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Tutela Jurisdicional

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Tutela Jurisdicional 
Brendha Ariadne Cruz 1 
08-03-2023 
Conceitos iniciais 
Hoje, se tem uma ideia de que tutela jurisdicional 
é a proteção que o estado confere àquele que 
tem razão. Pode ser prestada na sentença, mas 
também fora dela (por exemplo, ao dar uma 
liminar). 
A relação entre sentença e tutela consiste no fato 
que geralmente é dada na sentença. 
 
Critérios classificatórios 
O estudo é dividido em três grandes classificações: 
1) Cognição do juiz 
2) Consumação do dano 
3) Conteúdo 
 
QUANTO A COGNIÇÃO DO JUIZ 
Trata-se de “grau de conhecimento” da causa. 
Pode ser: 
• Provisória 
É aquela prestada com base em cognição 
sumária (conhecimento sumario). Toda vez que o 
juiz dá uma tutela com base em conhecimento 
raso da causa, trata-se de uma tutela provisória. 
 
• Definitiva 
É aquela prestada com base em cognição 
exauriente. Há conhecimento mais profundo da 
causa. Mas, lembre-se que não é apenas a 
sentença, há também a decisão interlocutória de 
mérito. 
 
13-03-2023 
QUANTO A CONSUMAÇÃO DO DANO 
• Inibitória 
Trata-se da tutela preventiva, prestada antes da 
consumação do dano. Às vezes, o Estado-Juiz 
protege o direito da parte antes que o dano 
ocorra. 
Por exemplo, houve a aprovação de construção 
de posto de gasolina numa área de preservação 
permanente. O MP ajuíza ação pra evitar que isso 
ocorra. Uma decisão do juiz que determina a 
proibição da construção do posto, sob pena de 
multa. Essa tutela impede a consumação do dano 
(também é provisória, além de inibitória). 
 
• Reparatória 
Àquela prestada após a consumação do dano. 
Por exemplo, hipótese de indenização devido a 
acidente de trânsito. 
Dentro desta tutela, há uma subdivisão: 
- Específica: aquela que recompõe in natura a 
violação. 
- Genérica: aquela prestada in pecúnia (famosa 
conversão em perdas e danos). 
Por exemplo: Imagine que houve uma celebração 
de contato para entrega de escultura até o prazo 
estabelecido. Chegado o prazo, não foi entregue 
a escultura prometida. Configura-se o 
inadimplemento. Houve prejuízos ao autor. Assim, 
surge uma pretensão a ser judicializada. Ao entrar 
com a ação, busca-se uma tutela reparatória. 
Mas, o sistema permite seguir dois caminhos nesta 
ação: a. determinar que entregue a escultura 
prometida (tutela específica); b. condenar a 
devolução dos valores pagos (tutela genérica). 
Questiona-se: 
- Por muito temo, não se admitia tutelas inibitórias, 
havia uma lógica de que para que haja ato ilícito 
deveria deixar que o dano ocorresse. O dispositivo 
do art. 186 era utilizado para corroborar com essa 
visão. A doutrina notou que ato ilícito é uma coisa 
e dano é outro, o dano não é elemento do ato 
ilícito. O dano é uma consequência eventual do 
ano ilícito. Assim, da década de 80 para cá é que 
iniciou a ideia da possibilidade de tutela inibitória. 
- Outro questionamento surge no tocante a tutela 
reparatória, se o sistema prestigia a tutela 
específica ou genérica. 
ÁS vezes, ocorre o inadimplemento absoluto, não 
sendo cabível a tutela específica (ex. do vestido 
de noiva que chega após o casamento). 
Por muito tempo, se predominou a lógica de que 
a obrigação de fazer ou não descumpria, se 
resolvia em perdas e danos(TUTELA GENÉRICA). 
Mas, isso passou a ser questionado. Houve um 
momento em que se questionou a efetividade do 
processo. Assim, começou a prestigiar a tutela 
específica. 
Tutela Jurisdicional 
Brendha Ariadne Cruz 2 
A máxima chiovendiana trata-se da virada de 
chave para que o processo começasse a 
privilegiar a tutela específica – “O processo deve 
dar a quem tem direito tudo aquilo e 
precisamente aquilo que a pessoa teria caso não 
houvesse violação”. 
O CDC trouxe o primeiro respingo disto na nossa 
lei. Ora, consumidor se houver violação de seu 
direito, poderá escolher aquilo que deseja. 
Hoje, o CPC, por força da máxima chiovendiana, 
prestigia a tutela específica. 
 
15-03-2023 
QUANTO AO CONTEÚDO 
Esse critério analisa o conteúdo da tutela. 
• Declaratória: aquela que contém uma 
declaração sobre a existência ou 
inexistência de relação jurídica. O fato 
não pode ser objeto por si só de 
declaração. 
Relação jurídica é toda ligação entre 
pessoas do qual pode-se extrair direitos, 
deveres, ônus e obrigações. 
Ex.: paternidade, união estável. 
A declaratória pode ser negativa ou 
positiva, inexistência de débito. 
Ademais, é possível que haja uma 
sentença puramente declaratória. 
 
• Constitutiva: quando envolve a criação, 
modificação ou extinção de uma relação 
jurídica. 
Por exemplo, a sentença de divórcio 
(extingue o casamento). Sentença de 
revisão de aluguel, etc. 
 
