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ANL DE VIABILIDADE ECO - FIN aula1

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ANÁLISE DE VIABILIDADE 
ECONÔMICO-FINANCEIRA 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Almir Cléydison Joaquim da Silva 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Introdução ao estudo de projetos 
Em alguma dimensão, todos nós já ouvimos relatos sobre dificuldades 
enfrentadas por algumas empresas ou por empreendedores, assim como alguns 
relatos de sucesso quanto à participação no mercado. Qual a diferença entre 
eles? Por que alguns empreendimentos fracassam? Por que outros têm 
sucesso? 
Nesta aula, concentraremos nossas discussões nos elementos 
introdutórios aos estudos de projetos, apresentando as principais definições que 
darão subsídios para a avaliação acerca da viabilidade (ou não) de 
empreendimentos. Para tanto, os esforços de aprendizagem se voltarão para as 
seguintes discussões: 
a. Por que empreendimentos fracassam? 
b. Aspectos conceituais de projetos. 
c. Características de projetos. 
d. Classificações usuais de projetos. 
e. Etapas do ciclo de vida de projetos. 
CONTEXTUALIZANDO 
O avanço da integração econômica e financeira, especificamente com o 
processo de globalização, tem implicado a existência de mercados cada vez 
mais competitivos. Somada a essa dinâmica concorrencial, a aceleração das 
transformações tecnológicas tem provocado constantes mudanças no mercado. 
Tais mudanças ocorrem “[...] nos produtos, nos processos produtivos, nas fontes 
de matérias-primas, nas formas de organização produtiva, ou nos próprios 
mercados, inclusive em termos geográficos” (Possas, 2002, p. 246). Essa 
economia cada vez mais dinâmica e competitiva tanto requer mudanças de 
comportamento na gestão empresarial quanto aponta para a necessidade de se 
avaliar as decisões de investimento antes de abrir um negócio ou de executar 
um projeto ou obra específica. 
A ausência de planejamento prévio ao início das atividades de um negócio 
configura-se como um dos aspectos determinantes para o fracasso de um 
negócio. Mas você sabe quais outros aspectos contribuem para esse fracasso? 
 
 
3 
E, ainda, quais as características, classificações e etapas de um projeto? Ao 
longo desta aula, iremos avançar na discussão desses e de outros elementos 
contextuais e introdutórios aos estudos de viabilidade econômico-financeira de 
projetos. 
TEMA 1 – POR QUE EMPREENDIMENTOS FRACASSAM? 
 
Crédito: Fizkes/Shutterstock. 
Compreender as razões e as dimensões do fracasso e da mortalidade de 
empreendimentos é, certamente, um bom meio para se destacar a importância 
da realização de estudos de análise de viabilidade econômico-financeira de 
projetos e, consequentemente, a tomada de decisão de alocação ou não de 
recursos em um negócio. Inicialmente, cabe estabelecer as distinções existentes 
entre fracasso e mortalidade de empresas. Trata-se de uma discussão relevante 
e que nos auxilia na compreensão das causas e dos elementos que levam a 
situações de incapacidade gerencial ou de concepção analítica da situação da 
empresa e de seu consequente encerramento. Muitas vezes, os estudos que 
analisam essas questões consideram e apresentam uma concepção de que 
ambas são situações que partem da mesma natureza e, consequentemente, são 
análogas, em certo aspecto. Isso decorre tanto da ausência de notificações de 
 
