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DISCIPLINA CONTABILIDADE COMERCIAL UNIDADE 1 A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS UNIDADE 2 OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS UNIDADE 3 OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL UNIDADE 2 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer os tributos que incidem sobre compras e vendas; • identificar os tributos em cada regime de tributação; • apurar e contabilizar os tributos incidentes sobre compras e vendas em cada regime de tributação; • conhecer as operações que afetam as compras e vendas de mercadorias; • contabilizar devolução de vendas e compras; • contabilizar fretes sobre vendas e compras; • contabilizar bonificações; • compreender os descontos comerciais. UNIDADE 2 TÓPICO 1 – TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS TÓPICO 2 – OPERAÇÕES DIVERSAS QUE AFETAM AS COMPRAS E VENDAS DE MERCADORIAS UNIDADE 1 TÓPICO 1 – TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS INTRODUÇÃO As empresas comerciais são impulsionadas pelas vendas de seus produtos e mercadorias, por isso, é muito importante estudarmos as operações que envolvem tanto as vendas quanto as compras de mercadorias, visto que são de suma importância e qualquer erro pode impactar significativamente na gestão. INTRODUÇÃO Os tributos são assuntos relevantes para abordar nas operações das empresas, então, neste tópico, estudaremos os tributos incidentes sobre compras e vendas de mercadorias, que variam conforme o regime de tributação no qual a empresa está enquadrada, mas que, de modo geral, podem ser resumidos em: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto Sobre Serviço (ISS), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). REGIMES DE TRIBUTAÇÃO E SUAS CARACTERÍSTICAS No Brasil, existem três regimes de tributação diferentes: Lucro Real, Lucro Presumido e Simples Nacional e cada um possui suas características. Dependendo de qual regime a empresa está enquadrada, as alíquotas dos tributos variam, bem como os próprios tributos, além de que é possível ou não se beneficiar de créditos tributários. Para entender melhor, veremos algumas tabelas a seguir. REGIMES DE TRIBUTAÇÃO E SUAS CARACTERÍSTICAS As empresas que possuem uma receita anual superior a R$ 78 milhões de reais, ou que possuem atividades bancárias e de crédito, factoring, ou que obtêm rendimentos do exterior são obrigadas a se enquadrarem no Lucro Real, não podendo escolher o Lucro Presumido ou o Simples Nacional. Características de empresas que podem se enquadrar no Simples Nacional e no Lucro Presumido Nem todas as empresas que fatura em até R$ 4,8 milhões de receita anual podem ser do Simples Nacional. Há algumas atividades não aceitas para o Simples Nacional. Características de empresas que podem se enquadrar no Simples Nacional e no Lucro Presumido De acordo com a Tabela 3, são diversos itens que merecem atenção no Simples Nacional. Conforme a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, não poderão enquadrar-se no Simples Nacional as empresas que possuem atividades obrigadas ao Lucro Real. Características de empresas que podem se enquadrar no Simples Nacional e no Lucro Presumido QUANDO NÃO POSSO OPTAR PELO REGIME SIMPLES NACIONAL? Além disso, não podem optar pelo Simples Nacional as empresas que tenham as seguintes características: • De cujo capital participe outra pessoa jurídica; • Que tenha sócio que resida no exterior; • Empresas que tenham obtido no ano de início de atividades uma receita superior ao limite proporcional de R$ 400.000,00 do Simples Nacional; • de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário ou seja sócia de outra empresa que receba tratamento jurídico diferenciado nos termos da Lei Complementar nº 123, de 2006, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de R$ 4.800.000,00 QUANDO NÃO POSSO OPTAR PELO REGIME SIMPLES NACIONAL? Além disso, não podem optar pelo Simples Nacional as empresas que tenham as seguintes características: • Cujo titular ou sócio participe com mais de 10% do capital de outra empresa não beneficiada pela Lei Complementar nº 123, de 2006, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de R$ 4.800.000,00; • Cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de R$ 4.800.000,00 . Para mais esclarecimentos quanto às vedações ao Simples Nacional, acesse a Lei nº 123/2006 QUANDO NÃO POSSO OPTAR PELO REGIME LUCRO PRESUMIDO? No que se refere ao Lucro Presumido, só não podem optar por tal regime as empresas que são obrigadas ao Lucro Real. Por fim, qualquer empresa pode optar pelo Lucro Real. TRIBUTOS NÃO CUMULATIVOS Nos tributos não cumulativos, a compra gera um crédito fiscal e a venda gera um débito fiscal. O valor a pagar nesse caso, é o tributo sobre a venda menos o tributo sobre a compra. A seguir, veremos um exemplo. Por “Crédito Fiscal”, entende-se o direito do contribuinte à restituição, reembolso, compensação ou ressarcimento de tributo pago. Por “Débito Fiscal”, entende-se a obrigação do contribuinte em pagar um tributo. TRIBUTOS NÃO CUMULATIVOS Ex.: Compra de mercadoria a prazo para estoque no valor de R$ 100,00, porém, embutido