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Organização e funções básicas dos componentes de um Sistema de Computação: Parte I SST Schirigatti, J. L., Ancelmo, J. R.; Organização e funções básicas dos componentes de um Sistema de Computação: Parte I / Autor: Jackson Luis Schirigatti, José Roberto Ancelmo Local: Florianópolis, 2020. nº de p. : 10 páginas Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. Organização e funções básicas dos componentes de um Sistema de Computação: Parte I 3 Apresentação Estudar a arquitetura e a organização de um computador é enxergá-lo por dentro, a sua organização, seus dispositivos e para que funcionam. Agora você estudará como os dispositivos e processadores estão organizados num computador e como a memória trabalha. Também entenderá como funcionam as filas de endereçamento, como o computador consegue fazer mil tarefas ao mesmo tempo e ainda deixar o processador livre para que a máquina responda de maneira satisfatória. Dispositivos E/S e Unidade Central de Processamento (CPU) O hardware de um computador é composto por um conjunto de três componentes básicos, os quais são combinados sistematicamente a fim de armazenar uma série de dados e, posteriormente, processá-los em forma de resultados, sendo que, para cada aplicação particular desejada, é possível arquitetar uma configuração lógica diferente desses componentes. No entanto, independentemente da aplicação projetada, para que esse comportamento funcional do sistema ocorra, é indispensável que haja a troca e a interpretação de dados e sinais de controle entre os seus componentes lógicos. Assim, dependendo do sinal fornecido a partir de um dado, o computador será capaz de executar diferentes funções. Para isso, faz-se necessário um componente de entrada e saída (E/S) interconectado ao sistema que seja capaz de introduzir os dados de modo que sejam geradas instruções a serem processadas e, posteriormente, reproduzidas ao usuário. Cada componente E/S é capaz de controlar um ou mais dispositivos periféricos, também conhecidos como dispositivos input/output (I/O), pelos quais é possível introduzir e/ ou extrair dados, por meio da interação do processador com o homem. 4 Os dispositivos de entrada correspondem aos equipamentos pelos quais é possível, especificamente, introduzir dados no computador, por exemplo: teclado, mouse, scanners, disquetes, HDs externos, microfone, câmera, mesa gráfica etc. Comumente, todos os dispositivos de entrada são capazes de codificar as informações fornecidas pelo homem em forma de dados que possam ser, posteriormente, processados pelo sistema digital do computador. Por sua vez, os dispositivos de saída correspondem aos equipamentos pelos quais é possível, especificamente, extrair dados do computador, como monitor de vídeo, impressora, caixas de som, fones de ouvido, entre outros. Ao contrário dos dispositivos de entrada, essa classe de equipamentos é responsável por decodificar os dados gerados pelo sistema digital do computador em forma de informações que podem ser percebidas de maneira inteligível pelo usuário. Ainda, existem dispositivos E/S que funcionam tanto para entrada quanto para a saída de dados, sendo, portanto, chamados de dispositivos híbridos. São exemplos desses dispositivos os drives de CD e DVD-ROM, pen drives e os modens. No entanto, para que os dados fornecidos pelos dispositivos de entrada sejam convertidos efetivamente em resultados pelo dispositivo de saída, é necessário que haja um componente intermediário presente no sistema que seja capaz de interpretar esses dados e, consequentemente, gerar sinais de controle correspondentes. A esse componente damos o nome de Unidade Central de Processamento (CPU). Conhecida popularmente como microprocessador, a unidade central de processamento (CPU) é o componente mais importante do sistema computacional, pois é ela quem executará os programas armazenados na memória principal, buscando e interpretando cada instrução fornecida pelo dispositivo de entrada de dados, a fim de devolvê-los em forma de informações acessíveis ao usuário por meio dos dispositivos de saída. De modo geral, cada processador é composto por um circuito integrado próprio, o qual pode ser dividido, basicamente, em dois grandes módulos: a unidade de controle (UC) e a unidade lógica e aritmética (ULA). Enquanto a UC responsabiliza-se por supervisionar todas as operações do computador sob a direção de um programa armazenado, a ULA realiza todas as operações matemáticas e comparações lógicas sobre um conjunto de dados. 