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APG 9 – nódulos tireoidianos - Estudar epidemiologia, etiologia, fisiopatologia, manifestações clinicas e diagnostico das neoplasias benignas e malignas da tireoide. Definição: Nódulo tireoidiano é o nome dado ao aumento do volume tireoidiano, ou seja, crescimento excessivo em áreas de parênquima tireoidiano previamente normal podendo ou não cursar com repercussões funcionais. Os nódulos da tireoide têm aspectos e distribuições diversificadas a depender da origem da anormalidade estrutural, podendo variar em únicos, múltiplos, de milímetros a centímetros, císticos, sólidos ou mistos, benignos, indeterminado. Epidemiologia: DE OLIVEIRA MORAIS, Luma et al. Nódulos tireoidianos–uma abordagem diagnóstica. Revista Eletrônica Acervo Saúde, n. 23, p. e402-e402, 2019. Nódulos tireoidianos são encontrados com facilidade na prática clínica, com uma prevalência aproximada de 10% na população adulta, havendo prevalência maior quando em estudos que levem em consideração o diagnóstico por ultrassonografia (US). Representa a principal manifestação de uma serie de doenças tireoidianas e a maioria dos acometidos tem doenças benignas. Um estudo em população com pessoas oriundas de áreas com suplementação suficiente de iodo na alimentação mostrou que cerca de 4% a 7% das mulheres e 1% dos homens possuem nódulo tireoidiano palpável ao exame físico. → Onde a prevalência aumenta em estudos com ultrassonografia, chegando a 68% sendo mais frequente em mulheres idosas. Apesar da maioria dos nódulos serem benignos a abordagem diagnóstica visa excluir a malignidade que ocorre em 5 a 15% dos casos, sendo que desse 95% correspondem ao carcinoma bem diferenciado, onde alguns indivíduos a neoplasia de tireoide podem constituir uma patologia agressiva e desafiadora para os estudos. A incidência atual do câncer de tireoide é próxima de 24 casos por 100.000 habitantes, onde essa taxa vem aumentando nos últimos anos, ocupando o lugar da quarta neoplasia maligna mais frequente nas mulheres brasileiras. A ultima estimativa global indicou a ocorrência de aproximadamente 300.000 novos casos desse câncer, correspondendo a 1.150 em homens e 8.050 em mulheres. Esse numero crescente se deve principalmente ao aumento dos diagnósticos de pequenos carcinomas papilíferos, mas apesar do aumento de incidência a taxa de mortalidade por essas causas permaneceram praticamente inalterada. Filho, Geraldo B. Bogliolo - Patologia. Disponível em: Minha Biblioteca, (10th edição). Grupo GEN, 2021. Em estudo morfológico de tireoides removidas em necrópsias, encontraram-se nódulos em 32% na população com cerca de 40 anos de idade, cifra que sobe para 37% quando se refere apenas a mulheres e atinge 40% dos indivíduos acima de 75 anos de idade. Em pacientes com AIDS, a frequência de nódulos chega a 80% em indivíduos com 25 a 35 anos de idade, incluindo-se nódulos coloides e adenomatosos pequenos, às vezes com cerca de 1 cm de diâmetro, frequentemente subcapsulares, portanto clinicamente palpáveis. Até 40 anos de idade, nódulos tireoidianos são duas vezes mais comuns em pessoas com imunodeficiência. Nódulos malignos (geralmente microcarcinomas papilíferos) são também mais frequentes em indivíduos com imunossupressão. Etiologia e classificação: Vilar, Lúcio. Endocrinologia Clínica. Disponível em: Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo GEN, 2020. Kumar, Vinay, et al. Robbins & Cotran Patologia: Bases Patológicas das Doenças. Disponível em: Minha Biblioteca, (10th edição). Grupo GEN, 2023. → Benigno: acaba sendo dividido em adenomas folicular (nódulo benigno em si) e bócio multinodular, cistos simples ou focos de tireoidite (condições localizadas e não neoplásicas que vão levar ao aumento da tireoide). → Maligno: acaba sendo dividido em papilíferos, foliculares, indiferenciados ou anaplásicos, sendo estes originados das células foliculares. Diversos critérios fornecem pistas sobre a natureza de um nódulo tireoidiano: •Os nódulos solitários, os nódulos em pacientes mais jovens e os nódulos em indivíduos do sexo masculino têm mais tendência a ser neoplásicos •Uma história de radioterapia da região da cabeça e pescoço está associada a uma incidência aumentada de neoplasia maligna da tireoide •Os nódulos funcionantes que captam iodo radioativo em exames de imagem (nódulos quentes) têm muito mais tendência a ser benignos. Fisiopatologia: Kumar, Vinay, et al. Robbins & Cotran Patologia: Bases Patológicas das Doenças. Disponível em: Minha Biblioteca, (10th edição). Grupo GEN, 2023. Kumar, Vinay. Robbins Patologia Básica. Disponível em: Minha Biblioteca, (10th edição). Grupo GEN, 2018. Nódulos