nesse valor, há que se considerar PIS e COFINS, por exemplo. Para o caso de não cumulatividade, considera-se 1,65% de PIS e 7,60% de COFINS sobre o total da nota fiscal, totalizando: R$ 9,25. D – ESTOQUE R$ 90,75 D – PIS E COFINS A RECUPERAR (AC) R$ 9,25 C – FORNECEDORES R$ 100,00 TRIBUTOS NÃO CUMULATIVOS Continuando o exemplo, a empresa não efetuou mais compras e não havia estoque inicial. No mesmo período, vendeu as mercadorias do estoque a prazo, totalizando uma receita de R$ 300,00. Sobre essa venda, houve a tributação de PIS e Cofins, totalizando R$ 27,75. D – CLIENTE A RECEBER R$ 300,00 C – RECEITA COM MERCADORIA R$ 300,00 D – CMV R$ 90,75 C – ESTOQUE R$ 90,75 D – DESPESA COM PIS E COFINS R$ 27,75 C – PIS E COFINS A PAGAR R$ 25,75 TRIBUTOS NÃO CUMULATIVOS D – PIS A COFINS A PAGAR (PC) R$ 9,25 C – PIS E COFINS A RECUPERAR (AC) R$ 9,25 VALOR FINAL A PAGAR: 18,50 EM RAZONTE, OS LANÇAMENTOS FICARIAM ASSIM: TRIBUTOS CUMULATIVOS Os tributos cumulativos, também chamados de tributos em cascata, são aqueles que precisam ser aplicados sobre todas as etapas da produção e da comercialização de um bem, acumulando essas taxas. Por isso, esse tipo de tributo não gera nenhum crédito para a empresa e costuma ser maior, se comparado ao tributo não cumulativo. TRIBUTOS CUMULATIVOS Ex.: Compra de mercadoria a prazo para estoque no valor de R$ 100,00, porém, embutido nesse valor, há que se considerar PIS e COFINS, por exemplo. Para o caso de cumulatividade, considera-se 0,65% de PIS e 3% de COFINS sobre o total da nota fiscal, totalizando R$ 3,65. No caso da cumulatividade, tanto o valor da mercadoria quanto o valor de PIS e COFINS ou ICMS, por exemplo, será um custo, e tudo entrará no Estoque, compondo o custo da mercadoria. TRIBUTOS CUMULATIVOS O lançamento contábil ficará assim: D – ESTOQUE R$ 100,00 C – FORNECEDOR R$ 100,00 Continuando o exemplo, a empresa não efetuou mais compras e não havia estoque inicial. No mesmo período, a empresa vendeu as mercadorias do estoque a prazo, totalizando uma receita de R$ 300,00. Sobre essa venda, houve a tributação de PIS e COFINS, por exemplo, totalizando R$ 10,95. TRIBUTOS CUMULATIVOS Resumidamente, o lançamento contábil ficará assim: D – CLIENTE A RECEBER R$ 300,00 C – RECEITA COM MERCADORIA R$ 300,00 D – CMV R$ 100,00 C – ESTOQUE R$ 100,00 D – DESPESA COM PIS E COFINS R$ 10,95 C – PIS E COFINS A RECOLHER R$ 10,95 VALOR FINAL A PAGAR: 10,95 TRIBUTOS CONFORME O REGIME DE TRIBUTAÇÃO Lucro Real: os tributos PIS, COFINS, IPI e ICMS sãonão cumulativos, o que gera crédito desses tributos, enquanto o ISS é cumulativo. Lucro Presumido: apenas o ICMS e IPI são não cumulativos, os demais seguem a cumulatividade. Simples Nacional: todos os tributos são cumulativos, de modo geral. TRIBUTOS CONFORME O REGIME DE TRIBUTAÇÃO ALÍQUOTAS No dicionário da língua portuguesa, alíquota é: “percentual ou valor que serve de base para o cálculo de um imposto” (DICIO, 2021). A alíquota é o porcentual de referência pro cálculo de impostos pagos por pessoas físicas ou jurídicas. ALÍQUOTAS TRIBUTOS DO LUCRO REAL PIS E COFINS No Lucro Real, o Programa de Integração Social (PIS) possui uma alíquota de 1,65% sobre a receita bruta e compras e 0,65% sobre as receitas financeiras. É um tributo cobrado mensalmente. No Lucro Real, a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) também é cobrada mensalmente e possui uma alíquota de 7,60% sobre a receita bruta e compras e 4% sobre as receitas financeiras. TRIBUTOS DO LUCRO REAL PIS E COFINS EXEMPLO: A Figura 1 pagina 83 apresenta a nota fiscal nº 1000 de compra de mercadorias para revenda em junho de 2019. A empresa Comercial Brasil Ltda adquiriu a prazo do Fornecedor ABC Ltda. 10 unidades para o estoque, totalizando R$ 130.000,00. Nesse caso, como PIS e Cofins no Lucro Real são não cumulativos, há o crédito na compra. TRIBUTOS DO LUCRO REAL PIS E COFINS CALULO: PIS = 130.000,00 X 1,65% = 2.145,00 COFINS = 130.000,00 X 7,6% = 9.880,00 CONTABILIZAÇÃO: D – ESTOQUE R$ 102.375,00 D – PIS A RECUPERAR R$ 2.145,00 D – COFINS A RECUPERAR R$ 9.880,00 D – ICMS A RECUPERAR R$ 15.600,00 D – IPI A RECUPERAR R$ 13.000,00 C – FORNECEDORES R$ 143.000,00 TRIBUTOS DO LUCRO REAL PIS E COFINS Além do mais, a empresa Comercial Brasil Ltda teve rendimentos da aplicação neste mês. Neste caso, há incidência de PIS e COFINS sobre a receita financeira do período. TRIBUTOS DO LUCRO REAL PIS E COFINS CALULO: PIS: 561,68X 0,65% = 3,65 COFINS: 561,28X 4% = 22,45 CONTABILIZAÇÃO: D – PIS S/ RECEITAS FINANCEIRAS R$ 3,65 C – PIS A PAGAR R$ 3,65 D – COFINS S/ RECEITAS FINANCEIRAS R$ 22,45 C – COFINS A PAGAR R$ 22,45 TRIBUTOS DO LUCRO REAL PIS E COFINS A Figura 3 pagina 85 apresenta a nota fiscal nº 1 de venda emitida pela empresa Comercial Brasil Ltda, no qual ela vendeu a prazo 5 mercadorias, totalizando uma venda de R$ 90.000,00. CALCULO: PIS: 90.000,00 X 1,65% = 1.485,00 COFINS: 90.000,00 X 7,6% = 6.840,00 CONTABILIZAÇÃO: D – CLIENTES A RECEBER R$ 99.000,00 C – RECEITAS DE VENDAS R$ 99.000,00 TRIBUTOS DO LUCRO REAL PIS E COFINS D – CMV R$ 51.187,50 C – ESTOQUE R$ 51.187,50 D – PIS SOBRE VENDAS R$ 1.485,00 C – PIS A PAGAR R$ 1.485,00 D – COFINS SOBRE