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@anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 17 
1 
OBJETIVOS 
1. Estudar os transtornos psicóticos; 
a. Diferenciar TP primário e secundário. 
b. Tratamento: estudar a farmacodinâmica e farmacocinética dos antipsicóticos. 
2. Compreender o exame físico neurológico. 
Transtornos Psicóticos 
INTRODUÇÃO 
A psicose é uma síndrome associada à desregulação dos 
neurotransmissores dopamina e serotonina e ao 
funcionamento anormal dos principais circuitos 
cerebrais, particularmente envolvendo as regiões 
cerebrais frontal, temporal e mesoestriatal. Pessoas com 
psicose geralmente apresentam alucinações (por exemplo, 
auditivas, visuais, táteis), delírios e pensamentos e ações 
desorganizados. 
A psicose pode ser devida a transtornos psiquiátricos 
primários ("não orgânicos") ou ser secundária ao uso de 
substâncias ou etiologias clínicas específicas 
("orgânicos"). 
− Os transtornos psicóticos primários incluem: 
esquizofrenia, transtorno delirante, transtorno 
esquizoafetivo, transtorno esquizofreniforme e 
transtorno psicótico breve. 
− Os pacientes com psicose secundária ao uso de 
drogas ou causas clínicas geralmente apresentam 
sinais vitais alterados, alucinações visuais e 
comprometimento cognitivo grave, incluindo 
confusão ou desorientação. 
Uma síndrome psicótica pode também acompanhar outras 
condições psiquiátricas, como transtorno depressivo maior 
e transtorno bipolar. Pacientes com psicose associada a 
transtornos psiquiátricos apresentam uma combinação de 
alucinações (principalmente, auditivas), delírios e 
processo de pensamento desorganizado, mas geralmente 
são orientados e apresentam deficits cognitivos 
observáveis mínimos. Com exceção da agitação aguda, os 
pacientes com psicose (que, do contrário, sejam saudáveis) 
tendem a ter sinais vitais normais. 
A avaliação da psicose inclui exame físico, história 
médica e psiquiátrica completas e um investigação 
laboratorial. O exame físico deve incluir exame 
neurológico detalhado e exame completo do estado 
mental, com as seguintes áreas de foco: humor e afeto, 
processo e conteúdo do pensamento (incluindo uma 
avaliação dos delírios, percepções anormais, ideação 
suicida e homicida, e crítica), e um exame cognitivo. 
A história médica deve incluir uma revisão dos 
traumatismos cranioencefálicos, convulsões, doenças 
cerebrovasculares, infecções sexualmente transmissíveis e 
cefaleias novas ou em agravamento. A história colateral é 
recomendada para traçar o início e a evolução da psicose. 
As investigações laboratoriais iniciais recomendadas 
incluem um hemograma completo, perfil metabólico 
abrangente, testes de função tireoidiana, toxicologia 
urinária e medição do hormônio paratireoide, cálcio, 
vitamina B12, folato e niacina. Com base na suspeita 
clínica, testes para infecção por HIV e sífilis, bem como 
neuroimagem cerebral (por exemplo, TC ou RNM), 
devem ser considerados como parte da investigação 
inicial. 
Sintomas positivos 
Padrões da fala Descrição 
Neologismos 
Uso de palavras 
inventadas 
Desassociação Associações desconexas 
Tangencialidade 
Incapacidade de se ater ao 
ponto de origem 
Incoerência Perda de conexões lógicas 
“Salada” de palavras 
Grupos de palavras 
desconexas 
 