benignos: Bócio difuso e muiltinodular: São resultado de uma síntese prejudicada do hormônio tireoidiano, tendo como principal causa a deficiência de iodo na alimentação. Onde o comprometimento da síntese do hormônio tireoidiano leva a um aumento compensatório de TSH sérico, que acaba acarretando em uma hipertrofia e a hiperplasia das células foliculares tireoidianas, levando então ao aumento da glândula tireoidiana. Eles podem ser endêmicos ou esporádicos: O bócio endêmico ocorre em áreas geográficas onde a dieta contém pouco iodo. A designação endêmica é utilizada quando os bócios estão presentes em mais de 10% da população em uma determinada região. Tais condições são particularmente comuns nas regiões montanhosas do mundo, incluindo o Himalaia e os Andes. O bócio esporádico ocorre com menos frequência do que o bócio endêmico. A condição é mais comum nas mulheres do que em homens, com uma incidência máxima na puberdade ou no início da idade adulta, quando há uma demanda fisiológica aumentada para T4. O bócio esporádico pode ser causado por várias condições, incluindo a ingestão excessiva de substâncias que interferem na síntese do hormônio tireoidiano, como cálcio e vegetais pertencentes à família Brassicaceae (também chamada Cruciferae) (p. ex., repolho, couve-flor, couve de Bruxelas, nabos). Em outros casos, o bócio pode resultar de defeitos enzimáticos hereditários que interferem na síntese do hormônio da tireoide (bócio disormonogenético). CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS As características clínicas dominantes do bócio são aquelas causadas pelos efeitos de massa da glândula aumentada. Além do problema estético evidente de uma grande massa no pescoço, os bócios também podem causar obstrução das vias aéreas, disfagia e compressão de grandes vasos no pescoço e tórax superior (a chamada “síndrome da veia cava superior”). Os bócios multinodulares costumam ser hormonalmente silenciosos, mas uma minoria (aproximadamente 10% ao longo de 10 anos) manifesta-se com tireotoxicose secundária ao desenvolvimento de nódulos autônomos que produzem hormônio tireoidiano independente da estimulação do TSH. Esta condição, conhecida como bócio multinodular tóxico ou síndrome de Plummer, não é acompanhada pela oftalmopatia infiltrativa e dermopatia da tireotoxicose associada à doença de Graves. A incidência de malignidade em bócios multinodulares de longa duração é baixa (<5%), mas não chega a zero, e a preocupação com malignidade surge com os bócios que demonstram mudanças súbitas no tamanho ou sintomas associados (p. ex., rouquidão). Adenomas de tireoide (adenoma folicular): São neoplasias benignas derivadas do epitélio folicular, sendo massas solitárias e distintas. Do ponto de vista clinico é difícil distinguir os adenomas foliculares dos nódulos dominantes da hiperplasia folicular ou dos carcinomas foliculares menos comuns. Em geral sua maioria não é percussora de carcinomas, mas as alterações genéticas compartilhadas levantam a possibilidade. Embora a grande maioria dos adenomas seja não funcionante, uma pequena minoria produz hormônios tireoidianos e provoca tireotoxicose clinicamente aparente. A produção de hormônio nos adenomas funcionantes (denominadosadenomas tóxicos) é independente da estimulação do TSH. o Morfologia: o adenoma típico da tireoide é uma lesão solitária e esférica que comprime a tireoide não neoplásica adjacente. Onde as células neoplásicas são demarcadas do parênquima adjacente por No inicio do desenvolvimento do bócio a hiperplasia e hipertrofia das células foliculares induzida por TSH resulta em um aumento difuso e simétrico da glândula (bócio difuso). Mas se o iodo proveniente da alimentação aumenta posteriormente e a demanda de hormônios diminui o epitélio folicular involui para forma uma glândula aumentada rica em coloide (bócio coloide). Com o tempo episódios recorrentes de hiperplasia e involução se combinam para produzir um aumento mais irregular da tireoide denominado BÓCIO MULTINODULAR. Os bócios multinodulares são glândulas multilobuladas, aumentadas, assimetricamente, que podem atingir um tamanho volumoso. No bogliolo ele traz isso como três etapas para a evolução do bócio multinudular. As mutações condutoras na via de sinalização do receptor de TSH desempenham um papel importante na patogenia dos adenomas tóxicos. As mutações somáticas ativadoras (ganho de função) em um dos dois componentes desse sistema de sinalização – mais comumente, o gene que codifica o próprio receptor de TSH (TSHR) e, menos comumente, a subunidade-α de Gs (GNAS) – permite que células foliculares secretem o hormônio da tireoide independente da estimulação pelo TSH (autonomia da tireoide). O resultado desta abundância é o hipertireoidismo sintomático, com um nódulo tireoidiano “quente” visto em estudos de imagem. Autonomia tanto no bócio tóxico como nos adenomas tóxicos decorre da capacidade das células foliculares de liberarem o hormônio tireoidiano independente de fatores tróficos (ou seja, o TSH). Uma minoria de adenomas foliculares não funcionantes (<20%) exibe mutações em RAS ou outros genes uma capsula bem definida e intacta. Memos os adenomas foliculares benignos exibem pleomorfismo nuclear focal, atipia e núcleos proeminentes (atipia endócrina) que sozinho não constitui evidencia de malignidade. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Muitos adenomas foliculares manifestam-se como massas solitárias indolores, que são descobertas durante um exame físico de rotina. Massas maiores podem produzir sintomas locais, como dificuldade na deglutição. Os adenomas não funcionantes captam menos iodo radioativo do que o parênquima tireoidiano normal e, na cintilografia com radionuclídeos, aparecem como nódulos frios. Outras técnicas utilizadas na avaliação de suspeita de adenomas incluem a ultrassonografia e a biopsia por aspiração com agulha fina. Devido à necessidade de avaliar a integridade capsular, o diagnóstico definitivo de adenoma só pode ser estabelecido após um cuidadoso exame histológico da peça ressecada. Por conseguinte, os adenomas suspeitos da tireoide são cirurgicamente removidos para excluir a possibilidade de neoplasia maligna. Os adenomas foliculares não apresentam recorrência nem metástase e têm um excelente prognóstico. Cisto: Filho, Geraldo B. Bogliolo - Patologia. Disponível em: Minha Biblioteca, (10th edição). Grupo GEN, 2021. São os nódulos que contém líquido no seu interior. A imensa maioria dos cistos da tireoide é benigna, porém, alguns cistos que apresentam uma mistura de material sólido e líquido, chamados de cistos complexos, podem ser, na verdade, um câncer de tireoide com aparência cística. O Nódulo coloide é constituído por folículos distendidos, com diâmetros variáveis, repletos de substância amorfa e eosinófila, revestidos por células foliculares cúbicas ou achatadas, com núcleos redondos, cromatina uniforme e citoplasma escasso. Quando há proliferação de células foliculares, a lesão mostra áreas sólidas. Na evolução, pode ocorrer transformação cística e surgir focos de hemorragia e macrófagos em fagocitose de hemossiderina, lesão denominada cisto coloide. Quando desaparecem as estruturas foliculares por vascularização insuficiente e a substância coloide mistura-se a hemácias e a hemossiderina, forma-se o cisto hemático, cuja parede é constituída por tecido fibroso com coágulos sanguíneos e macrófagos fagocitando pigmento férrico. Com o tempo, reduz-se a quantidade de sangue e a cavidade passa a conter líquido límpido e acelular, amarelo-citrino, constituindo o cisto seroso, formado por parede fibrosa, sem revestimento epitelial. Nódulos malignos: Kumar, Vinay. Robbins Patologia Básica. Disponível em: Minha Biblioteca, (10th edição). Grupo GEN, 2018. Kumar, Vinay, et al. Robbins & Cotran Patologia: Bases Patológicas das Doenças. Disponível em: Minha Biblioteca, (10th edição). Grupo GEN, 2023. Carcinomas da tireoide: Os carcinomas são malignidades da tireoide originam-se, em sua maioria, do epitélio folicular da tireoide (exceto o carcinoma medular, que é derivado de células Células parafoliculares), e, destes, a grande maioria consiste em lesões bem diferenciadas. CLASSIFICAÇÃO DOS SUBGRUPOS DE CÂNCER PAPILÍFERO Os principais subtipos de carcinoma da tireoide são: ▪ Carcinoma papilífero de tireoide (CPT), incluindo o CPT “convencional” e a “variante folicular encapsulada” (80 a 85% dos casos). Essa categoria inclui a lesão recém-descrita conhecida como “neoplasia folicular da tireoide não invasiva com características nucleares de tipo papilífero”, uma neoplasia de baixo grau com risco de recorrência tão mínimo que o termo “carcinoma” foi retirado de seu nome; ▪ Carcinoma folicular (10 a 15% dos casos); ▪ Carcinoma pouco diferenciado e anaplásico (indiferenciado) (< 5% dos casos); ▪ Carcinoma medular (5% dos casos). FATORES AMBIENTAIS o Radiação ionizante: o principal fator de risco que predispõe ao câncer de tireoide é a exposição à radiação ionizante, sobretudo durante as primeiras duas décadas de vida. É interessante assinalar que os CPT induzidos por radiação apresentam uma maior frequência de rearranjos cromossômicos que produzem fusões gênicas, possivelmente devido à capacidade da radiação ionizante de induzir quebras de DNA de fita dupla. o A deficiência de iodo na dieta: (e, por extensão, a