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Quanto às melhores metodologias para a educação não formal é correto afirmar que são: c. Metodologias ativas O Pedagogo deve atentar para a formação moral na sua prática na educação não formal se baseando principalmente: NAS DISCUSSOES SOBRE A ETICA No que se refere aos resultados esperados na educação não formal é correto afirmar que: b. Aprendizagens que priorizem a coletividade. Dentre as contribuições das tecnologias digitais de informação e comunicação para as atividades educativas não formais está: APRENDIZAGEM COLABORATIVA Os espaços de educação não formal, conforme Simson, Park e Fernandes (2001), deverão ser desenvolvidos de acordo com alguns princípios: a. Visar o desenvolvimento social. MARQUE A CORRETA A internet não facilita as relações entre as pessoas contribuindo para que elas se comuniquem. (DIZ O DEVER) e. Por intermédio da Web as pessoas podem se conectar rompendo com as barreiras do espaço, mas não as barreiras do tempo. (PRA MIM ESSA) MARQUE A CORRETA A didática adotada pelas instituições — escolares ou não — deve estar voltada para a compreensão da realidade e dos saberes comunitários. Dentre os principais atributos da educação não formal está: c. Conhecimentos repassados por meio de práticas e experiências anteriores. Quanto à finalidade a educação não formal é correto afirmar: d. Capacitação dos indivíduos para que se tornem cidadãos do mundo, no mundo. Marque a alternativa correta: a. A educação popular, conhecida e aprofundada a partir das ideias de Paulo Freire, surge para confirmar que a prática de ensino ultrapassa o espaço escolar. MOD 1 A educação faz parte da vida do indivíduo desde o nascimento, acompanha-o ao longo de toda sua trajetória e é fundamental para a constituição de humanidade. Os indivíduos são educados a partir de convivência e de interações nos grupos socioculturais de que participam, bem como nas instituições sociais. Assim, são educados em espaços informais, formais e não formais, cada uml com características e objetivos distintos para a formação pessoal. A educação é parte importante da vida e constituinte da humanidade dos sujeitos. As pessoas são educadas a partir das relações e interações que vivenciam desde que nascem, nos mais diversos grupos sociais e instituições. Nessas experiências, elas se apropriam das normas de convivência social, de conceitos e sentidos. Assim, acabam por produzir a sua subjetividade e a sua própria identidade. Existe uma classificação dos processos educacionais segundo a seguinte tipologia: educação formal, educação não formal e educação informal. Cada ambiente educativo apresenta suas particulari dades, que precisam ser conhecidas pelo pedagogo a educação é central no processo de humanidade Os in divíduos precisam se apropriar dos elementos que fazem parte da cultura a que pertencem, aprender sobre as regras de convivência, o idioma, os papéis sociais; enfim, estão em constante aprendizado para que possam (sobre)viver. Para entender com maior profundidade o quanto a educação é humani zadora o quanto implica e define a humanidade, considere os itens a seguirentorno; historicidade; . pensamento; . linguagem; . cultura; . interação; . intencionalidade; . auto-organização; . autonomia; . emancipação. . Portanto, as pessoas são educadas também com a finalidade de contribuírem com o grupo a que pertencem, para que ele alcance determinados objetivos sociais Por meio das variadas operações que realiza com sua mente, o homem pode memorizar, selecionar, classificar, analisar, discernir, refletir e criticar o que aprende. Dewey (1979, p. 159) definiu que o “[...] pensar é o esforço intencional para descobrir as relações específicas entre uma coisa que fazemos e a consequência que resulta, de modo a haver continuidade entre ambas”. Assim, como seres pensantes, os sujeitos podem ser educados por meio da compreensão dos resultados de suas ações. Ou seja, eles aprendem a ser huma nos, a ter empatia com os outros — ou pelo menos deveriam aprender assim. A cultura pode ser compreendida como todos os ensinamentos repassados por aqueles que integram os grupos sociais. Assim, os sujeitos são educados a partir do que esses grupos entendem como certo e errado, como útil e proveitoso para o seu desenvolvimento. As pessoas aprendem sobre os valores morais e sobre as regras sociais que se estabeleceram ao longo das gerações anteriores A educação formal é aquela que é desenvolvida nas escolas, com conteúdos previamente demarcados; a informal como aquela que os indivíduos apren dem durante o seu processo de socialização — na família, bairro, clube, amigos, etc. — carregada de valores e culturas próprias, de pertencimento e sentimentos herdados; e a educação não formal é aquela que se apende no “mundo de vida”, via os processos de partilha de experiências, principalmente em espaços e ações coletivas cotidianas. A educação formal é aquela que se realiza a partir da instituição social conhecida como escola na educação formal, embora todos da escola de alguma maneira participem dos processos educativos que ali ocorrem, o educador principal é o professor; o local é a própria escola; o contexto, a forma como a educação ocorre, está prescrito e regulado pelas práticas curriculares que o sistema educacional propõe; e as finalidades e objetivos são constitucionais e envolvem a preparação para a cidadania, o desenvolvimento pleno e a qualificação para o trabalho. Os seus resultados costumam se aliar às demandas de formação exigidas em cada época histórica, que envolvem participar do processo civilizatório e preparatório para viver de forma produtiva na sociedade educação não formal, por sua vez, é aquela que ocorre a partir das neces sidades ou vivências a que o indivíduo se expõe ao longo da vida igrejas, em associações de bairro, nas ações voluntárias realizadas em organizações da sociedade civil, em clubes, em grupos ou redes sociais Assim, aquele que atua como educador nesses espaços deve estar apto a realizar planejamentos flexíveis e adaptáveis aos objetivos requeridos e às condições de cada local “[...] consciência e organi zação de grupo; construção e reconstrução de concepções; sentimento de identidade; formação para a vida; resgate do sentimento de valorização de si próprio; os indivíduos aprendem a ler e interpretar o mundo que os cerca”. A educação não formal funciona, nesse caso, como complementar à ação da educação formal realizada na escola A educação informal, por sua vez, é aquela com que as pessoas se deparam desde o nascimento, que ocorre ao longo da vida, de forma menos organizada ou sistematizada que as demais, sendo seu principal ícone a família. A seguir, veja alguns pontos importantes da educação informal que se inicia na família — independentemente de sua configuração — e é reforçada nos demais grupos sociais desde a infância (SAYÃO, 2013): convivência com os outros; . transmissão da história; . valores; . tradições e costumes; . virtudes; . princípios morais. . A educação informal contribui diretamente para a formação da persona lidade e da identidade do sujeito, fornecendo a ele parâmetros morais para conviver e discernir entre o certo e o errado Assim, o indivíduo é introduzido na cultura e no pertencimento aos grupos culturais de que faz parte. Essa base educacional contribui para que as pessoas sejam bem-sucedidas nos processos educacionais formais e não formais. No auge da sociedade do conhecimento e da informação, a educação formal passa a se revestir de importância também para a formação de outros aspectos da vida. Nesse contexto, a escola adquire grande importância para a condução de programas e projetos intersetoriais que envolvem áreas como a da saúde e a da assistência social. A educação não formal, por sua vez, aliada aos esforços da escola, visa a complementar a formação específica para determinados objetivos pessoais. Cada vez mais, ampliam-se os espaços da educação não formal. Neles, o pedagogo pode planejar e desenvolver programas e projetoseducacionais com maior ou menor grau de estrutura e sistematização. A educação não formal está muito interligada com as questões que dizem respeito à formação política e social, contribuindo para a constituição de sujeitos críticos, que desenvolvam uma postura de luta pela manutenção de seus direitos e da própria democracia. A ideia é formar sujeitos capazes de realizar leituras de mundo diferentes daquela voltada para o dinheiro e para o consumo, típica dos tempos atuais Do mesmo modo, a educação não formal pode se voltar para a prepa ração para o mundo do trabalho e para o aprimoramento de competências, que tanto pode ocorrer no interior das organizações públicas e privadas quanto fora delas, em escolas profissionalizantes que desenvolvem projetos educacionais com jovens e adultos. Além disso, a educação não formal se expande para outros espaços da área da saúde, como hospitais e clínicas interdisciplinares, além de centros de atendimento psicossocial. Ela também integra espaços da assistência social, como os Centros de Referência de Assistência Social (Cras) existentes nos municípios brasileiros. MOD 2 O ser humano se constitui a partir de suas vivências entre os grupos sociais e culturais que participa, bem como, das experiências que vivencia nos ambientes informais e não formais da educação. Assim, os componentes culturais são perpassados aos indivíduos nas interações sociais que se envolvem ao longo da vida. Nos espaços culturais existentes nas comunidades em que se vivem, as pessoas se apropriam de maneiras tidas como mais corretas de viver, bem como, aprendem valores morais e habilidades que os tornam aptas para a vida pessoal e para o trabalho. A formação humana ocorre a partir das múltiplas relações que as pessoas experienciam ao longo da vida. Essas interações sociais ocorrem nos ambientes informais — como na família, no trabalho e nas áreas de lazer —, na escola e nos espaços de educação não formal. Ao frequentar os espaços culturais da sua comunidade, você aprende