Sintomas negativos 
Comportamento Descrição 
Alogia 
Tendencia a falar muito 
pouco 
Avolição 
Ausência de motivação 
para atividades 
direcionadas a objetivos 
Apatia 
Ausência de interesse ou 
preocupação 
Embotamento afetivo 
Ausência de expressão 
emocional 
Afeto inadequado 
O afeto não corresponde à 
situação 
Anedonia 
Incapacidade de sentir 
prazer com as coisas 
normalmente prazerosas 
@anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 17 
2 
PSICOTICO BREVE 
O transtorno psicótico breve (TPB) é um distúrbio de curta 
duração que envolve o início súbito de ao menos 1 
sintoma psicótico positivo. Esses sintomas incluem 
delírios, alucinações, fala desorganizada (por exemplo, 
agitação frequente ou incoerência) ou comportamento 
grosseiramente desorganizado ou catatônico, onde pelo 
menos 1 sintoma deve ser delírios, alucinações ou fala 
desorganizada. 
O TPB pode durar entre 1 e 30 dias antes de o paciente 
retornar completamente ao nível pré-mórbido de 
funcionamento. 
Para ser diagnosticado como TPB, o distúrbio não deve ser 
induzido por substâncias nem ser justificado por um 
transtorno esquizoafetivo, por um transtorno do humor 
com características psicóticas, por esquizofrenia ou por 
uma condição médica geral (por exemplo, transtorno 
convulsivo, sarcoidose, câncer de pulmão, tireotoxicose 
ou trauma cranioencefálico) 
A. Presença de um (ou mais) dos sintomas a seguir. Pelo 
menos um deles deve ser (1), (2) ou (3): 
1. Delírios. 
2. Alucinações. 
3. Discurso desorganizado (p. ex., descarrilamento 
ou incoerência frequentes). 
4. Comportamento grosseiramente desorganizado 
ou catatônico. Nota: Não incluir um sintoma que 
seja um padrão de resposta culturalmente aceito. 
B. A duração de um episódio da perturbação é de, pelo 
menos, um dia, mas inferior a um mês, com eventual 
retorno completo a um nível de funcionamento pré-
mórbido. 
 C. A perturbação não é mais bem explicada por transtorno 
depressivo maior ou transtorno bipolar com características 
psicóticas, por outro transtorno psicótico como 
esquizofrenia ou catatonia, nem se deve aos efeitos 
fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, 
medicamento) ou a outra condição médica. 
Início súbito é definido como uma mudança de um estado 
não psicótico para um estado claramente psicótico em 
duas semanas, geralmente sem um pródromo. Um 
episódio da perturbação tem duração mínima de um dia, 
ainda que inferior a um mês, e a pessoa eventualmente tem 
um retorno completo ao nível de funcionamento pré-
mórbido 
Pessoas com transtorno psicótico breve costumam 
vivenciar turbulência emocional ou grande confusão. 
Podem apresentar mudanças rápidas de um afeto intenso a 
outro. Ainda que a perturbação seja breve, o nível de 
prejuízo pode ser grave, podendo haver necessidade de 
supervisão para garantir o atendimento às necessidades 
nutricionais e higiênicas e para que a pessoa fique 
protegida das consequências de julgamento insatisfatório, 
prejuízo cognitivo ou atos baseados em delírios. Parece 
haver risco aumentado de comportamento suicida, 
particularmente durante o episódio agudo. 
O transtorno psicótico breve pode aparecer na 
adolescência e no início da fase adulta, podendo ocorrer 
durante a vida toda, com idade média de início situando-
se aos 30 anos. Por definição, um diagnóstico de 
transtorno psicótico breve exige remissão completa de 
todos os sintomas e eventual retorno completo ao nível de 
funcionamento pré-mórbido em um mês do aparecimento 
da perturbação. Em algumas pessoas, a duração dos 
sintomas psicóticos pode ser muito breve (p. ex., alguns 
dias). 
O transtorno psicótico breve (TPB) pode ser desencadeado 
por um evento acentuadamente estressante ou pelo parto. 
Também pode ocorrer na ausência de estressores. A 
exposição pré-natal ao estresse aumenta o risco de TPB 
pós-parto, assim como uma história de sintomas 
psiquiátricos. Algumas pessoas podem ter uma 
vulnerabilidade genética ao TPB, que ocorre com maior 
frequência em pessoas cujos parentes tiveram TPB. 
Transtornos e traços de personalidade preexistentes (p. 
ex., transtorno da personalidade esquizotípica, transtorno 
da personalidade borderline ou traços de psicoticismo, 
como desregulação perceptiva, e no domínio da 
afetividade negativa, como desconfiança) podem 
predispor o indivíduo ao desenvolvimento do transtorno. 
Os fatores de risco incluem: presença de estressores 
significativos na vida, história familiar de transtorno 
psicótico, estar grávida ou em até 4 semanas pós-parto, 
sintomas psiquiátricos prévios em mulheres, idade entre 
30 e 40 anos e ser mãe solteira. 
TRANSTORNO ESQUIZOFRENIFORME 
A. Dois (ou mais)dos itens a seguir, cada um presente por 
uma quantidade significativa de tempo durante um período 
de um mês (ou menos, se tratados com sucesso). Pelo 
menos um deles deve ser (1), (2) ou (3): 
1. Delírios. 
2. Alucinações. 
3. Discurso desorganizado (p. ex., descarrilamento 
ou incoerência frequentes). 
4. Comportamento grosseiramente desorganizado 
ou catatônico. 
5. Sintomas negativos (i.e., expressão emocional 
diminuída ou avolia). 
B. Um episódio do transtorno que dura pelo menos um 
mês, mas menos do que seis meses. Quando deve ser feito 
um diagnóstico sem aguardar a recuperação, ele deve ser 
qualificado como “provisório”. 
C. Transtorno esquizoafetivo e transtorno depressivo ou 
transtorno bipolar com características psicóticas foram 
descartados porque 1) nenhum episódio depressivo maior 
ou maníaco ocorreu concomitantemente com os sintomas 
@anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 17 
3 
da fase ativa ou 2) se os episódios de humor ocorreram 
durante os sintomas da fase ativa, estiveram presentes pela 
menor parte da duração total dos períodos ativo e residual 
da doença. 
D. A perturbação não é atribuível aos efeitos fisiológicos 
de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) 
ou a outra condição médica 
Genéticos e fisiológicos. Familiares de pessoas com 
transtorno esquizofreniforme têm risco aumentado de 
desenvolver esquizofrenia 
fala desorganizada ou rápida, pode pular de um assunto 
para outro com o mínimo de conexão, tempo prolongado 
entre perguntas e respostas (evidência de preocupação 
interna), respostas verbais a estímulos internos (evidência 
de alucinações), possível identificar pensamento delirante, 
afeto pode ser incongruente ou embotado, ansiedade, 
comportamento pode ser altamente desorganizado ou 
catatônico, pode ser bizarro, movimentos repetitivos que 
pareçam ter um direcionamento mas são realizados de 
forma rígida; nenhum achado que sugira ser uma causa 
secundária da psicose. 
O diagnóstico de transtorno esquizofreniforme é feito em 
duas condições: 
1) quando um episódio da doença dura entre 1 e 6 
meses, e a pessoa já se recuperou; 
2) quando um indivíduo está sintomático por menos 
de seis meses, tempo necessário para o 
diagnóstico de esquizofrenia, mas ainda não se 
recuperou. 
Nesse caso, o diagnóstico deve ser registrado como 
“transtorno esquizofreniforme (provisório)”, porque 
ainda não há certeza se o indivíduo irá se recuperar da 
perturbação no período de seis meses. Se a perturbação 
persistir por mais de seis meses, o diagnóstico deve ser 
mudado para esquizofrenia. 
O transtorno esquizofreniforme difere em relação à 
duração do transtorno psicótico breve, que dura menos 
de um mês. 
TRANSTORNO DELIRANTE 
Pode haver história familiar de transtorno psiquiátrico; 
história de AVC; delírios de duração de, ao menos, 1 mês; 
critérios para o diagnóstico de esquizofrenia não 
satisfeitos; funcionamento normal exceto pelo impacto 
dos delírios; distúrbios de humor são breves ou ausentes. 
A. A presença de um delírio (ou mais) com duração de um 
mês ou mais. 
B. O Critério A para esquizofrenia jamais foi atendido. 
Nota: Alucinações, quando presentes, não são 
proeminentes e têm relação com o tema do delírio (p. ex., 
a sensação de estar infestado de insetos associada a 
delírios de infestação). 
C. Exceto pelo impacto do(s) delírio(s) ou de seus 
desdobramentos, o funcionamento não está 
acentuadamente prejudicado, e o comportamento não é 
claramente bizarro ou esquisito. 
D. Se episódios maníacos ou depressivos ocorreram, eles 
foram breves em comparação com a duração dos períodos 
delirantes. 
E. A perturbação não é atribuível aos efeitos fisiológicos 
de uma substância ou a outra condição médica, não sendo 
mais bem explicada por outro transtorno mental, como 
transtorno dismórfico corporal ou transtorno obsessivo-
compulsivo. 
Problemas sociais, conjugais ou profissionais podem ser 
consequências de crenças ou transtorno delirante. 
Indivíduos com transtorno delirante podem ser capazes de 
descrever, de forma factual, que outras pessoas veem suas 
crenças como irracionais; são incapazes, no entanto, de 
aceitar isso (i.e., pode existir “insight dos fatos”, mas não 
um insight verdadeiro). Muitos indivíduos desenvolvem 
humor irritável ou disfórico, que costuma ser 
compreendido como uma reação às suas crenças 
delirantes. Raiva e comportamento violento podem 
ocorrer com os tipos persecutório, ciumento e 
erotomaníaco. A pessoa pode se envolver em 
comportamento litigioso ou antagonista (p. ex., envio de 
centenas de cartas de protesto ao governo). Podem ocorrer 
dificuldades legais especialmente nos tipos ciumento e 
erotomaníaco. 
A prevalência ao longo da vida de um transtorno delirante 
foi estimada em 0,2%, e o subtipo mais frequente é o 
persecutório. O transtorno delirante do tipo ciumento é 
provavelmente mais comum em indivíduos do sexo 
masculino do que nos do feminino, embora não haja 
grandes diferenças de gênero na frequência geral do 
transtorno delirante 
ESQUIZOFRENIA 
A esquizofrenia é um transtorno caracterizado pela 
ocorrência concomitante de pelo menos dois dos 
sintomas a seguir: delírios, alucinações, discurso 
desorganizado, comportamento desorganizado/catatônico 
ou sintomas negativos (por exemplo, embotamento 
afetivo, avolição, anedonia, deficit de atenção ou 
empobrecimento discursivo e de linguagem) que ocorrem 
por um intervalo de tempo significativo durante um 
período de 1 mês (a fase ativa) e associados a problemas 
contínuos que se estendem por um período de no mínimo 
6 meses. 
Pelo menos um dos sintomas precisa ser um sintoma 
positivo (isto é, delírios, alucinações ou discurso 
desorganizado). A duração da fase ativa pode ser de menos 
de 1 mês se os deficits forem tratados com sucesso. Para 
um diagnóstico de esquizofrenia, os sintomas não 
precisam ocorrer somente e concomitantemente ao uso de 
substâncias ou a um episódio de transtorno do humor. 
@anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 17 
4 
Episódios afetivos podem ocorrer durante a evolução do 
transtorno; no entanto, sua duração deve ser menor que a 
duração total dos períodos das fases ativas e contínuas. 
A. Dois (ou mais) dos itens a seguir, cada um presente por 
uma quantidade significativa de tempo durante um período 
de um mês (ou menos, se tratados com sucesso). Pelo 
menos um deles deve ser (1), (2) ou (3): 
1. Delírios. 
2. Alucinações. 
3. Discurso desorganizado. 
4. Comportamento grosseiramente desorganizado 
ou catatônico. 
5. Sintomas negativos (i.e., expressão emocional 
diminuída ou avolia). 
B. Por período significativo de tempo desde o 
aparecimento da perturbação, o nível de funcionamento 
em uma ou mais áreas importantes do funcionamento, 
como trabalho, relações interpessoais ou autocuidado, está 
acentuadamente abaixo do nível alcançado antes do início 
(ou, quando o início se dá na infância ou na adolescência, 
incapacidade de atingir o nível esperado de funcionamento 
interpessoal, acadêmico ou profissional). 
C. Sinais contínuos de perturbação persistem durante, pelo 
menos, seis meses. Esse período de seis meses deve incluir 
no mínimo um mês de sintomas (ou menos, se tratados 
com sucesso) que precisam satisfazer ao Critério A (i.e., 
sintomas da fase ativa) e pode incluir períodos de sintomas 
prodrômicos ou residuais. Durante esses períodos 
prodrômicos ou residuais, os sinais da perturbação podem 
ser manifestados apenas por sintomas negativos ou por 
dois ou mais sintomas listados no Critério A presentes em 
uma forma atenuada (p. ex., crenças esquisitas, 
experiências perceptivas incomuns). 
D. Transtorno esquizoafetivo e transtorno depressivo ou 
transtorno bipolar com características psicóticas são 
descartados porque 1) não ocorreram episódios 
depressivos maiores ou maníacos concomitantemente com 
os sintomas da fase ativa, ou 2)se episódios de humor 
ocorreram durante os sintomas da fase ativa, sua duração 
total foi breve em relação aos períodos ativo e residual da 
doença. 
E. A perturbação pode ser atribuída aos efeitos fisiológicos 
de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) 
ou a outra condição médica. F. Se há história de transtorno 
do espectro autista ou de um transtorno da comunicação 
iniciado na infância, o diagnóstico adicional de 
esquizofrenia é realizado somente se delírios ou 
alucinações proeminentes, além dos demais sintomas 
exigidos de esquizofrenia, estão também presentes por 
