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FACULDADE DOM ALBERTO ERICA BATISTA CARDOSO A PEDAGOGIA LÚDICA COMO FERRAMENTA PARA A ATIVIDADE EFETIVA DA ALFABETIZAÇÃO: DESAFIOS E POSSIBILIDADES MIGUELÓPOLIS-SP 2023 FACULDADE DOM ALBERTO ERICA BATISTA CARDOSO A PEDAGOGIA LÚDICA COMO FERRAMENTA PARA A ATIVIDADE EFETIVA DA ALFABETIZAÇÃO: DESAFIOS E POSSIBILIDADES MIGUELÓPOLIS-SP 2023 Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial à obtenção do título de segunda licenciatura em Pedagogia. A PEDAGOGIA LÚDICA COMO FERRAMENTA PARA A ATIVIDADE EFETIVA DA ALFABETIZAÇÃO: DESAFIOS E POSSIBILIDADES Erica Batista Cardoso Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho. Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços). RESUMO No contexto histórico atual, visualizam-se mudanças, novas formas e formas de se relacionar com o conhecimento, e isso também acontece em relação à alfabetização. O presente artigo, analisou por meio de uma revisão bibliográfica com base em livros e artigos, o lúdico como aliado na alfabetização, mais precisamente, seus desafios e possibilidades. A falta de habilidades vitais de alfabetização retém uma pessoa em todas as fases de sua vida. Quebrar o ciclo de analfabetismo e melhorar a autoestima é crucial para mulheres e meninas no mundo em desenvolvimento. Ao permitir que eles se tornem economicamente produtivos e independentes, eles se tornam empoderados e podem assumir o controle de suas vidas. As concepções sobre como as crianças alcançam a alfabetização sofreram profundas mudanças nas últimas décadas. Essas concepções consideravam que as crianças deveriam esperar até a idade escolar para serem ensinadas a ler e escrever. O contexto escolar era o único responsável pela alfabetização por meio de atividades de natureza perceptiva ou de uma única relação grafema-fonema. O processo de alfabetização implica na capacidade de compreender e produzir textos, onde o texto é uma unidade de sentido na multiplicidade de linguagens por meio das quais podemos nos expressar. Palavras-chave: Alfabetização; Brincar; Ludicidade; Gamificação. 1. INTRODUÇÃO O presente artigo, analisou por meio de uma revisão bibliográfica com base em livros e artigos, o lúdico como aliado na alfabetização, mais precisamente, seus desafios e possibilidades. Ensinar alfabetização aos alunos significa que eles têm a capacidade de se comunicar de forma clara e eficaz e formar a base da vida moderna. Os alunos que não sabem ler com eficácia não conseguem compreender conceitos importantes, pontuam mal nos testes e, em última análise, não atingem os marcos educacionais. As habilidades de alfabetização permitem que os alunos busquem informações, explorem assuntos em profundidade e obtenham uma compreensão mais profunda do mundo ao seu redor. (MARQUES, 2019) Quando não sabem ler bem, ficam desanimados e frustrados com a escola, o que pode resultar em evasão do ensino médio, baixo desempenho em testes padronizados, aumento da evasão escolar e outras reações negativas, que podem ter repercussões importantes e duradouras. Ao ensinar os alunos a se comunicarem de forma eficaz, você ajuda a criar alunos engajados que aprendem a amar o ato de aprender. É por isso que é tão importante pensar em suas estratégias para ensinar habilidades de alfabetização em sua sala de aula. No contexto histórico atual, visualizam-se mudanças, novas formas e formas de se relacionar com o conhecimento, e isso também acontece em relação à alfabetização. Os debates atuais e as construções teóricas geram transformações importantes não apenas em relação ao conceito, mas também na forma como o processo de construção é vivido (enquanto experiência). Atualmente, as diferentes formas de observar, relacionar-se, interagir com o mundo e tentar conhecê-lo desafiam-nos a criar diferentes