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MAMA 
ASPECTOS DA NORMALIDADE 
ANATOMIA 
A mama é uma glândula sudorípara 
modificada, formada por um sistema 
de ductos ramificados a partir do 
mamilo, os quais se estendem 
radialmente entre o estroma 
fibrogorduroso. 
O sistema complexo de ductos 
ramificados da mama pode ser 
dividido em dois grupos: a unidade 
terminal ductolobular (UTDL) e os 
grandes ductos. A UTDL consiste em 
um lóbulo mamário e um ductolobular 
terminal, representando a porção 
secretória. A UTDL conecta-se aos 
grandes ductos, inicialmente um ducto 
subsegmentar, que termina em um 
ducto segmentar; o conjunto desses 
ductos reúne-se em um ducto coletor 
(ou galactóforo), que emerge no 
mamilo 
A UTDL é a unidade 
anatomofuncional da mama. Também 
conhecida como lóbulo mamário, é 
formada por pequenos dúctulos que 
se reúnem para formar o dúctulo 
terminal, o qual drena para o sistema 
ductal extralobular. Quando em intensa 
atividade secretora, como na gravidez 
ou na lactação, os pequenos dúctulos 
do lóbulo são denominados ácinos. 
 
 
 
Ao redor dos grandes ductos, o 
tecido conjuntivo é mais celular e 
possui grande quantidade de fibras 
elásticas 
HISTOLOGIA 
Os ductos e lóbulos são revestidos 
internamente por dois tipos de células 
epiteliais, as luminais e as mioepiteliais. 
A camada mais interna é formada por 
células luminais, que são colunares e 
com capacidade de secreção e 
absorção de fluidos; essas células têm 
fenótipo epitelial e expressam 
ceratinas (especialmente 7, 8 e 18), α-
lactoalbumina, outras proteínas 
relacionadas com o leite (p. ex., 
HMFG) e receptores para estrogênio. 
A camada externa ou basal é formada 
por células mioepiteliais, com 
morfologia variável e com capacidade 
de expulsão do leite, podendo ser 
arredondadas ou alongadas 
As duas camadas de células estão 
apoiadas em uma membrana basal 
rica em laminina e colágeno tipo IV e, 
juntamente com os fibroblastos que 
as rodeiam, formam a base dos 
ductos. Além de células diferenciadas, 
são identificadas também células 
multipotentes capazes de 
autorregeneração e longo tempo de 
vida (células estaminais) e células 
progenitoras. Estas células localizam-se 
PATOLOGIA DAS MAMAS 
entre o mioepitélio e a camada 
luminal, podendo estar envolvidas na 
regeneração mamária. 
O mamilo ou papila mamária tem 
estrutura especializada e distinta do 
restante do parênquima. É revestido 
por epitélio estratificado pavimentoso 
que se estende até parte do ducto 
coletor, onde se localiza a transição 
com o epitélio ductal glandular 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 
DOR: LESÕES INFLAMATÓRIAS E 
MASTITES 
Mastite Aguda da Lactação 
A maioria das infecções agudas da 
mama ocorre durante a lactação, em 
especial nas primeiras semanas de 
amamentação. Nesse período, a 
mama fica mais vulnerável à 
penetração de bactérias, 
principalmente Staphylococcus aureus 
e estreptococos, através de fissuras e 
rachaduras no mamilo ou na aréola. 
A infecção inicial causa mastite aguda, 
difusa, dolorosa, com aumento de 
volume da mama, por edema, 
hiperemia e exsudato neutrofílico. O 
quadro geralmente regride com uso 
de antibióticos e drenagem completa 
do leite. Em alguns casos, a lesão 
evolui para abscesso, necessitando 
drenagem cirúrgica. 
Abscesso Subareolar 
Abscesso sub ou periareolar 
recidivante ou mastite periductal pode 
ocorrer independentemente de 
lactação, história reprodutiva ou idade. 
A lesão é mais comum em mulheres 
adultas, mas pode surgir após a 
menopausa e em homens, em 90% 
dos casos em fumantes. 
Os pacientes apresentam nódulo 
subareolar, doloroso e edematoso, 
com episódios recorrentes de 
fistulização e drenagem de material 
purulento através do mamilo e da 
pele da aréola. A patogênese é 
variada. Em algumas mulheres, ocorre 
inversão do mamilo por fibrose 
cicatricial devido a outras lesões, 
predispondo a metaplasia escamosa 
dos ductos, dilatação dos mesmos, 
ruptura e inflamação. Outra 
possibilidade é tabagismo, que pode 
causar alteração na diferenciação do 
epitélio ductal por causa de deficiência 
de vitamina A e de substâncias tóxicas 
contidas no tabaco, também 
favorecendo inflamação. Infecção 
bacteriana secundária pode ocorrer 
em qualquer fase da evolução, 
levando a inflamação aguda. 
 