novos saberes, se apropria de valores e aperfeiçoa a sua humanidade, o que o habilita a ser um cidadão melhor. Da mesma forma, a cultura envolve tudo aquilo que é ensinado nos grupos que você frequenta, o que se refere a ideias e formas de ser, pensar e viver. Ao estudar a formação da humanidade dos sujeitos, ou seja, o modo como alguém se torna um ser humano pensante e diferenciado dos demais seres vivos, você deve considerar a cultura. Porém, o conceito de cultura é muito abrangente e sofreu modifi cações e reconfi gurações históricas que repercutem diretamente na contemporaneidade. Na literatura do século XV, o termo “cultura” se associa ao cultivo agrícola. Até hoje, diz-se que as plantações são “cultivadas”. A partir do século XVI, o conceito de cultura, que era aplicado à produção agrícola, é transposto para a mente humana. A mente passa a ser vista como o campo fértil em que ideias poderiam ser cultivadas. Porém, esse conceito de mente a ser cultivada se restringe aos indivíduos e grupos com acesso à educação escolarizada. Estabelece-se, então, uma diferenciação entre aqueles que seriam cultos (com elevado padrão de cultura e civilização) e os demais. Assim, a partir do conceito contemporâneo de cultura, você pode con siderar que os indivíduos são educados pelos vários elementos que estão ao seu redor, pelas interações que realizam com as pessoas e objetos e por todos os formatos de comunicação, seja nas mídias eletrônicas ou digitais. Os sujeitos são constantemente expostos a manifestações culturais no seu cotidiano, a práticas que procuram fornecer ideias sobre o mundo e sobre a vida, que ensinam um jeito específico de ser. A identidade é produzida a partir dessas representações e dos significados apropriados dos grupos com que os sujeitos convivem, seja na família, com os amigos, na igreja, na escola, no trabalho, nos espaços públicos, nos programas televisivos, na internet, etc. Devido às significativas manifestações da cultura e ao seu impacto na vida contemporânea, alguns autores utilizam a expressão hibridismo cultural (ou “hibridação cultural”) para indicar que existe uma grande miscelânea ou miscigenação entre as mais diversas culturas que formam os sujeitos ao longo de sua vida. enfatiza que a cultura também é regulada e utilizada como forma de conduzir as condutas na sociedade. Assim, a partir dos múltiplos canais de informação a que estão expostos cotidianamente, os sujeitos podem ser subjetivados por novas ideias e conceitos que os façam mudar sua trajetória, colocando em cena novos pensamentos e atitudes Entender como a cultura interfere na formação humana é essencial. As representações sobre o mundo, ou seja, os sentidos ou significados que os indivíduos atribuem às coisas, são ensinadas a eles a partir das experiências culturais que vivenciam. Assim, quando alguém defende que uma etnia, por exemplo, tem maior poder de representação social pois sua cultura é melhor, entram em cena atos de preconceito e discriminação As trocas ocorrem nas relações dos indivíduos nos locais que compõem a comunidade, a partir das interações entre seus membros. Esse fator contribui para que aqueles que frequentam ou compartilham um espaço cultural se alinhem com seus principais pressu postos. A cultura tem um forte caráter pedagógico: as pessoas aprendem com os grupos sociais de que participam, sendo estes imprescindíveis para a sua formação Entretanto, ainda fazem parte da formação dos sujeitos, desde a infância, alguns espaços comuns, não escolares, nos quais ocorrem interações sociais e culturais sig nificativas. Entre eles, você pode considerar: igrejas, associações de bairros, centros comunitários, parques públicos, praças públicas, bibliotecas, casas de cultura e clubes esportivos. Nesses espaços, as manifestações culturais costumam ocorrer e podem, dependendo da história de vida de cada um, contribuir para a formação pessoal. Com o surgimento da internet, o acesso mais facilitado à informação e a busca pelo conhecimento (com a possibilidade de pesquisa em bibliotecas virtuais), o fluxo de pessoas que frequentam as bibliotecas públicas pode ter diminuído. Porém, nos locais onde estas existem, é comum haver centros de aprendizado e manifestações culturais diversas, bem como oficinas voltadas para a arte (música, teatro, dança e artes visuais, por exemplo). O contato com a arte também contribui para que o sentido estético se desenvolva, ou seja, para que as percepções sejam ampliadas por meio dos sentidos. A mesma coisa ocorre nas casas de cultura existentes nos municípios, que costumam propor oficinas pedagógicas e apresentações culturais de todas as ordens Com o surgimento da internet, o acesso mais facilitado à informação e a busca pelo conhecimento (com a possibilidade de pesquisa em bibliotecas virtuais), o fluxo de pessoas que frequentam as bibliotecas públicas pode ter diminuído. Porém, nos locais onde estas existem, é comum haver centros de aprendizado e manifestações culturais diversas, bem como oficinas voltadas para a arte (música, teatro, dança e artes visuais, por exemplo). O contato com a arte também contribui para que o sentido estético se desenvolva, ou seja, para que as percepções sejam ampliadas por meio dos sentidos. A mesma coisa ocorre nas casas de cultura existentes nos municípios, que costumam propor oficinas pedagógicas e apresentações culturais de todas as ordens Outra forma de entender como ocorrem os processos de formação humana a partir das experiências sociais e culturais é por meio da produtividade da linguagem. Ainda que sejam necessárias estruturas cognitivas fi siológicas para tornar os sujeitos aptos e capazes de realizar as operações de pensamento cotidianas, é a partir das palavras, do discurso em si, que se constituem os signifi cados, as formas como se atribuem sentidos às coisas. A experiência é que é caracterizada pelo efeito de proporcionar algo, tocar, mexer de alguma forma com emoções e pensamentos Assim, na lógica da sociedade da informação e do conhecimento,as pessoas despendem grandes esforços para se manterem informadas sobre assuntos de seu interesse, deixando, muitas vezes, de viver experiências significativas que lhes atravessem e produzam novos significados Enquanto se encontram nessa busca por informações, os sujeitos procuram opinar sobre elas, o que também os envolve e dispersa em relação às possibi lidades de experienciar outras situações. Um dos recursos mais escassos na sociedade atual é o tempo, pois o mundo do trabalho ocupa um período cada vez maior do dia das pessoas Ao participar dos processos interativos que ocorrem nos espaços formais, informais e não formais da educação, o sujeito deve ter a oportunidade de viver experiências que o toquem e produzam efeitos em sua formação e na construção da sua subjetividade e de sua identidade A educação formal pode ser resumida como aquela que está presente no ensino escolar institucionalizado, cronologicamente gradual e hierarquicamente estruturado, e a informal como aquela na qual qualquer pessoa adquire e acumula conhecimentos, através de experiência diária em casa, no trabalho e no lazer. A educação não formal, porém, define-se como qualquer tentativa educacional organizada e sistemática que, normalmente, se realiza fora dos quadros do sistema formal de ensino. Existem processos educacionais importantes e fundamentais para a forma ção humana que ocorrem nos mais diversos momentos, muitos deles fora dos muros escolares, seja nos ambientes informais, na família, junto aos amigos, nas horas de lazer. Tais processos também ocorrem nos círculos sociais em que as pessoas se engajam quando têm algum interesse especial. Nesses espaços, elas compartilham objetivos, como lutar por uma causa social que apoiam, pertencer a algum grupo cultural ou obter uma formação profissional, ações típicas da educação não formal Como você pode perceber, uma experiência real e significativa para a formação dos sujeitos — que os capture e envolva tanto os aspectos sensoriais quanto os cognitivos — exige interromper o ritmo e a lógica da sociedade atual. Tal sociedade é caracterizada por um dinamismo exagerado, uma busca excessiva pelas informações e pelas sensações geradas nos relacionamentos virtuais, que, em alguns casos, acabam ocupando grande parte da vida social das pessoas. A lógica das redes sociais prevê a ligação em rede dos sujeitos, o que ocorre por meio de mecanismos de conexão e desconexão de contatos, denominados “amigos” nesses espaços. Porém, é importante considerar se essas conexões ou amizades virtuais têm o mesmo teor daquelas encontradas nas comunidades do mundo real. mod 3 Para conhecer as metas e os desafios da educação não formal, você precisa compreender o conceito e as modalidades da educação. Durante muito tempo, a educação foi encarada como competência da escola e restrita ao ambiente escolar. Contudo, recentemente, a crescente complexidade da sociedade e a diversificação das atividades educativas fizeram com que o conceito de educação fosse revisto e ampliado. Uma sociedade mais complexa traz novas demandas educativas, que precisam ser contempladas em diferentes espaços. Assim, os meios de co municação, os movimentos sociais e os grupos sociais organizados passam a desempenhar um papel educativo em espaços não escolares. Nesse contexto, a educação passa a ser vista como um fenômeno plurifacetado, que ocorre em locais institucionalizados ou não, sob diferentes modalidades De acordo com a intencionalidade e a estruturação das ações, há três moda lidades educativas distintas Educação formal: tem objetivos educacionais explícitos e há uma ação educativa intencional e estruturada. A educação escolar é um exemplo desse tipo de educação. Educação informal: contempla as aprendizagens que os indivíduos . terão ao longo da vida, durante todo o seu processo de socialização, em diferentes instâncias, como família, bairro, religião, entre outras. Essas aprendizagens não são nem organizadas, nem intencionais. Elas ocorrem na interação do sujeito da