estratégias de ensino e aprendizagem. A literacia alarga-se, torna-se múltipla, está ligada à imagem, ao espaço, à capacidade de ligação consigo e com os outros, às emoções e, sobretudo e à partida, ao movimento do corpo como construção de sentido. (OLIVEIRA e QUEIROZ, 2020) O letramento na educação infantil gera um debate polêmico entre teorias que oscilam entre o ensino do código e a abordagem das crianças aos comportamentos de leitura e escrita típicos de um letramento emergente. A abordagem lúdico-corporal, sem excluir o debate, promove o risco de projetar dispositivos lúdico-pedagógicos que lancem a alfabetização com e a partir do corpo. Se por muito tempo a alfabetização foi entendida como "a capacidade de ler e escrever por meio da decodificação de letras" e para as crianças aprenderem o sistema de escrita foram propostos "exercícios de prontidão", hoje, a alfabetização é definida como o processo cognitivo-criativo de compreensão e reelaboração do universo perceptivo-simbólico-imaginativo, produto da cultura de um determinado estágio histórico. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 ALFABETIZAÇÃO COMO PONTO CHAVE DA EDUCAÇÃO SOCIAL A falta de habilidades vitais de alfabetização retém uma pessoa em todas as fases de sua vida. Quando criança, eles não serão capazes de ter sucesso na escola, como um jovem adulto, serão excluídos do mercado de trabalho e, como pais, não poderão apoiar o aprendizado de seus próprios filhos. Esse ciclo intergeracional dificulta a mobilidade social e uma sociedade mais justa. (BRITO; NASCIMENTO e AZEVEDO, 2022) Alfabetizar é o processo pelo qual se adquire o domínio um código e das habilidades de utilizá-lo para ler e escrever, ou seja: o domínio da tecnologia – do conjunto de técnicas – para exercer a arte e ciência da escrita. Ao exercício efetivo e competente da tecnologia da escrita denomina-se Letramento que implica habilidades várias, tais como: capacidade de ler ou escrever para atingir diferentes objetivos. (RECH e DELONZEK, 2015, p12) Pessoas com baixa alfabetização podem não ser capazes de ler um livro ou jornal, entender sinais de trânsito ou etiquetas de preços, entender um horário de ônibus ou trem, preencher um formulário, ler instruções sobre medicamentos ou usar a internet. A alfabetização é mais comumente definida como a capacidade de ler e escrever. As habilidades de alfabetização podem ser o foco nas aulas de artes da linguagem, mas são igualmente necessárias para matemática, ciências, arte, música e qualquer outro trabalho do curso. Os alunos que não conseguem entender o material de um livro didático podem ficar para trás, o que é particularmente problemático em aulas com livros didáticos densos em informações. (VIEIRA-SILVA, 2022) Mas não é tão simples quanto parece. As habilidades de leitura e escrita variam em diferentes culturas e contextos, e estão mudando constantemente. Hoje em dia, a 'leitura' engloba mídias visuais e digitais complexas, bem como material impresso. Uma pessoa idosa que pode ler o jornal pode ter dificuldades para obter informações do Google. Da mesma forma, diferentes culturas terão diferentes percepções de alfabetização. As tradições de escrita da língua inglesa tornam a compreensão da leiturauma parte essencial da alfabetização, mas isso pode não ser tão importante em culturas ou grupos que raramente leem material impresso. (RECH e DELONZEK, 2015) O mesmo vale para a escrita. Hoje em dia, até mesmo as chamadas telefônicas deram lugar a mensagens instantâneas e comunicação baseada em texto, tornando a capacidade de ler ainda mais importante. Mas além do nível funcional, a alfabetização desempenha um papel vital na transformação dos alunos em cidadãos socialmente engajados. Ser capaz de ler e escrever significa ser capaz de acompanhar os eventos atuais, comunicar-se