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ANL DE VIABILIDADE ECO - FIN aula2

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ANÁLISE DE VIABILIDADE 
ECONÔMICO-FINANCEIRA 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Almir Cléydison Joaquim da Silva 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
A decisão de se investir em um negócio e de executar um projeto ou uma 
obra específica deve ser orientada com base em vários estudos inter-
relacionados, em que as informações produzidas em cada um darão sustentação 
à verificação da viabilidade do empreendimento. Em geral, os projetos de 
viabilidade econômico-financeira iniciam com o estudo de mercado. Mas você 
sabe qual a razão de se analisar as especificidades de mercado? 
Nesta aula, nos dedicaremos à compreensão do ambiente de mercado ao 
qual se pretender investir em um negócio, procurando discutir e analisar 
aspectos relacionados ao produto, à demanda e à oferta em mercados 
competitivos. Nesse sentido, os esforços de aprendizagem se voltarão para as 
seguintes discussões: 
1. Estruturas de mercado; 
2. Identificação do produto; 
3. Demanda do produto; 
4. Oferta do produto; 
5. Projeções da demanda e da oferta. 
CONTEXTUALIZANDO 
Analisar o mercado que se pretende investir implica em “determinar o grau 
de necessidade de que a sociedade apresenta em relação ao bem ou serviço 
cuja produção se deve estudar” (Buarque, 1984, p. 40). Nesse sentido, um 
projeto para instalação de uma panificadora, por exemplo, requer que se estime 
a procura insatisfeita. Ou seja, o projeto deve analisar aspectos de demanda e 
oferta do produto ou serviço (com base em dados de comportamento de 
consumo passado, presente e projeções de tendências) em determinada área 
geográfica e considerando condições específicas de venda que um grupo de 
consumidores esteja disposto a comprar. 
Mas você sabe quais elementos determinam o funcionamento de 
economias de mercado? Quais as estruturas que esse mercado assume, a 
depender do produto? E ainda, qual a razão de se analisar o comportamento do 
consumidor e de projetar o consumo de um produto? Essas e outras questões 
serão abordadas nesta aula. 
 
 
3 
TEMA 1 – ESTRUTURAS DE MERCADO 
A interação e o comportamento de agentes econômicos (pessoas, 
empresas e o governo) que resultam em relações de trocas, de produtos ou de 
serviços constituem o mercado. Em outras palavras, o mercado é “um grupo de 
compradores e vendedores de determinado bem ou serviço. Os compradores, 
como grupo, determinam a demanda pelo produto e os vendedores, também 
como grupo, determinam a oferta do produto” (Mankin, 2013, p. 64). 
Mas qual a importância de se analisar a configuração do mercado? As 
forças de oferta e de demanda determinam o funcionamento de economias de 
mercado. Logo, a quantidade de agentes atuantes no mercado influencia o 
comportamento de produtos e serviços, as relações entre competidores e 
clientes, assim como determina a quantidade produzida e os diferentes níveis de 
preço (Correia Neto, 2009; Mankin, 2013), conforme Gráfico 1. 
Gráfico 1 – Equilíbrio de mercado 
 
Fonte: adaptado de Vasconcellos, 2006. 
O mercado também assume diferentes formas ou diferentes estruturas 
que dependem de três variáveis principais: i) número de empresas produtoras 
no mercado; ii) tipo de produto (se fabricam produtos idênticos ou diferenciados); 
e iii) existência de barreiras à entrada de novas empresas nesse mercado 
(Vasconcellos, 2006). Você sabe quais são as principais estruturas de mercado 
e seus aspectos centrais? Seguindo essas três variáveis que condicionam as 
estruturas de mercado, seis tipos de mercados podem ser destacados: i) 
concorrência perfeita; ii) monopólio; iii) concorrência monopolística (ou 
imperfeita); iv) oligopólio; v) monopsônio; e vi) oligopsônio. 
 