pelo menos um mês (ou menos, se tratados com sucesso) 
Em geral, a idade para o início do transtorno é de <25 anos 
para os homens e <35 anos para as mulheres. Uma 
incidência maior do transtorno ocorre entre populações 
urbanas e de menor renda, em comparação a grupos rurais 
e com maior renda. 
A esquizofrenia é um transtorno multifatorial. O modelo 
mais usado é a diátese-estresse. De acordo com essa 
hipótese, uma pessoa com vulnerabilidades específicas 
enfrenta uma série de influências estressantes ao longo do 
tempo, as quais levam aos sintomas. Estressores 
específicos (diátese) podem ser biológicos, ambientais ou 
ambos. Os fatores ambientais incluem perdas e traumas, 
enquanto os fatores biológicos podem ser infecções e uso 
indevido de substâncias, entre outros. 
A genética também desempenha um papel importante na 
herdabilidade. Evidências atuais sugerem um modelo 
multifatorial/limiar da hereditariedade da esquizofrenia. 
Sinais e sintomas diferentes podem estar ligados aos genes 
e alguns sintomas podem ser encontrados em familiares 
assintomáticos de pacientes com esquizofrenia (por 
exemplo, funcionamento psicossocial desfavorável). 
Muitos neurotransmissores desempenham um papel, 
incluindo dopamina, serotonina e glutamato. Embora 
faltem dados definitivos, existe uma base moderada para 
sustentar a teoria hiperdopaminérgica, que propõe que a 
hiperatividade dos neurônios dopaminérgicos no trato 
mesolímbico seja o principal fator de desequilíbrio. Os 
medicamentos que bloqueiam a dopamina reduzem os 
sintomas psicóticos, enquanto aqueles que aumentam os 
níveis de dopamina intensificam os sintomas. 
SINTOMAS POSITIVOS são aqueles considerados um 
excesso de funções mentais normais. Por exemplo, além 
da percepção habitual, comum a todos, pessoas com 
esquizofrenia também têm alucinações. Sintomas 
positivos incluem delírios, alucinações e processos de 
pensamento desorganizados. 
Alucinações são um dos principais sintomas positivos. 
Devem ser feitas perguntas quanto à presença e à 
qualidade das alucinações. As alucinações auditivas são as 
mais comuns e podem se manifestar dentro ou fora da 
mente do paciente. Geralmente, são descritas como 
comandos, conversas e/ou comentários depreciativos ou 
incessantes. Geralmente o paciente se preocupa com esses 
sintomas e há uma tendência em descrevê-los 
detalhadamente quando questionado a respeito, contanto 
que não seja julgado. Também é possível perceber uma 
preocupação interna, evidenciada pelo longo tempo 
decorrido entre as perguntas e as respostas. O paciente 
pode estar respondendo a estímulos internos, retardando 
as suas respostas. Ele pode inclusive responder 
verbalmente a esses estímulos, dando claras evidências ao 
médico de que as alucinações estão presentes. Alucinações 
visuais, olfativas e gustativas também podem ocorrer, mas 
são menos comuns. As alucinações táteis (ou seja, pulsos 
elétricos, sensação de rastejamento) raramente estão 
presentes na esquizofrenia e devem alertar para a suspeita 
de psicose induzida por drogas. Raramente, o paciente 
pode relatar alucinações cinestésicas, descritas como 
sensações somáticas infundadas, como a sensação de 
@anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 17 
5 
queimação no cérebro, dor insuportável na medula óssea 
ou uma sensação de dilatação dos vasos sanguíneos. 
Delírios referem-se a crenças fixas que não se baseiam na 
realidade e não podem ser explicadas como parte do 
histórico cultural do paciente. Tipos comuns incluem 
delírios persecutórios, de grandiosidade, de niilismo ou 
religiosos. Outros tipos de delírios incluem delírios de 
controle de pensamento, como inserção de pensamentos 
(falsas crenças de que alguém colocou pensamentos na 
cabeça do paciente) ou delírios de retirada de pensamentos 
(crenças de que alguém está roubando pensamentos da 
cabeça do paciente). A irradiação de pensamentos refere-
se a uma crença de que os pensamentos do paciente estão 
sendo transmitidos em voz alta e podem ser percebidos por 
outras pessoas. Os delírios de referência consistem na 
crença de que eventos comuns ou coincidências referem-
se diretamente ao paciente (por exemplo, mensagens 
pessoais na televisão e jornais; dois estranhos que 
começam a conversar "de propósito" quando o paciente 
passa por eles). Os delírios comumente se apresentam no 
início do transtorno, possivelmente como uma tentativa de 
explicar as mudanças de experiências prodrômicas. 
Geralmente, os delírios mudam de tema durante o período 
prodrômico e a fase inicial da doença; com o passar dos 
anos, os delírios tendem a se tornar cristalizados. 
A identificação de delírios pode ser mais desafiadora que 
a identificação de alucinações, já que as crenças do 
paciente estão ligadas a situações da vida real. Os 
pacientes acreditam que seus delírios sejam reais, e com o 
tempo desenvolvem conexões bastante elaboradas. Eles 
podem apresentar grande preocupação a respeito de seu 
sistema de ideias. A grandiosidade e a paranoia associadas 
podem ajudar a identificar possíveis delírios. 
Além de alucinações e delírios, vários sintomas positivos 
deverão ser avaliados durante a entrevista inicial. Elas 
incluem: 
Comportamento bizarro ou desorganizado. 
Afeto incongruente: refere-se a uma falta de conexão entre 
o conteúdo do pensamento e do discurso. 
− Fala maníaca: refere-se ao discurso rápido e 
intenso. 
− Discurso distraível: refere-se à incapacidade de 
manter a atenção. O paciente muda de um tópico 
a outro com a mínima provocação ou é 
frequentemente distraído por estímulos externos 
sem importância ou irrelevantes. 
− Tangencialidade: refere-se à incapacidade de 
focar em um tópico, pulando de um assunto a 
outro sem a mínima conexão entre eles. 
− Circunstancialidade: refere-se à incapacidade de 
oferecer uma resposta precisa devido a inclusão 
demasiada de detalhes desnecessários. 
− Frouxidão de associação (descarrilamento): 
refere-se à incoerência completa causada pela 
tangencialidade extrema. 
− Verbigeração: uma repetição de palavras na 
ausência de estímulos. 
− Perseveração: uma repetição da mesma resposta 
(por exemplo, palavra ou frase) a estímulos 
diferentes. 
− Salada de palavras: um tipo de discurso onde não 
há conexões entre as palavras. 
− Desrealização: refere-se a uma percepção alterada 
onde o mundo externo é estranho ou irreal. O 
paciente pode relatar que se sente "como em um 
filme". Se esse sintoma for saliente, outras 
patologias deverão ser consideradas. 
− Déjà-vu: uma paramnésia onde os pacientes têm a 
sensação de que estão vendo algo que já viram. Se 
esse sintoma for saliente, outras patologias 
deverão ser consideradas. 
SINTOMAS NEGATIVOS 
Sintomas negativos referem-se a uma diminuição ou perda 
da função mental normalmente presente em pessoas sem 
esquizofrenia. Uma diminuição da função dopaminérgica 
em determinadas áreas do cérebro, especialmente no 
córtex pré-frontal, pode contribuir para os sintomas 
negativos de esquizofrenia. Sintomas negativos incluem 
deficits de motivação, aumento do isolamento social e 
diminuição da expressão emocional e mostraram estar 
inversamente correlacionados ao funcionamento geral e à 
qualidade de vida dos pacientes com esquizofrenia. Os 
sintomas negativos podem se manifestar a qualquer 
momentodurante a evolução do transtorno e podem piorar 
com a psicose aguda, a depressão e os efeitos adversos 
relacionados ao uso de drogas. Eles incluem: 
− Comportamento de isolamento social: os 
pacientes apresentam uma perda de entusiasmo 
por qualquer atividade 
− Embotamento afetivo: refere-se à redução ou à 
ausência da capacidade de expressar emoções 
− Anedonia: uma ausência da capacidade de 
apreciar todos os tipos de atividades, incluindo 
atividades construtivas e recreacionais e 
interações sociais 
− Alogia: redução quantitativa e qualitativa da fala 
− Avolição: a capacidade reduzida ou a 
incapacidade de iniciar e persistir em um 
comportamento direcionado à realização de um 
objetivo. Isso pode levar ao desenvolvimento de 
comportamentos que são aparentemente 
direcionados a um objetivo, mas que são 
realizados de maneira afetada. 
CATATONIA 
Os sintomas catatônicos representam um estado de perda 
extremo ou excesso prejudicial de atividade motora. Os 
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6 
sintomas catatônicos a seguir são ocasionalmente 
observados em pacientes com esquizofrenia: 
− Estupor catatônico: uma resposta reduzida ao 
ambiente, imobilidade e mutismo (casos mais 
graves). Pode apresentar agitação ou retardo 
psicomotor. 
− Rigidez catatônica: refere-se à imobilidade e à 
resistência ao movimento. 
− Negativismo catatônico: ocorre quando o paciente 
recusa todas instruções. 
− Excitação catatônica: é um aumento geral da 
atividade motora, que não é uma resposta ao 
ambiente 
− Estereotipias: comportamentos afetados 
direcionados à realização de um objetivo que se 
manifestam uniformemente, como movimentos 
repetitivos 
− Paracinesias: comportamentos afetados 
direcionados à realização de um objetivo que se 
manifestam como caretas, espasmos e 
movimentos bruscos 
− Ecopraxia: um comportamento afetado 
direcionado à realização de um objetivo que se 
manifesta como a repetição dos movimentos 
observados em outras pessoas 
− Obediência automática: um comportamento 
afetado direcionado à realização de um objetivo 
que se manifesta como a execução automática de 
instruções 
− Flexibilidade cérea: um comportamento afetado 
direcionado à realização de um objetivo que se 
manifesta como a habilidade de manter posições 
impostas por longos períodos de tempo. 
TRATAMENTO 
Caso se considere que uma pessoa apresenta maior risco 
de desenvolver psicose, o recomendável é oferecer terapia 
cognitivo-comportamental (TCC) e não iniciar qualquer 
medicamento antipsicótico. 
Se o episódio agudo é a primeira manifestação, o paciente 
precisa ser estabilizado com medicamento antipsicótico. 
Para pacientes diagnosticados recentemente, recomenda-
se o uso de um antipsicótico que não seja clozapina e 
olanzapina como tratamento de primeira linha. Na 
gestação, os antipsicóticos típicos (de primeira geração) 
parecem ser menos prejudiciais que os antipsicóticos 
atípicos (de segunda geração) em termos de risco de 
complicações metabólicas gestacionais, peso elevado para 
a idade gestacional e peso ao nascer 
OPÇÕES PRIMÁRIAS 
− Risperidona: 1 mg por via oral duas vezes ao dia 
inicialmente, aumentar gradualmente de acordo 
com a resposta, máximo de 16 mg/dia, doses >6 
mg/dia aumentam o risco de efeitos 
extrapiramidais 
− Quetiapina: 25 mg por via oral (liberação 
imediata) duas vezes ao dia inicialmente, 
aumentar gradualmente de acordo com a resposta, 
máximo de 800 mg/dia administrados em 2-3 
doses fracionadas; 300 mg por via oral (liberação 
modificada) uma vez ao dia inicialmente, 
aumentar gradualmente de acordo com a resposta, 
máximo de 800 mg/dia 
Em casos de agitação extrema e violência, um 
medicamento antipsicótico intramuscular de curta duração 
pode ser administrado, geralmente em combinação com 
um benzodiazepínico injetável, como lorazepam 
− Lorazepam: 1-2 mg por via intramuscular em 
dose única, repetir a cada 8 horas se necessário 
Há evidências mistas que sugerem que a ECT, em 
combinação com medicamentos antipsicóticos, pode 
oferecer benefícios para melhorar o estado mental e a 
probabilidade de alta hospitalar, embora os benefícios não 
sejam sustentados em médio a longo prazo. A ECT pode 
resultar em deterioração da memória 
Os antipsicóticos atípicos parecem ser mais eficientes na 
prevenção da recidiva que os antipsicóticos típicos. 
ESQUIZOAFETIVO 
O transtorno esquizoafetivo é uma doença definida por 
uma evolução que combina sintomas afetivos e psicóticos 
significativos. A definição do Manual Diagnóstico e 
Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) requer a 
presença de sintomas de esquizofrenia concomitantes a 
sintomas de humor (depressão ou mania), com duração 
considerável em um período de 1 mês. O transtorno 
esquizoafetivo é também classificado como do tipo bipolar 
(quando os sintomas maníacos são proeminentes; 
episódios depressivos maiores podem também ocorrer) ou 
do tipo depressivo (quando apenas esquizofrenia e 
sintomas depressivos maiores estão presentes). 
− Estima-se que o transtorno esquizoafetivo seja 
menos comum que a esquizofrenia. 
− Idade de início: 30% das pessoas iniciam antes 
dos 25 anos de idade, 30% entre os 25 e 35 anos 
de idade e 30% depois dos 35 anos de idade. 
− Distribuição entre os sexos: parece ocorrer com 
maior frequência em mulheres 
− A maioria dos estudos etiopatológicos agrupa o 
transtorno esquizoafetivo junto com a 
esquizofrenia ou com o transtorno bipolar. 
Portanto, não há fisiopatologia específica que seja 
atribuída exclusivamente a esse transtorno. 
− Dados genéticos sugerem que o cromossomo 
1q42 (próximo ao local do gene DISC1) e o gene 
BDNF (gene do fator neurotrófico derivado do 
cérebro) podem estar associados ao transtorno 
esquizoafetivo. 
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7 