5 Esquematização do processamento de dados Unidade Central de Processamento (CPU) Dispositivo de Entrada Dispositivo de Saída Unidade de Memória Fonte: Adaptada de Stallings (2002). Para isso, a UC determina, primeiramente, qual instrução será executada pelo computador e, depois, procura essa instrução na memória interna, gerando um sinal que será interpretado pela ULA. A execução dessas instruções ocorre, na maioria das vezes, de modo sequencial por meio de algoritmos escritos a partir de uma linguagem de programação que são compilados e geram um código programado responsável pelo processamento dos dados. A instrução é então executada por outras unidades do computador sob a direção da UC, caracterizando o que chamamos de Ciclo de Instrução. Ciclo de instrução e endereçamento de memória O ciclo de instrução pode ser entendido tipicamente como uma sequência de passos, em que, a cada passo, uma operação lógica ou aritmética é executada pela ULA sobre algum dado a partir das instruções fornecidas pela memória do sistema. Para isso, o circuito realiza uma busca nos registradores da UC, os quais são responsáveis por receber, guardar o endereço da próxima instrução a ser executada e transferi-la na direção de algum dispositivo de controle. Desse modo, para cada ciclo de instrução, o microprocessador realiza dois processos respectivos: um ciclo de busca e um ciclo de execução. 6 Esquematização do Ciclo de Instrução Básico Busca da próxima instrução ciclo de busca ciclo de execução PARADAExecução da instruçãoINÍCIO Fonte: Adaptada de Stallings (2002). A partir do esquema apresentado, pode-se observar que a execução de um programa se encerra somente se a máquina for desligada, se ocorrer algum erro irrecuperável ou se for executada uma instrução de programa que pare a operação do computador. Do contrário, enquanto novos dados forem inseridos no sistema, o ciclo de instrução permanecerá ininterrupto. Ainda, cada CPU de computador pode executar vários ciclos de busca e execução diferentes de acordo com o conjunto de informações que forem guardadas nos registradores. Cada registrador compreende uma posição de memória identificada por um endereço específico, capaz de guardar informações temporárias (sequências de bits = palavra) que podem ser deslocadas dentro de um mesmo registrador ou transferidas entre dois registradores, a fim de serem interpretadas como uma instrução ou como um dado. O modo específico pelo qual esse processo ocorre será explicado detalhadamente mais adiante. Bit: Descendente das palavras “dígito binário” (binary digit), o bit corresponde à menor unidade de medida de transmissão de dados usada na área da computação e informática. Saiba mais Tipicamente, os registradores são endereçados sequencialmente e, juntos, constituem um subsistema de memória da Memória lnterna, denominado Memória RAM (Random Access Memory). Um endereço de memória identifica uma locação física na memória interna de um computador, apontando para o local onde os dados estão armazenados. É como um endereço residencial o qual indica onde você reside. 7 Nessa analogia, o espaço de endereçamento corresponde à área onde sua moradia está fixada, como o seu bairro ou a sua cidade, por exemplo. Aqui, o espaço é extremamente importante, porque, ainda que existam duas “Av. Brasil, 120”, cada um pertence a uma cidade diferente (São Pauloe Rio de Janeiro, por exemplo), ou seja, correspondem a espaços de endereçamento diferentes. O mesmo acontece com o endereçamento da memória. A memória RAM é dividida em linhas (Row) e colunas (Column). O acesso é feito enviando os valores CAS (Columm Adress Strobe) e RAS (Row Adress Strobe), que correspondem a esses endereços de linha e coluna. Combinados os dois endereços, é acessado o bit de dados desejado. Para acesso a uma determinada posição, seja para gravar ou ler dados, o controlador de memória primeiro gera o valor de RAS ou o número da linha que está relacionada à posição, sendo gerado em seguida o valor de CAS, que corresponde à coluna dessa posição. Veja o exemplo: Modelo de endereçamento de memória 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Valor RAS: "9 linha" Bit a ser acessado Legenda: Exemplo de Endereçamento de Memória. Fonte: Rodrigues (2014) De modo geral, a memória principal de um sistema de computação é arquitetada hierarquicamente, sendo que os registradores estão no topo dessa hierarquia. Isso porque os registradores são o meio mais rápido de se armazenar um dado ou