aprendizagem com outros sujeitos. Educação não formal: é realizada em instituições que não integram . os sistemas de ensino formal, tendo certo grau de sistematização e intencionalidade. São exemplos de espaços de educação não formal os museus, as bibliotecas e as casas de cultura. A seguir, veja as principais metas da educação não formal: capacitar todo sujeito para que possa tornar-se um cidadão do mundo, . no mundo (GOHN, 2006); garantir espaço de interação com a comunidade para que os objetivos . educacionais do grupo possam emergir; promover ações que reafirmem os princípios de igualdade e de justiça . social; transmitir informação, formação política e sociocultural a todos os que . dela participarem; enfrentar a barbárie do mundo por meio da civilidade e do senso de . coletividade e solidariedade. Quando se fala em educação, é preciso diferenciar a educação intencional da educação não intencional (também chamada de informal ou paralela). Segundo Libâneo (2010), a educação não intencional é resultante de múl tiplos fatores, como valores, costumes, ideias, religião, leis, sistema de governo, criação dos fi lhos, meios de comunicação, entre outros. Como tal, ela ocorre de maneira não sistemática e não planejada. Contudo, o fato de não ser intencional não diminui importância desse tipo de aprendizagem no percurso de desenvolvimento dos indivíduos. Sua relevância decorre do fato de que a educação não intencional promove a socialização dos indivíduos e está presente em diferentes espaços. A educação intencional surge como fruto do desenvolvimento da socie dade, da cultura e das tecnologias. Há dois tipos de educação intencional: a educação formal e a educação não formal A educação não formal surge da intenção de melhorar as condições de determinado grupo em dado local. Como a intenção do educador é melhorar as condições de determinado grupo, ao gestor cabe a conscientização dos diferentes papéis que todos assumem. Assim como o educador possui as suas responsabilidades no processo formativo, assumidas quando ele se propõe a desenvolver qualquer ação na educação não formal, os alunos também precisam se comprometer. Cabe a eles assumir o compromisso com a própria formação e com os demais envolvidos no processo, uma vez que na educação não formal não há rigidez ou horários como na educação formal. a educação não formal se caracteriza por possibilitar a transformação social dando condições ao sujeito que participe deste processo de interferir na história por meio de refl exão e de transformação”. Um grande desafio que se coloca nesse contexto é a formação dos profis sionais para atuar na educação não formal. Esse tipo de educação demanda um profissional consciente de seu papel e de sua importância para a superação dos problemas sociais. Para que os educadores possam cumprir o seu papel na educação não formal, sua formação inicial deve oferecer subsídios para que sejam capazes de atuar em contextos educativos distintos, adequando suas práticas às diferentes demandas do público da ação educativa. A “nova” formação pedagógica deve ser capaz de desenvolver profissionais que reflitam sobre o seu papel e sobre as especificidades do contexto no qual a ação educativa ocorre, criando e recriando suas práticas a partir dessas especificidades e dos conhecimentos teóricos. Enquanto essa “nova” formação não se efetiva nas instituições de formação inicial, cabe ao gestor oportunizar aos educadores a formação em serviço. É o gestor que conhece as particularidades e as necessidades da comunidade na qual as ações educativas são desenvolvidas. Por isso, ele é que deve elencar os principais conteúdos necessários ao embasamento das práticas educativas e propor ações de formação aos educadores De acordo com os referenciais legais, o egresso da formação pedagógica deve estar apto a realizar o levantamento das características e demandas do contexto no qual irá atuar, sendo responsável pelo planejamento de ações educativas que atendam a essas demandas. O perfildo egresso deve ser construído ao longo de todo o seu curso de formação. No projeto pedagógico do curso, devem estar presentes os elementos listados a seguir: I – estudo do contexto educacional, envolvendo ações nos diferentes es paços escolares, como salas de aula, laboratórios, bibliotecas, espaços recreativos e desportivos, ateliês, secretarias; II – desenvolvimento de ações que valorizem o trabalho coletivo, inter disciplinar e com intencionalidade pedagógica clara para o ensino e o processo de ensino-aprendizagem; III – planejamento e execução de atividades nos espaços formativos (ins tituições de educação básica e de educação superior, agregando outros ambientes culturais, científicos e tecnológicos, físicos e virtuais que ampliem as oportunidades de construção de conhecimento), desenvol vidas em níveis crescentes de complexidade em direção à autonomia do estudante em formação; IV – participação nas atividades de planejamento e no projeto pedagógico da escola, bem como participação nas reuniões pedagógicas e órgãos colegiados; V – análise do processo pedagógico e de ensino-aprendizagem dos con teúdos específicos e pedagógicos, além das diretrizes e currículos edu cacionais da educação básica; VI – leitura e discussão de referenciais teóricos contemporâneos educa cionais e de formação para a compreensão e a apresentação de propostas e dinâmicas didático-pedagógicas; VII – cotejamento e análise de conteúdos que balizam e fundamentam as diretrizes curriculares para a educação básica, bem como de conhe cimentos específicos e pedagógicos, concepções e dinâmicas didático- -pedagógicas, articuladas à prática e à experiência dos professores das escolas de educação básica, seus saberes sobre a escola e sobre a mediação didática dos conteúdos; VIII – desenvolvimento, execução, acompanhamento e avaliação de proje tos educacionais, incluindo o uso de tecnologias educacionais e diferentes recursos e estratégias didático-pedagógicas; IX – sistematização e registro das atividades em portfólio ou recurso equivalente de acompanhamento (BRASIL, 2015, documento on-line A análise da legislação demonstra que ainda há uma ênfase maior nas atividades relacionadas à educação básica em contextos escolares. Contudo, o texto prevê também a atuação em diferentes espaços formativos. Além disso, as habilidades e competências pensadas para os contextos escolares são aplicáveis a contextos extraescolares. Assim, o educador que vai atuar na educação não formal deve estar apto a utilizar os conhecimentos adquiridos no curso de formação para embasar suas ações, visando à promoção de uma aprendizagem significativa para todos os envolvidos no processo educativo. Como nem sempre essas habilidades são contempladas no curso de formação inicial, é papel do gestor promover o desenvolvimento delas em ações de formação continuada em serviço. Para que haja uma educação de qualidade, é necessária a promoção de boas práticas de ensino, isto é, de práticas que contemplem as necessidades de todos os alunos envolvidos no processo de aprendizagem. Portanto, o gestor tem um papel fundamental na promoção dessa educação de qualidade, na medida em que cabe a ele realizar a formação continuada dos educadores, acompanhar os processos de ensino e avaliar os resultados. objetivo da gestão é garantir que, em determinado espaço, as finalidades estabelecidas sejam cumpridas. Nos contextos educativos, o conceito de gestão está associado ao fortalecimento da democratização do processo pedagógico, pressupondo a participação de todos os envolvidos na tomada de decisões e na sua efetivação, tendo em vista resultados cada vez mais efetivos e significativos. A participação de todos os envolvidos nos processos educativos está prevista A gestão democrática deve ser implementada na educação formal por lei, como você viu, pois a história dos espaços característicos dessa modalidade educativa não favoreceu o desenvolvimento das ações de participação, ao contrário do que ocorreu no caso da educação não formal, que surgiu a partir de uma concepção democrática. Assim, falar em gestão democrática é necessário porque os novos pedagogos são formados em espaços de educação formal, mas poderão atuar em diferentes âmbitos. Nos espaços da educação não formal, é importante que os pedagogos realizem a formação de um indivíduo ou de um coletivo, quer seja nos espaços comunitários, quer seja nas igrejas ou em outros espaços. Esses espaços têm uma organização intencional e apoiada no diagnóstico da comunidade em que estão inseridos, demandando, por parte da gestão, um olhar atento para a orien tação dos educadores, visando a agregar a comunidade em uma participação ativa, democrática e que sirva para monitorar o desenvolvimento das ações. Para que isso ocorra, cabe ao gestor da educação não formal, em um primeiro momento, conhecer de maneira pormenorizada a realidade na qual as ações educativas serão desenvolvidas, para que as necessidades da comu nidade sejam atendidas. Ao conhecer a comunidade e suas demandas, cabe a ele envolver as pessoas na tomada de decisões e nas providências para a implementação das ações planejadas. Todos os atores envolvidos nas ações devem participar não só do processo de tomada de decisões, mas também do funcionamento da organização educa tiva. Dessa maneira, o conceito de gestão democrática no espaço não escolar é resultante de uma nova concepção de gestão organizacional. A gestão democrática se coloca como um desafio na medida em que rompe com os modelos tradicionais de gestão. Ao mesmo tempo, ela se impõe como uma necessidade na busca constante pela qualidade das ações educativas oferecidas. Na medida em que as ações educativas não formais surgem e são procuradas para o atendimento de demandas sociais, é fundamental que os sujeitos que delas participam tenham assegurada uma educação de qualidade. mod 4 Nossa vida é repleta de experiências de aprendizagem que vão sendo tecidas por meio da nossa participação nos grupos sociais a nossa volta. Nessas experiências, vamos nos