 
4 
O mercado de concorrência perfeita apresenta algumas hipóteses que 
incidem em um mercado livre, transparente e sem barreiras à entrada. As 
hipóteses são: a) atomicidade: inúmeros vendedores e compradores, em que os 
preços são dados pelo mercado, ou seja, um único agente não consegue afetar 
os preços praticados; b) homogeneidade: os produtos ofertados são 
semelhantes, sem distinção e são substitutos perfeitos. Na tentativa de elevação 
dos preços de um produto, os compradores continuarão com muitas alternativas 
de fornecedores e a empresa que elevou o preço será forçada a reduzi-lo ao 
preço de mercado; c) mobilidade de competidores e consumidores: mercado 
com livre entrada e saída de vendedores e compradores, sem custos relevantes 
para a mobilidade; d) racionalidade: os agentes agem racionalmente, ou seja, 
empresários maximizam lucro e consumidores maximizam utilidade com base 
no consumo; e) transparência: os agentes têm acesso a todas as informações 
sobre preço, qualidade, custos, receitas e lucros; f) mobilidade de bens: 
inexistência de custos de transporte de produtos entre regiões; e g) ausência de 
externalidades: considera-se que tanto as empresas não influenciam no custo 
das demais quanto os consumidores não interferem no consumo dos outros 
(Vasconcellos, 2006). 
O mercado em situação de monopólio configura-se por apenas um 
fornecedor do produto e vários compradores. Na ausência de concorrentes 
diretos, a empresa fornecedora apresenta-se em poder de monopólio frente aos 
seus clientes. Como consequência, tem a “capacidade de praticar preços acima 
do que praticaria em uma situação em que houvesse concorrentes diretos” 
(Correia Neto, 2009, p. 18). 
Algumas barreiras induzem o surgimento de um monopólio, como: i) 
monopólio puro ou natural, decorrente de concessão legal para exploração de 
atividades em razão de sua elevada escala de produção e de alto nível de 
investimento exigido; ii) proteção de patentes, o direito único na produção de 
determinado produto; iii) controle sobre o fornecimento de matérias-primas-
chaves; e iv) monopólio estatal ou institucional, em que a legislação determina 
que atuação e exploração de algumas atividades produtivas sejam realizadas 
por órgão ou empresa estatal (Vasconcellos, 2006; Fonseca, 2012). 
A concorrência monopolística (ou imperfeita) aproxima-se do mercado em 
concorrência perfeita por apresentar muitas empresas no mercado e não ter 
 
 
5 
barreiras à entrada e saída. Entretanto, distingue-se da concorrência perfeita em 
razão dos produtos serem diferenciados em termos de qualidade, aparência, 
reputação da marca e outras características singulares. O poder de monopólio 
para alteração de preços depende da capacidade de diferenciação do produto 
sobre as demais empresas, mas está limitado pelo fato dos produtos serem 
substitutos próximos (Fonseca, 2012). 
O mercado em oligopólio caracteriza-se pela participação de poucas 
empresas responsáveis por grande parte (ou pela totalidade) da produção de 
produtos, que podem ser homogêneos ou diferenciados. As empresas 
dominantes exercem poder de mercado sobre os preços, assim como também 
apresentam barreiras à entrada de novas empresas, a exemplo de: i) proteção 
de patentes; ii) controle de matérias-primas-chaves; iii) oligopólio puro ou natural, 
decorrente de elevado nível de investimento; iv) dificuldades de obtenção de 
tecnologias, o que exige elevando investimento em pesquisa e desenvolvimento 
(P&D) (Vasconcellos, 2006). 
Uma estrutura de mercado de monopsônio configura-se pela presença de 
muitos fornecedores e apenas um comprador. Nesse caso, o comprador exerce 
poder de monopsônio frente aos fornecedores, influenciando na determinação 
do preço; ao passo que um oligopsônio refere-se a um mercado com muitos 
fornecedores e poucos compradores, em que estes podem exercer poder de 
mercado sobre os preços (Correia Neto, 2009). 
O Quadro 1 apresenta uma sistematização dos principais aspectos 
discutidos sobre as estruturas de mercado e alguns exemplos. 
Quadro 1 – Síntese das estruturas de mercado 
Estrutura de 
mercado 
Aspectos principais Exemplos 
Concorrência 
perfeita 
- Número infinito de firmas; 
- Produto homogêneo; 
- Não existênciade barreiras à entrada de 
empresas e consumidores. 
Produtos como o leite, 
cereais, grãos, dentre 
outros. 
Monopólio 
- Uma única empresa que fornece o produto 
ou serviço; 
- Produto sem substitutos próximos; 
- Existência de barreiras à entrada de novas 
firmas no mercado. 
Serviços de coleta de lixo, 
abastecimento de água, 
esgoto e energia elétrica. 
Concorrência 
monopolística 
(ou imperfeita) 
- Inúmeras empresas; 
- Produto diferenciado, mas com substitutos 
próximos; 
Creme dental, detergente, 
refrigerantes, cervejas, 
remédios, sabonetes, 
 