 
4 
registros sobre as causas da extinção de empresas quanto de fragilidades de 
algumas pesquisas empíricas (Machado; Espinha, 2005). 
Mas você sabe qual é a diferença entre mortalidade e fracasso 
empresarial? De modo geral, a mortalidade de empresas é reflexo da tomada de 
decisão voluntária, ou seja, quando o empreendedor resolve abandonar ou 
encerrar os negócios em decorrência de deliberações como: não fazer mais 
investimentos; realizar a venda da marca de um produto para concorrentes; ter 
necessidade de capital para mudar ou iniciar outro negócio; estar com problemas 
de saúde; querer se aposentar; não ter sucessores; ou, ainda, querer se tornar 
um empregado de outro negócio (Machado; Espinha, 2005). 
Por outro lado, o fracasso envolve situações de decisão involuntária e que 
resultam no fechamento de uma empresa – que se revela por meio da falência 
ou da perda de crédito. As condições que induzem situações de falência estão, 
muitas vezes, vinculadas a um declínio rápido ou gradual que impacta 
diretamente os resultados da empresa. Algumas condições de estagnação ou 
deterioração dos negócios podem ser controladas pelos dirigentes (a exemplo 
de disputa de poder interno, fragilidade do modelo de negócios, obsolescência 
tecnológica ou deficiência na interpretação de informações e na gestão); 
enquanto outras condições estão fora de sua percepção (por exemplo, quando 
o declínio das atividades da empresa decorre de mudanças no ciclo de vida de 
produtos, de mudanças no ambiente e no setor de atividade) (Machado; Espinha, 
2005). 
Diversos fatores podem interferir na sobrevivência de empresas no 
mercado e determinar o encerramento de suas atividades empresariais. Em 
pesquisa sobre o sucesso e o fracasso de empresas nos seus primeiros cinco 
anos de atividades, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas 
em São Paulo (Sebrae-SP, 2014) procurou identificar quais fatores contribuem 
para a sobrevivência de empresas no Estado de São Paulo. As principais causas 
mortis de empresas, identificadas na pesquisa, estão relacionadas à falta de 
planejamento prévio, aos problemas de gestão empresarial e comportamento 
empreendedor. Pelo Gráfico 1, nota-se que os principais motivos para o 
fechamento de empresas referem-se a fragilidades no planejamento financeiro 
e a desconhecimento do mercado. No Gráfico 1, Outros motivos correspondem, 
por exemplo, a “[...] problemas com fornecedores, sazonalidade dos produtos e 
serviços e criminalidade na vizinhança” (Sebrae-SP, 2014, p. 33). 
 
 
5 
Gráfico 1 – Principais motivos para o fechamento de empresas 
 
Fonte: Sebrae-SP, 2014, p. 33. 
Todas as causas destacadas no Gráfico 1 são elementos importantes que 
um estudo de análise de viabilidade econômico-financeira procura compreender, 
na tentativa de minimizar potenciais ameaças ou riscos de fracassos na alocação 
de recursos em projetos. Esses elementos vão desde o entendimento do 
produto, do mercado e dos fatores de produção até aspectos técnicos de 
produção, localização do projeto e aspectos financeiros. 
Antes de avançarmos nos elementos que compõem os estudos de 
viabilidade econômico-financeira, é fundamental discutirmos alguns aspectos 
conceituais, características, classificações e etapas do ciclo de vida de projetos. 
Isso nos dará subsídios para uma melhor compreensão dos objetivos e projeção 
de resultados esperados com a estruturação de um projeto. 
TEMA 2 – ASPECTOS CONCEITUAIS DE PROJETOS 
 
Crédito: NicoElNino/Shutterstock. 
19%
14%
9%
8%
9%
8%
7%
6%
3%
17%
Falta de capital/lucro
Encontrou outra atividade
Falta de clientes
Problemas de planejamento/administração
Problemas particulares
Perda do cliente único
Problemas com sócios
Burocracia/impostos
Concorrência forte
Outros motivos*
 