O tratamento do abscesso subareolar 
é difícil e requer cirurgia extensa para 
remover o ducto e o trato fistuloso 
em continuidade, evitando-se a 
permanência de ductos com epitélio 
ceratinizado, que pode causar 
recorrência. 
MASSA PALPÁVEL, NODULARIDADE 
E CISTOS 
Em mulheres pré-menopausa são, em 
sua maioria, benignas; em mulheres 
abaixo dos 40 anos, 10% são malignas; 
e em mulheres com mais de 50 anos, 
60% são malignas 
DESCARGA MAMILAR E ECTASIA 
DUCTAL 
Manifesta-se como descarga papilar 
serosa, sanguinolenta ou amarelada, 
associada, em 25% das pacientes, a 
massa palpável e, às vezes, dolorosa. 
Morfologicamente, caracteriza-se por 
dilatação progressiva dos grandes 
ductos, acúmulo de secreção espessa, 
restos celulares e macrófagos 
xantomizados. 
Ruptura dos ductos provoca 
inflamação estromal periductal, com 
infiltrado inflamatório rico em linfócitos, 
plasmócitos e macrófagos e fibrose 
progressiva. Com a evolução, a 
fibrose pode causar retração do 
mamilo e da pele 
OBS: Microcalcificações tubulares ou 
anulares em ductos dilatados podem 
produzir um aspecto característico à 
mamografia 
PATOLOGIA DA MAMA 
PROPEDÊUTICA 
MAMOGRAFIA 
Utilizada para rastreio de câncer em 
mulheres mais velhas e/ou que 
possuem mama gordurosa 
 
ULTRASSOM 
Exame utilizado para pacientes jovens 
e/ou que possuem mamas densas e 
fibrosas 
É a melhor propedêutica à 
diferenciação de lesões sólidas e 
císticas 
RNM 
Utilizada para pesquisas de rupturas 
em próteses e avaliação do 
carcinoma mamário oculto 
OBS: O rastreio é feito entre os 50 aos 
69 anos da mulher 
BIÓPSIA CIRÚRGICA EXCISIONAL 
PUNÇÃO ASPIRATIVA POR AGULHA 
FINA (PAAF) 
Realizada em lesões císticas, em que se 
drena o conteúdo desta. Ela é capaz de 
definir o diagnóstico, já que provê a 
informação do tecido e do caráter da 
lesão (invasivo ou situ) 
CORE BIOPSY 
Utilizada em lesões sólidas, de BI-RADS 
4/5. Nesta, retira-se um pedaço do 
tecido 
BIÓPSIA POR MAMOTOMIA 
Avalia-se presença de 
microcalcificação, grau de 
irregularidade e adensamento 
estrutural 
 