 
6 
- Livre acesso de empresas ao mercado; 
- Empresas com certo poder de monopólio 
sobre os preços. 
xampus, desodorantes, 
produtos esportivos, 
serviços médicos, dentre 
outros. 
Oligopólio 
- Pequeno número de empresas 
- Produtos podem ser homogêneos ou 
diferenciados; 
- Barreiras à entrada de novas empresas. 
- Poder de mercado sobre os preços 
depende da diferenciação de produtos. 
Produtos homogêneos 
(alumínio, cimento, aço). 
Produto diferenciado 
(automóveis, equipamentos 
elétricos, computadores). 
Monopsônio 
- Muitos fornecedores de um produto; 
- Apenas um comprador 
Algumas obras públicas, em 
que construtoras e 
empreiteiras têm como 
cliente único o governo. 
Oligopsônio 
- Poucos compradores; 
- Muitos vendedores; 
- Os compradores exercem poder de 
mercado sobre os fornecedores, 
influenciando os preços de produtos. 
A indústria de autopeças 
frente à indústria 
automobilística (as poucas 
compradoras). 
Fonte: adaptado de Vasconcellos, 2006; Correia Neto, 2009; Fonseca, 2012; Mankiw, 2013. 
É importante compreender a estrutura de mercado que o empreendimento 
estará inserido, pois cada uma exige estratégias diferenciadas na elaboração e 
análise do projeto de viabilidade, assim como também influenciam na formação 
do preço e na quantidade demandada de determinado produto ou serviço. 
TEMA 2 – IDENTIFICAÇÃO DO PRODUTO 
Nos estudos de mercado, é fundamental a caracterização dos aspectos 
relacionados aos produtos ou serviços que se pretende ofertar. Mas você sabe 
qual a importância de se conhecer os produtos ou serviços objeto de estudo? 
Em uma explicação mais objetiva, distintos “tipos de produtos podem indicar 
diferentes tipos de pesquisa de mercado e expectativas de comportamento ao 
longo de seu ciclo de vida” (Correia Neto, 2009, p. 17). A análise de cada parte 
do produto ou serviço possibilita ainda compreender o que se pretende produzir, 
as necessidades e interesse de consumo de potenciais clientes, as 
necessidades orçamentárias de materiais diretos ou indiretos e os insumos de 
produção. Essa caracterização também auxiliará nas estimativas e projeções 
posteriores (Fonseca, 2012). 
Para orientar a identificação do produto, as subseções seguintes abordam 
aspectos de definição, descrição e utilização de produtos, bem como apresenta 
uma discussão dos canais de distribuição e do seu ciclo de vida. 
 
 
7 
2.1 Definição, descrição e utilização de produtos 
No âmbito de um projeto de viabilidade, a definição de um produto implica 
em classificá-lo quanto às suas características econômicas, que envolvem três 
grupos de produtos: i) tangíveis; ii) intermediários; e iii) intangíveis. 
O grupo de produtos tangíveis subdivide-se em: a) bens de consumo 
duráveis: apresentam uma baixa taxa de reposição por um mesmo cliente e, 
consequentemente, um consumo em menor proporção quando comparado a 
bens não duráveis. Contudo, é importante considerar o avanço tecnológico como 
variável que tende a alterar a frequência de aquisição de produtos duráveis. 
Exemplo disso é o caso das televisões, que ao longo do século XXI já avançaram 
de TVs de tubo convencionais para TVs de plasma, LCDs, LEDs e 3D; b) bens 
de consumo não duráveis: são produtos que se esgotam com a 
utilização/consumo e têm uma elevada frequência de reposição por um mesmo 
cliente; e c) bens de capital: são os fatores fixos de produção utilizados para a 
fabricação de outros bens (Correia Neto, 2009; Fonseca, 2012). 
Os produtos intermediários correspondem a produtos manufaturados que 
são utilizados ou reincorporados no processo produtivo para a fabricação de 
outros bens finais ou intermediários; ao passo que os produtos intangíveis se 
referem aos serviços privados e públicos. Os serviços privados direcionam-se às 
necessidades de uso individual ou empresarial; e os serviços públicos voltam-se 
para o atendimento das necessidades da população, ou seja, para um uso 
coletivo em que o consumo de um indivíduo não impede ou não exclui o consumo 
de outro (Correia Neto, 2009). 
O Quadro 2 apresenta as características discutidas sobre os produtos. 
Quadro 2 – Classificação dos produtos 
Grupos de 
produtos 
Tipos de 
produtos 
Principais aspectos Exemplos 
Tangíveis 
Bens de 
consumo 
duráveis 
- Produtos de elevada vida útil; 
- Baixa frequência de aquisição 
por um mesmo cliente. 
Automóveis, 
equipamentos e 
eletrodomésticos. 
Bens de 
consumo não 
duráveis 
- Produtos de baixa vida útil; 
- Elevada frequência de 
utilização ou consumo por um 
mesmo cliente. 
Alimentos, materiais de 
limpeza e higiene, e 
materiais de escritório. 
Bens de capital 
Fatores fixos de produção 
utilizados no processo produtivo 
Máquinas e 
equipamentos 
 