 
6 
Existem diferentes definições conceituais a respeito da palavra projeto, 
que vão desde expressões vinculadas a plano e proposta até a formulação de 
entendimentos das características, especificidades e objetivos de determinado 
empreendimento. Projetos estão presentes em todos os níveis organizacionais 
de uma empresa, em suas atividades estratégicas e operacionais (Camargo, 
2014), assim como nas diversas áreas do conhecimento e também nas 
dimensões da vida pessoal. Mas você sabe o que é um projeto? Em uma 
percepção mais ampliada, projeto configura-se como um 
[...] empreendimento não repetitivo, caracterizado por uma sequência 
clara e lógica de eventos, com início, meio e fim, que se destina a 
atingir um objetivo claro e definido, sendo conduzido por pessoas 
dentro de parâmetros predefinidos de tempo, custo, recursos 
envolvidos e qualidade. (Vargas,2009, p. 26) 
Nessa perspectiva, projetos não devem ser confundidos com trabalhos 
rotineiros, nem com programas. No primeiro caso, a principal distinção reside no 
fato de que um projeto é realizado uma única vez – a exemplo do 
desenvolvimento de um novo produto farmacêutico para o mercado; da fusão de 
duas organizações; ou da construção de um supermercado –, enquanto que o 
trabalho rotineiro exige que uma atividade semelhante seja executada 
repetidamente – a exemplo da inserção diária de notas fiscais de venda no livro-
razão contábil ou a colocação de etiquetas em um produto fabril. Dessa forma, 
trabalhos rotineiros são atividades que não impactam a estratégia de negócio de 
um empreendimento e nem o desenvolvimento de produtos novos e inovadores 
(Larson; Gray, 2016; PMI, 2017). Com relação a programa, este não deve ser 
empregado como sinônimo de projeto, tendo em vista que “um programa é um 
grupo de projetos relacionais concebidos para realizar uma meta comum em um 
longo período” (Larson; Gray, 2016, p. 5). 
Projetos também podem ser compreendidos como ferramentas de 
avaliação de viabilidade. A esse respeito, Correia Neto (2009, p. 1) destaca que 
projeto “[...] é um instrumento utilizado para permitir a tomada de decisão sobre 
a realização de um determinado empreendimento”. 
Já o Project Management Institute (PMI) sintetiza a definição de projeto 
como “[...] um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou 
resultado único” (PMI, 2017, p. 4). Com base na análise dos elementos dessa 
definição, é importante destacar alguns aspectos objetivos que se referem à 
temporalidade e à entrega. Nesse último caso, a realização dos objetivos do 
 
 
7 
projeto resulta na produção de entregas de caráter econômico, social, material 
ou ambiental. Os objetivos podem almejar tanto posições estratégicas ou algum 
propósito a ser atingido quanto à criação de produtos ou à realização de serviços. 
O cumprimento dos objetivos em um projeto ocorre na produção de entregas, 
que se configura como “qualquer produto, resultado ou capacidade único e 
verificável que deve ser produzido para concluir um processo, fase ou projeto” 
(PMI, 2017, p. 4). 
Por sua vez, a natureza temporária do empreendimento não expressa que 
o projeto seja de curta duração, mas que tenha um início e um término de 
execução estabelecidos. Alguns fatores também podem indicar o término de um 
projeto, como: 
a. alcance dos objetivos do projeto; 
b. não cumprimento dos seus objetivos; 
c. esgotamento ou não disponibilidade de recursos financeiros para 
alocação no projeto; 
d. ausência de necessidade do projeto, a partir de mudanças de estratégias 
ou prioridades dos clientes; 
e. indisponibilidade de recursos humanos e físicos; 
f. motivações legais ou conveniências. 
Esses fatores podem ocorrer sozinhos ou combinados com outros (PMI, 
2017). Além desses elementos, outros aspectos de projetos também são 
destacados pelo PMI (2017), como o impulsionamento de mudanças e a criação 
de valor de negócio. Mudanças nas organizações são impulsionadas por meio 
de projetos que, ao procurarem atingir um objetivo específico, movem a 
organização de um estado atual para outro ponto desejado, chamado de estado 
futuro. Para o alcance desse resultado desejado, alguns projetos demandam a 
execução de várias atividades e etapas planejadas, conforme apresentado na 
Figura 1. 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
Figura 1 – Transição entre estados de uma organização por meio de projetos 
 
Fonte: PMI, 2017, p. 6. 
A criação de valor de um negócio por meio de projetos corresponde ao 
“[...] benefício líquido quantificável derivado de um empreendimento de negócio” 
(PMI, 2017, p. 7) ou simplesmente aos resultados alcançados com um dado 
projeto. Esses benefícios podem ser tangíveis, intangíveis ou a combinação de 
ambos, conforme exemplos apresentados no Quadro 1. 
Quadro 1 – Benefícios e resultados provenientes de projetos 
Elementos Exemplos 
Tangíveis Ativos monetários; capital acionário; serviços públicos; instalações; ferramentas; participação de mercado 
Intangíveis Boa-fé; reconhecimento da marca; benefício público; marcas registradas; alinhamento estratégico; reputação. 
Fonte: Elaborado com base em PMI, 2017. 
Os principais elementos inerentes a um projeto, que acabamos de discutir, 
encontram-se sistematizados na Figura 2. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
Figura 2 – Elementos inerentes ao projeto 
 