VENDAS R$ 6.840,00 C – COFINS A PAGAR R$ 6.840,00 TRIBUTOS DO LUCRO REAL PIS E COFINS Apuração do PIS e COFINS de junho: considerando que não houve nenhuma outra compra e nenhuma outra venda, apuraremos o PIS e o COFINS do período de junho/2019. Para tanto, temos que confrontar os valores a recuperar e a pagar: TRIBUTOS DO LUCRO REAL PIS E COFINS Em que: (1) Créditos fiscais da compra; (2) Débito fiscal da aplicação financeira; (3) Débito fiscal da venda; (4) Transferência entre contas. TRIBUTOS DO LUCRO REAL PIS E COFINS Ao efetuar os lançamentos em razonetes, percebemos que o saldo a pagar era menor que o saldo a recuperar de tributos. Assim, zeramos as contas de PIS e COFINS a pagar e transferimos o saldo para PIS e COFINS a recuperar. Não haverá PIS e COFINS a pagar nesse período, e o saldo final de R$ 656,35 e R$ 3.017,55 ficará acumulado para o mês seguinte. Considerando os demais tributos, IRPJ e CSLL são sobre o Lucro – tema que será abordado na disciplina de Contabilidade e Planejamento Tributário. TRIBUTOS DO LUCRO REAL ICMS O Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é mensal e Estadual. Dessa forma, a alíquota varia conforme cada Estado. Além disso, incide sobre compras e vendas. TRIBUTOS DO LUCRO REAL ICMS Quando ocorrem operações de um Estado para o outro, aplica-se uma alíquota interestadual. Por exemplo, todas as operações interestaduais para o Estado de Santa Catarina possuem uma alíquota de 12% (independente do Estado de origem). Já nas operações interestaduais para o Mato Grosso, a alíquota pode ser 7% ou 12% (dependendo do Estado de origem). Já sabemos que o ICMS, no Lucro Real, é um imposto não cumulativo, incidindo tanto na compra quanto na venda. Utilizaremos as notas fiscais nº 1 e nº 1.000 do exemplo de PIS e COFINS, para calcular o ICMS. TRIBUTOS DO LUCRO REAL ICMS É importante prestar atenção que a compra foi feita pela Comercial Brasil Ltda. que é uma empresa situada em Santa Catarina. Já o fornecedor, a empresa ABC, está situada no Rio Grande do Sul. Por isso, a alíquota utilizada foi de 12%, visto que todas as mercadorias que entram em Santa Catarina devem possuir a alíquota de ICMS de 12%. Cálculo: 130.000,00 × 12% = 15.600,00 A contabilização é sempre como débito na conta de ICMS a recuperar. TRIBUTOS DO LUCRO REAL ICMS Ao observarmos a nota fiscal de venda, percebemos que a Comercial Brasil Ltda. efetuou uma venda para um cliente domiciliado em Santa Catarina. A alíquota utilizada foi de 17%. Cálculo: 90.000,00 × 17% = 15.300,00 Contabilização: D – ICMS s/ vendas R$ 15.300,00 C – ICMS a pagar R$ 15.300,00 TRIBUTOS DO LUCRO REAL ICMS Considerando que não houve nenhuma outra compra e nenhuma outra venda, apuraremos o ICMS do período de junho/2019. Para tanto, temos que confrontar os valores a recuperar e a pagar: Em que: (1) Compra; (2) Venda; (3) Transferência entre contas. TRIBUTOS DO LUCRO REAL IPI O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) possui uma alíquota que varia de acordo com cada produto. É um imposto mensal e incide sobre compras e vendas em indústrias. É o Decreto nº 7.212, de 15 de junho de 2010, que regulamenta a cobrança, a fiscalização, a arrecadação e a administração desse imposto. TRIBUTOS DO LUCRO REAL IPI O IPI é um imposto não cumulativo, incidindo tanto na compra, quanto na venda. Vamos utilizar como exemplo, as notas fiscais nº 1 e nº 1.000 do exemplo de PIS e COFINS, para calcular o IPI. A alíquota utilizada no exemplo foi de 10%. Cálculo: 130.000,00 × 10% = 13.000,00 A contabilização é sempre a débito na conta de IPI a recuperar. TRIBUTOS DO LUCRO REAL IPI Ao observarmos a nota fiscal de venda, devemos calcular IPI também. Cálculo: 90.000,00 × 10% = 9.000,00 Contabilização: D – IPI s/ vendas R$ 9.000,00 C – IPI a pagar R$ 9.000,00 TRIBUTOS DO LUCRO REAL IPI Considerando que não houve nenhuma outra compra e nenhuma outra venda, iremos apurar o IPI do período de junho/2019. Para tanto, temos que confrontar os valores a recuperar e a pagar: TRIBUTOS DO LUCRO REAL ISS O Imposto Sobre Serviço (ISS) é um imposto municipal e mensal. É calculado sobre o valor do serviço prestado, e a Constituição Federal (1988) indica que a alíquota mínima possível é 2% e a máxima 5%. Cada município possui a sua legislação, e a alíquota varia de serviço para serviço. Lei Complementar nº 116/2003, é a lei geral sobre iss. TRIBUTOS DO LUCRO REAL ISS TRIBUTOS DO LUCRO REAL ISS Digamos que a empresa Comercial Brasil também preste serviços. No caso da NFS nº 5, foi um serviço no valor de R$ 4.500,00 com uma alíquota de 5%. Sabemos que o ISS é um imposto cumulativo, em que não há possibilidade de crédito, apenas de pagamento. D – ISS s/ prestação de serviço R$ 225,00 C – ISS a pagar (PC) R$ 225,00 Conforme o lançamento contábil, e considerando que não houve outras prestações de serviço no período, o valor de ISS a pagar no mês é R$ 225,00. TRIBUTOS NO LUCRO PRESUMIDO Lucro Presumido, o PIS possui uma alíquota de 0,65% e o COFINS de 3%. Ambos incidem sobre a receita bruta. Diferentemente do Lucro Real, nesse regime, não incide PIS e COFINS sobre receitas financeiras e não há direito a crédito desses tributos na entrada. Dessa