 
8 
necessários à produção 
de outros bens. 
Intermediários 
Insumos à 
manufatura 
Fatores variáveis de produção 
utilizados no processo 
produtivo. 
Matérias-primas, 
insumos e embalagens 
Intangíveis 
Serviços 
privados 
Uso individual ou empresarial. 
Consultorias, auditorias, 
instalações de 
equipamentos 
Serviços 
públicos 
- Uso coletivo; 
- Atendimento das necessidades 
da população. 
Serviços educacionais, 
hospitalar e de 
segurança pública 
Fonte: adaptado de Correia Neto, 2009; Fonseca, 2013. 
Com relação à descrição, é importante a análise do produto considerando 
todas as suas partes, assim como a especificação dos principais elementos do 
seu processo produtivo — como propriedades fundamentais da produção, 
variações do produto e formas de apresentação, além da identificação de preços 
praticados no mercado e da existência de bens substitutos e complementares 
(cuja demanda por um produto depende da procura final de outros produtos). 
Para a identificação da utilização do produto, cabe um olhar para o público-alvo, 
considerando questionamentos como: são consumidores finais? São empresas 
que utilizam o produto de forma intermediária para transformá-los em produtos 
finais? Ou seja, essa identificação auxiliará na formulação e composição da 
demanda do produto (Buarque, 1984; Fonseca, 2012). 
2.2 Canais de distribuição de produtos 
Os canais de distribuição correspondem aos caminhos e estratégias 
utilizadas para que o produto chegue a seu destino final, os clientes. Com a 
função de estimular a demanda, os canais de distribuição também compreendem 
o “conjunto de agentes externos que estão envolvidos no processo de tornar 
produtos e serviços disponíveis para uso e consumo” (Silva; Fischmann, 2002, 
p. 6-7). Os agentes envolvidos e o caminho adotado também formam a cadeia 
de suprimentos para disponibilização do produto. Nesse sentido, é fundamental 
a identificação e descrição dos caminhos do produto até os usuários finais 
(Correia Neto, 2009). 
A Figura 1 apresenta um exemplo de uma cadeia típica de distribuição de 
produtos. Em um projeto de viabilidade, é importante deixar claro onde o 
 
 
9 
empreendimento está localizado e quais as relações diretas e indiretas que serão 
estabelecidas na cadeia de suprimentos. 
Figura 1 – Cadeia típica de distribuição de produtos 
 