ocorrência de bócio) está associada a uma maior frequência de lesões foliculares. Fisiopatologia e etiopatogenia Existe algo chamada “patogênese em múltiplas etapas” a partir de lesões precursoras, ou seja, precisam ocorrer eventos para que se chegue ao carcinoma. Foram reconhecidas as seguintes três relações com lesões precursoras: ▪ O microcarcinoma papilífero como precursor do CPT convencional ▪ A neoplasia não invasiva da tireoide com características nucleares de tipo papilífero como precursora da variante folicular encapsulada invasiva do CPT ▪ Adenoma folicular não funcionante como precursor do carcinoma folicular. Além disso, aceita-se agora que a maioria dos carcinomas pouco diferenciados e anaplásicos (indiferenciados) surge a partir do CPT bem diferenciado ou de carcinomas foliculares por meio da aquisição de mutações adicionais. Essas neoplasias agressivas e os carcinomas medulares da tireoide constituem as principais causas de mortalidade por câncer de tireoide. MUTAÇÕES GENÉTICAS (CONDUTORAS): São encontrados conjuntos distintos de mutações condutoras em genes de câncer nas quatro principais variantes histológicas de câncer de tireoide, com alterações genéticas tanto exclusivas quanto compartilhadas entre os subtipos histológicos, onde a maioria envolve componentes da via do receptor de tirosinoquinase (RTK), que, como podemos lembrar, costuma estar mutado em diversos tipos de câncer. a) Carcinomas papilíferos de tireoide convencionais (CPT): apresentam translocações do RET e NTRK1, e mutações pontuais em BRAF. a. Fusão do gene RET: está localizado no cromossomo 10q11 e codifica um RTK, que em situação normal não está expresso nos folículos. À semelhança de muitos outros RTK implicadosno câncer, os rearranjos no CPT envolvendo o RET criam genes de fusão que codificam formas constitutivamente ativas de RET tirosinoquinase, ou seja, é como se o RET se fundi com outros genes e ganha a mesma função do RTK. Existem mais de 15 genes que fazem essa fusão com o RET, dois são o PTC1 e PTC2, mais comumente observados em cânceres papilíferos esporádicos. b. Inversões paracêntricas ou translocações de NTRK1: outro gene que codifica um receptor de tirosinoquinase no cromossomo 1q21. c. Ganho de função do BRAF (BRAFV600E): 50% a 80% da causa do CPT, com uma mudança da valina para o glutamato no códon 600. Esse gene codifica uma serina/treonina quinase situada downstream do receptor de tirosinoquinase em vias de sinalização de fatores de crescimento. Em um subtipo de CPT convencional, conhecido como “variante de células altas”, as mutações BRAF são virtualmente um sine qua non diagnóstico. A presença dessa mutação pode estar associada a um maior risco de extensão extratireoidiana e recorrência. b) Neoplasias foliculares: geralmente estão associadas a mutações de ganho de função em RAS. a. Ganho de função de RAS: as neoplasias com mutações de RAS conservam a expressão de fatores de diferenciação da tireoide (ex., tireoglobulina, tireoide peroxidase), que podem contribuir para o seu padrão de crescimento folicular. b. Translocação com fusão do PAX8 com PPARG: cria um gene de fusão composto de porções de PAX8, um gene homeobox pareado que é importante no desenvolvimento da tireoide, e o gene do receptor ativado do proliferador dos peroxissomos (PPARG), que codifica um receptor de hormônio nuclear implicado na diferenciação terminal dos tireócitos. c. Ganho de função de PIK3CA: é um gene que codifica a fosfoinositídeo 3-quinase [PI3K]). d. Perda de função do PTEN: é um gene supressor de tumor e regulador negativo dessa via. c) Carcinomas poucos diferenciados e anaplásicos (indiferentes): altamente agressivas e letais podem surgir de novo ou, com muito mais frequência, por “desdiferenciação” de um carcinoma papilífero ou folicular da tireoide três “eventos” genéticos recorrentes a. Mutações pontuais de TP53, Betacatenina (CTNNB1) e TERT (codifica o componente catalítico da enzima telomerase): estão essencialmente restritos aos carcinomas pouco diferenciados e anaplásicos e provavelmente desempenham funções centrais na sua gênese e comportamento agressivo. d) Carcinomas medulares da tireoide: Os carcinomas medulares de tireoide familiares ocorrem na neoplasia endócrina múltipla tipo 2 (MEN-2) e estão associados a mutações de linhagem germinativa de RET, que levam à ativação constitutiva do receptor. As mutações de RET também são observadas em cerca da metade dos cânceres medulares de tireoide não familiares (esporádicos). Carcinomas papilíferos: Podem ser solitários ou multifocais. Algumas neoplasias são bem circunscritas, enquanto outras infiltram o parênquima adjacente e apresentam