Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Defesa e absorção do sistema digestório Objetivos • Conhecer o funcionamento dos prebióticos, probióticos e pósbióticos. • Compreender o processo de absorção da água e eletrólitos. • Entender a função da microbiota. • Conhecer o GALT. Absorção gastrointestinal O estômago é a área de menor absorção no trato gastrointestinal, já que: • Não possui vilosidades típicas da membrana absortiva. • As junções estreitas entre as células epiteliais têm baixa permeabilidade. Apenas algumas substâncias lipossolúveis, como álcool e fármacos, como a aspirina, são absorvidas em pequenas quantidades. Vilosidades e microvilosidades A superfície absortiva da mucosa do intestino delgado, com pregas denominadas válvulas coniventes (pregas de Kerckring), aumenta a área de superfície da mucosa absortiva em 3 vezes. • São bem desenvolvidas do duodeno e no jejuno. Na superfície epitelial do intestino delgado até a válvula íleocecal, existem vilosidades, que aumentam a área absortiva total por mais de 10 vezes. Cada célula epitelial intestinal nas vilosidades é caracterizada por borda em escova, consistindo em um grupo de microvilosidades, que aumentam a área absortiva por mais de 20 vezes. • As pregas de Kereckring, vilosidades e microvilosidade aumentam a área absortiva da mucosa por mais de 1.000 vezes. Absorção no intestino delgado O intestino delgado pode absorver até 500 gramas de gordura por dia, 500 a 700 gramas de proteínas e 20 litros ou mais de água por dia. • O normal é em torno de 5 vezes menor do que isso. O intestino grosso pode absorver ainda mais água e íons, porém poucos nutrientes. Absorção osmótica de água A água é transportada através da membrana intestinal inteiramente por difusão, que obedece às leis da osmose. Portanto, quando o quimo está suficientemente diluído, a água é absorvida através da mucosa intestinal pelo sangue das vilosidades, quase inteiramente, por osmose. A água pode também ser transportada na direção oposta — do plasma para o quimo. • Esse tipo de transporte ocorre quando soluções hiperosmóticas são lançadas do estômago para o duodeno. Em questão de minutos, água suficiente será transferida por osmose, para tornar o quimo isosmótico ao plasma. Como a água pode atravessar a túnica mucosa intestinal em ambos os sentidos, a absorção de água a partir do intestino delgado depende da absorção de eletrólitos e nutrientes para manter um equilíbrio osmótico com o sangue. • Os eletrólitos, monossacarídios e aminoácidos absorvidos estabelecem um gradiente de concentração de LARA MELO – ITPAC Palmas água que promove a absorção de água por osmose. Absorção de íons O sódio é transportado através da membrana intestinal. • Tem um papel na absorção de açúcares e aminoácidos. Eletrólitos absorvidos pelo intestino delgado são provenientes das secreções gastrintestinais, e alguns são parte dos alimentos e líquidos ingeridos. Os eletrólitos são compostos que se separam em íons na água e conduzem eletricidade. Os íons sódio são transportados para fora das células absortivas por bombas de sódio potássio basolaterais (Na+K+ ATPases) depois que se moveram para as células absortivas por difusão e transporte ativo secundário. Assim, a maior parte dos íons sódio (Na+) das secreções do canal alimentar é recuperada e não é perdida nas fezes. 1. Os íons negativamente carregados bicarbonato, cloreto, iodeto e nitrato podem seguir passivamente (duodeno e jejuno) o Na+ ou serem transportados ativamente (íleo). 2. Os íons cálcio também são absorvidos ativamente em um processo estimulado pelo calcitriol — depende da vitamina D. 1. O cálcio está sob controle hormonal, assim como sua excreção e armazenamento. 2. Os hormônios da paratireoide, a calcitonina e a vitamina D exercem função de regulação dos níveis sanguíneos de cálcio. 