Um período ininterrupto da doença durante o qual há um 
episódio de humor (maníaco ou depressivo maior) 
concomitante com um episódio de esquizofrenia 
caracterizado por 2 ou mais dos sintomas a seguir 
presentes durante uma parte considerável de um período 
de 1 mês: 
− Delírios 
− Alucinações 
− Fala desorganizada (por exemplo, 
descarrilamento ou incoerência frequentes) 
− Comportamento excessivamente desorganizado e 
catatônico 
− Sintomas negativos (isto é, embotamento afetivo, 
alogia ou avolição). 
Durante esse tempo, deve haver um período de pelo menos 
2 semanas com delírios e alucinações na ausência de 
sintomas de humor proeminentes ao longo da duração total 
da doença. 
Sintomas de humor estiveram presentes na maior parte da 
duração total do período ativo e residual da doença. 
Outras etiologias possíveis foram excluídas, como 
substâncias (por exemplo, medicamentos ou abuso de 
drogas) ou uma condição médica geral. 
Especificar se é do tipo bipolar (se o episódio maníaco for 
parte da manifestação; também podem ocorrer episódios 
depressivos maiores) ou do tipo depressivo (se apenas 
episódios depressivos maiores são parte da manifestação). 
SINTOMAS DE ESQUIZOFRENIA 
SINTOMAS POSITIVOS 
− Sintomas que ultrapassam o que seria considerado 
como funcionamento normal 
− Incluem alucinações, ideação delirante, distúrbios 
de pensamentos e comportamento bizarro 
− Delírios ou alucinações ocorrem durante ≥2 
semanas na ausência de sintomas depressivos ou 
maníacos. 
SINTOMAS NEGATIVOS 
− Sintomas resultantes de um deficit no que seria 
considerado como funcionamento normal 
− Exemplos incluem anedonia, desmotivação, 
isolamento social ou embotamento afetivo. 
PERTURBAÇÕES NA EMOÇÃO OU AFETO 
INCONGRUENTE 
− Ansiedade, depressão, exaltação e perplexidade 
podem ocorrer a qualquer momento durante a 
evolução da doença 
− Afeto incongruente é também comum e se refere 
à incongruência entre o conteúdo do pensamento 
e a fala 
− Estes ocorrem com mais frequência em pacientes 
com transtorno esquizoafetivo do que na 
esquizofrenia. 
SINTOMAS DO HUMOR 
− Episódiosde humor maiores (depressão maior ou 
mania) devem ocorrer durante, pelo menos, 
metade do tempo em que o paciente satisfizer os 
critérios de esquizofrenia. 
As características dos episódios depressivos maiores 
incluem: 
− Humor depressivo, falta de interesse/prazer, 
alterações de peso, insônia ou hipersonia, agitação 
ou retardo psicomotor, fadiga, sentimentos de 
inutilidade ou culpa, concentração reduzida, 
ideação suicida 
− Os sintomas causam sofrimento clinicamente 
significativo ou comprometimento social, 
ocupacional ou em outras áreas importantes de 
atuação. 
As características dos episódios maníacos incluem: 
− Autoestima inflada, diminuição da necessidade de 
dormir, aumento da loquacidade, aceleração dos 
pensamentos, fácil distração, aumento da 
atividade dirigida a objetivos ou agitação 
psicomotora, engajando-se em atividades que têm 
o potencial de consequências prejudiciais 
− Para pacientes inicialmente diagnosticados com 
transtorno esquizoafetivo, o tratamento deve 
começar com uma dose baixa de um agente 
antipsicótico, com atenção especial ao 
desenvolvimento de efeitos adversos. O padrão de 
cuidado é iniciar o tratamento dos pacientes com 
um medicamento antipsicótico atípico (de 
segunda geração). Os benefícios dos 
antipsicóticos atípicos, em termos de risco 
reduzido de efeitos adversos extrapiramidais e de 
discinesia tardia, precisam ser ponderados de 
forma individualizada em comparação ao risco 
elevado de ganho de peso e síndrome metabólica, 
os quais são relatados com antipsicóticos atípicos 
(por exemplo, olanzapina). 
− Um estabilizador do humor pode ser adicionado 
ao medicamento antipsicótico para sintomas 
maníacos ou mistos associados à doença. 
− Lítio: 300 mg por via oral (liberação regular) duas 
a três vezes ao dia inicialmente, aumentar 
gradualmente de acordo com a resposta e com o 
nível sérico do medicamento, máximo de 2400 
mg/dia 
TRANSTORNO BIPOLAR: 
O DSM-5-TR classifica o transtorno bipolar 
separadamente dos transtornos depressivos, do espectro de 
esquizofrenia e de outros transtornos psicóticos. O 
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8 
diagnóstico de transtorno bipolar tipo I requer um episódio 
maníaco, que pode ter sido precedido ou seguido por 
episódios depressivos maiores ou hipomaníacos. Um 
episódio maníaco dura pelo menos 1 semana e é definido 
como um período de humor persistentemente elevado, 
expansivo ou irritável e aumento persistente da atividade 
ou da energia, com características específicas que 
representam uma mudança em relação ao comportamento 
normal. 
Três ou mais das seguintes características (ou quatro, se o 
humor for apenas irritável) estão presentes: 
− Autoestima inflada 
− Alteração no padrão de sono: o paciente relata 
necessitar significativamente de menos horas de 
sono para se sentir descansado. 
− A fala é rápida na maioria das conversas. 
− Fuga de ideias e o paciente relata pensamentos 
que surgem rápido demais para acompanhar 
− Distraibilidade 
− Aumento da atividade dirigida a objetivos ou 
agitação psicomotora 
− Envolvimento excessivo em atividades que têm 
alto potencial de consequências dolorosas. 
As pessoas com transtorno bipolar tipo I apresentam 
comprometimento funcional acentuado durante o episódio 
maníaco, o qual não se deve a nenhum outro distúrbio 
clínico ou substância pode requerer hospitalização ou ter 
características psicóticas. Episódios depressivos maiores 
são comuns, mas não são necessários para o diagnóstico 
de transtorno bipolar tipo I. 
As pessoas com transtorno bipolar tipo II nunca 
apresentaram nenhum um episódio maníaco completo, 
mas podem ser diagnosticadas após, pelo menos, um 
episódio hipomaníaco e pelo menos um episódio 
depressivo maior. Os episódios hipomaníacos duram ≥4 
dias e estão presentes na maior parte do dia, quase todos 
os dias. Há uma inequívoca alteração no funcionamento 
durante este período, observável por outras pessoas, mas 
que não se deve a nenhuma outra afecção clínica ou 
substância. No entanto, o comprometimento funcional não 
é acentuado e não há psicose durante o episódio 
hipomaníaco. 
DELIRIUM 
 uma alteração flutuante e aguda no estado mental, com 
desatenção, pensamento desorganizado e níveis alterados 
de consciência. Trata-se de um distúrbio com potencial 
risco de vida caracterizado por alta morbidade e 
mortalidade. As diretrizes tratam do reconhecimento, dos 
fatores de risco e do tratamento do delirium. 
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos 
Mentais, Quinta Edição (DSM-5-TR) observa que, para 
ser diagnosticado com delirium, o paciente deve 
apresentar todas as 4 seguintes características.[15] 
1. Um distúrbio de atenção (ou seja, clareza 
reduzida da consciência do ambiente) é 
evidente, com capacidade reduzida de focar, 
manter ou desviar a atenção. Esse distúrbio na 
consciência pode ser sutil, manifestando-se 
inicialmente apenas como uma letargia ou 
distração. Muitas vezes os médicos e 
familiares ignoram este distúrbio, 
considerando que está relacionado com a 
doença primária. 
2. Uma alteração cognitiva (como deficit de 
memória, desorientação, distúrbio de 
linguagem) ou o desenvolvimento de um 
distúrbio perceptivo não necessariamente 
justificado por uma demência preexistente ou 
em evolução. 
3. O distúrbio desenvolve-se ao longo de um 
curto período (geralmente de horas a dias), 
representa uma alteração aguda da linha basal 
e tende a oscilar no decorrer do dia. 
4. Existem evidências provenientes das histórias 
dos pacientes, de exames físicos e de achados 
laboratoriais de que o distúrbio seja causado 
pelas consequências fisiológicas diretas de 
uma afecção generalizada ou de uma 
intoxicação ou supressão de substâncias. As 
alterações de atenção e cognição não devem 
ocorrer no contexto de um nível de 
consciência gravemente reduzido, como o 
coma. 
Foram identificados três subtipos clínicos de delirium. 
Elas incluem: 
1. Delirium hiperativo - um quadro clínico em 
que o paciente pode apresentar um nível de 
alerta elevado, com inquietação, agitação, 
alucinações e comportamento inapropriado 
2. Delirium hipoativo - um quadro clínico em 
que o paciente pode apresentar letargia, 
atividade motora reduzida, fala incoerente e 
falta de interesse 
3. Delirium misto - uma combinação de sinais e 
sintomas hiperativos e hipoativos. 
O termo delirium subsindrômico também é usado para 
definir formas de delirium com remissão parcial ou 
incompleta 
TRANSTORNO PSICÓTICO INDUZIDO POR 
SUBSTÂNCIA/MEDICAMENTO 
A. Presença de pelo menos um dos sintomas a seguir: 
− Delírios. 
− Alucinações. 
B. Existe evidência na história, no exame físico ou nos 
achados laboratoriais de (1) e (2): 
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9 
− Os sintomas do Critério A se desenvolveram 
durante ou logo após intoxicação por uma 
substância ou abstinência ou após exposição a um 
medicamento. 
− A substância/medicamento envolvida é capaz de 
produzir os sintomas do Critério A. 
C. A perturbação não é mais bem explicada por um 
transtorno psicótico não induzido por 
substância/medicamento. Essas evidências de um 
transtorno psicótico independente podem incluir: Os 
sintomas antecederam o aparecimento do uso de 
substância/medicamento; os sintomas persistem por um 
período de tempo substancial (p. ex., cerca de um mês) 
após o término da abstinência aguda ou intoxicação grave; 
ou há outras evidências de um transtorno psicótico 
independente não induzido por substância/medicamento 
(p. ex., história de episódios recorrentes não relacionados 
a substância/medicamento). 
D. A perturbação não ocorre exclusivamente durante o 
curso de delirium. 
E. A perturbação causa sofrimento clinicamente 
significativo ou prejuízo no funcionamento social, 
profissional ou em outras áreas importantes da vida do 
indivíduo. 
Podem ocorrer transtornos psicóticos associadosa 
intoxicação pelas seguintes classes de substâncias: álcool; 
Cannabis; alucinógenos, inclusive fenciclidina e 
substâncias relacionadas; inalantes; sedativos, 
hipnóticos e ansiolíticos; estimulantes (inclusive 
cocaína); outras substâncias (ou substâncias 
desconhecidas). Podem ocorrer transtornos psicóticos 
associados a abstinência das seguintes classes de 
substâncias: álcool; sedativos, hipnóticos e ansiolíticos; 
outras substâncias (ou substâncias desconhecidas). 
Alguns dos medicamentos relatados como evocativos de 
sintomas psicóticos incluem anestésicos e analgésicos, 
agentes anticolinérgicos, anticonvulsivantes, anti-
histamínicos, anti-hipertensivos e medicamentos 
cardiovasculares, antimicrobianos, 
antiparkinsonianos, agentes quimioterápicos (p. ex., 
ciclosporina, procarbazina), corticosteroides, 
medicamentos gastrintestinais, relaxantes musculares, 
medicamentos anti-inflamatórios não esteroidais, 
outros fármacos sem receita médica (p. ex., fenilefrina, 
pseudoefedrina), antidepressivos e dissulfiram. As 
toxinas relatadas como indutoras de sintomas psicóticos 
incluem anticolinesterase, inseticidas organofosforados, 
gás sarin e outros gases que atuam sobre o sistema 
nervoso, monóxido de carbono, dióxido de carbono e 
substâncias voláteis como combustível ou tintas. 
Transtornos psicóticos induzidos por anfetamina e cocaína 
partilham características clínicas similares. Delírios 
persecutórios podem rapidamente surgir logo após uso de 
anfetamina ou de um simpatomimético de ação 
semelhante. A alucinação com insetos ou vermes 
rastejantes sob ou sobre a pele (formigamento) pode levar 
ao ato de coçar e a grandes escoriações. Transtorno 
psicótico induzido por Cannabis pode surgir logo após o 
uso de dose elevada de Cannabis, normalmente 
envolvendo delírios persecutórios, ansiedade acentuada, 
labilidade emocional e despersonalização. O transtorno 
costuma ter remissão em um dia; em certos casos, no 
entanto, pode persistir por alguns dias. Transtorno 
psicótico induzido por substância/medicamento pode, 
algumas vezes, persistir quando o agente ofensivo é 
removido, podendo ser difícil inicialmente distingui-lo de 
um transtorno psicótico independente. 
No caso de drogas de abuso, precisa haver evidências da 
história, do exame físico ou achados laboratoriais de uso 
de substância, intoxicação ou abstinência. Os transtornos 
psicóticos induzidos por substância/medicamento surgem 
durante, ou logo após, exposição a um medicamento ou 
após intoxicação por substância ou abstinência, mas 
podem persistir por semanas, ao passo que os transtornos 
psicóticos primários podem anteceder o início do uso de 
substância/medicamento ou podem ocorrer em períodos 
de abstinência sustentada. Quando iniciados, os sintomas 
psicóticos podem continuar enquanto persistir o uso da 
substância/medicamento. Outra consideração é a presença 
de características atípicas de um transtorno psicótico 
primário (p. ex., idade de início ou curso atípicos). Por 
exemplo, o surgimento de delírios de novo em uma pessoa 
com mais de 35 anos, sem história conhecida de algum 