• Condenatória: conforme a teoria quinaria, 
envolve o reconhecimento de um ilícito e 
busca uma reparação pecuniária. 
Quando se busca uma tutela específica, 
encaixa-se nas outras duas classificações. 
Pontes de Miranda levantavam o seguinte 
questionamento: 5 tipos de sentença diferentes. 
Uma coisa é a sentença que condena o individuo 
a pagar danos morais, outra coisa é a sentença 
referente ao mandado de segurança devido 
ilegalidade do concurso público (igual do 
escritório), em que coloca-se a pessoa no cargo. 
A forma de execução das sentenças citadas são 
diferentes. 
Não faz sentido limitar-se a três espécies. Assim, 
surgem mais duas espécies (que buscam 
reparação específica): 
Ex – reintegração de posse, despejo, mandado 
de segurança. 
• Mandamental: reconhece ilícito e busca 
reparação específica, se valendo de 
coerção. Ex. ação do MP para proteger 
meio ambiente, em que julga-se 
procedente e determina que empresa ré 
pare de agredir o meio ambiente, sob 
pena de multa diária. 
 
• Executiva ‘lato sensu’: reconhece ilícito e 
busca reparação específica, se valendo 
de sub-rogação (Estado juiz substitui 
vontade do réu e fazendo a força). Ex. 
despejo e reintegração de posse. 
 
Hoje, quase toda a doutrina reconhece a teoria 
quinaria, haja vista que são cada vez mais comuns 
exemplos dessas duas espécies (por conta do 
surgimento de direitos difusos CDC proteção ao 
idoso, meio ambiente, etc). 
Independente de qual sentença for, o juiz poderá 
usufruir de meios de coerção típicos e atípicos 
(art. 139, IV, CPC). Por exemplo, “pague sob pena 
de suspensão do seu passaporte”. Perdeu a 
relevância discutir essa classificação. 
 
Tutela provisória 
Prestada com base em cognição sumária. 
Do ponto de vista semântico, “liminar” é tudo 
aquilo que é concedido no início do 
procedimento (no limiar do procedimento – 
estágio inicial – antes da oitiva do réu). Isto posto, 
uma tutela provisória pode ser concedida 
liminarmente ou não. 
No CPC, a tutela provisória é gênero, que possui 
duas espécies: urgência e evidência (é tão 
provável que se tenha razão, que é concedida a 
tutela, mesmo que não tenha nada urgente 
ocorrendo). 
A tutela provisória de urgência pode ter natureza 
antecipada ou cautelar. 
 
20-03-2023 
Tutela Jurisdicional 
Brendha Ariadne Cruz 3 
Faz-se necessário estabelecer a distinção entre a 
tutela provisória de urgência antecipada ou 
cautelar. 
Por exemplo, a tutela que concede medicamento 
e a tutela que bloqueia patrimônio. Percebe-se 
que são dois exemplos de tutela provisória de 
urgência. Mas, no primeiro caso, é antecipada, já 
no segundo caso, é cautelar. 
A tutela antecipada já é satisfativa (satisfaz 
provisoriamente a pretensão principal do autor). 
Já há fruição imediata do direito. Existe uma 
correspondência entre o que deseja na sentença 
e o que se obtêm na liminar. 
Já a tutela de urgência cautelar não é satisfativa, 
é apenas assecuratória ou conservativa da 
pretensão principal. Não existe correspondência 
entre o que deseja na sentença e aquilo que se 
consegue por meio da tutela. 
Essa distinção é uma das mais polemicas na 
história recente doprocesso civil. 
Vamos a história: 
O CPC de 73 era dividido estruturalmente em 5 
partes, o livro I tratava do processo de 
conhecimento, livro II tratava do processo e 
execução, o livro III tratava do processo cautelar, 
o livro IV tratava dos procedimentos especiais, a 
parte V não interessa agora. 
Sempre se teve claro que o juiz pratica atividades 
cognitivas (conhecimento – atividade destinada a 
dizer quem tem razão) ou executivas (execução – 
atividade executiva diz respeito a modificar 
mundo dos fatos para satisfazer a pretensão). 
Mas, na década de 70, o legislador notou que 
existem situações urgentes em que é necessário 
um processo destinado a medidas urgentes para 
proteger futuro processo de conhecimento ou de 
execução. Trata-se da ação cautelar. 
A liminar pressupõe atividade executiva dentro de 
um processo de conhecimento. Isso era 
considerado uma aberração jurídica. No CPC de 
73 era necessário que houvesse um procedimento 
especial do livro IV do CPC de 73. 
No CPC de 73, o livro III previa a ação cautelar. 
Após concedida, havia o prazo de 30 dias para o 
autor propor a ação principal. 
Entretanto, se pretendia-se uma tutela antecipada 
nascia o problema. Nestes casos, apenas em 
reintegração de posse havia previsão legal na 
parte de procedimentos especiais para retirar a 
pessoa do local. 
Mas, em situações de medicamentos por 
exemplo, devia ver se estava catalogada como 
procedimento especial para ver se permitia liminar 
antecipada. Mas, era ação comum, ou seja, o 
sistema não permitia a possibilidade de pedir a 
tutela antecipada, deveria esperar a sentença. 
Assim, não havia onde fundamentar tal pedido. 
Mas, como a vida não espera o direito, ajuizava-
se ação cautelar de medicamento ou pedindo 
cirurgia. O juiz sabendo da insuficiência do 
sistema, concedia a tutela cautelar mesmo não 
tendo natureza cautelar e sim satisfativa. 
Embora isso tenha feito sentido (protegido o 
pedido da parte), isso gerou um problema 
processual muito grande. 
Se não ajuizar a ação principal em 30 dias, 
revogava-se a liminar “cautelar”. Mas, o autor não 
precisava mais, sua pretensão já estava satisfeita, 
logo não se ajuizava a pretensão principal. 
Neste cenário, o legislador em 1994 criou um 
dispositivo (art. 273), em que todo e qualquer 
processo pode conceder tutela antecipada se 
presente os requisitos. 
Ocorreu a generalização da tutela antecipada, 
passando a ser utilizada em toda e qualquer 
ação. 
Assim, surge um novo problema: excesso de 
formalismo do juiz no tocante a natureza da tutela. 
Um exemplo claro de dúvidas quanto a natureza 
da tutela trata-se do protesto. Aquele que foi 
protestado diz que não deve o cheque. Entra-se 
com uma ação de inexistência de débito, sendo 
necessário uma liminar para impedir que o nome 
vá para o SERASA. No final das contas, ficava a 
mercê do juiz (alguns achavam que era cautelar, 
outros antecipada). 
O legislador em 2002 e promove mais uma 
mudança no CPC de 73, acrescentando o 
parágrafo sétimo ao art. 273 prevendo a 
chamada fungibilidade das tutelas de urgência 
antecipada e cautelar (se a parte pede uma 
tutela antecipada, presentes os requisitos não 
importa se o juiz achar que é outra cautela, não 
importa o nome). 
 