apropriando dos elementos da cultura que são produzidos e reforçados nos contextos nos quais estamos in seridos. Assim, temos à disposição uma riqueza de oportunidades de obter conhecimentos de todos os tipos ao longo da vida. Muitas dessas oportunidades ocorrem nos espaços da educação não formal, propostos por organizações empresariais, sociais e públicas, com os mais variados objetivos. Esses espaços nos preparam para aspectos diversos que a nossa trajetória exige, contribuindo para a formação da nossa identidade. O homem anseia por aprender tanto para participar dos grupos sociais em que se insere quanto para tornar-se autônomo e independente. Dessa forma, muitos são os espaços onde essa busca pelo conhecimento vai ocorrer, para além dos muros escolares. Conforme destaca Gadotti (2005, p. 48), “[...] todo ser vivo aprende na interação com o seu contexto: aprendizagem é relação com o contexto. Quem dá significado ao que aprendemos é o contexto”. Assim, podemos extrair importantes informações sobre o processo de aprendizagem do ser humano: ela se dá na interação com outros seres. Nesse processo, o meio e as condições sociais, políticas, econômicas, históricas e culturais também são determinantes e, portanto, devem ser considerados. Dessa forma, a educação não formal é caracterizada pelos seguintes aspectos: natureza integracionista; . caráter emancipatório; . natureza transformadora; . finalidade política/participativa; . natureza contextual. . Em essência, o conhecimento nos marca e contribui decisivamente para a construção histórica da nossa vida, uma vez que fornece base de sustentação para o desenvolvimento social. A educação não formal tem um sentido integracionista quando é capaz de fornecer aos homens a capacidade de participar dos grupos sociais nos quais eles se envolvem ou permite que possam aderir a outros por livre escolha. Por exem plo, um jovem pode interessar-se por programas de escotismo e, assim, passar a frequentar um grupo escoteiro,no qual vai adquirir uma gama de conhecimentos e valores por meio das experiências que tiver ali. Muitos desses conhecimentos não seriam adquiridos em outros espaços — ou pelo menos não da mesma maneira Os conhecimentos que vamos obtendo ao longo das aprendizagens nos espaços públicos e nas organizações não formais nos fornecem condições de tomar as nossas próprias decisões, construir uma visão particular de mundo, agir em busca de um comportamento mais independente e autônomo. Isso representa o caráter emancipatório da educação não formal. Da mesma forma, a educação não formal nos permite transformar nossas vidas, uma vez que podemos perseguir intencionalmente alguns objetivos que sejam importantes para nós. Assim, realizar um curso de idiomas, por exemplo, pode tornar um indivíduo capaz de se comunicar com pessoas de outras nações, bem como possibilitar um emprego melhor, ou seja, transforma a existência. Outro aspecto importante da educação não formal é a sua natureza política, não somente no sentido de sermos seres sociais, que aprendemos culturalmente sobre formas de ser e estar no mundo, mas em defesa de uma existência demo- crática e cidadã. Para que esses conhecimentos se efetivem, exigem participação e coletividade. Essa vontade de participar e de modificar a realidade é produzida como forma de conhecimento ou aprendizagem, a partir do contexto em que esta mos inseridos. Logo, para a educação não formal, o meio, o contexto, a realidade em que as pessoas se encontram e aprendem devem ser sempre considerados. Acompanhando a citação da autora, a educação não formal cumpre a im portante finalidade de nos formar enquanto cidadãos, conscientes dos nossos direitos e da importância de participarmos dos processos sociais que acabam por regular as nossas vidas. Portanto, os conhecimentos da educação não formal nos instrumentalizam para a vida, o que vai além dos conhecimentos científicos que a escola traz como foco. Conforme reitera Marchiori (2018, p. 18), “[...] uma pessoa se revela como ser social em sua relação com as outras. Dessa forma, emerge nas organiza ções um processo contínuo e ininterrupto de construção de culturas”. Em outras palavras, em todas as organizações, estamos sendo expostos a práticas pedagógicas que nos ensinam coisas, que nos fornecem novos conceitos e valores, que produzem competências e nos preparam para o que a vida exige. Ao falarmos sobre a importância da busca de conhecimento pelo ser humano e como isso contribui para a nossa formação, devemos considerar os diversos tipos de conhecimentos existentes. Chauí (2000) divide o conhecimento da seguinte forma: senso comum, conhecimento mítico, conhecimento religioso, conhecimento científico e conhecimento filosófico O conhecimento científico tem a pretensão de oferecer uma explicação que seja vista como a verdade. Para isso, aplica-se um método exaustivo de experimentações e análises sobre o objeto estudado. Porém, na atualidade, isso tem sido contestado em detrimento de outras explicações possíveis para os mesmos fenômenos ou objetos analisados. O importante é destacar que há uma gama de conhecimentos que podem ser obtidos na educação não formal, que perpassam todos esses tipos e que vão fazer parte da vida das pessoas de forma variável e diferenciada, de acordo com a sua história e os seus laços sociais e culturais. Podemos destacar alguns aspectos presentes nos processos de construção de conhecimento que se apresentam nas organizações da educação não formal (MARCHIORI, 2018): mudança; . comunicação; . compartilhamento; . práticas; . integração; . adaptação; . competição; . cultura. . Ao comentarmos sobre a educação não formal e o conhecimento gerado pelas organizações que fazem parte dela, é importante apontar a busca por mu danças como uma das finalidades do processo de construção de conhecimento. Muitas dessas mudanças são almejadas por meio das ações das organizações da sociedade civil que hoje compõem o terceiro setor, bem como no interior dos movimentos sociais brasileiros Dessa forma, desde a década de 1990, sobretudo impulsionadas pelas tecnologias digitais de informação e comunicação e pelas reconfigurações que vieram com a globalização, as possibilidades de participação em organizações não formais de educação se ampliaram, uma vez que é no interior delas que são desenvolvidos os requisitos para o exercício da cidadania. Assim, percebemos a existência de muitos movimentos que hoje são articulados em torno das po líticas públicas existentes, buscando a sua implementação ou o monitoramento das suas ações Desde os primórdios do século XXI, as discussões acerca dos processos educativos que ocorrem na nossa formação humana têm sido fomentados no intuito de problematizar a tendência hegemônica que entende a escola como responsável quase que única pela educação. Assim, o conceito de comuni dade escolar, ainda que envolva as organizações do entorno da instituição de ensino, parece restringir a essa organização a fi nalidade de educar. Gohn (2004, documento on-line) rebate essa ideia, sugerindo que seria melhor uti lizarmos o termo “comunidade educativa”, pois este envolveria as estruturas organizadas dentro e fora da escola, entendendo que em ambos os espaços há intencionalidade e práticas educativas: Como podemos notar, o conceito de comunidade educativa expande a noção de educação para outros contextos além dos muros da escola, enfa tizando que existem possibilidades educacionais e aprendizagens capazes nesses outros ambientes, como as organizações típicas do terceiro setor (associações, cooperativas, fundações, etc.). Essas organizações, quando existentes nas comunidades, podem ter como objetivo o direito social à educação, inclusive reforçando as ações da própria escola, complementando os seus afazeres e contribuindo para que ela atinja os seus objetivos Ao ter a oportunidade de participarem em uma organização da educação não formal, os indivíduos podem, por meio das experiências vividas nesse espaço, rever os seus posicionamentos anteriores aprendidos nos seus grupos culturais, bem como apropriar-se de novos elementos que ampliam o seu entendimento sobre questões importantes e pertinentes das suas vidas. Assim, por meio da reflexão e do incremento do seu repertório e dos seus conhecimentos, podem acrescentar novos sentidos à sua vida e à sua identidade nesse contato com os outros Logo, além de buscar uma transformação social focando um direito ou uma demanda pertinente, os indivíduos que ali interagem entre si também se transformam, reforçando conceitos e apropriando-se ou reforçando os seus valores. Nesse sentido, ao pensarmos em transformação e na educação não formal, destacamos o caráter da emancipação que, em muitos casos, ocorre a partir dessas práticas pedagógicas Dessa forma, a autora teve a possibilidade de vivenciar muitos dos aspectos que constituem e caracterizam um espaço da educação não formal: a flexibilidade da estrutura e do tempo das práticas educativas; . os objetivos pedagógicos alinhados com as demandas sociais urgentes . nessas comunidades e, por isso, estão em constante mutação no decorrer do tempo; a cultura como fator importante e decisivo para o engajamento e a . participação dos atores que ali se encontram e interagem em busca de crescimento e aprimoramento das possibilidades de vida. mod 5 Um dos fenômenos mais significativos dos processos sociais contempo râneos é a ampliação do conceito de educação e a diversificação das ativi dades educativas, levando, por conseqüência, a uma diversificação da ação pedagógica na sociedade. Em várias esferas da prática social, mediante as modalidades de educação informais, não-formais e formais, amplia-se a produção e disseminação de saberes e modos de ação (conhecimentos, conceitos, habilidades, hábitos, procedimentos, crenças, atitudes), levan do a práticas pedagógicas. Estamos diante de uma sociedade genuina mente pedagógica Um dos fenômenos mais significativos dos processos sociais contem porâneos é a ampliação do conceitode educação e a diversificação