colaterais de rebote no caso de desmame ou redução da medicação pelo 
psiquiatra, pois ele precisa compreender que o efeito rebote é passageiro 
e não define como ele está. 
A escolha do psicoestimulante: 
1. O paciente tem histórico de transtorno por uso de substância? 
Venvanse, lembrando sempre da hierarquia de tratamento (o paciente 
precisa estar a no mínimo seis meses a doze sem contato com a droga 
para que o psicoestimulante possa ser introduzido). Esta é a melhor es-
colha devido ao menor risco de abuso. 
 
2. Está com insônia? 
Ritalina, pois apresenta meia-vida mais curta e, por isso, interfere menos 
no sono. 
 
3. Condição socioeconômica complicada? 
Ritalina, pois tem o menor custo. 
 
4. Paciente com TDAH com compulsão alimentar? 
Venvanse. 
 
5. Paciente com perda de apetite, comorbidade com transtorno do pâ-
nico, que trabalha manhã e tarde? 
 
 
O Venvanse ampliaria a perda de apetite, então não é uma boa escolha. 
A Ritalina tem um pico de estimulação muito rápido, o que pode ampliar 
a ansiedade/transtorno do pânico, então também não é uma boa escolha. 
Portanto, a melhor escolha é o Concerta. 
 
6. Criança com dificuldade de ingestão da medicação? 
Venvanse, pois o conteúdo da sua cápsula pode ser dissolvido na água, 
sem que haja alteração em suas propriedades farmacológicas. 
 
Impulsividade: diz respeito a predisposição a reações rápidas e não planejadas 
a estímulos internos ou externos, com consideração mínima das consequências 
negativas dessas reações. Incapacidade de adiar a recompensa. Incapacidade 
de parar a iniciação das ações. O paciente age antes de pensar sobre suas 
ações. 
Compulsividade: diz respeito a realização de comportamentos repetitivos e pre-
judiciais que não tem nenhuma função adaptativa. Incapacidade de interromper 
ações em andamento. 
Constructo dos transtornos compulsivos/impulsivos: 
A impulsividade e a compulsão são encontradas em diversos transtornos psiqui-
átricos. Este é o caminho que ocorre dentro do SNC: 
• Impulsividade: estriado ventral > tálamo (T) > córtex pré-frontal ventrome-
dial (CPFVM) > córtex cingulado anterior (CCA). 
• Compulsividade: estriado dorsal > tálamo (T) > córtex orbitofrontal (COF). 
Os atos impulsivos podem se tornar compulsivos, devido a alterações neuroplás-
ticas que envolvem o sistema dorsal (migração dos impulsos da alça ventral para 
a alça dorsal). 
Regulação emocional (RE): quando o sujeito apresenta uma regulação emoci-
onal desadaptativa, é possível pensar na existência de algum transtorno, a 
exemplo de: Transtorno por Uso de Substâncias, Transtornos Disruptivos, do 
Controle de Impulsos e da Conduta, Transtornos Alimentares e Transtornos de 
Personalidade Grupo B. 
 
 
Transtornos Disruptivos, do Controle de Impulsos e da Conduta conforme 
o DSM-V-TR: 
• Transtorno de Oposição Desafiante. 
• Transtorno Explosivo Intermitente. 
• Transtorno de Conduta. 
• Transtorno de Personalidade Antissocial. 
• Piromania. 
• Cleptomania. 
• Outro Transtorno Disruptivo Especificado. 
• Outro Transtorno Disruptivo Não Especificado. 
Substâncias relacionadas aos transtornos aditivos: álcool, cafeína, canna-
bis, alucinógeno, inalantes, opioides, sedativos, hipnóticos, ansiolíticos, estimu-
lantes, jogos e outras substâncias. 
Fármacos associados ao abuso/dependência: 
• Opioides (morfina, codeína, metadona). 
• Benzodiazepínicos (Rivotril, Dormonid, Frontal). 
• Drozas Z (Zolpidem, Zolpiclona). 
• Psicoestimulantes (Ritalina e Venvanse). 
• Anestésicos (Ketamina, Propofol, anestésico inalatório). 
Não é incomum que os indivíduos transitem a compulsão de um item para o 
outro, p ex., trocaram a compulsão por comida pela compulsão por álcool. 
Como funciona o mecanismo de recompensa: 
A liberação de dopamina (relacionado ao prazer/motivação) acontece como uma 
recompensa por uma tarefa prazerosa, via área tegmental ventral (ATV) > núcleo 
accumbens (NAcc) > amígdala > córtex pré-frontal. 
As propriedades recompensadores no consumo de alimentos e no uso de drogas 
são associados a aumentos na atividade dopaminérgica em circuitos de recom-
pensa cerebral, vulnerabilizando, assim, o uso e abuso de substâncias e a com-
pulsão alimentar. A Via Dopaminérgica Mesolímbica constitui a via final comum 
de reforço e recompensa no cérebro para tudo aquilo que é prazeroso. 
 