Fonte: Correia Neto, 2009, p. 25. 
Considerando um produto do setor de vestuário, por exemplo, a utilização 
de fatores variáveis em um processo produtivo gera um fluxo de recebimento de 
matérias-primas e de pagamento por parte do fabricante.O produto finalizado é 
vendido para um atacadista ao preço P1, em que o faturamento do fabricante 
resultará da quantidade vendida Q1 multiplicada pelo P1. Esse mesmo fluxo 
também ocorre nas demais etapas da cadeia, em que o faturamento será dado 
pela Q2 multiplicada pelo P2 (em que P2>P1), e assim sucessivamente. Além 
de gerar informações para melhorar o fluxo dos canais de distribuição, a 
demanda de cada membro da cadeia depende do atendimento das expectativas 
do cliente final (Correia Neto, 2009). 
A depender das especificidades do produto/serviço e do respectivo setor 
de atividade econômica, os canais de distribuição incorporam outras relações e 
aspectos que merecem ser observados, como perecibilidade, sazonalidade e 
dispersão geográfica (Silva; Fischmann, 2002; Correia Neto, 2009). 
2.3 Ciclo de vida de produtos 
Os produtos lançados no mercado apresentam fases e distintos 
comportamentos de preço e de quantidade demanda, que determinam diferentes 
níveis de receita. Mas você sabe quais circunstâncias contribuem para que 
produtos apresentem um ciclo de vida? Os produtos ou serviços são 
transacionados em mercados cada vez mais dinâmicos. A inserção de novos 
produtos no mercado pode provocar reação de concorrentes e estimular o 
surgimento de produtos substitutos, o que pode interferir na participação de 
mercado do novo produto (Correia Neto, 2009). 
 
 
10 
Em geral, a inserção de um novo produto no mercado apresenta quatro 
fases que formam o seu ciclo de vida: i) introdução; ii) crescimento; iii) 
maturidade; e iv) declínio. O Quadro 3 apresenta uma sistematização dos 
principais aspectos do comportamento dos produtos ao longo do tempo. 
Quadro 3 – Comportamento do ciclo de vida de produtos 
Fase Característica Demanda Preço 
Introdução 
Disponibilização do 
produto 
Baixa 
Dois comportamentos distintos: baixos (para 
penetração no mercado) e altos (no caso de 
um produto diferenciado) 
Crescimento 
Aceitação do 
produto, resultado 
dos esforços 
mercadológicos 
Variação 
positiva 
Dois comportamentos distintos: baixos (para 
continuar incentivando o crescimento da 
demanda) e altos (caso apresente uma 
demanda inelástica, ou seja, com pouca 
sensibilidade à alteração no preço) 
Maturidade 
Estabilidade da 
quantidade vendida 
Constante 
Estável (caso não surjam produtos 
substitutos ou a entrada de concorrentes) 
Declínio 
Redução da 
participação no 
mercado 
Variação 
negativa 
Queda nos preços 
Fonte: adaptado de Correia Neto, 2009, p. 24. 
Nesses termos, é importante destacar que ao perceber o início do 
declínio, algumas estratégias podem ser tomadas para tentar ampliar o ciclo de 
vida dos produtos, a exemplo de melhorias e incorporação de inovações 
incrementais nos produtos. Contudo, em alguns setores, o avanço tecnológico 
tende a reduzir o ciclo de vida de alguns produtos (Correia Neto, 2009). 
TEMA 3 – DEMANDA DO PRODUTO/SERVIÇO 
A análise da demanda considera um conjunto de informações qualitativas 
e quantitativas sobre o mercado consumidor. A depender da classificação e 
especificidades do produto, um projeto de viabilidade requer informações 
relativas às características dos consumidores potenciais, comportamento do 
consumidor em função do preço e da renda, consumo histórico do produto, bem 
como informações relativas à contabilidade nacional (Buarque, 1984). 
A identificação das características dos consumidores potenciais é 
fundamental para compreender seu comportamento frente ao produto objeto do 
estudo. Como vimos anteriormente, a classificação e o tipo de produto indicam, 
em certa medida, os possíveis consumidores, se clientes finais ou se empresas 
 