forma, em uma compra de mercadoriassó há o crédito de ICMS e IPI (se for indústria). Por exemplo, compra de mercadorias para revenda no valor de R$10.000,00 com ICMS de 12%: D – Estoque R$ 8.800,00 D – ICMS a recuperar R$ 1.200,00 C – Fornecedores R$ 10.000,00 TRIBUTOS NO LUCRO PRESUMIDO Já no que se refere a IPI, ICMS e ISS, os lançamentos ocorrem da mesma forma, e as alíquotas variam conforme o produto (no caso do IPI), Estado e produto (no caso do ICMS) e conforme o serviço e município (no caso do ISS). Outra diferença existente entre os regimes é que, no Lucro Presumido, há o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), com uma alíquota de 15% e a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) com uma alíquota de 9%. No entanto, não é sobre a receita bruta que incidem esses tributos, e sim sobre a presunção do lucro, ou lucro presumido. Além disso, ambos os tributos são trimestrais. TRIBUTOS NO LUCRO PRESUMIDO A apuração do IRPJ e da CSLL ocorre de forma presumida, com a aplicação de um percentual que depende da atividade econômica exercida pela empresa. TRIBUTOS NO LUCRO PRESUMIDO EXEMPLO PRATICO: Uma empresa do setor de comércio, optante pelo lucro presumido, obteve no primeiro trimestre de 2019 uma receita de vendas no valor de R$ 50.000,00. Nesse período, um cliente efetuou uma devolução no valor de R$ 500,00. A empresa obteve R$ 1.000,00 de juros de aplicação bancária. A partir dessas informações, qual o valor de IRPJ e CSLL a pagar? TRIBUTOS NO LUCRO PRESUMIDO IRPJ CSLL RECEITA DE VENDAS: 50.000,00 50.000,00 DEVOLUÇÃO : 500,00 500,00 = RECEITA BRUTA 49.500,00 49.500,00 PARCENTUAL DE PRESUNÇÃO 8% 12% BASE DE CALCULO X % 49.500,00X8% 49.500,00X12% = LUCRO S/ VENDA 3.960,00 5.940,00 + RECEITA FINANCEIRA 1.000,00 1.000,00 = LUCRO PRESUMIDO 4.960,00 6.940,00 PERCENTUAL DO TRIBUTO 15% 9% LUCRO PRESUMIDO X % 4.960,00X15% 6.940,00X9% =VALOR DO TRIBUTO 744,00 624,60 TRIBUTOS NO LUCRO PRESUMIDO Os lançamentos contábeis ficariam assim: D – Despesa com IRPJ R$ 744,00 C – IRPJ a pagar R$ 744,00 D – Despesa com CSLL R$ 624,60 C – CSLL a pagar R$ 624,60 TRIBUTOS NO SIMPLES NACIONAL Diferentemente dos demais regimes, as alíquotas do Simples Nacional variam conforme a faixa de faturamento da empresa e do seu setor de atuação. E não podemos esquecer: todos os tributos são pagos em uma única guia de arrecadação: PIS, COFINS, IRPJ, CSLL e ICMS, ISS, IPI (quando for o caso). A Lei do Simples Nacional é a Lei nº 123/2006. Lá, constam cinco anexos que norteiam a tributação das empresas, conforme seu faturamento e atividade. Conforme a Tabela 9, o Anexo I refere-se a comércio, o Anexo II, à indústria, e os Anexos III a V, a serviços. TRIBUTOS NO SIMPLES NACIONAL TRIBUTOS NO SIMPLES NACIONAL Com base nesses cinco anexos que classificam os setores, esta Lei também apresenta uma classificação em faixas, indicando em cada setor, conforme os valores da receita bruta nos últimos 12 meses, a alíquota e a parcela a deduzir: ANEXO I TRIBUTOS NO SIMPLES NACIONAL ANEXO II TRIBUTOS NO SIMPLES NACIONAL ANEXO III TRIBUTOS NO SIMPLES NACIONAL ANEXO IV TRIBUTOS NO SIMPLES NACIONAL ANEXO V TRIBUTOS NO SIMPLES NACIONAL O valor devido mensalmente pelas empresas do Simples será determinado mediante aplicação de alíquota efetiva, ou seja, não podemos pegar a alíquota que consta nos anexos e aplicar ao faturamento mensal, precisamos encontrar a alíquota efetiva. O cálculo é feito conforme segue: RBT12 × Aliq-PD RBT12 Em que: RBT12 corresponde à receita bruta acumulada nos doze meses anteriores ao período de apuração; Aliq é a alíquota nominal constante dos Anexos I a V desta Lei Complementar; PD: parcela a deduzir constante dos Anexos I a V desta Lei Complementar. TRIBUTOS NO SIMPLES NACIONAL EXEMPLO PRATICO Nº 1: EMPRESA DE COMERCO VEREJISTA (ANEXO I) RECEITA BRUTO DE ATÉ 180.000,00 NOS ULTIMOS 12 MESES APLICA-SE UMA ALÍQUOTA NOMINAL DE 4% RECEITA BRUTA DA EMPRESA NOS ULTIMOS 12 MESES : 140.000,00 RECEITA BRUTA NO MÊS: 10.000,00 140.000,00 × 4% - 0,00 = 0,04X100 = 4% 140.000,00 VALOR A PAGAR: 10.000,00 X 4% = R$ 400,00 TRIBUTOS NO SIMPLES NACIONAL A contabilização fica assim: D – Simples Nacional (DR) R$ 400,00 C – Simples Nacional a pagar (DR) R$ 400,00 TRIBUTOS NO SIMPLES NACIONAL EXEMPLO PRATICO Nº 2: EMPRESA DE COMERCO VEREJISTA (ANEXO I) RECEITA BRUTO DE 12 MESES ENTRE 180.000,01 ATÉ 360.000,00 RECEITA BRUTA DA EMPRESA NOS ULTIMOS 12 MESES : 300.000,00 RECEITA BRUTA NO MÊS: 25.000,00 ALÍQUITA NOMINAL : 7,3% PARCELA A DEDUZIR: 5.940,00 300.000 × 7,3% - 5.940 = 21.900-5.940 = 15.960,00 = 0,0532 X 100 = 5,32% 300.000 300.000 300.000 VALOR A PAGAR: 25.000,00 X 5,32% = R$ 1.330,00 TRIBUTOS NO SIMPLES NACIONAL A contabilização fica assim: D – Simples Nacional (DR) R$ 1.330,00 C – Simples Nacional a pagar (DR) R$ 1.330,00 UNIDADE 1 TÓPICO 2 – OPERAÇÕES DIVERSAS QUE AFETAM AS COMPRAS E AS VENDAS DE MERCADORIAS INTRODUÇÃO As compras e as vendas de mercadorias, por si só, já geram diversos lançamentos contábeis e envolvem vários tributos, conforme vimos no Tópico 1 desta Unidade. Em alguns regimes de tributação, há créditos fiscais na entrada de mercadorias; em outros, não. Na saída de