22-03-2023 
A versão final do CPC, para muitos, restabeleceu 
a necessidade de distinção entre a tutela 
antecipada e a tutela cautelar. 
Tutela Jurisdicional 
Brendha Ariadne Cruz 4 
Tudo conspirava no sentindo de chamar tudo de 
tutela de urgência, mas isso não foi aprovado. 
Com essas ideias iniciais em mente, é possível 
avançar no estudo da temática de forma mais 
eficiente. 
Ainda é útil diferenciar os tipos de tutela de 
urgência. 
 
Tutela provisória de urgência antecipada 
INTRODUÇÃO 
Sabe-se que tutela antecipada é aquela decisão 
baseada em cognição sumária (poucos 
elementos) e é satisfativa. 
É fundamental analisar a relação tempo-
processo: O processo envolve uma sequência de 
atos, aos quais leva-se tempo. Logo, é natural que 
o tempo é inafastável, portanto, pode 
comprometer o direito da parte. 
A tutela antecipada existe para contornar os 
efeitos gerados pelo tempo fisiológico do 
processo (tempo natural do curso deste). 
Ademais, a doutrina diz que a tutela antecipada 
não é um tema meramente infraconstitucional (do 
CPC), e sim encontra fundamento na constituição. 
Isso é extraído de dois princípios, sendo eles: 
a. inafastabilidade da jurisdição – art. 5, inciso 
35,CF (nenhuma ameaça de lesão pode ser 
afastada do judiciário); 
 b. devido processo legal (aquele processo que 
contempla as garantias processuais mínimas 
previstas na CF – juiz natural imparcial, viabiliza 
contraditório e ampla defesa, permite produção 
de provas e preste tutela de maneira adequada e 
tempestiva). 
Feita tais considerações, parte-se ao estudo da 
tutela em questão com base no CPC. 
 
REQUISITOS 
1) Requerimento 
Necessário que haja o requerimento da parte. Em 
regra, o juiz não pode conceder tutela antecipa 
de ofício. 
Mas, existem casos excepcionais na jurisprudência 
em que se admite concessão de tutela 
antecipada ex oficio. Por exemplo: ação de 
alimentos em que não se pediu a tutela. 
Entretanto, a regra geral é: não pode concessão 
de tutela de ofício pelo juiz. 
Isso encontra-se razão numa regra do CPC que 
determina que se o juiz conceder uma tutela 
antecipada, mas no final perceber que o autor 
não tem razão, ele poderá revogar a tutela 
concedida. 
Por exemplo, Bandeirantes ficou sem transmitir 
programa devido a tutela antecipada. Ao final, 
percebe-se que a Globo (autora da ação), não 
tinha razão no processo, revogando-se a tutela. 
Neste caso, a Bandeirantes pode cobrar todos os 
prejuízos sofridos em face da Globo. 
Ora, por conta dessa possibilidade de revogação 
e configuração de responsabilidade civil 
decorrentes do prejuízo da tutela, não pode ser 
concedida de ofício. 
Se o juiz concedeu de ofício, questiona-se a 
possibilidade de cabimento ou não uma 
responsabilidade do Estado por ato do juiz. 
Para resolver tal embate, fundamenta-se a 
necessidade de requerimento da parte. 
Ademais, no tocante ao requerimento da parte, a 
legitimidade para requerer é do autor e também 
do réu. 
Nos casos em que o réu formula pretensão, como 
na reconvenção, pode pedir tutela antecipada. 
Pode ocorrer também no pedido contraposto 
(ocorre no juizado) e ação dúplice (aquela em 
que a mera defesa do réu – contestação, já 
equivale a uma pretensão – ex. ação possessória). 
Fora dessas hipóteses, por muito tempo a doutrina 
entendeu pela impossibilidade de pedir tutela. 
Mas, hoje há entendimentos de que pode pedir a 
tutela, mesmo fora das hipóteses (ex. réu numa 
ação de cobrança de dívida, diz que não deve e 
pede liminar para retirar nome do Serasa). 
 