Fonte: Elaborado com base em PMI, 2017. 
Cabe ainda destacar que o processo de iniciação de um projeto se dá em 
decorrência e em resposta a fatores que influenciam diretamente as estratégias 
de negócio das organizações. Nesse sentido, projetos são iniciados com base 
em quatro categorias de fatores: 
1. cumprir requisitos regulatórios, legais ou sociais; 
2. atender a pedidos ou necessidades das partes interessadas; 
3. implementar ou alterar estratégias de negócio ou tecnológicas; 
4. criar, melhorar ou corrigir produtos, processos ou serviços (PMI, 2017). 
Os projetos conferem, portanto, os meios necessários para que 
organizações respondam a esses fatores e, consequentemente, mantenham o 
seu empreendimento viável no mercado. 
TEMA 3 – CARACTERÍSTICAS COMUNS DE PROJETOS 
 
Crédito: Puchong Art/Shutterstock. 
 
 
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Independentemente do objetivo e do tamanho do empreendimento, 
projetos apresentam características comuns, mas com intensidades variadas, de 
acordo com os objetivos específicos de cada empreendimento. Correia Neto 
(2009) destaca três características que normalmente surgem na elaboração de 
um projeto: 
1. complexidade; 
2. interdisciplinaridade; 
3. incerteza. 
Você sabe quais os aspectos que abrangem cada uma das características 
de projetos? 
A complexidade de projetos está diretamente vinculada à quantidade de 
variáveis envolvidas no processo decisório que envolve o empreendimento. 
Trata-se de uma relação de causalidade em que, quanto mais variáveis e 
informações estiverem associadas a um projeto, mais complexas se tornam as 
análises e decisões relacionadas aos seus objetivos (Correia Neto, 2009). 
A elaboração de projetos possui uma forte inter-relação com a perspectiva 
de avaliação da viabilidade de empreendimentos, que, em geral, necessita de 
um conjunto de dados, informações e estudos componentes que subsidiem a 
tomada de decisão de aceitação ou rejeição do investimento em um negócio. 
Nesse sentido, o tamanho, o tipo e o setor de atividade econômica do 
empreendimento não eliminam a complexidade inerente à elaboração de 
projetos, apenas influenciam nas demandas específicas de informações para 
cada caso. Correia Neto (2009, p. 4) chama a atenção para essa questão ao 
apontar que “[...] mesmo projetos com menor escala incorporam uma quantidade 
de informações bastante relevante. Além disso, as informações devem ser 
analisadas de maneira isolada e em conjunto, tornando essa tarefa 
especialmente mais complexa”. 
A segunda característica, a interdisciplinaridade, remete à variedade de 
informações relacionadas aos aspectos de um empreendimento e que são 
requeridas para a elaboração de um projeto. É ainda decorrente da característica 
discutida anteriormente, a complexidade de variáveis envolvidas em um projeto 
(Correia Neto, 2009). Por conseguinte, a variedade de informações presentes no 
processo de elaboração de um projeto demanda o trabalho de profissionais de 
diferentes perfis e de diversas áreas do conhecimento (Correia Neto, 2009; 
Larson; Gray, 2016). Por exemplo, um projeto para implantação de uma 
 