margens mal definidas. Podem conter áreas de fibrose e calcificação e, com frequência, são císticas. O microcarcinoma papilífero é definido como um carcinoma papilífero convencional nos demais aspectos, porém com menos de 1 cm de tamanho. Conforme assinalado anteriormente, são considerados como supostas lesões precursoras de carcinomas papilíferos mais típicos. ▪ As características microscópicas fundamentais das neoplasias papilíferas incluem as seguintes: a) Papilas ramificadas com uma haste fibrovascular coberta por uma única camada a múltiplas camadas de células epiteliais cuboides. b) Núcleos com cromatina finamente dispersa e aparência clara ou vazia, dando origem à designação de núcleos de vidro fosco ou do olho da órfã Annie. Além disso, as invaginações da membrana nuclear podem conferir a aparência de inclusões nucleares (“pseudoinclusões”) ou sulcos. O diagnóstico de carcinoma papilífero pode ser estabelecido com base nessas características nucleares, mesmo na ausência de arquitetura papilar c) Estruturas concentricamente calcificadas, denominadas corpos de psamoma, costumam estar presentes, em geral nos cernes das papilas. d) Com frequência, há focos de invasão linfática pela neoplasia, porém o comprometimento dos vasos sanguíneos é incomum, sobretudo nas lesões menores. Em até metade dos casos, ocorrem metástases para os linfonodos cervicais adjacentes. Variantes: ▪ Uma variante esclerosante difusa incomum de carcinoma papilífero ocorre em indivíduos mais jovens, incluindo crianças. O tumor apresenta um padrão de crescimento papilífero proeminente, misturado com áreas sólidas que contêm ninhos de metaplasia escamosa. Como o próprio nome sugere, há fibrose difusa e extensa por toda a glândula tireoide, frequentemente associada a um infiltrado linfocítico proeminente, simulando a tireoidite de Hashimoto. Observa-se a presença de metástases para linfonodos em quase todos os casos. ▪ A variante folicular do CPT apresenta as características nucleares típicas do carcinoma papilífero e uma arquitetura quase totalmente folicular. Conforme mencionado anteriormente, as análises genéticas mostraram que as variantes foliculares encapsuladas de CPT abrigam anormalidades moleculares distintas dos CPT convencionais. Conforme já discutido, as variantes foliculares encapsuladas do câncer papilífero de tireoide sem invasão capsular são designadas como carcinoma de tireoide folicular não invasivo com características nucleares do tipo papilífero e apresentam um risco muito baixo de recorrência ou de metástase, enquanto os tumores invasivos são referidos como variante folicular encapsulada invasiva de carcinoma papilífero da tireoide. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Manifesta-se como nódulos assintomáticos da tireoide, porém a primeira manifestação pode consistir em uma massa em um linfonodo cervical. Curiosamente, a presença de metástases isoladas em linfonodos cervicais não tem impacto significativo sobre o prognóstico, que costuma ser satisfatório. A maioria dos carcinomas consiste em nódulos solitários, que se movem livremente com a glândula tireoide durante a deglutição e que não se distinguem, ao exame, de nódulos benignos. A rouquidão, a disfagia, a tosse ou a dispneia sugerem uma doença avançada. Em uma minoria de pacientes, verifica-se a presença de metástases hematogênicas por ocasião do diagnóstico, mais comumente no pulmão. Carcinomas foliculares: ▪ São nódulos isolados, que podem ser bem circunscritos ou amplamente infiltrativo. ▪ As lesões maiores podem penetrar na cápsula e infiltrar-se na área adjacente no pescoço. ▪ Essas lesões são de cor cinza, castanha ou rosa em corte e podem ser translúcidas, devido à presença de grandes folículos preenchidos de coloide. Pode haver alterações degenerativas, como fibrose central e focos de calcificação. ▪ São compostos, em sua maioria, de células bastante uniformes, que formam pequenos folículos contendo coloide, lembrando a tireoide normal. Em outros casos, a diferenciação folicular pode ser menos aparente, e pode haver ninhos ou lâminas de células sem coloide. ▪ Alguns tumores são dominados por células com citoplasma eosinofílico granular abundante (variante de células de Hürthle ou oncocítica do carcinoma folicular). Qualquer que seja o padrão, os núcleos carecem das características típicas do carcinoma papilífero e não se observa a presença de corpos de psamoma. ▪ Não há nenhuma diferença citológica confiável entre os adenomas foliculares e os carcinomas foliculares minimamente invasivos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Manifestam-se como nódulos indolores que aumentam lentamente. Com mais