 
Certas substâncias se tornam tão viciantes devido a diversos fatores, dentre 
eles, o alívio da dor, a euforia, o início e a duração do efeito e as adaptações a 
longo prazo. 
• Alívio da dor e euforia: as substâncias atuam no circuito do prazer pu de 
recompensa, liberando dopamina. Agem também em outros neurotrans-
missores e moduladores: opioide, noradrenérgico, serotonérgico, endoca-
nabioide, glutamato e gaba. 
• Início e duração do efeito: quanto menos barreiras a droga tenha que atra-
vessar para atingir o cérebro, mais rápido seu efeito, a exemplo da coca-
ína e do crack, e quanto mais rápido seu efeito, maior a probabilidade de 
que ela se torne viciante. A via endovenosa é a que produz o efeito mais 
intenso. 
• Duração do efeito: a duração do efeito depende da eliminação (distribui-
ção e excreção). Meia-vida curta e alta potência = alto potencial de abuso. 
• Adaptações a longo prazo: o desenvolvimento da dependência e a vulne-
rabilidade à recaída após a abstinência parecem ser o resultado de pro-
cessos neuroadaptativos no SNC, que mudam a conformação cerebral. 
Essas alterações levam ao prejuízo dos mecanismos que medeiam o re-
forço positivo e o surgimento de estados afetivos diferentes e opostos ao 
reforçopositivo, como ansiedade, disforia e depressão na abstinência, o 
que significa dizer que os indivíduos que se tornam dependentes tinham, 
provavelmente, fases de abstinência muito complicadas e, para cessá-
las, buscavam utilizar a droga novamente. 
Tolerância: 
Conceito exclusivamente farmacológico, definido como a perda do efeito de uma 
droga devido à administração repetida ou á necessidade de aumentar a dose 
para obter o mesmo efeito. 
• Tolerância inata: variações individuais na resposta à droga. O indivíduo já 
nasce com um padrão mais “resistente” de respostas aos efeitos da subs-
tância (p. ex., homens de 22 anos tolerantes aos efeitos do álcool têm 
maior probabilidade de desenvolver alcoolismo aos 32 anos). 
 