CLASSIFICAÇÃO DE BI-RADS 
 
CONDIÇÕES PATOLÓGICAS DA 
MAMA 
LESÕES BENIGNAS NÃO 
NEOPLÁSICAS E NÃO 
PROLIFERATIVAS 
ALTERAÇÕES FIBROCÍSTICAS DA 
MAMA 
A expressão alterações fibrocísticas 
abrange um grupo variado de 
modificações mamárias encontradas na 
clínica, à mamografia ou em exames 
histopatológicos. Clinicamente, tais 
lesões caracterizam-se por massa 
palpável ou descarga papilar, afetando 
com maior frequência mulheres entre 
30 e 45 anos de idade 
Atualmente, a expressão alteração 
fibrocística é utilizada para designar 
modificações histopatológicas não 
proliferativas caracterizadas pela 
presença, isolada ou associada, de 
fibrose estromal, cistos, metaplasia 
apócrina e adenose. Sua patogênese 
envolve desequilíbrio na resposta à 
estimulação hormonal cíclica e 
involução senil. A divisão entre 
alteração fisiológica e doença clínica 
depende da intensidade e da 
persistência das alterações 
As alterações histológicas não 
proliferativas mais comuns são cistos, 
metaplasia apócrina e alterações 
estromais, como fibrose e elastose, 
tríade que as definem 
Na imagem, tem-se mama branca (tc 
fibroso) com lesões císticas múltiplas, 
cujo comportamento é benigno. À 
histologia, observam-se células com 
citoplasma abundante, acidófilo e 
granuloso e núcleos redondos, 
regulares, com nucléolos evidentes 
 
LESÕES BENIGNAS NÃO 
NEOPLÁSICAS E 
PROLIFERATIVAS 
HIPERPLASIAS EPITELIAIS 
Hiperplasias epiteliais caracterizam-se 
por proliferação do epitélio para o 
interior de ductos ou dúctulos 
mamários. Em geral, tal alteraçãonão 
forma massa palpável ou lesão 
macroscópica, sendo diagnosticada 
incidentalmente em biópsias por 
lesões encontradas à mamografia ou 
por estarem adjacentes a carcinomas. 
Com base no padrão citológico e de 
crescimento arquitetural das células 
proliferadas, as hiperplasias epiteliais 
são divididas em ductais ou lobulares, 
sem que isso signifique que tenham 
origem ou localização em ductos ou 
lóbulos 
Hiperplasia ductal consiste em 
proliferação de células epiteliais (três 
ou mais camadas) acima da 
membrana basal dos ductos 
As hiperplasias ductais são divididas 
em dois grupos: sem atipias (ou 
usuais), que possuem risco relativo 
baixo de desenvolver câncer (1,5 a 2 
vezes) e atípicas, que possuem risco 
relativo alto de desenvolver câncer (3 
a 5 vezes) 
O diagnóstico é histopatológico 
 
LESÕES BENIGNAS 
NEOPLÁSICAS DA MAMA 
São tumores benignos, neoplasias 
bifásicas ou tumores fibroepiteliais 
FIBROADENOMA 
Fibroadenoma é o tumor mamário 
mais frequente em mulheres com 
menos de 30 anos 
O fibroadenoma apresenta-se como 
nódulo único, bem delimitado, em 
mulheres jovens; em pacientes de 
cor negra, tende a formar lesões 
múltiplas e bilaterais. Durante a 
gravidez e no final do ciclo menstrual, 
pode aumentar de volume por 
relação hormonal destes períodos 
Macroscopicamente, o tumor é bem 
circunscrito, tem consistência elástica 
e, em geral, mede 1 a 3 cm. Na 
maioria das vezes, a superfície de 
corte é lobulada e apresenta 
pequenas fendas. 
O fibroadenoma é lesão do lóbulo 
mamário, sendo formado pela 
proliferação de tecido conjuntivo e de 
epitélio, podendo ser pericanalicular 
e/ou intracanalicular, de acordo com o 
padrão de crescimento dos 
elementos epiteliais e do estroma. 
O fibroadenoma intracanalicular é mais 
comum e caracteriza-se por 
crescimento nodular de tecido 
conjuntivo, em torno e em direção 
aos canalículos epiteliais, que 
aparecem comprimidos, como fenda, 
entre os nódulos de tecido fibroso. O 
tipo pericanalicular refere-se ao 
fibroadenoma formado por dúctulos 
de aspecto normal, dispostos 
concentricamente, mais numerosos, e 
circundados por tecido conjuntivo, 
que não os comprime. Em ambos os 
tipos, os dúctulos são revestidos por 
células epiteliais e mioepiteliais 
É uma lesão fibroepitelial sem 
característica de infiltração, e com 
demarcação nítida entre o 
parênquima adjacente fibroso e o 
fibroadenoma 
Há pequeno risco de câncer de 
mama associado a ele; não de se 
transformar em um 
 