frequência, trata-se de nódulos frios na cintilografia, embora lesões raras e mais bem diferenciadas possam ser hiperfuncionantes e captar iodo radioativo, aparecendo quentes na cintilografia. Como os carcinomas foliculares têm pouca propensão a invadir os vasos linfáticos, os linfonodos regionais normalmentenão são afetados, enquanto a disseminação vascular (hematogênica) é comum, com metástases para o osso, os pulmões, o fígado e outros locais. Com frequência, o carcinoma folicular amplamente invasivo apresenta metástases sistêmicas. Carcinomas pouco diferenciados e anaplásicos (indiferenciados) ▪ São compostos de células com diferenciação folicular mínima, dispostas em padrões de crescimento insular ou trabecular; com frequência, ocorrem necrose intratumoral e mitoses frequentes ▪ Os carcinomas anaplásicos demonstram uma morfologia variável, como: a) Células gigantes pleomórficas, incluindo células gigantes multinucleadas ocasionais semelhantes a osteoclastos; b) Células fusiformes com aparência sarcomatosa c) Células fusiformes e gigantes misturadas. Manifestações clínicas Apresentam-se como massas volumosas e de rápido aumento no pescoço. Na maioria dos casos, a doença já se disseminou além da tireoide e penetrou em estruturas adjacentes do pescoço ou metastizou para os pulmões por ocasião da apresentação. É comum haver sintomas relacionados com a compressão e a invasão de estruturas adjacentes, como dispneia, disfagia, rouquidão e tosse. Os carcinomas anaplásicos da tireoide constituem um dos cânceres mais agressivos conhecidos; na maioria dos casos, a morte ocorre em menos de 1 ano. Carcinomas medulares Os carcinomas medulares da tireoide são neoplasias neuroendócrinas derivadas das células parafoliculares (células C). Representam cerca de 5% das neoplasias da tireoide. o Fisiopatologia - À semelhança das células C normais, os carcinomas medulares secretam calcitonina, cuja medição desempenha um importante papel no diagnóstico e no acompanhamento pós-operatório dos pacientes. A calcitonina é um regulador do metabolismo do cálcio. Costuma ser produzida em resposta à hipercalcemia e produz redução dos níveis séricos de cálcio ao inibir a atividade dos osteoclastos e a reabsorção tubular renal de cálcio. Em alguns casos, as células neoplásicas elaboram outros hormônios polipeptídicos, como a serotonina, o ACTH e o peptídeo intestinal vasoativo (VIP). Morfologia ▪ Manifestam-se como nódulos solitários. Em contrapartida, a bilateralidade e a multicentricidade são comuns nos casos familiares. ▪ As lesões maiores contêm áreas de necrose e hemorragia e podem estender-se através da cápsula da tireoide. ▪ As neoplasias são firmes, pálidas, de cor cinza a castanha e infiltrativas. Pode haver focos de hemorragia e necrose nas lesões maiores. ▪ No exame microscópico, os carcinomas medulares são compostos de células poligonais a fusiformes, que podem formar ninhos, trabéculas e até mesmo folículos. ▪ Em alguns tumores, observa-se a presença de pequenas células mais anaplásicas, que podem constituir o tipo celular predominante. Depósitos amiloides derivados de polipeptídeos de calcitonina estão presentes no estroma em muitos casos. ▪ Uma das características dos cânceres medulares familiares é a presença de hiperplasia de célula C multicêntrica no parênquima tireoidiano circundante, uma característica que costuma estar ausente nas lesões esporádicas e que se acredita seja uma lesão precursora nos casos familiares. MANIFESTAÇÕES CLINICAS Presença de massa no pescoço, algumas vezes associada a disfagia ou rouquidão. Em alguns casos, as manifestações iniciais são as de uma síndrome paraneoplásica causada pela secreção de um hormônio peptídico (ex., diarreia devido à secreção de VIP ou síndrome de Cushing devido ao ACTH). De forma notável, a hipocalcemia não constitui uma característica proeminente, apesar da presença de níveis elevados de calcitonina. Além da calcitonina circulante, a secreção de antígeno carcinoembrionário pelas células neoplásicas é um biomarcador útil, particularmente para a avaliação pré-operatória da carga tumoral e em neoplasias negativas para calcitonina. Diagnóstico: Vilar, Lúcio. Endocrinologia Clínica. Disponível em: Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo GEN, 2020. ▪ Avaliação inicial: Quando se detecta um nódulo na tireoide, é fundamental descartar a possibilidade de neoplasia maligna e caracterizar o status funcional e anatômico da glândula. Essa investigação inclui história clínica completa, exame físico cuidadoso, testes de função tireoidiana, exames de imagem e, se necessário, punção aspirativa por agulha fina (PAAF). ▪ História clínica: Apesar de na