 
• Tolerância adquirida: farmacocinética: ocorre indução enzimática. As en-
zimas passam a funcionar mais ou são sintetizadas em maior quantidade. 
Farmacodinâmica: adaptação dos receptores à presença da droga. 
Abstinência: 
Sinais e sintomas psíquicos e físicos que ocorrem após a diminuição ou interrup-
ção do consumo da substância. Quanto maior o grau de dependência, mais exu-
berante é o efeito da substância no organismo do paciente. A síndrome de abs-
tinência é um conjunto de sinais e sintomas que em geral (mas não sempre) é o 
reverso ao efeito da droga. 
Avaliação inicial no tratamento do transtorno por uso de substância: 
Na avaliação inicial, o profissional precisa se atentar às motivações que levaram 
o sujeito a procurá-lo: o tratamento foi iniciado por conta própria ou por pressão 
de terceiros? Geralmente o tratamento é muito mais eficiente quando o sujeito o 
inicia por vontade própria. 
O compromisso inicial com o tratamento pode ser muito tênue, ou seja, em um 
momento ele pode percebê-lo como necessário, enquanto em outro pode não 
querer segui-lo. Portanto, por vezes, lembrar ao paciente o que o levou ao trata-
mento pode servir de alavanca se o compromisso com o tratamento decair. 
Os padrões passados e presentes de uso substâncias precisam ser avaliados. 
É importante lembrar que abusadores de substâncias podem subnotificar o con-
sumo, isto é, podem dizer que estão usando menos do que realmente estão. Por 
isso, é essencial que o profissional utilize de estratégias de entrevista, como a 
escuta sem julgamentos e a indagação sobre a quantidade/frequência de cima 
para baixo (p. ex., “Você bebe cinco garrafas de vodka por dia?”, para que o 
paciente responda “Não, cinco não, só uma e meia”). Ademais, é importante ob-
servar se o paciente mistura a droga de escolha com outras substâncias e qual 
a unidade de uso (p. ex., se o paciente diz que utiliza apenas dois drinques por 
dia, é necessário ter conhecimento sobre o tamanho dos drinques e qual a be-
bida utilizada). Com essas informações, o profissional consegue estimar o nível 
de dependência e abuso do paciente, assim como o nível de abstinência caso a 
droga seja retirada. 
 
 
• Uma dose padrão é equivalente a 14g de álcool puro. É importante obser-
var qual bebida o paciente está fazendo uso, pois 350ml de cerveja con-
tém cerca de 5% de álcool, desse modo, esta dose é equivalente a apenas 
150ml de vinho, pois este contém 12% de álcool, que é equivalente a 40ml 
de destilado, pois este contém 40% de álcool. 
É crucial que transtornos comórbidos sejam investigados, por exemplo: 
• A depressão grave pode precipitar o abuso de álcool em uma tentativa 
equivocada de aliviar o sofrimento. É preciso investigar o que veio pri-
meiro: a depressão ou a bebida. 
• Não é incomum o abuso de substâncias em pacientes em episódios ma-
níacos. 
• O abuso/dependência de álcool é observado em vários transtornos de an-
siedade. No transtorno de ansiedade social, por exemplo, a socialização 
pode ser mais fácil com o álcool ou a cocaína. 
• A cannabis está associada com quadros psicóticos. Quanto mais precoce 
o uso, maior o risco de quadro psicótico. 
É preciso avaliar a história familiar e social, pois os padrões familiares e sociais 
muitas vezes “permitem” o abuso contínuo de substâncias. Também é impor-
tante observar nesta avaliação o fatores de risco genéticos. 
➔ Para a Psiquiatria, o abuso de substâncias envolve um padrão de uso 
repetido ao longo do tempo que resulta em problemas em uma ou mais 
áreas. Torna-se claro que o uso da substância está interferindo na capa-
cidade funcional do paciente a depender da sua frequência, intensidade 
e sofrimento clinicamente significativo a si próprio e/ou a terceiros. 
TIPOS DE TRATAMENTO 
Tratamento de substituição: 
Este tratamento ocorre quando a substância é substituída por uma outra, seme-
lhante, mas que seja menos viciante e que seja, por óbvio, dentro da legalidade. 
A medicação de substituição deriva da mesma família da droga de abuso (álcool 
e Rivotril; morfina e metadona; gomas de nicotina e cigarro etc.) e deve apresen-
tar uma velocidade de início mais lenta e uma duração de ação mais longa. 
 