transtorno psicótico primário, sugere a possibilidade de 
um transtorno psicótico induzido por 
substância/medicamento. Mesmo uma história anterior de 
transtorno psicótico primário não descarta a possibilidade 
de transtorno psicótico induzido por 
substância/medicamento. Diferentemente, fatores que 
sugerem que os sintomas psicóticos são mais bem 
justificados por um transtorno psicótico primário incluem 
persistência de sintomas psicóticos durante período de 
tempo substancial (i.e., um mês ou mais) após o término 
da intoxicação por substância ou abstinência aguda de 
substância ou após o término do uso de um medicamento, 
bem como história prévia de transtornos psicóticos 
primários recorrentes. 
TRANSTORNO PSICÓTICO DEVIDO A OUTRA 
CONDIÇÃO MÉDICA 
A. Alucinações ou delírios proeminentes. 
B. Há evidências da história, do exame físico ou de 
achados laboratoriais de que a perturbação é a 
consequência fisiopatológica direta de outra condição 
médica. 
C. A perturbação não é mais bem explicada por outro 
transtorno mental. 
D. A perturbação não ocorre exclusivamente durante o 
curso de delirium. 
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10 
E. A perturbação causa sofrimento clinicamente 
significativo ou prejuízo no funcionamento social, 
profissional ou em outras áreas importantes da vida do 
indivíduo. 
As características essenciais do transtorno psicótico 
devido a outra condição médica são delírios e alucinações 
proeminentes atribuídos aos efeitos fisiológicos de outra 
condição médica, não sendo mais bem explicados por 
outro transtorno mental (p. ex., os sintomas não são uma 
resposta psicologicamente mediada por alguma condição 
médica grave, caso em que deve ser apropriado um 
diagnóstico de transtorno psicótico breve, com estressor 
evidente). Podem ocorrer alucinações em qualquer 
modalidade sensorial (i.e., visual, olfativa, gustativa, tátil 
ou auditiva), mas alguns fatores etiológicos 
provavelmente evocam fenômenos alucinatórios 
específicos. Alucinações olfativas sugerem epilepsia do 
lobo temporal. As alucinações podem variar de simples e 
informes a altamente complexas e organizadas, 
dependendo de fatores etiológicos e ambientais. 
Transtorno psicótico devido a outra condição médica não 
costuma ser diagnosticado se o indivíduo tem o teste de 
realidade preservado para alucinações e avalia que elas 
resultam da condição médica. Delírios podem ter uma 
variedade de temas, incluindo somático, de grandeza, 
religioso e, mais comumente, persecutório. Em geral, 
porém, as associações entre delírios e condições médicas 
particulares parecem ser menos específicas do que no caso 
das alucinações. Na determinação de se a perturbação 
psicótica é atribuível a outra condição médica, precisa ser 
identificada a presença de uma condição médica 
considerada a etiologia da psicose por meio de um 
mecanismo fisiológico. Embora não existam diretrizes 
infalíveis para determinar se a relação entre a perturbação 
psicótica e a condição médica é etiológica, várias 
considerações oferecem alguma orientação. Uma delas é a 
presença de associação temporal entre o início, a 
exacerbação ou a remissão da condição médica, bem como 
da perturbação psicótica. Outra consideração é a presença 
de características atípicas para o transtorno psicótico (p. 
ex., idade atípica de início ou presença de alucinações 
visuais ou olfativas). A perturbação deve também ser 
diferenciada de transtorno psicótico induzido por 
substância/medicamento ou de outro transtorno mental (p. 
ex., transtorno de adaptação). 
A associação temporal do início ou da exacerbação da 
condição médica oferece a maior certeza diagnóstica de 
que os delírios ou as alucinações são atribuíveis a uma 
condição médica. Outros fatores podem incluir 
tratamentos concomitantes para a condição médica 
subjacente que conferem risco de psicose independente, 
como tratamento com esteroides para distúrbios 
autoimunes. 
As taxas de psicose também variam conforme a condição 
médica subjacente; as condições mais comumente 
associadas à psicose incluem distúrbios endócrinos e 
metabólicos não tratados, distúrbios autoimunes (p. ex., 
lúpus eritematoso sistêmico, encefalite autoimune do 
receptor N-metil- -D-aspartato [NMDA]) ou epilepsia do 
lobo temporal. Psicose em decorrência de epilepsia foi, 
ainda, diferenciada em psicose ictal, pós-ictal e interictal. 
A mais comum é a pós-ictal, observada em 2 a 7,8% dos 
pacientes com epilepsia. Entre os indivíduos com mais 
idade, pode haver elevada prevalência do transtorno em 
mulheres 
Transtorno psicótico devido a outra condição médica pode 
ser um estado passageiro isolado ou pode ser recorrente, 
ciclando com as exacerbações e remissões da condição 
médica subjacente. Embora o tratamentoda condição 
médica subjacente costume resultar em resolução da 
psicose, nem sempre é esse o caso, e os sintomas 
psicóticos podem persistir por muito tempo após o evento 
médico (p. ex., transtorno psicótico por lesão encefálica 
focal). No contexto de condições crônicas, como esclerose 
múltipla ou psicose interictal crônica da epilepsia, a 
psicose pode assumir um curso prolongado. A expressão 
de um transtorno psicótico devido a outra condição médica 
não difere substancialmente na fenomenologia, 
dependendo da idade na ocorrência. Grupos de pessoas 
com mais idade, porém, têm alta prevalência do 
transtorno, o que é, mais provavelmente, devido à maior 
sobrecarga médica associada à idade avançada e aos 
efeitos cumulativos de exposições nocivas e processos 
relacionados ao envelhecimento (p. ex., aterosclerose). A 
natureza das condições médicas subjacentes 
provavelmente muda ao longo da vida, com grupos mais 
jovens mais afetados por epilepsia, trauma encefálico, 
doença autoimune e doenças neoplásicas no começo ou 
porção intermediária da vida, e pessoas mais velhas mais 
afetadas por doença como acidente vascular cerebral, 
eventos anóxicos e múltiplas comorbidades sistêmicas. Os 
fatores subjacentes ao aumento da idade, como prejuízo 
cognitivo preexistente e prejuízos visuais e auditivos, 
podem significar risco maior de psicose, possivelmente 
funcionando para baixar o limiar para a ocorrência da 
doença. 
O diagnóstico de transtorno psicótico devido a outra 
condição médica depende da condição clínica de cada 
pessoa, e os exames diagnósticos irão variar conforme essa 
condição. Uma variedade de condições médicas pode 
causar sintomas psicóticos. Incluem condições 
neurológicas (p. ex., neoplasias, doença cerebrovascular, 
doença de Huntington, esclerose múltipla, epilepsia, lesão 
ou prejuízo nervoso visual ou auditivo, surdez, enxaqueca, 
infecções do sistema nervoso central), condições 
endócrinas (p. ex., hiper e hipotireoidismo, hiper e 
hipoparatireoidismo, hiper e hipoadrenocorticismo), 
condições metabólicas (p. ex., hipoxia, hipercarbia, 
hipoglicemia), desequilíbrios hídricos e eletrolíticos, 
doenças hepáticas ou renais e distúrbios autoimunes, com 
envolvimento do sistema nervoso central (p. ex., lúpus 
eritematoso sistêmico). Achados associados do exame 
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11 
físico, achados laboratoriais e padrões de prevalência ou 
aparecimento refletem a condição médica etiológica 
Idade tardia no aparecimento e ausência de história 
pessoal ou familiar de esquizofrenia ou transtorno 
delirante sugerem a necessidade de uma avaliação 
completa para descartar diagnóstico de transtorno 
psicótico devido a outra condição médica. Alucinações 
auditivas que envolvem vozes que falam frases complexas 
são mais características de esquizofrenia do que de 
transtorno psicótico devido a outra condição médica. 
Outros tipos de alucinações (p. ex., visuais, olfativas) 
costumam sinalizar transtorno psicótico devido a outra 
condição médica ou transtorno psicótico induzido por 
substância/medicamento. 
Transtorno psicótico devido a outra condição médica em 
pessoas com mais de 80 anos está associado a transtorno 
neurocognitivo maior concorrente (demência). 
Os antipsicóticos tradicionais (primeira geração) ou 
típicos têm potencial significativo para causar efeitos 
colaterais extrapiramidais e discinesia tardia. Já os 
antipsicóticos de segunda geração, também conhecidos 
como antipsicóticos atípicos, geralmente apresentam 
menor risco de efeitos colaterais extrapiramidais e 
discinesia tardia em comparação com os antipsicóticos 
típicos. 
− Antipsicóticos de primeira geração: 
Clorpromazina, haloperidol, levomepromazina, 
trifluoperazina, zuclopentixol. 
− Antipsicóticos de segunda geração: Aripiprazol, 
clozapina, lurasidona, quetiapina, olanzapina, 
risperidona, ziprasidona. 
MECANISMOS DE AÇÃO 
Tanto os antipsicóticos típicos quanto atípicos parecem 
realizar o bloqueio pós-sináptico dos receptores cerebrais 
D2 da dopamina. Este bloqueio atinge tratos 
dopaminérgicos, como o mesolímbico, mesocortical, 
nigroestriatal e túbero infundibular, causando ações 
terapêuticas e efeitos adversos. 
Acredita-se que os transtornos esquizofrênicos e 
psicóticos haja uma desregulação nos circuitos de 
dopamina, constituídos de excesso de atividade 
dopaminérgica na via mesolímbica e hipoatividade na via 
mesocortical. 
A hiperatividade dopaminérgica mesolímbica seria 
responsável pelos sintomas positivos da esquizofrenia, 
como ideias delirantes e alucinações. Já a hipoatividade 
mesocortical seria responsável pelos sintomas negativos, 
como embotamento afetivo, pobreza de discurso e 
hipobulia. 
A maioria dos antipsicóticos de segunda geração difere 
dos medicamentos mais antigos farmacologicamente na 
alta afinidade ao receptor 5HT2 da serotonina excede sua 
afinidade pelos receptores D2 da dopamina, ao passo que 
nos de primeira geração não ocorre esse efeito. 
Acredita-se que esse efeito no receptor 5HT2 seja 
responsável pelo menor risco geral de efeitos colaterais 
extrapiramidais com os medicamentos atípicos em 
comparação com os típicos. 
Em geral, os antipsicóticos são absorvidos 
satisfatoriamente quando administrados por via oral. 
Entretanto, sua absorção pode ser prejudicada pelo uso 
concomitante de antiácidos, café e nicotina em grande 
quantidade. 
São lipofílicos, altamente ligados a proteínas e tecidos 
como uma classe com grandes volumes de distribuição. O 
pico plasmático é atingido em 1-4 horas, sendo alcançado 
mais rapidamente com o uso de concentrados líquidos. 
A maioria dos antipsicóticos é metabolizada 
principalmente por meio do sistema do citocromo P450 do 
fígado, embora difiram quanto a quais e quantas enzimas 
estão envolvidas, o que lhes confere suscetibilidade um 
pouco diferente à insuficiência hepática e interações 
medicamentosas. 
Muitos antipsicóticos podem ser administrados por via 
intramuscular ou endovenosa, eliminando o efeito da 
primeira passagem, resultando em concentrações maiores. 
Enquanto os injetáveis de curta ação são recomendados no 
tratamento de episódios de agitação psicomotora, os de 
longa ação são indicados nos casos de pacientes com 
histórico de baixa adesão ao tratamento. 
Em geral, a meia-vida dos APS é de cerca de 20 a 40 horas, 
o que possibilita o uso de dose única diária e a obtenção 
de estado de equilíbrio em 4 a 5 dias. 
INDICAÇÕES E ESCOLHA DOS 
ANTIPSICÓTICOS 
As principais indicações dos antipsicóticos são 
esquizofrenia, transtornos de personalidade, delirium, 
demência, psicoses por uso de substâncias, transtornos do 
humor, quadros de agitação psicomotora, além de serem 
indicados como ansiolítico e hipnótico muitas vezes. 
Há definido benefício de antipsicóticos convencionais e 
atípicos em controle sintomático de esquizofrenia e 
transtornos psicóticos agudos. Estudos recentes não 
confirmaram as expectativas da superioridade em eficácia 
dos atípicos sobre os convencionais, por isso os 
tradicionais ainda possuem importante papel nos dias de 
hoje. 
Apenas o perfil benéfico sobre os efeitos extrapiramidais 
foi confirmado no grupo dos atípicos. Mas para além 
desses efeitos, deve ser levado em consideração o custo 
benefício e disponibilidade do fármaco na hora da 
prescrição. As formulações genéricas dos agentes de 
primeira geração costumam ter preços duas a cinco vezes 
mais baixos do que os de segunda geração genéricos. 
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12 
EFEITOS ADVERSOS DOS ANTIPSICÓTICOS 
Os efeitos colaterais extrapiramidais estão presentes 
principalmente nos antipsicóticos convencionais, 
incluindo rigidez, bradicinesia, tremor e acatisia. Nessa 
classe há também discinesia tardia e hipercinética, com 
movimentos involuntários mais facilmente observados no 
rosto e nas extremidades. 
O ganhode peso e os efeitos metabólicos são os efeitos 
colaterais mais proeminentes dos medicamentos de 
segunda geração, mas ocorrem em frequência semelhante 
nos de primeira geração. 
Os efeitos anticolinérgicos dos atípicos são mais 
proeminentes com a olanzapina , quetiapina e clozapina . 
Os efeitos colaterais mais comuns são boca seca ou 
constipação e, com menos frequência, visão turva ou 
retenção urinária. 
A hipotensão ortostática, frequentemente acompanhada de 
taquicardia ortostática, é mais comum nos primeiros dias 
