Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Entendendo o PBL HEPATOESPLENOMEGALIA FEBRIL HEPATOMEGALIA: fígado é vulnerável a uma ampla variedade de agressões microbianas, metabólicas, tóxicas, circulatórias e neoplásicas, que pode ser por doenças próprias do fígado (hepatite viral, doenças hepáticas alcoólicas e carcinoma hepatocelular) ou doenças sistêmicas (agressões hepáticas secundárias a descompensação cardíaca, neoplasias disseminadas e infecções extra-hepáticas) → MECANISMO: aumento do número/tamanho das células hepáticas, infiltração de células, aumento do espaço vascular do espaço biliar = impacto clínico inicial é mascarado pela enorme reserva funcional, mas a progressão da doença leva a consequência da função hepática. ESPLENOMEGALIA: baço está envolvido em todas as inflamações sistêmicas, desordens hematopoiéticas e distúrbios metabólicos, e seu aumento raramente ocorre por doença específica e sim por patologia subjacente. → MECANISMO: infiltração no baço, hipertrofia de elementos normais (macrófagos e componentes linfoides), hematopoiese extramedular, processos inflamatórios ou imunológicos e congestão sistêmica ou portal. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS → Brucelose → Leptospirose → Doença de Lyme → Histoplasmose disseminada → Leishmaniose visceral (Calazar) → Malária → Esquistossomose → Febre amarela → Neoplasias BRUCELOSE AGENTE ETIOLÓGICO: Brucella sp (bactéria intracelular facultativa e gram -) EPIDEMIOLOGIA: doença do trabalhador rural TRANSMISSÃO: ingestão de leite, queijo fresco e manteiga não pasteurizados, carne mal passada (sangue e restos de tecidos linfáticos podem conter brucelas viáveis) e outros alimentos contaminados → comum em produtores rurais e que vacinam gado FISIOPATOLOGIA: infecção, penetração nas células epiteliais da pele ou mucosa, alcançam os linfonodos, se a resposta imune for insuficiente, ocorre bacteremia e bactérias são fagocitadas por polimorfonucleares, chegando ao baço, fígado e MO, onde passam a se multiplicam e a induzir a formação de pequenos 2 Entendendo o PBL granulomas, que se fundem, dando origem a granulomas maiores, que podem supurar e servir como fonte de surtos repetidos de bacteremia e comprometer ossos, articulações, SNC, fígado, pulmões e coração QUADRO CLÍNICO: → Sintomas de início agudo (dura até 2 meses após inoculação): febre ondulante/remitente (febre de 8 a 15 dias, com elevação progressiva da temperatura, que diminui lentamente, intercalado com apirexia de 2 a 4 dias), sudorese de odor fétido, mal-estar, cefaleia, dor lombar, hepatoesplenomegalia (em 20-30%), envolvimento do sistema nervoso central (SNC) e coração → Fase crônica (> 1 ano de evolução): lesões supurativas nos ossos, nas articulações, no fígado, no baço e nos rins DIAGNÓSTICO: se antecedentes epidemiológicos e quadro clínico compatível, isolamento de brucella em cultura (sangue, outra secreção ou fragmento de tecido), título de soroaglutinação ≥ 1/160 ou seu aumento em 4x → BIÓPSIA: granulomas não caseosos que são indistinguíveis da sarcoidose ESQUITOSSOMOSE AGENTE ETIOLÓGICO: Schistosoma mansoni (platelminto) TRANSMISSÃO: penetração de cercárias na pele no contato com água doce onde existam caramujos infectados (hospedeiro intermediário) FISIOPATOLOGIA: chegam aos pulmões e de lá se disseminam para o sistema porta hepático (seja via sanguínea ou trans tissular), depois veia mesentérica inferior, causando reação inflamatória e perfuração da parede venular, atingindo a luz intestinal QUADRO CLINICO: → IMEDIATA (24h após penetração da cercária): Processo inflamatório no local de