das ativi dades educativas, levando, por conseqüência, a uma diversificação da ação pedagógica na sociedade. Em várias esferas da prática social, mediante as modalidades de educação informais, não-formais e formais, é ampliada a pro dução e disseminação de saberes e modos de ação (conhecimentos, concei tos, habilidades, hábitos, procedimentos, crenças, atitudes), levando a práti cas pedagógicas. Apesar disso, a Pedagogia como campo de estudos específicos vive, hoje, no Brasil, um grande paradoxo. Por um lado, está em alta na sociedade. Nos meios profissionais, políticos, universitários, sindicais, empresariais, nos meios de comunicação, nos movimentos da sociedade civil, verificamos uma redescoberta da Pedagogia. Observamos uma movimentação na sociedade mostrando uma ampliação do campo do educativo com a conseqüente reper cussão no campo do pedagógico. Enquanto isso, essa mesma Pedagogia está em baixa entre intelectuais e profissionais do meio educacional, com uma forte tendência em identificá-la apenas com a docência, quando não para desqualificá-la como campo de saberes específicos. Os próprios pedagogos – falo especificamente dos que lidam com a educação escolar – parecem estar se escondendo de sua profissão ao não fazerem frente às investidas contra a Pedagogia e ao exercício profissional dos pedagogos especialistas, adotando uma atitude desinteressada frente à especificidade dos estudos pedagógicos e aos próprios conteúdos e processos que eles representam Verificamos, assim, uma ação pedagógica múltipla na sociedade, em que o pedagógico perpassa toda a sociedade, extrapolando o âmbito escolar formal, abrangendo esferas mais amplas da educação informal e não-formal, criando formas de educação paralela, desfazendo praticamente todos os nós que separavam escola e sociedade A idéia de senso comum, inclusive de muitos pedagogos, é a de que Peda gogia é ensino, ou melhor, o modo de ensinar. Uma pessoa estuda Pedagogia para ensinar crianças. O pedagógico seria o metodológico, o modo de fazer, o modo de ensinar a matéria. Trabalho pedagógico seria o trabalho de ensinar, de modo que o termo pedagogia estaria associado exclusivamente a ensino. Há, de fato, uma tradição na história da formação de professores no Brasil segundo a qual pedagogo é alguém que ensina algo A Pedagogia se ocupa, de fato, com a formação escolar de crianças, com processos educativos, métodos, maneiras de ensinar, mas, an tes disso, ela tem um significado bem mais amplo, bem mais globalizante. Ela é um campo de conhecimentos sobre a problemática educativa na sua totalidade e historicidade e, ao mesmo tempo, uma diretriz orientadora da ação educativa. Pedagogia é, então, o campo do conhecimento que se ocupa do estudo - sistemático da educação do ato educativo, da prática educativa como com ponente integrante da atividade humana, como fato da vida social, inerente ao conjunto dos processos sociais. Não há sociedade sem práticas educativas. Pedagogia diz respeito a uma reflexão sistemática sobre o fenômeno educativo, sobre as práticas educativas, para poder ser uma instância orientadora do tra balho educativo. Ou seja, ela não se refere apenas às práticas escolares, mas a um imenso conjunto de outras práticas. O campo do educativo é bastante vasto, uma vez que a educação ocorre em muitos lugares e sob variadas mo dalidades: na família, no trabalho, na rua, na fábrica, nos meios de comunica ção, na política, na escola há uma diversidade de práticas educativas, há também várias pedagogias: a pe dagogia familiar, a pedagogia sindical, a pedagogia dos meios de comunica ção etc., além, é claro, da pedagogia escolar. A educação é, assim, uma prática humana, uma prática social, que modifica os seres humanos nos seus estados físicos, men tais, espirituais, culturais, que dá uma configuração à nossa existência hu mana individual e grupal É uma questão, pois, de entender a pedagogia como prática cultural, forma de trabalho cultural, que envolve uma prática intencional de produ ção e internalização de significados. É esse caráter de mediação cultural que explica as várias educações, suas modalidades e instituições, entre elas a edu cação escolar. Também daí decorrem as várias projeções do educativo em projetos nacionais, regionais, locais, que expressam intenções e ações logo materializadas nos currículos. A educação é uma prática social que busca realizar nos sujeitos humanos as características de humanização plena. Todavia, toda educação se dá em meio a relações sociais. Numa sociedade em que essas relações se dão entre grupos sociais antagônicos, com diferentes interesses, em relações de exploração de uns sobre outros, a educação só pode ser crítica, pois a humanização plena implica a transformação dessas relações. Isso significa que a Pedagogia lida com o fenômeno educativo enquanto expressão de in teresses sociais em conflito na sociedade em que vivemos. É por isso que a Pedagogia expressa finalidades sociopolíticas, ou seja, uma direção explícita da ação educativa relacionada com um projeto de gestão social e política da sociedade. destacam quatro elementos da cultura que precisam ser apropriados por todas as pessoas: 1) os conhecimentos sobre a natureza, a sociedade, o pensamento, a técnica e os modos (ou métodos) de atuação; 2) a experiência prática de colocar esses métodos em ação expressa em habilidades e hábitos intelectuais e práticos; 3) a experiência da atividade humana criadora na busca de soluções para novos problemas; 4) os conhecimentos avaliativos referentes às normas de relação com o mundo, de uns com os outros, expressos num sistema de valores morais, estéticos e emocionais; Há, pois, duas características fundamentais do ato educativo intencio nal: primeiro, a de ser uma atividade humana intencional; segundo, a de ser uma prática social. No primeiro caso, sendo a educação uma relação de influ ências entre pessoas, há sempre uma intervenção voltada para fins desejáveis do processo de formação, conforme opções do educador quanto à concepção de homem e sociedade, ou seja, há sempre uma intencionalidade educativa, implicando escolhas, valores, compromissos éticos. No segundo caso, a edu cação é um fenômeno social, ou melhor, uma prática social que só pode ser compreendida no quadro do funcionamento geral da sociedade da qual faz parte. Isso quer dizer que as práticas educativas não se dão de forma isolada das relações sociais que caracterizam a estrutura econômica e política de uma sociedade, estando subordinadas a interesses sociais, econômicos, políticos e ideológicos de grupos e classes sociais O didático se refere especificamente à teoria e prática do ensino e aprendizagem, considerando o ensino como um tipo de prática educativa, vale dizer, uma modalidade de trabalho peda gógico. Dessa forma, o trabalho docente é pedagógico porque é uma ativi dade intencional, implicando uma direção (embora nem todo trabalho pe dagógico seja trabalho docente). O que significa dizer que todo ensino su põe uma “pedagogização”, isto é, supõe uma direção pedagógica (intencio nal, consciente, organizada), de modo a converter as bases da ciência em matéria de ensino. .2 Em resumo, a Pedagogia, mediante conhecimentos científicos, filosófi cos e técnico-profissionais, investiga a realidade educacional em transforma ção, para explicitar objetivos e processos de intervenção metodológica e organizativa referentes à transmissão/assimilação de saberes e modos de ação. Ela visa o entendimento, global e intencionalmente dirigido, dos problemas educativos e, para isso, recorre aos aportes teóricos providos pelas demais ciências da educação. O pedagogo é o profissi onal que atua em várias instâncias da prática educativa, direta ou indireta mente ligadas à organização e aos processos de transmissão e assimilação de saberes e modos de ação, tendo em vista objetivos de formação humana pre viamente definidos em sua contextualização histórica. Esse entendimento permite falar de três tipos de pedagogos: 1) pedagogoslato sensu, já que todos os profissionais se ocupam de domínios e problemas da prática educativa em suas várias manifestações e modalidades, são, genu inamente, pedagogos. São incluídos, aqui, os professores de todos os níveis e modalidades de ensino; 2) pedagogos stricto sensu, como aqueles especialis tas que, sempre com a contribuição das demais ciências da educação e sem restringir sua atividade profissional ao ensino, trabalham com atividades de pesquisa, documentação, formação profissional, educação especial, gestão de sistemas escolares e escolas, coordenação pedagógica, animação sociocultural, formação continuada em empresas, escolas e outras institui ções; 3) pedagogos ocasionais, que dedicam parte de seu tempo em ativida des conexas à assimilação e reconstrução de uma diversidade de saberes O curso de Pedagogia se destina a formar o pedagogo-especialista, isto é, um profissional qualificado para atuar em vários campos educativos, para atender demandas socioeducativas (de tipo formal, não-formal e in formal) decorrentes de novas realidades, tais como novas tecnologias, no vos atores sociais, ampliação do lazer, mudanças nos ritmos de vida, so fisticação dos meios de comunicação. podemos definir para o pedagogo duas esferas de ação educativa: escolar e extra-escolar. No campo da ação pedagógica escolar, há três tipos de atividades que se distinguem: a) a de professores do ensino público e privado, de todos os níveis de ensino e dos que exercem atividades correlatas fora da escola con vencional; b) a de especialistas da ação educativa escolar operando nos níveis cen trais, intermediários e locais dos sistemas de ensino (supervisores pedagógicos, gestores, administradores escolares, planejadores, co ordenadores, orientadores educacionais etc.); c) especialistas em atividades pedagógicas paraescolares atuando em órgãos públicos, privados e públicos não-estatais, envolvendo asso ciações populares, educação de adultos, clínicas de orientação pe dagógica/ psicológica, entidades de recuperação de