mercadorias, há a incidência de mais tributos, e a forma de cálculo, também, depende do regime de tributação da empresa. Neste tópico, veremos outras operações que afetam as compras e as vendas de mercadorias, como as devoluções, os abatimentos, os descontos comerciais e os gastos com transporte. DEVOLUÇÃO Quando alguém (empresa ou pessoa) se vê prejudicado ao receber uma mercadoria cuja qualidade, preço ou outro fator esteja em desacordo com o pedido inicial, pode adotar uma das seguintes medidas: devolver a mercadoria ou solicitar um abatimento. A devolução da venda é debitada em conta de devolução, e creditada em conta Caixa, Clientes ou Banco. Além disso, precisamos fazer a entrada dessa mercadoria, novamente, no estoque, debitando a conta Estoque e creditando o CMV. Por exemplo, o cliente devolveu uma mercadoria que tinha sido vendida por R$ 10.000,00, à vista, e que tinha um custo de R$ 3.000,00. O lançamento na empresa vendedora fica assim: DEVOLUÇÃO D – Devolução de vendas de mercadorias R$ 10.000,00 C – Caixa R$ 10.000,00 D – Estoque R$ 3.000,00 C – CMV R$ 3.000,00 Já o lançamento, para o comprador (cliente), deve ser realizado na entrada de uma conta do Ativo, sendo Caixa, Banco ou Fornecedores, e na saída do Estoque. Fica assim: D – Caixa R$ 10.000,00 C – Estoque R$ 10.000,00 DEVOLUÇÃO NO LUCRO REAL Utilizando o exemplo anterior, no qual o cliente devolveu uma mercadoria que tinha sido vendida por R$ 10.000,00, à vista, e que tinha um custo de R$ 3.000,00, se a empresa vendedora fosse do Lucro Real, o lançamento, na empresa vendedora, fica assim: D – Devolução de vendas R$ 10.000,00 C – Caixa R$ 10.000,00 D – Estoque R$ 3.000,00 C – CMV R$ 3.000,00 DEVOLUÇÃO NO LUCRO REAL Precisamos nos lembrar de que, no momento da venda, houve o cálculo de tributos, então, na devolução, também, acontecerá isso, pois já que a empresa teve uma devolução, precisamos fazer um estorno dos tributos que tinham sido pagos. Dessa forma, faremos um lançamento na conta do imposto a recuperar, no ativo circulante, e o estorno na conta de despesa com o imposto (Nesse caso, utilizamos 17% para o ICMS). DEVOLUÇÃO NO LUCRO REAL D– PIS a recuperar R$ 165,00 C – PIS s/ vendas R$ 165,00 D – COFINS a recuperar R$ 760,00 C – COFINS s/ vendas R$ 760,00 D – ICMS a recuperar R$ 1.700,00 C – ICMS s/ vendas R$ 1.700,00 Lembre-se: neste regime de tributação, as alíquotas de PIS e COFINS são 1,65% e 7,60%, respectivamente. Poderia haver o lançamento em IPI a recuperar, caso fosse uma indústria. DEVOLUÇÃO NO LUCRO REAL Supondo que o cliente, também, seja do Lucro Real, o lançamento da devolução de compra ficaria assim: D – CaixaR$ 10.000,00 C – Estoque R$ 7.375,00 C – PIS a pagar R$ 165,00 C – COFINS a pagar R$ 760,00 C – ICMS a pagar R$ 1.700,00 DEVOLUÇÃO NO LUCRO REAL Você deve estar se questionando: qual é o motivo de o estoque sair só R$7.375,00, e não os R$ 10.000,00? A explicação é a seguinte: você se lembra de que, quando o tributo é não cumulativo, ele gera um crédito fiscal no momento da compra? Dessa forma, o valor do imposto a recuperar não vai para o estoque, mas, sim, para uma conta do ativo: PIS a recuperar, por exemplo. No momento da devolução, acontecerá a mesma coisa, assim, precisamos fazer a saída do estoque e o estorno dos tributos a recuperar, gerando um crédito nos tributos a pagar. DEVOLUÇÃO NO LUCRO PRESUMIDO Utilizando o mesmo exemplo, o lançamento do vendedor ficaria assim: D – Devolução de vendas R$ 10.000,00 C – Caixa R$ 10.000,00 D – Estoque R$ 3.000,00 C – CMV R$ 3.000,00 D – ICMS a recuperar R$ 1.700,00 C – ICMS s/ vendas R$ 1.700,00 D – PIS a recuperar R$ 65,00 C – PIS s/ vendas R$ 65,00 D – COFINS a recuperar R$ 300,00 C – COFINS s/ vendas R$ 300,00 DEVOLUÇÃO NO LUCRO PRESUMIDO Suponha que o cliente seja do Lucro Presumido. O lançamento da devolução de compra ficaria assim: D– Caixa R$ 10.000,00 C – Estoque R$ 8.300,00 C – ICMS a pagar R$ 1.700,00 Nesse caso, não há o lançamento de PIS e de COFINS a pagar. Por quê? Porque, no Lucro Presumido, o PIS e a COFINS são cumulativos, ou seja, não geram um direito a crédito na compra. Dessa forma, como a empresa não se beneficiou com um crédito quando comprou, não precisará pagar PIS e COFINS no momento da devolução. DEVOLUÇÃO NO SIMPLES NACIOANAL Utilizando o mesmo exemplo, o lançamento do vendedor ficaria assim, considerando que a alíquota efetiva, nesse caso, seja de 5,32% (mas a alíquota varia, conforme a faixa de faturamento, conforme vimos no tópico anterior): D – Devolução de vendas R$ 10.000,00 C – Caixa R$ 10.000,00 D – Estoque R$ 3.000,00 C – CMV R$ 3.000,00 D – Simples Nacional a pagar R$ 532,00 C – Simples Nacional s/ vendas R$ 532,00 DEVOLUÇÃO NO SIMPLES NACIOANAL Suponha que o cliente, também, seja do Simples Nacional. O lançamento da devolução de compra ficaria assim: D – Caixa R$ 10.000,00 C – Estoque R$ 10.000,00 Perceba que, no caso do Simples Nacional, na devolução de compra, não há nenhum lançamento em tributos a recuperar, visto que, nesse Simples Nacional, todos os tributos são cumulativos, ou seja, não geram direito a crédito fiscal. Assim, esse comprador não conseguiu aproveitar créditos no momento da compra, e, também, não