 
11 
que utilizarão os produtos em seus processos produtivos. No caso de clientes 
finais, podemos destacar características socioeconômicas como faixa etária, 
sexo, nível de escolaridade, níveis de renda, estrutura familiar e localização 
geográfica. Caso o público-alvo seja empresarial, cabe descrição de aspectos 
como o setor produtivo, porte da empresa, tempo de atuação no mercado e 
localização (Buarque, 1984; Clemente, 2008; Fonseca, 2012). 
Além disso, cabem considerações a respeito da sensibilidade do 
comportamento do consumidor diante de variações de renda e de atributos do 
produto, a exemplo de preço, qualidade, forma de apresentação e outros 
aspectos de diferenciação (Buarque, 1984; Clemente, 2008). 
O levantamento de informações sobre o consumo histórico do produto é 
relevante tanto para compreensão do comportamento do consumo ao longo do 
tempo quanto para a realização de projeções futuras. Para alguns produtos ou 
serviços já existentes, a coleta de dados do seu consumo anterior pode ser 
encontrada em fontes de dados oficiais ou em entidades de classe do setor de 
atividade que o produto esteja vinculado. Quando esses dados não estão 
disponíveis, deve-se recorrer a outros procedimentos, como observar o 
comportamento de produtos com elevado grau de similaridade. As estatísticas 
nacionais que possibilitam uma aproximação do consumo de determinado 
produto referem-se a dados de consumo aparente. Este corresponde à produção 
interna, adicionada das importações menos as exportações (Buarque, 1984). 
Já as informações relativas à contabilidade nacional são importantes pelo 
fato de que o “consumo futuro dos bens está relacionado a uma quantidade de 
dados da economia em geral” (Buarque, 1984, p. 50), em termos de renda 
nacional, produto, poupança, investimento e, caso se aplique, informações sobre 
as relações comerciais entre países. 
TEMA 4 – OFERTA DO PRODUTO/SERVIÇO 
A análise da oferta de um produto ou serviço considera um conjunto de 
fatores externos, também chamados de fatores do ambiente de negócio. Para 
observamos esses fatores, consideraremos a abordagem de Michel Porter sobre 
a análise estrutural das indústrias. Você conhece esta abordagem? Também 
conhecida como as Cinco Forças de Porter, o autor identifica cinco fatores que 
determinam a intensidade da competitividade: i) poder de barganha dos 
 
 
12 
fornecedores; ii) poder de barganha dos compradores; iii) ameaça dos produtos 
substitutos; iv) ameaça de novos entrantes; e v) rivalidade entre concorrentes 
existentes (por posição em um mesmo mercado). O Quadro 4 apresenta alguns 
aspectos determinantes dessas forças (Porter, 1998). 
Quadro 4 – Forças competitivas de Porter e seus principais aspectos 
Forças Aspectos determinantes 
Poder de 
barganha dos 
fornecedores 
- Tamanho e o grau de concentração em relação ao mercado; 
- Nível de diferenciação de insumos fornecidos; 
- Custo de mudança que compradores terão para trocar de fornecedores; 
- Inexistência de produtos substitutos; 
- Empresa não é um cliente importante para o fornecedor; 
- Importância do produto fornecido para o comprador. 
Poder de 
barganha dos 
compradores 
- Volume de compra e grau de concentração dos compradores; 
- Elevada sensibilidade a variações de preço; 
- Existência de produtos substitutos; 
- Produtos não diferenciados; 
- Transparência de informações sobre preços, custos dos fornecedores. 
Ameaça dos 
produtos 
substitutos 
- Desempenho relativo dos preços dos produtos substitutos; 
- Baixo custo de mudança de um produto pelos seus substitutos; 
- Propensão do comprador a substituir. 
Ameaça de 
novos 
entrantes 
- Economia de escala (elevação da capacidade produtiva sem aumento 
proporcional dos custos); 
- Diferenciação do produto; 
- Necessidade de capital; 
- Desvantagem de custo decorrente de aprendizagem, experiência das 
empresas já instaladas; 
- Acesso aos canais de distribuição; 
- Custos de mudança; 
- Políticas governamentais. 
Rivalidade 
entre 
concorrentes 
existentes 
- Diversidade de concorrentes; 
- Crescimento lento da indústria; 
- Elevados custos fixos ou de armazenamento; 
- Ausência de diferenciação ou custos de mudança; 
- Interesses estratégicose complexidade informacional; 
- Barreiras de saída elevadas. 
Fonte: adaptado de Porter, 1998. 
As cinco forças competitivas mencionadas influenciam diretamente 
preços, custos, investimentos necessários e, portanto, a lucratividade de 
negócios. Os aspectos de cada força podem variar a depender do 
empreendimento e do seu desempenho no tempo. Contudo, possibilitam que 
empreendimentos observem o ambiente de negócio, identificando os fatores que 
determinam a concorrência e estratégias inovadoras para estabelecer uma 
posição lucrativa diante das forças competitivas (Porter, 1998). 
 