de forma eficaz e entender os problemas que estão moldando nosso mundo. (PEREIRA, 2021) Dissociar alfabetização e letramento é um equívoco porque, no quadro das atuais concepções psicológicas, linguísticas e psicolinguísticas de leitura e escrita, a entrada da criança (e também do adulto analfabeto) no mundo da escrita ocorre simultaneamente por esses dois processos: pela aquisição do sistema convencional de escrita – a alfabetização – e pelo desenvolvimento de habilidades de uso desse sistema em atividades de leitura e escrita, nas práticas sociais que envolvem a língua escrita – o letramento. (RECH e DELONZEK, 2015, p1) O efeito positivo da educação das meninas pode ser visto nos benefícios sociais e econômicos mais amplos gerados para suas comunidades. Aumentar a ênfase na educação das mulheres impacta positivamente em cada geração através do aumento das expectativas e aumento da auto-estima. Melhorar a alfabetização facilita o emprego pelo qual homens e mulheres podem contribuir, ajudando a economia e a comunidade em geral a prosperar. (CARDOSO et al, 2005) Quebrar o ciclo de analfabetismo e melhorar a auto-estima é crucial para mulheres e meninas no mundo em desenvolvimento. Ao permitir que eles se tornem economicamente produtivos e independentes, eles se tornam empoderados e podem assumir o controle de suas vidas. A importância da educação na promoção da autonomia pessoal e habilidades de pensamento crítico e criativo é fundamental para ajudar as meninas a contribuir para suas sociedades. (PEREIRA e FERREIRA, 2022) 2.2 O CONCEITO DE LÚDICO O lúdico é tão importante para o desenvolvimento ideal da criança que foi reconhecido pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos como um direito de todas as crianças. Este direito inato é desafiado por forças que incluem trabalho infantil e práticas de exploração, guerra e violência no bairro, e os recursos limitados disponíveis para crianças que vivem na pobreza. No entanto, mesmo aquelas crianças que têm a sorte de ter recursos abundantes disponíveis e que vivem em relativa paz podem não estar recebendo todos os benefícios das brincadeiras. (VIEIRA-SILVA, 2022) Muitas dessas crianças estão sendo criadas em um estilo cada vez mais apressado e pressionado, o que pode limitar os benefícios protetores que elas obteriam com brincadeiras dirigidas por crianças. Como toda criança merece a oportunidade de desenvolver seu potencial único, os defensores da criança devem considerar todos os fatores que interferem no desenvolvimento ideal e pressionar por circunstâncias que permitam a cada criança colher plenamente as vantagens associadas ao brincar. (TOLEDO, 2022) Nenhum conjunto de diretrizes poderia fazer justiça aos muitos fatores que afetam as brincadeiras das crianças, mesmo que se concentre apenas nas crianças que vivem no Brasil. Essas diretrizes se concentrarão em como as crianças americanas com recursos adequados podem ser limitadas de desfrutar de todos os recursos de desenvolvimento associados ao brincar por causa do estilo de vida apressado de uma família, bem como um foco maior nos fundamentos da preparação acadêmica em vez de uma visão mais ampla da educação. Essas forças que impedem as crianças em situação de pobreza e a classe trabalhadora de se beneficiarem plenamente das brincadeiras merecem atenção plena, até mesmo urgente, e serão abordadas em um documento futuro. (TOLEDO, 2022) Essas diretrizes foram escritas em resposta às múltiplas forças que desafiam o jogo. A premissa primordial é que brincar (ou algum tempo livre disponível no caso de crianças mais velhas e adolescentes) é essencial para o bem-estar cognitivo, físico, social e emocional de crianças e jovens. Embora as diretrizes tenham sido escritas em defesa do brincar, elas não devem ser interpretadas como contrárias a