3. Outros eletrólitos, como os íons ferro, potássio, magnésio e fosfato, são também absorvidos via mecanismos de transporte ativo. O papel da microbiota na regulação do sistema imune Inclui todas as bactérias comensais que residem nos intestinos, como vírus, fungos e protozoários. • A microbiota muda com a idade, dieta e doenças. O seres humanos e a microbiota têm coevoluído mecanismos para benefício mútuo, como: 1. Influência da microbiota no sistema imune inato locais e sistêmico. Além de influenciarem a função sistêmica de neutrófilos circulantes e macrófagos. • Ácidos graxos de cadeia curta de bactérias intestinais atenuam as respostas inflamatórias de neutrófilos. • Fragmentos de peptidoglicanos de bactérias intestinais aumentam a capacidade dos neutrófilos circulantes para matar bactérias Gram-positivas. • São necessárias para funções antivirais sistêmicas de macrófagos, células dendríticas e NK. 2. Influenciam as respostas imunes adaptativas locais e sistêmicas. • A produção de IgA (principal mecanismo imune adaptativo para proteção contra a invasão microbiana) através da barreira epitelial do intestino depende da presença de flora luminal. • Os antígenos bacterianos ativam IgA dependentes de células-T específicas para esses antígenos. • Ao prevenir organismos comensais de alcançar a barreira epitelial, a IgA reduz as respostas inatas a esses organismos e limita a ativação de células B e as respostas de anticorpos. A presença dessas espécies reduz a resistência a alguns patógenos intestinais, mas LARA MELO – ITPAC Palmas pode aumentar a suscetibilidade a doenças autoimunes fora do intestino. 3. Defesa contra invasão por esses organismos. • Estimula a expressão de mucinas e peptídeos antimicrobianos, que previnem a colonização por bactérias Gram-positivas. 4. Mecanismos para manter o equilíbrio. 5. Minimiza respostas imunes pró- inflamatórias desnecessárias aos organismos comensais. 6. São necessárias para a proliferação e reparo da barreira epitelial intestinal após lesão. • Efeito mediado pela ligação entre os PAMPs da parede celular de bactérias e os TLRs presentes nas células epiteliais. Outras funções: 1. Diminuição da capacidade de adesão de bactérias patogênicas às paredes do intestino. 2. Impedem o fluxo de toxinas para dentro do epitélio intestinal. 3. Resistência à colonização e penetração de patógenos na corrente sanguínea. 4. Produção de agentes antimicrobianos (antifúngicos e antibióticos). 5. Estímulo à maturação de células do sistema imune. 6. Efeito antimutagênico, antitumoral, antineoplásico (prevenção contra câncer intestinal). 7. Aumento da secreção de IgA (protege a superfície das mucosas contra vírus, bactérias, etc). 8. Auxilia na síntese de algumas vitaminas, digestão e absorção de nutrientes. 9. Promove o fortalecimento da barreira intestinal e a proteção contra patógenos (causadores de doenças), como bactérias, vírus e fungos. Disbiose: quando há um desequilíbrio na microbiota intestinal com predominância das bactérias patogênicas. Leva a produção de toxinas e aumento da permeabilidade intestinal, que resultam em alterações inflamatórias, imunológicas e hormonais. Reguladores da microbiota Fibras alimentares Fibras alimentares (FA) são resistentes à digestão e à absorção no intestino humano. Podem ser: 1. Polissacarídeos. 2. Oligossacarídeos. 3. Lignina. 4. Substâncias associadas às plantas. As FA apresentam propriedades a nível gastrointestinal: • Viscosidade: é a capacidade de formar um gel quando em contato com a água; isto aumenta a saciedade após a refeição por retardar o esvaziamento gástrico e aumenta o volume fecal, favorecendo o trânsito intestinal; • Fermentação: ocorre no cólon (porção do intestino grosso), promovendo a redução do pH intestinal e aumento na produção de ácidos graxos de cadeia curta.• Ácidos graxos de cadeia curta São produzidos a partir da fermentação de carboidratos, prebióticos, probióticos e principalmente fibras, realizada por bactérias benéficas da microbiota. Participam no metabolismo, produção de mediadores anti-inflamatórios, saúde intestinal. Os AGCC são absorvidos e oxidados pelos colonócitos (células do cólon), suprindo 60% a 70% das necessidades energéticas destas células. LARA MELO – ITPAC Palmas Os AGCC produzidos em maior abundância são o acetato, o propionato e o butirato. • Propionato: ajuda na regulação do apetite, combate a inflamação e na proteção contra o câncer. • Acetato: contribui na regulação do pH sanguíneo, controle do apetite, nutre bactérias produtoras de butirato e protege o corpo contra patógenos. Estes dois fatores estimulam a atividade e o crescimento de bactérias benéficas, inibem o desenvolvimento das patogênicas e diminuem o risco de câncer de cólon e de infecções bacterianas. As fibras alimentares são encontradas em alimentos de