penetração do parasita (geralmente PÉ): dor, pápulas, comichão intenso, erupção, edema → dermatite com lesão pápulo pruriginosa → FASE PRÉ-POSTURAL ou febre de katayama (4 a 8 semanas depois): principalmente pela manhã, desaparece por lise, ocasionalmente é acompanhada de delírio), calafrios, sudorese noturna, tosse, desconforto abdominal, náuseas, mal estar, mialgia, poliartralgia, rash cutâneo → eosinofilia é marcante → FASE AGUDA (de 50 a 120 dias após infecção): Sintomas exuberantes, porém pouco intensos: febre alta, sudorese e calafrios, emagrecimento, diarréia/disenteria, cólicas, fenômenos alérgicos, hepatoesplenomegalia discreta, linfadenopatia → leucocitose com eosinofilia e aumento discreto das funções hepáticas → FASE CRÔNICA (4 a 6 meses): Fibrose dos tecidos (pela reação inflamatória granulomatosa intensa): obstrução do plexo venoso, hepatoesplenomegalia, ascite, hipertensão portal (varizes esofagianas e hemorroidais), diarreia, disenteria, tenesmo, dor abdominal e HIPERESPLENISMO (esplenomegalia + anemia + plaquetopenia + leucopenia + hiperplasia da M.O. = para compensar a pancitopenia) DOENÇA DE LYME AGENTE ETIOLÓGICO: Borrelia burgdorferi (bactéria gram -, espiroqueta, bimembranosa e neurotrópica) TRANSMISSÃO: picada de carrapatos infectados FISIOPATOLOGIA: espiroqueta é inoculada na pele, se espalham e atingem corrente sanguínea, disseminando-se para outros órgãos via hematogênica, levando a doença febril e inespecífica, semelhante a síndrome gripal, porém conforme se espalha pode levar a complicações neurológicas (se acompanhada 3 Entendendo o PBL de cefaleia e rigidez de nuca, provavelmente atingiu o SNC), articulares (assentamento inicial dos espiroquetas em tecidos articulares e depósito intra-articular de imunocomplexos pois microrganismo desperta o sistema imune) ou cardíacas QUADRO CLINICO: → ESTÁGIO 1 (dias a semanas): ERITEMA MACULOPAPULAR MIGRATÓRIO (lesão única e expansiva, principalmente em perna proximal e abdome, como em alvo - aumenta concentricamente seu diâmetro - no sítio de picada do carrapato) regular, arredondado e bem delimitado, podendo o centro ficar pálido e com borda avermelhada e discretamente elevada, febre (acompanhada de calafrios, artralgia e mialgia), sintomas gripais, astenia, sonolência, sintomas e sinais de meningite asséptica (não evidenciada no exame do líquor) → SINTOMAS CRÔNICOS: cutâneos, articulares e neurológicos → mialgia e artralgia migratórios (também presentes na artrite reumatóide), febre, cefaleia, artrite, mal-estar, hepato (principalmente) esplenomegalia, linfoadenopatia regional ou generalizada não dolorosa → Evolução crônica (semanas, meses ou anos): artrite crônica, alterações cutâneas, cardíacas e neurológicas DIAGNÓSTICO: testes sorológicos (IgG com títulos > 1/200 ou IgM > 1/100 no soro ou no liquor), hemocultura (positiva após 4 semanas de incubação, visualizando-se espiroquetas com movimentos de rotação em torno de seu eixo) LEPTOSPIROSE AGENTE ETIOLÓGICO: Leptospira interrogans (bactéria gram -, espiroqueta e aeróbica) TRANSMISSÃO: contato com a água ou lama de enchentes contaminadas com urina de animais portadores da bactéria (ratos - portadores universais, é um reservatório e pode eliminar o microrganismo pela urina por toda a vida - e outros animais) FISIOPATOLOGIA: bactéria penetra pelas mucosas ou pele, atinge corrente sanguínea e todos os órgãos e tecidos do corpo, incluindo o líquor e olhos, com preferência para fígado (lesão da membrana dos hepatócitos, vacuolização citoplasmática e alteração no aparelho bile excretor, como a colestase), rins (aumento de volume, córtex