2) Probabilidade do direito 
Deve ser analisada em duas perspectivas 
(devendo as duas estarem presentes): 
a. Probabilidade fática (probatória): 
os fatos parecem verdadeiros ou 
não, análise dos documentos; 
Tutela Jurisdicional 
Brendha Ariadne Cruz 5 
b. Probabilidade jurídica: existe real 
chance desse autor ganhar a ação 
(análise de lei e jurisprudência). 
 
3) Risco de dano 
Trata-se do perigo da demora (periculum in mora). 
Não se pode esperar até o final do processo, é 
urgente. 
O CPC de 73 usava a expressão “risco de dano 
irreparável ou de difícil reparação”. Já o CPC 15 
apenas traz “risco de dano”. 
A lógica é de analisar que se não conceder agora 
a tutela, não poderá usufruir da tutela específica 
(no final do processo). 
Assim, mesmo que o dano seja reparável, isso não 
importa já que do ponto de vista patrimonial tudo 
é reparável. Portanto, somente importa o risco de 
dano. 
 
27-03-2023 
4) Reversibilidade do provimento 
Não faria sentido se a decisão de tutela não 
pudesse depois ser revertida.Para que seja 
possível contraditório e devido processo legal, 
pode-se dar a liminar, desde que essa possa ser 
objeto de reversão. 
Por exemplo, uma liminar para demolir um prédio 
histórico, não há como reverter no plano dos fatos. 
Essa reversibilidade é no mundo dos fatos (fática). 
No plano jurídico, tudo é reversível, basta dar uma 
decisão contrária. 
A regra do CPC é de não conceder tutela se 
houver risco de irreversibilidade. Entretanto, 
existem casos na jurisprudência, que embora 
mostre-se irreversível no caso em tela, há situações 
em que se admite a flexibilização dessa regra. 
Esses casos são chamados de casos em que há 
uma irreversibilidade recíproca. Por exemplo, ao 
conceder uma cirurgia é irreversível, mas se negar, 
ao final do processo a pessoa pode ter morrido, 
sendo também irreversível. 
O juiz pode a qualquer momento revogar a tutela 
antecipada. Existe uma discussão sobre essa 
expressão “a qualquer tempo”. Uma parte da 
doutrina entende que essa expressão não permite 
revogação arbitrária e discricionária, é preciso 
que haja elemento novo no processo. 
 
MOMENTO PARA REQUERIMENTO E CONCESSÃO 
a) Petição inicial: o requerimento pode ser 
feito na petição inicial. O juiz olhará o 
pedido de tutela, podendo antes mesmo 
de citar o réu conceder tutela antecipada. 
Neste momento, a tutela pode ser 
chamada de liminar (porque ocorreu 
antes do réu se manifestar). 
Isso não viola o contraditório, haja vista 
que o réu terá seu contraditório, que será 
postergado (diferido). Ademais, a liminar é 
reversível, neste caso. 
Para não violar a CF, e recomendável que 
o juiz ouça o réu. 
Pode se valer de Audiência de justificação 
prévia – destinada a se convencer da 
presença dos requisitos para a tutela. Por 
exemplo, um caos q não se tem prova 
documental, se deve provar a tutela por 
prova testemunhal. 
 
b) Durante o procedimento: pode ser 
requerida e concedida ao longo do 
procedimento, após a contestação do 
réu. O juiz terá mais elementos para 
conceder a tutela. 
 
c) Na sentença: o juiz julga procedente ação 
e concede tutela ao autor. A razão disso 
existir é devido a distorção do sistema 
brasileiro. 
 
Mesmo que se possa recorrer da decisão 
da tutela, essa tem eficácia imediata, 
mesmo que ainda haja recurso, já que o 
agravo de instrumento não tem efeito 
suspensivo. 
Mas, a apelação tem efeito suspensivo. 
Quando o juiz da uma sentença, NÃO TEM 
EFICÁCIA IMEDIATA, já que a apelação 
suspende. 
Logo, no Brasil, acaba tendo mais força 
uma decisão liminar baseada em 
cognição primaria já que tem eficácia 
imediata, do que uma sentença baseada 
em conhecimento profundo da causa, já 
que a apelação suspende a sentença. 
As saídas para resolver o problema: basta 
a lei ser alterada para que a apelação da 
sentença não tenha efeito suspensivo (por 
ex. isso ocorre na sentença de alimentos) 
ou toda vez eu o juiz confirma a liminar que 
havia dado, isso tira o efeito suspensivo da 
apelação – a sentença já irá valer. 
Mas, se o juiz não deu liminar, na sentença 
pode conceder tutela antecipada, assim 
Tutela Jurisdicional 
Brendha Ariadne Cruz 6 
retirando o efeito suspensivo da apelação 
do réu (confere eficácia imediata a 
sentença). 
Assim, pode conceder tutela na sentença 
para que essa tenha eficácia imediata, 
retirando o efeito suspensivo da apelação. 
Na ação de alimentos, o próprio CPC 
excepciona. 
 