 
11 
cervejaria necessita de profissionais das áreas de engenharia, finanças, 
produção, comércio e compras, assim como a interação com pessoas externas 
ao projeto – como fornecedores, provedores e terceiros. Mas você sabe quem 
desempenha a função de integrar os esforços dos membros de uma equipe de 
projetos? E, ainda, quais as habilidades requeridas paraisso? 
A constituição de equipes multidisciplinares – com diferentes formações, 
perfis, compreensões e perspectivas sobre as partes de um projeto – necessita 
de um bom gerente de projetos e pessoas. Esse profissional proporcionará 
direção, coordenação e integração à equipe (Larson; Gray, 2016). Para tanto, é 
imprescindível que gerentes de projetos tenham habilidades interpessoais e de 
equipe, especialmente ligadas ao gerenciamento de conflitos, tomada de 
decisões, liderança, influência, negociação, facilitação, comunicação, integração 
da equipe, motivação e inspiração da equipe para o alcance e cumprimento dos 
objetivos do projeto (PMI, 2017). 
Por fim, a terceira característica refere-se à incerteza associada aos 
resultados possíveis da decisão de se investir em um empreendimento. Mas 
você sabe por que a incerteza existe? Ela existe em decorrência tanto da 
quantidade de variáveis envolvidas no processo decisório quanto da 
necessidade de projetar os resultados financeiros antes da execução do projeto. 
A incerteza configura-se, portanto, como valores ou estados de natureza 
incertos. Nesse sentido, a incerteza está relacionada à possibilidade de que os 
resultados observado e projetado sejam diferentes entre si, em maior ou menor 
nível (Correia Neto, 2009). 
Exemplos de fatores sujeitos à incerteza, que afetam os retornos de um 
projeto de investimento e que estão fora do controle da administração, são: 
a. mudanças tecnológicas; 
b. surgimento ou desaparecimento de concorrentes; 
c. existência de produtos complementares ou substitutos; 
d. conjuntura da economia nacional e internacional; 
e. mudanças de política econômica; 
f. custo de insumos; 
g. mudanças climáticas (Sanvicente, 1987). 
Alguns fatores de incerteza podem ser reduzidos com a utilização de 
certos instrumentos, em projetos. Um panorama mais detalhado dos fatores de 
incerteza sobre um empreendimento pode ser obtido com a realização de 
 
 
12 
estudos mais aprofundados que, em geral, possuem um custo de aquisição, mas 
possibilitam que gestores se antecipem a problemas com decisões que reduzam 
as incertezas. Contudo, cabe destacar que isso implica um trade-off, ou seja, 
uma situação de conflito de escolha entre investir em mais estudos com 
informações para reduzir a incerteza e investir menos e gerar menos 
informações para a tomada de decisão (Correia Neto, 2009). 
O Quadro 2 apresenta uma sistematização dos principais elementos da 
discussão das características comuns de projetos. 
Quadro 2 – Síntese dos principais aspectos e implicações das características 
comuns de projetos 
Características Aspectos principais Implicações 
Complexidade Quantidade de variáveis envolvidas 
Requer um conjunto de dados, 
informações e estudos componentes 
para orientar a tomada de decisão de 
se investir em um negócio 
Interdisciplinaridade Variedade de informações 
Demanda profissionais de diversos 
perfis e áreas do conhecimento para 
conclusão do projeto 
Incerteza Valores ou estados de natureza incertos 
Requer a utilização de instrumentos 
que diminuam alguns fatores de 
incerteza e a diferença entre os 
resultados projetados e os observados 
Fonte: Elaborado com base em Correia Neto, 2009. 
TEMA 4 – CLASSIFICAÇÕES USUAIS DE PROJETOS 
 
Crédito: Karen Roach/Shutterstock. 
 