TUMOR PHYLLODES 
O tumor phyllodes tem grande 
semelhança com o fibroadenoma, já 
que é constituído, também, por 
elementos epiteliais e do estroma. A 
lesão, no entanto, tem 
comportamento variado, podendo ser 
benigna, localmente agressiva 
(borderline) ou maligna. A faixa etária 
de acometimento é ampla, com pico 
na quinta década. Em geral, o tumor é 
maior do que o fibroadenoma e 
frequentemente as pacientes têm 
história de crescimento rápido 
recente. 
Como regra, os tumores de 
comportamento benigno são 
menores que 4 cm, têm margens 
expansivas e bem delimitadas, atipia 
celular estromal mínima ou ausente e 
menos de três mitoses por 10 campos 
de grande aumento; aqueles com 
comportamento maligno são maiores 
que 4 cm, possuem margens 
infiltrativas, intensa atipia e mais de 
três mitoses por 10 campos.. Necrose, 
predomínio do componente estromal 
sobre o epitelial, aneuploidia e elevada 
fração da fase S são outros critérios 
que sugerem malignidade 
Para fins práticos, o diagnóstico de 
tumor phyllodes deve ser 
acompanhado dos tipos benigno, 
borderline, cuja margem é 
permeativa, ou maligno 
Macroscopicamente, o tumor é firme, 
apresenta superfície de corte 
heterogênea e contém fendas com 
estruturas foliá ceas; áreas císticas 
são frequentes. 
Histologicamente, a lesão caracteriza-
se por alta celularidade do estroma, 
proliferação epitelial em forma de 
projeções do tipo dedo de luva no 
interior de espaços císticos e 
crescimento excessivo do tecido 
conjuntivo em relação ao epitélio. 
Ainda, tem-se a relação 
estroma/epitélio alterada, sendo o 
primeiro predominante 
Os limites do tumor não são tão 
definidos como no fibroadenoma, 
observando-se frequentemente, na 
sua periferia, projeções neoplásicas 
digitiformes para o parênquima 
vizinho, as quais podem explicar a 
origem de recidivas 
 
CÂNCER DE MAMA 
O carcinoma mamário é a neoplasia 
maligna visceral mais frequente e a 
principal causa de morte por câncer 
em mulheres 
FATORES DE RISCO ELEVADOS (4X 
MAIOR) 
I: Idade superior a 50 anos 
II: História Familial 
Especialmente em parentes de 
primeiro grau e na pré-menopausa 
BRCA1 e BRCA2 
III: Hiperplasia 
Especialmente se atípica e se 
associada à história familiar 
FATORES DE RISCO MODERADO (2 A 
4X MAIOR) 
I: Estimulação Estrogênica Prolongada 
Nuliparidade, Menarca precoce, 
Menopausa tardia e Primeira gestação 
após os 35 anos 
II: História pessoal de câncer de ovário 
ou endométrio 
III: Exposição à radiação ionizante 
FATORES DE RISCO BAIXO (1 A 2X 
MAIOR) 
I: Terapia de Reposição Hormonal 
II: Obesidade Pós-Menopausa 
III: Doenças Mamárias 
 