29-03-2023 
d) Recurso: em grau recursal, é possível 
requerer e conceder tutela antecipada. 
Pense no exemplo que eu, como 
advogada da Toledo, a Zelly diz que o MP 
pediu uma liminar para interditar o prédio. 
Juiz concede a liminar. Diante disso, pode-
se interpor recurso de agravo de 
instrumento com pedido liminar 
(reestabelecer as aulas – suspendendo 
decisão de primeiro grau). Isso chama-se 
tutela antecipada recursal (trata-se do 
efeito suspensivo). 
A tutela antecipada pode ser concedida a 
qualquer momento do procedimento, quebrando-
se o dogma a respeito da tutela antecipada só 
fazer sentido se ocorrer no começo do processo. 
 
TUTELA ANTECIPADA ANTECEDENTE 
Questiona-se: em situação de extrema urgência, 
seria ou não possível o requerimento e 
concedimento da tutela antes mesmo da petição 
inicial. Neste contexto, surge a tutela antecipada 
antecedente. 
 
Antes do novo código, entrava-se com a ação 
cautelar. Em 30 dias, entrava com a ação 
principal. Assim, sempre houve no sistema uma 
cautelar preparatória para depois ajuizar ação 
principal. 
Mas se o desejo era algo satisfativo, por exemplo, 
o da cirurgia (precisa-se de uma tutela 
antecipada satisfativa) – neste caso, até 2016, a 
lei não havia mecanismo. Outro exemplo, uma da 
tarde que uma empresa vai despejar dejetos no 
rio. Como a pretensão é satisfativa, o sistema não 
dava a possibilidade de tutela preparatória. N 
máximo poderia, propor ação com o pedido de 
liminar, porém isso veria horas que via de regra, o 
advogado não possuía. 
Diante dessa lacuna muitos passaram a ajuizar 
ação cautelar. 
O que faltava no CPC, era prever a possibilidade 
de tutela antecipada preparatória. Essa petição 
ganhou o nome de tutela antecipada 
antecedente. 
Obs.: 
1. Não confunda a palavra antecedente 
com a palavra antecipada. A palavra 
antecipada lê-se satisfativa (não tem a ver 
com tempo). Já antecedente é uma 
medida preparatória. 
Antecipada é oposto de cautelar; 
Antecedente é oposto de Incidental. 
2. Se o pedido da tutela é feito na petição 
inicial, já é uma tutela incidental. A 
antecedente apenas ocorre na hipótese 
de extrema urgência (antecede a própria 
petição inicial). 
Prevista no artigo 303 – tutela antecipada 
antecedente – antecede a própria petição inicial 
completa. 
Art. 303. Nos casos em que a urgência for 
contemporânea à propositura da ação, a petição 
inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela 
antecipada e à indicação do pedido de tutela 
final, com a exposição da lide, do direito que se 
busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao 
resultado útil do processo. 
Nestes casos, faz-se uma petição de três laudas 
apenas para discutir a tutela. 
Para todos os efeitos, a propositura da ação se dá 
com essa petiçãozinha, deve constar valor da 
causa, recolhimento e custas e é requisito 
segundo CPC, o autor que se vale disso deve dizer 
expressamente que informa-se que trata-se de 
petição do art 303. 
Apenas uma noção: o CC diz que se você se valeu 
de uma tutela antecipada antecedente, se o juiz 
concedeu, deve-se intimar o autor para que o 
autor possa em 15 dias aditar a petição inicial (o 
aditamento é isento de custas, jã que recolheu-se 
custas na primeira petição). 
Por fim, se o juiz não conceder tutela de imediato, 
intima-se o autor para emendar a P.I. em prazo de 
5 dias (trazer o restante da história, complementar 
os elementos) 
Tutela Jurisdicional 
Brendha Ariadne Cruz 7 
 ↳ polemica se deveria depois abrir mais 15 
dias ou não; se essa emenda já é o complemento 
com a inicial completa (entendimento particular 
do Daniel) ou se é um prazo para complementar 
com mais uma mini petição, só os requisitos da 
tutela, e depois abre de novo mais um prazo de 15 
dias para complementar tudo. 
 
03-04-2023 
 Da estabilização da tutela antecipada 
antecedente (art 304, CPC) 
O legislador disse assim: “o autor pode fazer essa 
petição resumida em caso de extrema urgente, se 
ele se valeu disso e o juiz concedeu a liminar e o 
réu não recorreu disso, é possível a extinção do 
processo, estabilizando a liminar concedida”. 
É uma forma de se possibilitar a extinção do 
processo no início, sem sentença de cognição 
profunda, já que não vale a pena continuar 
porque a liminar concedida já resolveu o 
problema. 
Para isso, deve-se cumprir três requisitos, sendo 
eles: 
a. O autor requereu uma tutela antecipadana forma antecedente; 
b. O juiz concedeu a tutela antecipada 
antecedente; 
c. O réu não interpôs o respectivo recurso. 
No tocante a análise descritiva: 
Art. 304. A tutela antecipada, concedida nos 
termos do art. 303, torna-se estável se da 
decisão que a conceder não for interposto o 
respectivo recurso. 
Se protocolou ação inteira (p.i. completa), não há 
campo para estabilização. 
Será extinto sem cognição exauriente (profundo) 
da causa. 
Essa decisão do juiz que atendeu o pedido liminar, 
é provisória. Logo, não faz coisa julgada, podendo 
no prazo de 2 anos reabrir a discussão. Em muitos 
casos, isso não vai acontecer porque a ideia do 
mecanismo é ser aplicado em situações que não 
se deseja rediscutir. 
No tocante às questões polêmicas: 
Como conciliar art. 303 parágrafo segundo e art. 
304 parágrafo primeiro → pelo cpc, 
aparentemente os prazos seriam concomitantes, 
mas se duas partes omitirem, juiz ficará perdido. 
Há quem solucione o problema dando prazo 
maior para o autor aditar a p.i. 
Outros, pensam que os prazos são sucessivos. 
Primeiro, o do réu e depois do autor (Faz mais 
sentido assim abrir prazo para o réu agravar e 
posteriormente, o prazo de aditamento do autor). 
O autor já vai saber se o réu agravou ou não, se 
não agravou terá direito a estabilização, mas se 
agravou terá que aditar. 
 