portadores de necessidades especiais etc. (instrutores, técnicos, animadores, con sultores, orientadores, clínicos, psicopedagogos etc.). No campo da ação pedagógica extra-escolar, há profissionais que exer cem sistematicamente atividades pedagógicas e os que ocupam ape nas parte de seu tempo nessas atividades: a) formadores, animadores, instrutores, organizadores, técnicos, con sultores, orientadores, que desenvolvem atividades pedagógicas (não escolares), em órgãos públicos, privados e públicos não-estatais, li gadas às empresas, à cultura, aos serviços de saúde, alimentação, pro moção social etc.; b) formadores ocasionais, que ocupam parte de seu tempo em ativida des pedagógicas, em órgãos públicos estatais, não-estatais e empre sas, referentes à transmissão de saberes e técnicas ligados a outra atividade profissional especializada. Falo, por exemplo, de engenhei ros, supervisores de trabalho, técnicos etc., que dedicam boa parte de seu tempo a supervisionar ou ensinar trabalhadores no local de traba lho, orientar estagiários etc O curso de Pedagogia será destinado à formação de profissionais inte ressados em estudos do campo teórico-investigativo da educação e no exercí cio técnico-profissional, como pedagogos no sistema de ensino, nas escolas e em outras instituições educacionais, inclusive as não-escolares. Portanto, a formação dos profissionais da educação deve contemplar a preparação daqueles profissionais da área educacional demandados pela so ciedade brasileira, em sua configuração atual, para atuarem na organização e na gestão de todos os segmentos do sistema nacional de ensino. Com igual insistência, é também necessária a formação de estudiosos que se dediquem à construção do conhecimento científico na área, uma vez que a educação tam bém é considerada como um campo teórico-investigativo e que a produção desse conhecimento é requisito fundante de toda formação técnica e docente. Assim, a formação do profissional da educação é vista sob uma tríplice pers pectiva: visa formar um profissional que possa atuar como docente(atual li cenciado), como especialista (detentor das atuais habilitações) e como pes quisador (o atual bacharel, como essa modalidade tem sido mantida). O Centro de Formação, Pesquisa e Desenvolvimento Profissional de Professores terá quatro objetivos: a) formação e preparação profissional de professores para atuarem na Educação Básica: Educação Infantil, Ensino Fun damental (1.a a 8.a séries) e Ensino Médio; b) desenvolver, em colaboração .a .a com outras instituições (Estado, Sindicatos etc.), a formação contínua e o desenvolvimento profissional dos professores; c) realizar pesquisas na área de formação e desenvolvimento profissional de professores; d) preparação profissional de professores que atuam no Ensino Superior. Esses objetivos configuram um projeto pedagógico próprio para a formação e o desenvolvi mento profissional de professores. A institucionalização do CFPD possibilita a incorporação dos princípi os que os educadores construíram ao longo dos últimos anos em seus movi mentos, encontros, pesquisas e debates , tais como: a) instituição de uma escola específica para a formação de professores, voltada para a profissionalidade docente, o desenvolvimento profis sional e construção da identidade de professor; b) reconhecimento de que a identidade profissional do professor se cons titui da dimensão epistemológica e profissional. A epistemológica compreende a docência como confluência de quatro campos de co nhecimentos específicos (conteúdos das diversas áreas do saber e do ensino, conteúdos pedagógico-didáticos, conteúdos de saberes peda gógicos mais amplos, conteúdos relacionados com o sentido da exis tência humana). A profissional compreende um campo específico de intervenção profissional na prática social; c) indissociabilidade entre teoria e prática, entendendo que o curso de formação e as escolas são espaços de formação teórica e prática, ob servando um regime pelo qual os estudantes alternam períodos de permanência nas escolas e na universidade; d) compreensão da pesquisa como componente essencial da/na forma ção, de modo que a pesquisa da prática se constitua como princípio formativo e princípio cognitivo, além de objeto de reflexão/forma ção; e) permanência dos graduandos nas escolas, em atividades de estágio, com a finalidade de promover a observação, experimentos e análises das situações de ensino e aprendizagem, o desenvolvimento de ativi dades que propiciem a reflexão, a discussão teórica e a elaboração de hipóteses, o exercício da docência; f) instituição de formas de trabalho coletivo e interdisciplinar; g) visão de totalidade do processo escolar/educacional, compromisso social e ético (trabalho docente como profissão pública). A Pedagogia precisa reafirmar seu compromisso com a razão, com a busca da emancipação, da autonomia, da liberdade intelectual e política. O pensamento pós-moderno critica a possibilidade dessa busca de autonomia no mundo contemporâneo. Há restrições à autonomia do sujeito face às rela ções de poder, à vigilância das ações individuais, à burocratização, à racionalidade instrumental, à subjugação da subjetividade. Todavia, uma Pe dagogia para a emancipação precisa continuar apostando na possibilidade de desenvolvimento de uma razão crítica precisamente como condição para des velar as restrições à autonomia no contexto do mundo moderno A qualidade é um conceito implícito aos processos formativos e ao ensino, implica educação geral onilateral, voltada para a cidadania, para a formação de valores, para a valorização da vida hu mana em toda as suas dimensões. Isso não leva a educação escolar a se eximir do seu contexto político e econômico, nem sequer de suas responsabilidades de preparação para o trabalho, mas, também, não pode estar subordinada e a serviço exclusivo do modelo econômico. Para isso, é preciso que os sistemas de ensino e as escolas prestem mais atenção à qualidade cognitiva das aprendizagens, colocandoessa exigência como foco central da gestão escolar e do projeto pedagógico. Não adianta defender a gestão democrática das escolas, eleições para diretor, aquisição de novas tecnologias etc. se os alunos continuam sendo reprovados, tendo um baixíssimo rendimento escolar ou níveis insatisfatórios de aprendizagem. Se o aluno não aprendeu bem, se as crianças continuam repetindo, a escola não vem servindo para nada. A democratização da sociedade e a inserção dos alunos no mundo da produção supõem um ensino fundamental como necessi dade imperativa de proporcionar às crianças e jovens os meios cognitivos e operacionais que atendam tanto às necessidades pessoais como às econômi cas e sociais. Ver a escola como “espaço de síntese” é considerá-la como lugar onde os alunos aprendem a razão crítica para poderem atribuir significados às mensa gens e informações recebidas das mídias e formas de intervenção educativa urbana. A escola deve ir se tornando uma estrutura possibilitadora de atribuição de significados à informação, propiciando aos alunos os meios de buscá-la, analisá-la, para lhe darem significado pessoal A autonomia da escola é o contraponto da centralização da gestão do sistema escolar, que retira das escolas, dos professores, pais e especialistas o poder de iniciativa e decisão. Implica uma organização escolar que supera a visão verticalizada do sistema de ensino, de modo que as escolas possam traçar seu próprio caminho. Essa é a idéia de suporte do projeto pedagógico. A atividade essencial de uma escola é assegurar a relação cognitiva do aluno com a matéria, ou seja, a aprendizagem dos alunos, com a ajuda peda gógica do professor. O professor é o mediador desse encontro do aluno com os objetos de conhecimento. O professor introduz os alunos no mundo da ciência, da linguagem, para ajudar o aluno a desenvolver seu pensamento, suas habilidades, suas atitudes. Sem professor competente no domínio das matérias que ensina, nos métodos, nos procedimentos de ensino, não é possí vel a existência de aprendizagens duradouras. Se é preciso que o aluno domi ne solidamente os conteúdos, o professor precisa ter, ele próprio, esse domí nio. Se os alunos precisam desenvolver o hábito do raciocínio científico, que tenham autonomia de pensamento, o mesmo se requer do professor. Se quere mos alunos capazes de fazer uma leitura crítica da realidade, o mesmo se exige do professor. Se quisermos lutar pela qualidade da oferta dos serviços escolares e pela qualidade dos resultados do ensino, é preciso investir mais na pesquisa sobre formação de professores. Precisamente porque a Pedago gia envolve trabalho com uma realidade complexa, é necessário que invista na explicitação da natureza do seu objeto, no refinamento de seus instrumen tos de investigação, na incorporação dos desenvolvimentos científicos e tecnológicos e que se insira na gama de práticas e movimentos sociais de cunho intercultural e transnacional, referentes à luta pela justiça, pela solida riedade, pela paz e pela vida. mod 6 Para atuar nos espaços da educação não formal, o pedagogo precisa de uma preparação específica, pois os públicos e os objetivos pedagógicos de tais locais são muito diferentes daqueles encontrados no espaço escolar. Assim, esse profissional deverá dominar técnicas e metodologias flexíveis e de caráter ativo, prático e social, que despertem o interesse e contribuam para o desenvolvimento das aprendizagens dos alunos que frequentam esses espaços. Dessa forma, não estamos desfazendo a importância da escola e da própria docência, mas ressaltamos a necessidade urgente de que o pedagogo possa encontrar na sua matriz curricular os embasamentos mínimos que o preparem para atuar nos múltiplos espaços, contribuindo para as aprendizagens que se fazem necessárias. Nesse sentido, colaborar no processo de aprendizagem é a base da sua expertise, adquirida pelo conhecimento, pela experiência prática e pela busca de aprimoramento constante sobre o que faz. Ao realizar uma análise sobre a educação não formal, Gohn (2006) destacou alguns aspectos que faltam nesse tipo de educação: a formação específica dos educadores; metodologias para a utilização nesses espaços; instrumentos de avaliação e análise dos trabalhos executados. Dessa forma, cabe discutir sobre esses aspectos, procurando instrumentalizar os pedagogos na sua formação inicial, nos cursos de Graduação, para que estejam aptos a atuar nos espaços não escolares. Gohn (2006) destacou ainda algumas metas comuns que costumam ser identificadas em espaços não escolares nos quais há a atuação coletiva: 1. Aprendizado das diferenças: aprende-se a conviver com os demais; socializa-se o respeito mútuo. 