origem vegetal como sementes, frutas, verduras, grãos integrais e legumes. Prebióticos Estimula o crescimento das bactérias benéficas em detrimento daquelas potenciais patógenas. → Alimento para bactérias se alimentarem e se proliferarem. Mudam a atividade e a composição da microbiota intestinal para promover a saúde do indivíduo. • Estão presentes em alimentos de origem vegetal: batata yacon, alho, cebola, banana, tomate, cevada, centeio, soja, grão-de-bico. Probióticos São organismos vivos que auxiliam na saúde intestinal, uma vez que melhoram o equilíbrio da microbiota. Tem ação na mucosa intestinal, onde formam uma barreira física às bactérias patogênicas. Eles promovem: 1. Estabilização da microbiota intestinal após o uso de antibióticos. 2. Resistência gastrintestinal à colonização por patógenos. 3. Digestão da lactose em indivíduos intolerantes à lactose. 4. Estimulação do sistema imune. 5. Alívio da constipação. 6. Aumento da absorção de minerais e vitaminas. As fontes naturais mais comuns são os leites fermentados (lactobacilos vivos), iogurtes, kefir e outros alimentos fermentados, como os pães feitos com levain (fermentação natural). Posbióticos Ácido graxo produzido pelos probióticos após ingerirem os prebióticos. O butirato é fonte de energia para as células do intestino, ajuda a prevenir e combater a inflamação e protege as funções cerebrais. • Melhora a qualidade da mucosa do intestino, o que evita a proliferação de fungos, infecção urinária e salmonela. Simbiótico Os simbióticos são compostos pela mistura de prebióticos e probióticos em quantidades variadas. GALT — Tecido linfoide associado ao trato gastrointestinal A principal forma de imunidade adaptativa no intestino é a imunidade humoral, que impede que organismo comensais e patógenos colonizem e invadam a barreira epitelial mucosa. É mediada por IgA, secretados para o lúmen do intestino, e por IgG e IgM. O principal mecanismo para controle das respostas no intestino é a ativação das células-T regulatórias (Treg), uma vez que: • Potenciais respostas imunes a antígenos alimentares e de microrganismos comensais para LARA MELO – ITPAC Palmas prevenir reações inflamatórias que poderiam comprometer a barreira mucosa — tolerâncias a antígenos estranhos. As respostas imunes são iniciadas em populações organizadas de linfócitos e células apresentadoras de antígenos (APCs) associadas ao revestimento epitelial mucoso do intestino — GALT. Que possui a função de: 1. Diferenciação de células B em plasmócitos secretores de IgA. 2. Desenvolvimento de células-T efetoras e regulatórias. Possui estruturas mais proeminentes, chamadas de Placas de Peyer. • É um agregado de nódulos linfáticos. • Estão localizadas principalmente no íleo distal, no apêndice e no cólon. As placas de Peyer possui a estrutura de folículos linfoides, com centros germinativos com células B (expressam IgM e IgD), células- T auxiliadoras, células dendríticas foliculares e macrófagos. • Não são encapsuladas. A principal via de exposição do antígeno do lúmen para o GALT ocorre por meio das células especializadas no interior do epitélio intestinal, denominadas células de micropregas (M). • Estão localizadas em regiões do epitélio intestinal, denominadas epitélio da cúpula, que recobre as placas das placas de Peyer e outras estruturas do GALT. Sua função é o transporte transcelular de substâncias do lúmen do intestino através da barreira epitelial para as células apresentadoras de antígenos subjacentes — até o centro germinativo. Apreendem o conteúdo por fagocitose e endocitose e as distribuem por exocitose para as células dendríticas das regiões da cúpula das placas de Peyer. • As células dendríticas processam e apresentam antígenos a células-T no interior do GALT, promovendo uma resposta imune adaptativa a patógenos no lúmen. LARA MELO – ITPAC Palmas Defesa e absorção do sistema digestório Objetivos Absorção gastrointestinal Vilosidades e microvilosidades Absorção no intestino delgado Absorção osmótica de água Absorção de íons O papel da microbiota na regulação do sistema imune O seres humanos e a microbiota têm coevoluído mecanismos para benefício mútuo, como: Reguladores da microbiota Fibras alimentares Prebióticos Probióticos Posbióticos Simbiótico GALT — Tecido linfoide associado ao trato gastrointestinal
Compartilhar