 
Quando este tratamento é realizado, o sujeito reduz ou diminui os sintomas de 
abstinência, mas para que seja feito, o acompanhamento precisa ser de perto, 
de modo que possa ser controlado. 
Tratamentos que agem no sistema de recompensa: 
Medicamentos de recompensa funcionam de forma semelhante, mas não igual 
à substância de abuso. Na maioria das vezes, esses centros de recompensa são 
ativados por dopamina ou agonistas opioides endógenos. 
Tratamento que age no antikindling: 
Em alguns casos, o sujeito fica extremamente ansioso para poder utilizar a subs-
tância, o que é denominado de “craving” ou “fissura” pela substância-desejo. 
Essa fissura (esse estímulo) começa em uma área do cérebro e depois se espa-
lha por todo o SNC, produzindo a crise da fissura (quanto maior a estimulação, 
maior estimulação - retroalimentação). 
Tratamento de interferência: 
Utiliza-se drogas que interferem no “barato da droga”. Quando o indivíduo utiliza 
a Naltrexona, por exemplo, ele não consegue mais sentir tanto prazer pelo álcool, 
pois quando o abusador usa sua droga de escolha, seus efeitos são bloqueados 
pelas medicações de interferência. Ao reduzir os efeitos prazerosos do uso de 
drogas, o incentivo ao uso repetido também diminui. 
O conceito do tratamento de interferência é oposto ao tratamento de substitui-
ção, pois os medicamentos de substituição estimulam os mesmos receptores, 
enquanto as terapias de interferência bloqueiam esses receptores. 
Tratamento indutor de aversão: 
Enquanto os medicamentos de interferência tornam o uso de drogas menos pra-
zeroso, os medicamentos de aversão tornam este uso extremamente desconfor-
tável. Em outras palavras, a combinação da medicação de aversão e da droga 
de abuso produzirá efeitos desagraváveis, como dor de cabeça, náuseas e vô-
mitos. Um exemplo é o tratamento de alcoolismo com dissulfiram (Antabuse). 
 
 
 
Tratamento da comorbidade psiquiátrica: 
Baseada na teoria de que alguns indivíduos estão abusando de substâncias psi-
coativas devido a outros transtornos ou sintomas psiquiátricos não tratados. A 
ideia principal é que ao tratar um outro transtorno, remove-se o incentivo primário 
para continuar com o abuso de drogas. 
Pacientes com outras doenças psiquiátricas correm maior risco de abuso de 
substâncias. Via de regra, tratar o transtorno psiquiátrico tende a reduzir a fre-
quência e a gravidade do uso de substâncias. 
TRANSTORNOS RELACIONADOS AO ÁLCOOL 
Síndrome de Abstinência de Álcool: 
Apresenta curso flutuante e autolimitado, com pico de duração de 24 a 48 horas, 
mas pode durar de cinco a 14 dias. Acontece quando o paciente cessa ou reduz 
o uso de álcool intenso ou prolongado. Dois dos seguintes critérios devem estar 
presentes: 1) hiperatividade autonômica; 2) tremor nas mãos; 3) insônia; 4) náu-
seas e vômitos; 5) alucinações e ilusões; 6) agitação; 7) ansiedade; e 8) convul-
sões. Tais critérios precisam causar prejuízo/sofrimento. 
Sintomas (síndromeleve/moderada): leve agitação psicomotora, tremores finos 
de extremidades, sudorese discreta, cefaleia, náuseas sem vômitos e sensoper-
cepção inalterada (o paciente não apresenta alucinação ou delírio). 
Normalmente, no grau leve o paciente está orientado no tempo e no espaço, tem 
contato e juízo crítico da realidade preservados, apresenta ansiedade leve, mas 
sem episódios de auto ou heteroagressividade, tem uma rede social continente 
(ou seja, uma rede de apoio disponível para ele naquele momento) e não apre-
senta complicações e/ou comorbidades clínicas e/ou psiquiátricas graves. 
Geralmente o tratamento é ambulatorial e, enquanto este ocorre, essas são al-
gumas orientações: propiciar um ambiente calmo, confortável e com pouca esti-
mulação audiovisual; dieta livre; atenção à hidratação e reposição vitamínica. 
O tratamento medicamentoso na síndrome leve/moderada depende muito da in-
tensidade dos sintomas, mas, normalmente, ocorre com Benzodiazepínicos de 
via oral (Diazepam e Lorazepam (geralmente utilizado nos hepatopatas)). 
 