outras forças que competem pelo tempo das crianças. (ROSTIROLA; SIPLE e HENNING, 2022) As oportunidades de enriquecimento acadêmico são vitais para a capacidade de algumas crianças progredirem academicamente, e a participação em atividades organizadas é conhecida por promover o desenvolvimento saudável dos jovens. (DE MATOS, 2022) É essencial que uma ampla variedade de programação permaneça disponível para atender às necessidades das crianças e das famílias. Em vez disso, essas diretrizes exigem a inclusão de brincadeiras à medida que buscamos o equilíbrio na vida das crianças que criará o ambiente de desenvolvimento ideal para preparar nossas crianças para serem academicamente, socialmente e emocionalmente equipadas para nos levar ao futuro. (PEREIRA e FERREIRA, 2022) 2.3 A GAMIFICAÇÃO DAS ATIVIDADES NA EDUCAÇÃO INFANTIL Como professor, um dos objetivos deve ser desenvolver nos alunos o amor pela alfabetização. Tenha em mente que a biblioteca da sala de aula pode se estender à ficção, poesia, fantasia e muitos outros gêneros. Não limite a seleção a materiais educativos. O objetivo da biblioteca é fazer com que as crianças leiam, e não limitar seu conteúdo estritamente ao material relacionado ao currículo atual. Quanto mais material de leitura disponível para eles, maior a probabilidade de eles pegarem algo para se divertir. Além disso, nunca negligencie o valor das revistas. Muitos alunos podem não estar dispostos a pegar um romance completo, mas podem ficar felizes em folhear um ou dois artigos de revista. (VIEIRA-SILVA, 2022) Brincar permite que as crianças usem sua criatividade enquanto desenvolvem sua imaginação, destreza e força física, cognitiva e emocional. Brincar é importante para o desenvolvimento saudável do cérebro. É através da brincadeira que as crianças desde muito cedo se envolvem e interagem com o mundo que as rodeia. Brincar permite que as crianças criem e explorem um mundo que podem dominar, vencendo seus medos enquanto praticam papéis adultos, às vezes em conjunto com outras crianças ou cuidadores adultos. (BRITO; NASCIMENTO e AZEVEDO, 2022) À medida que dominam seu mundo, brincar ajuda as crianças a desenvolver novas competências que levam a uma maior confiança e à resiliência de que precisarão para enfrentar os desafios futuros. As brincadeiras não dirigidas permitem que as crianças aprendam a trabalhar em grupos, a compartilhar, a negociar, a resolver conflitos e a aprender habilidades de autodefesa. Quando se permite que as brincadeiras sejam conduzidas pelas crianças, as crianças praticam habilidades de tomada de decisão, movem-se em seu próprio ritmo, descobrem suas próprias áreas de interesse e, finalmente, envolvem-se plenamente nas paixões que desejam perseguir. (DE MATOS, 2022) Idealmente, grande parte das brincadeiras envolve adultos, mas quando as brincadeiras são controladas por adultos, as crianças aceitam as regras e preocupações dos adultos e perdem alguns dos benefícios que a brincadeira lhes oferece, principalmente no desenvolvimento da criatividade, liderança e habilidades de grupo. Em contraste com o entretenimento passivo, o jogo constrói corpos ativos e saudáveis. De fato, tem sido sugerido que o incentivo a brincadeiras não estruturadas pode ser uma forma excepcional de aumentar os níveis de atividade física em crianças, o que é uma importante estratégia na resolução da epidemia de obesidade. Talvezacima de tudo, brincar seja uma simples alegria que faz parte da infância. (BRITO; NASCIMENTO e AZEVEDO, 2022) [...] a alfabetização é um processo que se inicia muito antes da entrada na escola, nas leituras que o sujeito faz do mundo que o rodeia, através das diferentes formas de interação que estabelece. Se a língua escrita constituise “objeto” de uso social no seu contexto, os atos de leitura e escrita com os