maioria das vezes não ser sensível ou especifica, existem alguns fatores que interferem no risco para malignidade em TN: → Sexo: apesar de ser 8 vezes mais comum em mulheres, o risco de malignidade no sexo masculino é 2 a 3 vezes maior. → Idade: nódulos em indivíduos com menos de 20 anos e acima de 70 anos de idade apresetam maior risco de serem malignos. → Sintomas locais: sintomas como rápido crescimento do nódulo, rouquidão persistente ou mudança da voz e, mais raramente, disfagia e dor podem indicar invasão tissular local por um tumor. Entretanto, pacientes com câncer de tireoide geralmente evoluem sem sintomas. Lesões benignas mais vascularizadas podem apresentar rápido crescimento e dor em decorrência de hemorragia intranodular, achado mais frequente em neoplasias benignas, como os adenomas. → Doenças associadas: embora os dados sejam controversos existem evidencias de maior prevalência de NT e câncer da tireoide em pacientes com doença de Graves em comparação com a população geral. → Outros fatores: Neste item, incluem-se história familiar de câncer de tireoide ou síndromes hereditárias como neoplasia endócrina múltipla do tipo 2 (MEN-2), síndrome de Cowden, síndrome de Pendred, síndrome de Werner, polipose adenomatosa familiar, bem como radioterapia externa do pescoço durante a infância ou a adolescência. ▪ Exame físico: A avaliação de um paciente com um ou mais NT deve incluir o exame detalhado do pescoço com especial ênfase para as características do nódulo (tamanho, consistência, mobilidade e sensibilidade) e adenopatia cervical. → Sugestivo de malignidade: consistência endurecida, pouco móvel à deglutição e associado à linfadenomegalia regional. → A tireoidite de Hashimoto pode parecer aderente às estruturas locais, e a rara tireoidite de Riedel tem consistência pétrea, além de ser localmente invasiva. → Linfonodos cervicais são encontrados em cerca de 25 a 33% dos pacientes com carcinoma papilífero, mas já foram relatados em igual percentual de pacientes com doenças benignas. Em estudos prospectivos e retrospectivos, as taxas de sensibilidade e especificidade para diagnosticar malignidade tireoidiana por meio da história e do exame físico ficaram em torno de 60 e 80%, respectivamente. ▪ Avaliação laboratorial da função tireoidiana: A dosagem de TSH e tiroxina (T4) livre deve obrigatoriamente fazer parte da avaliação inicial. Onde a maioria dos pacientes com câncer de tireoide se apresentam eutireóidea. O achado de hipertireoidismo em paciente com bócio nodular é um forte indicativo contra o diagnostico de neoplasia maligna. Anticorpos antitireoperoxidase (anti-TPO), em títulos elevados, confirmam o diagnóstico de tireoidite de Hashimoto, mas não descartam a concomitância de uma neoplasia tireoidiana. → A elevação da calcitonina sérica (sCT) é o achado mais característico do carcinoma medular da tireoide (CMT). A mensuração de rotina da sCT em todos os pacientes com NT não selecionados ainda é motivo de debate, principalmente devido à raridade do CMT. Dosagem da sCT é imperativa em pacientes com histórico ou suspeita clínica de CMT familiar ou MEN-2. OBS: Vale a pena salientar que os níveis de calcitonina podem estar aumentados em pacientes com tumores endócrinos de pâncreas e pulmão, insuficiência renal, doença autoimune tireoidiana ou hipergastrinemia. ▪ Avaliação por imagem: Cintilografia A cintilografia com radioiodo ou tecnécio tem pouco valor para distinguir lesões malignas de benignas.A maior parte dos nódulos mostra-se hipocaptante (“frios”) ou normocaptante à cintilografia (> 90%), porém não mais do que 15% dos nódulos “frios” são malignos. Em contrapartida, é excepcional o achado de malignidade em nódulos “quentes” ou hipercaptantes. Devido sua baixa especificidade, a cintilografia deve ser reservada para algumas situações especificas. Onde a principal indicação seria a patologia nodular associada ao hipertireoidismo, para um preciso diagnóstico do adenoma tóxico ou bócio multinodular tóxico. Em caso de nódulo normo ou hipocaptante, deverá ser seguido o protocolo de investigação com PAAF, mesmo quando detectado em pacientes com doença de Graves. Nos casos com diagnóstico citológico de neoplasia folicular ou suspeito de neoplasia folicular, a cintilografia com radioiodo ou tecnécio poderá ser realizada na tentativa de se identificar um adenoma hipercaptante autônomo, o que afastaria a malignidade. Ultrassonografia A US da tireoide é o melhor exame de imagem para a detecção de nódulos, com sensibilidade de aproximadamente 95%, superior a outros métodos mais sofisticados, como a tomografia computadorizada (TC) e a ressonância magnética (RM). ▪ A US torna possível