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1 Isadora Silva Clínica Médica Hipertensão Arterial Sistêmica A hipertensão é caracterizada como a condição clínica multifatorial caracterizada por elevação sustentada dos níveis pressóricos maiores ou iguais a 140 e/ou 90 mmHg (sendo essa pressão medida em pelo menos duas vezes e dando alteração em ambas). Essa pressão pode ser alterada pelas alterações eletrolíticas e distúrbios metabólicos, além de funcionais e estruturais de órgãos alvo. Pode ser agravada pelos fatores de risco: Dislipidemia Obesidade abdominal Intolerância à glicose Diabetes mellitus Fatores genéticos Idade: 55 anos para homens e 65 anos para mulheres. Sexo: masculino é mais comum, porque as mulheres possuem um fator protetivo que é o estrógeno. Pós menopausa, quando os níveis caem, as mulheres passam a serem tão susceptíveis quando os homens, ou até mais acometidas. Ingesta de sal: osmolaridade Sedentarismo: o óxido nítrico permite maior vasodilatação, a pessoa que é sedentária não produz NO em boa quantidade. Tabagismo e álcool: permitem menor liberação de vasodilatadores Fatores socioeconômicos OBS: a apneia obstrutiva do sono causa uma maior chance de hipertensão, sendo que a pessoa na hora do sono não consegue relaxar o necessário para gastar menos energia e relaxar a musculatura. -Efeito do avental branco: quando dá diferença entre a pressão medida em consultório (mais alta) daquela medida fora dele (mais baixa). -Hipertensão do avental branco: valores anormais da PA no consultório, mas com valores normais quando medidos pela MAPA ou MRPA. -Hipertensão mascarada: valores normais da PA no consultório, mas com PA elevada pela MAPA ou MRPA. ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA No Brasil a HAS atinge 32,5% de indivíduos adultos e mais de 60% dos idosos, contribuindo grandemente para as mortes por doenças cardiovasculares. A hipertensão foi denominada doença silenciosa/ assintomática, que pode ser fatal, é uma doença crônica não transmissível, multifatorial, que pode lesionar os vasos sanguíneos, coração, cérebro, rins e retina. A fisiopatologia da HAS baseia-se no inadequado equilíbrio entre débito cardíaco (DC) e na resistência periférica (RVP), que podem ser desencadeados por fatores neurais, fatores locais, humorais, cardíacos, volume sanguíneo, vasoconstritores e vasodilatadores (NO e peptídeos natriuréticos). PA= DC x RVP DC: volume de sangue que o coração envia para o corpo em 1 min 2 Isadora Silva RVP: capacidade que o vaso tem de acomodar as mudanças de volume sanguíneo e pressão. A HAS pode ser classificada como: HAS primária: quando não é identificada doença de base causadora do estado hipertensivo, sendo uma condição multifatorial. Ocorre em 95% dos casos e tem boa resposta ao fármaco. Não tem cura, mas tem tratamento. HAS secundária: quando são identificadas doenças responsáveis pela gênese da hipertensão (ex: hiperaldoeteronismo causado por câncer na suprarrenal). O fármaco na maioria das vezes não resolve, porque não estou tratando a causa base. QUADRO CLÍNICO A grande maioria dos pacientes são assintomáticos e acabam descobrindo a doença quando já existe uma lesão de órgão-alvo. Quando existem sintomas podem ser leves e inespecíficos: Nucalgia: cefaleia suboccipital pulsátil Tontura Palpitação Mal estar Podem causar complicações envolvendo órgãos como: olhos (retina), coração, vasos e rins (nefroesclerose). Existem exames complementares que podemos pedir para definir o diagnóstico: 1. Rotina básica: urina rotina (EAS), filtração glomerular, eletrocardiograma, glicemia jejum, colesterol total, HDL, triglicérides, creatinina plasmática, potássio e ácido úrico. 2. MAPA- registro indireto e intermitente da PA durante 24 hrs enquanto o paciente realiza suas atividades habituais. (130x80). 3. MRPA: avaliação pela obtenção de três medições pela manhã, antes do desjejum e da tomada da medicação e três à noite, antes do jantar durante 5 dias. (130x80) 4. ECG 5. Radiografia de tórax 6. Albuminúria 7. US das carótidas e renal dom Doppler 8. HbA1C 9. Teste ergométrico 10. VOP (velocidade de onda de pulso). DIAGNÓSTICO Vamos averiguar os valores de referência para o diagnóstico de HAS, além de avaliar a história clínica do paciente (seus fatores de risco). Pós a avaliação vamos medir pelo menos 3 vezes a pressão do paciente no consultório (chegando na consulta, meio da consulta e final da consulta). Não podemos classificar o paciente como hipertenso até medir no mínimo 2 vezes em dias diferentes, mas pós firmado podemos classificar o paciente de acordo com os estágios e risco cardiovascular. Após isso vamos fazer a indicação de tratamentos. O MAPA E MRPA são exames realizados para a confirmação do diagnóstico. RESUMINDO... Paciente chega ao atendimento vamos fazer anamnese, perguntar sobre seus antecedentes, hábitos, avaliar fatores de risco, medir 3 vezes a pressão durante a consulta, pedir MAPA e MRPA para confirmação do diagnóstico se preciso, assim confirmar o diagnóstico, 3 Isadora Silva posteriormente classificar a HAS (estágios). Por fim, vamos reavaliar os fatores de risco, fazer a classificação dos