2. Adaptação do grupo a diferentes culturas, reconhecimento do indivíduo e do papel do outro — trabalha o “estranhamento”. 3. Construção da identidade coletiva de um grupo. 4. Balizamento de regras éticas relativas às condutas aceitáveis socialmente Partindo dessas metas propostas pela autora, podemos apontar algumas ne cessidades de preparação do pedagogo para que a sua atuação seja bem-sucedida nos espaços não formais da educação. São elas: o conhecimento do conceito de cultura e a produção de subjetividades; a apropriação da noção de identidade e diferença; os mecanismos de formação social, principalmente analisados sob a ótica da inclusão/exclusão de alguns grupos sociais ao longo da história. o termo “cultura” pode ser utilizado “[...] para se referir a tudo o que seja característico sobre o ‘modo de vida’ de um povo, de uma comunidade, de uma nação ou de um grupo social Assim, cabe ao pedagogo mapear quais práticas culturais se encontram consolidadas nos espaços não escolares nos quais atua, para que possa entender como aquelas pessoas tiveram a sua formação identitária constituída. Em alguns casos, isso será decisivo para que sejam realizadas ações de mudança de preconceitos ou discriminações que tenham sido naturalizadas no decorrer da vida de tais aprendizes. Educação não formal como espaço de atuação da prática do pedagogo II 3 explica de maneira sintética como ocorre o processo de formação das identidades, que também contribui para potencializar o pedagogo a atuar nos espaços não formais de educação. Segundo a autora, algumas características costumam fazer parte da formação da identidade: negação; . diferença; . relação. . Dessa forma, percebemos que o pedagogo, ao desenvolver os seus projetos nos espaços da educação não formal, deve ter sensibilidade para agir junto aos mais diferentes grupos culturais que ali se encontram. Em algumas situações, ele vai se deparar com identidades que se posicionam de forma contrária ou até mesmo agressiva ou violenta, o que deve ser contornado. Uma das maneiras de se realizar essa ação é por meio da provocação, do estímulo ao estranhamento das questões que se encontram cristalizadas e naturalizadas como certas na mente dessas pessoas. Essa tarefa não é fácil, mas pode ser realizada a partir da utilização de técnicas específicas, como dinâmicas de grupo e escuta atenta Comentamos anteriormente que um dos aspectos que faltam à formação do pedagogo para atuar na educação não formal é a explicitação de metodologias específi cas para a sua atuação. Isso ocorre devido ao fato de que, na educação não formal, dadas as suas características, “[...] as metodologias operadas no processo de aprendizagem partem da cultura dos indivíduos e dos grupos. O método nasce a partir de problematização da vida cotidiana; os conteúdos emergem a partir dos temas que se colocam como necessidades, carências, A primeira possibilidade que você vai ver são os espaços empresariais. A atuação do pedagogo nesses ambientes é cada vez mais requerida para que assuma cargos junto ao setor de recursos humanos. Atuando junto a uma equipe, esse profissional deverá dar suporte aos processos de treina mento e desenvolvimento de competências que tornem essa organização mais eficiente e, dessa forma, obtenha melhores resultados. Conforme cita Ribeiro (2003, p. 10), o pedagogo que atuanas empresas: Na pesquisa realizada por Araújo e Lucindo (2016), no Museu de História Natural e Jardim Botânico da Universidade Federal de Minas Gerais, foram indicadas várias possíveis ações do pedagogo a serem aplicadas nesse espaço: desenvolver práticas pedagógicas para complementar esses espaços; . atuar na área pedagógica, elaborando projetos, práticas e pesquisas; . organizar eventos para crianças; . atuar como monitor; . organizar aulas expositivas e palestras; . desenvolver atividades auxiliando o público visitante; . desenvolver atividades lúdicas, jogos, brincadeiras e dinâmicas; realizar a contação de histórias; . coordenar as atividades educativas. . Com isso, você pode perceber que as atividades de atuação do pedagogo nos museus são diversificadas e vão se ajustar conforme as necessidades desses locais, suas demandas de visitação, agenda de exposições e eventos que o local vivencia. Isso demonstra o caráter dinâmico e provisório dos espaços não formais, que exige flexibilidade e capacidade de adaptação do profissional da pedagogia. Um espaço que tem ampliado as possibilidades de participação do pedagogo no Brasil são os hospitais. Nesses locais, o pedagogo pode atuar em classes escolares criadas para que os estudantes possam dar continuidade aos seus estudos regulares, no caso de internações prolongadas, e na recreação das crianças enfermas, em espaços como as brinquedotecas. Uma das grandes atribuições do pedagogo ao atuar em espaços não formais da educação é a de ser um facilitador das aprendizagens diversas que estão sendo requeridas. Nesse caso, independentemente da fi nalidade que motive a existência dessas organizações, sempre haverá novos conhecimentos, novas técnicas, habilidades e comportamentos a serem aprendidos pelas pessoas. Facilitar que alguém venha a aprender exige conhecimento do processo de ensino e aprendizagem, bem como das questões cognitivas e emocionais que se encontram envolvidas no ato de aprender. É isso que faz do pedagogo o profi ssional mais indicado para atuar nesses aspectos. Dadas as particularidades dos espaços não formais de educação que você vem estudando, gostaríamos de apontar alguns aspectos que podem capacitá-lo para atuar com sucesso em busca do desenvolvimento das aprendizagens dos públicos nesses espaços. São eles: dialogicidade; . projetos; . andragogia; . dinâmica de grupo; . oficinas. . Ser hábil na elaboração de projetos que atinjam os objetivos de cada espaço não formal também é uma importante competência que o pedagogo deve ter. Um projeto pedagógico normalmente envolve os seguintes itens: título, localização, tema, objetivos, justificativa, metodologia, recursos, cronograma, resultados esperados e avaliação. Ser capaz de criar projetos que atendam aos objetivos específicos de cada ambiente não escolar e apoiar a sua implemen tação, monitorando e avaliando os resultados, contribui decisivamente para as aprendizagens que se propõem. A habilidade de trabalhar com jovens e adultos também contribui para que o pedagogo tenha êxito em suas ações nos espaços não escolares. Para isso, ele deve conhecer e aplicar os princípios da andragogia Como podemos constatar, a forma como atuamos junto aos adolescentes e adultos deve ser diferente da atuação com crianças, pois estes apresentam motivações e posturas diferentes frente à aprendizagem, que devem ser conside radas pelo pedagogo que atua nos espaços não formais. Basta compreendermos, por exemplo, que o adulto decide se vai continuar ou não no projeto em que se inseriu. Essa decisão muitas vezes depende da metodologia adotada e da forma como esses encontros foram planejados e conduzidos, que podem se tornar significativos ou não para esses públicos. A apresentação é o momento em que cada participante pode falar um pouco sobre si para que o grupo passe a conhecê-lo nesse primeiro momento. O aquecimento também é conhecido como “quebra-gelo” e pode envolver uma atividade física, de relaxamento, uma brincadeira ou algo que o pedagogo con- sidere mais adequado ao grupo naquele momento. A atividade principal pode ser dividida em três tipos: de execução ou realização, quando é proposto aos participantes que venham a criar alguma coisa em conjunto; de comunicação, em que os grupos deverão argumentar a partir de um tema que receberam, exercitando as suas habilidades de comunicação; ou situacional, em que são realizados estudos a respeito de determinado caso que seja interessante e contribua para a apropriação dos sentidos requeridos nessas atividades peda gógicas. O resgate é a fase final da dinâmica e serve como espaço de escuta e avaliação da técnica e do seu impacto no grupo. oficina pedagógica atende, basica mente, a duas finalidades: (a) articulação de conceitos, pressupostos e noções com ações concretas, vivenciadas pelo participante ou aprendiz; e b) vivência e execução de tarefas em equipe, isto é, apropriação ou construção coletiva de saberes [...]”