Outra questão trata-se do seguinte 
questionamento: somente o agravo de 
instrumento interposto pelo réu que impede a 
estabilização. O CPC fala no art. 304 que haverá 
a estabilização se o réu não interpor o “respectivo 
recurso”. Ora, dessa decisão cabe agravo. Mas, 
começou a questionar que não é apenas este 
recurso, ou seja, qualquer manifestação do réu no 
sentido de continuar o processo(inconformismo) já 
seria suficiente para afastar a estabilização. 
Em 2019, um precedente do STJ decidiu que é 
qualquer manifestação do réu. Em 2020, outro 
precedente do STJ decidiu que é somente o 
agravo. 
 
A última questão trata-se da relevância ou não da 
vontade do autor em estabilizar. 
Embora no CPC pareça falar que a vontade é 
exclusiva do réu, a doutrina diz que a vontade do 
autor é relevante. Logo, o autor pode se opor a 
estabilização. 
O autor também tem o direito de ter uma 
sentença com cognição exauriente, não se 
aplicando o instituto, logo aditará a inicial mesmo 
podendo ter a liminar estabilizada. 
 
05-04-2023 
Outra polêmica: É possível a estabilização da 
tutela cautelar antecedente? Imagine que o juiz 
concede essa tutela e o réu não agrava, pode o 
magistrado estabilizá-la e extinguir o processo? 
Não, pois o legislador não permitiu a estabilização 
neste tipo de tutela, por uma questão de natureza 
e não de opção legislativa. Nota-se que não faz 
sentido estabilizar uma tutela que não é 
satisfazível. 
Em algumas situações não é possível verificar qual 
tipo de tutela em que o autor está pleiteando, são 
zonas cinzentas (como nome ir para o SERASA), de 
Tutela Jurisdicional 
Brendha Ariadne Cruz 8 
modo que, caso o juiz vier a conceder e o réu não 
agrava, teremos que ressuscitar a discussão do 
que é tutela cautelar e qual é antecipada. 
Voltando a discussão da estabilização da tutela 
cautelar antecedente, mesmo que o réu não 
agrave, não se estabiliza e o autor vai ter que 
aditar a p.i e o processo irá seguir. 
↳ EM RESUMO: Somente está sujeita à estabilização 
a tutela provisória de urgência antecipada 
antecedente. 
 
A decisão que estabiliza a tutela antecipada 
antecedente, faz coisa julgada? No artigo 304, §6º 
do CPP o legislador tenta resolver este problema, 
mas não resolve totalmente. Ele determina que a 
decisão não faz coisa julgada, tanto que pode ser 
revista em ação própria no prazo de 2 anos por 
parte do autor ou por parte do réu. Contudo o 
CPC não fala o que ocorre se passado o prazo de 
2 anos, mas mesmo assim passado esse prazo não 
poderá mais mudar, ocorrendo uma “super-
estabilização”, independente de se adotar a 
expressão “coisa julgada”. Importante salientar 
que existe uma outra corrente que alega que 
mesmo que tenha passado 2 anos, em nenhum 
momento houve uma declaração sobre a 
existência ou não do direito do autor, assim 
mesmo transcorrido o lapso temporal, por essa 
tutela ser superficial ela não pode tornar imutável. 
No exemplo da negativação do SERESA, imagine 
que o autor entra (determina) uma tutela 
antecipada antecedente, por essa última 
corrente mesmo passado os dois anos, pode 
discutir se há débito ou não, somente não poderá 
recolocar ou discutir sobre o nome do indivíduo ir 
para o SERASA, pois isso já está estabilizado. 
 
Tutela cautelar 
É uma tutela provisória baseada na urgência, que 
não tenha natureza satisfazível. 
EXEMPLO: arresto (bloqueio de bens). 
O legislador tenta em vários momentos tratar as 
tutelas antecipada e cautelar de maneira 
conjunta. 
REQUISITOS 
Precisa de requerimento, além de demonstrar 
perigo do dano e probabilidade do direito (os 
mesmos da antecipada). 
Não é requisito da tutela cautelar, todavia, a 
necessidade de reversibilidade do provimento, 
pois é da natureza da cautelar ser reversível. 
A tutela cautelar, assim como a antecipada pode 
ser requerida de duas maneiras diferentes: 
⮩ Antecedente (preparatória) 
⮩ Incidental. 
 