ETIOPATOGÊNESE 
Os principais fatores de risco são 
hormonais e genéticos. Em termos 
etiopatogenéticos, os carcinomas da 
mama podem ser divididos em dois 
grandes grupos: (a) carcinomas 
hereditários; (b) carcinomas não 
hereditários ou esporádicos. 
Cerca de 90% desses casos são 
devidos a mutações nos genes BRCA 
1 e BRCA 2, ambos genes 
supressores de tumor. Estas podem 
aumentar o risco de desenvolver 
carcinoma de mama e câncer de 
ovário 
Os carcinomas associados a mutações 
no BRCA 1 caracterizam-se por 
mostrarem-se, em geral, pouco 
diferenciados e, possuírem margens 
de crescimento expansivas, terem 
infiltrado linfocitário e serem negativos 
para receptores de estrógeno e 
HER2/neu; e exibirem o fenótipo basal. 
Embora não existam subtipos 
histológicos associados ao BRCA 2, 
tumores com anormalidades nesse 
gene são comumente positivos para 
receptores de estrógeno 
Apesar de grande parte dos 
carcinomas não hereditários ou 
esporádicos esteja relacionada com 
estimulação estrogênica prolongada e 
tenha uma via carcinogenética que 
passa por lesões proliferativas 
(hiperplasias ductais e lobulares, 
carcinoma in situ e carcinoma 
invasivo), estudos de genética 
molecular mostram que esse modelo 
está simplificado. Mutações nos genes 
BRCA 1 e BRCA 2 em carcinomas 
mamários esporádicos (não 
hereditários) é rara (< 5% dos casos) 
 
DETECÇÃO 
I: Queixas clínicas e alterações no 
exame físico 
II: Anormalidades mamográficas 
III: Achado incidental 
IV: Investigação de derrames papilares 
V: Metástases, principalmente axilar e 
cerebral 
CLASSIFICAÇÃO 
Quanto à localização e à extensão, os 
carcinomas são classificados em in situ 
e invasor, que, inicialmente, foram 
divididos em ductal ou lobular 
Além da morfologia clássica, os 
carcinomas da mama, especialmente 
os invasores, são agrupados de 
acordo com o perfil de expressão 
gênica e alterações genômicas em 
grandes subgrupos: 
I: Tumores Luminais 
São receptores de estrógeno (RE) 
e/ou de progesterona (RP) positivos e 
HER2/neu-negativos 
De acordo com o índice proliferativo, 
os tumores luminais são subdivididos 
em luminais A (baixo índice 
proliferativo) e B (alto índice 
proliferativo). 
II: Tumores HER2/neu 
Exibem hiperexpressão de HER2/neu 
e são RE-negativos; 
III: Tumores com fenótipo basal 
São RE-negativos, receptores de 
progesterona negativos e HER2/neu-
negativos, também referidos como 
triplo-negativos 
 
 
CARCINOMA IN SITU 
Carcinoma in situ é definido como 
proliferação epitelial maligna restrita 
aos ductos ou dúctulos mamários, 
distinguindo-se do carcinoma invasor 
por não ter invasão estromal. 
Além da existência de dois tipos 
distintos, lobular e ductal, diferenças 
histológicas e de comportamento 
clínicoreforçam a ideia de que o 
carcinoma in situ representa um 
grupo heterogêneo de lesões 
Carcinoma Ductal In Situ (CDIS) 
Com base no padrão arquitetural da 
neoplasia, a lesão pode ser classificada 
nos seguintes tipos: 
comedocarcinoma, cribriforme, 
micropapilar, papilar e sólido 
Somente os tipos comedocarcinoma 
e micropapilar apresentam relevância 
clínica, o primeiro por se associar mais 
a focos de invasão e o segundo pela 
tendência à multicentricidade. 
Comedocarcinoma (ou carcinoma 
ductal in situ com comedonecrose) 
refere-se a tumor de alto grau 
nuclear, de padrão sólido, associado a 
área de necrose extensa que ocupa 
o interior do ducto. Quando extensa, a 
comedonecrose pode ser visível 
macroscopicamente como pontos 
brancos ou amarelados que drenam 
material necrótico quando se faz a 
compressão do espécime. 
A classificação em graus histológicos 
baseia-se sobretudo no grau nuclear e 
Highlight
Highlight
na presença ou ausência de necrose. 
O grau nuclear é determinado de 
acordo com o pleomorfismo nuclear, 
o tamanho do núcleo e a presença 
de nucléolo 
 