 
13 
As classificações de projetos ajudam na compreensão das necessidades 
e dos objetivos requeridos de cada tipo de projeto. Existem diferentes formas de 
se classificar projetos. Nesta aula, serão discutidas algumas mais usuais, como: 
a. pela origem; 
b. pelas finalidades; 
c. pelos tipos de setor; 
d. pelo uso. 
Você sabe quais os aspectos que abrangem cada uma das classificações 
de projetos? 
A origem remonta à iniciativa de realização de um empreendimento, se 
privada, se pública. Cada uma dessas origens incorpora perspectivas distintas e 
possuem uma estrutura, por trás do projeto, diferente (Correia Neto, 2009; 
Pereira; Lima; Torre, 2014). 
A elaboração de projetos de origem privada parte de empresas que 
vislumbram oportunidades lucrativas com base em uma demanda não atendida 
no mercado ou em melhorias de processos produtivos. O seu objetivo-fim é a 
obtenção de retornos financeiros sobre os investimentos ou a maximização de 
um retorno financeiro já existente com base em uma nova atividade explorada. 
Esse retorno se manifesta por medidas como lucro líquido, valor agregado ou 
geração de caixa (Correia Neto, 2009). 
Por outro lado, os projetos públicos – realizados por órgãos 
governamentais nos níveis de administração municipal, estadual e federal – 
objetivam a melhoria do bem-estar social da população por meio da oferta de 
serviços públicos em diversas áreas como educação, saúde, saneamento 
básico, segurança, entre outras. Nesse sentido, os projetos públicos partem de 
uma necessidade social de oferta de serviços com o menor custo possível e não 
procuram maximizar o retorno sobre o investimento (Correia Neto, 2009). Cabe 
ainda destacar que o tempo e a execução de algumas atividades em projetos 
públicos são diferentes dos de projetos privados, em decorrência das leis que 
regulamentam as contratações de serviços e aquisições de produtos via 
processos de licitação (Pereira; Lima; Torre, 2014). 
O Quadro 3 apresenta uma sistematização do direcionamento de cada 
origem de projeto. 
 
 
 
14 
Quadro 3 – Síntese dos principais aspectos da origem de projetos 
Origem Necessidade Objetivo Exemplos 
Privada Mercadológica ou geradora de retorno 
Retorno sobre o 
investimento 
Criação de uma nova empresa 
ou expansão da capacidade 
produtiva 
Pública Social 
Melhoria do 
bem-estar 
social 
Construção de uma escola ou 
hospital 
Fonte: Adaptado de Correia Neto, 2009, p. 6. 
Com relação à classificação de um projeto com base na sua finalidade, 
existem diferentes situações de projetos que indicam a necessidade de 
elaboração de estudos de viabilidade. Os principais e mais recorrentes tipos de 
finalidade são de implantação, ampliação, modernização e relocalização. Em 
todas essas situações, é fundamental verificar se os investimentos são viáveis e 
atingem os objetivos do projeto (Correia Neto, 2009). O Quadro 4 apresenta uma 
sistematização das quatro classificações de finalidade de projetos. 
Quadro 4 – Principais finalidades de um projeto 
Finalidade Aspectos principais Exemplo de projeto 
Implantação Execução de um empreendimento novo 
Criação de uma empresa, equipamento 
turístico ou edifício comercial 
Ampliação 
Expansão da capacidade 
produtiva de uma empresa 
em funcionamento 
Expansão da área fabril de uma 
empresa alimentícia, em resposta a um 
aumento da demanda de mercado 
Modernização 
Elevação da produtividade 
e sobrevivência dos 
negócios 
Incorporação de um processo 
tecnológico mais moderno, decorrente 
de pressões mercadológicas 
Relocalização Alteração de local de uma planta fabril 
Mudança de localidade de 
empreendimento ou planta fabril, 
decorrente de melhores oportunidades 
e incentivos fiscais 
Fonte: Elaborado com base em Correia Neto, 2009. 
Quanto à classificação de projetos com base no tipo de setor, as 
atividades econômicas são organizadas em três grandes setores: primário, 
secundário e terciário. O primeiro concentra as atividades relacionadas à 
agropecuária e ao extrativismo, ou seja, as atividades produtivas realizadas 
sobre a natureza e que, por conseguinte, fornecerão recursos naturais e 
matérias-primas para o segundo setor da economia. O setor secundário 
corresponde às atividades industriais, de transformação de matérias-primas, que 
serão absorvidas pelo terceiro setor. Esse último setor refere-se às atividades de 
serviço e comércio (Signor; Marin, 2011). 
 