de administração dos antipsicóticos atípicos ou quando a 
dose é aumentada. Os sintomas são geralmente benignos e 
autolimitados, mas em alguns casos podem exigir uma 
redução na taxa de titulação da dose, divisão de uma única 
dose diária em duas ou três doses menores ou uma 
mudança na medicação. 
As taxas mais altas de prolongamento do intervalo QT e 
arritmia cardíaca são observadas com haloperidol 
intravenoso e formas orais de tioridazina e pimozida em 
comparação com outros antipsicóticos convencionais. Nos 
de segunda geração, o prolongamento do intervalo QT 
tende a ser leve, mas um pouco maior com iloperidona e 
ziprasidona do que com outros agentes. 
Os de segunda geração podem gerar elevação da 
prolactina, principalmente associada à risperidona e 
paliperidona, ocorrendo raramente com a olanzapina e a 
ziprasidona. 
Os antipsicóticos de alta potência têm afinidade alta pelos 
receptores de dopamina e menos afinidade pelos 
receptores alfa-adrenérgicos e muscarínicos. Os 
antipsicóticos de baixa potência, que são raramente 
utilizados, têm menos afinidade pelos receptores de 
dopamina e afinidade relativamente maior pelos 
receptores alfa-adrenérgicos, muscarínicos e de histamina. 
ANTIPSICÓTICOS DE SEGUNDA GERAÇÃO 
Cerca de 95% de todos os antipsicóticos prescritos nos 
EUA são ASGs. 
Bloqueiam os receptores de dopamina de maneira mais 
seletiva do que os antipsicóticos convencionais, 
diminuindo a probabilidade de efeitos adversos 
extrapiramidais (motores). Maior ligação aos receptores 
serotoninérgicos pode contribuir para as ações 
antipsicóticas nos sintomas positivos e os benefícios dos 
efeitos adversos dos ASGs. 
ASGs também fazem o seguinte: 
− Tendem a aliviar os sintomas positivos 
− Podem diminuir os sintomas negativos em 
extensão maior que os antipsicóticos 
convencionais (embora tais diferenças tenham 
sido questionadas) 
− Podem causar menos embotamento cognitivo 
− Têm menos probabilidade de causar efeitos 
adversos extrapiramidais (incluindo risco muito 
mais baixo de discinesia tardia) 
− Aumentam levemente ou não aumentam a 
prolactina (exceto a risperidona, que eleva a 
prolactina tanto quanto os antipsicóticos 
convencionais) 
− Podem causar síndrome metabólica, com 
resistência à insulina, ganho ponderal e 
hipertensão arterial. 
ASGs podem parecer diminuir os sintomas negativos 
porque é menos provável que tenham efeitos adversos 
parkinsonianos do que os antipsicóticos convencionais. 
A clozapina, o primeiro ASG, é o único ASG que 
demonstrou ser eficaz em até 50% dos pacientes 
resistentes aos antipsicóticos convencionais. A clozapina 
reduz os sintomas negativos, reduz a probabilidade de 
suicídio, produz pouco ou nenhum efeito adverso motor e 
tem risco mínimo de causar discinesia tardia, mas produz 
outros efeitos colaterais, como sedação, hipotensão, 
taquicardia, ganho ponderal, diabetes tipo 2 e aumento na 
salivação. Também pode ocorrer convulsão proporcional 
à dose. O efeito adverso mais sério é a agranulocitose, que 
pode ocorrer em cerca de 1% dos pacientes. Por 
conseguinte, monitoramento frequente dos glóbulos 
brancos (feitos semanalmente durante os 6 primeiros 
meses, depois a cada duas semanas, e então uma vez por 
mês depois de um ano) é necessário nos EUA, e a 
clozapina é, geralmente, reservada para pacientes que 
responderam inadequadamente a outros fármacos. 
Os novos ASGs (Antipsicóticos de segunda geração) 
fornecem alguns dos benefícios da clozapina, porém sem 
o risco de agranulocitose, e costumam ser preferidos aos 
antipsicóticos convencionais para o tratamento de 
episódios agudos e para prevenir a recorrência. Entretanto, 
em um grande ensaio clínico controlado de longo prazo, a 
melhora dos sintomas usando 4 ASG (olanzapina, 
risperidona, quetiapina e ziprasidona) não foi maior do que 
com a perfenazina, um antipsicótico convencional com 
efeitos anticolinérgicos. Em um estudo de 
acompanhamento, os pacientes que abandonaram o estudo 
prematuramente foram alocados aleatoriamente para um 
dos outros 3 ASG ou para clozapina; esse estudo 
demonstrou clara vantagem para a clozapina em relação 
aos outros ASG. Dessa forma, a clozapina parece ser o 
único tratamento eficaz para pacientes que não 
responderam com antipsicótico convencional ou ASG. 
Todavia, a clozapina continua subutilizada, 
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13 
provavelmente, em decorrência da baixa tolerabilidade e 
da necessidade de monitoramento sanguíneo continuado. 
A lumateperona é o ASG mais recente para o tratamento 
da esquizofrenia em adultos. Parece melhorar a função 
psicossocial com menos efeitos colaterais metabólicos e 
motores. Não deve ser usada em pacientes idosos com 
psicose relacionada à demência, nos quais acarreta maior 
risco de morte. Outros efeitos colaterais são sedação e 
xerostomia. 
Os ASG mais novos são muito parecidos em termos de 
eficácia, mas diferem quanto aos efeitos colaterais; assim, 
a escolha do fármaco se baseia na resposta individual e em 
outras características dos fármacos. Por exemplo, a 
olanzapina, a qual tem taxa de sedação relativamente alta, 
pode ser prescrita para pacientes com agitação 
proeminente ou insônia; fármacos menos sedativos devem 
ser preferidas no caso de pacientes com letargia. Uma 
tentiva durante 4 a 8 semanas costuma ser necessária para 
avaliar completamente a eficácia e o perfil dos efeitos 
adversos. Após a estabilização dos sintomas agudos, o 
tratamento de manutenção é iniciado, no qual a menor 
dose que previna a recorrência dos sintomas é usada. 
Aripiprazol, olanzapina e risperidona estão disponíveis na 
formulação injetável de longa ação. 
Ganho de peso, hiperlipidemia e aumento do risco de 
diabetes 2 são os efeitos adversos principais dos ASG. 
Portanto, antes que seja iniciado o tratamento com ASG, 
todos os pacientes devem ser avaliados para fatores de 
risco, incluindo história pessoal/familiar de diabetes, peso, 
circunferência abdominal, pressão arterial, glicemia de 
jejum e perfil lipídico. Aqueles verificados ou 
considerados em risco significante de síndrome 
metabólica podem ser mais bem tratados com ziprasidona 
ou aripiprazol do que com outros ASG. Deve-se fornecer 
aos pacientes e aos familiares educação a respeito dos 
sinais e sintomas de diabetes, incluindo poliúria, 
polidipsia, perda ponderal e cetoacidose diabética 
(náuseas, vômitos, desidratação, respiração rápida, 
rebaixamento sensorial). Além disso, aconselhamento 
nutricional e de atividade física deve ser fornecido para 
todos os pacientes que iniciam uso de ASG. Todos os 
pacientes em tratamento com ASG requerem 
monitoramento periódico de peso, IMC e glicemia de 
jejum; aqueles que desenvolverem hiperlipidemia ou 
diabetes tipo 2 devem ser encaminhados para avaliação 
especializada. 
ANTIPSICÓTICOS TÍPICOS 
São divididos em: 
− Alta potência: (o que é diferente de maior poder 
sedativo! Eles na verdade são menos sedativos e 
mais “deliriolítico”. São dose-dependentes para 
diminuir os efeitos psicóticos. São eles: 
haloperidol, trifluoperazina, flufenazina. 
− Baixa potência: muitas vezes são mais sedativos 
que os de alta potência. Apresentam mais 
propriedades anticolinérgicas, anti-histamínicas e 
antagonistas alfa-1 (uma vez que são necessárias 
doses mais elevadas para atingir propriedades 
antipsicóticas). São eles: clorpromazina,levomepromazina, tioridazina. 
MECANISMO DE AÇÃO 
Bloqueio dos receptores D2 da dopamina. Sabe-se que os 
sintomas positivos da esquizofrenia são gerados por um 
aumento da atividade dopaminérgica na via mesolímbica, 
devido a maior ligação do neurotransmissor dopamina aos 
seus receptores D2. Todos os antipsicóticos agem em D2, 
a maioria deles bloqueando sua ação. Os de baixa potência 
são eficazes, mas para bloquear D2 necessitam de doses 
mais altas, o que pode gerar efeito adversos. (bloqueio M1 
– constipação, retenção urinária; H1 – aumento do apetite, 
sonolência; alfa-1-periférico – hipotensão postural). 
PRINCIPAIS MEDICAMENTOS 
− Haloperidol: (menos sedativo, mas também causa 
sedação, alta potência, maior bloqueio D2). Pode 
ser injetável de ação rápida – IM (pico em 20 min) 
ou oral (1h a 4h). Existe a formulação de depósito 
– haloperidol decanato – 50-200mg/mês. Ele é 
liberado gradativamente e pode ser utilizado em 
pacientes com baixa adesão. Também é usado 
para tratar agitação psicomotora de outras causas. 
− Clorpomazina: é de baixa potência. É muito 
utilizado, sobretudo para profilaxia enxaqueca e 
outros sintomas neurológicos. É uma medicação 
mais sedativa e que precisa de doses maiores para 
efeito antipsicótico. Existe uma formulação 
injetável ou oral. É uma medicação que apesenta 
muitos efeitos colaterais. Foi o primeiro 
antipsicótico descoberto por acaso, devido a suas 
propriedades anti-histamínicas. 
EFEITOS COLATERAIS 
A maioria deles são derivados do bloqueio dos receptores 
D2 em outras vias que não a mesolímbica. 
Bloqueio dos receptores anti-colinérgicos muscarínicos 
M1: 
− Visão turva, boca seca, constipação. 
− Bloqueio dos receptores anti-histamínicos H1: 
− Ganho de peso, sonolência. 
Bloqueios dos receptores alfa-1-adrenérgicos: 
− Hipotensão ortostática. 
Via nigroestriatal: 
− Manifestações extra-piramidais; 
Via tuberoinfundibular: 
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14 
− Galactorreia, amenorreia, redução da libido, 
desmineralização óssea; 
− Redução do limitar convulsivo, sobretudo a 
clorpromazina; 
− Síndrome neuroléptica maligna (complicação 
comum – 2%, fatal até 20%): reação 
idossincrática ao uso de psicóticos, 
principalmente haldol. Caracterizada por: 
hipertermia refratária a antipiréticas, alterações de 
consciência + rigidez muscular extrema (pode 
gerar rabdomiólise). Alguma casos graves 
necessitam de terapia intensiva. A primeira 
conduta é suspender o medicamento. Está 
relacionada ao bloqueio de D2 na via 
nigroestriatal. 
Obs – Neurolepsia: o núcleo accumbens é considerado o 
“centro do prazer” e faz parte do sistema de recompensa 
do cérebro. Acredita-se que ele é a via final comum de toda 
a recompensa (até mesmo por uso de drogas) e esforço. 
Com o bloqueio de D2, há também um bloqueio desse 
mecanismo de recompensa, mimetizando os sintomas 
negativos da esquizofrenia (apatia, anedonia, falta de 
motivação, interesse, alegria, interações sociais). Isso 
pode explicar a alta incidência de tabagismo e uso abuso 
de drogas ilícitas na esquizofrenia. 
Podemos associar o haldol a prometazina – fenegan (ação 
antimuscarínica) – para reduzir os efeitos adversos 
extrapiramidais. Para entendermos isso, precisamos saber 
que: os antipsicóticos que causam mais SEP, apresentam 
menos ação anticolinérgica, e aqueles que causam menos 
SEP, tem maior ação anticolinérgica. Na via nigroestriatal, 
a dopamina inibe a acetilcolina. Logo, a dopamina inibida 
por um agente antipsicótico acaba por estimular um 
aumento da acetilcolina. Assim, foi criada a estratégia de 
administrar antipsicóticos típicos com anticolinérgicos 
(como fenegan) no intuito de reduzir efeitos extra-
piramidais agudos – mas não reduz a evolução para 
discinesias tardias. 
ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS 
Tem propriedades iguais de reduzir sintomas positivos, 
porém causam menos sintomas extra-piramidais (SEP) e 
hiperprolactinemia. 
MECANISMO DE AÇÃO 
Apresentam um mecanismo de ação diferente dos 
antipsicóticos típicos: atuam bloqueando o receptor da 
serotonina (receptor 5HT2A). Isso proporciona o aumento 
da dopamina, que vai competir em outras áreas com os 
antagonistas dos receptores D2, o que pode proporcionar 
redução dos efeitos colaterais. Então, existem 2 formas de 
redução dos efeitos colaterais: aumentar a dopamina para 
competir com os bloqueadores, ou bloquear os receptores 
M1 (fenegan). Além de bloquearem o receptor 5HT2A, 
também fazem um bloqueio parcial de D2 e agonismo 
parcial 5HT1A. 
− Bloqueio D2: Bloqueia dopamina 
− Bloqueio 5HT2A: Estimula a liberação de 
dopamina. 
O bloqueio de serotonina não gera depressão nesse caso! 
Janela terapêutica: não trata totalmente os sintomas 
negativos. Os antipsicóticos até agora são muito bons para 
tratar os sintomas positivos. 
PRINCIPAIS MEDICAMENTOS E EFEITOS 
COLATERAIS 
− Risperidona: em doses altas pode gerar efeitos 
extra-piramidais com haloperidol. Ela também 
eleva a prolactina, apesar de ser um atípico. 
Relacionada também ao ganho ponderal, bloqueio 
alfa periférico. Depósito de 15 dias. 
− Paliperidona: apresenta formações de depósito 
de 30 dias e recém-chegado no Brasil de 3 meses. 
− Lurasodona: recém-chegada no Brasil. Boas 
evidencias na depressão no transtorno bipolar. 
− Ziprazidona: menor ganho de peso, menos 
efeitos na prolactina. Pouco acessível no Brasil. 
− Aipiprazol: não bloqueia D2. Está menos 
relacionada a sintomas extra-piramidais. Menor 
ganho de peso. 
− Olanzapina: estabilizadora do humor, pode ser 
utilizada na depressão, apresenta um impacto 
metabólico importante: aumento da glicemia, TG, 
ganho de peso. Apresenta efeito D2. 
− Quetiapina: antipsicótico em doses mais altas. 
 