Tutela cautelar antecedente 
A cautelar antecedente ocorre por exemplo em 
uma ação de indenização contra a empresa de 
ônibus pois alguém da família morreu e abre um 
tópico e pede um bloqueio de bens, pois estão 
vendendo toda a frota, esta ação é incidental. 
A antecedente será a p.i resumida (pedido de 
tutela cautelar antecedente que se limita ao 
fumus boni juris e o periculum in mora). Já deverá 
ter valor da causa (valor do pedido principal). E 
depois traz o restante da história. É neste ponto 
que o legislador trata de maneira peculiar, já que 
há um procedimento próprio para a cautelar 
antecedente. Por isso será preciso estudar o 
requerimento de tutela cautelar antecedente 
previsto nos artigos 305 a 310 do CPC 
OBS: sobre a tutela cautelar antecedente: 
↳ Não é uma novidade, o sistema de certo modo 
já permitia ocorrer. 
↳ Até 2016 tinha que propor uma ação cautelar 
pedindo o bloqueio de bens por exemplo e no 
prazo de 30 dias ajuizava uma ação indenizatória 
que é a principal. Hoje não precisa de duas ações, 
faz um requerimento de tutela cautelar 
antecedente, concedida a liminar o autor tem o 
prazo de 30 dias (na antecipada antecedente é 
15 dias) para aditar a p.i e formular o pedido 
principal. 
↳ Na tutela antecipada antecedente o conteúdo 
do aditamento é confirmar a liminar. Na tutela 
cautelar é diferente, no aditamento é feito na 
verdade a formulação de uma pretensão (pedido 
principal) “juiz requeiro que o réu seja condenado 
ao pagamento de mil reais de indenização”, já 
que na p.i resumida pede-se somente o bloqueio 
de bens. 
10-04-2023 
↳ Deverá recolher custas e colocar o valor da 
causa para entrar com a ação de tutela cautelar 
antecedente? 
Tutela Jurisdicional 
Brendha Ariadne Cruz 9 
Deverá colocar valor da causa, referente ao 
pedido principal. Assim, há recolhimento de 
custas. 
 
No tocante ao procedimento: 
 → Será feita a petição do autor (com 
recolhimento de custas). 
→ O réu será citado para apresentar primeira 
contestação no prazo de 5 dias, focada em 
rebater os requisitos da tutela cautelar (rebater o 
pedido cautelar feito). 
→ deferida a liminar (tutela cautelar – determina o 
bloqueio de bens – por exemplo), efetivada a 
medida (por exemplo, anotou o bloqueio na 
matrícula), abre-se o prazo de 30 dias para o autor 
aditar a petição inicial, formulando-se o pedido 
principal (ex. indenização). 
→ Réu será intimado para uma segunda 
contestação no prazo de 15 dias. Mas existe a 
possibilidade de ocorrer antes disso uma 
audiência de citação e conciliação. 
→ Até 2016, entrava-se comuma ação cautelar e 
se concedida a liminar, deveria no prazo de 30 
dias, entrar com a ação principal. Ao unificar esses 
processos (ação cautelar + ação principal – ex 
indenizatória), o legislador teve dúvidas de como 
compatibilizar tudo isso, assim manteve algumas 
etapas do processo cautelar (por exemplo, a ideia 
de duas contestações). 
No tocante ao aprofundamento desse 
procedimento: 
1) PRAZO (termo inicial e natureza) 
No tocante ao prazo de 30 dias da segunda 
contestação (art. 308). 
O termo inicial desse prazo é a efetivação da 
cautelar (concretização no mundo dos fatos). 
Quanto a natureza desse prazo (material ou 
processual) não há unanimidade. A grande 
maioria da doutrina diz que por ser fixado em dias 
e ser prazo processual, contado em dias úteis. 
MAS, até 2016, muitos diziam que aquele prazo de 
30 dias para entrar com ação principal era 
material e deveria ser contado em dias corridos. 
Logo isso gera problemas, porque existem 
resquícios do procedimento antigo. Ora, alguns 
entendem que deve ser contado em dias corridos, 
logo existe até precedente do STJ. 
 
2) OBJETO DE CADA CONTESTAÇÃO 
Na primeira contestação, apresentará a respeito 
da ausência de requisitos (fumus boni juris e 
periculum in mora). 
O indeferimento da tutela cautelar não impede 
que o autor formule pedido principal. Se o juiz 
pode indeferir a cautelar por prescrição do direito, 
parece claro que o réu pode na primeira 
contestação tratar da prescrição (embora 
pareça ser matéria da segunda contestação), 
conforme art. 310. 
- objeto/conteúdo de cada contestação: 
• primeira contestação de 5 dias: ausência 
de fumus boni iuris e periculum in mora, rebate os 
requisitos; além disso, o que o réu pode alegar? 
Poderia alegar prescrição? Ou somente na 
segunda contestação, depois do pedido 
principal? Art 310 permite que o réu alegue 
prescrição/decadência na primeira contestação 
(prescrição do pedido principal mesmo, que 
ainda nem foi pedido) 
• segunda contestação de 15 dias: aqui fala 
da improcedência da ação, rebate todas as teses 
da inicial, contesta normal 
• não preclui o direito se não alegar tudo na 
primeira contestação porque haverá o momento 
de contestar toda a inicial, depois do aditamento 
• no caso de reconvenção, o momento 
para reconvir é na segunda contestação também 
• na primeira, o réu pode se limitar a 
demonstrar a inexistência dos requisitos e 
existência de prescrição ou decadência – fora 
disso, haverá prazo para alegar as outras questões 
materiais 
3) AMPLIAÇÃO DA CAUSA DE PEDIR 
O art. 308, paragrafo segundo, diz que a causa de 
pedir pode ser aditada no momento de 
formulação do pedido principal. O parágrafo 
segundo fala apenas da causa de pedir e não do 
pedido. 
Mas, há quem admita a possibilidade de 
ampliação de causa de pedir, desde que recolha 
custas do valor. 
 