. Assim, a oficina pedagógica contribui para facilitar a apren dizagem, uma vez que possibilita que aqueles que aprendem possam fazê-lo de forma prática e vivencial. Isso torna o processo de ensino e aprendizagem mais significativo para aqueles que dele participam. mod 7 A educação não formal é parte importante da formação humana. Na atu alidade, dadas as exigências de aprendizagem e capacitação ao longo de toda a vida, a educação não formal é ainda mais fundamental. Isso faz com que o pedagogo tenha um novo campo de atuação profissional: ele pode desenvolver práticas pedagógicas com indivíduos ou grupos de sujeitos que possuem necessidades e interesses de aprendizagem comuns. Porém, as metodologias utilizadas para o trabalho com esses sujeitos da educação não formal são distintas daquelas da educação formal. Por essa razão, deve-se conhecer e adaptar tais metodologias a cada situação educativa. Assim, são imprescindíveis aos pedagogos o estudo, a pesquisa e a deliberação sobre as melhores ferramentas e estratégias pedagógicas para o processo de ensino e aprendizagem desenvolvido nos espaços não formais de educação. A vida das pessoas é pautada por momentos educativos. Tais momentos ocorrem nos diversos grupos sociais e instituições dos quais as pessoas participam e por meio dos quais produzem a sua subjetividade e formam a sua identidade. Nesses espaços, inseridos no âmbito cultural, os sujeitos se apropriam de ensinamentos, desenvolvem traços comportamentais e obtêm conhecimentos de várias ordens — como cognitivos, emocionais e relacionais. Assim, a cultura tem forte caráter pedagógico e deve ser considerada pelo pedagogo quando ele atua na educação não formal, como você vai ver adiante. Agora, é importante que você tenha em mente que o ser humano se constitui como sujeito a partir dos processos educacionais de que participa na vida social. Essa ideia indica que somente a escola (educação formal) não é suficiente para o desenvolvimento pleno, Essa citação indica que a educação está sempre sendo atravessada por outros elementos, sentindo os efeitos das mudanças sociais existentes, seja no campo político, no econômico ou no cultural. Assim, a educação não formal assume uma importância fundamental na tarefa de acompanhar as mudanças sociais que ocorreram nas últimas décadas, projetando uma sociedade de aprendizagem, com sujeitos que devem aprender de forma permanente. A partir da educação não formal, ampliam-se as possibilidades de aprendizagem, há um reforço das diferentes formas de educação (formal e informal) e obtêm-se resultados sociais que podem melhorar a vida de toda a população. Para atuar na educação não formal, porém, o pedagogo deve apropriar-se de algumas metodologias e estratégias pedagógicas que poderão fundamentar as suas práticas. Desse modo, o processo de ensino e aprendizagem vai acontecer de forma mais eficiente e serão atingidos os objetivos educacionais planejados para os aprendizes individuais ou grupos. Há diversas estratégias pedagógicas possíveis, mas aqui você vai conhecer melhor as seguintes: dialogicidade;. utilização de princípios andragógicos; . envolvimento da cultura; . uso de metodologias ativas; . uso de técnicas de acolhimento; . uso de atividades grupais; . atividades voltadas para valores e ética. . O uso do diálogo na educação não formal tem sido proposto desde a atuação de Paulo Freire na educação popular brasileira, nos anos 1960. O diálogo quebra a ideia do paradigma pedagógico tradicional, em que o professor desponta como o detentor do saber frente a uma turma de alunos sobre os quais serão “depositados” os conhecimentos e saberes. Assim, nessa concepção restritiva, o aluno aprende passivamente, sem questionar ou envolver-se com ações de planejamento, organização e avaliação das aprendizagens de que participa. Por outro lado, o diálogo na educação não formal deve colocar o aprendiz como protagonista do processo de ensino e aprendizagem, proporcionando que crie condições de reflexão, participação e crítica sobre o que aprende e ensina aos demais membros do seu grupo. Ao estabelecer a dialogicidade como estratégia pedagógica que propõe o compartilhamento e a construção coletiva de saberes, o pedagogo também deve conhecer e aplicar os princípios da andragogia, que é conhecida como a ciência de ensinar adultos. Segundo Bes (2017), esses princípios exigem que o pedagogo considere as experiências que seus aprendizes trazem consigo e as utilize para promover suas ações. Da mesma forma, o pedagogo deve considerar que os jovens e adultos são motivados muito mais internamente — ou seja, quando buscam a educação não formal, já decidiram aprender sobre determinado assunto e já ponderaram sobre a importância disso para suas vidas. Além disso, os educandos também devem ser orientados para a aprendizagem, isto é, cabe ao pedagogo estabelecer junto ao grupo, por meio do diálogo, as melhores formas de realização do processo de ensino e aprendizagem. Para propor metodologias ativas, você deve conhecer possibilidades, in clusive, de atuação com metodologias híbridas de ensino, como o blended learning, que propõe a alternância entre os ambientes presenciais e as atividades on-line. Também é importante o uso de estratégias como: jogos, desafios, aprendizagem baseada em problemas, aprendizagem por projetos pedagógicos, aprendizagem colaborativa, entre inúmeras outras técnicas que compõem as metodologias ativas educacionais. Ainda é essencial que o pedagogo coloque em prática técnicas de aco lhimento e envolvimento dos grupos de aprendizes, fazendo com que de senvolvam seus vínculos e criem um espírito de equipe e de pertencimento aos grupos e locais em que se encontram. Afinal, todos possuem interesses comuns e, normalmente, costumam abraçar a mesma causa social quando as práticas educativas não formais ocorrem em organizações do terceiro setor. Para isso, é possível utilizar dinâmicas de grupo e expressões da arte, como o teatro, a música e a dança. É importante ainda que o pedagogo se aproprie dos conceitos que envol vem a ética e o desenvolvimento de valores humanos. Tais conceitos devem pautar suas atividades com os grupos da educação não formal, favorecendo o desenvolvimento de habilidades sociais importantes para a vida cotidiana. Entre esses conceitos, você pode considerar a honestidade, a solidariedade, a empatia, o senso de justiça e a cidadania. É importante problematizar a tendência atual que pauta os processos peda gógicos: a educação que busca o desenvolvimento de competências. Esse tipo de educação ocorre tanto na esfera formal quanto, muitas vezes, no âmbito não formal, Para atingir tal objetivo e ter êxito na capacitação de seus aprendizes na educação não formal, o pedagogo pode valer-se de muitas estratégias peda gógicas. Entre elas, considere as seguintes: aprendizagem colaborativa e cooperativa; . pedagogia de projetos; . aprendizagem híbrida; . metodologias ativas; . aprendizagem tecnológica ativa. . Entre as fortes tendências educacionais contemporâneas que visam a pre parar as pessoas para serem inovadoras, resolvendo problemas e desafios a partir de sua criatividade, da flexibilização e da adaptabilidade, está a chamada aprendizagem colaborativa e cooperativa. A aprendizagem colaborativa se encaixa muito bem nas práticas educativas não formais, Assim, o pedagogo pode valer-se da aprendizagem colaborativa e coopera tiva para propor suas intervenções pedagógicas junto aos grupos da educação não formal, buscando que os aprendizes desenvolvam as habilidades de que necessitam para suas vidas. Além disso, a ideia é fazer com os grupos apren dam de forma mais autônoma e com uma interdependência positiva entre os seus membros. A pedagogia de projetos se adequa bem ao formato das práticas peda gógicas da educação não formal, sobretudo daquelas que ocorrem ao longo de um período de tempo maior, de forma mais organizada e sistemática. Existem inúmeros formatos para a estruturação de um projeto pedagógico, porém a grande maioria deles reúne as etapas a seguir (BEHRENS, 2000). 1. Apresentação e discussão do projeto. 2. Problematização do tema. 3. Contextualização. 4. Momentos teóricos e exploratórios. 5. Pesquisa individual. 6. Produção individual. 7. Discussão coletiva, crítica e reflexiva. 8. Produção coletiva. 9. Produção final (prática social). 10. Avaliação coletiva do projeto. Ao final do processo, os projetos da educação não formal costumam apresentar como resultado um produto, serviço, campanha ou ação em prol do bem-estar do grupo ou mesmo de toda a sociedade. Também deve-se propor mecanismos de avaliação dos quais todos os envolvidos possam participar, destacando pontos fortes e fragilidades a serem corrigidas para futuras ações com o uso da mesma metodologia de trabalho. A aprendizagem híbrida é aquela que procura apresentar momentos de aprendizagem presenciais típicos, nos quais aprendizes se reúnem com o pedagogo para o desenvolvimento das atividades pedagógicas. Nesse contexto, há inúmeras outras possibilidades de autoaprendizagem que podem ocorrer de forma virtual, nas casas dos aprendizes ou mesmo pelo uso de telefones móveis (m learning). Assim, o pedagogo da educação não formal pode estruturar um ambiente virtual de aprendizagem para que seus aprendizes interajam entre si e com os saberes que almejam. A educação não formal possui características próprias, pois ocorre ao longo da vida dos sujeitos, fora do ambiente escolar. Ela acontece quando as pessoas se engajam em ações educacionais que lhes interessam, de que necessitam e das quais têm a oportunidade de participar. Assim, o campo das aprendiza gens não formais é muito vasto. Além disso, essas experiências educacionais contribuem decisivamente para formar os sujeitos. No período medieval, as ações educativas eram direcionadas para uma elite social, ou seja, para os monarcas e os seus filhos e filhas, assim como para o alto clero da Igreja e para alguns líderes de exércitos que iriam defender os territórios habitados pela grande massa popular como recompensa pelo seu trabalho. Com o início da burguesia, ainda durante o regime feudal, surgiram os primeiros movimentos que buscavam ampliar essa estratificação social existente e permitir que mais pessoas tivessem acesso à educação. A educação escolar, porém, institucionalizou-se somente na Modernidade, no século XVIII, consolidando-se ao longo dos séculos XIX e XX. mod 8 No período medieval, as ações educativas eram direcionadas para uma elite social, ou seja, para os monarcas e os seus filhos e filhas, assim como para o alto clero da Igreja e para alguns líderes de exércitos que iriam defender os territórios habitados pela grande massa popular como recompensa pelo seu trabalho. Com o início da burguesia, ainda durante o regime feudal, surgiram os primeiros movimentos que buscavam ampliar essa estratificação social existente e permitir que mais pessoas tivessem acesso à educação. A educação escolar, porém, institucionalizou-se somente na Modernidade, no século XVIII, consolidando-se ao longo dos séculos XIX e XX. Assim, num esforço de escolarizar o mundo,
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