MEDICAMENTOS ANTIPSICÓTICOS: NOMES, 
FORMA FARMACÊUTICA E CONCENTRAÇÕES 
Nome 
genérico 
Nome 
comercial 
Forma farmacêutica e 
concentrações 
Aripiprazol Abilify 
Comprimidos: 2, 5, 10, 
15, 20, 30 mg 
 
Abilify Disc 
Melt 
Comprimidos 
orodispersíveis: 10, 15 
mg 
 
Solução oral: 1 mg/mL 
(150 mL) 
 Injeção: 9,75 mg/1,3 mL 
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15 
 
Abilify 
Maintena 
Injeção intramuscular: 
300, 400 mg 
Asenapina Saphris 
Comprimidos 
(sublingual): 5, 10 mg 
Clorpromazina Thorazinea 
Comprimidos: 10, 25, 50, 
100, 200 mg 
 
Injeção: 25 mg/mL 
(ampolas de 1 e 2 mL) 
Clozapina Clozarila,b 
Comprimidos: 25, 50, 
100, 200 mg 
 
Suspensão oral: 50 
mg/mL 
 FazaClo 
Comprimidos 
orodispersíveis: 12,5, 25, 
50, 100, 150, 200 mg 
Droperidol Inapsinea 
Injeção: 2,5 mg/mL 
(ampolas e frascos de 1 e 
2 mL) 
Flufenazina Prolixina 
Comprimidos: 1, 2,5, 5, 
10 mg 
 