Tutela de evidência 
Prevista no art. 311 do CPC, é uma tutela provisória 
que independe de situação de urgência. Já havia 
Tutela Jurisdicional 
Brendha Ariadne Cruz 10 
previsão no CPC revogado, mas não utilizava-se 
esse nome. 
Baseada em cognição sumária, mas dá a parte o 
que ela deseja, mesmo sem situação de urgência. 
Por exemplo, imagine que eu ajuízo ação contra 
Ana cobrando uma multa contratual devido 
descumprimento do contrato pela Ana. Mas, já 
existe um precedente vinculante dizendo assim: 
no contrato de corretagem, não é devida a multa. 
O juiz pode dar uma sentença de improcedência 
liminar do pedido. 
Mas, se existir um precedente que diz que é 
devida tal multa, o juiz não pode de plano julgar 
procedente, precisa da citação do réu. Mas, 
embora não seja possível a sentença de 
procedência imediata, a lei autoriza que o juiz 
conceda uma liminar (em razão da alta 
probabilidade de procedência da ação devido 
precedente – não é baseado em urgência). 
Ademais, é uma tutela antecipada (é satisfativa). 
 
Precisa de requerimento. Necessário provar fumus 
boni juris, dispensando periculum in mora. 
A lei traz as situações em que é possível a 
concessão da tutela, sendo elas: 
1) Abuso do direito de defesa do réu 
Imagine que a cada decisão do juiz, o réu 
cria incidente protelatório (faz embargos 
sem necessidade). Já que o réu está 
travando o andamento do processo, 
permite-se a tutela de evidência (decisão 
liminar que antecipa o direito do autor). 
2) Baseada em precedente vinculante 
Não se trata de qualquer julgado. Em 
suma, existem situações: recurso especial 
repetitivo, sumula vinculante. 
3) Pedido reipersecutório fundado em 
prova documental adequada do 
contrato de depósito. 
Determina a entrega da coisa 
independentemente de urgência, apenas 
apresentando contrato de depósito. 
Trata-se de liminar na ação de depósito. 
4) Tutela de evidência baseada na defesa 
inconsistente do réu: Petição inicial 
instruída com prova documental e que a 
defesa do réu não oponha duvida 
razoável ao pedido do autor. 
Se você entra com uma ação contra o réu 
e ele apresenta uma contestação fraca e 
inconsistente a ponto de não gerar dúvida 
razoável no juiz. É possível que se conceda 
a tutela de evidência antecipada. 
Na doutrina, já havia quem mesmo no cpc 
revogado, essa possiblidade do réu 
apresentar defesa fraca, sendo espécie de 
abuso de defesa. Já se permitia na 
doutrina, mas o novo CPC colocou uma 
hipótese nova para regulamentar a 
questão. 
 
Quanto a natureza do rol 
Questiona-se a natureza do rol (taxativo ou 
exemplificativo). Cuidado! Existem outras 
hipóteses em que é possível a tutela de evidência. 
Por exemplo, no caso de ação de reintegração 
de posse, em até um ano do esbulho, tem-se 
direito a liminar possessória sem precisar provar 
urgência. 
Mas, a existência de outras hipóteses não significa 
que é possível pedir a tutela em qualquer 
hipótese. 
 
Quanto ao momento 
Não se admite requerimento de tutela de 
evidência antecedente (haja vista eu isso 
pressupõe urgência), apenas a incidental (na 
petição inicial completa ou durante o processo). 
 
Concessão de ofício 
Questiona-se a possibilidade da concessão da 
tutela de ofício. Neste sentido, embora até 
pareça possível, a resposta é que NÃO É POSSÍVEL. 
A tutela de evidência é uma espécie de tutela 
provisória, logo aplica-se o regime das tutelas 
provisórias (necessário requerimento). 
 
Não confunda 
Exemplo em que se pede dano moral e dano 
material, sendo que o réu apenas se defende dos 
danos morais. Neste caos, não se fala de tutela de 
evidência. O Juiz julgará definitivamente a 
questão do dano material que não foi 
impugnado. 
 
Possibilidade de concessão de tutela de 
evidência liminarmente (antes da oitiva do réu) 
Tutela Jurisdicional 
Brendha Ariadne Cruz 11 
Normalmente, a liminar ocorre em situações de 
urgência. Todavia, no caso da tutela de evidência 
não há urgência, assim é uma situação curiosa. 
Em primeiro momento, parece que não faz sentido 
a concessão liminar da tutela. 
Mas, o parágrafo único do art. 311 determina que 
“nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá 
decidir liminarmente”. 
Assim, antes do juiz ouvir o réu, APENAS NESSAS 
HIPÓTESES, pode o juiz conceder a tutela. Mas, 
a doutrina defende a inconstitucionalidade de 
permitir a tutela na hipótese de precedente, 
principalmente. É considerado um absurdo a 
liminar antes de ouvir o réu sem o requisito de 
urgência. 
 
 
 
 
 
	08-03-2023
	Conceitos iniciais

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