riscos cardiovasculares, indicar tratamento. Após o início do tratamento, vamos analisar se está dando certo, caso não esteja podemos avaliar sinais de hipertensão secundária ou ainda avaliar adesão ao tratamento medicamentoso. Alguns casos de hipertensão secundária, podem ser vistos em: SAHOS (síndrome da apneia e hipopneia obstrutiva), Hiperaldosteronismo primário, doença renal parenquimatosa, doença renal parenquimatosa, doença, renovascular, coarctação de aorta, síndrome de cushing, feocromacitoma, hipotireoidismo, hiperparatireoidismo, acromegalia. -A hipotensão arterial é caracterizada como aquela abaixo de 120x80 mmHg, quando a pessoa começa a sentir afetamento da pressão baixa, com alguns sintomas. TRATAMENTO Devemos ter cuidado com 3 fatores: aderência, facilidade e custo. 4 Isadora Silva Temos dois tipos de tratamento: Não farmacológico: nesse tipo de cuidado vamos analisar 1- Controle do peso 2- Reeducação familiar 3- Restrição do consumo de sódio e cessação do tabagismo 4- Moderação do consumo de bebidas alcoólicas 5- Atividade física de leve e moderada intensidade Farmacológico: o tratamento da HA não visa apenas a redução as PA, mas principalmente a redução da morbimortalidade cardiovascular. Temos 4 principais classe iniciais de medicamentos que deveremos iniciar o tratamento: 1- Diuréticos Tiazídicos 2- IECA (inibidores da enzima conversora de angiotensina) 3- BRA (bloqueadores do receptor de angiotensina) 4- Bloqueadores dos canais de cálcio OBS: lembrando que IECA e BRA não podem ser usados juntos Se esses remédios não surtirem efeito passamos para outros tipos de medicações: 5- Espironolactona (diurético poupador de potássio): pessoas com alta de K, não podem tomar essa medicação, já que causaria hipercalemia. 6- BB (betabloqueadores): não são indicados para pessoas com problemas respiratórios. 7- Alfa agonistas de ação central (alfa metildopa, clonidina) 8- Vasodilatadores diretos (hidralazina, minoxidil) 9- Diuréticos de alça (furosemida) Em pessoas com pressão 130-139/85-89: pré- hipertensos com baixo risco cardiovascular, começamos com monoterapia ou podemos associar a depender do caso. Em pessoas em HA estágio I (risco moderado ou alto) ou estágio II e III, já fazemos combinação medicamentosa e em metas não alcançadas, vamos aumentando a associação medicamentosa. 5 Isadora Silva Classe medicamentosaExemplo Efeitos colaterais Contraindicações Observações Diuréticos tiazídicos Hidroclorotiazida, indapamida, clortalidona Fraqueza, cãibras, hipovolemia, disfunção erétil Hiperuricemia, hiponatremia e hipocalemia Dose máxima de hidroclorotiazida é de 50 mg. IECA Captopril, enalapril, cilazapril Tosse seca (devido à presença de bradicinina que irrita o TR e não é inibida pela ECA), angioedema, hiperpotassemia Não pode ser usada em associação com BRA, por afetarem a função renal Tem ação sobre o sistema R/A/A. Inibe a produção de angiotensina. BRA Losartana, valsartana, olmesartana, telmisaratana Poucos efeitos colaterais, mas pode causar raramente o exantema. Não pode ser usada em associação com IECA, por afetarem a função renal Ação sobre o sistema R/A/A, mas na ativação de aldosterona Bloqueadores de canais de cálcio (BCC) Di-hidropiridínicos: são de curto pico, anlodipino, nifedipino Não di- hidropiridínicos: verapamil, diltiazem Cefaleias, rubor facial, hipertrofia gengival Evitar o uso com BB Tem ação na camada muscular de vasos sanguíneos- VASODILATAÇÃO. Diuréticos mineralocorticoides Espironolactona Hiperpotassemia, mastalgia e ginecomastia Em pacientes hipercalemicos não é indicado, pois pode causar arritmias É um diurético poupador de potássio, auxiliando na sua retenção Beta bloqueadores Não Seletivos: propranolol, atenolol, bisoprolol Seletivos: carvediol, nebivolol Aumentam os níveis glicêmicos, permitem vasodilatação, causam broncoespasmos Não podem ser usados por pacientes com problemas respiratórios (asmáticos) Diuréticos de alça Furosemida (diurético excretor de potássio) Hiperpotassemia, desidratação. Evitar desidratação bebendo água 6 Isadora Silva Quando a hipertensão passa a ser resistente mesmo com a ação medicamentosa com uso de 3 ou mais classes de anti-HA, devemos nos atentar a hipertensão secundária e a adesão ao tratamento. Temos as crises hipertensivas, que são aquelas que ocorrem com PA>180/120 mmHg e, podem ser divididas em 3 grupos: Emergências hipertensivas: elevação da PA associada a LOA (lesão de órgãos alvo) aguda e progressiva que pode levar a risco iminente de morte. Situações clínicas mais comuns: AVE isquêmico e edema agudo de pulmão, e entre as lesões mais comuns estão a insuficiência renal, retinopatia hipertensiva e anemia hemolítica microangiopática. Urgência hipertensiva: presença de sintomas relacionados a HAS em pacientes sem lesão aguda de órgãos alvo. Podem ocorrer em pacientes hipertensos que param de tomar as medicações, com lesões crônicas. Pseudocrise hipertensiva: elevação da PA secundária a outro sintoma, mais comumente a dor, ansiedade e estresse emocional. O paciente não deve receber anti-hipertensivos, mas analgésicos e ansiolíticos.
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