instrução e, por isso, também compreendem o componente mais caro de uma Memória. É a capacidade de armazenamento dos registradores (n bits) que irá ditar 8 o tamanho da memória interna e, consequentemente, limitará o tipo de serviço que o computador poderá executar. Alguns registradores mais comuns são: • Acumulador (AC): responsável por armazenar os resultados de um cálculo. • Registrador de endereçamento da memória (Memory address register – MAR): especifica o endereço da memória que deverá ser usado pela próxima instrução de leitura ou escrito. • Registrador de dados da memória (Memory data register – MDR): contém o dado a ser lido ou escrito na memória. • Registrador de instrução (Instruction Register – IR): armazena a próxima ins- trução que deverá ser interpretada e executada. • Contador de programa (Program Counter – PC): usado para guardar o ende- reço da próxima instrução a ser buscada na memória. • Registradores de propósito gerais (R): são aqueles capazes de armazenar di- versos tipos de dados, podendo ser utilizados para a manipulação de cálculos, contagens, armazenamento, ponteiros, entre outros. Modos de execução do processador Levando-se em conta os conhecimentos adquiridos no decorrer desta unidade, podemos ter uma visão mais detalhada do processo de execução do processador, no qual: no início de cada ciclo, o processador busca uma instrução primária guardada no endereço de memória do PC que irá informar o endereço da próxima instrução a ser executada e assim por diante. Considere um sistema de computação no qual cada palavra de memória contenha 16 bits e, a partir daí, suponha que o PC possui o endereço 200. O microprocessador irá buscar a próxima instrução na posição de memória 200 e, a cada novo ciclo de instrução, buscará as instruções nas posições seguintes: 201, 202, 203, e assim por diante. Saiba mais Cada instrução é carregada simultaneamente no IR que, por sua vez, contém uma sequência de bits que especificam a ação que a UC deverá executar. A partir daí, 9 um sinal é enviado para a ULA, a qual interpreta a instrução armazenada no IR e a devolve para a UC a fim de executar a ação requisitada. Em geral, essas ações podem ser classificadas em quatro categorias: • Processador-memória: ação de transferência de dados do componente de processamento para o componente de memória e vice-versa. • Processador-E/S: ação de transferência de dados entre o componente de pro- cessamento e um dispositivo periférico de entrada e saída. • Processamento de dados: execução de operações lógicas ou aritméticas so- bre os dados. • Controle: ação em que a sequência de informações pode ser alterada. Nes- ses casos, o programador pode desenvolver um programa não sequencial de modo que, ao buscar uma instrução na posição de memória de endereço 256, seja transmitido um sinal para que a próxima busca seja direcionada para a posição de memória de endereço 182. Desse modo, no ciclo seguinte, a ins- trução será obtida no endereço 182, e não no endereço 257 como previsto. Conclui-se, portanto, que um ciclo de instrução pode envolver mais de uma referência, podendo não só especificar uma interação entre o processador e a memória, como também entre o processador e um componente E/S e, ainda, entre um componente E/S e a memória. Fechamento Entendemos que a Arquitetura de Computadores basicamente corresponde ao comportamento funcional de um sistema computacional. Já a Organização de Computadores cuida da estrutura interna do computador (ex. frequência do relógio ou tamanho da memória física). Trabalhar com arquitetura e organização de computadores é trabalhar com vários níveis de funções, e tomamos por exemplo o nível mais alto, onde o usuário executa programas e o nível mais baixo, que consiste em transistores e fios. Estudamos a memória principal, que nada mais é que um sistema de computação que possui uma hierarquia, cujos registradores são os primeiros alocados no topo dessa hierarquia. 10 Os registradores têm capacidade de armazenamento (n bits) que, de certa maneira, determina o tamanho da memória interna e, consequentemente, limitará o tipo de serviço que o computador poderá executar. Referências STALLINGS, W. Arquitetura e organização de computadores. São Paulo: Prentice Hall, 2002. RODRIGUES, Bruno Rafael de Oliveira. Métodos de acesso de dados. Arquitetura de Computadores. Disponível em: http://slideplayer.com.br/slide/298336/. Acesso 26 mar 2020. http://slideplayer.com.br/slide/298336/
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