 
Sintomas (síndrome grave): agitação psicomotora intensa, com tremores gene-
ralizados, sudorese profusa, cefaleia, náuseas com vômitos, sensibilidade visual 
intensa e convulsões. 
No grau grave o paciente apresenta-se desorientado no tempo e no espaço, tem 
o juízo crítico da realidade comprometidos, ansiedade intensa, história de violên-
cia auto e heteroagressiva e alterações do pensamento (delírios e/ou alucina-
ções auditivas, táteis ou visuais). A rede de apoio costuma ser inexistente ou o 
próprio ambiente pode ser um facilitador ao uso de bebidas alcóolicas. Não é 
incomum que existam complicações e/ou comorbidades clínicas e/ou psiquiátri-
cas graves (p. ex., depressão grave com risco de suicídio). 
Normalmente o paciente começa sentindo sintomas de uma abstinência 
leve/moderada e, posteriormente, avança para os sintomas graves. As convul-
sões, por exemplo, costumam ocorrer apenas após 48 horas. 
O tratamento é hospitalar e, enquanto ocorre, algumas orientações precisam ser 
seguidas: monitoramento frequente dos sinais vitais; locomoção restrita; ambi-
ente calmo com relativo isolamento (redução de estímulos audiovisuais); hidra-
tação endovenosa; reposição vitamínica; e, se houver alterações no sensório, o 
paciente precisa passar um tempo em jejum, para evitar o risco de aspiração. A 
contenção física deve ser evitada, sendo utilizada em último caso, quando a agi-
tação extrema traz risco para si próprio ou para terceiros. 
O tratamento medicamentoso, assim como no grau leve/moderado, é realizado 
com benzodiazepínicos (Diazepam e Lorazepam). A posologia é de hora em 
hora ou de acordo com sintomas do paciente. Em alguns casos, há a necessi-
dade de administração endovenosa. 
• Os benzodiazepínicos na Síndrome de Abstinência grave podem prevenir 
convulsões e quadros de Delirium Tremens. 
Alucinose alcoólica na Síndrome de Abstinência de Álcool: é grave. O paciente 
apresenta alucinações visuais, auditivas (ex., sino, cliques rugidos ou vozes de 
comando) de início agudo, com ou sem delírios, sem rebaixamento/flutuação do 
sensório. Na maioria dos casos, os sintomas remitem em horas, dias ou 
 
 
semanas; poucos persistem por meses. Alguns pacientes podem expressar 
medo, ansiedade e agitação. Normalmente há insight. 
Geralmente o tratamento é hospitalar, com uso de benzodiazepínicos e antipsi-
cóticos. 
Delirium Tremens na Síndrome de Abstinência de Álcool: também é grave, e diz 
respeito a uma flutuação do nível de consciência, desorientação temporal e es-
pacial, agitação intensa, dificuldade de fala, alucinações táteis e visuais (p. ex., 
visão de animais próximos a ele ou caminhando por seu corpo). 
O tratamento ocorre nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTI), com o uso de 
benzodiazepínicos e antipsicóticos em dose baixa, se houver agitação extrema. 
Transtorno por Uso de Álcool: 
Para que haja o diagnóstico do Transtorno por Uso de Álcool, precisa existir so-
frimento clinicamente significativo, e dois entre onze critérios precisam estar pre-
sentes nos últimos doze meses, quais sejam: 1) consumo de quantidades maio-
res ou por período maior que o pretendido; 2) esforços malsucedidos para dimi-
nuir ou descontinuar o uso; 3) atividades diárias giram em torno da substância; 
4) fissura (“Craving”); 5) fracasso em cumprir as principais obrigações; 6) uso 
apesar de problemas sociais ou interpessoais; 7) atividades abandonadas ou 
reduzidas; 8) uso recorrente em situações que envolvem risco à integridade fí-
sica; 9) uso apesar da consequência psicológica ou física; 10) tolerância); e 11) 
abstinência. 
O tratamento ocorre com medicação, psicoterapia direcionada e participação em 
grupo de apoio, como o Alcoólicos Anônimos. Os fármacos devem ser adminis-
trados com regularidade (todos os dias, mesmo naqueles em que o paciente não 
está bebendo), e apresentam efeito apenas se forem utilizados conforme a pres-
crição. Esses são alguns dos fármacos: 
• Naltrexona: o mais eficaz para o alcoolismo grave. Reduz a fissura e a 
recaída. É um antagonista dos receptores opioides que impede que opi-
oides exógenos se liguem a eles e reduz os efeitos prazerosos do con-
sumo da bebida alcoólica. O tratamento dura 12 semanas. A Naltrexona 
mantém a redução das taxas de recaída até o quinto mês após sua 
 