Carcinoma Lobular In Situ (CLIS) 
Representa 10 a 30% dos carcinomas 
in situ e quase sempre apresenta-se 
como lesão não palpável encontrada 
como achado incidental em mulheres 
na pré-menopausa 
Histologicamente, o CLIS é 
multicêntrico e acomete unidades 
lobulares, que resultam em expansão 
dos ácinos (+ 50% das unidades), nas 
quais todos os dúctulos estão 
distendidos e preenchidos por células 
pouco coesas e com baixo grau 
nuclear. As células são pequenas, 
redondas ou poligonais e com 
citoplasma bem delimitado, às vezes 
com aspecto em anel de sinete 
Até 40% dos pacientes com CLIS 
desenvolverão câncer de mama 
invasivo ao longo da vida 
OBS: Caso acometa menos de 50% 
das unidades lobulares, tem-se a 
hiperplasia lobular atípica 
 
 
CARCINOMA INVASOR 
Trata-se de carcinoma que infiltra o 
estroma, independentemente da 
coexistência de componente in situ. 
Como os carcinomas in situ, também 
os invasores são divididos em dois 
grandes grupos: ductais e lobulares. 
Ao lado disso, alguns subtipos 
(carcinomas tubulares, medulares, 
mucinosos) e algumas formas 
especiais de apresentação (doença de 
Paget, carcinoma inflamatório) têm 
grande interesse prático devido ao 
seu prognóstico distinto 
 
 
Carcinoma Ductal ou Não Especial 
O carcinoma ductal invasor (sem 
outra especificação, SOE), que é o 
tipo mais frequente de câncer da 
mama, representa um grupo 
heterogêneo de lesões que se 
caracterizam pela ausência de 
achados morfológicos que permitam 
enquadrá-las em um dos subtipos 
especiais. O carcinoma ductal tem 
comportamento mais agressivo do 
que a maioria dos tipos especiais, com 
sobrevida de cinco anos em 60% das 
pacientes 
O tumor apresenta-se como massa 
palpável e endurecida.. A lesão é bem 
visualizada à mamografia e manifesta-
se por densidade irregular e 
microcalcificações frequentes. 
Macroscopicamente, trata-se de 
massa relativamente bem 
individualizada, de forma variável, com 
superfície de corte amarelada e 
consistência firme, contendo 
trabéculas que se irradiam a partir do 
centro da lesão 
Microscopicamente, as células formam 
estruturas glandulares (sem células 
mioepiteliais), ninhos sólidos, trabéculas 
ou ilhotas em padrões predominantes 
ou mistos 
O grau de formação glandular, o 
pleomorfismo nuclear e o índice 
mitótico são parâmetros utilizados em 
um sistema de graduação com 
importante valor prognóstico 
 
Carcinoma Lobular 
O tumor tem maior tendência a 
bilateralidade e taxa elevada de 
recidiva sistêmica tardia, com 
metástases em diferentes locais 
Macroscopicamente, algumas lesões 
são firmes e estreladas, outras 
aparecem como “espessamento” 
difuso da mama. Ao microscópio, as 
células são relativamente pequenas, 
homogêneas, com padrão de 
crescimento difuso, infiltrando-se no 
estroma em forma de fila indiana, em 
que as células se dispõem entre as 
fibras colágenas, às vezes com 
padrão em alvo 
Clinicamente, o carcinoma lobular 
invasor apresenta-se como massa 
palpável ou lesão difusa (multicêntrica) 
que produz pouca alteração na 
textura da mama, não sendo por isso 
detectada pela mamografia 
 
Carcinoma Medular 
O carcinoma medular corresponde a 
cerca de 7% dos carcinomas da 
mama e tem prognóstico um pouco 
melhor do que o dos carcinomas 
ductais em geral. Apresenta-se como 
massa palpável móvel, bem delimitada, 
com tamanho variável (2 a 5 cm). 
O aspecto macroscópico reflete essa 
apresentação clínica, pois o tumor é 
bem delimitado, lobulado, homogêneo 
e de consistência macia, podendo ser 
confundido com fibroadenoma. 
Histologicamente, a lesão é formada 
por grupos sólidos de células com 
núcleos pleomórficos, nucléolos 
evidentes, estroma escasso e intenso 
infiltrado linfoide. Células gigantes 
bizarras, focos de metaplasia 
escamosa e necrose podem estar 
presentes. As margens são bem 
circunscritas 
 