pagará no momento da devolução. DEVOLUÇÕES DE VENDAS EFETUADAS EM EXERCÍCIO SOCIAL ANTERIOR Pode acontecer de uma venda realizada em outubro de 2019 ser devolvida, por algum motivo, em janeiro de 2020. Dessa forma, essa devolução é referente a uma venda feita no exercício anterior, ou seja, em 2019. Quando a devolução de vendas ocorre em exercício posterior, a receita de venda já foi contabilizada no exercício anterior, assim, sua conta foi encerrada na apuração do resultado. DEVOLUÇÕES DE VENDAS EFETUADAS EM EXERCÍCIO SOCIAL ANTERIOR Não faz muito sentido contabilizar essas devoluções como as do mesmo exercício, já que elas nada têm a ver com as vendas efetuadas nesse exercício. Assim, é, tecnicamente, correto proceder com um registro que não mais estará cancelando vendas, nem alterando as receitas líquidas ou o lucro bruto apurado no exercício. Para tanto, o registro será feito em forma de cancelamento, nesse exercício, de um lucro bruto apurado no exercício anterior, o qual, ora, será tratado como uma despesa operacional. DEVOLUÇÕES DE VENDAS EFETUADAS EM EXERCÍCIO SOCIAL ANTERIOR Pode-se abrir uma conta especial para o registro da receita perdida do exercício anterior, e outra para o registro do custo recuperado, totalizando-as em um único grupo, intitulado de "Prejuízo na Devolução de Vendas de Exercício Anterior", ou, então, utilizar uma única conta para esse mesmo fim. DEVOLUÇÕES DE VENDAS EFETUADAS EM EXERCÍCIO SOCIAL ANTERIOR – LUCRO REAL Considere a empresa Comercial Brasil, enquadrada no Lucro Real, que efetuou uma venda de mercadorias no valor de R$ 62.500,00, com um custo da mercadoria vendida no valor de R$ 25.000,00, em novembro de 2019. O comprador devolveu a mercadoria em janeiro de 2020. Houve a incidência de 17% de ICMS, nesse caso. DEVOLUÇÕES DE VENDAS EFETUADAS EM EXERCÍCIO SOCIAL ANTERIOR – LUCRO REAL DEVOLUÇÕES DE VENDAS EFETUADAS EM EXERCÍCIO SOCIAL ANTERIOR – LUCRO REAL Perceba que fizemos os mesmos lançamentos contábeis de uma devolução dentro do exercício, no entanto, substituímos todas as contas de resultado que seriam utilizadas pela conta de Prejuízo na Devolução de Vendas do Exercício Anterior. Nesse caso, não podemos nos esquecer de contabilizar os tributos a recuperar e o retorno ao estoque. DEVOLUÇÕES DE VENDAS EFETUADAS EM EXERCÍCIO SOCIAL ANTERIOR – LUCRO REAL O razonete da conta fica assim, demonstrando que a devolução, fora do prazo, gerou um prejuízo de R$ 21.093,75. DEVOLUÇÕES DE VENDAS EFETUADAS EM EXERCÍCIO SOCIAL ANTERIOR – LUCRO REAL Como aparece na DRE? Supondo que, em janeiro de 2020, antes da devolução, a empresa tenha tido R$ 200.000,00 de vendas, R$ 50.000 de CMV, 26,25% de tributos sobre vendas e R$20.000,00 de Despesas Operacionais. DEVOLUÇÕES DE VENDAS EFETUADAS EM EXERCÍCIO SOCIAL ANTERIOR – LUCRO REAL E PORQUE NÃO LANÇAMENTOS EM AJUSTE DE EXERCÍCIO ANTERIORES? Tal classificação se justifica por esse prejuízo não estar caracterizado como ajuste de exercícios anteriores, pois não houve erro no exercício anterior, mas sim um fato novo não previsível, e também porque a devolução de mercadorias faz parte das atividades normais da empresa, não justificando então considerar o prejuízo como não operacional. DEVOLUÇÕES DE VENDAS EFETUADAS EM EXERCÍCIO SOCIAL ANTERIOR – LUCRO PRESUMIDO Considere a empresa Comercial Brasil, enquadrada no Lucro Presumido, que efetuou uma venda de mercadorias no valor de R$ 62.500,00, com um custo da mercadoria vendida no valor de R$ 25.000,00, em novembro de 2019. A devolução foi feita em janeiro de 2020. Houve a incidência de 17% de ICMS, neste caso. DEVOLUÇÕES DE VENDAS EFETUADAS EM EXERCÍCIO SOCIAL ANTERIOR – LUCRO PRESUMIDO DEVOLUÇÕES DE VENDAS EFETUADAS EM EXERCÍCIO SOCIAL ANTERIOR – LUCRO PRESUMIDO No caso do Lucro Presumido, o que muda são as alíquotas de PIS e de COFINS, as quais são, respectivamente, 0,65% e 3%. DEVOLUÇÕES DE VENDAS EFETUADAS EM EXERCÍCIO SOCIAL ANTERIOR – LUCRO PRESUMIDO Como aparece na DRE? Supondo que, em janeiro de 2020, antes da devolução, a empresa tenha tido R$ 200.000,00 de vendas, R$ 50.000 de CMV, 20,65% de tributos sobre vendas e R$ 20.000,00 de Despesas Operacionais. DEVOLUÇÕES DE VENDAS EFETUADAS EM EXERCÍCIO SOCIAL ANTERIOR – SIMPLES NACIONAL Considere a empresa Comercial Brasil, enquadrada no Simples Nacional, que efetuou uma venda de mercadorias no valor de R$ 62.500,00, com um custo da mercadoria vendida no valor de R$ 25.000,00, em novembro de 2019. A devolução foi feita em janeiro de 2020. Vamos considerar a alíquota efetiva de 5,32% para o cálculo do imposto. DEVOLUÇÕES DE VENDAS EFETUADAS EM EXERCÍCIO SOCIAL ANTERIOR – SIMPLES NACIONAL DEVOLUÇÕES DE VENDAS EFETUADAS EM EXERCÍCIO SOCIAL ANTERIOR – SIMPLES NACIONAL No caso do Simples Nacional, não há o lançamento de impostos para recuperar, mas, sim, o lançamento de estorno em Simples Nacional a pagar no Passivo Circulante. DEVOLUÇÕES DE VENDAS EFETUADAS EM EXERCÍCIO SOCIAL ANTERIOR – SIMPLES NACIONAL Como aparece na DRE? Supondo que, em janeiro de 2020, antes da devolução, a empresa tenha tido R$ 200.000,00 de vendas, R$ 50.000 de CMV, 5,32% de tributos sobre vendas e R$ 20.000,00 de Despesas