quais interage podem levá-lo à elaboração de estruturas de pensamento que lhe permitam compreendê-la e paulatinamente apropriar-se dela. Quando chega à escola, o sujeito vai estar em algum momento desse processo de compreensão. Assim, se vier de um ambiente social alfabetizado, já terá certamente pensado sobre este objeto de conhecimento. Contudo, se vier de um ambiente analfabeto, ignora-o e precisa fazer na escola o caminho que o outro vem fazendo desde o nascimento. (TOLEDO, 2022, p19) A trajetória de desenvolvimento das crianças é mediada criticamente por relacionamentos afetivos apropriados com cuidadores amorosos e consistentes à medida que se relacionam com as crianças por meio de brincadeiras. Quando os pais observam seus filhos brincando ou se juntam a eles em brincadeiras dirigidas pela criança, eles têm uma oportunidade única de ver o mundo do ponto de vista de seu filho enquanto a criança navega em um mundo perfeitamente criado apenas para atender às suas necessidades. (MARQUES, 2019) As interações que ocorrem por meio de brincadeiras dizem às crianças que os pais estão prestando atenção a elas e ajudam a construir relacionamentos duradouros. Os pais que têm a oportunidade de vislumbrar o mundo de seus filhos aprendem a se comunicar de forma mais eficaz com seus filhos e recebem outro ambiente para oferecer orientação gentil e estimulante. Crianças menos verbais podem expressar seus pontos de vista, experiências e até frustrações por meio de brincadeiras, permitindo que seus pais tenham a oportunidade de obter uma compreensão mais completa de sua perspectiva. Muito simplesmente, brincar oferece aos pais uma oportunidade maravilhosa de se envolver totalmente com seus filhos. (RECH e DELONZEK, 2015) O brincar é parte integrante do ambiente acadêmico. Garante que o ambiente escolar atenda ao desenvolvimento social e emocional das crianças, bem como ao seu desenvolvimento cognitivo. Demonstrou-se que ajuda as crianças a se ajustarem ao ambiente escolar e até mesmo a melhorar a prontidão de aprendizagem das crianças, os comportamentos de aprendizagem e as habilidades de resolução de problemas. A aprendizagem socioemocional é mais bem integrada à aprendizagem acadêmica; é preocupante se algumas das forças que aumentam a capacidade de aprendizagem das crianças são elevadas em detrimento de outras. Brincadeiras e momentos não programados que permitem interações entre colegas são componentes importantes da aprendizagem socioemocional. (TOLEDO, 2022) 2.4 O LÚDICO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM E ALFABETIZAÇÃO Os educadores estão repensando como ensinar as crianças a explorar seu enorme potencial de aprendizagem. Brincar é uma das maneiras mais importantes pelas quais as crianças pequenas adquirem conhecimentos e habilidades essenciais. Por esta razão, as oportunidades de brincar e os ambientes que promovem o brincar, a exploração e a aprendizagem prática estão no centro de programas pré-primários eficazes. (MARQUES, 2019) Todo mundo conhece “brincar” quando o vê – nas ruas, nas aldeias, nos playgrounds, nas salas de aula. Pessoas de todas as culturas, origens econômicas e comunidades se envolvem em brincadeiras desde os primeiros anos. No entanto, o jogo pode ser difícil de definir. Pesquisadores e teóricos, no entanto, concordam sobre as principais características das experiências lúdicas, como visto na figura desta página. (TOLEDO, 2022) Um aspecto importante do lúdico é a agência e o controle das crianças sobre a experiência. A agência refere-se à iniciativa das crianças, à tomada de decisões e à auto-escolha na brincadeira. Em última análise, a brincadeira deve envolver algum grau de agência, permitindo que as crianças assumam um papel ativo e apropriam-se de suas experiências, além de reconhecer e confiar que as crianças