Concentrado: 5 mg/mL 
(frasco de 120 mL) 
 
Elixir: 2,5 mg/5 mL 
(frascos de 60 e 473 mL) 
 
Injeção: 2,5 mg/mL 
(frasco multidoses de 10 
mL) 
Decanoato de 
flufenazina 
Prolixin 
Decanoatea 
Injeção: 25 mg/mL 
(frasco multidoses de 5 
mL) 
 
Haloperidol Haldola 
Comprimidos: 0,5, 1, 2, 
5, 10, 20 mg 
 Concentrado: 2 mg/mL 
 
Injeção: 5 mg/mL 
(ampola e frasco de dose 
única de 1 mL; frasco 
multidoses de 10 mL) 
Decanoato de 
haloperidol 
Haldol 
Decanoatea 
Injeção: 50 mg/mL 
(ampola de 1 mL e frasco 
multidoses de 5 mL), 100 
mg/mL (frasco 
multidoses de 5 mL) 
Iloperidona Fanapt 
Comprimidos: 1, 2, 4, 6, 
8, 10, 12 mg 
Loxapina Loxitanea 
Cápsulas: 5, 10, 25, 50 
mg 
 Adasuve 
Pó para inalação: 
unidade de dose única no 
inalador de 10 mg; deve 
ser administrado por 
profissional da saúde 
Lurasidona Latuda 
Comprimidos: 20, 40, 60, 
80, 120 mg 
Olanzapina Zyprexaa 
Comprimidos: 2,5, 5, 7,5, 
10, 15, 20 mg 
 Zydisa 
Comprimidos 
orodispersíveis: 5, 10, 
15, 20 mg 
 
Zyprexa 
Intramuscular 
Injeção: frasco de 10 mg 
(antes da reconstituição) 
Paliperidona Invega 
Comprimidos (liberação 
prolongada): 1,5, 3, 6, 9 
mg 
Palmitato de 
paliperidona 
Invega 
Sustenna 
Injeção: 39, 78,117, 156, 
234 mg 
Perfenazina Trilafona 
Comprimidos: 2, 4, 8, 16 
mg 
Pimozida Orap Comprimidos: 1, 2 mg 
Quetiapina Seroquela 
Comprimidos: 25, 50, 
100, 200, 300, 400 mg 
 Seroquel XR 
Comprimidos (liberação 
prolongada): 50, 150, 
200, 300, 400 mg 
Risperidona Risperdala 
Comprimidos: 0,25, 0,5, 
1, 2, 3, 4 mg 
Solução oral: 1 mg/mL 
(frasco de 30 mL) 
 
Risperdal M-
TABa 
Comprimidos 
orodispersíveis: 0,5, 1, 2, 
3, 4 mg 
 
Risperdal 
Consta 
Injetável de ação 
prolongada: 12,5, 25, 
37,5, 50 mg 
Tioridazina Mellarila 
Comprimidos: 10, 25, 50, 
100 mg 
Concentrado: 30 mg/mL 
(frasco de 120 mL) 
Tiotixena Navanea Cápsulas: 1, 2, 5, 10 mg 
Trifluoperazina Stelazinea 
Comprimidos: 1, 2, 5, 10 
mg 
Ziprasidona Geodona 
Comprimidos: 20, 40, 60, 
80 mg 
 
Injeção: frasco de 20 mg 
(antes da reconstituição) 
 
 
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16 
AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
A avaliação neurológica no contexto da doença 
neuropsiquiátrica tem como objetivo saber se há sintomas 
e sinais de lesão neurológica e, então, definir a topografia 
dessa lesão. 
A anamnese é o primeiro passo dessa avaliação e não 
menos importante do que o exame neurológico 
propriamente dito. A formulação da hipótese diagnóstica 
inicia-se com a interrogação sobre os sintomas, modos de 
instalação e evolução dos mesmos. 
É importante questionar ativamente a respeito de 
antecedentes patológicos e uso de substâncias exógenas, 
medicamentos, drogas lícitas ou ilícitas. 
Após a anamnese, são realizados o exame físico geral e o 
exame neurológico, que buscam confirmar as alterações 
descritas e observar outros sinais relevantes. 
A constatação de exame neurológico normal é muito 
importante em casos de cefaléia, de transtornos 
psiquiátricos, de tonturas ou em situações em que há 
suspeita de lesão do sistema nervoso secundária a outras 
doenças sistêmicas, como neoplasias, doenças do tecido 
conjuntivo, diabete melito e alcoolismo. 
As alterações ao exame neurológico são inicialmente 
categorizadas em síndromes conhecidas. Essas síndromes 
são: síndrome piramidal, síndrome motora periférica, 
síndrome sensitiva, síndrome extrapiramidal, síndrome 
cognitiva, síndrome cerebelar, síndrome de nervos 
cranianos, síndrome álgica e síndrome disautonômica. 
ANAMNESE 
Excluindo-se os casos em que há transtornos mentais ou 
de comunicação, a anamnese do paciente neurológico não 
se diferencia da habitualmente realizada na clínica médica. 
Portanto, deve ser cuidadosa e objetiva. 
Nos casos em que não é possível realizar a anamnese com 
o paciente, deve-se procurar um familiar ou testemunha 
capaz de fornecer os dados necessários. 
EXAME FÍSICO 
O exame físico geral deve ser feito conforme propedêutica 
habitual. Sinais de insuficiência de órgãos ou sistema é 
fundamental para a correta interpretação dos sintomas 
neurológicos, que podem muitas vezes ser secundários a 
quadros metabólicos. 
Os dados obtidos ao exame físico podem ser mais 
importantes para o diagnóstico do que os do próprio exame 
neurológico. 
Por exemplo, quando um paciente refere episódios 
transitórios de déficit neurológico, a realização de 
semiologia cardiovascular pode ser mais relevante do que 
qualquer outro procedimento. 
EXAME NEUROLÓGICO 
O exame neurológico pode ser dividido, na prática clínica, 
em seis partes principais: 
− Exame neuropsicológico; 
− Exame do equilíbrio e da marcha; 
− Exame da motricidade; 
− Exame da sensibilidade; 
− Exame das funções neurovegetativas; 
− Exame dos nervos cranianos. 
EXAME NEUROPSICOLÓGICO 
Durante a anamnese, o examinador é capaz de avaliar os 
níveis de consciência e de atenção, o humor, a iniciativa, 
as capacidades de julgamento e de crítica, a concatenação 
de idéias, a memória para fatos recentes e antigos e a 
capacidade de comunicação verbal (expressão e 
compreensão). 
A presença de queixas de alterações mentais, ou a suspeita 
pelo examinador dessas alterações durante a anamnese, 
demanda um exame aprofundado do estado mental. 
EXAME DO EQUILÍBRIO E DA MARCHA 
Solicita-se ao paciente que fique em pé, com os pés 
próximos, descalço e sem meias, com os braços pendentes 
ao lado do corpo. Observa-se a postura, a presença de 
oscilações e de dança dos tendões. Leves empurrões para 
a frente, para trás e para os lados permitem avaliar a 
capacidade de manter o equilíbrio. Na doença de 
Parkinson, em que um dos sinais é instabilidade postural, 
pequenos empurrões podem permitir verificar se existe 
tendência à queda para trás. O sinal de dança dos tendões, 
observação dos tendões do calcâneo (Aquiles) e do tibial 
anterior que ressaltam de forma irregular, é característico 
da síndrome cerebelar. 
A seguir, avalia-se o equilíbrio com os olhos fechados. O 
sinal de Romberg, oscilação ou queda ao fechar os olhos, 
estando o indivíduo em pé, com os pés aproximados, 
indica comprometimento das vias de sensibilidade 
proprioceptivas conscientes. 
EXAME DA MOTRICIDADE 
Os distúrbios neuropsiquiátricos frequentemente estão 
acompanhados de transtornos do movimento, como nos 
quadros de catatonia. As doenças que comprometem a 
motricidade freqüentemente apresentam sintomas 
neuropsiquiátricos, como, por exemplo, a doença de 
Parkinson. Diversas substâncias utilizadas para controle 
de sintomas ou doenças psiquiátricas podem comprometer 
o sistema motor, sendo muito comum na prática clínica o 
desenvolvimento de sintomas de síndromes 
extrapiramidais secundários ao uso de neurolépticos. 
O exame da motricidade pode ser dividido em: exame 
da força muscular, do tono, dos reflexos, da coordenação 
e dos movimentos involuntários anormais. 
@anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 17 
17 
EXAME DA SENSIBILIDADE 
Deve-se questionar especificamente sobre a presença de 
parestesias, dores espontâneas ou perversões da 
sensibilidade. O exame compreende a avaliação da 
sensibilidade superficial e da profunda e a pesquisa dos 
sinais de irritação meníngea e radicular. 
O exame da sensibilidade busca constatar queixas 
específicas do paciente ou procura encontrar distúrbios de 
sensibilidade que habitualmente acompanham a doença de 
base ou outros sinais neurológicos verificados ao exame. 
Quando não há queixas ou indícios de que a sensibilidade 
esteja comprometida, não há necessidade de pesquisá-la. 
Os estímulos são aplicados das regiões distais para as 
proximais, sempre com comparação entre os dois 
hemicorpos. 
EXAME DAS FUNÇÕES NEUROVEGETATIVAS 
Alterações das funções neurovegetativas e distúrbios 
tróficos são comuns nas lesões do sistema nervoso central 
ou periférico. 
Durante a anamnese, deve-se interrogar especialmente 
sobre a presença de distúrbios vasomotores das 
extremidades, hipotensão postural, modificações da 
salivação e transpiração, alterações do controle 
esfincteriano e da potência sexual. 
Durante a inspeção, o examinador deve observar o estado 
nutricional, a presença de deformidades osteoarticulares, 
o ritmo respiratório, o aspecto da pele e anexos e o 
trofismo muscular. 
Quando há queixa ou suspeita de hipotensão postural, esta 
deve ser confirmada com a aferição da pressão arterial e 
do pulso do paciente em decúbito horizontal, sentado e em 
pé, com interva- lo de três minutos após a mudança de 
posição. 
Alguns distúrbios e funções do sistema nervoso 
neurovegetativo, como a síndrome de Claude Bernard-
Horner (miose, semiptose e enoftalmo) e o reflexo 
fotomotor, são avaliados durante o exame dos nervos 
cranianos. 
O reflexo bulbocavernoso consiste na contração do 
músculo bulbocavernoso, que pode ser sentida colocando-
se um dedo no períneo atrás da bolsa escrotal, quando se 
percute ou pressiona a glande. O reflexo anal consiste na 
contração do esfincter anal externo em resposta à 
estimulação cutânea

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