espesso, limites imprecisos, petéquias na pelve, sangue na luz ureteral, necrose, hipercelularidade dos glomérulos), coração (miocardite, coronarite) e músculo esquelético, e por fim vasculite/ lesão vascular generalizada (rins, pulmão, TGI, pele = aumento da permeabilidade capilar favorece manifestações hemorrágicas e edema) QUADRO CLINCO → Início abrupto: lesões cutâneas (exantemas, eritematosos, urticariformes, petequiais e hemorrágicos), febre (alta e remitente na forma anictérica, persistente na forma ictérica e defervescente na fase imune), cefaléia intensa, calafrios, mialgia intensa (principalmente nas panturrilhas, músculosabdominais e paravertebrais), prostração, edema, anorexia, náuseas, vômitos, tosse, diarreia, hiperemia/ hemorragia conjuntival ou conjuntivite, enterorragia, melena, hepatoesplenomegalia, icterícia rubínica (impregnação biliar amarela + fator vascular), insuficiência renal, sangramento pulmonar, petéquias, exantema maculopapular, linfoadenopatia dolorosa, meningite asséptica → complicações: dores articulares e transtornos mentais → FORMAS: anictérica (FASES DE LEPTOSPIROSEMIA E IMUNE - defervescência da febre e aparecimento de sintomas em diversos órgãos -) e ictérica ou síndrome de weil (forma grave = disfunção renal, fenômenos hemorrágicos, alterações hemodinâmicas, cardíacas, pulmonares e da consciência, associada a alta taxa de mortalidade) 4 Entendendo o PBL DIAGNÓSTICO: epidemiologia (contato com animais, pós enchentes), clínica e sorologia/elisa (IgM - reação de soroaglutinação microscópica com título ≥ 1:800 em uma única amostra de soro), cultura (isolamento ou visualização do agente), hemograma (anemia, às vezes neutrofilia com desvio à esquerda) e VHS (aumentado) MALÁRIA AGENTE ETIOLÓGICO: Plasmodium spp (vivax, falciparum - maior morbidade e mortalidade -, malariae e ovale) → protozoário TRANSMISSÃO: picada do mosquito do gênero Anopheles, que quando infectado, contém o protozoário em sua saliva FISIOPATOLOGIA: esporozoíta (forma infectante) penetra nos capilares subcutâneos e vão para o sangue circulante, penetram nas células parenquimatosas do fígado e se multiplicam, são liberados em forma de merozoítos nos sinusóides hepáticos e invadem eritrócitos, que se rompem, e conforme a evolução, podem acometer cérebro, rins, pulmões, fígado e baço QUADRO CLINICO: → Febre = eleva-se rapidamente e dura de 4 a 8h → P. vivax ou ovale (benignos e mortalidade praticamente ausente): febre alta (terçã benigna, a cada 48h) com duração de 4 a 8h, sudorese prolongada, calafrios/tremores intensos e de curta duração, cefaleia, náuseas, vômitos, mialgias, hipotensão → palidez cutâneo mucosa, icterícia discreta, anemia e HEPATOESPLENOMEGALIA → P. malariae: febre quartã (a cada 72h) → P. falciparum (maligno, mais grave, com complicações e alta mortalidade): todos os sintomas acima (mas agora a febre terçã é maligna) + oligúria, torpor, hipotensão, hemorragias → COMPLICAÇÕES: pode atingir cérebro, rim, TGI, pulmão e causar malária cerebral ou pulmonar, insuficiência renal aguda, coagulação intravascular e hipoglicemia DIAGNÓSTICO: encontro dos plasmódios no sangue periférico, seja em esfregaços comuns ou em gota espessa + exames complementares (hemograma - anemia normocítica e normocrômica, leucopenia com desvio à esquerda e plaquetopenia -, aumento de bilirrubina e aminotransferases, coagulação - aumenta o tempo de protrombina e há queda dos fatores de coagulação -, ureia e creatinina - aumento discreto -, proteínas de fase aguda - aumento de PCR, procalcitonina e IgG-) HISTOPLASMOSE AGENTE ETIOLÓGICO: Histoplasma capsulatum (fungos dimórficos) TRANSMISSÃO: inalação de esporos (partículas infectantes) pela exposição a excretas de morcegos e aves presentes em solo contaminado (ao manusear solo, frutas secas, cereais e árvores) de área externa, grutas ou cavernas FISIOPATOLOGIA: é uma micose primária pulmonar - focos quiescentes do patógeno são armazenados em órgãos distintos e podem ser reativados anos após a infecção, causando recidiva QUADRO CLINICO: → Quadro pulmonar agudo (benigna): febre, calafrios, cefaleia, mialgia, hiporexia, tosse não produtiva dor subesternal, linfadenopatia e broncoespasmos frequentes e dispneia → radiografia de tórax com pneumonia uni ou bilateral 5 Entendendo o PBL → Pulmonar crônico (forma lenta e progressiva): tosse produtiva, febre, dor torácica e dor pleural, perda de peso, anorexia, astenia, suores noturnos → radiografia de tórax com infiltrados nos lobos superiores pulmonares/ pneumonia segmentar, que pode progredir para fibrose e cavitação e insuficiência pulmonar progressiva, podendo levar a óbito → Disseminado (em casos de AIDS, < 12 anos, idosos, deficiência imunológica ou uso de medicação imunossupressora e forte exposição ao patógeno - ocorre em sítio extrapulmonar e PODE NÃO HAVER comprometimento pulmonar): febre, astenia, anorexia, perda de peso, HEPATOESPLENOMEGALIA, linfadenopatia intra abdominal e cervical (lesões múltiplas e extensas, podendo fistulizar), diarréia, icterícia, necrose, lesões cutâneas maculopapulares, úlceras orofaríngeas, lesões verrucosas e em ossos ou vísceras → pancitopenia e alteração de enzimas hepáticas DIAGNÓSTICO: correlação clínica, epidemiológica, EXAME MICOLÓGICO (exame microscópio com secreção pulmonar, pus, crosta de lesão cutânea, aspirado de medula óssea ou ganglionar, sangue e outros líquidos, na qual os fungos são observados: células leveduriformes, redondas, ovais, arroxeadas, circundadas por fino halo incolor), histopatológico, cultura, provas imunológicas, pesquisa de anticorpo e antígenos e intradermorreação LINFOMA DE HODGKIN Doença maligna/ câncer no sistema linfático EPIDEMIOLOGIA: entre 15 e 30 anos e acima dos 50 anos FISIOPATOLOGIA: compromete grupos ganglionares contíguos, faz invasão vascular e disseminação hematogênica QUADRO CLINICO: Febre alta, noturna e prolongada/persistente (sintoma mais frequente, associado a linfomas externos e profundos), perda de peso, sudorese, PRURIDO e linfoadenomegalia de padrão central (cervical, mediastinal - pode causar sintomas respiratórios -, para-aórtico: duras, indolores - dolorosas após consumo de álcool - e com tamanho variável) → anemia, icterícia, ESPLENOMEGALIA E HEPATOMEGALIA RARA DIAGNÓSTICO: hemograma (leucocitose e linfopenia), aumento de VHS, hipercalcemia, função hepática e renal, biópsia linfonodal e estadiamento por meio de exames de imagem (tomografia, cintilografia) REFERÊNCIAS: Tratado de Infectologia - 5ª edição Bogliolo Patologia - 9ª edição PARASITOLOGIA HUMANA 13º edição - NEVES Manual de procedimientos para vigilancia y control de las leishmaniasis en las Américas - 2019 https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/junho/25/guia-vigilancia-saude-volu me-unico- 3ed.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/vigilancia_esquistossome_mansoni_diretrizes_ tecnicas.pdf http://www.saude.ba.gov.br/wp-content/uploads/2018/03/GUIA-DE-VIGIL%C3%82NCIA-E PIDEMIOL%C3%93GICA-ESQUISTOSSOMOSE-MANS%C3%94NICA.pdf https://www.rededorsaoluiz.com.br/doencas/brucelose https://www.sanarmed.com/resumo-de-hepatoesplenomegalia-anatomia-exames-e-causa https://www.rededorsaoluiz.com.br/doencas/brucelose
Compartilhar