 
suspensão. É contraindicada para pacientes com doenças hepáticas agu-
das e crônicas, e seus efeitos colaterais comuns, são: náuseas, perda de 
peso e irritabilidade. 
• Acamprosato: eficaz na prevenção de recaídas em pacientes já desinto-
xicados. Menor evidência para aqueles que estão tentando reduzir o uso. 
É um antagonista do receptor NMDA e atua inibindo a atividade excitatória 
glutamatérgica, reduzindo sintomas de abstinência. Ademais, modula a 
atividade dopaminérgica no núcleo accumbens, reduzindo o reforço posi-
tivo relacionado ao álcool. Reduz a fissura. O tratamento dura de seis a 
doze meses, e seus efeitos colaterais comuns, são: náuseas, perda de 
peso e irritabilidade. Um efeito incomum, porém grave, é o rebaixamento 
do humor. 
• Dissulfiram: apresenta efeitos adversos desconfortáveis quando usados 
com álcool (tratamento de aversão). Inibe a oxidação do acetaldeído (pro-
duto do metabolismo do álcool). Esses são seus efeitos, caso seja utili-
zado com o álcool: rubor facial, dor de cabeça, dor no peito, falta de ar, 
náuseas, vômitos e sudoreses. Se utilizado com muito álcool, pode oca-
sionar visão turva, vertigem, confusão mental, hipotensão, coma e até a 
morte. Proibido no Brasil desde 2019! 
As razões para a não adesão ao tratamento incluem negação da doença, efeitos 
colaterais desagradáveis e falsas crenças sobre a medicação (o que demonstra 
a importância da psicoeducação). 
TRANSTORNOS RELACIONADOS AO USO DO TABACO 
O cigarro, charuto, cachimbo, fumo de corda, vaper etc. contêm tabaco. 
Síndrome de Abstinência de Tabaco: 
Para ser considerada uma Síndrome de Abstinência de Tabaco, o uso do tabaco 
deve ter um período mínimo de várias semanas, e a cessação ou redução do 
seu uso deve ser seguida, no prazo de 24 horas, por quatro dos seguintes crité-
rios: 1) irritabilidade, frustração e raiva; 2) ansiedade; 3) dificuldade de concen-
tração; 4) aumento do apetite; 5) inquietação; 6) humor deprimido; 7) insônia. 
Tais critérios precisam causar prejuízo/sofrimento. 
 
 
 