Operacionais. DESCONTOS COMERCIAIS Descontos comerciais (os chamados descontos incondicionais) são aqueles concedidos ao comprador no momento da compra, seja pela grande quantidadeque está sendo vendida, ou o cliente é um comprador especial, ou por diversos outros motivos. Normalmente, apesar de aparecerem nas notas fiscais, os valores de descontos incondicionais não são registrados na contabilidade, em que as vendas e compras são contabilizadas diretamente pelo valor líquido. DESCONTOS COMERCIAIS Veja este exemplo na nota fiscal de venda da empresa Comercial Brasil: (PAG 112) DESCONTOS COMERCIAIS Nesse caso, o valor dos produtos era R$ 90.000,00 e no momento da venda a empresa Comercial Brasil deu um desconto de R$ 1.000,00 ao cliente XYZ Comercial Ltda. Isso gerou um valor total da venda no valor de R$ 89.000,00. Sendo assim, é importante notarmos que os tributos serão calculados sobre os R$ 89.000,00 e não sobre os R$ 90.000,00. Caso não haja a atenção necessária nesses fatos, a empresa pagará mais impostos que o necessário. Da mesma forma, o cliente XYZ vai registrar uma compra no valor de R$ 89.000,00 no seu estoque. DESCONTOS CONDICIONAIS O desconto condicional define-se como o que contém, implica, ou seja, é sujeito a ou dependente de uma condição. Assim, não se aplica no ato da negociação, sendo condicionado a um evento futuro e incerto. Por exemplo: •Valor das mercadorias: R$ 50.000,00 •Desconto para pagamento de duplicata no prazo : R$ 1.000,00 •Valor total da NF-e: R$ 50.000,00 Nesse caso, o desconto de R$ 1.000,00, não será deduzido no total da nota fiscal, pois está condicionado ao pagamento no prazo negociado. FRETES SOBRE COMPRAS Os fretes sobre compras são custos das mercadorias e devem ser incorporados no estoque de mercadorias ou matéria-prima, dependendo do setor, quando se referirem à compra de matéria prima ou mercadoria para revenda. E assim como as compras, em alguns casos os fretes geram direito a crédito fiscal, tanto de ICMS, como de PIS e COFINS. FRETES SOBRE COMPRAS EM EMPRESAS DO LUCRO REAL Conforme a Lei 10.833/2003 (BRASIL, 2003), que trata sobre a não cumulatividade do PIS e da COFINS, a empresa do Lucro Real pode descontar créditos calculado sem relação aos fretes sobre bens adquiridos para revenda e bens e serviços utilizados como insumos na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. FRETES SOBRE COMPRAS EM EMPRESAS DO LUCRO REAL O que significa isso? Que a empresa do Lucro Real pode aproveitar créditos de PIS e COFINS nos seus fretes sobre compras de matéria-prima ou mercadorias para revenda, que foram pagos por sua conta, ou seja, que a empresa teve que pagar para suas compras chegarem até a empresa. Podemos analisar o conhecimento de frete do exemplo: FRETES SOBRE COMPRAS EM EMPRESAS DO LUCRO REAL PAG. 113 FRETES SOBRE COMPRAS EM EMPRESAS DO LUCRO REAL Podemos perceber que a mercadoria, que nesse caso é cimento, vai para Dourados/MS na empresa Material de Construção e Projeto Eng. Ltda. Ao olharmos mais abaixo o tomador do serviço, identificamos que foi a própria Material de Construção e Projeto Eng Ltda que solicitou o serviço, ou seja, que pagou o serviço. Dessa forma, considerando que a empresa é do Lucro Real, pode creditar- se de PIS e COFINS. Além disso, sobre o frete há ICMS, logo há também o direito a crédito desse imposto. FRETES SOBRE COMPRAS EM EMPRESAS DO LUCRO REAL Em uma empresa do Lucro Real, o lançamento de um frete sobre compras de mercadorias ou matéria prima, pago pelo comprador, no valor de R$ 5.000,00 a prazo, e 12% de ICMS, ficaria assim: D – Estoque R$ 3.937,50 D – ICMS a recuperar R$ 600,00 D – PIS a recuperar R$ 82,50 D – COFINS a recuperar R$ 380,00 C – Contas a pagar R$ 5.000,00 FRETES SOBRE COMPRAS EM EMPRESAS DO LUCRO PRESUMIDO Diferente do Lucro Real, no Lucro Presumido o PIS e a COFINS são tributos cumulativos, ou seja, não geram direito a crédito, e logo, os fretes sobre compras também não dão direito a esse crédito. No entanto, no que se refere ao ICMS, há o aproveitamento do crédito. Vamos utilizar o exemplo de um frete sobre compras a prazo de uma empresa do Lucro Presumido, no valor de R$ 5.000,00 com 12% de ICMS. D – Estoque R$ 4.400,00 D – ICMS a recuperar R$ 600,00 C – Contas a pagar R$ 5.000,00 FRETES SOBRE COMPRAS EM EMPRESAS DO SIMPLES NACIONAL Já sabemos que no Simples Nacional todos os tributos são cumulativos e dessa forma, não geram direito a crédito fiscal de nenhum imposto. Como exemplo, o lançamento contábil de um frete sobre compras de uma empresa do Simples Nacional, no valor de R$ 5.000,00 ficaria assim: D – Estoque R$ 5.000,00 C – Contas a pagar R$ 5.000,00 FRETES SOBRE COMPRAS A Tabela 14 apresenta um comparativo entre os regimes, no que se refere ao lançamento contábil, bem como aproveitamento de crédito fiscal nos fretes sobre compras. Vale lembrar que só gera o direito a crédito de ICMS se o conhecimento de frete tiver o imposto destacado, ou seja, se vier de uma empresa do Simples Nacional, não haverá a possibilidade de aproveitar o imposto. FRETES SOBRE VENDAS Diferentemente do frete sobre compras, o frete sobre vendas não passa pelo estoque, nem pelo custo da mercadoria