a visualização de nódulos não palpáveis, avalia com precisão as características desses nódulos (volume, número) e diferencia cistos simples, que têm baixo risco de malignidade, de nódulos sólidos ou mistos. A US pode também servir como guia para procedimentos diagnósticos (p. ex., PAAF) e terapêuticos (p. ex., aspiração de cistos, injeção de etanol e terapia com laser), assim como para o monitoramento de crescimento do nódulo. TI-RADS e punção por agulha fina (PAAF): É um elemento essencial na abordagem diagnostica dos pacientes com nódulos tireoidianos suspeitos de malignidade. É indicada após realização de USG tireoidiana e evidencia de características suspeitas. → Para sistematizar a avaliação dos nódulos foi criado em 2017, pelo Colégio Americano de Radiologia, uma classificação dos nódulos tireoidianos de acordo com as características radiológicas e é dada uma pontuação que indica o risco de malignidade gradualmente. Os elementos considerados são: composição, cor, bordas, formato e presença de focos ecogênicos. COMPOSIÇÃO: nódulos com consistência cística e espongiforme em geral estão associados à benignidade, pois cisto significa composição líquida e espongiforme também tem maior tendência a acumular líquido e não há grandes referências de tumores malignos com essa composição, dessa forma, a pontuação é zero. O risco se eleva com nódulos mistos que é formado por componente líquido e sólido pontuando então 1 e, por fim, os nódulos sólidos representam grande risco de malignidade, por isso, maior pontuação: 2 pontos. COR: a cor anecoide representa nódulo com consistência líquida com zero pontos, enquanto isoecogênico tem cor semelhante da tireoide, logo, ganha apenas um ponto. O fato de ser hipoecogênico indica, em geral, malignidade, por isso ganha 2 pontos. BORDAS: bordas suaves, com contornos bem definidos normalmente são os tumores benignos e recebem 0 pontos, porém, invasão ou extensão extratireoidiana representa malignidade na maioria dos casos. Sendo assim, a pontuação varia de 2 a 3 pontos. FORMATO: O formato pode ser mais largo que alto – benignidade – ou pode ser mais alto do que largo que é mais significativo de profundidade e, por isso, malignidade. A pontuação é zero para o primeiro caso e 3 para o segundo. FOCOS ECOGÊNICOS: No caso de coloides espessos e aspecto de “casca de ovo” indicam benignidade recebendo 1 ponto; calcificações grandes são sugestivas de malignidade recebendo 2 pontos e calcificações pequenas são bastante sugestivas de malignidade recebendo então 3 pontos. A vascularização não está contida no TI-RADS, mas não pode ser negligenciada, deve ser avaliada na USG com doppler e as subdivisões são: sem vascularização, central + periférica, periférica, central. O nódulo não vascularizado é considerado na maioria dos casos como benigno, a vascularização periférica também sugere grande possibilidade de ser benigno. A forte suspeita de malignidade está presente dos nódulos com misto de vascularização central e periférica e, principalmente, nos que possuem vascularização central. Referencia artigo: MENDES, Ana Cristina Carneiro et al. Aspectos moleculares do carcinoma papilífero de tireoide. Research, Society and Development, v. 12, n. 2, p. e11812239986-e11812239986, 2023. FONTES, Mário Henrique Giordano et al. Acurácia diagnóstica das classificações de nódulos tireoidianos pela ultrassonografia: um estudo comparativo. 2022. MORAIS, L. DE O. et al. Nódulos tireoidianos – uma abordagem diagnóstica. Revista Eletrônica Acervo Saúde, n. 23, p. e402, 2 maio 2019. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL. Faculdade de Medicina. Programa de Pós- Graduação em Epidemiologia. TelessaúdeRS (TelessaúdeRS-UFRGS). Telecondutas: nódulo de tireoide: versão digital 2022. Porto Alegre: TelessaúdeRS-UFRGS, 4 fev. 2022. Carcinoma papilífero da tireoide. A. Aspecto macroscópico de um carcinoma papilífero com estruturas papilares grosseiramente discerníveis. B. Esse exemplo particular contém papilas bem formadas. C. O grande aumento mostra células com núcleos característicos de aparência vazia, algumas vezes denominados núcleos de “olho da órfã Annie”. D. Células obtidas de um carcinoma papilífero por aspiração com agulha fina. As inclusões nucleares características são visíveis em algumas das células aspiradas. Adenoma folicular da tireoide. (A) Observa-se um nódulo solitário e bem circunscrito nessa amostra macroscópica. (B) A fotomicrografia exibe folículos bem diferenciados que se assemelham aos do parênquima normal da tireoide. Diagnóstico: Composição: Cor: Bordas: Formato: Focos ecogênicos: Vascularização:
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