 
13 
TEMA 5 – PROJEÇÕES DA DEMANDA E DA OFERTA 
Para a projeção da demanda e da oferta, são utilizados modelos 
econométricos. Existem diversos modelos para estimativa de dados em séries 
temporais. Utilizaremos o modelo de regressão linear, que consiste em uma 
técnica de previsão com base na relação entre variáveis — neste caso, tempo e 
demanda ou oferta pelo produto (Woiler, 1996; Gujarati, 2006). 
A equação do modelo de regressão linear é dada por: 𝑌 = 𝑎 + 𝑏𝑋. 
Em que: 
• Y = variável explicada (ou dependente); 
• X = variável explicativa (ou independente); 
• a = coeficiente linear, ou seja, a interceptação (cruzamento) da reta com 
o eixo vertical. É dado por: 
∑ 𝑌
𝑛
. 
• b = ângulo da reta, ou seja, a inclinação em relação à variável explicativa. 
É dado por: 
∑(𝑋−�̅�)(𝑌−�̅�)
∑(𝑋−�̅�)²
, em que �̅� 𝑒 �̅� correspondem às médias aritméticas 
das suas respectivas variáveis. 
Para determinar a função, utilizaremos o método de mínimos quadrados 
ordinários, que procura diminuir os resíduos e evitar soma zero para obtenção 
de uma reta. Neste caso, a regressão linear transforma o conjunto de dados 
iniciais em uma função estimada para a amostra, dada por: �̂� = 𝑎 + 𝑏(𝑋 − �̅�) 
(Woiler, 1996; Gujarati, 2006). 
Esse modelo pode ser aplicado para estimar tanto a demanda quanto a 
oferta. Para uma melhor compreensão deste, vejamos uma aplicação prática 
para projeção do consumo aparente de gasolina para os próximos anos. O 
consumo aparente de gasolina de 2014 a 2018 em metro cúbico (m³) foi 
respectivamente de: 33.429; 30.267; 31.461; 32.281; e 28.045 (Ipeadata, 2020). 
Conhecidos os dados das duas primeiras colunas do Quadro 4, iremos aplicar 
as fórmulas para encontrar os parâmetros desconhecidos (a e b) e estimar a 
função, conforme segue. 
 
 
 
14 
Quadro 4 – Consumo aparente de gasolina no Brasil (2014-2018) 
Ano (X) Gasolina (Y) (𝑿 − �̅�) (𝑿 − �̅�)² (𝒀 − �̅�) (𝑿 − �̅�) (𝒀 − �̅�) 
2014 (1) 33.429 -2 4 2.332,4 -4.664,8 
2015 (2) 30.267 -1 1 -829,6 829,6 
2016 (3) 31.461 0 0 364,4 0 
2017 (4) 32.281 1 1 1.184,4 1.184,4 
2018 (5) 28.045 2 4 -3.051,6 -6.103,2 
∑ 𝑋 = 15 ∑ 𝑌 = 155.483 10 -8.754,0 
Fonte: adaptado de Ipeadata, 2020. 
Cálculo dos parâmetros desconhecidos e da função estimada: 
�̅� =
∑ 𝑋 
𝑛
=
15
5
= 𝟑 
𝑎 = �̅� =
∑ 𝑌 
𝑛
=
155.483
5
= 𝟑𝟏. 𝟎𝟗𝟔, 𝟔 
𝑏 =
∑(𝑋 − �̅�)(𝑌 − �̅�)
∑(𝑋 − �̅�)²
=
−8.754,0
10
= −𝟖𝟕𝟓, 𝟒 
�̂� = 𝑎 + 𝑏(𝑋 − �̅�) = 31.096,6 − 875,4(𝑋 − 3) = 31.096,6 + 2626,2 − 875,4𝑋 
 
Substituindo o X da função estimada �̂� pela indicação temporal dos 
próximos anos, encontramos a projeção do consumo aparente de gasolina para 
os anos de 2019 a 2023, conforme segue: 
�̂�2019 = 33.722,8 − 875,4 (6) = 𝟐𝟖. 𝟒𝟕𝟎, 𝟒 𝐦³ 
�̂�2020 = 33.722,8 − 875,4 (7) = 𝟐𝟕. 𝟓𝟗𝟓, 𝟎 𝐦³ 
�̂�2021 = 33.722,8 − 875,4 (8) = 𝟐𝟔. 𝟕𝟏𝟗, 𝟔 𝐦³ 
�̂�2022 = 33.722,8 − 875,4 (9) = 𝟐𝟓. 𝟖𝟒𝟒, 𝟐 𝐦³ 
�̂�2023 = 33.722,8 − 875,4 (6) = 𝟐𝟒. 𝟗𝟔𝟖, 𝟖 𝐦³ 
O Gráfico 2 apresenta uma série histórica dos dados observados e da 
projeção do consumo aparente de gasolina no Brasil para os próximos anos. 
�̂� = 𝟑𝟑. 𝟕𝟐𝟐, 𝟖 − 𝟖𝟕𝟓, 𝟒𝑿 
 