vendida, e é lançado diretamente em despesas com transporte nas vendas. O lançamento, tanto para empresas do Lucro Real, Presumido ou Simples Nacional, ficaria assim: D – Despesas com transporte nas vendas C – Contas a pagar BONIFICAÇÕES A bonificação implica em conceder mercadorias a clientes, em virtude de acordo contratual ou comercial, em que o fornecedor envia determinada quantidade de mercadorias a seus clientes, sem cobrar por elas, conforme ajustado entre as partes da relação comercial. Normalmente, o fornecedor vende uma determinada quantidade de mercadoria, e a título de bonificação, entrega determinada quantidade a mais, ao invés de conceder um desconto. Por exemplo: certo fornecedor vende dez unidades de uma mercadoria qualquer, e a título de bonificação, entrega ao adquirente, gratuitamente, duas unidades mais, a título de bonificação. BONIFICAÇÕES EM EMPRESAS DO LUCRO REAL Considere a empresa Comercial Brasil, do Lucro Real, que emitiu uma nota fiscal de bonificação para seu fiel cliente XYZ Comércio, que revenderá a mercadoria recebida em bonificação. Supondo que a bonificação seja no valor de R$ 500,00, e que no momento de adquirir esse produto, a empresa Comercial Brasil aproveitou- se de ICMS com uma alíquota de 17%, e de PIS e COFINS, o lançamento no vendedor será assim: D – Despesa com bonificação R$ 500,00 C – Estoque R$ 500,00 D – ICMS s/bonificação R$ 85,00 C – ICMS a pagar R$ 85,00 D – PIS s/ bonificação R$ 8,25 C – PIS a pagar R$ 8,25 D – COFINS s/ bonificação R$ 38,00 C – COFINS a pagar R$ 38,00 BONIFICAÇÕES EM EMPRESAS DO LUCRO REAL Vejamos como fica o lançamento no cliente XYZ Comércio, que também é uma empresa do Lucro Real, e usará a bonificação como mercadoria para revenda. D – Estoque R$ 368,75 D – ICMS a recuperar R$ 85,00 D – PIS a recuperar R$ 8,25 D – COFINS a recuperar R$ 38,00 C – Receitas com bonificação R$ 500,00 BONIFICAÇÕES EM EMPRESAS DO LUCRO REAL Perceba que como a empresa usará a mercadoria para revenda, pode contabilizar os tributos a recuperar. Caso contrário, o lançamento iria direto para uma conta de uso ou consumo, ou outra despesa, conforme o exemplo: D – Material para uso ou consumo R$ 500,00 C – Receitas com bonificação R$ 500,00 Além do mais, percebemos que o crédito é em conta de Receita com bonificação, no entanto, essa receita não se caracteriza como receita financeira, e o cliente não precisará pagar PIS e COFINS sobre ela (0,65% e 4% para receita financeira).BONIFICAÇÕES EM EMPRESAS DO LUCRO PRESUMIDO Considere a empresa Comercial Brasil, do Lucro Presumido, que emitiu uma nota fiscal de bonificação para seu fiel cliente XYZ Comércio, que revenderá a mercadoria recebida em bonificação. Supondo que a bonificação seja no valor de R$ 500,00, e que no momento de adquirir esse produto, a empresa Comercial Brasil aproveitou-se de ICMS com uma alíquota de 17%, o lançamento no vendedor será assim: D – Despesa com bonificação R$ 500,00 C – Estoque R$ 500,00 D – ICMS s/ bonificação R$ 85,00 C – ICMS a pagar R$ 85,00 BONIFICAÇÕES EM EMPRESAS DO LUCRO PRESUMIDO Perceba que no caso de empresa do Lucro Presumido não há aproveitamento de crédito de PIS e COFINS na compra, então na saída desta bonificação, também não há pagamento de PIS e COFINS. Vejamos como fica o lançamento no cliente XYZ Comércio, que também é uma empresa do Lucro Presumido, e usará a bonificação como mercadoria para revenda. D – Estoque R$ 415,00 D – ICMS a recuperar R$ 85,00 C – Receita com bonificação R$ 500,00 BONIFICAÇÕES EM EMPRESAS DO LUCRO PRESUMIDO Caso a empresa não utilizasse a bonificação como mercadoria para revenda, o lançamento seria em conta de despesa e não haveria crédito de ICMS: D – Despesa com uso ou consumo R$ 500,00 C – Receita com bonificação R$ 500,00 BONIFICAÇÕES EM EMPRESAS DO SIMPLES NACIONAL Considere a empresa Comercial Brasil, do Simples Nacional, que emitiu uma nota fiscal de bonificação para seu fiel cliente XYZ Comércio, que revenderá a mercadoria recebida em bonificação. Supondo que a bonificação seja no valor de R$ 500,00, o lançamento no vendedor será assim: D – Despesa com bonificação R$ 500,00 C – Estoque R$ 500,00 Percebe-se que por ser uma empresa do Simples Nacional, não há o pagamento de ICMS ou PIS e COFINS sobre essa bonificação. BONIFICAÇÕES EM EMPRESAS DO SIMPLES NACIONAL Vejamos como fica o lançamento no cliente XYZ Comércio, que também é uma empresa do Simples Nacional, e usará a bonificação como mercadoria para revenda. D – Estoque R$ 500,00 C – Receita com bonificação R$ 500,00 Identificamos que não há o aproveitamento de crédito de nenhum tributo, visto que o Simples Nacional não possibilita esse benefício, por isso também não acontece na bonificação. BONIFICAÇÕES EM EMPRESAS DO SIMPLES NACIONAL Caso a mercadoria recebida como bonificação não fosse utilizada para revenda, o lançamento seria assim: D – Despesa com uso ou consumo R$ 500,00 C – Receitas com bonificação R$ 500,00 Identificamos que não há o aproveitamento de crédito de nenhum tributo, visto que o Simples Nacional não possibilita esse benefício, por isso também não acontece na bonificação.
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