OBS: Associado a mutações do BRCA 
CARCINOMA INFLAMATÓRIO 
É uma condição clínica e pode 
aparecer em qualquer tipo histológico, 
em que o tumor produz sinais que se 
assemelham a uma inflamação 
(edema, vermelhidão e calor) 
 
Patogênese 
Embolização maciça dos vasos 
linfáticos da pele por células 
neoplásicas (aspecto em casca de 
laranja) 
 
FATORES PREDITIVOS DO CÂNCER 
DE MAMA 
Tumores Luminais 
Possuem o melhor prognóstico e 
respondem ao tamoxifeno, cujo 
direcionamento maior é para o 
receptor de estrógeno 
Tipo A: Receptor de estrógeno e 
Receptor de progesterona positivos; 
HER-2 é negativo. Possui baixo índice 
proliferativo 
Tipo B: Receptor de estrógeno 
positivo; HER-2 é negativo. Possui alto 
índice proliferativo 
Tumores HER-2 
Respondem ao trastuzumabe 
Tumores Basais (Triplo-Negativo) 
Possuem o pior prognóstico e apenas 
a quimioterapia é uma opção 
terapêutica 
DISSEMINAÇÃO DO CARCINOMA 
MAMÁRIO 
 
 
 
FATORES PROGNÓSTICOS DO 
CÂNCER DE MAMA 
 
QUESTÃO 
Você está no internato de ginecologia 
e obstetrícia e atende uma paciente 
mulher, 59 anos, G0P0A0. Ela 
comparece à consulta devido a lesão 
mamária detectada em exame de 
mamografia: categoria 5 de bi-rads 
(vide figura projetada). História de 
menarca aos 10 anos e menopausa 
aos 57 anos. Nega história familiar de 
câncer de mama. Ao exame clínico, 
foi palpada lesão de consistência 
endurecida, de tamanho estimado de 
2,5cm de diâmetro, em 
interquadrantes mediais da mama 
esquerda. 
 
PERGUNTAS 
1: Qual a interpretação correta para a 
mamografia da paciente? 
2: A paciente apresenta fatores de 
risco para o câncer de mama? 
3: Alguma investigação adicional 
estaria bem indicada, no caso? 
4: Após a biópsia, a paciente foi 
submetida a mastectomia. Qual seria a 
histologia esperada para a lesão 
mamária da paciente? Pense 
epidemiologicamente 
 
5: Tempos depois, a paciente evolui 
com as alterações na coluna ilustradas 
na figura. Qual é a interpretação mais 
provável para as lesões na coluna? 
Qual histologia confirmaria sua 
hipótese diagnóstica? 
 
6: A lesão tumoral da paciente 
mostrou o aspecto da imuno-
histoquímica ilustrado abaixo. Qual a 
interpretação correta do exame? 
Qual o significado deste resultado em 
termos de tratamento e de 
prognóstico? 
 
RESPOSTAS 
1: Lesão nodular sólida mal delimitada 
com bordas espiculadas 
2: Menarca precoce, Menopausa 
tardia e Nuliparidade 
3: Biópsia da lesão e 
imunohistoquímica, em que se testa 
RE, RP, HER2 (receptor de fator 
epidérmico de crescimento) e KI67 
(índice de proliferação celular) à 
classificação molecular. 
4: Letra C 
a. Carcinoma Lobular Invasor 
Células monomórficas em fila 
indiana 
b. Carcinoma Mucinoso 
Blocos de células atípicas imersos 
em mucina 
c. Carcinoma Invasivo do tipo Não 
Especial (ductal) 
Proliferação de ductos em meio 
ao estroma adjacente sem células 
mioepiteliais 
d. Carcinomade Padrão Medular 
Blocos de células atípicas em um 
denso infiltrado linfoide 
5: Há nódulos bem delimitados, que 
sugerem metástase de histologia 
ductal 
6: HER 2 +; Utiliza-se Trastuzumabe

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