Transtorno por Uso de Tabaco: 
Assim como no Transtorno por Uso de Álcool, dois entre onze critérios precisam 
estar presentes nos últimos doze meses, quais sejam: 1) consumo de quantida-
des maiores ou por período maior que o pretendido; 2) esforços malsucedidos 
para diminuir ou descontinuar o uso; 3) atividades diárias giram em torno da 
substância; 4) fissura (“Craving”); 5) fracasso em cumprir as principais obriga-
ções; 6) uso apesar de problemas sociais ou interpessoais; 7) atividades aban-
donadas ou reduzidas;8) uso recorrente em situações que envolvem risco à in-
tegridade física; 9) uso apesar da consequência psicológica ou física; 10) tole-
rância); e 11) abstinência. 
Existem três tratamentos principais: 
• Terapia de Reposição de Nicotina (TRN): tem por objetivo diminuir os 
sintomas de abstinência e da intensidade da fissura (vontade extrema de 
utilizar a substância). É um tratamento de substituição que deve ser intro-
duzido assim que o paciente parar de fumar, o qual dura de oito a 12 
semanas, podendo ser estendido até um ano. São comercializados no 
Brasil: adesivos transdérmicos (Niquitin), Goma (Nicorette) e pastilha (Ni-
quitin) – todas as formas de TRN parecem ter eficácia similar. 
• Bupropiona: tem por objetivo diminuir sintomas de abstinência e da in-
tensidade da fissura. Seu tratamento deve ser iniciado uma semana antes 
do paciente parar de fumar e deve durar, em média, 12 semanas. Contra-
indicações: convulsões, anorexia nervosa, bulimia, etilismo pesado, 
trauma craniano, acidente vascular cerebral (AVC), trauma cranioencefá-
lico (TCE), gravidez e amamentação. Efeitos colaterais comuns: perda de 
apetite e ansiedade. Age nas vias dopaminérgicas centrais, diminuindo 
fissura pelo cigarro nos pacientes em abstinência da nicotina. É primeira 
linha de tratamento para vício em nicotina, podendo ser utilizado em mo-
noterapia. 
• Vareniclina: tem por objetivo diminuir os sintomas de abstinência. Seu 
tratamento deve ser iniciado uma semana antes do paciente parar de fu-
mar e deve durar, em média, 12 semanas, podendo ser estendido. O pa-
ciente deve parar de fumar entre o 8º e 35º dia de uso. É mais eficaz que 
 
 
os outros métodos e é contraindicado para menores de 18 anos e grávi-
das. Efeitos colaterais comuns: náuseas, principalmente. Normalmente é 
utilizado quando a Bupropiona falha. 
o Mecanismo de ação: 1) liga-se a receptores nicotínicos – liberação 
de dopamina, sem efeitos de abstinência; 2) impede a nicotina exó-
gena de se ligar aos receptores nicotínicos, bloqueando os efeitos 
reforçadores do seu uso. 
TRANSTORNOS RELACIONADOS AO USO DE ESTIMULANTES 
Os estimulantes mais comuns são a cocaína, o crack e o MD. 
Síndrome de Abstinência de Estimulantes: 
Ocorre quando há cessação ou redução do uso de substâncias tipo anfetamina, 
cocaína ou outro estimulante. Humor disfórico e dois dos seguintes critérios, no 
prazo de algumas horas ou alguns dias, devem estar presentes: 1) fadiga; 2) 
sonhos vívidos e desagradáveis; 3) insônia ou hipersonia; 4) aumento do apetite; 
e 5) retardo ou agitação. Tais critérios precisam produzir prejuízo/sofrimento. 
A cocaína e o crack são a principal causa de busca de atendimento entre os 
usuários de drogas ilícitas no Brasil. Os usuários dessas substâncias geralmente 
apresentam grande prevalência de comorbidades. O abuso/dependência geral-
mente estão associados ao poliabuso de substâncias psicoativas, sendo essa 
mais a regra do que a exceção. 
Nenhum medicamento foi aprovado para o tratamento até a metade de 2023, 
mas o Topiramato e os psicoestimulantes de meia-vida longa, como o Venvanse, 
apresentam estudos com resposta positiva. 
TRANSTORNO POR USO DE SUBSTÂNCIA E A COMPULSÃO ALIMENTAR 
As propriedades recompensadoras tanto nas situações de consumo de alimen-
tos como no uso de drogas têm sido associadas a aumentos na atividade dopa-
minérgica em circuitos de recompensa cerebral. Sendo assim, a hiperresponsi-
vidade neural em relação à recompensa, tipicamente associada ao abuso de 
substâncias, também pode ser visto na compulsão alimentar. 
➔ Até 2023, o medicamento aprovado para tratamento da compulsão ali-
mentar é o Venvanse. 
 
 
Os dois grupos se diferenciam em relação à disponibilidade do receptor opioide, 
sendo o vício em drogas geralmente associado ao aumento e o Transtorno de 
Compulsão Alimentar à diminuição da disponibilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIA: 
Intensivo de Psicofarmacologia realizado pelo Grupo PBE, da psicóloga Fernanda 
Landeiro, ministrado pela médica psiquiatra Caroline Dallalana.

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