serão capazes, autônomos e agentes de suas próprias jornadas lúdicas de aprendizagem. (MARQUES, 2019) Quando as crianças escolhem brincar, elas não estão pensando “Agora vou aprender algo com essa atividade”. No entanto, suas brincadeiras criam poderosas oportunidades de aprendizado em todas as áreas de desenvolvimento. O desenvolvimento e a aprendizagem são complexos e holísticos e, no entanto, as habilidades em todos os domínios do desenvolvimento podem ser incentivadas por meio de brincadeiras, incluindo habilidades motoras, cognitivas e sociais e emocionais. De fato, em experiências lúdicas, as crianças exploram uma variedade de habilidades a qualquer momento. (MARQUES, 2019) Muitas vezes, isso ocorre durante o “jogo de canto” ou “tempo central” no contexto da aprendizagem precoce ou programas pré-primários. A brincadeira de canto, quando bem planejada, promove o desenvolvimento infantil e as competências de aprendizagem de forma mais eficaz do que qualquer outra atividade pré-primária. Ao escolher brincar com as coisas que gostam de fazer, as crianças realmente desenvolvem habilidades em todas as áreas de desenvolvimento: intelectual, social, emocional e física. (RECH e DELONZEK, 2015) Por exemplo, enquanto as crianças brincam, elas podem experimentar novas habilidades sociais (por exemplo, compartilhar brinquedos, concordando em como trabalhar em conjunto com os materiais) e muitas vezes assumem algumas tarefas cognitivas desafiadoras (como descobrir como fazer um prédio com blocos menores quando os maiores não estão disponíveis). As crianças são aprendizes “práticos”. Eles adquirem conhecimento por meio da interação lúdica com objetos e pessoas. (VIEIRA-SILVA, 2022) Eles precisam de muita prática com objetos sólidos para entender conceitos abstratos. Por exemplo, ao brincar com blocos geométricos, eles entendem o conceito de que dois quadrados podem formar um retângulo e dois triângulos podem formar um quadrado. (PEREIRA, 2021) A partir da dança de um padrão como um passo à frente, um passo para trás, um giro, bater palmas e repetir, eles começam a entender as características dos padrões que são a base da matemática. Brincadeiras de faz de conta ou 'simbólicas' (como brincar de casinha ou mercado) são especialmente benéficas: nessas brincadeiras, as crianças expressam suas ideias, pensamentos e sentimentos, aprendem a controlar suas emoções, interagem com os outros, resolvem conflitos e adquirem um senso de competência. (PEREIRA e FERREIRA, 2022) Brincar estabelece a base para o desenvolvimento de habilidades e conhecimentos sociais e emocionais críticos. Através da brincadeira, as crianças aprendem a criar conexões com os outros, a compartilhar, negociar e resolver conflitos, bem como aprender habilidades de auto-representação. Brincar também ensina liderança às crianças, bem como habilidades de grupo. Além disso, brincar é uma ferramenta natural que as crianças podem usar para construir sua resiliência e habilidades de enfrentamento, pois aprendem a navegar em relacionamentos e lidar com desafios sociais, bem como conquistar seus medos, por exemplo, por meio da reencenação de heróis de fantasia. (MARQUES, 2019) De modo mais geral, brincar satisfaz uma necessidade humana básica de expressar imaginação, curiosidade e criatividade, que são recursos fundamentais em um mundo orientado pelo conhecimento. Eles nos ajudam a lidar, a encontrar prazer e a usar nossos poderes imaginativos e inovadores. De fato, as habilidades críticas que as crianças adquirem por meio de brincadeiras nos anos pré-escolares fazem parte dos blocos de construçãofundamentais das futuras “habilidades do século XXI” complexas. (VIEIRA-SILVA, 2022) Brincar na educação é controverso. Embora seja amplamente aceito que crianças muito pequenas precisam brincar, à medida que progridem