 
15 
Para compreender essa trajetória de queda, é importante considerar tanto a 
análise dos elementos discutidos anteriormente quanto observar o 
comportamento dos consumidores e concorrentes frente ao avanço de 
combustíveis alternativos. 
Gráfico 2 – Projeção do consumo aparente de gasolina em metro cúbico (2014-
2023) 
 
Fonte: adaptado de Ipeadata, 2020 e em projeções realizadas. 
TROCANDO IDEIAS 
Considerando a estrutura de mercado monopolista, em um fórum de 
discussão posicione-se a respeito da importância (ou não) da regulação 
governamental sobre o poder de monopólio de empresas sobre seus clientes, 
especialmente quanto ao poder de formação de preços. 
NA PRÁTICA 
No Brasil, o consumo de fertilizantes (em toneladas) utilizados na 
produção agrícola entre 2014 e 2018 foi, respectivamente, de 32.209.066,0; 
30.201.998,0; 34.083.415,0; 34.438.840,0; e 35.506.301,0 (Ipeadata, 2020). 
Considerando esses dados e o modelo de regressão linear, estabeleça a 
projeção da série de consumo de fertilizantes para o período de 2019 a 2023. 
Orientação da resolução: i) organize as informações disponíveis em uma 
tabela (ver modelo utilizado nesta aula); ii) considerando a equação do modelo 
(𝑌 = 𝑎 + 𝑏𝑋), encontre os parâmetros desconhecidos (a e b); iii) com os dados 
encontrados, estime a função �̂� = 𝑎 + 𝑏(𝑋 − �̅�); iv) estabelecidos os cálculos, 
33.429,0
30.267,0
31.461,0
32.281,0
28.045,0
28.470,4
27.595,0
26.719,6
25.844,2
24.968,8
22.000,0
24.000,0
26.000,0
28.000,0
30.000,0
32.000,0
34.000,0
36.000,0
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023
Dados observados Dados projetados
 
 
16 
substitua o X pela indicação temporal dos anos que se pretende estimar e 
encontre a projeção do consumo de fertilizantes de 2019 a 2023. 
FINALIZANDO 
Nesta aula, discutimos aspectos relacionados a um estudo de mercado 
que, de forma geral, procura compreender o mercado consumidor, o ambiente 
de negócios e, com base no conhecimento do mercado atual, estabelecer 
previsões do mercado futuro. Ao final, deve-se ter uma percepção se o projeto, 
sob o ponto de vista do mercado (não em termos financeiros), é viável. 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
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26. reimp. Rio de Janeiro: Elsevier, 1984. 
CLEMENTE, A (Org.). Projetos empresariais e públicos. 3 ed. São Paulo: 
Atlas, 2008. 
CORREIA NETO, J. F. Elaboração e avaliação de projetos de investimento: 
considerando o risco. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 
FONSECA, J. W. F. Elaboração e análise de projetos: a viabilidade 
econômico-financeira. São Paulo: Atlas, 2012. 
GUJARATI, D. N. Econometria básica. 4. ed. Tradução de Maria José Cyhlar 
Monteiro. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. 
IPEADATA. Base de dados macroeconômicos de consumo. Disponível em: 
<http://www.ipeadata.gov.br/Default.aspx>. Acesso em: 15 mar. 2020. 
MANKIN. N. G. Introdução à economia. 6. ed. São Paulo: Cengage Learning, 
2013. 
PORTER, M. E. Competitive advantage: creating and sustaining superior 
performance. Nova York: Free Press, 1998. 
SILVA, A. L.; FISCHMANN, A. A. Adoção de tecnologia de informação em canais 
de distribuição. Revista de Administração, v. 37, n. 2, p. 6-16, abr./jun., 2002. 
VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. 4 ed. São Paulo: Atlas, 
2006. 
WOILER, S. Projetos: planejamento, elaboração, análise. São Paulo: Atlas, 
1996.

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