 
15 
Por fim, os projetos também podem ser classificados quanto ao seu uso, 
a exemplo dos tipos de projetos de viabilidade, financiamento e 
acompanhamento. O primeiro tipo procura verificar internamente se determinadoempreendimento é viável ou não. O segundo visa à obtenção de financiamento 
de instituições de fomento. Enquanto que o terceiro tipo de projeto é realizado 
após o investimento em determinado negócio ser aceito, servindo para 
acompanhar o atendimento dos seus objetivos e os seus resultados (Correia 
Neto, 2009). Concentraremos atenção no primeiro tipo de uso de projetos. 
TEMA 5 – ETAPAS DO CICLO DE VIDA DE PROJETOS 
 
Crédito: Elnur/Shutterstock. 
Por se caracterizarem como empreendimentos temporários, os projetos 
possuem um início e um término de execução estabelecidos, ou seja, possuem 
um período de vida limitado, em que mudanças e o nível de esforços 
despendidos, ao longo de sua vida, são previsíveis. Existem diferentes modelos 
de ciclo de vida de projetos que incorporam ou suprimem algumas etapas, a 
depender do tipo de empreendimento e do objetivo de entrega. Quatro fases são 
normalmente utilizadas: definição, planejamento, execução e fechamento, que 
podem ser sequenciais, iterativas ou sobrepostas. Esses estágios auxiliam na 
distribuição de tempo e esforço das tarefas ao longo de um projeto (PMI, 2017; 
 
 
16 
Larson; Gray, 2016). A Figura 3 ilustra essa situação, evidenciando que o nível 
de esforço cresce lentamente à medida que tarefas vão sendo realizadas; chega 
até um pico; e desacelera, com o fechamento e entrega do produto final. 
Figura 3 – Ciclo de vida de um projeto 
 
Fonte: Larson; Gray, 2016, p. 6. 
De forma geral, projetos partem de uma ideia, avançam para um plano 
que, ao se verificar sua viabilidade, são executados e, depois, concluídos. Nesse 
caso, cada etapa gera entregas tangíveis, a exemplo de relatórios, cronogramas 
e tarefas realizadas (Vargas, 2009). Ampliando a visualização do ciclo de vida 
de projetos, é importante destacar que são nas suas duas primeiras fases que 
são realizados estudos preliminares e a avaliação da viabilidade de execução do 
projeto. Esses estudos são fundamentais para indicar a existência de demanda 
de mercado, oportunidades lucrativas e sustentabilidade econômica e financeira 
do negócio (Correia Neto, 2009). 
 
 
17 
TROCANDO IDEIAS 
Sabendo-se que um projeto carrega incertezas quanto aos seus 
resultados observados e aqueles projetados, em um fórum de discussão, 
apresente argumentos sobre: 
a. qual a importância de estudos preliminares em um projeto, para a redução 
do seu nível de incerteza; 
b. se é vantajoso, para o empreendedor, despender recursos em estudos 
mais aprofundados visando à sustentabilidade de um negócio, ao longo 
do tempo. 
NA PRÁTICA 
Pesquise um projeto ou plano estratégico de um empreendimento e 
identifique as suas classificações como projeto. Para resolução da questão, 
recomenda-se que você siga esses passos: 
a. pesquisa de um projeto ou plano estratégico; 
b. leitura do projeto; 
c. identificação das classificações do projeto; 
d. apresentação dos pontos identificados, juntamente com a identificação e 
o link de acesso ao projeto escolhido. 
Orientação para a resolução da questão: para a identificação das 
classificações do projeto, procure apresentar a origem da realização do 
empreendimento (pública ou privada), a sua finalidade (implantação, ampliação, 
modernização, relocalização ou outro tipo), o setor de atividade econômica em 
que se encontra (agropecuária, indústria ou serviços) e o uso do projeto 
(viabilidade, financiamento ou acompanhamento). 
FINALIZANDO 
Nesta aula, apresentamos uma discussão dos principais aspectos 
conceituais, características, classificações e etapas do ciclo de vida de um 
projeto. Vimos também que a falta de planejamento prévio e o desconhecimento 
de informações importantes sobre o mercado em que se pretende investir estão 
entre os principais elementos de fracasso de negócios. Nesse sentido, é 
fundamental conhecer e analisar as variáveis com influência no setor de 
 
 
18 
atividade econômica ao qual se pretende direcionar recursos. E os projetos de 
viabilidade econômico-financeira cumprem essa função, ao auxiliarem, na 
tomada de decisão de investimentos, empresários que desejam tanto entrar no 
mercado quanto buscar estratégias de permanência. 
 
 
 
19 
REFERÊNCIAS 
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