no sistema escolar, o foco se move rapidamente para medir o aprendizado. E apesar do fato de que o brincar é benéfico ao longo da vida , apoiando a criatividade e a felicidade, ainda é visto por muitos na educação como uma perda de tempo https://pdfs.semanticscholar.org/57c1/6f405b49e6fa4e38e1725310902bb870ace8.pdf frívola e não realmente relevante para o aprendizado adequado. (RODRIGUES, 2013) Há uma distinção importante entre brincar como atividade e ludicidade como atitude. Brincar é estar aberto a novas experiências. É sobre imaginar, um espírito de faz-de-conta, explorando possibilidades. (TOLEDO, 2022) As abordagens de aprendizagem lúdica incentivam o desenvolvimento de aprendizes lúdicos não apenas pelo uso de brinquedos e jogos, ou mesmo abordagens de ensino baseadas em brincadeiras, mas também pelo desenvolvimento de valores lúdicos fundamentais. A ludicidade é a chave para criar espaços para o fracasso positivo, algo que o sistema educacional atual ignora, com seu regime implacável de testes de alto risco desde tenra idade. (SOARES, 2010) Muitos professores apreciam plenamente o valor do pensamento lúdico, mas o sistema escolar não facilita o apoio à mudança de mentalidade que a brincadeira gera. Eles são limitados por metas, testes e inspeções. (VIEIRA- SILVA, 2022) Ao brincar, as crianças são capacitadas a aprender em seus próprios termos, em suas próprias maneiras e em seu próprio tempo; essa liberdade é o que distingue o brincar de outras atividades. Brincar permite que as crianças tomem a iniciativa, testem seus limites físicos e mentais e explorem posições de poder e questões sobre o bem e o mal. Na brincadeira, as crianças usam palavras e símbolos para transformar o mundo ao seu redor, criando mundos onde podem agir “como se” em vez de “como é”. O brincar é um contexto prazeroso e altamente motivador no qual as crianças podem explorar possibilidades e resolver problemas que estão além do seu alcance na vida cotidiana. As comunidades da primeira infância que reconhecem o potencial educativo e de desenvolvimento das brincadeiras fazem provisões para uma variedade de tipos diferentes de brincadeiras: exploração lúdica e brincadeira heurística, para que as crianças aprendam sobre as propriedades físicas dos materiais e regras práticas para a resolução de problemas; jogo construtivo, para que inventem novas conexões enquanto desenham e criam com lama, areia, galhos, papelão e blocos; jogo sociodramático, para que possam assumir papéis e práticas culturais, representar suas esperanças, medos e sonhos, testar https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/21594937.2017.1382997 https://www.parliament.uk/business/committees/committees-a-z/commons-select/education-committee/news-parliament-2015/primary-assessment-report-published-16-17/ relações de poder e explorar novas possibilidades com imaginação; jogos de tabuleiro e jogos de palavras, canções e rimas que exigem concentração profunda ou apenas convidam a brincar com a linguagem para tomar posse dela; jogos de coragem e sorte; brincadeiras ao ar livre que exercitam os músculos, pulmões, coração e mente — correr, pular, cavar, balançar, rolar e passear; e gritando e chiando e girando e rodopiando — brincadeira tonta pelo puro prazer de estar no limite e compartilhar a alegria do riso e da vida com os outros. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Embora seja possível pensar em um "ato de domesticação" no organismo projetando uma multiplicidade de exercícios de preparação que favorecem a aquisição de habilidades motoras para a escrita, no corpo essa domesticação não é efetiva. Desde o momento de seu nascimento, a tarefa essencial do homem é conhecer e explicar o mundo ao seu redor e, nesse sentido, falamos de "compreender" o mundo. Mas na própria essência de cada ser humano há também a necessidade de se transformar, de se pronunciar e, nesse sentido, de ser "produtor" de sua própria realidade. O processo de alfabetização implica na capacidade de compreender e produzir textos, onde o texto é uma unidade de sentido na multiplicidade de linguagens por meio das quais podemos nos expressar. Em sua tarefa de conhecer, explicar e transformar o mundo que o cerca, o ser humano constrói hipóteses cognitivas que por sua vez são corroboradas ou descartadas a partir de sua “experiência” e este é um ponto nodal para pensar o processo de alfabetização na educação infantil: O conhecimento se constrói a partir da experiência e se esta for concebida –a partir do que propõe Jorge Larrosa– como “o que nos acontece”. As concepções sobre como as crianças alcançam a alfabetização sofreram profundas mudanças nas últimas décadas. Essas concepções consideravam que as crianças deveriam esperar até a idade escolar para serem ensinadas a ler e escrever. O contexto escolar era o único responsável pela alfabetização por meio de atividades de natureza perceptiva ou de uma única relação grafema-fonema. Nesse sentido, era mais do que esperado que as crianças usassem as formas convencionais de escrita desde o início da escola; ou seja, reconhecer adequadamente as palavras quando lêem e a “escrita” quando deveriam escrever. No entanto, começamos a aprender que as crianças conhecem a linguagem escrita muito antes do que nossas concepções consideravam. 4. REFERÊNCIAS CARDOSO, Antônia Célia Pereira Pinto et al. O lúdico na alfabetização. 2005. DE BRITO, José Andson Aquino; DO NASCIMENTO, Luiz Cosmo Souza; DE AZEVEDO, Gilson Xavier. LUDICIDADE NA ALFABETIZAÇÃO: MAIS QUE JOGOS E BRINCADEIRAS. REEDUC-Revista de Estudos em Educação (2675-4681), v. 8, n. 1, p. 530-555, 2022. DE MATOS, Pâmella Cristina Santos. O lúdico na alfabetização dos anos iniciais. Revista Caparaó, v. 4, n. 1, p. e72-e72, 2022. DE TOLEDO, Marcia Muniz Brilhante. DESAFIOS DA LUDICIDADE NA ALFABETIZAÇÃO PARA PAIS E PROFESSORES. Revista Primeira Evolução, v. 1, n. 30, p. 63-68, 2022. MARQUES, Maria Alice da Conceição. A ludicidade na alfabetização: o lúdico como recurso metodológico estratégico para o processo de aprendizagem. 2019. OLIVEIRA, Lourdes Aparecida; QUEIROZ, Girlene Aparecida de. O LÚDICO NA ALFABETIZAÇÃO. 2020 PEREIRA, Tatiane Rodrigues. Memorial acadêmico alfabetização: um espaço lúdico para a aprendizagem. 2021. PEREIRA, Vera Lúcia Lima; FERREIRA, Bruna Milene. ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO EM UMA PERSPECTIVA LÚDICA NOS ANOS INICIAIS. EDUCAÇÃO E CULTURA EM DEBATE, v. 8, n. 2, p. 46-52, 2022. RECH, Caroline; DELONZEK, Denise. A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA ALFABETIZAÇÃO. Enaproc, v. 1, n. 1, 2015. RODRIGUES, Lídia da Silva. Jogos e brincadeiras como ferramentas no processo de aprendizagem lúdica na alfabetização. 2013. ROSTIROLA, Sandra Cristina Martini; SIPLE, Ivanete Zuchi; HENNING, Elisa. Aspectos Lúdicos na Alfabetização Estatística: uma revisão sistemática de literatura. Bolema: Boletim de Educação Matemática, v. 36, p. 92-115, 2022. SOARES, Jeane Martins. A importancia do lúdico na alfabetização infantil. São José dos Campos-SP: Planeta educação, 2010. VIEIRA-SILVA, Jonathan. Ludicidade no processo de alfabetização e intervenção psicopedagógica: brincar de escolinha. Caderno Intersaberes, v. 11, n. 32, p. 230-244, 2022. 1. INTRODUÇÃO 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 ALFABETIZAÇÃO COMO PONTO CHAVE DA EDUCAÇÃO SOCIAL 2.2 O CONCEITO DE LÚDICO 2.3 A GAMIFICAÇÃO DAS ATIVIDADES NA EDUCAÇÃO INFANTIL 2.4 O LÚDICO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM E ALFABETIZAÇÃO 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 4. REFERÊNCIAS
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